Dezembro/2014
Curiosidades
Adorada pela rainha e conhecida nas redes sociais, leia mais em p.22
Biografia
Uma mulher Ă frente de seu tempo p.7
George Eliot
“It’s never too late to be what you might have been.” George Eliot
Ao leitor Essa revista é o trabalho final da disciplina TL222 - Pesquisa XII: Historiografia Literária II ministrada pela professora Márcia Azevedo de Abreu na Universidade Estadual de Campinas. Durante o semestre pesquisamos a autora inglesa George Eliot (18191880), e nas páginas a seguir você encontrará informações sobre sua vida pessoal, produção literária e trajetória até a canonização. Boa leitura! Arthur Araujo Luiza Santiago Natasha Mourão
Índice Biografia...................................................................................................... 7 George Eliot, uma mulher à frente de seu tempo
Romances................................................................................................... 9 A construção dos novos heróis do século XIX
Romances em números.......................................................................... 10 O sucesso no velho mundo e a ausência no Brasil
Recepção crítica........................................................................................ 12 Aclamada pela crítica desde o século XIX
Lugar no campo literário....................................................................... 14 Sua trajetória rumo ao cânone
Middlemarch............................................................................................ 16 O melhor romance da Era Vitoriana
George Eliot e o feminismo................................................................... 20 Uma análise anacrônica
Fatos interessantes.................................................................................. 22 O seu legado para o mundo
Considerações finais............................................................................... 27 Porque George Eliot é fascinante
Bibliografia............................................................................................... 28 As obras de referência sobre o assunto
Biografia
Sua primeira obra foi a tradução de Das Leben Jesu kritisch bearbeitet de D.F. Strauss, publicada com o nome de The Life of Jesus Critically Examined. Mary Ann Evans viveu mais de vinte anos com George Henry Lewes, filósofo e crítico de literatura e teatro inglês, embora não tenha se casado com ele. Antes casado com Agnes Jervis - segundo relato do filho do casal, ela fugiu e abandonou a famíliaLewes passou a viver com Mary Ann Evans até o fim da vida dele. Eliot assumiu o nome do marido e preferia ser chamada de Mary Ann Lewes. Eles não tiveram filhos, mas ela cuidou dos filhos de Lewes. Após a morte do primeiro marido, ela casou-se com John Walter Cross, seu editor e biógrafo, mas o casamento durou menos de um ano por causa da morte dela em 22 de dezembro de 1880 em Londres.
George Eliot é na verdade um pseudônimo de uma das maiores novelistas da Inglaterra vitoriana. A Era Vitoriana foi o período de reinado da Rainha Victoria, entre 1837 até 1901. Durante esse tempo houve a restauração da figura da rainha, a Segunda Revolução Industrial, e a constituição da Inglaterra como império transatlântico; além disso, foi um período marcado por grandes acontecimentos artísticos e culturais. Já a sociedade dessa época era regida por fortes valores morais; o que teve influência sobre Eliot. Seu nome verdadeiro era Mary Ann Evans, nascida em 22 de novembro de 1819 em Nuneaton, Inglaterra, foi uma mulher à frente de seu tempo. Criada no campo por uma família muito religiosa, foi educada em casa e seus estudos incluíam história religiosa, antiguidades clássicas, ciência moderna, sociologia e política. Esses estudos contribuíram para seu grande repertório como escritora e para a construção de suas epígrafes no ínicio de cada capítulo dos seus romances.Viveu na tradição cristã, até ter contato com o livro escrito por Charles Hennell, chamado An
Inquiry Concerning the Origin of Christia nity essa obra fez com que Mary Ann
George Henry Lewes
rompesse com a tradição ortodoxa.
John Walter Cross
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Romances Os romances de Eliot retratam personagens de comunidades rurais no ambiente provinciano do interior da Inglaterra, esses grupos enfrentam as contradições de uma nova realidade de sociedade urbana e industrial. Isso permite um novo tipo de heroísmo, no qual a retidão e a moralidade fazem parte da vida campestre. Os temas mais abordados pela autora são a fé e a moral. Seus romances foram:
Romola (1863)
Felix Holt, The Radical (1866)
Adam Bede (1859)
Impressions of Theophrastus Such (1867)
Scenes of Clerical Life (1859) Middlemarch (1871) The Mill on the Floss (1860) Daniel Deronda (1876) Silas Marner (1861)
The Lifted Veil (1878).
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Romances em números junto com seus dois filhos a editora Blackwood & Sons, com sede em Londres e em Edimburgo, na Escócia.
