Revista outdoor13

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nº13 JAN/FEV/MAR 2014

outdoor Revista

Torna-te fã

travessia em kitesurf com Francisco Lufinha

Entrevista

com João Garcia

sobreviver ao frio

descobrir O Montanhismo

MONTANHA Hvannadalshnúkur por Luísa Tomé



Diretrizes EDITORIAL

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GRANDE REPORTAGEM Travessia em kitesurf com francisco lufinha

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em família Academia de Sobrevivência

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Viagem: Aventura na Croácia

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Publi-Reportagem: Vamos Observar Aves

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aventura MONTANHA - Monte Hvannadalshnúkur com Luísa Tomé

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EVENTO — Wings for Life World Run

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nº13 Janeiro a Março

2014

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entrevista João Garcia

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POR TERRA Atividade - Montanhismo

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EVENTO - Gerês Trail Adventure

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AVENTURA - GR - 30 Grande Rota das Linhas de Torres Vedras

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DESCOBRIR - Caminho Português Interior de Santiago

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INDOOR - Preparação indoor para kitesurf

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INDOOR - Entrevista Sofia Mota

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FOTOGRAFIA PORTFOLIO DO MÊS — José Frade

Em setembro de 2013, Francisco Lufinha alcançou um feito desportivo inédito mundial e realizou a maior travessia de kitesurf sem escalas, mais de 305 milhas náuticas (565 quilómetros) entre a foz do Douro e a marina de Lagos.

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SOS SAÚDE DO VIAJANTE - Saúde do Viajante

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Sobreviver ao Frio

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DESCOBRIR LIVRO AVENTURA — Expedição Mare Nostrum

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AVENTURA - PR2 MTG - Rota do Javali

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EVENTO - 1st Madeira Canyoning Film Festival

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ATIVIDADES OUTDOOR

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DESPORTO ADAPTADO A importância do Judo Social

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ESPAÇO APECATE Montanheiro ou Turista?

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a fechar

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João Garcia foi o primeiro português a conquistar sem oxigénio artificial nem carregadores de altitude, o cume das 14 montanhas mais altas do mundo e o topo dos 7 continentes…

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Os textos e imagens presentes na Revista Outdoor são da responsabilidade dos seus autores. Não é permitido editar, reproduzir, duplicar, copiar, vender ou revender, qualquer informação presente na revista.

Ricardo Diniz conta-nos um pouco sobre a sua história e o seu livro Expedição Mare Nostrum. Um artigo emocionante!



Editorial Ficha técnica

cHEGOU O NÚMERO 13!

S

omos 10 milhões de habitantes, temos um país repleto de encantos naturais ideais para a prática dos mais variados desportos ao Ar Livre e temos um povo aventureiro… sim, nós já sabíamos, mas após 14 edições da Outdoor, temos de realçar que os exploradores portugueses não ficaram presos no nosso passado e na extensa História de Portugal! De número para número temos encontrado histórias, desafios e aventuras incríveis de portugueses que elevam o nome do nosso cantinho especial bem alto. Nesta edição damos-lhe a conhecer mais um feito incrível de um aventureiro português, Francisco Lufinha, que realizou a maior travessia em kitesurf sem escalas. Num relato apaixonante descubram tudo sobre esta grande aventura! Mas, as descobertas não ficam por aqui. Luísa Tomé leva-nos, desta vez, até Hvannadalshnúkur, na Islândia, e conta-nos na primeira pessoa mais uma das suas ascensões! João Garcia, aceitou estar à conversa com a Outdoor e na entrevista podem encontrar alguns dos seus projetos futuros. Ricardo Diniz partilhou connosco a história do seu livro “Expedição Mare Nostrum”. Luís Varela alerta-nos para alguns cuidados com o frio e muito mais! Já estão convencidos a mergulhar nesta edição? Virem a página e para além destas sugestões encontrem algumas histórias e aventuras que, certamente, vos vão inspirar a quebrar a rotina e partir à descoberta de um fantástico mundo de atividades outdoor! Divirtam-se, sintam-se bem com vocês próprios, vão em busca dos vossos sonhos e...Façam desporto! Continuem a acompanhar as últimas novidades do mundo outdoor no Portal Aventuras e contamos com todos para partilharem esta edição da Outdoor. Até abril! ø

www.portalaventuras.clix.pt Edição nº13 WPG – Web Portals Lda NPC: 509630472 Capital Social: 10.000,00 Rua Melvin Jones Nº5 Bc – 2610-297 Alfragide Telefone: 214702971 Site internet: www.revistaoutdoor.pt E-mail: info@revistaoutdoor.pt Registo ERC n.º 126085 Editor e Diretor Nuno Neves | nuno.neves@portalaventuras.pt Marketing, Comunicação e Eventos Isa Helena | isa.helena@portalaventuras.pt Revisão Cláudia Caetano EVENTOS info@portalaventuras.pt Colaboraram neste número: ana barbosa, alexandre júnior, ana lima, Aurélio Faria, artur pegas, bartholomeu vasconcellos, francisco lufinha, josé frade, luisa tomé, luis varela, paula correia, paulo rocha, ricardo diniz, ricardo mendes, rogério morais, rui dantas, sofia mota som Isa helena Design Editorial Inês Rosado Fotografia de capa joão garcia Desenvolvimento Ângelo Santos

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Grande Reportagem

TRAVESSIA EM KITESURF

com francisco lufinha


Foto: JFF/ Jo達o Ferrand

Grande Reportagem Travessia em Kitesurf


Grande Reportagem

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Foto: JFF/ João Ferrand

Foto: JFF/ João Ferrand

Foto: JFF/ João Ferrand

m setembro de 2013, Francisco Lufinha alcançou um feito desportivo inédito mundial e realizou a maior travessia de kitesurf sem escalas, mais de 305 milhas náuticas (565 quilómetros) entre a foz do Douro e a marina de Lagos.

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Para quem diz «viver em busca da próxima emoção que dê “um disparo de adrenalina”», as 29 horas passadas em cima da prancha demonstraram novos limites ao jovem engenheiro, apaixonado desde criança pelo mar e pelos desportos náuticos. O ATLETA Desde criança que passo muito tempo a bordo do veleiro de família, e para me entreter, sempre que via alguém no mar, num desporto que parecesse divertido, arranjava 1001 estratégias para conseguir experimentar “o brinquedo”. Geralmente, conseguia atinar rapidamente. No caso dos desportos de terra, nunca tive assim tanto jeito… Na Vela, deu-me muito gozo ser o nº 1 do ranking nacional em 2001 na Classe 420. No Kitesurf, embora tenha sido campeão nacional em 2005, deu-me um gosto especial ter sido vice-campeão em 2006 porque exigiu muito mais trabalho: com vento muito forte e manobras no limite, acabei em glória com a vitória na última etapa do circuito. A PAIXÃO Quando vi o Kitesurf pela primeira vez numa Feira de Desportos em Lisboa (2001), fiquei com aquele nervoso miudinho habitual de quem tem que experimentar rapidamente... Vi filmes que demonstravam o potencial do desporto, juntei dinheiro durante um ano, e comprei um Kite e uma prancha. No início, ainda dava saltos não muito controlados. Desde 2002, que é o meu desporto de eleição, e até agora, ainda não encontrei desporto mais completo, versátil e divertido. Posso andar com um Kite em água lisa, num lago, a fazer manobras de Freestyle, e sliders/obstáculos como os skaters, ou andar a surfar nas ondas, tentar saltos cada vez maiores, ou andar numa montanha, a surfar na neve para cima e para baixo, posso ainda realizar regatas e, neste momento, até estou a fazer travessias longas de Kite, em pleno Oceano... A IDEIA Já velejei a costa portuguesa várias vezes para Norte e para Sul, quase sempre com a companhia da nossa Nortada... E desde que comecei a ficar mais experiente no Kitesurf, pensei em fazê-lo ainda mais rápido do que habitualmente de barco… Sabia que ia ser muito duro e as con-

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Foto: JFF/ João Ferrand

Grande Reportagem Travessia em Kitesurf dições tinham que ser muito bem escolhidas para ter sucesso. Como gosto de desafios extremos, principalmente aqueles que a maioria das pessoas diz que é impossível, resolvi meter “mãos à obra”, juntar as “peças” todas (equipa, licenças, barco, meteorologia, nutrição, plano de treino, patrocínios e parceiros, etc), e arrancar com o projeto.

“Nunca ninguém tinha feito tantas horas seguidas de Kitesurf, e não encontrei ninguém que já tivesse passado uma noite completa a fazer Kitesurf (...)”

A PREPARAÇÃO A preparação foi muito dura, porque foi feita em tempo recorde de 4 meses. Nunca ninguém tinha feito tantas horas seguidas de Kitesurf, e não encontrei ninguém que já tivesse passado uma noite completa a fazer Kitesurf para poder pedir recomendações de treino. Foi “às escuras”, a inventar treinos com o fisioterapeuta Nuno Gameiro para complementar os

treinos de mar, e outros, para substituir os treinos de mar quando não havia vento.O dia de treino ideal consistiu em 4h de manhã (1h de natação, 1h de corrida, 1h de bicicleta, 1h de exercícios especificos do Nuno), almoço, e depois, à tarde, fazer o máximo possível de horas de Kitesurf (entre 4 a 8h, quando havia vento pela noite dentro). Muitas vezes não consegui fazer os treinos todos porque tinha que resolver outros temas do projeto, ou muito simplesmente porque não havia vento quando chegava à praia. Em paralelo, foi crucial o plano de nutrição que a Nutricionista Bárbara Cancela de Abreu desenvolveu. Disciplinou a minha Alimentação na fase de treinos e estipulou o plano alimentar durante a odisseia que me deu reservas suficientes para 29 horas de Kitesurf no mar.

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Foto: JFF/ João Ferrand

Grande Reportagem

Foto: JFF/ João Ferrand

“O meu maior medo era ficar sem AS ADVERSIDADES vento de madrugada. O meu maior medo era ficar sem Esse medo tornou-se rea- vento de madrugada. Esse medo tornou-se realidade às 07h30, lidade às 07h30, mesmo mesmo antes do sol nascer, e antes do sol nascer, e já cansado, após 16h no mar. No já cansado, após meu caso, apanhar ventos muito 16h no mar.” fortes com ondas grandes não era

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uma adversidade porque ia a favor do vento... Agora, uma calmaria, é terrível para mim porque o Kite (asa) cai na água, e fico parado a flutuar até que “entre” vento outra vez. Naquele dia, (18-09-2013), demorou 4h até o vento começar a soprar o suficiente para tirar o Kite da água e continuar a viagem rumo à Marina de Lagos. Na parte em que o vento caiu totalmente, estive 4h na prancha, comecei a ficar com bastante frio nas pernas que estavam dentro de água e o corpo começou a bloquear por causa da paragem. Foi bastante duro recomeçar depois daquela paragem forçada, mas devagarinho consegui fazê-lo. Para além deste fator que não consegui controlar, registaram-se várias adversidades no barco de apoio (problemas de eletrónica e alimentação com muita água misturada)..., as quedas, devido ao cansaço..., as rajadas extremas à noite entre o Cabo da Roca e o Cabo Raso, e a hora de breu quando a Lua ficou tapada pelas nuvens a Oeste... No final, houve momentos em que estava constantemente a cair dentro de água por falta de força para me equilibrar na prancha, e quando

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Grande Reportagem Travessia em Kitesurf Foto: NormaJean

dobrei a Ponta de Sagres, as dores nos pés, nos músculos gémeos, nos joelhos e nos abdominais eram insuportáveis, e só consegui continuar cerrando os dentes, e imaginando-me a por os pés em terra firme com os grãos de areia por entre os dedos dos pés.

O FEITO SOFRIDO Por lapso, passou-se para os media a informação de que foram 27h, mas faço questão de corrigir

Foto: Ricardo Pinto Photography

ODISSEIA MENTAL Estava radiante até o vento cair. A emoção de partir, e largar para trás o stress do que está ou não está feito é a melhor sensação do mundo. Não podia querer mais: logo estava no mar com a minha equipa e milhares de pessoas a seguir-me... O vento começou a ficar mais fraco e tive algum receio mas como tinha confiança na previsão do Instituto Hidrográfico não fiquei muito afetado. A ventania e as ondas enormes no Cabo da Roca e Raso tornaram esta parte da travessia um bocado perigosa, mas aqui entrou em ação o meu gosto de adrenalina e adorei, embora com algum medo... Ver pessoas, à minha espera, no

Cabo Raso, às 4 da manhã, com fogo de artificio, e depois continuar com uma boa ventania pela noite dentro foi o momento mais emocionante da odisseia. Ao cair o vento, a motivação levou um grande abanão. A hipótese do vento não subir tão cedo destrói-nos psicologicamente... Pensei que Neptuno (deus do vento) não estava do meu lado, pensei em todo o trabalho, em tudo aquilo de que abdiquei, o empenho no projeto e em todas as pessoas mobilizadas; vi tudo a ir por água a baixo. Não foi nada bom! E enquanto tive estas dúvidas ia caindo para o lado, e adormecendo sem querer. Desde esse momento até 30 minutos antes do final, tive que me “segurar” e automotivar-me constantemente com pensamentos positivos e imagens da chegada (amigos, namorada, uma refeição, alongamentos, dormir, etc).

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e reforçar que foram mais de 29h, especialmente porque as duas últimas foram aquelas em que mais sofri fisicamente! Saí da Douro Marina às 15h do dia 17-09-1013, e cheguei à Marina de Lagos às 20h, do dia 18-092013. Quando pus os pés no chão, e deixei cair o Kite na areia, tive uma sensação de alivio como nunca tinha tido antes. Foi uma sensação “do outro mundo”, e não queria acreditar que o sofrimento tinha acabado, e que tinha vindo desde o Porto até ali, de Kitesurf!!! Quando me deram os primeiros abraços senti um sentimento de satisfação e realização, ao ver as caras de sucesso de toda a equipa e o êxtase dos amigos e seguidores presentes (e online). Foi emocionante a entrada do canal para a marina, acompanhado por barcos à vela e a motor, de very lights nas mãos e com toda a gente a cantar o Hino Nacional, e depois, a centena e meia de pessoas e TVs, à espera, no pontão.

Foto: JFF/ João Ferrand

Foto: JJFF/ João Ferrand

Grande Reportagem

Foto:JFF/ João Ferrand

O GUINESS Como ainda não recebi o certificado, não me considero recordista do Guinness, mas tenho a certeza que ninguém alcançou ainda tal proeza. Sinto-me orgulhoso, e realizado por termos, - eu, a minha equipa, patrocinadores, parceiros e seguidores! -, conseguido terminar uma viagem que, à partida tinha tudo para não dar certo mas que, com a ajuda de todos, foi um sucesso, acompanhado em direto no mundo inteiro! Quando receber o certificado do Guinness (Livro dos Recordes), vou mostrá-lo a todos e rir-me, à gargalhada, de tão surreal que foi conseguir tal proeza!...» ø

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Conversa editada por Isa Helena Acompanhem as aventuras de Francisco Lufinha em: Facebook www.franciscolufinha.com



Em Família

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Família Atividade

ACADEMIA DE SOBREVIVÊNCIA OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Em Família

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uma sociedade cada vez mais digital e complexa, vários são os instrumentos e ferramentas que nos simplificam a vida e nos libertam tempo para desenvolvermos outras competências e aptidões. Mas algo tem de ficar para trás. E muitas vezes é o mais básico mas não menos importante… Porquê aprender primeiros socorros quando chamar a ajuda 112 está na palma da mão? Porquê desenvolver o sentido de orientação quando o GPS no diz por onde ir? Porquê aprender a cozinhar se comprar já pronto é tão fácil? Porquê aprender a fazermos sozinhos quando basta pedir e alguém o fará por nós? Porquê desenvolver ainda mais competências para o mercado de trabalho se podemos viver à conta da família ou de subsídios? Mas, se de repente o sistema falha ou simplesmente deixa de estar lá para nós (disponível)? E se tudo o resto falhar e ficarmos por nossa conta? Numa altura em que os métodos e conteúdos do nosso ensino oficial e da educação familiar são postos em causa em termos de essência e eficiência na preparação das pessoas para uma sociedade em constante mutação, ousamos tomar a dianteira e complementar essa mesma formação em muitas áreas distintas. A Academia de Sobrevivência (AS) é um clube para todas as idades (a partir dos 6 anos) que organiza encontros aos fins de semana, feriados e períodos escolares, durante todo o ano. Aqui não se usam fardas nem se fala de religiões. Embora mais direcionado para as crianças e jovens, o poder da sua abrangência é enorme quando incentiva, através dos seus programas e atividades, o fortalecimento das ligações entre filhos e pais, entre netos e avós, fortalecendo os respetivos laços. Assim, a missão da AS é tornar-se numa segunda família para um grupo de pessoas extraordinárias, proporcionando condições ideais para se desenvolverem as capacidades especiais de crescimento pessoal e de entre ajuda. Na AS desenvolvemos e potenciamos as melhores capacidades de liderança de cada pessoa, ajudando a enfrentar, da melhor forma possível, esta “selva” em que vivemos. As nossas atividades têm sempre dois propósitos: entretenimento e educativas (formativas) e são centralizadas na grande temática da sobrevivência – sobrevivência em ambiente selvagem e sobrevivência em sociedade. Na sobrevivência em ambiente selvagem ensinamos técnicas puras de sobrevivência: como conseguir água e comida, construir um abrigo,

