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George Barna
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VENCEDORES
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Sรฃo Paulo, 2013
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Copyright c 2003 by George Barna Transforming children into spiritual champions Copyright c 2013 by Editora Ágape Originally published in the U.S.A. by Regal Books, A Division of Gospel Light Publications, Inc. Ventura, CA 93006 U.S.A. All rights reserved
Coordenação Editorial Tradução Diagramação Capa Preparação Revisão
Ana Claudia de Mauro Catia Pietro Edivane Andrade de Matos/Efanet Design Monalisa Morato Fabiana Deschamps Claudia Padovani
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo no. 54, de 1995) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Barna, George Transformando crianças em vencedores espirituais / George Barna ; [tradução Catia Pietro]. -- Barueri, SP : Ágape, 2013. Título original: Transforming children into spiritual champions 1. Aconselhamento familiar 2. Crianças - Conduta de vida 3. Educação cristã da criança 4. Juventude - Conduta de vida 5. Pais e filhos 6. Vida cristã I. Título. 13-02487
cdd-248.82
Índices para catálogo sistemático: 1. Crianças : Guias de vida cristã : Cristianismo 248.82 2013 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À ÁGAPE EDITORA LTDA. CEA – Centro Empresarial Araguaia II Alameda Araguaia, 2190 – 11o andar – Bloco A – Sala 1112 CEP 06455-000 – Alphaville – SP Tel. (11) 3699-7107 – Fax (11) 3699-5099 www.agape.com.br atendimento@agape.com.br
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Sumário Prefácio............................................................................................7 Reconhecimentos...........................................................................9 Introdução.....................................................................................11 Perdi o Oceano Capítulo 1......................................................................................19 A Situação das Crianças Norte-americanas Capítulo 2......................................................................................33 A Saúde Espiritual de Nossas Crianças Capítulo 3......................................................................................52 Por que as Crianças são Importantes Capítulo 4......................................................................................64 Do que as Crianças Precisam Capítulo 5......................................................................................97 Assumindo a Devida Responsabilidade Capítulo 6....................................................................................120 Como as Igrejas Ajudam a Criar Vencedores Espirituais Capítulo 7....................................................................................154 Um Desempenho Melhor por Meio da Avaliação Capítulo 8....................................................................................171 Está na Hora de Criar Vencedores Espirituais Notas Finais................................................................................175
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Prefácio Finalmente! Esperei quase trinta anos para ver alguém pôr em forma de livro aquilo que soube ser verdade durante quase toda a minha vida ministerial: as crianças importam! Elas importam para Deus, para seus pais e devem importar mais ainda para a Igreja. Com precisão cirúrgica, George Barna corta a veia de negação na qual a maioria dos líderes da Igreja tem vivido por tempo demais – a crença de que estamos fazendo o suficiente em nossas Igrejas para transformar as crianças comuns de nossas congregações em vencedores espirituais. É doloroso ver que somente poucas Igrejas pagaram o preço para quebrar décadas de ministério status quo para crianças. Aquelas que o fazem, logo descobrem um tipo de unção de Deus que sugere que Ele bem pode favorecer as Igrejas dedicadas a educar os pequeninos. Estamos em grande dívida com George por ele ter escrito este livro. Bill Hybels Pastor Sênior Igreja Willow Creek Community
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Reconhecimentos Agradecimentos sinceros devem ser dados à equipe de pesquisa no Barna Research Group durante a época em que eu estava escrevendo este livro. À equipe – Lynn Gravel, Cameron Hubiak, Pam Jacob, David Kinnaman, Jill Kinnaman, Dan Parcon, Celeste Rivera e Kim Wilson – cuidou tranquilamente de todas as coisas permitindo-me ficar focado neste projeto. Sou grato a dezenas de pastores e líderes de Igrejas que nos permitiram fazer entrevistas, analisar documentos da Igreja e nos intrometer em seu ministério enquanto conduzíamos a pesquisa deste livro. Espero que o tempo por vocês investido reverta em frutos que ajudem muitas outras Igrejas a se tornarem ministérios capacitados para formar crianças que amadurecerão em vencedores espirituais. Aprecio a paciência e assistência da equipe da Regal Books. Obrigado especialmente a Kim Bangs, Deena Davis, Bill Denzel, Kyle Duncan, Bill Greig III, Bill Schultz e Rob Williams. Estou em dívida com a minha família por me deixar abandoná-la por algumas semanas para que eu pudesse editar este livro. Minha esposa,
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Nancy, e minhas filhas, Samantha e Corban, merecem muito crédito por serem flexíveis em relação às exigências intensas de minha agenda. Oro para que Nancy e eu sejamos mais capazes de criar nossas garotas para serem vencedoras espirituais graças às percepções que colhemos da pesquisa e da redação deste livro.