The Times, 1899
Os gráficos a seguir são referentes às obras publicadas entre 1859 e 1914. A análise dos gráficos nos mostra que a obra com maior número de edições em língua original foi Middlemarch, seguida por Adam Bede, The Mill On The Floss e Felix Holt. Os números nos chamam atenção, uma vez que o romance mais editado tem 38 edições, o que é um número expressivo quando comparado a autores como Machado de Assis, cujo livro mais editado possui apenas 6 edições em língua original. O principal editor de George Eliot era William Blackwood, que fundou
Os livros de George Eliot eram anunciados no jornal The Times com bastante frequência, e seus preços variam de 3s. 6d. a 7s. 6d. Enquanto o preço do próprio jornal era apenas 3d. Podemos assim concluir que os livros de Eliot eram caros, mas isso não impediu o seu sucesso de vendas e edições.
Gráfico de edições em língua original 40 35
38 35
35
35
30 25 20
Adam Bede
28
27
Daniel Deronda Felix Rolt
23
Impressions of Theophrastus Such
22
20
18
Middlemarch Romola Scenes of a Clerical Life
15
Silas Marner The Lifted Veil
10
The Mill on the Floss
5 0
10
Gráfico de traduções por obra
30
27
A partir do gráfico ao Adam Bede Daniel Deronda lado, notamos que os livros 19 Felix Rolt 17 Impressions of Theophrastus Such Felix Holt, Impressions of Middlemarch Romola Theophratus Such e The LifScenes of a Clerical Life 10 10 10 ted Veil não tiveram nenhuSilas Marner 8 The Lifted Veil ma tradução no período de The Mill on the Floss 1859 até 1914. O livro com 0 0 0 mais traduções foi Adam idiomas que não correspondiam a línBede, com 27 edições, que não coincide com o best-seller da auto- gua do local de impressão. Por exemplo, livro em espanhol editado nos Estados ra (Middlemarch). Vemos também que o ano da Unidos. Isso é mais uma prova do inprimeira edição em língua original é tenso intercâmbio de informações, da Adam Bede de 1859 e incrivelmente o mesma forma que hoje temos a globaliano da primeira tradução é 1859, da zação. Ao longo da pesquisa não foram mesma obra em Dinamarquês. O gráfico abaixo apresenta tra- encontradas traduções para o portuduções para 17 línguas diferentes, mos- guês, no entanto George Eliot e suas trando como desde aquela época a cir- obras foram citadas em diversos periculação de ideias entre diversos países ódicos e veículos de comunicação; tanjá acontecia. Além disso, encontramos to no Rio de Janeiro como em outros nove edições de livros impressos em lugares do Brasil. Uma hipótese para esse interessante fato é de que as pes300 281 soas provavelmente liam as Inglês Francês traduções para o francês, 250 Alemão Holandês ou mesmo o original, em Espanhol 200 Húngaro inglês, e por isso comentaDinamarquês Sérvio vam as obras e conheciam 150 Tcheco Sueco a autora. Também constaItaliano Hebraico 100 tamos a presença da autora Norueguês Russo na França, com comentáJaponês 50 32 Finlandês 25 rios e críticas sobre George Polonês 9 5 5 5 4 3 3 2 2 2 2 1 1 1 0 Português Eliot no jornal La Presse. 0 Gráfico de edições por idioma 25
20
15
10
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Recepção crítica As críticas do século XIX sobre as obras de George Eliot foram positivas. Grandes escritores como Charles Dickens e Virginia Woolf elogiaram os romances e enalteceram o talento de Eliot: “The exquisite truth and delicacy, both of the humour and the pathos of those stories, I have never seen the like of; and they have impressed me in a manner that I should find it very difficult to describe to you, if I had the impertinence to try” (Dickens, 1858)
the first importance to the rich imaginative department of our literature” ( James, 1873) “Her novel is a picture -vast, swarming, deep-colored, crowded with episodes, with vivid images, with lurking master-strokes, with brilliant passages of expression; and as such we may freely accept it and enjoy it. It is not compact, doubtless; but when was a panorama compact?” ( James, 1873) John Crombie Brown, autor do livro The Ethics of George’s Eliot Work, foi um dos primeiros críticos contemporâneos de Eliot. As palavras de Brown foram elogiadas pela própria Eliot, em carta para seu editor Mr. Blackwood: “They seemed to me more penetrating and finely felt than almost anything I have read in the way of printed comments on my own writings”. O autor analisa as obras Middlemarch e Daniel Deronda, principalmente sob o critério moral/ religioso, bastante determinante na sociedade da época. O autor diz: “Those who read works of fiction merely for amusement, may be surprised that it should be thought possible they could
“George Eliot had far too strong an intelligence to tamper with those facts, and too broad a humour to mitigate the truth because it was a stern one. Save for the supreme courage of their endeavour, the struggle ends, for her heroines, in tragedy, or in a compromise that is even more melancholy” (Woolf, 1919) Além disso, Henry James também escreveu uma longa crítica sobre George Eliot e seu best-seller, Middlemarch: “But it is nevertheless a contribution of 12
be vehicles for conveying to us the deepest practical truth of Christianity (…). George Eliot put forward as the representative of this higher-toned fiction, and as entitled to take place beside any of those we have named for the depth and force, the consistency and persistence, with which she has laboured to set before us the Christian, and therefore the only exhaustively true, ideal of life.” As críticas negativas que a autora recebeu no século XIX eram sobre sua vida pessoal, já que era acusada de adultério e ateísmo pela sociedade da época.