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Família Atividade orientar-se pelo sol e estrelas, fazer fogo, iso- fazer fogo, etc), espírito de camaradagem e entre lamento em autonomia, etc. Isto, por si só, tem ajuda para com os companheiros, etc. Esses esenormes efeitos positivos na autoestima e auto calões conferem direitos acrescidos mas também confiança de qualquer pessoa. outras responsabilidades e funções de chefia. Na sobrevivência em sociedade abordamos várias - Cada participante terá um passaporte onde setécnicas e ensinamentos para ajudar a vencer e rão registados todos os seus comportamentos, asobter melhor desempenho nas selvas urbanas sim como os louvores e eventuais punições, que que estão inseridas em sociedades cada vez mais serão tidos em conta na progressão na hierarquia competitivas e exigentes – técnicas de auinterna. A antiguidade ou idade não serão tidas todefesa (contra assaltantes ou cães em conta, pelo que um participante mais perigosos), primeiros socorros, novo poderá estar hierarquicamente competências de comunicação acima de um outro mais velho, e “Na sobrevivência e liderança, life coaching, todos serão ensinados e reforçalíngua gestual, ateliers de dos a lidar positivamente com em ambiente selvagem construções diversas, etc. isso. ensinamos técnicas puras E como um dos princípios de sobrevivência: como conbásicos de uma sociedaA nossa aldeia é um espaço seguir água e comida, consde funcional e saudável é reservado à AS, em constante “dar para receber”, temos evolução, em que são os prótruir um abrigo, orientar-se um programa em que os prios participantes que a vão pelo sol e estrelas, fazer participantes encaram váidealizando, sugerindo e consfogo, isolamento em aurios papéis na importante truindo; nós fornecemos os mamissão de “devolver à societeriais, ferramentas e orientação tonomia, (...)” dade” e que passam por pintar mas são eles que a constroem. Váuma escola, plantar árvores, doar rios tipos de abrigo para pernoitar, sangue, integrar uma saída da sopa cozinha, wc’s, zona de refeições, horta dos pobres, etc. biológica, zona de convívio, etc, etc. E nesta pequena sociedade que é a AS, os parti- Assim, a AS é um projeto fantástico que contribui cipantes comportam-se de acordo com o regula- para a criação de uma comunidade de pessoas, mento interno, pensado e criado para uma me- unidas com o propósito comum de se tornarem lhor preparação e inserção em maiores círculos melhores seres humanos e assim engrandecer a sociais e empresariais, e que está baseado em humanidade e tornar o mundo num melhor local vários pressupostos: para todos. - Uma hierarquia interna, com vários escalões progressivos, que poderão ser conquistados pe- E tu? Tens o que é necessário para fazeres parte los participantes de acordo com o seu comporta- desta Tribo? mento e dedicação, provas práticas de competênNuno Sousa cia e habilidade superadas (primeiros socorros, www.sniper.pt OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Em Família  Viagem

Aventura na Croácia


Em famĂ­lia Viagem


Em Família

P

ercorra trilhos a pé na natureza, conheça o mundo subterrâneo de uma gruta, explore a costa da Istria em caiaque, nade e mergulhe em apneia nas suas águas cristalinas e divirta-se a andar de bicicleta em antigas linhas de caminhos de ferro abandonadas. A região da Istria, situada no norte da Croácia, proporciona a qualquer viajante uma combinação de paisagens naturais e agrícolas que permitem umas belíssimas férias ativas com o usufruto de um agroturismo de qualidade que o irão surpreender quer pela sua beleza paisagística, quer pelo charme da gastronomia, quer pela simpatia das pessoas. A Istria é apelidada de “A Toscânia da Croácia” devido aos contrastes da paisagem e das suas peculiares aldeias de pedra que se perdem nas encostas dos montes. O bucolismo do interior difere da sensação de espaço do litoral e ambas as regiões completam-se num equilíbrio perfeito entre céu, mar e terra. E agora divirta-se! ø

PROGRAMA Dia 1: Voo cidade de origem - Zagreb. Voo com destino a Zagreb, Croácia. Chegada e transporte para o hotel por conta do cliente. Chegada à «Central Bus Station» e ida por conta do cliente para o hotel. Check-in no hotel e tempo livre para explorar a capital da Croácia. Dia 2: Zagreb. Pequeno-almoço no hotel e dia livre para visitar e explorar por sua conta a cidade de Zagreb. A capital da Croácia foi desde tempos imemoriais um importante centro urbano, sendo atualmente reconhecida pela sua riqueza histórica e cultural, sendo por consequência, um local turístico de eleição com todos os serviços arreigados a esse estatuto (hotéis, restaurantes, museus, teatros, etc). Visitar Zagreb significa “parar o olhar” na sua arquitetura de estilo clássico, nas suas praças, teatros e salas de concertos, como Vatroslav Lisinski ou perder-se nos belíssimos parques. É uma cidade cosmopolita, vivida intensamente pelos seus habitantes que enchem os cafés e restaurantes em conversas diárias desde tempos antigos. A visita ao mercado de Dolac é obrigatória, situado no centro da cidade este espaço permite-lhe conhecer os principais ingredientes usados na gastronomia e um artesanato peculiar. Dê um passeio na praça central da cidade, chamada de Ban Josip Jelacic, admire os núcleos históricos e igrejas como a catedral e percorra os bairros de Gornji

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Grad e Kaptol, situados na parte alta da cidade e portadores de muitos segredos sobre a história de Zagreb. Também poderá caminhar nas margens do Rio Sava e visitar o lago Bundek e usufruir de paisagens campestres e naturais. Visite o jardim Botânico. Zagreb é uma cidade que conjuga a tradição com a modernidade. É uma cidade acolhedora que não o deixará indiferente. Dia 3: Zagreb - Porec Pequeno-almoço no hotel, check-out e ida por conta do cliente até à estação de camionagem que se situa no centro de Zagreb, para viajar até Porec, a localidade croata situada na costa que servirá de base para o programa de multiatividades. Há várias ligações diárias de Zagreb para Porec, aconselhamos que compre o bilhete na véspera Ida e volta a Zagreb. A viagem tem a duração de cerca de 4horas e meia. Chegada a Porec, encontro com o guia, briefing sobre o programa de multiatividades e check-in no apartamento. Os apartamentos podem incluir 2, 4 ou 6 pessoas, incluindo casa de banho, cozinha, varanda ou terraço. Os pequenos-almoços durante o programa multiatividades não estão incluídos mas os apartamentos têm cozinha e facilmente poderá comprar alimentos em Porec. Tempo livre em Porec. Poderá passear por esta cidade costeira, encostada ao Adriático e ficar a conhecer seu centro histórico e as suas praias. Dia 4: Caiaque de mar - 10 Km. À hora marcada, ida a pé para o local de início da atividade de caiaque de mar.

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Dia 5: Passeio de bicicleta BTT - 43 - 68 km. À hora marcada, transporte para Buje e início do passeio de bicicleta através da lendária rota (em macadame) até Parenzana. Esta rota pertence às antigas ligações ferroviárias existentes na Península da Istria e que ligavam Porec a Trieste (Itália) ao longo de mais de 30 conexões a vilas e cidades da Istria. O passeio desenrola-se maioritariamente em estradões e trilhos planos que permitem a contemplação de magníficas paisagens, entre as quais de vinhas, com efeito o vinho é um produto muito importante na Istria e mesmo estas vias férreas são apelidadas como as linhas do vinho. Continuação do passeio em BTT, agora entrando na charmosa e acolhedora vila medieval de Groznjan para depois continuarmos por muitos túneis e antigas pontes até chegarmos a Vizinada. O passeio tem a distância de 43 a 68km, dependendo do nível dos participantes. Final do passeio e regresso em automóvel ao apartamento em Porec. Dia 6: Dia de descanso. Dia livre para descansar ou explorar a região por sua conta. Dia 7: Espeleologia na gruta Baredine. À hora marcada, transporte em mini bus desde Porec até à gruta Baredine situada em Nova Vas (10 minutos). A aventura de hoje, inicia-se com um treino de espeleologia para adquirir os conceitos básicos de segurança e ganhar confiança no uso do equipamento desta atividade, assim como praticar a descida e subida em corda. Quando todos os participantes se sentirem à vontade (não é difícil e será uma experiência fantástica), início da descida da gruta em rappel através de 35 metros. Os participantes usarão todo o equipamento de segurança como o capacete e fato especial, pois a temperatura da gruta rondará os 10º C. Somente terá que levar o calçado, bastando ténis ou botas de caminhada. Não é permitido o uso de sandálias. No final da atividade, ida para a praia ou caminhada guiada.

feito a pé através de um trilho até à entrada na gruta que tem cerca de 105 metros de comprimento e com impressionantes galerias que albergaram o homem desde tempos Pré - Históricos. A impressionante entrada da gruta tem cerca de 47 cm de altura! Esta gruta é um fenómeno natural pois as formas características das grutas, como estalagtites, estalagmites e colunas estão condicionadas no lado esquerdo da gruta, enquanto o lado direito está vazio. Regresso ao cais onde iniciámos a atividade de caiaque e transporte de regresso ao apartamento em Porec (20minutos). Chegada e tempo livre. Dia 9: Caminhada em Korita - Planik - visita a Hum. À hora marcada, encontro com o guia e transporte de Porec para Brgudac, onde se inicia a caminhada. Antes da subida para Korita, é essencial encher os seus cantis de água pois há poucas oportunidades para reabastecer de água durante o resto da jornada. O Pico Korita está situado na região de Cicarija, na plataforma inferior do Pico Brajko (1092 metros) e por cima da aldeia de Brgudac, onde se inicia a caminhada, junto de uma fonte que se diz de água miraculosa.. Após 40 minutos do início da caminhada, chegará ao Pico Korita e ficará encantada com as vistas que usufruirá sobre a Istria Central. Retomaremos a marcha, continuando a subida, agora até ao Pico Planik (1272m) para descermos até ao automóvel que nos levará até Hum, conhecida por ser a cidade mais pequena do mundo! Almoço incluído numa taberna local para saborear um verdadeiro almoço à moda da Istria. Regresso ao apartamento em Porec (45m), chegada e tempo livre. A caminhada tem a duração de cerca de 5 horas e um desnível positivo de 550 metros. Dia 10: Porec - Zagreb. Tempo livre no apartamento até à hora de check-out e regresso a Zagreb por conta do cliente. Ida por conta do cliente até à estação de camionagem, para viajar até Zagreb, a capital da Croácia. Chegada à estação de camionagem de Zagreb e ida para o hotel por conta do cliente, chegada, check-in e tempo livre. Dia 11: Voo Zagreb - Cidade de origem. Pequeno-almoço no hotel, check-out e transporte por conta do cliente para o aeroporto para embarcar no voo de regresso à cidade de origem.

Dia 8: Caiaque de mar até ao Fiorde Lim - 13 km. De manhã, à hora marcada, ida de automóvel até ao local onde iniciaremos a nossa aventura em caiaque até ao Fiorde Lim. Cruzaremos a baía, passando pelas estruturas de pesca de moluscos e peixe até ao fim da baía Lim, o ritmo é lento e com paragens em praias desertas para mergulharmos. Paragem para visitar a gruta Romuald`s cujo acesso é OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Em família Viagem

Ao longo do passeio a pé pela cidade antiga, ficará a conhecer a famosa Basílica Eufrasius, classificada pela Unesco de património mundial. Chegada e encontro com o guia, briefing sobre a atividade e sobre o equipamento a usar: caiaques, pagaias, coletes. Iniciamos a atividade, explorando o litoral junto à Basílica e centro da cidade, para depois exploramos as ilhas e praias desertas onde nadaremos e faremos snorkelling. Regresso ao cais e fim da atividade, transporte de regresso ao apartamento em veículo (10minutos).


Em Família  Publi-reportagem

VAMOS OBSERVAR AVES

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ocalizado no coração da mais impor- todos os que percorrem este espaço fascinante. tante zona húmida de Portugal, o EsPorque é este espaço tão fascinante? tuário do Tejo, o EVOA – Espaço O Estuário do Tejo e a Lezíria de Vila de Visitação e Observação Franca de Xira constituem um conde Aves permite que os junto, em muitos aspetos, indisvisitantes conheçam e desfrutem “O estuário do sociável, de grande importância do património único, existente para a conservação. entre a lezíria e o estuário. Tejo é detentor

daquela que é consiA avifauna aquática migradora A experiência começa logo ao derada a maior área atribui ao estuário do Tejo o esentrar na Lezíria Sul de Vila tatuto da mais importante zona Franca de Xira, os visitantes contínua de sapal a húmida do País e uma das mais são brindados com um incrível nível nacional. ” importantes da Europa, chegando contraste entre as paisagens de a receber mais de 120 000 aves nos ambas as margens do rio Tejo, asperíodos de passagens migratórias. sistem à conjugação da tradição com a inovação, e, é claro, são recebidos por A maior área, cerca de 80%, é ocupada por uma enorme variedade de espécies que se ali- águas estuarinas, lamas e sapal, mouchões, samentam ou refugiam nas valas, campos agríco- linas e caniçais, enquanto os restantes 20% são las e pastagens da lezíria, dando as boas vindas a constituídos por terrenos de aluvião, utilizados 22

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Em família Observar Aves no EVOA Foto: Vítor Manike

como pastagens naturais ou melhoradas, áreas regadas e canteiros de arroz. Os habitats do estuário constituem um mosaico de salinidade, humidade e espessura de vegetação. O estuário do Tejo é detentor daquela que é considerada a maior área contínua de sapal a nível nacional.

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Foto: Vítor Manike

A Lezíria Grande de Vila Franca de Xira é uma ”ilha”, com cerca de 14000 ha, delimitada pelos rios Tejo e Sorraia, que se encontra protegida por uma extensão de 62km de diques. A paciente e histórica intervenção do Homem no sentido de consolidar a mais produtiva zona agrícola do país coube inicialmente à Companhia das Lezírias e posteriormente à Associação dos Beneficiário da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira (ABLGVFX), responsável, ainda hoje, pela sua manutenção e melhoria. 23


Em Família Das cerca de 200 espécies de aves observadas, a Reserva Natural do Estuário do Tejo (RNET) adotou como símbolo o Alfaiate (Recurvirostra avosetta) por, à data da sua classificação, se estimar que o estuário receberia 75% da população invernante desta espécie na Europa. A RNET, para além de acolher concentrações mundialmente importantes de aves aquáticas, suportará ainda 40 a 50% da população reprodutora nacional da Águia-sapeira (Circus aeruginosus). EVOA um espaço de conservação, lazer e aprendizagem a 30 minutos de Lisboa A necessidade de dar a conhecer ao público em geral as riquezas e atividades que se desenvolvem nesta área geográfica, bem como o desejo de contribuir para a preservação das espécies animais existentes na reserva, levou a Companhia das Lezírias, proprietária dos terrenos, juntamente com outras 5 entidades parceiras a avançarem com o EVOA. Em 2009, com o apoio da Brisa – Autoestradas de Portugal, S. A., patrocinador fundador, e, de fundos comunitários PORLisboa/QREN o projeto passou da ideia à concretização, sendo inaugurado em 1 de dezembro de 2012.

A Companhia das Lezírias, S.A., fundada em 1836, é uma das maiores empresas agroflorestais a nível nacional, gerindo cerca de 17,5 mil ha que se dividem em dois núcleos: i. Charneca do Infantado (Benavente); ii. Lezíria Grande de Vila Franca de Xira; Do território que gere, 8 % está incluído na Reserva Natural e 64 % na ZPE e SIC do Estuário do Tejo; Esta importância para a biodiversidade deriva da manutenção de um mosaico de usos do solo. Estes biótopos são fortemente dependentes de uma gestão ativa que só a manutenção das atividades económicas– agricultura, pecuária e turismo – têm garantido e poderão continuar a garantir. Mais informação em www.cl.pt

Foto: Rui Cunha

As três lagoas criadas, num total de 70 ha, revestem-se de grande importância para as aves, sendo utilizadas como área de refúgio ou mesmo como local de nidificação. De modo a garantir a tranquilidade das aves e a maximizar a experiência e conforto na visitação, estão disponíveis três observatórios nas lagoas, diversos pontos de observação camuflados e um Centro de Interpretação que, para além de acolher os visitantes, convida-os a conhecer a exposição permanente - EVOA, onde o mundo encontra o Tejo.

