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lookatthist caderno de desenho e não só ( ist - arquitectura - desenho )
Jun16
JORNADAS DE DESENHO IST - CMAG Instituto Superior Técnico
Manuel Ramos
Casa Museu Anastácio Gonçalves
nms (Actual galeria CMAG / Antigo atelier JosĂŠ Malhoa)
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ÍNDICE Apresentação do LOOKATTHIST Sobre a CMAG - CASA MUSEU ANASTÁCIO GONÇALVES Resumo do Programa de Desenho Arquitectónico II
PÁG 005 006 008
1º Ano, 2º Sem. Mestrado Integrado de Arquitectura - IST - UL
Sobre as JORNADAS DE DESENHO IST – CMAG
010
ÍNDICE de DESENHOS 1 Jornada holística. Do IST à CMAG. 2 Cidade. Do IST à CMAG. a) Plantas a escalas urbanas b) Cortes e perfis transversais à escala da rua c) Alçados de conjunto – quarteirão d) Axonométricas urbanas e) Perspectivas de espaços públicos 3 Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. a) Plantas (a), Cortes (b) e Axonométricas (d) à escala do edifício – (rúbricas sem desenhos) c) Alçados à escala do edifício e) Perspectivas à escala do prédio f) Elementos construtivos e pormenorização 4 Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. a) Plantas à escala do edifício b) Cortes à escala do edifício c) Alçados à escala do edifício d) Axonométricas à escala do edifício (rúbrica sem desenhos)
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014 016 018 020 022 026
028 032 036
046 050 052
PÁG
e) Perspectivas à escala do prédio f) Elementos construtivos e pormenorização g) Corte construtivo 5 Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores 2) Azulejaria 3) Vitral 4) Serralharias b) Colecções 1) Cerâmica chinesa 2) Pintura e escultura 3) Mobiliário c) Expressão e experimentação visual
054
DESENHO… E NÃO SÓ Bem vindos à maioridade e ao desenho da sociedade
122
Créditos
134
060 068
070 082 086 090 092 096 106 112
124
SĂŠrgio Costa
Lucas Nepomuceno Ferreira
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5 5
lookatthist lookatthist caderno de desenho e não só de desenho e não só) (caderno ist - arquitectura - desenho ( ist - arquitectura - desenho )
Lookatthist é um caderno virtual de divulgação de trabalhos realizados na disciplina de Desenho Arquitectónico do 1º Ano do Curso de Arquitectura do IST. O subtítulo «Caderno de desenho… e não só», além de esclarecer ao que vimos, sugere a abertura a assuntos paralelos ao Desenho e à Arquitectura habitualmente abordados nas aulas. O quinto número do lookatthist reúne desenhos das “Jornadas de Desenho IST – Casa Museu Anastácio Gonçalves” realizados ao longo 2º Semestre do ano lectivo de 2014 – 2015. A rúbrica “… e não só” deste quinto número trata um tema relacionado com o desenho da sociedade, a propósito da consciência dos alunos sobre o custo da propina no ensino superior.
005
Sobre a Casa Museu Anastácio Gonçalves O Dr. Anastácio Gonçalves (1888 - 1965) foi um distinto médico oftalmologista e um grande coleccionador de arte que viveu até morrer numa singular moradia que adquiriu num leilão em 1932, a qual havia sido mandada construir em 1904/05 pelo conhecido pintor José Malhoa (1855-1933) , que encomendara o projecto desta sua casa-atelier ao jovem arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior (1878 – 1962). Mestre José Malhoa, tendo sido um dos primeiros a afoitar-se nas recém-abertas Avenidas Novas traçadas pelo engenheiro Ressano Garcia, pôde escolher para a sua casa-atelier um lote de esquina que, não sendo espaçoso mas admitindo rotação na implantação, poderia proporcionar boas vistas e um invejável desafogo na diagonal da enviesada esquina, bem assim como uma orientação Norte adequada à iluminação de um atelier de pintura, por amplo janelão. Após formação em Paris, o Arq. Norte Junior, que haveria de trilhar uma longa carreira recheada de prémios1, estreia-se nesta casa-atelier com um ecléctico equilíbrio de referências neo-românicas e arte nova que merecerá o Prémio Valmor de 1905. Algo de fundacional ter-se-á assente entre o arquitecto e o mestre pintor em redor de um corpo central de estrita planta quadrada, já que a riqueza de ornamento conjugava-se então com racionais de estrutura interna e de composição constru-
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Oana Matei
tiva. Cuidar da roupagem, não significava desatenção com o corpo e esqueleto. Nem só na pintura a figuração se enaltece a partir da estabilidade da moldura. Décadas depois, nos expansivos anos sessenta, republicano, solteiro e sem filhos Anastácio Gonçalves legou a casa e a colecção ao Estado Português, para que se criasse um museu semelhante ao de Johane Soane e assim servir de “instrução às novas gerações”. Tal veio a concretizar-se com adaptações projectadas pelo Arq. Frederico Jorge nos anos noventa, integrando no conjunto da actual Casa Museu uma moradia vizinha igualmente projectada por Norte Junior em 1907-1908, por feliz coincidência ainda vacante à data desta última remodelação. ___ 1 Seis vezes galardoado com o Prémio Valmor, de 1905 a 1927, em residências unifamiliares, prédios de rendimento e um hotel, distinção só igualada em número por Porfírio Pardal Monteiro.