Na atualidade, o crítico americano Harold Bloom dedicou capítulos em seus dois livros, Gênio e O Cânone Ocidental, para analisar os romances de George Eliot. No seu primeiro livro em português, Gênio, Bloom afirma: “A grandeza moral autêntica de George Eliot coloca-a nas alturas, quase sem rivais entre os romancistas” (Bloom, 2003) Além disso, na sua segunda obra traduzida, Harold Bloom reserva um capítulo especial para discorrer sobre a genialidade de Eliot e mais especificamente sobre o romance Middlemarch: “Se existe uma fusão exemplar de força estética e moral no romance canônico, George Eliot é sua melhor representante e Middlemarch sua mais sutil análise da imaginação moral, possivelmente a mais sutil já alcançada em prosa de ficção.” (Bloom, 2010, p.419) “Contudo, é mais que uma romancista; avança o romance para o modo de uma profecia moral, de uma forma que foi tenazmente desenvolvida por D. H. Lawrence, que pouca semelhança tinha com Eliot na superfície, mas ainda assim era seu discípulo.” (Idem, p.420)
A Illustração, 1886
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Lugar no campo literário destaca os prazeres de Middlemarch devido a arte retórica e o controle dos recursos de linguagem da autora. De acordo F. R. Leavis (1895-1978), em The Short Oxford History of English Literature, os grandes novelistas ingleses são Jane Austen, George Eliot, Henry James e Joseph Conrad. Para ele George Eliot, junto de seu discípulo D. H. Lawrence, poderiam ter instaurado uma nova tradição literária, o chamado modernismo inglês, porém esta foi realizada por Virginia Woolf e James Joyce; além disso, Eliot influenciou diretamente o trabalho de Woolf. Mary Ann Evans também recebeu críticas e aclamações de seus contemporâneos. Charles Dickens disse em The Short Oxford History of English Literature: “no man ever before had the art of making himself mentally so like a woman since the world began”. (Sanders, 1994, p.636) Mas, mesmo recebendo muitos elogios por sua obra, Eliot foi duramente criticada por Nietzsche já que segundo ele, era inconcebível alguém desprezar o deus cristão e ainda manter a moralidade cristã. Entretanto, de acordo com Harold Bloom, na obra O Cânone Ocidental, essa foi uma leitura equivocada da obra de Eliot; na verdade, ela não é uma
Durante a pesquisa constatamos que George Eliot é uma autora canônica por sua presença nas histórias e dicionários literários, como os citados a seguir: The Short Oxford History of
English Literature, The great tradition: George Eliot, Henry James, Joseph Conrad, e O Cânone Ocidental.