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De olhos postos na natureza Ao longo do ano, a transformação da paisagem vai criando novos motivos de interesse. A par destas mudanças, o EVOA propõe, para além das saídas diárias para observação de aves, a preços acessíveis, experiências diversificadas de contacto com a verdadeira natureza do Tejo. O muito procurado Workshop de Observação de Aves para Totós (próximo workshop a 23 de março), permite que toda a família, através de várias atividades lúdicas, aprenda a identificar visual ou auditivamente os principais grupos e espécies de aves da região. As visitas-guiadas temáticas, acompanhadas por um guia especializado, permitem interpretar diversos aspetos associados às riquezas e natureza do Tejo. No verão, o pôr do sol é um momento privilegiado de descontração e comunhão com a natureza, es-

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Em família Observar Aves no EVOA

teja atento à nossa agenda e acompanhe-nos num dos nossos Sunset EVOA. Consulte o nosso site, www.evoa.pt, ou subscreva a newsletter do EVOA, para ficar sempre a par da programação. Estando o EVOA integrado no vasto e diversificado território da Companhia das Lezírias, poderá complementar a sua experiência, aliando à observação de aves: - Um passeio pela charneca, a pé, de bicicleta ou a cavalo de um Puro-sangue Lusitano, criado na Coudelaria da Companhia das Lezírias; - Uma Visita à moderna Adega de Catapereiro, onde poderá provar a variada gama de vinhos da região do Tejo; Se desejar poderá ainda pernoitar num dos 12 bungalows em madeira com acesso à piscina, localizados no montado. ø

Foto: Vítor Manike

Qual a melhor altura para observar aves no EVOA? Todo o ano é possível observar aves nas lagoas do EVOA. Algumas aves são residentes, sendo possíveis de observar todo o ano. Mas a grande maioria das aves que recebemos são migradoras. Entre novembro e fevereiro, recebemos grandes quantidades de aves vindas do Norte da Europa. Nesta altura, poderá observar milhares de aves de várias espécies, em espetaculares voos ou em repouso nas nossas lagoas. Nos meses de março, abril e agosto a outubro, as passagens migratórias de várias espécies trazem surpresas diárias às nossas lagoas, podendo verificar-se incríveis picos de diversidade. Nos meses de maio a julho recebemos aves maioritariamente provenientes do continente africano, algumas delas nidificam nas ilhas das lagoas, sendo possível observar crias de várias espécies de patos e limícolas. Nesta fase, não é habitual ver bandos numerosos de aves, os indivíduos encontram-se mais dispersos, procurando passar despercebidos.

O EVOA, integrado na Companhia das Lezírias, S.A., encontra-se licenciado pelo Turismo de Portugal I.P., através do Registo Nacional dos Agentes de Animação Turística (RNAAT) nº 79/2013, tendo as suas atividades reconhecidas como Turismo de Natureza. OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Aventura  Montanha de Luísa Tomé

Hvannadalshnúkur


Apanhei a carreira regular de autocarros desde Reykjavic e ao sair junto do posto de informação em Skaftafell esperava-me uma subida de 15 minutos por um trilho estreito e serpenteante que me levou “a casa”. Foi uma viagem surpreendentemente agradável. Com o descontraído espírito islan“ Tudo aqui é em dês, quase como um autocarro turístico, grande escala: a massa fizemos paragens em pontos de interesse. elevada da calota de gelo, A pitoresca Seljalandsfoss, uma estreita cascata de 60m de altura, sendo possível os picos espetaculares das passar por detrás dela. Vik, aldeia costeimontanhas e todos os sira sem porto, com uma belíssima praia de nais de atividade vulcâareia preta, onde numerosas colónias de aves se abrigam para nidificar. nica sob o gelo.”

Fotos:Luísa Tomé e Papa-Léguas

Composto por duas pequenas cabanas com beliches, este alojamento encanta-me pela simplicidade e beleza. Sim, valeu mesmo a pena a subida com a mochila pesada às costas! Gerida por um simpático casal, esta pequena quinta transformada em guest house tem dormitórios de 6 pessoas. Instalamo-nos num dos beliches, ao nosso lado estão duas asiáticas que espalham animadamente os seus pertences na cama. É algo que tento nunca fazer, desfazer e refazer a mochila. Organizo-a em segmentos, de maneira a não ter sequer que mexer em material ou equipamento de que não necessito na altura. Talvez demore um pouco mais quando a faço em casa, antes de partir, mas durante a viagem fico agradecida por ter tido paciência para o fazer, tem resultado bem. - Que perda de tempo com uma paisagem tão bonita lá fora! – digo ao Artur. Descemos novamente o trilho, agora mais leves, visitamos o centro de informação de Skaftafell. A maneira como os vulcões e os glaciares têm lutado para formar a região circundante e os efeitos que as erupções e inundações glaOUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Aventura Hvammadalshnúkur

O

meu espírito sente-se livre. Do alto da colina, na BöltiGuestHouse, repouso o olhar na planície e no mar, mergulho num longo deserto de areia ao longo da costa Sudeste da Islândia. “Sandur”, mais do que o que representa, consigo sentir a sua força desde este local; planície formada por sedimentos glaciais depositados pela água do degelo de um glaciar. Há poucos lugares na Islândia, onde o ser humano se sente tão pequeno e indefeso como nas proximidades de Vatnajökull, um dos maiores glaciares da Europa. Tudo aqui é em grande escala: a massa elevada da calota de gelo, os picos espetaculares das montanhas e todos os sinais de atividade vulcânica sob o gelo. Em geral, os parques nacionais são áreas consideradas únicas devido à sua natureza ou ao seu património cultural protegido. As qualidades únicas do Parque Nacional Vatnajökull são principalmente a sua grande variedade de características da paisagem, criadas pelas forças combinadas dos rios, gelo glacial e atividade vulcânica e geotérmica; local de combinação única criado pela fúria dos elementos.


Aventura

“Não nos podemos regular pela luz solar, estamos em junho e o sol não se põe totalmente. Fecho as pequenas cortinas e enrosco-me no saco-cama.”

ciais têm no quotidiano das pessoas são aqui retratados. Depois de um breve jantar regressamos para descansar. Não nos podemos regular pela luz solar, estamos em junho e o sol não se põe totalmente. Fecho as pequenas cortinas e enrosco-me no saco-cama. Adormeço a pensar no solo fervilhante onde me encontro.

São 4h45 da manhã, encontramo-nos no parque de estacionamento. Junta-se a nós um simpático holandês. Equipada e desperta apesar da hora, não consigo esconder a excitação e alegria pelo dia que me espera. O nosso objetivo para hoje é subir Hvannadalshnukur, o ponto mais alto da ilha com 2110m. É um pico piramidal na borda noroeste da cratera do vulcão Oraefajokull. - A caminhada até Hvannadalshnukur leva cerca de 12 a 15 horas. É uma caminhada muito longa e pode ser muito difícil; 22 km com um desnível superior a 2000m. Numerosas e frequentemente escondidas, as crevasses exigem a presença de guias de montanha experientes – foi-nos dito quando nos dirigíamos para o ponto de partida. 28

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Aventura Hvammadalshnúkur

“O nosso objetivo para hoje é subir Hvannadalshnukur, o ponto mais alto da ilha com 2110m.. É um pico piramidal na borda noroeste da cratera do vulcão Oraefajokull.” o

É por entre o nevoeiro que se esconde o trilho pedregoso que vamos percorrer, tento adivinha-lo serpenteante, subindo a montanha. Apesar da pouca visibilidade, o dia prevê-se soalheiro e um número considerável de gente aproveita bom tempo para escalar. Avistamos um grupo imenso, o que nos espanta. O nosso guia ri-se:

- São os voluntários da associação de resgate de montanha de Reykjavic. Estão a comemorar 40 anos de existência e nada melhor do que escalar esta montanha para o fazer. É numa atmosfera de mistério que iniciamos a nossa marcha. O resfolegar dos cães do grupo dos voluntários chega até nós; ainda frescos e cheios de energia estes animais quase nos empurram montanha acima. A passada é ritmada, o guia fala-nos um pouco do que nos espera neste dia. Depois de vencermos um desnível de aproximadamente 1000m, chegaremos à zona do glaciar.

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Aventura

O nevoeiro dissipa-se, a paisa“Chegamos ao gem mostra-se timidamente. cume juntamente Chegamos ao glaciar, tempo de fazer uma pausa. Reticom os nossos comparamos o equipamento da nheiros da equipa de resmochila, crampons, piolet, gate, surpresa das surprepreparar a corda. Fazemos a sas, trazem um bolo de nossa cordada, unidos mergulhamos naquele mar branchocolate gigante com co de neve. Agora só o silêncio eles..” e o som dos crampons a pisar a neve nos acompanha. Haverá sensação mais tranquilizante do que os sentidos imersos nesta natureza tão pura? O olhar descansa no imenso azul e branco, os pulmões aquecem o ar fresco que percorre as fossas nasais, os ouvidos repousam no silêncio avassalador. Chegamos ao cume juntamente com os nossos companheiros da equipa de resgate, surpresa das surpresas, trazem um bolo de chocolate gigante com eles. Para grande felicidade nossa, partilham-no connosco. Calmamente, iniciamos a descida. O percurso ainda é longo e o cansaço já se faz sentir. O nosso amigo holandês é mais lento, vamos descendo e fazendo paragens para esperar por ele. Aproveitamos estas paragens para reter as vistas espetaculares na nossa memória. Aqui, nesta vastidão, faz sentido a lenda que diz que um mágico nadou para a Islândia, na forma de uma baleia, na esperança de trazer a ilha isolada do Atlântico Norte sob seu feitiço. Mas quando chegou à costa rochosa da Islândia, abandonou o seu sonho ao descobrir que ela já era habitada por espíritos que defendiam ferozmente os seus prados verdejantes, as imensas camadas de gelo e as montanhas vulcânicas. Fascinante esta ilha de extremos, onde alguns dos maiores glaciares da Europa se aconchegam nas mais quentes nascentes vulcânicas do continente, onde o fogo se encontra com o gelo. ø Luísa Tomé Papa-Léguas

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Aventura  Evento Wings for Life World Run


Fotos: Wings for Life

A PRIMEIRA CORRIDA PLANETÁRIA Aventura Evento


Aventura Está a chegar o modelo que vai revolucionar a corrida. Mais do que uma competição, a Wings for Life World Run junta uma corrente única de 150 mil atletas para lutar por uma boa causa, um desafio planetário com 40 corridas simultâneas em 35 países dos 5 continentes – Portugal incluído. Depois da Wings for Life World Run nada ficará na mesma. Todos podem participar, desde desportistas de fim-de-semana a amadores e profissionais da corrida. Não há uma distância fixa e cada atleta vai começar a correr precisamente ao mesmo tempo, à volta do mundo. Não há registo de nada parecido na história do desporto mundial. Milhares de atletas vão arrancar no dia 4 de maio, às 10 da manhã (hora UTC), em mais de 40 localizações espalhadas pelos cinco continentes, enfrentando condições meteorológicas e de luz muito diferentes. Em Portugal o arranque dá-se às 11 da manhã (hora de Portugal Continental), enquanto na Califórnia (EUA) será às 3 da madrugada, na Alemanha ao meio dia e na Ilha Formosa às seis da tarde! Será um esforço global para apoiar a missão da Fundação Wings for Life: encontrar a cura para as lesões da espinal-medula. Não vai existir uma tradicional linha de meta e em vez disso os atletas vão ser perseguidos por um carro-meta que arranca precisamente meia hora “ Milhares de depois da partida. Quando um atletas vão arranatleta é apanhado pelo carrocar no dia 4 de maio, -meta significa que a sua coràs 10 da manhã (hora rida terminou, o que irá acontecer até ao ponto em que se UTC), em mais de 40 loencontrem a correr apenas um

calizações espalhadas pelos cinco continentes (...) “

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Aventura Evento

homem e uma mulher em todo o mundo. Apenas estes serão coroados Campeões da Wings for Life World Run. Calcula-se que mais de três milhões de pessoas em todo o mundo sejam afetadas por lesões na espinal-medula e consequente paralisia – um número com um crescimento anual de mais 130 mil casos, a maioria gerados por acidentes de viação. O maior esforço de investigação para encontrar uma solução para este problema depende da iniciativa privada de instituições como a Fundação Wings for Life. Sendo uma organização sem fins lucrativos, esta depende a 100% de donativos que são integralmente aplicados em projetos de investigação. Entre os milhares de anónimos que vão correr são já conhecidas algumas lendas do desporto como o antigo piloto de F1 David Coulthard, o campeão de windsurf Robby Naish, a lenda das pistas Eddie Jordan, o piloto do Dakar e antigo esquiador olímpico Luc Alphond, a referência do Iron Man, Marc Herremans e a ultra-maratonista Sabrina Mockenhaupt. Um lote que é reforçado por embaixadores de peso como Neymar Júnior, Lindsey Von, Sebastian Vettel, António Félix da Costa, Naide Gomes, Tomaz Morais, Telma Monteiro, entre muitos outros. As inscrições estão abertas até ao dia 20 de abril de 2014 no site oficial: www.wingsforlifeworldrun.com. PORTUGAL COM CORRIDA COSTEIRA Portugal está entre os cerca de 40 destinos da Wings for Life World Run, com um percurso que vai explorar a costa alentejana. O ponto de partida é a praia da Comporta, seguindo para sul por Melides, Santo André, Sines, Porto Covo e Vila Nova de Milfontes. O grau de dificuldade do percurso é extremamente acessível a qualquer corredor amador, seguindo quase sempre em plano (a oscilação da altitude varia entre um e 79 metros acima do nível médio das águas do mar). Sérgio Santos, treinador de alto rendimento de triatlo, corrida, ciclismo e natação, é o Diretor Desportivo da edição portuguesa; “O conceito da Wings for Life World Run congrega todos os aspetos que estão na génese da motivação de quem corre. Estou certo que os corredores podem esperar uma experiência diferente de todas as corridas onde já participaram.”. Já a nível internacional a direção desportiva do evento foi entregue ao britânico Colin Jackson, estrela do atletismo medalhado nos Jogos Olímpicos e que foi durante cerca de uma década detentor do record do mundo dos 110 metros barreiras. ø Bartholomeu Vasconcellos OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Entrevista

JOÃO GARCIA “Não vejam a montanha como um obstáculo mas sim como o caminho”

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Fotos: João Garcia

Entrevista João Garcia


Entrevista João Garcia foi o primeiro português a conquistar sem oxigénio artificial nem carregadores de altitude, o cume das 14 montanhas mais altas do mundo e o topo dos 7 continentes… A outdoor esteve à conversa com ele e descobriu alguns segredos e projetos para o futuro. Inspirem-se na história do nosso aventureiro e partam à aventura!

por Isa Helena

gens/expedições participou desde 2010? Tenho viajado para lugares estupendos e onde nunca tinha estado antes e aproveito para subir a montanhas locais que possam ter potencial para passar a organizar viagens em conjunto com a Papa-Léguas. Estou a falar do monte Ararat na Turquia, do monte Damavand no Irão, do monte Kazbek na Georgia, entre outras. Assim, voltei a guiar grupos em passeios pedestres e viagens de aventura no Nepal, Marrocos, India e Geórgia.

Outdoor: Para quando a publicação do relato da conquista das 14 montanhas com mais de 8000m? O que é que pode- Formação em Espanha para ter certifimos esperar ler no seu 4º livro? Que cação internacional... Estes são projetipo de histórias? Haverá revelação tos profissionais/pessoais para os próde pormenores menos conhecidos das ximos tempos? conquistas...? Sim, é verdade que estou a fazer formação lá JOÃO GARCIA: Sim, espero poder lançar o pró- fora para melhorar as minhas capacidades ximo livro em meados de abril 2014. Este novo como guia. É um sacrifício pessoal mas no final livro é acima de tudo a minha forma de parti- vai valer a pena. As coisas evoluem cada vez lhar com todos os que o lerem uma bela cami- mais rápido e quem não se atualiza fica para nhada até aos tetos do mundo. Falo de 14 trás e eu não quero ficar para trás. montanhas, 14 lugares, 14 pessoas e 14 momentos especiais da minha Escaladas mais lúdicas mas vida durante os 17 anos que leigualmente com risco como “(...) estou a fazer vei a subir a todos estes picos. Island Peak no Nepal são possíveis para quem quer formação lá fora para Desde a conquista do estar um dia na alta melhorar as minhas caAnnapurna e da finamontanha? pacidades como guia. É lização do projeto À Sim, com uma boa preparaconquista dos Picos do ção física e com enquadraum sacrifício pessoal mas Mundo, que tem feito o mento profissional essa opção no final vai valer a João? Que tipo de viaé perfeitamente possível.

pena. ”

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Entrevista João Garcia

Que lições pessoais colhe de tantos anos na alta montanha? São experiências diversas que me fizeram crescer bastante mas ao mesmo tempo de forma simples e que me relembram que o essencial da vida é ser feliz. Que recordações menos boas guarda apenas para si? As recordações menos boas que guardo apenas para mim são apenas para mim de maneira que não partilho com o publico em geral. Há um antes e um depois do Everest? Lamenta não ter ido avante o seu sonho de uma equipa portuguesa de alta montanha? Obviamente que lamento não poder continuar com o meu sonho de uma equipa portuguesa de alta montanha. Quando gostamos muito do que fazemos, a dada altura queremos ser como um agricultor, ter a experiência de semear para mais tarde ver crescer. Assim tive de continuar o meu trabalho com o risco ainda mais controlado. Experiência ganha na montanha é transmitida regularmente por si em palestras motivacionais...Em tempo de crise, que tipo de mensagem continua a tentar passar a quem o ouve? É como diz uma mensagem motivacional. Falo dos pilares do sucesso, a paixão, da honestidade, do trabalho em equipa, da gestão do risco entre outras coisas. Partilho com o público a minha experiência profissional como alpinista, com credibilidade e total isenção. No final compreendem que, se eu consegui, também eles podem “atingir os seus Everestes”. As expedições polares são eventuais projetos futuros? O que falta para concretizá-los...? Neste momento as expedições Polares não são uma realidade por falta de patrocínio. Tem alguma mensagem que gostasse de partilhar com os seguidores da Outdoor? Sim, que perante a dificuldade “não vejam a montanha como um obstáculo mas sim como o caminho”!ø

Acompanhem as novdades de João Garcia em: www.joaogarcia.com Facebook OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Por Terra  Atividade

