Newsletter n10

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Newsletter Numisma nยบ 10 | Setembro de 2015



As palavras e as frases Raridades, Eduard Niepoort, a moeda reproduzida no catálogo, Jorge de Brito, Alexandrino Passos, entre outras são uma constante nos 1345 lotes da Parte II do leilão Algarve. O leilão 103 da Numisma começou há mais de 70 anos. Foi no início da década de 40 do século passado que um numismata que sempre se interessou pelas artes, iniciou a sua colecção de moedas. Até essa altura a sua preferência eram os selos mas o convívio com um coleccionador do sul de Portugal, entusiasmou-o. Foi assim que, a partir de 1943, começou a ganhar forma uma das mais importantes colecções de moedas portuguesas. A Parte II da colecção Algarve será leiloada nos dias 12 e 13 de Outubro, com muitos exemplares raríssimos, alguns de que se conhecem apenas uma ou duas moedas. O colecionador e as moedas são “velhos” conhecidos da Numisma. Há três anos foi à praça a primeira parte desta colecção, com importantes e raras moedas de ouro de Portugal e do Brasil. Agora, é a vez da prata. Há belos e raros exemplares de moedas dos reinados de D. Fernando e D. João III. Da época fernandina merecem destaque o Real F, o Meio Real F, o Forte, o Meio Forte e o Tornês de Busto com a palavra Lisboa. Do tempo de D. João III a grande referência é o Tostão LV e muitos Reais portugueses dobrados, raros. As moedas da Índia, mais de 700, são também uma parte importante desta colecção. Como recorda Teixeira de Aragão na sua monumental obra “Descrição Geral e Histórica das Moedas Cunhadas em Nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal”, as oficinas mone-

tárias da Índia Portuguesa foram estabelecidas em Goa, Cochim, Diu, Baçaim, Ceilão, Malaca e Damão. Mas “nem todas estas casas usaram marca da fábrica”, acrescenta o autor, e por isso “se torna hoje impossível o distinguir algumas”. A colecção tem moedas de prata, cobre e calaim, desde D. Manuel I a D. Carlos I. É o testemunho de um colecionador experiente que sabia o que queria. Foi uma das primeiras pessoas a visualizar a famosa colecção Niepoort, quando Jorge de Brito a colocou à venda, em meados da década de 70. Aliás, viria a adquirir centenas de moedas, muitas delas muito raras, desta colecção. Presença assídua em feiras nacionais, estava sempre atento ao que se passava em relação à moeda portuguesa, a sua preferida e a única à qual dava muito valor. Foi uma das grandes paixões da sua vida. Grande parte das moedas que foi adquirindo serviram para os desenhos do livro de Ferraro Vaz, e mais tarde para as fotos do livro de Alberto Gomes. Este numismata do Algarve que conseguiu reunir uma fabulosa colecção de moedas de Portugal e colónias foi muito importante para a história da Numismática em Portugal Javier Saez Salgado


D. Fernando

1367-1383

O Meio Real F, do qual são conhecidos apenas dois exemplares, é a “estrela” das moedas fernandinas do leilão de Outubro da Numisma. Para a moeda portuguesa D. Fernando não foi apenas mais um rei. Contribuiu para a valorização artística das cunhagens em ouro e mandou cunhar moedas de prata e bolhão, que surgiram a partir de 1369, quando se vivia já uma grande pressão económica devido aos conflitos com Castela. Teixeira de Aragão admite como provável que as moedas de prata cunhadas no início do reinado de D. Fernando, “assim como os Torneses de D. Pedro I, fossem mandados recolher e desfazer, para depois de ligado o metal se lavrar a moeda de bilhão feita durante a guerra com Castela”. Do mesmo reinado vão ainda à praça mais raridades: Real F, Forte, Meio Forte e o Tornês de Busto com a palavra Lisboa.

Diz Fernão Lopes, citado no livro de Aragão, que “dos Torneses poucos se lavraram, o que até certo ponto se confirma pela sua raridade”.

O rei D. Fernando, o último da primeira dinastia da monarquia portuguesa, envolveu-se em diversos conflitos com Castela, o que provocou uma crise na economia. Alguns maus anos agrícolas e surtos de peste agravaram ainda mais a situação, aumentando a tensão social. A sua morte abriu uma crise dinástica em Portugal devido ao casamento da sua única filha legítima, D. Beatriz, com o monarca castelhano D. João I


D. Afonso V

1438-1481

Um Leal e vários Reais Grossos, com destaque para um do Porto, com um P gótico, e outro de Toro, são as principais raridades da época de D. Afonso V apresentadas neste leilão. O Real de Toro foi mandado cunhar pelo monarca naquela cidade castelhana – assim como outras moedas em ouro e prata – para assinalar a sua ambição em governar as coroas de Portugal e Castela. Uma ambição que caiu por terra em 1476, quando foi derrotado na batalha de Toro.

Para financiar esta operação militar a Coroa portuguesa contraiu empréstimos no valor de 80 milhões de Reais, o maior pedido de toda a Idade Média portuguesa. O monarca ficou para a história como o Africano pois continuou as campanhas militares no norte de África iniciada nos reinados anteriores. D. Afonso V mandou cunhar moeda em Lisboa, Porto, Ceuta e Toro

D. Manuel I

1495-1521

A colecção que a Numisma apresenta no leilão 103 tem um exemplar raro de D. Manuel I: um Tostão LV. Segundo Teixeira de Aragão, foi aquele monarca que mandou cunhar pela primeira vez estas moedas em Portugal e recorda a Damião de Góis: “mandou forjar de novo os tostões, que são os quartos dos portuguezes de prata, branca, cõ ha mesma divisa, escudo, letreiro dos portuguezes de ouro, de que cada tostaõ ual çinquo vintes, e cada vintes vinte reaes brãcos”.

