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Posfácio Silviano Santiago Estudos críticos Raimundo Carrero, Silvia Marianecci, Sônia van Dijck, Luiz Antonio Mousinho, Ravel Giordano Paz, Rosângela de Melo Rodrigues, Carlos Ribeiro, Paloma do Nascimento Oliveira, Eduardo Sabino, Carlos Vazconcelos, Bruna Belmont de Oliveira
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Pomar
Rinaldo de Fernandes talentos da literatura brasileira
SĂŁo Paulo, 2017
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Copyright © 2017 by Rinaldo de Fernandes Copyright © 2017 by Novo Século Editora Ltda.
aquisições Cleber Vasconcelos coordenação editorial Vitor Donofrio
editorial João Paulo Putini Nair Ferraz Rebeca Lacerda
diagramação e capa Vitor Donofrio
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1o de janeiro de 2009.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) Fernandes, Rinaldo de Rita no Pomar Rinaldo de Fernandes Barueri, SP: Novo Século Editora, 2017. (Coleção Talentos da Literatura Brasileira) 1. Ficção brasileira I. Título 17‑1039
cdd‑869.3
Índice para catálogo sistemático: 1. Ficção: Literatura brasileira 869.3
novo século editora ltda. Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1111 cep 06455‑000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – Brasil Tel.: (11) 3699‑7107 | Fax: (11) 3699‑7323 www.gruponovoseculo.com.br | atendimento@novoseculo.com.br
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Sumário
RITA NO POMAR
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Posfácio à primeira edição A ARTE DO PENTEADO Silviano Santiago
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RITA NO POMAR, UM BELO LIVRO Raimundo Carrero
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Estudos críticos sobre o romance
NORDESTE: PARAÍSO OU PURGATÓRIO? Silvia Marianecci RITA E SUAS HISTÓRIAS Sônia van Dijck
A FEROZ PAISAGEM INTERIORIZADA DE RITA NO POMAR Luiz Antonio Mousinho
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ATÉ TU, PET, OU RITA NO POMAR E A ARTE DE (DES)PENTEAR CACHORROS Ravel Giordano Paz
RITA E PAULO HONÓRIO: UM ESTUDO SOBRE A BIOFICÇÃO COMO ÁLIBI Rosângela de Melo Rodrigues TRAVESSIA DRAMÁTICA Carlos Ribeiro
SIGA EM FRENTE E NÃO VIRE À DIREITA: UMA PROTAGONISTA INUSITADA EM RITA NO POMAR Paloma do Nascimento Oliveira
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RITA NO POMAR: UM ROMANCE PARA OS NOSSOS TEMPOS Eduardo Sabino RITA NO POMAR OU QUANDO O MENOS É MAIS Carlos Vazconcelos ATRAÇÃO E REJEIÇÃO EM RITA Bruna Belmont de Oliveira SOBRE O AUTOR
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“O cachorro está desatinado. Para. Vai, volta, olha, desolha… Não entende. Mas sabe que está acontecendo alguma coisa.” (Guimarães Rosa – “Sarapalha”)
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1 Só venha para o prato quando eu lhe chamar, Pet. Seja educado, não me faça pegar ali o pedaço de pau e lhe bater, ouviu? Ontem o mar estava todo esmeralda, hoje está assim, esmeralda numa parte, azul em outra. Você não come e de‑ pois fica grunhindo, Pet, me aporrinha isso. Me aporrinha essa tua cara tola de quem não tá querendo nada, mas tá, sim, você vem com esses lambidos. Não me lambe, pombas! Já pra areia! Eu não já disse que teu lugar é ali fora, perto da palmeira! Do Rex eu cuidava como podia, mas ele não vinha com esses lambidos e assopros. O Rex era pacato, podia chover ou fazer sol, ele ali na esquina, recostado à árvore, perto dos pacotes de lixo. Aquilo me dava uma pena, mas eu não po‑ dia levar ele comigo, como? Uma mulher vivendo só, sem emprego certo, pedindo a um e outro para fazer revisões de todo tipo de texto, teses, artigos, dissertações, o diabo. Eu na puc afixava os anúncios na porta do elevador, na parede perto da escada, na lanchonete. Colava em tudo quanto era banheiro. Colava até em banheiro masculino, ninguém nunca me viu. Ah, mas só o Rex me tirava da tristeza quando não aparecia nada. Só ele me olhava pra valer. A maioria das pes‑ soas sequer reparava em meus papéis com o anúncio: Revisão de texto requer pessoa experiente. Tratar com Rita. Eu deixava
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anotado o telefone em tirinhas para a pessoa arrancar e levar. Tinha semana em que não faltava trabalho. Eu ficava até altas horas, a tv baixinha, revisando os textos. Cuidadosa. Sempre fui. Desde a época do jornal. Você sabe, Pet, que esses caminhos beirando a praia são perigosos. Palha de coqueiro, arbusto ressequido, ribanceira. Não se arrisque, não vá pra longe da casa, há, agora com o verão, os banhistas pilantras. Vem menino perverso que pode te atirar tijolo, pedra, te ferir. Fica por aqui mesmo, na tua areia. O Rex não ia longe, ficava na esquina olhando as pernas que passavam, vendo a ladeira e, lá embaixo, o movimento da avenida. Acho que ele tinha vontade de descer até a aveni‑ da, tomar um rumo. Qual? Ah, garoto bom! Uma tarde, não aguentei, resolvi levá-lo para o meu apartamento alugado, um quarto e sala na Barra Funda, perto do Minhocão, que eu vinha pagando com a reserva que deixei do período do jornal, minha mãe ajudava. Mas o garoto era recatado, tão bom de viver! Me dizia coisas com as bochechas moles, rosadas. Vez por outra dava-lhe um banho, ele parado, o olho pretinho. Passava-lhe a escova. Mimos que só uma mãe entende. Ah, Pet, mas eu não suportava mais São Paulo. Dava tudo para fugir daquilo. Aí vim dar um tempo nesta praia, nesta casi‑ nha, trabalhar ali nos pratos do restaurante. Não me importo, nunca me importei! Só evito conversas e… Você está choran‑ do, Pet? Ah, meu anjo, mas eu estou brincando, você não é pior do que o Rex, imagina! Teu olhinho parece com o dele, teu rabo. Mas são duas criaturinhas diferentes, isso eu tenho que falar. Você me lambe e assopra com insistência, isso ele não fazia. Deixa de lamber e de assoprar, te aquieta, que você
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vai ficar muito parecido com ele. Você está mesmo chorando, Pet? Ah, não faz, que eu também fico triste. Vem aqui, não fica assim. Vem… Ah, você está me fazendo… Agora quem está chorando sou eu. Eu estou chorando, Pet… Por quê? Ah, meu pai… Já pra fora! Vai te deitar, peste!
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