Montanhismo

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Fotos: Rogério Morais

Por Terra Montanhismo


Por Terra

O

montanhismo ou ato de subir dicionário sintético de qualidade mas, como montanhas, é uma designação ne- iremos descrever, ele é bem mais complexo do cessariamente lata. Abarca em si que isso. mesmo várias modalidades desportivas, diferentes abordagens, Os nossos antepassados níveis de envolvimento e intensidade de prá- A necessidade ancestral do homem se deslocar tica muito diferenciados. Basta dizer que pode a esse meio inóspito que é a montanha, desde ser praticado por crianças desde os 4 ou 5 anos sempre, teve origem em diferentes motivações, de idade ou, pelo contrário, buscar um nível tal como ainda hoje. A caça, a busca de novos de desempenho apenas acessível a atletas de territórios, causas militares, muitas foram as elevada prestação física e técnica. Pelo meio, razões que levaram os homens a aventurar-se abrange diferentes motivações, níveis de forma cada vez mais longe na montanha. O célebre física muito variados e toda uma série de ativi- “Otzi” (homem do gelo) do Sud Tirol, encondades paralelas que, em conjunto com o mon- trado em 1991, depois de permanecer cerca de tanhismo, se podem desenvolver durante a sua 5.000 anos congelado num glaciar, continua a prática, como sejam a fotografia, observação de gerar controvérsia sobre se era um pastor, um aves e restante vida selvagem, turismo cultural caçador ou um simples ladrão de gado em fuga. e religioso, etc. E pode até ser praticado fora da Já os romanos treinavam homens para escalar paredes de rocha de sítios fortificados, de modo montanha, por contraditório que possa parea permitir, desde o seu interior, aceder cer. a praças inexpugnáveis. A travessia Existem correntes de pensamento dos Alpes por parte de Hannibal, que podem colocar em causa se “Existem correnem 218 a.C., além de um feito estamos perante uma verdamilitar ímpar, deve ter consdeira modalidade desportiva tes de pensamento tituído uma visão inacrediou uma forma de estar na que podem colocar em tável, com os seus exércitos vida. O “desporto que concausa se estamos perante dotados de elefantes, de que siste em efetuar ascensões uma verdadeira modalialiás morreria a maior parte. em montanhas” pode ser Ainda uma referência a um uma boa definição para um dade desportiva ou uma

Fotos: Rogério Morais

forma de estar na vida.“

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As diversas modalidades

Como já referimos, o montanhismo pode ser praticado tanto em montes e serras verdejantes ao lado da nossa cidade, como em montanhas que podem ir até aos 6.000 metros de altitude. Uma montanha como o Kilimanjaro (em África), com 6.000 metros de altitude, acessível ao comum dos mortais, pode ser enquadrada dentro do espírito do montanhismo, mas um “8 mil” já se insere necessariamente dentro de uma atividade de alpinismo. Embora derivadas diretamente do montanhismo e com muitas afinidades, não iremos aqui abordar atividades autónomas e distintas como sejam o alpinismo, a escalada técnica “vertical” em rocha, o ski de travessia e as travessias polares com trenó (pulka) e recurso a meios de locomoção diversos (skis, cães, papagaios de vento, etc.). Sistematizemos as diversas atividades que podemos realizar no âmbito do montanhismo:

Nas atividades com duração superior a um dia, é necessário incluir dormidas nas seguintes opções: Bivaque, apenas com saco cama ao ar livre ou em abrigos naturais p. ex. de rocha ou sem equipamento específico, no caso de bivaques imprevistos;

Dormida em tenda;

Dormida em refúgio de montanha

Dormida em hospedaria (lodges) ou em casas alugadas à população local;

Material necessário Os passeios pedestres e as saídas de baixa e média montanha de um dia, sem dificuldades técnicas ou condições meteorológicas adversas, pouco mais necessitam do que um bom par de botas leves ou uns ténis todo o terreno. O calçado é a peça mais importante desta atividade e deve ser confortável, resistente e bem rodado. Claro que temos de prever uma pequena mochila para transportar água, alguma comida e um casaco de proteção. É a base, quase sem custos específicos (todos temos uns ténis e um bom casaco) à qual poderemos gradualmente acrescentar ou não, consoante a especificidade da saída, instrumentos de orientação (mapa, bússola, GPS, altímetro, etc.), batons, proteção extra, uma pequena farmácia, meios de comunicação, luz frontal, máquina fotográfica, etc. Dormidas em tenda, por sua vez, implicam já o recurso a material específico, além do próprio abrigo: um saco cama adequado para as temperaturas esperadas, um pequeno e fino colchão insuflável ou de espuma (mais importante no isolamento do frio do que geralmente se pensa), fogão para cozinhar e até para derreter neve em grande altitude. A dormida em refúgio de montanha reduz estas necessidades

Passeios pedestres e marchas de curta duração, até um dia, acessíveis a todos; Marcha de montanha (trekking) com duração de um ou vários dias, assumindo neste caso geralmente características de travessia de um maciço, por exemplo, de percurso circular, de ida e volta pela mesma via, ou até ao longo de uma zona costeira, geralmente com importantes desníveis acumulados nos sucessivos vales; Ascensões a picos isolados ou maciços, geralmente com recurso a uma ou mais dormidas em refúgio ou tenda, podendo ser necessário o uso de corda e equipamentos de neve para efeitos de segurança em glaciar e de progressão, sem técnicas de especial complexidade; Acampamentos de montanha, como um fim em si ou como “campo base” para outras atividades.

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Por Terra Montanhismo

português notável e talvez esquecido na sua saga: após 1620, o Padre Manuel de Andrade, natural de Oleiros e missionário em Goa, foi o primeiro europeu a atravessar os Himalaias e a atingir o Tibete, com passagens a mais de 6.000 metros. Um record de altitude em Portugal que perdurou por 4 séculos. A ascensão do Monte Branco em 1786, por Balmat e Paccard, marcam o início do montanhismo moderno, que tem desde essa data, uma longa e rica história.


Por Terra a um simples saco cama leve ou um lençol para utilizar com os cobertores do abrigo. Ascensões que incluam neve, ou mesmo gelo, necessitam de piolet (picareta técnica), crampons (grampos para as botas), polainas, roupa em várias camadas, eventualmente corda, arnês e material específico de segurança. Em relação ao vestuário, mais ou menos exigente com a altitude, o frio e eventuais condições de chuva ou neve, o mesmo pode ser estruturado em 3 camadas, passíveis de adaptação pessoal: 1ª camada interior (justa ao corpo), em tecido fino sintético e transpirável (p. ex. lifa), composta por calças ou collants e camisola de manga comprida; 2ª camada, constituída por camisola ou casaco, em tecido do tipo polartec (fleece) e calças resistentes mas flexíveis e transpiráveis; 3ª camada exterior, com casaco amplo do tipo goretex ou similar e calças impermeáveis, preferencialmente com fechos laterais a todo o comprimento da perna, para facilitar vestir com botas e para arejamento. Cada vez mais se assiste na “ A dormiEuropa a uma postura mida em refúgio nimalista, em que atividade montanha reduz des com algum envolvimento, em meio adverso estas necessidades a um de montanha e altitude, simples saco cama leve ou

Fotos: Rogério Morais

um lençol para utilizar com os cobertores do abrigo.”

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Por Terra Montanhismo são realizadas com pouco equipamento, p. ex. ténis em goretex, pequena mochila, um impermeável e um par de batons. Onde praticar Como já referimos, um monte ou serra próximos da cidade (p. ex. Monsanto, junto da capital) ou pequenos maciços montanhosos inferiores a 500 metros de altitude, podem proporcionar atividades muito interessantes e até desafiantes, caso seja isso que se procura. Portugal dispõe de maciços magníficos e isolados, sobretudo na região Norte, como sejam o Gerês, Montesinho, Alvão/ Marão, Freita, etc. Acima dos 1.500 metros de altitude apenas a Serra da Estrela nos presenteia anualmente com condições invernais apetecíveis. Aqui ao lado, Espanha proporciona montanhas inigualáveis, sendo um dos países da Europa com maior altitude média, uma vez que toda a meseta está à cota 500. Diversos cumes de 3.000 metros, nos Pirinéus e na Andaluzia, proporcionam sensacionais programas, quer de verão, quer sobretudo de neve. O passo seguinte serão naturalmente os Alpes. Quem pode praticar Como acima vimos, esta modalidade de ar livre pode ser acessível, às costas de um pai ou mãe corajosos, desde tenra idade. Existem mochilas próprias para o transporte de bebés, em que o desafio está apenas em proteger a criança dos elementos e gerir as longas sestas com que sempre nos presenteiam. Crianças dos 5 aos 12 anos, especialmente em grupo e com o devido enquadramento adulto, podem realizar caminhadas e ascensões sem grande desnível. A partir da adolescência, desde que com trei-

no gradual, os jovens aguentam tanto como um adulto. Em suma, o montanhismo é uma modalidade multifacetada, plena de possibilidades e com o condão de poder proporcionar atividades com amplo retorno de satisfação, sem investimento relevante, quer para o turista ativo, quer para o atleta de elite. ø Rogério Morais, pela A.D.A. Desnível

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GERÊS TRAIL ADVENTURE “Há sítios no mundo que são como certas existências humanas: tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição. Este Gerês é um deles.” Miguel Torga


A Carlos Sá Nature Events® tem depois do Grande Trail Serra d’Arga® agendado para os dias 25, 26 e 27 de abril, a sua grande aposta para o ano de 2014, o “Carlos Sá - Gerês Trail Adventure®”, um evento com 3 provas de distâncias diferentes, todas elas a realizar em 3 etapas durante os 3 dias do evento, adicionando um elemento extra e inovador em Portugal: a participação nas duas distâncias mais longas é apenas para equipas de 2 ou 3 elementos. Será seguramente uma experiência diferente que se quer única e inesquecível para todos os participantes e respetivas famílias. Este será por isso um fim de semana com atividades para todos. Sabendo-se que o PNPG abrange territórios de enorme riqueza e sensibilidade nos ecossistemas, os percursos foram pensados de forma a

desfrutar, preservando; usufruir, otimizando. Os mesmo foram alvo de análise e autorização PNPG sendo por isso mesmo entidade autorizadora da realização do evento. Desta forma os atletas irão percorrer alguns dos trilhos mais inóspitos e espetaculares duma das zonas mais restritas em termos de legislação no nosso país, mas num evento de completo enquadramento legal. Distâncias aproximadas de cada etapa (a realizar nos dias 25, 26 e 27 de Abril) Prova de 35 km’s (13+12+10) Prova de 75 km’s (30+35+10) 5350m D+ acumulado nas 3 etapas Prova de 105 km’s (30+65+10)

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Por Terra Gerês Trail Adventure

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Gerês Trail Adventure® é um evento de Trail Running num enquadramento paisagístico único – uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal, naquele que é o único Parque Nacional do país (Parque Nacional da Peneda-Gerês - PNPG).


Por Terra 7250m D+ acumulado nas 3 etapas Para se viver e sentir o Gerês, o Gerês Trail Adventure® terá 3 provas, com 3 distâncias diferentes (105 km’s, 75 km’s e 35 km’s - distâncias aproximadas). Todas as provas realizam-se ao longo de três etapas, nos dias 25, 26 e 27 de Abril, perfazendo no total das 3 etapas as distâncias mencionadas, sejam os 105 km’s, os 75 km’s ou os 35 km’s, porque desta forma, todos sem exceção, poderão sentir o Gerês e superar os seus limites numa das 3 distâncias disponíveis duma prova que já deixou marcas ainda antes da sua realização! O vídeo de promoção da prova, em pouco tempo, atingiu mais de 40 000 visualizações no You Tube, um número único para a promoção da 1ª edição dum evento do género. Esta prova também já foi alvo de destaque pelas mais diversas revistas e sites especializados de todo o mundo! A prova irá levar os participantes por alguns dos mais belos e inóspitos recantos do Gerês…! Fauna, flora, gastronomia, artesanato, gentes, aldeias comunitárias, cultura, história, termas... um Mundo a descobrir e que será o que o Gerês Trail Adventure® quer dar a conhecer! Um pacote completo, difícil de explicar e difícil de sentir, porque só vivendo se sente. Ao longo dos 3 dias teremos animação no centro da vila para os familiares que acompanhem os atletas. Música, animação para as crianças, caminhadas e várias outras atividades que farão deste evento algo único e inesquecível para todos (atletas e acompanhantes). Existirá também a possibilidade de os familiares/acompanhantes realizarem as refeições com os atletas. Será, seguramente, mais do que um fim de semana; serão umas “mini férias” completas para todos! Temos a certeza de que não vão querer faltar ao evento que deixará uma marca profunda nas atividades outdoor em Portugal e, no Trail Running em particular. Contamos com a sua presença! Façam uma equipa e não esperem que vos contem como foi! O Gerês é muito mais que a sumptuosa paisagem!!! A emoção de sentir o Gerês só o percebe quem o sente, e quem o sente, vive-o! ø Para mais informações:

carlossanatureevents.com www.facebook.com/carlossanatureevents 48

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NOTAS: Em relação às distâncias: As provas de 75 km’s e 105 km’s são realizadas apenas em equipas de 2 ou 3 elementos que deverão fazer todo o percurso sempre juntos.

A prova de 35 km’s pode ser realizada individualmente. Incluído no preço de inscrição: As inscrições (além das ofertas mais habituais ) incluem 3 refeições (jantares de dias 25 e 26, e almoço de dia 27). O objetivo é ter o espírito de convívio que tanto caracteriza esta modalidade sempre presente, onde serão exibidas as melhores imagens de cada dia, e se quer festa permanente!

Programa para familiares e acompanhantes (confirmado até ao momento): Teremos atividades gratuitas de arborismo, insufláveis e pinturas faciais para crianças; Teremos atividades de canoagem e 6 caminhadas (2 por cada dia do evento) gratuitas para crianças e adultos. Existirá ainda uma feira/mostra de produtos regionais para que o evento.

O Gerês Trail Adventure é uma das provas qualificativas para o “The North Face® Ultra-Trail du Mont-Blanc®” 2015, a prova mais importante do calendário mundial, por todos considerada com os Jogos Olímpicos da modalidade. Todos os atletas que terminem a prova de 105 km’s pontuam 3 pontos para qualquer uma das provas “The North Face® Ultra-Trail du Mont-Blanc®. Todos os atletas que terminem a prova de 75 km’s pontuam 1 ponto para qualquer uma das provas “The North Face® Ultra-Trail du Mont-Blanc®.


O lobo e o corço são as maiores marcas de uma fauna riquíssima, o carvalhal da flora exuberante, mas há ainda riquíssimos vestígios da presença romana que datam do ano 173 a.c.. O PNPG é muito mais… Há ainda espigueiros e eiras comunitárias marcas do passado ainda utilizadas no presente como símbolo das comunidades do PNPG que se adaptaram à vivência no meio hostil da montanha, muitas vezes no isolamento, tendo desenvolvido atividades económica de sobrevivência que conseguiram manter até aos nossos dias. A vida comunitária estava bem representada na aldeia de Vilarinho das Furnas, agora submersa pela água da barragem dos tempos modernos… É obrigatória uma visita ao Museu Etnográfico que recria o seu estilo de vida… e nos permite viajar no tempo! O PNPG tem um elevado interesse paisagístico, e também cultural e histórico-arqueológico, o que permite uma diversificação da oferta turística capaz de preencher os interesses de qualquer um. Adaptado de ICNB

Por Terra Gerês Trail Adventure

“A criação do Parque Nacional da Peneda-Gerês (Decreto-Lei n.º 187/71, de 8 de Maio) visou a realização nessa área montanhosa de um planeamento capaz de valorizar as atividades humanas e os recursos naturais, tendo em vista finalidades educativas, turísticas e científicas.” In ICNB


Por Terra  Aventura de Ricardo Mendes

GR - 30 Grande Rota das Linhas de Torres Vedras

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O Raid das Linhas de Torres Vedras em BTT Atravessar longitudinalmente esta barreira natural - que apresenta em todo o seu traçado as mesmas dificuldades – desde a foz do Atlântico até Alhandra junto ao Tejo, foi a proposta lançada aos militares do Exército no âmbito das comemorações do bi“Com uma biciclecentenário das Linhas de Torres Vedras. ta de todo o terreno Com uma bicicleta de todo o foi possível recuar 200 terreno foi possível recuar anos, sentir o espírito das 200 anos, sentir o espírito das invasões francesas e pedainvasões francesas e pedalar pelos mesmos trilhos dos lar pelos mesmos trilhos nossos camaradas de armas dos nossos camaradas numa experiência invulgar que alia o ambiente, o desporto (...)” e o turismo à história da 3ª invasão francesa a Portugal. O percurso para percorrer a 1ª linha defensiva tem início na foz do rio Sizandro e estava delineado para passar no maior número de fortes e redutos que constituíram o sistema defensivo em 1810. Daqui e por zonas essencialmente agrícolas, quando possível, seguimos ao longo do fértil vale do rio Sizandro porque as fortificações que nos comprometemos visitar, estão erguidas nos topos dos montes. É para lá o nosso caminho. Sejam estruturas de pedra seca, um pequeno aterro, um fosso ou apenas um amontoado de pedras conquistado pela vegetação, os testemunhos vivos destes elementos defensivos estão lá e são, todos eles, individualmente formidáveis. É no forte de S.Vicente já em Torres Vedras que a magnificência do local absorve quem participa nesta aventura. Em tempos passados era possível enviar deste ponto e ao longo de toda a linha, uma mensagem em apenas 7minutos. OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Por Terra GR 30

As Linhas de Torres Vedras (LTV) são uma linha contínua de obras construídas para impedir o sucesso da 3ª invasão francesa. Este sistema defensivo foi erguido entre Novembro de 1809 e Setembro de 1810 para defesa da capital, prolongava-se tanto para oeste como para leste ao longo de mais de 88 kms por forma a que o invasor pudesse ser contido, forçado a parar e a morrer de fome. A visão de um homem e o trabalho do povo português foram determinantes para aliar a natureza ao serviço da estratégia militar. A geografia acidentada da região foi a base para se reforçar o terreno através de fortificações de um determinado número de pontos estratégicos onde, em muitos sítios foi necessário “cortar as vertentes dos montes verticalmente”.


