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naelen & natielen rodrigues
un ist aç ão TALENTOS DA LITERATURA BRASILEIRA
SÃo Paulo, 2017
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Unistação Copyright © 2017 by Naelen Rodrigues Santana/Natielen Rodrigues Santana Copyright © 2017 by Novo Século Editora Ltda.
coordenação editorial
editorial
Vitor Donofrio
João Paulo Putini Nair Ferraz Rebeca Lacerda
aquisições
Cleber Vasconcelos
preparação
revisão
Mayara Leal (Lótus Traduções)
Equipe Novo Século
diagramação e capa
João Paulo Putini
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1o de janeiro de 2009.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) Rodrigues, Naelen Unistação Naelen Rodrigues, Natielen Rodrigues. Barueri, SP: Novo Século Editora, 2017. (Coleção talentos da literatura brasileira) 1. Ficção brasileira I. Título II. Rodrigues, Natielen 17‑1551
cdd‑869.3
Índice para catálogo sistemático: 1. Ficção : Literatura brasileira 869.3
novo século editora ltda. Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1111 cep 06455‑000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – Brasil Tel.: (11) 3699‑7107 | Fax: (11) 3699‑7323 www.gruponovoseculo.com.br | atendimento@novoseculo.com.br
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Na vida só temos uma certeza: a morte. Mesmo que saibamos que ela está próxima, nunca devemos nos entregar, pois o nosso fim não chega com a morte, e sim com o esquecimento. Hoje a estrela mais linda do céu, ontem a guerreira que teve sua vitória. Não aquela que se vence, e sim aquela que se luta até o fim sem desistir. Sem mais delongas, a nossa guerreira, MÃE (Maria Odete)
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Agradecimentos Queremos agradecer primeiramente a nossa família por ter nos apoiado, colaborando para que o nosso livro fosse publicado, consequentemente fazendo com que um sonho nosso fosse realizado. E a nossa professora de redação Thuany Felix, que com um projeto escolar acabou nos incentivando a escrever o nosso primeiro livro. A Franciely Pereira e a Mário Costa, por terem lido e dado opiniões críticas. Obrigada à editora Novo Século por ter nos dado a oportunidade de publicar o nosso livro e a Cleber Vas‑ concelos e Nair Ferraz por sempre nos orientarem.
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cordei me sentindo diferente; sentia que tinha me tornado outra pessoa e percebi que estava em outro lugar. Quando olhei para o lado, ha‑ via um envelope, e em cima havia um colar com um pin‑ gente vermelho de rubi. Fiquei assustada com a possibilidade de alguém ter en‑ trado no meu quarto enquanto eu dormia e me levado para outro lugar. Tomei coragem e comecei a ler o que estava escrito na carta colocada dentro do envelope.
Sofia, Você agora é uma unistação, o que significa “união das estações ”. Você representará o verão em segredo durante um ano e terá mais três amigas, que morarão com você. Esse colar de rubi é seu; enquanto você usá‑lo, terá poder, e também ganhará do universo um poder especial, que nem eu saberei o que é. Quando chegar o verão, será a sua hora de agir. Lembre‑se de manter a união das estações, pois só assim a minha existência continuará. Buraco Negro Tudo isso me deixou confusa.