A questão do pseudônimo é tratada no The Short Oxford History of English Literature da seguinte forma: “The identity of the gender of the author hiding behind the pseudonym had at first been kept a close secret as a means of maintaining a public distinction between a highly moral narrator and a woman who, according to the narrow standards of her time, was an outcast, an adulteress and a religious sceptic. ‘George Eliot’ won respect as a writer on the merits of her work alone. That respect gradually eclipsed the affront to public morality presented by the Godless Marian Evans.” (Sanders, 1994, p.440) Em O Cânone Ocidental, Harold Bloom coloca George Eliot como uma romancista canônica que “essencialmente se atém ao gênero”. (Bloom, 2010, p.419) A seguir, Bloom destaca o romance Middlemarch devido a utilidade dessa obra no período em que foi publicada. George Eliot não é considerada por ele uma grande estilista, mas 14
moralista cristã e sim romântica. Segundo Harold Bloom, em Gênio, a moralidade de Eliot é absolutamente inédita: “Autoridade moral, seja qual for o nosso entendimento a respeito da questão, raramente se confunde com força estética. George Eliot parece-me única nesse aspecto, de vez que Isaías, Platão, Wordsworth e Tolstoi dependiam de crenças transcendentais, ao passo que Eliot dispensara Deus e imortalidade, considerando-os ilusões.” (Bloom, 2010) George Eliot é considerada por muitas histórias literárias como a pioneira do Realismo na Inglaterra, sendo Middlemarch o primeiro grande romance realista. Essa escola literária foi uma reação à artificialidade e inocência do Romantismo. Foi por seu lugar de destaque na gênese do que é convencionalmente chamado de escola literária do Realismo, que George Eliot foi canonizada - com seus romances provincianos que fotografavam a relação íntima de poder e afetividade da sociedade vitoriana. Dos escritores ingleses vitorianos, foi Eliot a responsável por elevar o gênero romance ao nível de arte ao abordar em suas obras reflexões estéticas, políticas e morais - levando o gênero de entretenimento e apelo popular para a alta cultura letrada. De acordo The Short Oxford History of English Literature desde sua
época Eliot já se constituía uma autora canônica e de sucesso. Um fato que aponta para a sua canonização é o de que ela é uma autora escolar na Inglaterra sendo que seus livros The Mill on the Floss e Middlemarch são atualmente lidos para que os alunos sejam admitidos na Universidade de Oxford. No meio acadêmico ela tem proeminência, porém entre os leitores leigos, ela é reconhecida por suas frases de efeito replicadas na internet. Durante a pesquisa percebemos como ela se tornou importante na tradição britânica uma vez que é citada por F.R. Leavis em seu livro The great
tradition: George Eliot, Henry James, Joseph Conrad.
Acreditamos que ser bem recebida pela crítica de sua época possibilitou a sua canonização, tanto na Inglaterra, quanto na tradição ocitental. Vale ressaltar que George Eliot é citada no dictionnaire des Littératures française et étrangères e há um livro digital sobre ela e sua obra chamado
The life os George Eliot: a critical biography de Nancy Henry. Sua obra se
faz importante uma vez que ela analisa psicologicamente seus personagens, o que é uma inovação para sua época. 15
Middlemarch O romance Middlemarch da autora George Eliot, possui 877 páginas e conta a estória da vida de uma cidade provinciana inglesa entre 1830 e 1840 que recebe o mesmo nome da obra. Lá ocorrem diversas intrigas, jogos de poder, fofocas e disputas políticas entre os vários personagens da obra, que são muito morais em todos os seus atos e julgamentos. Até mesmo os personagens que cometem atos perversos tentam se redimir de alguma forma. A estória começa contando a trajetória da jovem Dorothea Brooke, uma moça simples e religiosa que perdeu os pais quando criança e foi morar com seu tio Mr. Arthur Brooke na granja de Tipton. Ele é um solteirão rico de sessenta anos que manda Dorothea e sua irmã, Celia, para estudarem na Suíça. As meninas têm personalidades muito distintas, enquanto Celia é uma moça extrovertida, vaidosa e que deseja fazer um bom casamento, Dorothea é a heroína do romance, mais tímida, dedicada à religião e com sonhos de ajudar os pobres; ela é considerada uma santa pelos outros personagens e pelo próprio narrador. Logo no início da narrativa, um vizinho da família, Mr. James Chettam, moço