Por Terra

“Para chegarmos ao circuito da Serra da Archeira foi necessário ir devagar, as subidas assim o obrigavam. Foram muitos os quilómetros feitos na cumeada desta serra ao longo de uma série de moinhos eólicos.”

A sua forma poligonal permite um longo alcance da visão. Além, o que foi feito; mais além, o que ainda faltava vencer. O nosso azimute apontava a oriente. Para chegarmos ao circuito da Serra da Archeira foi necessário ir devagar, as subidas assim o obrigavam. Foram muitos os quilómetros feitos na cumeada desta serra ao longo de uma série de moinhos eólicos. Para trás ficaram os fortes do Catefica, Feiteira, Archeira, Grande e Pequeno. A paisagem inebriante desperta-nos a vontade para continuar a apreciar a panorâmica que nos envolve sem nos preocuparmos com o relógio. O sol está cada vez mais perto do oeste e nós ainda não tínhamos chegado a Pêro Negro. Aqui, o percurso ainda ia a meio, faltavam 40km que seriam ainda mais duros não só pela orografia do terreno, bem como pelo próprio cansaço acumulado dos participantes. Partindo do antigo quartel-general de Wellington, seguimos pelo trilho traçado para um dos mais belos monumentos da nossa jornada a 439 metros de altitude, o forte do Alqueidão. Deste local possui-se 360º de horizonte. Avistam-se os terrenos desde o mar ao rio Tejo e observa-se a planície que une a Estremadura ao Ribatejo. É tempo de descer. Seguem-nos largos caminhos

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Por Terra GR 30 de terra batida e também antigas estradas militares que colocam à prova a tecnologia das bicicletas do nosso tempo. Já estamos noutro cume, a Serra do Olmeiro, alguns quilómetros mais à frente está o forte da Carvalha. Seguindo a mesma linha, outro cume, outro forte e assim sucessivamente. Estamos perto do fim, o caminho é feito entre vegetação rasteira e single-tracks até à chegada do monumento comemorativo das LTV, a coluna de Hércules. Pela frente, as resplandecentes margens do baixo Tejo. Ao longo de 90 kms visitámos praticamente 20 fortes e redutos, sentimos a imponência das serras e a ação da mão do homem na transformação deste terreno. ø Ricardo Mendes

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Por Terra

Fotos: CM Vila Real/VitAguiar

Caminho PortuguĂŞs Interior de Santiago

CastroDaire


Chaves

Lamego

Viseu

V.P.Aguiar

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Por Terra Aventura Caminho Português Volta ao Mundo Interior de Santiago

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s Caminhos de Santiago, nas suas pela Veiga de Chaves, faz do Caminho Português variadas derivações, são, desde a Interior de Santiago uma via riquíssima e pleIdade Média, vias de peregrina- na de interesse: paisagem, gastronomia, patrição, de cariz não só religioso, mas mónio edificado e território classificado pela também cultural, turístico e econó- UNESCO como Património Mundial da Humamico, por servirem como vias de comunicação, nidade dão o mote para partir à descoberta de mas também como meios de divulgação da iden- séculos de história que desafiam quem chega tidade dos vários locais que atravessam. Depois a descobrir os seus segredos. Está preparado? Começando por Viseu, este é o concede séculos no esquecimento, o Caminho lho que compreende maior número Português Interior de Santiago foi de jornadas: Farminhão - Fontelo, recuperado, graças ao esforço e “Foi definiFontelo – Almargem e Almargem trabalho conjunto das oito autarda uma rede de – Ribolhos (já no concelho de quias do interior de Portugal, Castro Daire). Esta última jorque atravessadas pelo seu traçaalbergues de apoio nada tem passagem pelo centro do: Viseu, Castro Daire, Lameao caminho, onde terhistórico de Viseu, onde é possígo, Peso da Régua, Santa Marta mina cada jornada, vel visitar, por exemplo, a Sé de de Penaguião, Vila Real, Vila Viseu e o Museu Grão Vasco, e Pouca de Aguiar e Chaves. Com para descanso dos avança pela Via Romana de Poubase em estudos publicados, de quilómetros persa Maria, por floresta, em direção documentação medieval, toponícorridos.” a Castro Daire. Aqui, o peregrimia e hagiologia, implementou-se, no/pedestrianista poderá pernoitar no terreno, o percurso mais aprono albergue de Ribolhos, que está ximado possível ao original, por vias mediante marcação prévia. existentes, uma vez que nem sempre foi pos- disponível sível encontrar as vias mencionadas nos documentos. Foi definida uma rede de albergues de Uma vez chegado a terras de Castro Daire, terá apoio ao caminho, onde termina cada jornada, oportunidade relaxar com uma massagem nas para descanso dos quilómetros percorridos. Termas do Carvalhal e provar o Cabritinho de A diversidade do território atravessado, desde Montemuro, a Vitela Arouquesa ou o arroz de a Serra de Montemuro, passando pelo Douro e feijão com salpicão e ainda deliciar-se com o


Por Terra

Vila Real

Bolo Podre “aquecendo” a alma com um chá património. No decorrer da etapa do Caminho biológico, antes da partida em direção a Lame- no Peso da Régua, pode encontrar o edifício em go, onde pode pernoitar no albergue de Bigorne Mármore Preta da Casa do Douro que alberga e deixar um donativo para ajudar à sua manu- no seu interior vitrais de Lino António, o Museu tenção. Em Lamego, é incontornável uma visita do Douro, onde pode visitar várias exposições e ao santuário de Nossa Senhora dos Remédios fazer provas de vinhos, assim como várias capee ao seu monumental escadório, com mais de las destacando-se a Capela da Nossa Senhora do 650 degraus, ou mesmo à Sé e ao Museu de Desterro ou das Sete Esquinas construída Lamego, no centro da Cidade; sugereentre os séculos XVII e XVIII e cuja -se, ainda, uma visita à Igreja de recuperação foi distinguida pelo Santa Maria Maior de AlmacaPrémio de Arquitetura do Dou“Esta jornada ve. Lamego está “às portas” da ro com uma Menção Honrosa. reveste-se de uma Região Demarcada do Douro, No concelho de Santa Marta beleza ímpar, por atraaproveite e recupere forças de Penaguião, a paisagem provando a Bola de Lamego, vinhateira ganha especial vessar uma das mais e bebendo um copo de Vinho dimensão, e convida quem belas paisagens classifiou Espumante do Douro, para, chega a uma demorada concadas do mundo: o Vale na jornada seguinte, chegar templação: socalcos e socala Santa Marta de Penaguião. cos de vinha talhada a sangue do Douro Vinhateiro, Esta jornada reveste-se de uma e suor de homens que entrega(...)” beleza ímpar, por atravessar uma ram a suas vidas à arte de desedas mais belas paisagens classificanhar e colorir montes e vales com das do mundo: o Vale do Douro Vinhaa cultura da vinha. Quem pernoitar teiro, onde se produz o afamado Vinho do em Bertelo será embalado com o sossego Porto. A entrada no Peso da Régua faz-se pela da noite, para acordar num belo cenário de cores Ponte Metálica do séc. XIX, agora recupera- e texturas, já com apontamentos de floresta de da e devolvida a caminhantes e ciclistas. Na folhosas, que o levará até Vila Real numa dura cidade, dominam as referências à vinha e ao mas deslumbrante jornada, por caminhos rurais vinho que servem desde sempre como motivo à beira de pequenos regatos, que denotam já a de desenvolvimento económico e de manifesta- transição para uma paisagem de montanha. A ção artística e cultural como é exemplo o seu chegada a esta capital de distrito faz-se subindo 56

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Por Terra Aventura Caminho Português Volta ao Mundo Interior de Santiago

a íngreme encosta de Relvas em direção ao centro da cidade, e o albergue é a Casa Diocesana do Seminário de Vila Real. Ocupando uma posição central na cidade, o peregrino é quase que convidado a descobrir o centro histórico e poderá deslocar-se até à Vila Velha, para, do miradouro de São Dinis, apreciar a união dos rios Corgo e Cabril e seguir depois às ruas do comércio tradicional. Aqui poderá visitar a Sé de Vila Real, a Capela Nova e a Igreja de São Pedro, estas duas últimas os melhores exemplos do Barroco Religioso em Vila Real, e provar, num dos muitos restaurantes, as típicas tripas aos molhos ou carne Maronesa - D.O.P., servidas em barro preto de Bisalhães. Numa das pastelarias, delicie-se com um Covilhete, uma Crista de Galo ou um Pito de Santa Luzia, para sobremesa. A próxima jornada leva-o a atravessar toda a parte norte do concelho de Vila Real, por paisagens rurais, tendo por fiel companheira a serra do Alvão. Irá passar pela casa onde viveu o escritor Camilo Castelo Branco na sua infância, em Vilarinho de Samardã, e aqui irá apanhar uma das partes mais difíceis do trajeto concelhio: a descida ao rio Corgo e posterior subida à antiga linha de caminho-de-ferro, que o conduzirá até ao albergue seguinte, já no concelho de Vila Pouca de Aguiar, que resultou da recuperação da escola primária de Parada de Aguiar. O concelho de Vila Pouca de Aguiar estende-se ao longo de um vale agrícola ladeado pelas serras do Alvão e Padrela, e caracteriza-se pela sua diversidade geológica: é a capital do granito (recurso onde se sustenta a economia local), possui um dos maiores complexos mineiros romanos de ouro conhecidos, em Tresminas e Jales, e do seu subsolo se extrai, ainda hoje, um dos recursos minerais mais valiosos do nosso país: a água das Pedras.

Santa Marta Penaguião

xe de provar os deliciosos pastéis de Chaves, que lhe darão alento para continuar caminho, Espanha adentro, por uma das mais conhecidas veredas do Caminho de Santiago, a Via da Prata, que prolonga a magia que o acompanha desde Portugal.ø CM Vila Real/VitAguiar www.cpisantiago.pt

O caminho atravessa, aliás, o Parque Termal de Pedras Salgadas, e daí se dirige ao concelho de Chaves, o último em território português, onde a jornada é feita por entre terrenos de cultivo e paisagem de floresta. Aqui, o peregrino poderá escolher o albergue onde pernoitar: em Vidago, no quartel dos bombeiros, ou alguns quilómetros adiante, em Chaves, onde encontrará várias soluções de alojamento: o quartel dos bombeiros voluntários e o centro social e cultural de Vilarelho da Raia, ou, já em território espanhol, na Casa do Escudo de Verín (todas as opções mediante aviso prévio e pagamento de €5). Em Chaves, cidade reconhecida pelas suas termas e excelente gastronomia, não deve deixar de visitar as Termas Romanas de Trajano, a zona ribeirinha, a torre do Castelo de Chaves, a Sé, e, nas ruas do centro histórico, não deiOUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

Régua

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Por Terra  Indoor

Alexandre Júnior Personal Trainer Licenciado em Desporto Fitness Hut Amoreiras www.facebook.com

PREPARAÇÃO Indoor para KITESURF

O

Kitesurf é um desporto com um razoável nível de exigência física e de concentração para o praticante.

Há uma necessidade de se trabalhar de forma consistente a capacidade aeróbica, bem como os grupos musculares de membros inferiores, “core”, costas e membros superiores, a nível de resistência muscular. Enquanto desporto radical os treinos e exercícios devem ser o mais funcionais possíveis, ou seja, o mais próximo dos gestos desportivos exigidos durante a sua prática. É com este pensamento que desenhámos um plano de treino, o mais amplo possível, para atender as necessidades e com nível de complexidade básico onde qualquer praticante de kitesurf poderá realizá-lo. Bom treino e boas ondas! ø

www.fitnesshut.pt

1 Remo

2 Jump and Twist - TRX Rip Trainer 58

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Por Terra Indoor

3 Swing and Squat - kettlebell

4 Low row with flex Knees - TRX

5 Overhead and back extension + Squat and overhead - TRX OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Marรงo 2014

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Por Terra

6 Reaching Rows - TRX

7 Hip drop - TRX

8 Hanging knees to elbows - Barra fixa

9 Ring Hanging Knee Raise - Argolas Crossfit 60

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Por Terra Indoor

10 Salto lateral com Bosu e TRX

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Plank Level 1 - TRX

Plank Level 2 - TRX

13 Row out and swing - Barra curta + discos OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Marรงo 2014

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Por Terra  Indoor - Entrevista

Sofia Mota é atriz e viciada em desporto e atividade física… A Outdoor esteve à conversa com esta aventureira e descobriu uma das suas paixões, o Surf! por Isa Helena

Fitness Hut de Cascais, onde realizo treino personalizado duas vezes por semana com o Nelson Esteves, que é o meu Personal Trainer. É praticamente um vício e quando não posso ir tento fazer alguns exercícios em casa. E às ve-

A representação é uma das tuas paixões… Como surgiu a oportunidade de trabalhares em televisão? Estreei-me em televisão nos Morangos com Açúcar. Pouco tempo antes, tinha-me agenciado na Next Models e surgiu a oportunidade de fazer o casting para ser uma das personagens principais da série. Nunca pensei entrar mas adorei a ideia de fazer parte de um projeto que eu seguia já desde pequena, na altura da primeira série dos morangos. Desde então, tornou-se uma das minhas grandes paixões. O desporto é outro dos teus vícios? Adoro fazer desporto. Não acho nada entediante ir ao ginásio. Para além de me ajudar a estar bem fisicamente, é um grande apoio a nível mental e emocional.

zes faço surf por diversão. É um desporto que me fascina de alguma forma. A parte de estar em contacto com a natureza e depender dela faz-me ver o surf de outra perspetiva.

Quais as tuas modalidades preferidas? Atualmente faço ginásio quase todos os dias no

Como surgiu a paixão pelo Surf? Tenho imensos amigos surfistas e sempre me

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Por Terra Indoor

interessei por aprender aqueles termos técnicos que eles utilizam. Entretanto, tive um namorado que também era surfista e tinha uma escola de surf e comecei a experimentar. Quando me consegui levantar a primeira vez foi uma festa. Na altura, disseram-me logo que tinha jeito. Quais os teus spots preferidos para surfar? Como já referi, faço surf por diversão. Não sou uma profissional nem de perto nem de longe. Gosto de juntar um grupo de amigas pouco experientes como eu e ir surfar. É uma risota. Normalmente, vamos para a Ericeira. Como é o dia a dia da Sofia Mota? Neste momento estou a gravar o “I love it” da TVI e nos tempos livres tento aproveitar ao máximo. Sou uma pessoa bastante ativa, faz-me mal estar em casa sem fazer nada. Como tenho tido algum tempo livre, tento sempre fazer alguma coisa que me faça bem. Vou regularmente ao ginásio, adoro um bom programa com os amigos como jantar, ir ao teatro ou ao cinema, passear no paredão, ler um bom livro, tanta coisa… Não “É um desporto tenho uma rotina atualmente. Quais os teus objetivos no treino Indoor? O meu objetivo é basicamente manter a boa forma física. Não sou obcecada com o corpo mas gosto de me sentir bem comigo própria. Por vezes, brinco e digo que vou ao ginásio só para poder comer à vontade. Adoro comer.

que me fascina de alguma forma. A parte de estar em contacto com a natureza e depender dela faz-me ver o surf de outra perspetiva.”

Podes dar-nos um exemplo do teu treino? Tento sempre fazer um treino completo. Ou seja, musculação para tonificar o corpo e cardio para queimar calorias. Mas confesso que a parte do cardio é a que me custa mais. Tens cuidados especiais com a alimentação? Depende. Acho que sou de extremos neste aspeto. Ou tenho muito cuidado e não como nada que ache que me vai fazer engordar ou como de tudo e não penso nisso. No entanto, tento sempre não comer muito à noite. Tens alguma mensagem especial que queiras deixar aos teus seguidores? Claro que sim. Quero agradecer-lhes todo o apoio que me dão nas redes sociais essencialmente e dizer que é por eles que me esforço todos os dias para fazer um bom trabalho. Um beijinho especial para todos. ø OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Fotografia  Portfólio José Frade

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Fotografia Portof贸lio OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Mar莽o 2014

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Fotografia

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Janeiro_Fevereiro_Marรงo 2014 OUTDOOR


Fotografia Portofólio

Quem é JOSÉ FRADE? José Frade é apaixonado por fotografia há mais de 30 anos. Tudo começou pela vontade de expressar o que via e sentia. Tentou a escrita, mas decididamente as palavras não eram o seu forte... Tirou um curso de fotografia e a partir daí nunca mais largou a máquina fotográfica! Nas palavras do próprio “através da fotografia consigo escrever com luz o que sinto! “ José Frade já percorreu muitos quilómetros de máquina fotográfica ao ombro, mas elege o Alentejo e Lisboa como os seus locais de eleição para captar as suas imagens. Perguntámos-lhe o que mais gosta de fotografar e a resposta não podia ser mais direta, a beleza humana e os pequenos pormenores que só a natureza nos pode dar! Apesar das imagens selecionadas neste portfólio todas estarem associadas à Natureza, Frade, como lhe chamam os amigos mais próximos, é um fã incondicional de cultura. Essa paixão é traduzida nas imagens fantásticas que podem encontrar no seu facebook em : www.facebook.com/photo.Josemariafrade OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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S.O.S.  Saúde do Viajante

Enjoo de altitude


S.O.S. Enjoo de Altitude


S.O.S.