007
Resumo do programa Desenho Arquitectónico II, 1º Ano, 2º Sem, Mestrado Integrado de Arquitectura IST
Desenho Arquitectónico é uma variante do Desenho centrada na representação de ideias arquitectónicas existentes ou projectadas. Distingue-se da Geometria e do Desenho Técnico por dispensar a régua e compasso (e CAD) e por empregar mais rigor sensitivo do que dimensional; e distingue-se do Desenho artístico por se focar nas ideias e nos objectos e não tanto na investigação plástica ou no percurso autoral. No entanto, quando bem-sucedido, facilmente aflora terrenos comuns, estendendo a fruição para além de si próprio. Desde a Antiguidade e Vitrúvio que as formas de representação arquitectónica estão estabelecidas, embora com apreciáveis variantes, designadamente no nome. Projecções ortogonais, (designação adoptada pela Geometria Descritiva de Monge para as Plantas, Cortes e Alçados) e perspectivas paralelas (axonométricas) e cónicas. (As maquetas, por saírem das duas dimensões e dispensarem a correlativa abstracção, sendo embora representação, não costumam ser trabalhados em Desenho). Desbravar caminho por estes meandros da representação coloca imediatamente problemas de escala. Enfrentamos esta circunstância, admitindo três níveis de aproximação aos objectos arquitectónicos, (1) desenhos à escala urbana ou do conjunto urbano, (2) desenhos à escala do edifício no seu todo, (3) desenhos à escala dos elementos construtivos,
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João Endereço; Defensores de Chaves 27, porta de entrada (Arq. Cassiano Branco)
pormenores e interiores. Nisto consiste sinteticamente o programa da cadeira de Desenho Arquitectónico II do 2º Semestre do 1º Ano do curso de Arquitectura do IST, aprender e praticar desenho percorrendo as diferentes escalas de aproximação aos objectos arquitectónicos e adquirir fluência na linguagem do Desenho à mão livre e à vista desarmada (vem de Rousseau a rebeldia à cópia de imagens…).
009
“Jornadas de Desenho IST – Casa Museu Anastácio Gonçalves” Sendo difícil trazer para dentro da sala de aula objectos que superem em diversidade e interesse o que a cidade em redor tem para oferecer, beneficiando da abertura da CMAG a experiências de interacção pedagógica, encetámos conjuntamente o que designamos por “Jornadas de Desenho IST – Casa Museu Anastácio Gonçalves” distribuindo os temas e objectos da disciplina ao longo do percurso entre as duas entidades, desde o IST ao atelier de José Malhoa, em vagas de progressiva aproximação urbana, construtiva e decorativa. De facto, não faltam motivos de interesse entre o “Campus da Alameda” do IST e a zona de Picoas onda a CMAG se localiza: Jardins do Arco Cego (passado, presente e futuro), Casa da Moeda, do Arq. Jorge Segurado, Av. Duque de Ávila, com a sua reabilitação pedonal e as suas desenvoltas arquitecturas bordejantes, marca de um tempo primordial de maior autonomia dos construtores em matéria ornamental e arquitectónica. Outros exemplos: Av. Defensores de Chaves 27, do Arq. Cassiano Branco, o Colégio Académico do Arq. Álvaro Machado, prosseguindo na Av. Duque d’Ávila, no nº 137, um dos primeiros edifícios projectados expressamente para escritórios, do Arq. João Vasconcelos Esteves; na esquina desta avenida com a Av. 5 de Outubro, dois esmerados investimentos imobiliários um século corrido sobre as primeiras construções; rodando para Sul na 5 de Outubro, novos motivos de interesse à esquerda e à direita até Picoas, com a dignidade do pequeno porte da CMAG a resistir incólume à acentuação das
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volumetrias horizontais e verticais, da Maternidade Alfredo da Costa, do Arq. Ventura Terra, ao Hotel Sheraton, Edifício Avis, etc. Diversidade esta que se desdobra e multiplica ao focar a atenção nos elementos construtivos (portas, janelas, entradas, …), na evolução funcional e estilística ao longo de mais de um século e na utilização pelas pessoas. Um só troço deste percurso já nos daria campo suficiente para estudar e praticar desenho, dispondo de todo o caminho do IST à CMAG, desdobra-se o leque de património arquitectónico em redor do Técnico e o apreço pela invejável situação em que nos encontramos relativamente à cidade. Paralelamente aos referidos exercícios de representação arquitectónica a diferentes escalas, corre finalmente o propósito de um simultâneo percurso pessoal, de registos mais descritivos no início, para outros mais expressivos e experimentais, no final. Entendemos o Desenho como um devotado servidor do entendimento, da realidade à nossa volta e de nós próprios, das nossas ideias, preferências e projectos. CIDADE EDIFÍCIO PORMENORIZAÇÃO, INTERIORES E CONTEÚDOS
011
CIDADE EDIFÍCIO PORMENORIZAÇÃO, INTERIORES E CONTEÚDOS
Miguel Jarroca
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Oana Matei
Renata Vitรณria
013
1
Jornada holística. Do IST à CMAG.