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Introdução
P erdi o O ceano Poucos adivinhariam que, um dia, eu me tornaria um defensor apaixonado pelo ministério para crianças. Até recentemente, nem eu mesmo apostaria dinheiro nisso. Em minha cabeça, as crianças sempre fizeram parte do pacote: nós queremos alcançar os adultos com o Evangelho e, depois, ajudá-los a amadurecer sua fé em Jesus. Assim, temos as crianças como uma “jogada de escanteio”. A suma importância de um ministério sério e de alta prioridade para crianças não era algo que eu considerasse muito importante. Minha mentalidade não se devia à falta de envolvimento com crianças. Durante anos, tive interações regulares e satisfatórias com os jovens: dando aulas na escola pública, treinando o time de basquete em uma escola cristã, sendo um jovem líder na Igreja, sendo um ancião supervisionador cristão, estudando as crenças e os comportamentos dos jovens em uma pesquisa
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inicial, trabalhando como membro da diretoria para ministérios dedicados às necessidades das crianças e sendo pai de duas meninas. De fato, as crianças sempre estiveram sob o meu radar. Sempre, como um pesquisador diligente, fui capaz de citar estatísticas relacionadas à quantidade de crianças nos Estados Unidos, à qualidade de vida delas, aos padrões de comportamento e conduta que adotavam, a quantas aceitaram Jesus como seu salvador, à natureza de suas crenças espirituais e, até mesmo, à importância delas para trazer adultos para as Igrejas. Sabia muito sobre as crianças e sua situação na Igreja local, nas escolas, no mercado e em casa. Com base em nossos estudos de alcance nacional, cheguei a escrever muitos livros sobre adolescentes. De alguma forma, porém, a sabedoria e a necessidade de ver as crianças como o foco principal do ministério nunca me ocorreram. Nesse quesito, talvez eu tenha sido simplesmente um produto de meu ambiente. Como a maioria dos adultos, eu estava ciente sobre as crianças, gostava delas e estava disposto a investir alguns recursos nelas – mas, na verdade, não estava totalmente dedicado a seu desenvolvimento. Em minha cabeça, elas estavam a caminho de se tornarem significativas – isto é, a caminho da idade adulta –, porém, ainda não mereciam os recursos de escolha. Como muitos cristãos, minha vida está comprometida em conhecer, amar e servir a Deus o melhor que puder. Meu foco tem sido aumentar a saúde espiritual e a influência cultural da Igreja local, bem como a vida particular daqueles que creem. Não há nada que eu deseje mais do que ouvir o Senhor dizer: “bom trabalho, servo bom e fiel”. Minha suposição, nunca realmente desafiada por minhas próprias reflexões
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ou por argumentos alheios, era de que o caminho mais eficiente para receber tal honra de Deus seria o da dedicação intensa ao desenvolvimento moral e à transformação espiritual de adultos. Nunca considerei seriamente abordagens alternativas. Afinal, não são os adultos os que dão as cartas no mundo e determinam os cursos da realidade atual e futura? Se a família é central para uma sociedade saudável e uma Igreja forte, não deveríamos investir nossos recursos predominantemente nos adultos que lideram essa unidade? No que diz respeito a compreender os fundamentos, as sutilezas e as implicações da fé cristã, não são os adultos os que têm maior capacidade intelectual e de aprendizado, os quais podem usar seus dons e recursos para o crescimento do Reino? Não, não, não e não. Olhando para trás, minha visão estava tão turva que eu não apenas perdi o barco – perdi o oceano inteiro!