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enjoo de altitude é a denominação do conjunto de sintomas que ocorrem no organismo após a subida a altitudes elevadas, em atividades como o montanhismo.

entre os 3500 e os 5500 metros acima do nível do mar, como por exemplo La Paz na Bolívia com 3600m e Lhaza no Tibet com 3685m. Localizações com altitudes extremas, acima dos 5500m, incluem o Monte Kilimanjaro com 5500m e o Pico do Monte Evereste com 8850m.

Esta condição desenvolve-se na ascensão a zonas de elevada altitude e os seus sintomas Como se desenvolve o enjoo de altitude? tornam-se mais severos à medida que são atin- Esta condição é motivada pela diminuição da gidas altitudes cada vez mais elevadas. O enjoo pressão atmosférica, que se traduz numa rede altitude pode afetar qualquer pessoa, inde- dução dos níveis de oxigénio inspirado. O oxigénio é fundamental para a função normal do pendentemente do sexo e da estrutura físiorganismo, respondendo o corpo a esca, mesmo que nunca tenham sofrido tes níveis baixos com uma respiradesta condição, agravando-se esção acelerada e profunda e com pecialmente quando é feita uma “ Os sintomas uma maior produção de glóbulos subida demasiado rápida, mais vermelhos para o transporte de de 500m por dia, sem que semais frequentes inoxigénio pelo sangue. jam tomadas as devidas mecluem dores de cabeça, didas de aclimatização. cansaço, enjoo ou vómiPorém, a diminuição dos níveis de oxigénio pode levar a Em que altitude pode sotos, perda de apetite, problemas como hipertensão frer de enjoo? tonturas e dificuldapulmonar, alterações ao pH do O enjoo de altitude varia de des em dormir. ” sangue, alterações no equilíbrio pessoa para pessoa e relacioeletrólito-fluido e formação de na-se diretamente com a taxa de edema, pelo movimento de liquido subida. Enquanto que algumas pesintersticial dos vasos sanguíneos para os soas começam a sentir sintomas a partir dos 2200m, outras conseguem atingir altitudes tecidos adjacentes. mais elevadas sem que sofram desta condição. Sintomas do enjoo de altitude A altitude elevada refere-se a locais entre os Os sintomas do enjoo de altitude não são ime1500 e os 3500m acima do nível do mar, como diatos e começam a desenvolver-se geralmente por exemplo, Cuzco no Perú com 3225m ou Bo- entre 6 a 12 horas após a chegada à altitude elevada. Segundo o Dr. Stam Poupalos, especiagota na Colombia com 2645m. As altitudes muito elevadas incluem destinos lista da clínica online 121doc, por vezes os sin-

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S.O.S. Enjoo de Altitude tomas podem levar até 24 horas a desenvolver-se. A duração entre a subida e o aparecimento dos sintomas depende da rapidez da ascensão, sendo estes mais severos se a subida for realizada mais rapidamente.

Os sintomas do enjoo de altitude progridem rapidamente, pelo que o desenvolvimento quer de edema pulmonar, quer de edema cerebral exige a descida imediata para baixa altitude e a procura de ajuda médica, podendo ser fatal.

Os sintomas mais frequentes incluem dores de cabeça, cansaço, enjoo ou vómitos, perda de apetite, tonturas e dificuldades em dormir. Estes sintomas começam a reduzir-se cerca de um ou dois dias após o seu aparecimento, à medida que o corpo se habitua à altitude elevada. Contudo, se os sintomas não desaparecerem durante este período, deve fazer-se a descida para altitudes mais baixas, pelos menos entre os 500 e os 1000m.

Prevenção e tratamento O enjoo de altitude pode na maioria das vezes ser prevenido se forem tomadas medidas de aclimatização que permitam ao corpo a adaptação às altitudes elevadas. A subida durante o dia não trás geralmente problemas, porém, a dormida deve ser feita abaixo dos 2200 metros. A subida não deve ser superior a 300-500 metros por dia, para permitir a aclimatização. No caso de começar a sentir sintomas a uma determinada altitude, desloque-se para altitudes mais baixas até que volte a sentir-se bem e forneça ao seu corpo o tempo suficiente de adaptação. Deve ser mantida a hidratação e ser evitado o consumo de bebidas alcoólicas.

Complicações do enjoo de altitude Se a subida ao local de altitude elevada for feita rapidamente e o corpo não tiver tempo suficiente para aclimatizar, os sintomas do enjoo de altitude podem tornar-se mais severos e levar ao edema pulmonar ou cerebral. Os sintomas de edema pulmonar (acumulação de fluido nos pulmões) incluem tosse seca, falta de ar, fraqueza, coloração azulada dos lábios e unhas e sangue na saliva.

Para prevenir os sintomas pode também recorrer à acetazolamida, que evita a acumulação de fluido nos pulmões e à inalação de oxigénio por via de uma máscara para reduzir sintomas como o cansaço e a desorientação.ø

O edema cerebral caracteriza-se pela acumulação de fluido no cérebro, causando o seu inchaço e sintomas como dores de cabeça severas, vómitos, confusão, perda de coordenação, alterações da visão, letargia, perda de consciência e coma. OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

Clínica 121doc pt.121doc.net

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S.O.S.

(Sobre)viver ao frio


S.O.S. (Sobre)viver ao frio


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s alterações climáticas estão na or- Hipotermia e queimaduras dem do dia, com fenómenos próprios Para nos protegermos do frio, importa perceber de determinadas zonas do planeta a as suas principais ameaças para o ser humano: aconteceram em locais inesperados. a hipotermia e as queimaduras por frio. Ainda recentemente bateram-se recordes de temperaturas negativas nos EUA, Se a hipotermia já é a principal causa de morte com zonas onde a temperatura pouco descia dos indivíduos que se perdem na natureza em abaixo dos zero graus, a chegar aos 30 graus climas temperados, imagine o perigo que é em negativos. Muitas pessoas tiveram de passar regiões mais frias. Não vamos entrar em 24 horas ou mais dentro dos automópormenores técnicos, mas podemos veis, que ficaram bloqueados em considerar que o corpo está em hi“Se a filas intermináveis. Se juntarpotermia quando a temperatura hipotermia já mos o efeito da globalização e do mesmo desce abaixo dos 35 dos fluxos migratórios, priné a principal causa graus centígrados, começancipalmente por motivos prodo a ser realmente perigosa de morte dos indivífissionais, concluímos que, abaixo dos 32 e fatal abaixo duos que se perdem mesmo vivendo num clima dos 27 graus centigrados. na natureza em climas temperado, é importante saEsta descida de temperatuber como lidar com o frio na temperados, imagine ra acontece quando o corgeneralidade dos casos e em po perde mais calor do que o perigo que é em situações de emergência, pois consegue produzir e se numa regiões mais nunca se sabe quando vai ser primeira fase é fácil perceber preciso. O objetivo deste artigo é frias. “ isso porque surgem os tremores, fornecer ao leitor um conjunto de numa segunda fase os mesmos desainformações e dicas que o mesmo posparecem, podendo a situação passar dessa usar em caso de necessidade, não é uma for- percebida ou ser confundida com qualquer oumação sobre sobrevivência ao frio. Não deixe tra. Se está a acontecer connosco ou estivermos mesmo assim de ler com atenção, porque por sozinhos será muito difícil apercebermo-nos, vezes uma simples dica pode ser o suficiente porque as capacidades cerebrais podem estar para lhe salvar a vida. diminuídas, mas podemos sempre estar aten-

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S.O.S. (Sobre)viver ao frio

tos aos que nos rodeiam. Muitas situações de hipotermia são confundidas com simples cansaço, por isso é preciso estar atento a pessoas prostradas, sonolentas, com rigidez muscular e alterações suspeitas na memória e na fala. O povo Inuit costuma usar a técnica de tocar com o polegar no mindinho, pois se não o conseguir fazer já está em hipotermia. Se for preciso assistir uma vítima de hipotermia temos de ter várias noções presentes: Não a aquecer demasiado rápido, porque podem surgir arritmias cardíacas, hidratá-la com bebidas não alcoólicas e não muito quentes, mantê-la na horizontal, calma e fazendo com que vá aquecendo de forma gradual. Sempre que possível chame socorro especializado ou conduza a vítima a um hospital, mesmo que a mesma apresente melhoras. As queimaduras por frio acontecem normalmente quando a temperatura da pele desce abaixo dos zero graus e se começam a formar cristais de gelo nas células, acabando por as matar. As queimaduras dão-se por norma nas extremidades do corpo e em casos mais graves podem mesmo levar a amputações. Quando detetadas, ou quando for possível, as zonas afetadas devem ser aquecidas gradualmente, não devem ser massajadas nem mergulhadas em água acima da temperatura corporal média (como por vezes se pensa), pois os danos podem ser ainda maiores. Estando o leitor sensibilizado para estes dois perigos, seguem então alguns conselhos e dicas úteis para sobreviver ao frio em várias situações: Na rua ou na natureza Utilize o princípio de vestir por camadas, sendo a primeira (a que fica mais junto ao corpo) confortável para a pele e a última impermeável e corta-vento. São as camadas de ar entre as várias peças de roupa que vão servir como isolante e ajudar a manter a temperatura e não necessariamente um enorme e grosso casaco. Use de bom senso e vá testando o que resulta consigo, mas não resista ao que lhe pode parecer exagero: nas últimas vagas de frio polar nos EUA, houve vários depoimentos de pessoas com 8 camadas de roupa. A mesma não deve estar apertada, para não lhe causar problemas de circulação do sangue e o sistema de camadas também é válido para pés e mãos (luva sobre luva e meia sobre meia). Não se esqueça de proteger a cabeça com um chapéu ou um gorro, porque parte do calor se perde por aí. Já várias vezes em campo comecei a sentir frio e a única coisa que precisei de fazer foi colocar um chapéu na cabeça. OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Em casa Se faltar a eletricidade, tenha cuidado com as formas alternativas de aquecimento. As lareiras ou similares são perigosas quando não existe ventilação adequada, podendo acontecer uma concentração elevada de monóxido de carbono. Se as utilizar não se esqueça que tem de ter um bom stock de lenha. Em caso de frio extremo e sempre que possível, concentre toda a família na divisão aquecida, fechando todas as outras, mesmo para dormir. De dia deixe o Sol entrar o máximo de tempo possível, de noite feche tudo, inclusive os estores (se os tiver). De preferência tenha comida não perecível e água para pelo menos 4 dias, primeiros socorros e medicamentes diários também em quantidade suficiente e não se esqueça também de abrigar ou cuidar dos seus animais de estimação. Se não tiver nenhuma forma alternativa de aquecimento, use dos mesmos princípios de vestuário para o exterior: vista por camadas, use um gorro ou chapéu, embrulhe-se em mantas ou no que houver.

para não acumular gases perigosos dentro do habitáculo. Ao fazer rotas potencialmente perigosas onde existe o perigo de ficar preso na neve, gelo ou isolado, tenha especial cuidado com a bateria do seu automóvel, pois se a mesma já tiver muitos anos pode deixá-lo em maus lençóis. Se passar muito tempo, tente fazer algum exercício, porque o espaço limitado do carro não favorece a circulação sanguínea. Bata palmas, bata com os pés, vá mexendo os membros. Se as condições o permitirem, saia do carro, caminhe, faça alguns alongamentos simples e depois volte para dentro para se proteger. No caso de estar perdido, com o carro bloqueado ou avariado, ajude quem o vem socorrer sinalizando com eficácia a sua localização. Coloque visíveis peças de roupa coloridas ou outros materiais, criando movimento e contraste em relação ao ambiente que o rodeia. Conclusão: Nunca é demais referir que este artigo é um conjunto de informações básicas e dicas, não substituindo mais pesquisa e formação na área. No entanto, o conhecimento que adquiriu com esta leitura não é de menosprezar e em conjunto com um pouco de bom senso pode ser o suficiente para lhe salvar a vida ou impedir que você ou a sua família passem por situações difíceis. Se quer aprofundar os seus conhecimentos procure formação credível na área, ou em alternativa se tiver alguma questão ou precisar de alguma explicação adicional, pode sempre contactar-me e terei todo o gosto em responder-lhe. ø

Em viagem de AUTOMÓVEL Se o automóvel avariar, ficar preso num nevão, no trânsito ou mesmo se estiver perdido, nunca o abandone, pois o mesmo dar-lhe-á proteção contra os elementos. No caso de estar perdido, é muito mais fácil localizar um automóvel, do que uma ou duas pessoas a caminhar. Mantenha o seu depósito com o máximo de combustível possível, pois enquanto o mesmo durar vai conseguir regular a temperatura no interior do seu automóvel com alguma facilidade. O depósito cheio terá também a vantagem de evitar que a água existente no circuito de combustível congele. O ideal será ligar o motor e o aquecimento quando estiver a ficar muito frio e depois desligar quando estiver mais agradável ou pelo menos suportável. Devem abrir as janelas periodicamente para arejar o ar no interior do carro e não se esqueça de desobstruir o tubo de escape (se o mesmo estiver atolado na neve) 76

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Luis Varela Formador certificado Instrutor de Bushcraft e Técnicas de Sobrevivência Especialista em Preparação e Resposta a Catástrofes www.luisvarela.pt www.escoladomato.com

Fotos: sxc.hu

No caso de estar a fazer esforços, tenha cuidado com a transpiração que pode molhar as camadas mais junto ao corpo e afetar a regulação da sua temperatura interna. O uso de várias camadas de roupa ajuda-o a regular a temperatura e a prevenir a formação de suor, porque pode ir despindo ou vestindo camadas até estar confortável (nem com frio, nem com calor demais ao ponto de começar a suar). A zona do colarinho deve estar preparada ou fácil de desimpedir para, sempre que necessário, deixar sair a humidade.



Descobrir  Livro Aventura: Expedição Mare Nostrum


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edo percebi que a minha vida seria conquistar o meu espaço, mas foi através da parum bocadinho diferente. Aos 5 anos tilha sobre a nossa riquíssima cultura portuguesa fui viver para Londres com o meu Pai que eu os conquistei. O meu ‘opening line’ pase ali fiquei até aos 11 anos. Longe. sou a ser “hello, i’m Ricardo. From Portugal.” – e Demasiado longe do meu Mar. Do tudo passou a fluir melhor. meu sol. Da minha comida. Da minha família. Da minha Caparica. Do meu Portugal. Foi duro. Cedo percebi que o mundo gosta de nós, os porDemasiado duro. Demorei até aprender a língua tugueses. Aos 8 anos já tinha duas certezas: queria fazer a volta ao mundo à vela sozinho estrangeira que me rodeava. Fui gozado, e usar essa viagem para promover criticado e vítima de bullying mas dePortugal. Já passaram quase 30 pois quem ficava de castigo era eu! “Era muianos. Já fiz a tal volta ao mundo? As saudades de Portugal eram de to natural para Não. ‘Work in Progress’ Mas fazer o meu peito explodir. Estaem milhas navegadas já fiz va farto daquilo tudo mas ainda mim falar de Portugal o equivalente a 3. Sem tradiagora tinha chegado e a data e da nossa cultura. Por ção de vela na família e sende regresso nem sequer estaum lado era o meu orgudo um desporto bastate caro va prevista. Foram 6 anos por lho Português a falar mas e muitas vezes até fechado, terras de Sua Majestade. Mal não foi fácil dar os primeiros sabia eu que estava a cimentar por outro... era uma passos. Lavei muitos barcos e os pilares principais da minha forma de gerir as oferecia-me como voluntário missão: Promover Portugal. saudades.“ em estaleiros e a barcos estrangeiros que passavam por Portugal. Era muito natural para mim falar de Aos 19 anos, atravessei o Atlântico pela Portugal e da nossa cultura. Por um lado primeira vez e aos poucos fui construindo a era o meu orgulho Português a falar mas por outro... era uma forma de gerir as saudades. Aquela vida que sonhava e ambicionava atingir. Sem primeira etapa da minha vida foi absolutamente qualquer possibilidade de ter um barco meu, fundamental. Ao falar do meu país, fui ganhando fui alugando barcos para levar a cabo os meus mais curiosidade e interesse pela nossa história. projetos. Comandei jovens tripulações em 3 Tall Ao falar do meu país, fui conquistando a curiosi- Ships Races, fiz o Lisboa – Dakar à vela sozinho dade e interesse de quem antes me queria bater. ao mesmo tempo que a primeira edição do mítiAprendi a defender-me, a bater de volta (!!) e a co rali, levei uma garrafa de vinho do Porto com