rico, bonito e de boa família se apaixona por Dorothea e deseja casar-se com ela, mas acaba casando-se com sua irmã Celia uma vez que Dorothea pretende casar-se com Mr. Edward Casaubon, um pastor de meia idade considerado por ela o homem mais inteligente e culto da região, mas bastante doente e que ambiciona escrever um livro de título A Chave de todas as Mitologias. Após uma troca de correspondências, Mr. Casaubon e Mrs. Brooke se casam e ela vai morar com ele no solar de Lowick. Na viagem de lua de mel à Roma, o casal encontra um primo de Mr. Casaubon, Sir Will Ladislaw, um romântico artista que muito cedo perdeu os pais e por isso teve seus estudos bancados por seu primo. Will logo se encanta por Mrs. Casaubon, mas não sabe se seus sentimentos são correspondidos. No decorrer da estória Mr. Casaubon se torna um marido frio e apático e vai criando uma barreira cada vez maior entre ele e sua esposa. O casal passa por várias discussões quando Dorothea, após algumas visitas de Ladislaw, tenta convencer o marido de que ele tem uma dívida de família com o primo. Mr. Casaubon fica muito bravo com essas intromissões
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da esposa e percebe o interesse de seu primo por ela quando este decide se mudar para Middlemarch e trabalhar como redator do jornal de Mr. Brooke; com isso, Mr. Casaubon escreve um conditio em seu testamento de que Dorothea terá direito à sua herança desde que ela não se case com Will Ladislaw. Após a morte do marido, Mrs. Casaubon adoece e sente-se perdida, pois ela não entende o motivo de tal cláusula existente no testamento, sendo que ela mesma não nutria sentimentos dessa espécie por Sir Ladislaw e não suspeitava dos sentimentos dele por ela. Quando Will toma conhecimento das fofocas existentes em torno do testamento, ele se despede de Dorothea e deixa Middlemarch para viver em Londres; seu objetivo é ganhar algum dinheiro para poder se casar com ela. Ao retornar, mesmo não tendo alcançado seu objetivo, ele procura Dorothea e declara seu amor, então ela percebe que o
ama e renuncia à herança para se casar com ele; após o casamento, o casal passa a viver humildemente e tem um filho. Outro núcleo importante no enredo é o da família de Walter Vincy, o prefeito da cidade de Middlemarch e dono de uma empresa; ele é um homem muito influente e pai de sete filhos, entre eles Rosamond Vincy e Fred Vincy. Rosamond é a moça mais bonita da cidade, cortejada por todos os rapazes, mas que acha que nenhum deles está à sua altura, ela é mimada e sempre consegue o que quer. Fred, por outro lado, recebeu toda educação para se tornar um clérigo, porém ele não gosta da vida religiosa e só faz dívidas com apostas. Rosamond finalmente vê uma chance de casamento quando chega à cidade um jovem médico, o Mr. Tertius Lydgate; ele vem de uma família rica do norte da Inglaterra e foi criado Mr. Featherstone
Mr. Bulstrode
Mr. Garth
Mary Garth Mr. Brooke
Celia
Sir Chettam
Dorothea
Mr. Casaubon
Lucy Vincy
Mr. Vincy
Mr. Lydgate
Rosamond
Mr. Fred Vincy
Legenda:
Mr. Will Ladislaw
Parentesco Matrimônio Filiação
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por seu tio. Na época em que se passa o banqueiro e responsável pelo hospital, mas romance a profissão de médico não era que esconde um passado cheio de segredos valorizada, sendo assim, ele não era rico que são conhecidos apenas por Mr. Raffles, e tinha o sonho de tornar sua profissão uma personagem secundária na trama. Anrealmente científica. Ele chega na cida- tes de ir para Middlemarch, ele era sócio de de com o intuito de trabalhar no hospital Mr. Dunkirk, o avô de Will Ladislaw. Eles fundado por Mr. Bulstrode, o banquei- eram agiotas e a empresa deles enriquecero da cidade e tio de Rosamond e Fred. ra em cima de propriedades roubadas, com Mr. Lydgate é uma pessoa introverti- isso, a mãe de Ladislaw foge com vergonha da e muito independente que não vê na vida da fortuna ilícita de sua família. Com a moroutro motivo a não ser a dedicação à ciên- te do sócio, Mr. Bulstrode casou-se com a avó cia, no entanto, ele não consegue resistir aos de Sir Ladislaw. Antes de sua morte, Mrs. encantos de Rosamond Vincy e a pede em Dunkirk deseja deixar seus bens para sua casamento. Os pais da moça são contra o ca- filha, mas Mr. Bulstrode mente que ela está samento, pois Mr. Lydgate não conseguiria desaparecida para ficar com toda a herança. dar a ela o mesEntão, a espomo padrão de “A alma completa é um espelho duplo , que faz, do que foi sa morre e ele vida que seus belo, vista infinda, e ainda repete o que ficou para trás.” fica com toda pais, mesmo George Eliot - Middlemarch a herança que assim o cana verdade era samento acontece e Tertius acaba se en- da mãe de Will. Então Mr. Bulstrode se muda dividando para fazer o casamento e para Middlemarch, torna-se banqueiro e camanter o padrão de vida de Rosamond. sa-se com a irmã de Mr. Vincy, o prefeito e lá A alegria do casal