Quanto vale uma lição?

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Caroline Martins

Quanto vale uma lição?

TALENTOS DA LITERATURA BRASILEIRA

São Paulo, 2014

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Copyright © 2014 by Caroline Martins

Coordenação editorial

Nair Ferraz

Diagramação Claudio Tito Braghini Junior Capa Monalisa Morato Preparação André Dick

Revisão

Denise de Camargo

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo no 54, de 1995) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Martins, Caroline Quanto vale uma lição / Caroline Martins. -- Barueri, SP : Novo Século Editora, 2014. -- (Coleção talentos da literatura brasileira)

1. Autoajuda 2. Ficção brasileira I. Título. II. Série.

14-09178

CDD-869.93

Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção : Literatura brasileira 869.93

2014

Impresso no Brasil Printed in Brazil Direitos cedidos para esta edição à Novo Século Editora CEA – Centro Empresarial Araguaia II Alameda Araguaia, 2190 - 11o andar Bloco A – Conjunto 1111 CEP 06455-000 – Alphaville Industrial – SP Tel. (11) 3699-7107 – Fax (11) 3699-7323 www.novoseculo.com.br atendimento@novoseculo.com.br

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Uma das frases mais verdadeiras que já ouvi é “você

colhe o que planta”.

Se o que for à terra forem coisas boas, então serão coi-

sas boas que sairão dela.

Se o que plantar for ruim, a colheita será igualmente

desagradável ou até pior. Porém, você sempre pode apren-

der com isso, para, na próxima vez, levar à terra algo melhor.

Assim, tudo o que fazemos é consequência de algum

ato passado, e isso vale para todas as pessoas. Inclusive para você, que está lendo este livro.

Por isso, é a você que o dedico. Ele foi feito com muito

carinho.

Que você leve à terra coisas boas para que, no final,

possa colher outras melhores ainda.

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Agradeço à minha família e aos meus amigos. Sem o incentivo, o apoio e as ideias de vocês, nada disso seria possível. Amo muito todos vocês. Agradeço também à editora, que publicou este livro e me proporcionou a chance de realizar um sonho.

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Apresentação D

esde pequena, sempre fui apaixonada por livros. Eu

lia e guardava, com carinho, cada um que ganhava. Acabava relendo-os mais tarde, apenas para lembrar-me das velhas histórias que me levavam para lugares que passei a amar. A prova

disso é a estante cheia de livros que ocupa um lugar especial do meu quarto e a qual eu exibo com orgulho. Todos sempre

se impressionavam com aquela garota que carregava um livro para onde quer que fosse e, quando podia, apoiava-se em algum lugar e o abria, rapidamente se perdendo na história.

Por ler tanto, pude conhecer milhares de personagens.

Testemunhei cada dificuldade vencida, com a qual aprendia uma nova lição. Com isso, pude aprender muito sobre mi-

nha vida e sobre as pessoas à minha volta. Aprendi a lutar

pelo que eu quero, a ter sempre coragem e esperança. Entendi que a única pessoa que eu deveria me esforçar para supe-

rar era a mim mesma, e que sempre devia valorizar quem me ama, especialmente quem faria tudo por mim. Essas e mais lições foram as que eu ganhei com meus livros e minhas experiências.

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Com tudo isso, eu comecei a imaginar meus próprios

personagens. Alguns parecidos comigo e outros totalmen-

te diferentes. Cada um adquirindo novos conhecimentos a partir de suas experiências, e assim se tornando pessoas me-

lhores. Foi daí que surgiu a Safira. Imaginei uma feiticeira, mas não uma perfeita, como nos contos de fadas, e sim uma garota que cometesse erros e tivesse que lutar para consertá-los. Desenvolvi aos poucos a história que comecei a escre-

ver com 13 anos e concluí dois anos depois. Quanto vale uma lição? é um livro que fiz pensando em adolescentes como eu,

mas não apenas neles, como também em todos que ainda guardam dentro de si aquele entusiasmo pela vida que só

quem já foi jovem um dia sabe o que é. Cada um é especial e único com suas qualidades e seus defeitos. Todos são cheios de sonhos que, se quiserem e tiverem a coragem para

isso, podem mudar o mundo. Sei que todos possuem gostos

diferentes, e muitos podem nem gostar de ler, mas eu queria apenas de dividir com eles essa história que faz parte de

mim. Aprendi bastante escrevendo-a, e desejo que você possa aproveitá-la e se apaixone por ela, assim como eu.