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Como será que esse tal de Buraco Negro sabe o meu nome? Onde será que estão essas amigas? Que lugar é este? Para des‑ cobrir, só precisei sair daquele quarto, e logo encontrei as três meninas na porta. Elas três pareciam já ter feito amizade. Uma delas acenou. – Oi! – disseram as três de uma só vez. – Oi… Que lugar é este? – perguntei, confusa, enquan‑ to mexia no meu anel. – Não sei – disse uma delas, olhando para a cortina que tinha ao seu lado direito –, dormi na minha casa e acordei aqui. Sobre o espelho do quarto onde eu dormi havia uma carta e um colar azul de safira, representando o inverno. Uma delas se espantou. – Ao lado da minha cama também tinha um envelope com um colar em cima, só que a pedra era rosa de quartzo, ela representa a primavera. – O meu colar tem uma pedra amarela de topázio, que é da estação outono – disse a que não tinha se pronuncia‑ do até então. Eu hesitei, mas acabei falando sobre a pedra que encontrei. – A minha é vermelha de rubi e representa o verão. E vocês devem ser as meninas mencionadas na carta que encontrei hoje cedo quando acordei. – Sim, todas nós recebemos uma carta. – Ela mexeu nas pontas do cabelo e depois disso se apresentou: – Eu sou Pérola. – Logo percebi que se tratava da garota da pri‑ mavera. – Essa é a Júlia, e ela representa o inverno – disse, apontando para a garota morena que estava encostada na parede. – E esta aqui é Diana…
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– Já sei, ela vai fazer com que o outono chegue não só para a gente como para o mundo. Eu sou Sofia e represen‑ to o verão. – Prazer em conhecê‑la, Sofia – disse Júlia. – O prazer é meu – respondi. – Pelo que dizia na carta, não poderemos contar nada sobre isso a ninguém – disse Diana, segurando a carta que recebera do Buraco Negro. Respirei fundo e concordei com a cabeça. Como sou muito tímida, quase não falei enquanto as outras conversavam. Eu só observava e concordava com a cabeça com o que elas diziam. Olhava para os lados e admirava os quadros nas paredes lisas, de tão novas que eram, e a modernidade daquele apartamento. – Na minha carta estava escrito que temos que viajar quando formos transformar a estação – disse Diana olhan‑ do para Júlia, que logo ficou entusiasmada com a possibi‑ lidade de conhecer novos lugares. – Nossa, eu quero ir primeiro para a Europa – respon‑ deu Júlia, com um imenso sorriso no rosto, de orelha a orelha. – Sempre quis conhecer a Europa, a Torre Eiffel, os museus e monumentos importantes. Uma das cidades que quero conhecer primeiro é Paris, pois é a cidade do amor. – Os olhos de Júlia brilhavam tanto enquanto ela falava que cheguei até a ficar em dúvida se era o olhar dela ou a luz do sol que brilhava mais naquele momento. – Nossa, como você é romântica – disse Pérola antes de dar a sua opinião. – Pois, para mim, Paris é a cidade da moda. Eu só observava a conversa esperando que não me per‑ guntassem nada, mas minhas súplicas não serviram, pois Diana parecia que ia me perguntar algo.
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– E você, Sofia, quer ir para onde? – Ela se virou para mim. Não sabia bem ao certo o que responder, só não queria que elas soubessem que eu era insegura e morria de medo de andar de avião. Tinha trauma, devido ao fato de meus pais terem morrido após a aeronave particular deles ter caído no oceano Atlântico. Quando eles morreram, eu ti‑ nha apenas 6 anos de idade. Eu fui criada pela minha tia e cresci insegura, pois ela não cuidava bem de mim e só ficou comigo para conseguir parte da minha herança. Entrou até na Justiça, mas não conseguiu nada. Ela ficou com tanta raiva por ter perdido que passou até a me maltratar. Se fosse por minha von‑ tade, ela poderia ficar com todo o dinheiro, eu só queria amor. Minhas lágrimas começaram a cair. Pisquei para parar de chorar, mas foi inevitável. – O que houve? – perguntou Diana, mas eu não res‑ pondi. Saí correndo e, quando cheguei até a porta do meu quarto, entrei e me acabei em prantos. Eu ficava cada vez mais triste, pois não era como as outras meninas; eu era insegura de mim mesma. Com o tempo acabei esquecendo cada vez mais como eram os meus pais. Lembro‑me de que, toda vez que eles chegavam de viagem, sempre traziam um presente, fala‑ vam o quanto me amavam e começavam a me dar beijos. Como eu sentia falta daqueles beijos! Depois de meia hora com pensamentos confusos, ouvi uma batida à porta. Tentei enxugar as lágrimas, coisa que não adiantou muito, já que meu rosto esta‑ va todo vermelho. Não dava para disfarçar, então logo