não dura muito quan- vive uma vida acima de qualquer suspeita. do Mr. Lydgate precisa contar à esposa que O conflito acontece quando Mr. Rafeles estão falidos e precisam penhorar seus fles volta para Middlemarch e ameaça conmóveis. Então Mrs. Lydgate se revolta contra tar para a cidade inteira o verdadeiro passaseu marido e passa a desafiá-lo e a tomar do de Mr. Bulstrode, então este passa a ser atitudes escondidas, como pedir dinheiro extorquido por aquele. Quando Mr. Bulstroemprestado ao tio dele e impedir a venda da de se recusa a dar mais dinheiro, Mr. Raffles casa deles, tudo isso na esperança de manter começa a contar o segredo para as pessoas, a posição de prestígio dentro da sociedade. mas antes de a notícia se espalhar, ele adoe Nesse momento do enredo é impor- ce na casa de Mr. Bulstrode e Mr. Lydgate é tante destacar a história de Mr. Bulstrode, o chamado para cuidar dele. No entanto, Mr. 18
Bulstrode não segue as recomendações mé- Featherstone é rico e vive em Stone Cort sendicas de Mr. Lydgate e Mr. Raffles morre. do cuidado por sua sobrinha Mary Garth, Com essa morte, a cidade inteira começa a filha de Mr. Caleb Garth. acreditar na história de Mr. Raffles e a acu- Fred Vincy e Mary Garth são amigos sar Mr. Bulstrode de assassinato e Mr. Lyd- desde crianças e apaixonados um pelo ougate de ser seu cúmplice porque este aceitou tro, no entanto, vendo que Fred não tem didinheiro emprestado daquele para pagar nheiro, nem trabalho e nem planos para o suas dívidas, mesmo sem saber que estava futuro, Mary sempre o rejeita. Com a morte sendo enganado. do velho Featherstone, toda a herança dele É importante destacar que antes da vai para seu filho bastardo Joshua Rigg e morte de Mr. Raffles, Mr. Bulstrode tenta se re- Fred não recebe nenhum tostão, sendo asdimir oferecendo dinheiro para Sir Ladislaw, sim, ele se vê obrigado a trabalhar para que o verdadeiro dono de sua fortuna, mas Will, Mary Garth o aceite como marido. Fred, enassim como sua mãe, não aceita o dinheiro tão, consegue um emprego como ajudante sujo. No fim da estória, tanto Mr. Bulstrode de Mr. Garth, pai de Mary, e após demonsquanto Mr. Lydgate são obrigados a deixar trar empenho e responsabilidade, ele é aceito Middlemarch para não serem alvo de mais fo- por ela e sua família. Fred e Mary se casam focas e intrigas e eles conseguem reconstruir e vivem de maneira simples com seus filhos suas vidas em Londres com suas famílias. para o resto de suas vidas. Por fim, merece enfoque a trajetória Esse enredo envolvente conta com de Fred Vincy, rapaz que não trabalha e vive mais personagens e tramas, sendo que toàs custas dos pais na esperança de receber dos os personagens citados acima estão ligauma herança de seu velho tio, Mr. Feathers- dos por algum parentesco ou relação de potone, do qual ele é o der como se a história sobrinho preferido. O narrador de Middlemarch, em terceira pessoa (às vezes fosse uma construção No primeiro casa- em primeira, ao fazer alguma digressão) é onisciente, e tem em teia, mas nós optambém a característica de narrar como se estivesse “pasmento, Mr. Feathers- seando” entre as cenas e os personagens. É como se uma tamos por apontar tone casou-se com a câmera acompanhasse determinado evento do enredo, de apenas os principais irmã de Lucy Vincy, forma voyeurística, sem se envolver, mas ao mesmo tempo aspectos do enredeterminantemente enviesado. mãe de Fred, e no sedo para não nos degundo, casou-se com longarmos demais a irmã de Caleb Garth, um administrador e não privarmos o leitor de ter o prade terras e negócios de Middlemarch. Peter zer de ler essa encantadora obra. 19
Eliot e o feminismo Mary Ann Evans, sob o pseudônimo masculino de George Eliot, foi uma das primeiras mulheres a ter sua obra literária reconhecida e canonizada e inscreveu-se na história da literatura inglesa e na história da literatura mundial. Foi o então marido de Mary Ann Evans quem editou e publicou seu primeiro romance, mas Evans só foi publicada porque usou um pseudônimo masculino, George Eliot. Utilizar o tratamento “ela” para o pseudônimo masculino George Eliot é comum nos textos que se referem à autora. O pseudônimo é em homenagem ao marido, George Henry Lewes, que era oficialmente casado com outra mulher, entretanto Evans e Lewes mantinham seu relacionamento (de 20 anos, até a morte dele) perante a sociedade e viviam juntos. Diante desses dois dados - o uso do pseudônimo masculino para legitimar sua obra e um relacionamento com um homem casado -, a questão do feminismo em Eliot vem à tona. Chamar Eliot/Evans feminista ou recusar-se a nomeá-la desse modo é, de qualquer maneira, um tratamento anacrônico da questão da posição da mulher na sociedade. Mary Ann Evans foi uma mulher no século XIX. Deman-