Uma mente transformada Após eu ter passado as duas primeiras décadas de meu ministério engajado em pesquisa e liderança que tinham como alvo os adultos, o Senhor realizou recentemente uma coisa extraordinária em minha vida: Ele mudou minha opinião sobre a natureza do ministério eficiente em nosso país hoje. Por vinte anos, informações verossímeis e convincentes sobre a importância das crianças para a saúde e o bem-estar futuro da Igreja estiveram diante de meus olhos. Durante esse tempo, trabalhei consistentemente (o que não significa de forma alguma com exclusividade) com ministérios cujo sucesso poderia ser encontrado na sincera devoção às necessidades e
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ao desenvolvimento das crianças. Quando, no entanto, aceitei Jesus aos 25 anos de idade, fui seduzido a acreditar no grande mito do ministério moderno: as ações do Reino estão nos adultos. De alguma maneira, Deus conseguiu tirar o véu de meus olhos a tempo para que eu pudesse ganhar sabedoria. Nos últimos anos, tenho repensado os fundamentos das atividades baseadas na Igreja e procurado entender como a Igreja pode revolucionar a vida e a fé nos Estados Unidos. Foi difícil perceber que eu estava agindo com base em algumas suposições bem falhas. Minha perspectiva sobre o ministério foi completamente revolucionada ao voltar a prioridade para as crianças. Minhas percepções em relação à adoração, ao evangelismo, à disciplina, ao comissariado, ao trabalho comunitário, à família – enfim, a tudo o que tem que ver com o ministério – mudaram. Isso não significa que, de repente, sei tudo o que se precisa saber e, por isso, você deve me ouvir com atenção e seguir-me. Na verdade, essa transformação permitiu que eu entendesse situações que pareciam complexas demais para compreender e desafios muito grandes para confrontar voluntariamente. O ministério sempre será uma jornada difícil e repleta de sacrifícios, porém, colocar as crianças em uma posição mais apropriada em relação ao todo o torna mais compreensível e mais esperançoso.
O método de Deus Sempre ouvi dizer que os professores da Bíblia afirmam que Deus o encontrará onde quer que você esteja e o levará aonde você precisar ir se estiver disposto a segui-Lo. Acredito que é exatamente isso o que Deus tem feito em minha vida nos dois últimos anos.
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Quase todos os livros que escrevo passam pelo mesmo processo: após considerável observação, discussão, oração e reflexão, conduzo uma pesquisa inicial e analiso os resultados. Carregado desses dados, busco confirmar minhas interpretações por meio das experiências de Igrejas e indivíduos no ministério do mundo real. Quando estou confiante de que tenho algo relevante a apresentar, compartilho os resultados por meio da palavra escrita. Foi por meio desse procedimento-padrão que Deus abriu minha mente e meu coração para elevar o ministério para as crianças ao topo da lista de prioridades. Ele poderia ter usado um sem-número de táticas inusitadas, mas escolheu atrair a minha atenção de uma maneira que não apenas faria sentido, mas que também não me deixaria negar a mensagem. Fiel à forma, Ele pôs a mensagem em um contexto em que eu pudesse digeri-la. Para este livro, minha empresa conduziu uma variedade de pesquisas de alcance nacional: seis pesquisas com adultos e pais, duas com adolescentes e jovens, quatro com pastores protestantes e um projeto com jovens trabalhadores ligados à Igreja. Após examinar os dados e colocá-los dentro de uma perspectiva coerente, conduzimos, então, estudos aprofundados sobre o ministério para crianças em dezenas de Igrejas em todo o país: queríamos ver se nossas hipóteses eram verdadeiras e também colher mais ideias para um ministério eficaz para as crianças. O conteúdo deste livro representa a visão testada e refinada desse empenho de dois anos.