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desisti. Abri a porta e me deparei com Pérola. Fiquei feliz. Percebi que alguém se preocupava comigo. Não sei o motivo, mas a aparência e a presença dela me traziam uma sensação de paz e tranquilidade, coisa que eu não sentia há muito tempo. – Você está bem? – perguntou, me dando um abraço. – Estou, foi apenas um desconforto que senti ao relem‑ brar o passado. É coisa minha, estou bem – disse, apesar de no fundo saber que era apenas mais uma mentira mi‑ nha para acalmar quem se preocupa comigo, e em especial Pérola. Como eu poderia fazer isso com ela se eu mal a conhecia? – Se precisar de alguém para desabafar, pode confiar em mim, sou boa para ouvir e guardar segredos. – Ela pe‑ gou em minhas mãos e continuou: – Quando precisar, es‑ tarei aqui para ouvir o que você tem a dizer. – Obrigada pelo seu apoio. Você não sabe o quanto isso significa para mim. Durante a minha infância e ado‑ lescência, eu não tive nenhum amigo. Sempre tive dificul‑ dades para fazer amizades, eu era a solitária da escola. – Espero que você encontre em mim uma boa amiga. Apertei as mãos dela com força, gesto que ela retribuiu. Pela primeira vez, senti que tinha uma amiga de verda‑ de. Não me importei com o fato de ter acabado de conhecê ‑la. Essa amizade parecia que iria durar a vida toda. Era uma amizade muito forte e capaz de superar tudo. – Se preferir, eu posso te deixar sozinha para colocar os seus pensamentos em ordem. – Ela olhou para o quarto todo, pois ainda não o tinha observado. Eu não queria dispensá‑la, porém necessitava de priva‑ cidade para pensar.
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– Eu vou querer ficar um tempo com os meus pensa‑ mentos. Obrigada por tudo. Na hora do almoço me jun‑ tarei a vocês. Ela saiu sem olhar para trás e sem conferir se eu estava bem. Decidi que não iria almoçar com elas, depois mudei de ideia. Não estava chorando e já tinha colocado meus pensamentos nos eixos, então não existia nenhum motivo para ficar trancada no quarto. Procurei a cozinha. Enquanto me aproximava, eu as ouvi questionando minha atitude. Quando entrei, a con‑ versa se encerrou e o silêncio prevaleceu. A tensão tomou conta do ambiente. – Que poder será aquele mencionado na carta? – per‑ guntou Diana, acabando com o silêncio. – Tomara que seja coisa boa. – Enquanto Júlia falava, um vento entrou pela janela que ficava ao lado esquerdo da geladeira. – Pelo contrário, prefiro ficar sem poder. – Assenti com a cabeça. – Alguma de vocês já descobriu o poder? – perguntou Pérola, olhando e sorrindo para nós três. Todas balançaram a cabeça, negando. As três conversaram muito durante o almoço, mas eu não falava nada se não mencionada. Às vezes tinha vonta‑ de de entrar na conversa, mas tinha medo de falar alguma coisa errada. Quase não comi nada. Levantei‑me da mesa, pedi licença e fui para o meu quarto. Quando cheguei lá, tive a certeza de que seria difícil me enturmar, porém iria conseguir. Aquelas
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meninas pareciam ser compreensivas e de confiança, apesar de cada uma ter uma personalidade diferente. Foi inevitável, comecei a pensar no que aconteceria se aquele jato não tivesse caído com os meus pais. Será que eu seria segura? Será que eu teria amigos? Será que eu con‑ seguiria realizar o meu sonho de lançar um livro? Foram tantas perguntas sem respostas que até fiquei confusa. Comecei a chorar de novo. Fiquei até com dor de ca‑ beça de tanto chorar. Como eu podia ser tão diferente dos outros, ser tão tímida e boba a ponto de chorar com tudo o que acontece? Eu cheguei à conclusão de que sou uma pessoa sentimental demais e que não confio nos outros. Para conseguir me tornar amiga daquelas meninas, tinha que aprender uma coisa: a confiar nos outros. Portanto, eu já tinha uma meta para os próximos dias: eu iria fazer amizade com Diana, Júlia e Pérola.
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