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Prólogo E

le estava sentado em uma espécie de trono negro,

seus olhos tinham um tom muito escuro e usava uma capa

cor de sangue. Não pude deixar de notar que uma de suas pernas era falsa, resultado da luta contra um dragão. Ele

era alto e, apesar dos cabelos grisalhos e das rugas, eu sabia que ele era mais forte do que qualquer ser que eu jamais conhecera.

– O que faz em minha caverna?

Encontrei seu olhar e um tremor percorreu meu corpo.

Meus joelhos bateram contra o chão, e posso dizer que naquele momento me senti a pessoa mais odiada do mundo.

De repente, senti um monstro em chamas passar cor-

rendo do lado de fora da sala, atrás de mim. Isso pareceu me

despertar, bloqueei a voz do feiticeiro e foquei em responder à pergunta.

– Vim aqui porque o segredo dos feiticeiros está sendo

ameaçado. Muitos humanos descobriram a nossa existência, e estou em busca de ingredientes para criar uma poção do esquecimento.

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– Se acha que vou lhe ajudar a consertar a besteira de

uma adolescente, está muito enganada.

Nesse momento, tive uma ideia. Era arriscado, mas eu

tinha de tentar.

– E se eu lhe propuser um desafio?

Isso pareceu chamar a atenção dele, e o feiticeiro er-

gueu a sobrancelha grossa.

– Fale mais – ele disse.

– Uma luta. Se eu ganhar, você terá de me ajudar e me

deixar partir, junto de meus amigos.

– E se eu ganhar – ajuntou o feiticeiro – você me dará

todo o seu poder e será minha prisioneira para o resto da vida, junto com quem estiver com você.

– Somente eu. Não envolva mais ninguém nisso. Ele cerrou os olhos, mas depois assentiu. – Ótimo.

– Então? Aceita o desafio? – indaguei.

Ele pensou por um instante, e sua resposta ecoou por

todo o salão.

– Sim, aceito.

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Capítulo Um Dando um pequeno alerta O

som do meu despertador encheu o quarto, em

um volume capaz de estourar os tímpanos. Eu não gostava

nem um pouco dele, mas meus pais insistiam em deixá-lo no meu quarto. Embora sabendo o que aconteceria, eu o desliguei e tentei voltar a dormir. Não passou nem 10 se-

gundos e ele voltou a tocar. Cobri minha cabeça com meu

travesseiro, tentando abafar o som. Não adiantou. Ainda parecia tocar dentro do meu cérebro. Então, novamente o

desliguei e fechei os olhos. E, de novo, ele apitou. Desisti de voltar a dormir e me sentei. No mesmo instante, ele desli-

gou. Despertador idiota. Isso que dá quando você deixa sua mãe enfeitiçá-lo.

Espreguicei-me e levantei da cama. Abri meu armário

e peguei uma calça jeans e uma blusa cinza em que estava escrito O mundo tornou-se perigoso, porque os homens aprende-

ram a dominar a natureza antes de dominarem a si mesmos em preto. Peguei minha varinha e a apontei para mim.

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– Tarmentei – e meu pijama foi substituído pela rou-

pa escolhida, meu cabelo ficou penteado e o tênis surgiu

em meus pés. Arrumei minha cama com outro feitiço e

depois guardei minha varinha em um bolso enfeitiçado da minha calça.