dar um posicionamento sobre política sexual é exigência demais, pois o debate sobre a igualdade entre os gêneros não estava ainda colocado socialmente. Nesse julgamento que se instaura sobre o papel de feminista exercido por Evans há o critério de sua vida pessoal, que poderia ser vista hoje como um protesto contra os padrões opressores da sociedade vitoriana do século XIX, e sua obra moralizante (e não por isso conservadora) que divide a crítica como critério para decidir se Evans era ou não uma feminista em sua época. Em sua obra Middlemarch, a protagonista (se é que o livro tem um personagem protagonista) é Dorothea Brooke. O fato de ser uma mulher a protagonista de um romance já poderia ser chamado de um ato de luta feminista - para ficar numa análise supérflua. Mas o livro tem citações de teor bastante machista. Pode-se argumentar que Evans, a autora, sendo mulher, não realiza atos machistas, pois só acabaria por oprimir seu próprio gênero, mas sim que ela repete o padrão machista presente na sociedade. Vamos às citações: “‘Ora viva, querida, que agradável surpresa!’ disse Mr. Brooke, indo
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a seu encontro e beijando-a. ‘Suponho que tenha deixado o Casaubon com seus livros. Fez muito bem. Não nos convém que você, sendo mulher, se torne culta demais.’ ‘Não há perigo, meu tio,’ disse Dorothea, que se virou para Will, apertou-lhe com franca cordialidade a mão e, sem nenhuma outra forma de saudação, continuou dando resposta ao tio. ‘Sou muito lenta. Muitas vezes, quando minha intenção é me ocupar dos livros, deixo-me levar por pensamentos vadios. Constato que ser culta não é tão fácil quanto projetar casinhas.’” A citação acima pode ser lida, para além do discurso sexista, apenas como falas verossímeis ao decoro dos personagens que falam. Pode ser lida também num tom irônico, pois
Evans, a autora do romance - uma intelectual- , faz com que um dos personagens diga que não é conveniente às mulheres que se tornem cultas. Excluir Mary Ann Evans da história de reivindicações e lutas feministas é um ato de opressão contra uma mulher que reivindicou e conquistou seu espaço - por meio de sua vida pessoal e em sua carreira literária (mesmo sob pseudônimo masculino) - numa sociedade conservadora como a do século XIX. O lugar que Evans/ Eliot ocupa no cânone literário já é uma forma de empoderamento da mulher. Deve-se valorizar as mulheres que tiveram seu lugar posto na história, como é o caso - na história da literatura - de Mary Ann Evans/George Eliot, e recuperar a memória de outras mulheres que foram sufocadas e esquecidas.
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Fatos Interessantes Filmes
George Eliot nas redes sociais A autora está presente em várias redes sociais como Pinterest e Facebook. Nessas redes, Eliot é mais conhecida por suas frases de efeito, e não por ser uma grande romancista:
Há diversas adaptações das obras de George Eliot para as mídias televisivas. O primeiro curta metragem foi dirigido por D.W. Griffith nos Estados Unidos em 1909. Desde então, tem sido produzidos diversos filmes, curtas e séries baseados nos romances de Eliot. O filme mais recente é de 1994, chamado A Simple Twist of Fate, baseado no livro Silas Marner (1861) e estrelado por Steve Martin. Além disso, há uma série de TV produzida pela BBC Londres, a qual encena 5 romance de Eliot: Mid-
dlemarch, The Mill on the Floss, Silas Marner e Daniel Deronda. A série foi
compilada em uma coleção de 5 DVDs compostos por 7 episódios cada um. Existem também duas páginas no Facebook dedicadas à Eliot: George Eliot e The George Eliot Fellowship:
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O rosto de George Eliot também foi estampado em um selo que faz parte de uma série, desenhada por Barbara Brown em homenagem aos romancistas da Era Vitoriana:
George Eliot na Inglaterra Eliot fez sucesso com a família real. Segundo o The Short Oxford History of English Literature, a rainha Vitória (1819-1901) indicou o livro Adam Bede para seus parentes e encomendou dois quadros que retratam cenas da obra.
Ademais, existem duas estátuas de George Eliot em Nuneaton, sua cidade natal: uma no centro da cidade e ou Os quadros feitos a pedido da tra no George Eliot Hospital NHS Trust. rainha em 1860 foram pintados por Edward Henry Corbould (1815-1905) e entregues em 1861. Uma das telas retrata as personagens Donnithorne e Hetty Sorrel, enquanto a outra ilustra a pregação de um jovem Metodista: Além do hospital, George Eliot é o nome de duas escolas e uma casa de cuidados psiquiátricos leva o nome de Mary Ann Evans.