A missão revelada O que a minha epifania tem que ver com você? Não estou apenas interessado em lhe informar a situação das crianças e
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as oportunidades de se ministrar a elas. Permita-me descrever minha oração e meus objetivos para este livro. Meu sonho tem cinco facetas: 1. Alcançar entendimento. Se você não compartilha de minha visão de que o ministério para crianças é o ministério mais estratégico no Reino de Deus, espero, então, que este livro desafie suas noções comuns. Minha tese é que, se você quiser que sua vida conte para o Reino de Deus, há muitas maneiras viáveis de usar seus dons, talentos e recursos. Se, porém, você quiser ter o maior impacto possível (isto é, alcançar um legado duradouro de legados espirituais), então considere pôr em prática esses recursos no ministério para os jovens. 2. Ver o desenvolvimento espiritual como o principal. Fiquei desencorajado ao descobrir que a maioria dos norte-americanos adultos – incluindo a maior parte dos pais – considera o desenvolvimento espiritual das crianças mais como uma sugestão para agregar valor do que como o aspecto mais importante para o desenvolvimento delas. Você está convidado a reconsiderar a prioridade do crescimento espiritual na vida das crianças e aceitar isso como mais importante do que o desenvolvimento intelectual, físico e emocional. 3. Motivar a ação. Faz sentido para nós transferirmos os recursos que Deus nos confiou àqueles ministérios e em direção às pessoas que nós podemos afetar da maneira mais positiva para os objetivos de Deus. Não há grupo que precise mais de tal investimento – ou um que pague melhores dividendos a esse investimento – do que as crianças. Estando ciente do fato de que a maioria dos
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adultos prefere devotar os recursos de seu ministério a outros segmentos etários, meu desejo é desafiar sua preferência atual em favor de colocar mais recursos no ministério para crianças. 4. Facilitar o vínculo apropriado. No curso da reflexão sobre as crianças e seu crescimento espiritual, é fundamental entendermos as expectativas de Deus sobre como elas devem ser educadas. A Igreja local é crucial nesse processo, porém, a família da criança é central. Ganhar a perspectiva certa na parceria entre a Igreja e os pais no esforço mútuo de criar crianças que amem a Deus e O temam é primordial. Capacitá-las a abraçar e apoiar essa perspectiva é ainda outro objetivo deste livro. 5. Dar uma olhada nas metodologias aplicadas. Por termos estudado muitos ministérios, quero descrever os princípios e os modelos em comum que nós encontramos nas Igrejas que desenvolvem, de maneira eficaz, jovens completos espiritualmente. Não acredito que estou prescrevendo um modelo adequado para todos aderirem – já vi essa abordagem comprometer muitos ministérios. Um dos processos que serviram bem a milhares de Igrejas no passado, contudo, foi o de identificar princípios em comum e as melhores práticas entre as Igrejas mais eficazes. Espero que esses elementos possam ser adaptados para o contexto de seu ministério sem criar a necessidade de aceitar e adotar um conjunto inteiro de filosofias, estruturas, valores e programas de um ministério alheio. Por fim, a razão desse esforço é capacitar a Igreja a se engajar no processo de transformar simples crianças em vencedores
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espirituais. Isso pode ser feito. Eu sei, pois vi isso em primeira mão, estudei de perto e fui beneficiado pessoalmente. Peço encarecidamente a você que esteja aberto o suficiente para ver o meu lado e levar minha perspectiva em honesta consideração. Que Deus o guie em sua recepção – nós confiamos com a segurança de que Ele sabe a melhor maneira de guiar a sua vida.
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Capítulo 1
A
situação
das crianças
norte - americanas Elas são mais numerosas do que as nações hispânicas e afro-americanas juntas. Elas têm mais energia do que uma máquina de poder nuclear e são tão confusas quanto o orçamento federal. Elas têm gostos tão fluidos quanto o Rio Missouri e sonhos que redefinirão o futuro. Elas são o pote de ouro dos marqueteiros no final do arco-íris e os seres mais amáveis e frustrantes na vida de todos os pais. Nós estamos falando das crianças norte-americanas. Você não precisa procurar muito para encontrá-las. Em 2003, o censo reportou que havia 73 milhões de habitantes com 18 anos ou menos vivendo nos Estados Unidos1. Elas vêm em diferentes formas e em todos os tamanhos e cores e estão distribuídas indiscriminadamente pelos cinquenta estados. Nossas crianças definirão o futuro, o que faz delas nosso legado mais significativo e permanente. Afinal, Deus nunca
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disse a Seus seguidores para tomarem o mundo por meio da força e da inteligência. Ele apenas lhes disse para ter filhos e criá-los para honrar a Deus em tudo o que fizessem. Portanto, você pode concluir de forma lógica que conduzir e criar crianças não é só nosso legado mais permanente, mas também uma de nossas maiores responsabilidades pessoais. Neste livro, concentrarei meus esforços entender e afetar a vida das crianças que ADVERTÊNCIA para estão no coração do grupo da juventude (isto PASTORAL é, crianças entre 5 e 12 anos)2. Esse grupo, cerNossas ca de 31 milhões de jovens, representa quase crianças a metade daqueles abaixo dos 18 anos no país. definirão o Isso é quase a população total do estado da futuro, o que Califórnia. faz delas nosso Por que focar nessa parcela particular legado mais do mercado de jovens? Porque, se você quisignificativo e ser moldar a vida de uma pessoa – esteja você permanente. interessado no desenvolvimento moral, físico, espiritual, emocional ou econômico dele ou dela –, é durante esses oito anos cruciais que os hábitos, os valores, as crenças e as atitudes que perdurarão a vida inteira serão formados.