A cunhagem dos Tostões terá começado antes de 1509. O rei D. Manuel I está para sempre ligado às Descobertas e a um ciclo de prosperidade e glória para a Coroa portuguesa. Foi no seu reinado que se descobriu o caminho marítimo para a Índia e Brasil e conquistaram-se várias praças em Marrocos. A expansão levou o monarca a acrescentar ao título de rei de Portugal a frase “da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia”. A construção de dois dos principais monumentos de Lisboa – a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos – teve início no seu reinado


D. João III

1521-1557

Um novo Tostão LV, uma nova raridade. É assim que se pode definir esta moeda de D. João III, um monarca que, no início do seu reinado, continuou as cunhagens do seu pai, D. Manuel, tendo mudado apenas alguns nomes. Uma lei de 1538 interrompeu a cunhagem dos Tostões e Meios Tostões, substituídos pelos Reais Portugueses ou Dois Vinténs.

Uma ordenação de 1555 mandou cunhar de novo os Tostões, Meios Tostões e Vinténs.

Mecenas e “patrocinador” da educação, promoveu a abertura da Universidade de Coimbra, em 1537, e lançou as bases para a Universidade de Évora, que viria a ser criada no reinado seguinte. Foi D. João III que estabeleceu em Portugal o Tribunal da Inquisição. No domínio colonial este monarca passou a focar-se mais no Brasil e na Ásia, optando por abandonar algumas terras conquistadas no norte de África. Chegam a Portugal os primeiros Jesuítas com a missão de evangelizar os territórios brasileiros e asiáticos. Na cidade da Baía instalou-se, em 1548, o primeiro governador-geral do Brasil

D. Sebastião

1557-1578

Novamente o Tostão e novamente raro. Desta vez é do reinado do jovem e bélico rei D. Sebastião, derrotado e morto na batalha de Alcácer-Quibir, aos 24 anos. O Tostão foi uma das primeiras moedas de prata mandadas cunhar pelo monarca, ainda no tempo da regência de D. Catarina e da mesma lei, peso e valor das do seu avô, D. João III. Os Tostões foram cunhados em Lisboa e no Porto.

Foi no reinado de D. Sebastião que se iniciou a cunhagem de moeda através de processos mecânicos, o chamado “engenho”. Uma das moedas de ouro cunhadas neste reinado foi precisamente o Engenhoso, uma moeda de ouro de 500 reais. A primeira edição de “Os Lusíadas”, a obra-prima de Luís de Camões, aconteceu nesta época, em 1572. Apesar dos avisos sobre os riscos que corria em lançar uma campanha militar no norte de África, o jovem rei conseguiu mobilizar dinheiro suficiente e 16.500 homens, muitos deles sem preparação, para rumar a terras africanas. A morte prematura de D. Sebastião abriu caminho a uma crise de sucessão na Coroa portuguesa que culminaria com a unificação de Portugal e Espanha, iniciada em 1580 e terminada em 1640


D. João IV

1640-1656

Uma Tostão LC datado, com a inscrição de 1641 no reverso, e um Cruzado de Évora carimbado e com orla nova são as raridades do reinado de D. João IV, o rei “restaurador” da independência e fundador da quarta e última dinastia da monarquia portuguesa.

No início do seu reinado determinou a continuação do sistema monetário usado pelos Filipes de Espanha, tendo, mais tarde, optado por mandar cunhar novas moedas. A falta de dinheiro “embaraçou muito o reinado de D. João IV”, conta Teixeira de Aragão. Por isso viu-se obrigado, “para acudir aos grandes dispêndios da guerra, a elevar o preço da moeda, o que despertou a cobiça de particulares, nacionais e estrangeiros; e apesar das leis repressivas que se promulgaram, não se logrou impedir a fraude, principalmente com a moeda de prata”.

O reinado ficou marcado pelos conflitos com Espanha, que levaram a um grande esforço financeiro, obrigando a Coroa a vender alguns bens para cobrir as despesas com a guerra. D. João IV teve, ainda, de lidar com várias conspirações organizadas para o derrubar, todas elas punidas com dureza

Índia Portuguesa

A maior parte dos monarcas portugueses que se seguiu a D. Manuel mandou cunhar moeda no território indiano. A qualidade e raridade desta colecção está bem expressa nas mais de 700 moedas da Índia Portuguesa que são apresentadas no leilão. São sete centenas de testemunhos da presença portuguesa em terras indianas. As primeiras oficinas de cunhagem no território são da época do governador Afonso de Albuquerque (1509-1515). Os primeiros exemplares – moedas de D. Manuel I - foram batidos em Goa, um dos três territórios que, juntamente com Damão e Diu, constituíam os distritos administrativos controlados por Portugal.

No tempo de D. Manuel I foram cunhadas 1/2 Manuel e o Manoel em ouro, o Vintém em prata, o Bazaruco, o Dinheiro, o Leal e o Meio Leal, em cobre. Este tipo de cunhagens, principalmente a de cobre, viria a ser comum nos reinados que se seguiram. Apresentamos moedas muito raras, nomeadamente, Rupias, Pardaus, Xerafins de prata, entre outras


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