Inês Arribança
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nms
015
2
Cidade. Do IST à CMAG. a) Plantas a escalas urbanas
Inês Arribança
Lucas Nepomuceno Ferreira
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Mateusz Czeczko
017
2
Cidade. Do IST à CMAG. b) Cortes e perfis transversais à escala da rua
Katerina Chatzopoulou
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Oana Matei
Adonis Mermigkas
019
2
Cidade. Do IST à CMAG. c) Alçados de conjunto - quarteirão
Adonis Mermigkas
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Oana Matei
Francisco Pires
021
2
Cidade. Do IST à CMAG. d) Axonométricas urbanas
João Ribeiro
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JoĂŁo Ribeiro
023
2
Cidade. Do IST à CMAG. d) Axonométricas urbanas
Katerina Chatzopoulou
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Lucas Nepomuceno Ferreira
025
2
Cidade. Do IST à CMAG. e) Perspectivas de espaços públicos
João Ribeiro
Afonso Francisco
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Manuel Lages
027
3
Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. c) Alçados à escala do edifício
Gustavo Takata
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Adonis Mermigkas
029
3
Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. c) Alçados à escala do edifício
João Ribeiro
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JoĂŁo Ribeiro
031
3
Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. e) Perspectivas à escala do prédio
Filipa Gabriel
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Gonçalo Sasseti
Gustavo Takata
033
3
Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. e) Perspectivas à escala de um prédio
Manuel Lages
Jessica Rocha
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Miguel Jarroca
Miguel Jarroca
035
3
Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização
Pedro Valério
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Daniel Querido
037
3
Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização
Pedro Valério
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JoĂŁo Ribeiro
039
3
Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização
Oana Matei
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Gonรงalo Sasseti
041
3
Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização
Mateusz Czeczko
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Jessica Rocha
Diogo Alexandre
043
3
Edifício e elementos construtivos. Do IST à CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização
Sérgio Costa
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Sérgio Costa
045
4
Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. a) Plantas à escala do edifício
Filipa Gabriel
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Gustavo Takata
047
4
Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. a) Plantas à escala do edifício
Manuel Leal Ramos
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Oana Matei
Lucas Nepomuceno Ferreira
049
4
Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. b) Cortes à escala do edifício
Oana Matei
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Katerina Chatzopoulou
051
4
Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. c) Alçados à escala do edifício
Oana Matei
Oana Matei
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Oana Matei
Oana Matei
053
4
Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. e) Perspectivas à escala do prédio
Filipa Gabriel
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055
4
Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. e) Perspectivas à escala do prédio
João Ribeiro
lookatthist 5
057
4
Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. e) Perspectivas à escala do prédio
Manuel Lages
lookatthist 5
Lucas Nepomuceno Ferreira
059
4
Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização
Afonso Francisco
lookatthist 5
Adonis Mermigkas
Daniel Querido
061
4
Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização
Filipa Gabriel
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João Ribeiro
João Ribeiro
063
4
Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização
João Ribeiro
Rui Ramalheira
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Renata Vitรณria
Paulina Plotczyk
065
4
Edifício e elementos construtivos. O caso da CMAG. f) Elementos construtivos e pormenorização
Katerina Chatzopoulou
lookatthist 5
Oana Matei
067
4
EdifĂcio e elementos construtivos. O caso da CMAG. g) Corte construtivo
Miguel Jarroca
lookatthist 5
069
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores
João Ribeiro
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071
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores
Gustavo Takata
Miguel Jarroca
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InĂŞs Andrade
Katerina Chatzopoulou
073
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores
Adonis Mermigkas
lookatthist 5
Adonis Mermigkas
075
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores
Adonis Mermigkas
Clara Amaral
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Afonso Francisco
Jessica Rocha
077
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores
João Ribeiro
lookatthist 5
079
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 1) Interiores
Manuel Lages
lookatthist 5
nms
Madalena Guilman
081