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Descobrir Livro Aventura 80 anos à Raínha de Inglaterra quando ela fez 80 anos e mais uma série de aventuras e missões. Na minha busca constante por projetos, viagens e sinergias, percebi que o mundo não sabe bem onde fica Portugal e que os próprios portugueses reclamam por “sermos pequenos.” Ora, segundo consta, o tamanho até nem importa ;), mas se há coisa que Portugal não é, é pequeno! Nem em geografia nem em Alma! Portugal tem 20 vezes mais mar do que terra! Temos a maior zona marítima da europa (ZEE) e com um potencial ma“Portugal tem rítimo imenso. Mas como ex20 vezes mais mar plicar isto em imagens? E aí do que terra! Temos a nasceu a vontade de circum-navegar a ZEE de Portugal, maior zona marítima da sozinho, sem escalas, sempre europa (ZEE) e com um na linha que separa o Mar potencial marítimo imende Portugal do mar dos ouso. Mas como explicar tros. Foram precisos 8 anos para chegar à linha de partida isto em imagens?“ dessa grande expedição. Mas fiz questão de a fazer bem e com parceiros de Portugal. E fiz bem esperar. Em 2011 adquiri o meu primeiro veleiro. Em 2012 fizemos trabalhos de restauro e inúmeras melhorias nos Estaleiros Navais de Peniche. Os meus projetos em 2012 deram trabalho a mais de 300 pessoas! O barco cumpriu a sua missão graciosamente e em 24 dias estava completa a missão de mostrar a Portugal e ao mundo a real dimensão de Portugal! Levei comigo uma jovem gatinha, a Soneca Maria, e vivi momentos maravilhosos numa viagem abençoada que em OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Descobrir Livro Aventura

todos os seus instantes me mostrou que eu estava perfeitamente alinhado com o que tinha de ser. E o que tem de ser tem mesmo muita força! Num tributo a todas as pessoas que me ajudaram a atingir essa viagem mas também para partilhar as espetaculares imagens que fui captando ao longo do projeto, decidi escrever um livro. Trata-se de uma edição limitada de autor, onde apenas se fizeram 1000 exemplares, com capa dura, em grande formato e com 180 páginas e cerca de 200 fotos a cores. Muito mais do que um simples livro sobre vela, o livro Expedição Mare Nostrum fala de sonhos, de risco calculado, da importância da equipa e na força de acreditar – no fundo, alguns dos temas que eu abordo nas dezenas de palestras que faço um pouco por todo o mundo para dezenas de milhares de pessoas por ano. Hoje, com 36 anos, preparo a minha próxima grande expedição: Portugal – Brasil à vela sozinho, no âmbito do Mundial de Futebol. Será o maior evento à escala global que fala a nossa língua. E assim é porque há mais de 500 anos Portugal foi à vela para o Brasil. O veleiro já está a ser preparado em Peniche enquanto eu treino na Fisiogaspar em Lisboa. Aliás, é precisamente na Fisiogaspar que eu estou neste momento, a escrever este texto e onde passos os dias em fisioterapia e treino com esta fantástica equipa. Ao longo da semana vou fazendo as minhas reuniões com media, parceiros e team, além das palestras em empresas e universidades. Esta é capaz de ser a primeira vez na minha vida que dedico tanto tempo a mim mesmo. Havia sempre algo mais importante para fazer do que me dedicar a mim! Como pai e empresário, tenho sempre uma logística e agenda bem cheia e ao longo dos anos, confesso que fui deixando de ligar a mim. Como de forma saudável, não como carne há mais de um ano e pratico algum desporto regular. Mas nunca ao nível de empenho e horas que agora estou a investir. Se há coisa que o mar me tem ensinado é que ele encontra todos os nossos pontos fracos e que é fundamental gerir bem as nossas energias e ter tempo para parar. E é isso que estou a fazer agora, a poucas semanas de partir para o Brasil, numa viagem que poderá demorar 40 dias. Serenamente a mil, estou a ter tempo para mim, com o objetivo de levar a cabo a minha melhor expedição de todas rumo a terras de Vera Cruz. Ao leitor que amavelmente me acompanhou nesta breve viagem, desejo muita saúde e aventuras, e sempre em equilíbrio com o que é mais importante: a Família.ø Ricardo Diniz Navegador Solitário www.RicardoDiniz.com OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Descobrir  PR2 MTG - Rota do Javali

O MEU ENCONTRO COM JAVALIS


Descobrir PR2 MTG Fotos: Paula Correia

“Desde de 2006 faço caminhadas por todo tipo de locais, embora as serras sejam a minha preferência.”


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“Depois da barriga cheia, a subida íngreme tornou-se ainda mais dura, até chegar ao ponto mais alto deste percurso (Vale do Buraco) para depois regressar à vila de Manteigas.”

s caminhadas são acima de tudo aproximação de pessoas e culturas. Desde 2006 faço caminhadas por todo tipo de locais, embora as serras sejam a minha preferência. A vontade e a sensação simbiótica do contacto direto com a natureza tem-me feito procurar mais e mais percursos já sinalizados ou andar à aventura por montes e vales. E foi isso mesmo que fiz na minha última caminhada em 2013. Encerrei o ano com o PR2 – Rota do Javali em Manteigas, em pleno Parque Natural da Serra da Estrela.

Fiz esta caminhada no dia 15 de dezembro, dia fantasticamente azul e sem humidade. Uma grande sorte porque facilitou imenso. A escolha do percurso foi exatamente pela beleza e porque nesta altura do ano apetece mesmo caminhar com “cheiro” a frio e “sabor” a sol. Depois da chegada a Manteigas e respirar aquele ar gélido, num ambiente branco de geada, tive que arranjar forças, logo para a primeira subida. Desde o início, fiquei com a sensação de despedida do Outono: muitas folhas caídas, verdadeiros tapetes castanhos e árvores completamente despidas. Avistei por algum tempo, a Ribeira de Leandres (afluente do Rio Zêzere) que, devido à ausência de chuva dos últimos tempos, corria muito timidamente entre os vales escarpados. Vi, finalmente o Poço do Inferno, cascata natural de 10 mts, de que tanto se fala e destaca, quando é referida a vila de Manteigas e a própria Serra da Estrela. É um local emblemático que detém um percurso próprio (PR1 86

– Rota do Poço do Inferno) e também é possível visitar de carro. Aliás, aconselho qualquer um dos 16 percursos marcados deste concelho.

Foi no Poço do Inferno a paragem para o pequeno – almoço e claro, registar o momento. A par com estas linhas de água estão várias espécies folhosas e resinosas que tornam a paisagem mística e eu até diria cinematográfica, que fazem crescer uma vegetação muito rica em alimentos para todo tipo de animais, incluindo o javali. Um dos fenómenos naturais que me chamou à atenção nestas paisagens, foram as cascalheiras fragmentos rochosos “pendurados”, que pareciam cair a qualquer momento. Depois da barriga cheia, a subida íngreme tornou-se ainda mais dura, até chegar ao ponto mais alto deste percurso (Vale do Buraco) para depois regressar à vila de Manteigas. Se a vista panorâmica para Manteigas no início do percurso com a luz do sol a descer assemelhava-se a um manto a destapar-se, no regresso, por entre as folhosas o cenário mais parecia um postal de uma “qualquer” vila típica recortada e colada como se fosse um puzzle. No regresso, a descida foi cuidadosa pelo tipo de calçada em pedra coberta com o tal cobertor castanho (folhagem), que felizmente estava bem seco. Não aconselho fazer este percurso com humidade. Poderá ser muito escorregadio. É claro que a neve poderia dar um contraste único à folhagem e teria

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Paula Suzana da Silva Correia pupkys@gmail.com

FICHA TÉCNICA Tipo: Circular Extensão: 11 km’s Duração: 5 horas Altitude: 720 -1306 mts Dificuldade: Média - Alta Ponto de Interesse: Poço do Inferno Local: Serra da Estrela Informações úteis: www.manteigastrilhosverdes.com

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sido um adorno natalício perfeito. Em alguns sítios onde o sol não deu “o ar da sua graça” a geada permaneceu intacta durante todo o dia. Antes de continuar a descrever as maravilhas este percurso, preciso de falar das emoções contrastantes que me causaram. As sensações foram bem diferentes. As maravilhas que visualmente me despertaram contrastaram com a tristeza ao ver os resquícios dos grandes desastres que de naturais não têm nada. Nos últimos anos, as nossas florestas têm travado uma grande luta para sobreviver, que quanto a mim, luta muito desigual, onde o homem se apresenta acima de tudo e todos. Parece-me importante mostrar que é ao contrário. As nossas serras oferecem-nos a nossas sobrevivência, dão-nos tudo o que têm e nós, seres humanos, é que somos muito pequenos perante o seu equilíbrio natural e imponência. O agradecimento pelas suas dádivas, o respeito e a preservação de todas as áreas verdes, sejam elas grandes ou pequenas, deveriam fazer parte da nossa consciência, não é verdade? No final da caminhada não poderia faltar o repasto para repôr as energias. Comi, ou melhor saboriei no Restaurante Santa Luzia as típicas feijocas, javali, cabrito, truta, umas sobremesas caseiras… deliciosamente indescritíveis. Para quem queira conhecer melhor o Parque Natural da Serra da Estrela, a oferta turística é muito variada, a gastronomia é muito tradicional e fielmente caseira e as atividades de lazer estão disponíveis para todo o tipo de visitante em qualquer estação do ano. Já sei qual é a pergunta que paira no ar...e a resposta é não, durante todo o percurso não vi nenhum javali. Ainda bem. Fica uma última curiosidade: “A Lã e a Neve”, livro de Ferreira de Castro que descreveu ao mais ínfimo pormenor e de forma fidedigna, estas paisagens naturais do concelho de Manteigas. Em 2014 as aventuras vão continuar...ø

DICAS Não fazer caminhadas sozinho sem ter qualquer tipo de experiência, ou sem guia; Usar roupa e calçado adequado e levar uma muda de roupa suplente;

Observar as condições meteorológicas;

Levar água e reforço alimentar;

Obter informações sobre os percursos antes de iniciar a caminhada;

Estar atento às marcações;

Ter sempre um meio de contacto;

Levar um Kit de primeiros socorros;

Respeitar o ambiente: não danificar as espécies, não deitar lixo para o chão e praticar co-transporte.

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Fotos: Rui Dantas

1st Madeira Canyoning Film Festival


O CAMadeira respondeu ao desafio lançado por alguns praticantes pertencentes ao clube e organizou a primeira mostra internacional de filmes sobre canyoning, tendo esta edição do Madeira Canyoning Film Festival decorrido nos dias 14 e 15 de dezembro no auditório do PARQUE ECOLÓGICO DO FUNCHAL. O primeiro objetivo dos organizadores foi a divulgação dos canyoning´s da Madeira, e por outro lado, incentivar a realização de mais vídeos sobre a modalidade. Para uma 1ª edição esta iniciativa revelou-se um sucesso, com um total de 21 películas apresenta- na ilha da Madeira. A exclusividade deriva do fato das, das quais 17 em concurso, nas três catego- de grande parte destas práticas decorrerem denrias, Publicidade, Free Video e Documentário, e tro da floresta Laurissilva, que com as condições e exuberância patenteadas por esta floresta as restantes extra competição. na Ilha, podemos garantir tratar-se de Para além do elevado número de filum caso único no mundo. mes apresentados, superior ao iniA maior parte dos trabalhos aprecialmente esperado pela organi“Este filme, sentados foi na categoria “FREE zação, houve uma boa resposta através do desafio VIDEO”, aberta a todos os indos praticantes locais, que lançado pelas imagens, teressados, onde a competição praticamente encheram o aufoi elevada e a decisão muito ditório do PEF. apela à participação dos difícil. Com a boa resposta dada pelo espetadores nesta atividaO destaque foi para o trabalho público afeto à modalidade e de alternativa que se deapresentado por Tiago Freitas com o vasto conjunto de pelícom o título “Fastdescenttraisenvolve num cenário culas em competição, este 1st ler”, com um ritmo elevado e madeira Canyoning Film Festinatural, (...) “ muita ação durante uma descida val tem tudo para andar, e ser um de canyoning, imagens sublinhadas caso sério nos próximos anos. por uma música muito bem escolhida Mas vamos aos acontecimentos. O proe marcante, cheia de força, que acentua a digrama continha duas partes destintas, uma a decorrer no dia 14, sábado, com a apresentação nâmica que o realizador tenta transmitir a todos dos filmes em concurso, e consequente decisão quantos desfrutam do filme. E consegue. do júri. Para o dia 15 ficou reservada a ação prática e de convívio, que atendendo ao número de inscritos foi necessário dividir em dois grupos. Um grupo desceu o Ribeiro Frio Superior e o outro a Ribeira das Cales, o seu troço superior. No que concerne ao concurso, coube ao presidente do júri, Rui Rodrigues, anunciar quais os vencedores nas respetivas categorias, e as razões que definiram as opções tomadas. Assim sendo, a película “Canyoning Madeira Island” apresentada pela empresa Harmony in Nature foi a vencedora na categoria PUBLICIDADE, vocacionada para as empresas que recorram a filmes para promoverem a atividade. Este filme, através do desafio lançado pelas imagens, apela à participação dos espetadores nesta atividade alternativa que se desenvolve num cenário natural, belo e exclusivo, quando praticado OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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ano de 2013 fica na história do canyoning em Portugal através do evento levado a efeito pelo Clube de Aventura da Madeira no passado mês de dezembro.


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A forma bem estruturada com o trabalho é apre- madeirenses, as técnicas utilizadas, e as perisentado foi outro dos aspetos realçados pelo júri. pécias vividas numa época onde não havia mais Conseguindo contar uma história com princípio praticantes, nem equipas de socorro, ou até mesmo telemóveis. Um regresso ao passado meio e fim, em 2,31 min., este trabalho através de imagens inéditas. introduz o espetador dentro da ação, O júri achou importante distinguir sem deixar passar os aspetos téccom uma “Menção Honrosa” o nicos, ambientais e lúdicos as“Conseguindo trabalho intitulado “Canyoning sociados à prática do canyocontar uma história na Ribeira de João Delgado, ning. que devido à qualidade do filNa categoria “DOCUMENcom princípio meio e me, estrutura e montagem, era TÁRIO” registou-se apenas fim, em 2,31 min., este da mais elementar justiça esta um concorrente, com o título trabalho introduz o nota por parte dos responsá“Abertura da Ribeira da Horespetador dentro da veis pela análise dos trabalhos. telã”, com base em imagens Esta justa atribuição vem tamrecolhidas no ano de 1990, ação, (...)“ bém distinguir um grupo de pratidurante o mês de fevereiro, por Izamberto Silva e Rui Dantas. cantes que nos últimos tempos tem Com um conjunto de imagens de apresentado uma dinâmica invulgar uma das primeiras descidas realizadas nesta modalidade, quer na abertura de noem Portugal, e como tal, dos primeiros registos vos trajetos, quer na elaboração de filmes sobre de imagem sobre a modalidade existentes no as descidas e ainda no desenvolvimento de ações país, os responsáveis por esta apresentação mos- em trono do canyoning. O Fast Descent Canyotram os primórdios da atividade realizada por ning Team, é esta a designação do grupo, tem já 90

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Descobrir Evento um vasto conjunto de filmes publicados na internet, fruto da dinâmica atrás referida, apresenta um muito bom nível técnico e prático, sendo, quanto a mim, o grupo que na atualidade pratica com mais frequência descidas de maior nível de dificuldade. Jovens entusiastas, que aliam a forma física à capacidade técnica, e que têm provado uma capacidade acima da média nas práticas que desenvolvem. Por tudo isto, foram merecedores da distinção atribuída. Para 2014, a organização planeia lançar o evento num novo patamar, mais exigente, com mais divulgação e mais público, e que segundo António Ferro, “ …que possa ser um excelente veículo para trazer o canyoning até à população em geral, e ao turista em particular.” Este responsável do CAMadeira conseguiu traduzir em ação a ideia de uns quantos praticantes, arriscando mesmo, com a sua dedicação e saber, tornar esta “ideia” num caso sério no panorama do Canyoning em Portugal. ø Rui Dantas OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

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Atividades Outdoor MOTO 4 Um passeio inesquecível de Moto 4 no Guincho e Cascais! Durante o passeio terás todo o apoio necessário para que a tua experiência em Moto 4 seja fantástica e recheada de adrenalina! Duração Média da Atividade: 1 Hora Dificuldade: Média Mais Informações: Guincho Adventours Tel: 934479075 Email: guinchoadventours@gmail.com

WORKSHOP COMPOTAS E LICORES Venha aprender como se confeccionam os licores e compotas de forma tradicional e com produtos caseiros. Aproveite a nossa promoção de fim-de-semana e desfrute de uns dias agradáveis, fora da agitação urbana, para conhecer a região de Ponte de Lima e provar alguns produtos regionais. Duração Média da Atividade: 1 Dia Local de encontro: 9:30h na Casa do Eido da Devesa, Ponte de Lima Mais Informações: Oficina da Natureza Tel: 936 077 462 Email: info@oficinadanatureza.pt

curso de sobrevivência invernal Workshop de técnicas de sobrevivência em condições invernais e neve. O campo base será no Covão d’Ametade, onde teremos que lidar com as baixas temperaturas e neve/gelo da Serra da Estrela e onde iremos ter as partes mais técnicas: fazer e transportar fogo, cozinhar em condições invernais, kit de sobrevivência invernal, primeiros socorros, preparação para a progressão em terrenos nevados, abrigos expeditos. Duração Média da Atividade: 2,5 dias de atividade 2 noites em acampamento Mais Informações: 7 Cumes Tel: 962744072 Email: info@7cumes.pt

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Atividades Outdoor

Paintball Jogos de tinta, com marcadores de paintball, uma experiência única, que leva ao extremo as sensações de adrenalina, medo e coragem. Ideal para grupos de amigos e incentivos lúdicos empresariais. LOCAL da Atividade: Termas do Vimeiro Duração Média da Atividade: 2 Horas Mais Informações: Experience Sport Tel: 966 498 909 Email: reservas@experience-sport.com