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George Eliot nos livros atuais A britânica Rebecca Mead é escritora no The New Yorker e autora de um livro sobre Gerge Eliot e o romance Middlemarch chamado My Life in Middlemarch. Ela leu Middlemarch pela primeira vez aos 17 anos, e imediatamente se identificou com o “desejo por uma substancial, compensadora e significativa vida de uma jovem mulher.” O livro que Rebecca escreveu, que começou com um artigo para o The New Yorker, é então uma reflexão pessoal sobre a obra prima de Eliot e sobre seus significados dela para Mead.
Rebecca Mead
“Sometimes the best books read us” Rebecca Mead
Em entrevista, Mead afirmou que estava determinada a fazer com que o romance, que Virginia Woolf descreveu como “one of the few English novels written for grown-up people”, fosse acessível para uma cultura que a definição de maturidade se alterou ao longo dos 150 anos desde que Middlemarch foi publicado. O subtítulo do livro de Eliot “A Study of Provincial Life” demonstra o interesse de Eliot por pessoas comuns; assim como Mead, que se interessa por leitores comuns.
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Livro My Life in Middlemarch de Rebecca Mead
George Eliot é citada nos três livros mostrados ao lado; cada um deles reserva um espaço para sua biografia, carreira literária e seus romances. Em 1001 livros para ler antes de morrer, é aconcelhada a leitura de quatro romances de Eliot: Adam Bede, The Mill on the Floss, Silas Marner e Middlemarch. Em 501 grandes escritores há um capítulo sobre George Eliot constituído por biografia e importância na literatura, além de uma lista com suas principais obras. É importante destacar que logo no início do capítulo, George Eliot é descrita como “conceituada romancista do século XIX, autora de romances perspicazes e filosóficos que descrevem a humanidade de todas as formas”. Por fim, Eliot também é lembrada no livro História da Literatura Ocidental sem as partes chatas. Essa é uma crítica literária que trata com certa descontração da literatura ocidental e tem um capítulo para os romancistas do século XIX. Nele, Eliot é colocada como uma autora que deve ser lida, mas com ressalvas, já que suas obras são longas e muito descritivas para o gosto dos leitores atuais; ademais, Middlemarch é visto como o romance de Eliot que mais interessaria aos leitores do século XXI. 25
You love the roses - so do I. I wish The sky would rain down roses, as they rain From off the shaken bush. Why will it not? Then all the valley would be pink and white And soft to tread on. They would fall as light As feathers, smelling sweet; and it would be Like sleeping and like waking, all at once! George Eliot
Considerações finais
Após o semestre de pesquisas sobre George Eliot, concluímos que ela é uma autora cujas produções merecem ser lidas e estudadas. Isso se dá, pois sua obra dialoga tanto com o período em que foi escrita quanto com os dias atuais. Nós consideramos George Eliot uma mulher à frente de seu tempo, uma vez que ela não viveu sua vida de acordo com os padrões sociais de sua época, mas foi inovadora, tanto na sua forma de viver como em sua obra. Isso não significa que ela seja uma espécie de gênio incompreendido que tem o acesso ao futuro refletido na sua produção liteária. Podemos notar que mesmo rompendo as convenções ela não pode ser considerada revolucionária porque não contestava os costumes e as regras sociais vigentes, pelo contrário, sua obra é considerada um retrato fiel da moralidade da sociedade do século XIX. Vale acrescentar que seu reconhecimento é muito evidente na Inglaterra e entre os acadêmicos, mas ela é pouco conhecida entre o público leigo, mesmo tendo sempre lugar de destaque nas histórias e críticas literárias. Portanto, mesmo em meio às polêmicas em torno de sua vida, mesmo com o machismo vigente no século XIX e mesmo com o falso moralismo que a atingia, George Eliot conseguiu um lugar de prestígio no cânone literário. Esperamos que você tenha apreciado a leitura desse dossiê! Eliotmaníacos
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Bibliografia
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Webgrafia
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Crétidos das imagens Capa:
Middlemarch:
npg.org.uk
en.wikipedia.org
Biografia: newyorker.com quotecollection.com georgeeliot.org
Lugar no campo literário: en.wikipedia.org
Fatos interessantes: imdb.com amazon.com br.pinterest.com ogh.qut.edu.au georgeeliot.org royalcollection.org.uk bbc.co.uk facebook.com victorianweb.org geh.nhs.uk georgeeliotschool.co.uk george-eliot.warwickshire.sch.uk maryannevans.org.uk theguardian.com rebeccamead.com livrariacultura.com.br
George Eliot e o feminismo: theguardian.com
Bibliografia: theguardian.com
Romances: girlebooks.com goodreads.com tower.com Recepção crítica: lpm-blog.com.br virginiawoolfblog.com newyorker.com newrepublic.com
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