Quatro dimensões do bem-estar de nossas crianças
No caminho para a vida adulta, a vida de todos passa por desafios, dificuldades e adversidades. Se, porém, colocarmos na balança, a maioria das crianças norte-americanas leva uma vida boa, especialmente se comparada à vida de crianças de muitas outras nações ao redor do mundo.
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Sucesso educacional e desenvolvimento intelectual A maioria das crianças norte-americanas consome bastante tempo dentro da sala de aula – e nós pagamos por isso. Em todo o país, o sistema de ensino público gastou mais de US$ 380 bilhões em 20003. Mais do que antes, as crianças têm um início educacional cedo atualmente – mais da metade das crianças entre três e quatro anos vai à escola, e quase dois terços das crianças de cinco anos fazem parte de algum programa pré-escolar integral4. Nem os gastos com escolas nem a presença dos alunos, porém, são indicadores confiáveis de sucesso ou qualidade educacional. Estudos que medem esses fatores levantam questões problemáticas. Por exemplo, estima-se que um terço das crianças em idade escolar está, pelo menos, um ano atrasado em seu desempenho acadêmico5. Menos do que três em dez alunos da quarta série leem no nível esperado. Isso não melhora conforme o tempo. Apenas um terço da oitava série é formado por leitores proficientes, e apenas um quarto é proficiente em Redação e Matemática6. Tais achados são especialmente alarmantes por causa da correlação entre habilidades acadêmicas escassas e qualidade de vida. Estudos dos Institutos Nacionais de Saúde e da Associação Nacional para o Progresso Educacional descobriram que pouca capacidade de leitura é um prenúncio para gravidez na adolescência, atividade criminosa, pouco sucesso educacional e para deixar o ensino médio antes da graduação7. Testes com estudantes revelam que o desempenho das crianças norte-americanas quando comparado ao de crianças de outros países é muito pequeno. Estudos recentes com alunos da oitava série de 25 países industrializados mostraram
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que os estudantes norte-americanos ficaram na 10ª. posição em Ciências e na 21ª. em Matemática8. Curiosamente, muitos pais estão felizes com a qualidade de ensino que seus filhos recebem. Uma pesquisa recente de Gallup mostra que, a cada dez pais, sete estão satisfeitos com a qualidade da educação que suas crianças têm9. Nossa pesquisa revelou que a maioria dos pais acredita que suas crianças são bem cuidadas, bem ensinadas e têm acesso a instalações e programas adequados. Relativamente poucos pais consideram que seus filhos estão inseguros e expostos a pressões sociais não razoáveis na escola. Também é interessante notar que a maioria dos pais pensa que as escolas frequentadas pela maior parte das outras crianças no país não possuem uma educação de qualidade10. A exposição à tecnologia está crescendo nas salas de aula dos Estados Unidos. Mais de quatro em cinco crianças abaixo dos 13 anos usam o computador regularmente na escola. Ainda está para ser descoberto se a integração da tecnologia ao regime acadêmico diário elevará o aprendizado dos alunos. Desenvolvimento físico e da saúde Avanços nos cuidados médicos e da saúde reduziram substancialmente a mortalidade infantil no meio do século passado. Com novas descobertas na pesquisa médica e na tecnologia, hoje, as crianças têm mais possibilidades de ter uma vida longa e saudável do que antes. Há, contudo, hoje, cinco desafios principais relacionados à saúde que as crianças enfrentam. O mais prevalente deles é a obesidade. Estima-se que cerca de uma em cada oito crianças abaixo dos treze anos está acima do peso ou é obesa, o que é o