ESCALADA E RAPPEL EM SINTRA A ação desenrola-se no famoso Penedo da Amizade, por baixo do Castelo dos Mouros. Por trilhos sinuosos alcançamos a base deste fabuloso penedo, que nos oferece vistas únicas dos exóticos palácios de Sintra e de toda a linha costeira para Norte. Aqui encontramos uma variedade de vias de Rappel e Escalada que garantem diversão e desafio para todos. Duração Média da Atividade: 3 Horas Dificuldade: Iniciação Mais Informações: Equinócio Tel: 912 222 268 Email: info@equinocio.com

PAINTBALL KIDS Agora os mais jovens também já podem experimentar a fantástica emoção de um jogo de Paintball em total segurança. Um programa totalmente inovador, indicado para crianças dos 8 aos 11 anos. Este programa é ideal para as festas de aniversário dos mais pequenos e poderá ser realizado em zona coberta em caso de chuva. Duração Média da Atividade: 2 Horas LOCAL DA ATIVIDADE: Parque Aventura Sniper Mais Informações: Parque Aventura Sniper Tel: 21 9694778 Email: info@sniper.pt

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Atividades Outdoor Programa Ascensão da Serra O Programa Ascensão da Serra pode ter a duração de 1 a 3 dias. O cenário da atividade é o Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros e desenvolve-se tendo como base o usufruto, contacto e exploração da natureza. Em atividades superiores a 1 dia, os participantes pernoitam no Abrigo da Montanha – Serra Aire. Duração Média da Atividade: 1 a 3 dias NÚMERO MÍNIMO DE PARTICIPANTES: 12 Mais Informações: Aventur Tel: 962748550 Email: geral@aventuralazer.com

Gruta da Utopia Esta é uma das mais belas grutas da Arrábida onde se pode observar vários tipos de formações, tais como estalactites, estalagmites, excêntricas, gours, tubulares etc. A progressão é semi-horizontal apresentando uma passagem vertical feita em escada de joli (escada tipo corda), trata-se de uma gruta acessível para quem tem à-vontade física ou alguma experiencia espeleológica. Duração Média da Atividade: 1/2 dia (manhã) Dificuldade: Médio / Alto Mais Informações: Vertente Natural Tel: 210848919 Email: actividade@vertentenatural.com

Trilhos da Pastorícia Sair e acompanhar o pastor com o seu rebanho de cabras e cães de gado, é uma experiência única! Em terras de lobos, vamos seguir por caminhos de pé posto, passar por aldeias de montanha, conhecer o antigo fojo do lobo, visitar um museu etnográfico e saborear boa gastronomia. Tudo isto em plena Serra da Cabreira. Um programa de ecoturismo de 1 dia a não perder! Duração Média da Atividade: 1 Dia Dificuldade: Moderado Mais Informações: Montes de Encanto Tel: 936 077 462 Email: info@ montes-de-encanto.pt

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Atividades Outdoor

Challenger Aventura Utilizando como base uma prova de orientação, será proposto aos participantes, em alguns dos pontos de controlo, diversos jogos de perícia e gestão que deverão ultrapassar em equipa. Uma característica reconhecida, nesta atividade, é a possibilidade de desenvolver nos participantes o espírito de liderança e de equipa. LOCAL da Atividade: Caminha NÚMERO MÍNIMO DE PARTICIPANTES: Não tem limite de participantes Mais Informações: MinhAventura Tel: 962023674 Email: info@minhaventura.com

OFERTA FORMATIVA Descubra a oferta formativa da Tobogã A Tobogã - Desporto, Aventura e Lazer, é uma empresa de animação turística especializada em canyoning, com guias profissionais e internacionais (pela Comissão Internacional de Canyoning – CIC). Sendo os nossos princípios de atuação, a segurança, a excelência e a responsabilidade, comprovámo-los com uma carta de conforto do Grupo de Intervenção, Proteção e Socorro (GIPS) da Guarda Nacional Republicana (GNR) que pode ser consultada aqui. Aproveitamos também para lhe dar a conhecer o nosso Plano de Formação para 2014. Poderá encontrar todas as informações em: Oferta formativa Tobogã 2014

Algarve Selvagem em BTT Uma travessia com paisagens muito variadas, com inicio em Odeceixe e primeiro dia nas encostas norte da Serra de Monchique e passagem pelo ponto mais elevado do Algarve – Fóia com 902m. Trilhos com vistas soberbas e por densa vegetação mediterranica da Serra. Duração da Atividade: 4 dias em BTT Dificuldade: Exigente Mais Informações: Caminhos da Natureza Tel: 962543289 Email: info@caminhosdanatureza.pt

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Atividades Outdoor LOUSÃ SERRANA Uma caminhada pelas encantadoras encostas de xisto da Serra da Lousã. Durante o percurso iremos passar pelo castelo da Lousã, ermidas da Nª Senhora da Piedade, Central Hidroeléctrica da Ermida, por soutos centenários e pinhais, aldeias de xisto restauradas passando por trilhos tão inóspitos como belos. Visitaremos as aldeias típicas do Talasnal, Vaqueirinho, Chiqueiro e Casal Novo. Duração Média da Atividade: 4H30 A 5 Horas Dificuldade: Média / Alta Mais Informações: Aventuris Tel: 963 542 439 / Email: geral@aventuris.com.pt

Team BUilding MUitAventura De uma forma saudável e divertida vai poder entrar nesta grande Aventura e conhecer a mítica vila de Sintra de uma forma diferente! Sintra, Património Natural e Parque Natural, o team building é guiado por um GPS Outdoor, em equipa, uma mistura de circuito florestal (junto ao Castelo dos Mouros) e urbano. É um jogo que puxa pela sua imaginação, criatividade e destreza de raciocínio. Obriga a um trabalho de equipa o que torna tudo muito mais divertido. Este Team Building poderá incluir questões dadas pela empresa, tornando o evento personalizado e mais envolvente na marca. Mais Informações: MuitAventura Tel: 967 021 248 / Email: mail@muitaventura.com


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Adaptado

Joana Santos e a importância do Judo Social

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Devido ao problema de nascença que afetou a audição da judoca, esta não se inibe com a sua dificuldade e compete junto dos atletas que não padecem desse problema, conseguindo superiorizar-se na sua categoria (-63 Kg). As suas ligações ao Judo começaram desde muito cedo, representando o Judo Clube do Algarve, Joana iniciou-se na modalidade por iniciativa do seu pai. As conquistas têm aparecido e o seu palmarés começa a ficar recheado. Em 2009, Joana com 18 anos, tornou-se Campeã do Mundo nos Jogos Surdolímpicos, competição que decorreu no Taipé. No ano de 2013, a sua participação voltou-se a repetir nos Jogos Surdolímpicos e a sua defesa de título foi digna de uma campeã, cedendo “Em 2009, Joana apenas na final contra uma atleta ucraniana. com 18 anos, tornou-se

Campeã do Mundo nos Jogos Surdolímpicos, competição que decorreu no Taipé..“

Em termos nacionais, durante os seus anos de júnior foi conquistando todos os seus títulos, demonstrando o seu crescimento e o seu espírito competitivo, não virando a cara, nem mesmo com as limitações físicas que apresenta. Sendo exemplo disso, a excelente campanha que teve no último Campeonato de Seniores, realizado em novembro passado, onde conquistou o segundo lugar, cedendo na final. Joana Santos é um forte exemplo para todas as pessoas, mostrando que por vezes a forte componente psicológica ultrapassa algumas barreiras físicas, influenciando positivamente o rendimento dos atletas. O Judo é um excelente exemplo da diversificação, conseguindo ser a atração de muitos judocas, que sofrem de anomalias físicas, como o caso de falta de visão e de audição. Em Portugal, esta modalidade com o símbolo da UNESCO, considerada como a melhor a ser praticada pelas crianças, tem apresentado um enorme crescimento, fortalecendo a componente social, preocupando-se na integração de todos e adaptando-se às diferentes realidades. ø Ana Lima Comunicação

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oana Santos é uma atleta especial, não conseguindo ouvir o que à sua volta se passa, tornou-se uma judoca excecional, com excelentes resultados internacionais. Proveniente de Faro, Joana com 22 anos trabalha afincadamente, cheia de ambição e com muita qualidade para continuar a vingar no mundo do Judo.


Espaço APECATE “Because it’s there.” George Mallory

Foto: Paulo Rocha

Montanheiro ou Turista?

Alpes Dolomites


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Dirão os mais críticos que esta definição ainda baralha mais os conceitos existentes e não ajuda a clarificar os mesmos. Dar-lhes-ei razão. O montanhismo tem tido nas últimas décadas uma evolução que dificulta a sua própria definição e, como tal, qualquer tentativa de o definir constituirá uma árdua tarefa que não desejo a ninguém. Mas esta definição ajuda-me a mim a perceber por que o parapente não é considerado montanhismo, assim como o ski alpino, ao contrário do ski de travessia, da escalada clássica (já que tenho alguma dificuldade em aceitar que a escalada desportiva possa ser considerada montanhismo, uma vez que se autonomizou da própria montanha). Acresce a esta dificuldade, o facto de historicamente o montanhismo se ter confundido com a ascensão a cumes ou montanhas.

Alpes Dolomites

Foto: Bruno Gravato

Espaço APECATE Montanhismo Turismo Bicicleta

alar sobre montanhismo carece desde logo de uma definição consensual sobre o que é o montanhismo. De facto, basta fazer uma pequena pesquisa pelas diversas instituições oficiais, reguladoras, formadoras e outras, para perceber que o conceito de montanhismo não é constante e que algumas delas são mesmo contrárias, na sua matriz conceptual. Sem querer contribuir para a profusão de definições, que não é útil a ninguém, mas para efeitos do presente artigo, será prudente avançar com uma definição de montanhismo, apenas válida para o tempo que demora a leitura deste artigo. Assim, entenda-se por montanhismo: “O conjunto de atividades de montanha, que vivendo da montanha, permitem ao indivíduo um contacto direto com a natureza e com o ambiente que o rodeia, isto é a Montanha”.

marcha de montanha, ascensão de cumes e ski de travessia (uma definição aberta de montanhismo permite a sua adaptação a todo o momento, o que permite incluir de imediato atividades que vão ganhando dimensão e importância). Para se entender o que se vai passar ao nível do montanhismo e das suas atividades nucleares, basta olhar para o que se passou com o ski desde o segundo quartel do século passado. Na verdade, o ski cedo percebeu que focar o praticante na parte divertida da atividade seria aquilo que o transformaria num destino turístico de importância mundial. Não se trata de retirar o esforço individual, mas na focalização desse esforço na parte mais divertida. A falta de tempo para apreender ensinamentos e experiências importantes à própria atividade e a aversão ao desconforto, mas

Foto: Tiago Lagarto

Por outro lado, as fronteiras das diversas atividades não são tão claras como eram há 50 anos atrás. O ciclismo invadiu as montanhas com as BTT’s, a canoagem os rios de montanha. As atividades com suporte no meio físico ar, como o parapente, são hoje praticadas em ambiente de montanha e o hipismo está com cada vez maior expressão nos raids de montanha. Mas o contrário também se verificou, com as modalidades de índole montanheira a saírem das fronteiras onde nasceram, isto é a montanha. A escalada é, quanto a mim, o melhor exemplo, sem esquecer os passeios pedestres cuja explosão dos últimos anos os expandiu para todo o tipo de terreno, inclusive ambientes urbanos. Assim, permitam-me que, para efeitos deste artigo, entenda por montanhismo o conjunto de atividades de montanha como escalada clássica, OUTDOOR Janeiro_Fevereiro_Março 2014

Pirinéus

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Foto: Paulo Rocha

Espaço APECATE

“Na verdade, o ski Colocação de Crampons no Glaciar cedo percebeu que Perito Moreno na Argentina focar o praticante na também o tempo limitado de parte divertida da ativiférias e a consequente intodade seria aquilo que o lerância ao imprevisto, afitransformaria num desnal característica marcante das atividades de montanha, tino turístico de imfizeram o resto. Hoje, para faportância munzer ski alpino, não é necessário dial.“ saber mais do que a técnica básica

Foto: Paulo Rocha

de descida e controlo do equipamento. A indústria turística encarregou-se de fazer o resto: meios mecânicos para subir evitando desta forma a demorada tarefa de o fazer pelos seus próprios meios; controle de avalanches e serviço de pistas, que retirou aos turistas a necessidade de compreender a montanha e perceber de neve; hotéis, bares e similares que permitem uma vida de conforto após o encerramento das pistas sem o desconforto da vida em montanha invernal; aluguer de equipamento que permite o uso sem o esforço da manutenção. Tudo na indústria turística do ski foi orientado para o máximo prazer com o mínimo de esforço e conhecimento. E resultou!

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Embora mais lento, o processo no montanhismo já começou. E ainda bem! Ainda bem que já começou e ainda bem que seja mais lento. Em Portugal, temos vindo a assistir a uma explosão no número de pessoas que habitualmente escolhe a montanha para aí realizar as suas ativida-

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Foto: Nómadas

“Wake up please, Breakfast is ready!...” Foi sem surpresa que ouvi um guia chileno, no

Rota do Mineiro

Espaço APECATE Montanhismo Turismo Bicicleta Foto: Paulo Rocha

des. A marcha de montanha tem vindo a ganhar uma enorme importância no âmbito das atividades consideradas de montanhismo. Através dela, cada vez mais pessoas vão tendo contacto com a montanha e acedendo a locais até há bem pouco tempo de “acesso restrito”. Todas as modalidades de índole “montanheira” beneficiam com este aumento do número de montanheiros (ou turistas?!), pois o inevitável contacto com a montanha leva a um maior contacto com outro tipo de atividades e, como consequência, a um maior número de praticantes. É este aumento de pessoas que, lenta mas de forma constante, levará (ou levou) o montanhismo a abraçar o turismo de forma consistente, e onde este último ganha uma importância cada vez maior. Sou um purista, e entendo que um montanheiro difere e muito de um turista de montanha, ainda que os dois se encontrem a realizar a mesmíssima atividade. O primeiro vive a montanha de forma incondicional, compromete-se com ela, aprende a viver com o que a montanha lhe reserva; o outro aproveita o que a montanha tem de melhor, como base da sua atividade, e dispensa de bom grado o que esta significa de sacrifício, de desconforto e de compromisso. É na satisfação destas necessidades, ou se quiserem, na eliminação destes ”sacríficos” que o turismo de montanha, ligado ao montanhismo, se desenvolveu e desenvolverá ainda mais no futuro.

Madeira

acampamento Dickson, no Parque Natural Torres del Paine, dirigir-se a uma das tendas ali montadas a proferir esta frase. Nos dois dias anteriores tinha-nos acompanhado um grupo de pessoas que, recorrendo a uma empresa local, estava a fazer o mesmo itinerário que nós. Ao contrário das nossas mochilas que variavam entre os 11 e os 16 kg, transportavam apenas uma pequena mochila, com (imagino) água, alguma comida e eventualmente um agasalho. Dormiam em tendas que se encontram permanentemente montadas, que não transportavam, e as refeições eram confecionadas pelo staff da empresa contratada. Portugal tem potencial turístico no montanhismo. Ao contrário dos nossos vizinhos, não abundam os desafios extremos de montanha, mas tem na ligação com as pessoas e produtos locais uma das suas maiores riquezas. Quando, no final de uma conferência em Miranda do Corvo, um aluno me dizia que Portugal não tem hipóteses de competir com a Espanha e França, pois eles têm os Alpes, os Pirenéus, os Picos da Europa e Gredos, e nós não temos nada que se lhes compare, eu respondi-lhe: “sim é verdade, mas nós temos pessoas nas montanhas, é nessa diferença que as empresas têm de apostar!...”ø Paulo Rocha Associado colaborador da APECATE Email: paulo.rocha@cumes.pt

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A fechar BTL - BOLSA DE TURISMO DE LISBOA Os Açores são o destino nacional convidado da próxima edição da BTL, que decorre de 12 a 16 de Março de 2014, na FIL, em Lisboa. Esta escolha reflecte a aposta da maior feira de turismo nacional na temática da sustentabilidade e do ecoturismo, tendo em conta a crescente procura e desenvolvimento deste segmento turístico. Mais informações em www.portalaventuras.clix.pt

cork Trail Running Coruche recebe no dia 27 de Abril 2014 a primeira edição do Cork Trail Running 2014, numa organização do Coruche Outdoor Adventure Club e da Trilho Perdido. Num concelho considerado Capital Mundial da Cortiça, o montado assume um papel importante na paisagem natural existente ao longo do percurso deste evento. Por entre esse montado, surgem Trilhos caracterizados por uma beleza natural impar que irá receber todos os participantes. A prova possui 3 percursos diferentes: Trail (22km), Mini-Trail (12km) e Caminhada (6km). Mais informações em www.portalaventuras.clix.pt

EDIÇÕES ANTERIORES DA OUTDOOR Descubram todas as edições laçadas, as histórias, os desafios e as aventuras contadas nos 13 números anteriores. As revistas estão disponíveis em formato digital e são de consulta gratuita. Acompanhem também as npvidades da Outdoor no Facebook em www.facebook.com/RevistaOutdoorDigital Saibam mais em www.revistaoutdoor.pt

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Já conheces a agenda outdoor semanal do Portal Aventuras? Descobre a atividade à tua medida e parte à descoberta... Por Terra, Água, ou Ar, a aventura não vai faltar. Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt

TRUQUES E DICAS Já conheces a secção Truques e Dicas do Portal Aventuras? Semanalmente novas dicas para poderes partir à aventura em segurança, ficares na tua melhor forma, enfrentares novos desafios e muito mais!

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A Fechar

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