Guardei os livros em minha mochila. Hoje eu ia para o

colégio de humanos, o Atenas – o nome foi dado em home-

nagem a Atena, deusa da sabedoria –, onde Jade e Arthur, meus melhores amigos humanos, estudavam.

Peguei meu celular e observei por alguns segundos o

papel de parede, uma foto com os personagens de uma série de livros que eu considerava ser uma das melhores que já

li: Os heróis do Olimpo, de Rick Riordan. Sorrindo, guardei o celular no bolso e saí do meu quarto.

Desci a escada pelo corrimão – algo que gosto muito

de fazer, pois, além de ser divertido, me poupa de ter de

descer a escada andando – e fui tomar o café da manhã. Che-

guei à cozinha e vi que minha mãe, minha irmã e Max, meu Jack Russel Terrier, já estavam comendo. Meu pai já tinha

saído para trabalhar e minha avó estava na feira, lugar para o qual ela adorava ir, mesmo que não precisasse – dizia que era para relaxar.

– Bom dia, filha – disse minha mãe.

– Bom dia, mãe – respondi e sentei à mesa.

Deixei minha mochila na porta da sala, peguei meu

prato, levei-o até a panela e o enchi com ovos mexidos. Depois, voltei a me sentar e comecei a comer. Comemos em silêncio, e eu já estava me levantando para sair quando minha mãe disse:

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– Safira, tenho de conversar com você – e, olhando

para Rubi e Max, acrescentou: – A sós. Os dois trocaram um olhar.

– Hã... Acabei de lembrar que tenho de... Tenho que

ver... como estão as mandrágoras! É, as mandrágoras. Você vem me ajudar, Rubi? – gaguejou Max (é, ele fala).

– Tenho mesmo de ir? – ela resmungou. – Não estou

nem um pouco a fim de mexer com aquelas plantas... Ok!

Estou indo! – acrescentou minha irmã, quando Max começou a puxá-la pela calça.

Quando os dois saíram para o quintal, minha mãe fi-

xou os olhos em mim. Eram olhos penetrantes, do tipo que dava a impressão de ver através de você. De repente, me

senti nervosa. Safira Dewes, o que você fez dessa vez? Repassei

a semana em minha cabeça. Em casa, não brigara muito com Rubi. Eu também não tinha transformado Topázio em nada

asqueroso, nem implicado com a Giovanna, pelo menos não

mais que o normal. Não, não me lembrava de ter feito nada de errado. Então, sobre o que ela queria conversar?

Como se tivesse lido meus pensamentos, o que ela

obviamente fez (um dos poderes da minha mãe), ela sorriu e disse:

– Não, Safira, você não fez nada de errado, pelo menos

por enquanto – ela acrescentou cautelosa. – É que tenho de fa-

lar com você sobre uma fase pela qual toda feiticeira, ao com-

pletar 15 anos, como você completou ontem, passa. É a TPMT. Minha mãe deve ter visto o enorme ponto de interro-

gação em cima de minha cabeça, porque depois me explicou

que TPMT é Tensão Pré-Magia Total, que é uma fase em que

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os poderes da feiticeira ficam mais fortes e, por isso, descontrolados, até que ela consiga aprender a dominá-los, e, acre-

dite, isso não é nada fácil! Foi então que entendi por que eu tinha treinado tanto antes, muito mais que nos outros anos.

– De agora em diante, você vai ter de se controlar, ser

mais cautelosa do que já é, para não tomar reações impulsivas e, sem querer, transformar algum colega em um sapo ou em outro ser.

Sufoquei uma risada, pensando que o que ela dizia

era um absurdo. Ela acha que eu seria tão idiota a ponto de

fazer uma coisa dessas, de revelar nossa existência para os

humanos? “Bem, eu não sou tão imprudente”, tentei afirmar para mim mesma com certeza. Mas mordi o lábio, pois meu instinto me dizia que não era tão simples assim.

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