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dobro de há duas décadas. A combinação de comportamento sedentário, jogos de computador, medo da falta de segurança em espaços públicos, como parquinhos e academias, refeições de fast-food gigantescas e diminuição de programas de atletismo nas escolas contribui para o problema. Enquanto as agências do Governo afirmam que somente 25% das crianças entre 2 e 5 anos têm uma dieta saudável constantemente, isso se reduz a 6% entre os adolescentes11. De fato, se o modelo do estilo de vida é uma influência significativa no comportamento, então o futuro parece ainda pior em relação à condição física dos jovens, pois diversos profissionais da Medicina estimaram que 65% dos adultos estão acima do peso ou obesos12. Outra séria preocupação é o aumento de atividade sexual entre os jovens. O Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) reporta que um a cada dez adolescentes teve relações sexuais antes de seu 13º. aniversário – e esse número está aumentando constantemente. Além das graves consequências morais, emocionais e espirituais da atividade sexual prematura, com frequência tais experiências introduzem doenças sexualmente transmissíveis (DST). O CDC mostrou que, apesar de poucos adolescentes terem contraído uma DST – menos de um milhão de jovens abaixo dos quatorze anos –, esses jovens têm maior risco de adquirir uma ou mais das diversas doenças permanentes e incuráveis do que indivíduos mais velhos, o que é uma realidade particularmente desconcertante dado o aumento de atividade sexual entre crianças13. O abuso de substâncias – tabaco, drogas e álcool – é uma tentação a qual milhões de crianças sucumbem. Estimativas atuais indicam que um a cada dez alunos da oitava série fuma diariamente (a proporção sobe para um a cada quatro aos 17 anos); um a cada cinco usou algum tipo de droga no último ano
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(indo da maconha, passando por alucinógenos até as drogas de festa, como o ecstasy); e mais de um a cada três jovens bebeu no último ano, com um número significativo de adolescentes que dizem ingerir álcool regularmente, chegando até a bebedeira excessiva. Para uma pequena, mas significativa percentagem daqueles que abusam de tais substâncias, o comportamento torna-se um vício; já para uma porção maior, o dano temporário de sua habilidade de tomar decisões resulta em sérias consequências físicas. Ainda, outro perigo que põe em risco a vida de milhões de pré-adolescentes é ser vítima da violência. Cerca de 45% das escolas de ensino fundamental reportaram um ou mais incidentes de crimes violentos; isso sobe para 74%, três quartos, nas escolas de ensino médio. Em um ano comum, 4% das escolas de ensino fundamental e 19% das de ensino médio informam um ou mais crimes violentos sérios (isto é, assassinato, estupro, suicídio, uso de armas, roubo). Os ADVERTÊNCIA alunos estão mais sujeitos à violência em esPASTORAL colas onde há gangues presentes; sabe-se que há gangues em três a cada dez escolas públiMais de um milhão de cas. Durante um ano escolar comum, um em adolescentes quatorze alunos é ameaçado na escola com perderam pelo uma arma; um em cada sete alunos está envolmenos um dia na vido em uma série briga física no território da escola no último escola. Um resultado comum é que os pais se ano por temer sentem desconfortáveis em relação à segurança violência física. de seus filhos, e mais de um milhão de adolescentes perderam pelo menos um dia na escola no último ano por temer violência física14. Por fim, a condição física dos jovens sofre impacto de seu convênio de saúde. Apesar da atenção dada a essa questão na
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última década, uma a cada oito crianças abaixo dos treze anos não tem seguro-saúde e, assim, não tem o acesso necessário à atenção médica qualificada. Além da questão dos convênios supercaros, as crianças sofrem com desafios médicos muito mais do que as pessoas percebem. Um estudo recente revelou que cerca de 20% dos jovens nos Estados Unidos mostram alguns sinais de doenças psiquiátricas, as quais passam sem diagnóstico15. Uma das condições mais discutidas é o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), que aflige cerca de 7% das crianças no grupo de 6 a 11 anos de idade. Milhões são tratados com Ritalina, antidepressivos e outras drogas psiquiátricas; outros milhões não recebem tratamento algum. Devemos apontar que tanto a saúde das crianças quanto a participação delas em comportamentos de risco têm sérias ramificações. Diversos estudos conduzidos na década passada demonstraram uma forte correlação entre seis comportamentos de risco praticados pelos adolescentes – ter relação sexual, beber excessivamente, fumar, usar drogas ilegais, deprimir-se e cometer suicídio – e seu impacto frequentemente negativo16. Situação econômica Nas últimas três décadas, a situação econômica das crianças realmente melhorou. O Governo Federal expandiu seu apoio às crianças, fundando atualmente mais de 150 programas dedicados a elas, que dão mais de US$ 50 bilhões por ano17. Apesar disso, uma alta e inaceitável proporção de jovens (33%) vai viver na pobreza antes de alcançar a idade adulta, enquanto metade (17%) poderá ficar estagnada a qualquer momento18. (Note que, ainda que a porcentagem seja pequena, o sofrimento
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humano é enorme – quase sete milhões de adolescentes norte-americanos são amaldiçoados com a pobreza algum dia.) A maioria das crianças vive em circunstâncias adequadas, e oito a cada dez adolescentes disseram receber mesada de seus pais ou membros da família. De modo geral, os adolescentes recebem um pouco mais de US$ 20 por semana. Desenvolvimento emocional e comportamental Muito da estabilidade e da maturidade emocional das crianças vem de sua relação com a família. Ainda que a maioria dos pais acredite estar fazendo um bom trabalho em criar seus filhos – e não há dúvidas de que a maioria leva sua responsabilidade a sério –, há abundantes evidências que sugerem que muitos estão superestimando seu desempenho. Os efeitos da coabitação, do divórcio, dos nascimentos de pais não casados e das mães trabalhadoras estão tendo um efeito significativo nas crianças – um grupo impactado que agora alcança os milhões. Uma a cada três crianças nascidas nos Estados Unidos vem de uma mulher solteira. Atualmente, uma a cada quatro crianças vive com um dos pais, e metade delas se encontram nessa situação antes de celebrar seus 18 anos. Três a cada cinco mães de crianças estão no mercado de trabalho – grosso modo, o dobro da proporção de apenas 25 anos atrás19. A confluência de fatores isolados levou a maioria dos pais de adolescentes a admitir que eles não passam tempo de qualidade o suficiente com seus filhos20. Um terço das crianças entre oito e doze anos disse que gostaria de passar mais tempo com suas mães, apesar do fato de os pré-adolescentes de hoje passarem 31 horas por semana com suas mães – um pulo de cerca de seis horas a cada semana em comparação a duas décadas atrás21. Os adolescentes passam menos tempo com seus
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pais – cerca de 23 horas por semana –, o que também é um aumento quando comparado ao início dos anos 1980. Uma parcela substancial para o aumento do tempo entre pais e filhos, contudo, é atribuída à escalada na quantidade de tempo gasto em levar as crianças de uma atividade à outra, o que é um empenho não normalmente considerado como um momento significativo ou tempo de qualidade. A boa notícia é o aumento vagaroso na porcentagem de crianças que vivem com seus pais biológicos (de uma criança dentre duas na década passada a seis crianças dentre dez hoje em dia). Essas famílias tendem a ser mais estáveis financeira e emocionalmente, a viver em áreas mais seguras e com mais possibilidades de lazer e a pôr suas crianças em escolas de qualidade superior. Apesar de – ou talvez graças a – mudanças na realidade das famílias, como as crianças estão se saindo? Há muitos aspectos a serem considerados, porém, eis aqui alguns fatores que devem ser ponderados: • A maioria dos adolescentes se considera feliz, amada, segura e otimista quanto ao seu futuro. Descobrimos que grande parte deles, contudo, acredita que os adultos consideram os jovens rudes, arrogantes, preguiçosos e descuidados. • As crianças entre 2 e 7 anos consomem em média 25 horas por semana de mídia de massa; entre crianças de 8 a 13 anos, o número sobe para quase 48 horas semanais22. A mídia favorita é a internet, de acordo com 54% das crianças abaixo dos 8 anos e com 73% daquelas entre 8 e 12 anos, o que é uma evidência da mudança dos tempos e de uma nova geração23.
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