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 2) Azulejaria
Joana Oliveira
lookatthist 5
Joana Oliveira
083
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 2) Azulejaria
Joana Oliveira
lookatthist 5
Joana Oliveira
085
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 3) Vitral
Daniel Querido
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087
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 3) Vitral
lookatthist 5
Margarida Fernandes
089
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal a) Artes Decorativas 4) Serralharias
Manuel Lages
lookatthist 5
Mateusz Czeczko
Renata Vitรณria
091
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 1) Cerâmica chinesa
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nms
093
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 1) Cerâmica chinesa
nms
lookatthist 5
nms
nms
nms
095
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 2) Pintura e escultura
Lucas Nepomuceno Ferreira; réplicas em aguarela de pinturas naturalistas da colecção CMAG
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097
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 2) Pintura e escultura
Lucas Nepomuceno Ferreira; réplicas em aguarela de pinturas naturalistas da colecção CMAG
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099
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 2) Pintura e escultura Desenhos da escultura Eva, de João Silva, colecção CMAG
Oana Matei
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Clara Amaral
101
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 2) Pintura e escultura Desenhos da escultura Eva, de João Silva, colecção CMAG
Sérgio Costa
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Lucas Nepomuceno Ferreira
103
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 2) Pintura e escultura Desenhos da escultura Eva, de João Silva, colecção CMAG
Clara Amaral
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Manuel Ramos
105
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 3) Mobiliário
nms
lookatthist 5
Pedro ValĂŠrio
107
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 3) Mobiliário
lookatthist 5
Diogo Pimentel
109
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal b) Colecções 3) Mobiliário
João Ribeiro
lookatthist 5
Adonis Mermigkas
111
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal c) Expressão e experimentação visual
Manuel Ramos; estudos para um folheto.
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113
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal c) Expressão e experimentação visual
Manuel Ramos; estudos para um fo
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olheto.
Manuel Ramos; estudos para um folheto.
115
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal c) Expressão e experimentação visual
Clara Amaral
lookatthist 5
Manuel Lages
117
5
Dos interiores e conteúdos - à expressão pessoal c) Expressão e experimentação visual
Jorge Silva
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Sérgio Costa
119
Fotografia de uma sessĂŁo de desenho na CMAG
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Lucas Nepomuceno Ferreira, João Ribeiro e Jorge Silva numa sessão de desenho da Eva, de João Silva, no estúdio da CMAG.
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Lookatthist, desenho… e não só Reflexo do carácter generalista do Desenho e espelho da abertura das aulas a temas da vida cívica e cultural, aqui se evoca uma questão e um inquérito realizado por ocasião das eleições de Out15 em que a maior parte dos alunos do 1º Ano participaram pela primeira vez como eleitores.
Parar, pensar e desenhar são verbos amigos.
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Mulher sentada; Ana Ilharco
123
Bem-vindos à maioridade e ao desenho da sociedade. (Nuno Matos Silva, Jun16)
1_ Bem-vindos à maioridade As eleições para a Assembleia da República iam ser na semana seguinte, a 4 de Outubro de 2015. Como sempre, apesar dos pesares, a campanha tinha sido empolgante. À minha frente, as turmas de Desenho, uma animada assistência de rapazes e raparigas de 18 anos, recém-chegados a novos patamares de autonomia e maioridade, ainda meio deslumbrados com tanta novidade – curso, faculdade, colegas, professores e, em muitos casos, o próprio alojamento. Lembrei-me de que quando entrei no curso de Arquitectura na ESBAL, não se votava. Era assim antes do 25 de Abril. Talvez os de agora não tenham noção da humilhação que isso representava, não haver eleições1 nem democracia. Sendo a arquitectura amiga da cidade e da cidadania, saudei a chegada a estoutra faceta da maioridade: Bem-vindos à nova condição de eleitores! Têm a partir de agora oportunidade de participar na eleição dos nossos representantes e dessa maneira ajudar a melhorar o mundo e as condições de vida, própria e alheia. Um privilégio e uma responsabilidade. Trocando algumas impressões, percebi que votar não estava entre as prioridades da minha atenta assistência. Pareceu-me oportuno enaltecer o voto, a democracia e os progressos alcançados desde o (meu) tempo em que o poder não era legitimado pela escolha popular. Corolário da renovação
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natural, o país conta com as novas gerações para ajudar a discernir os melhores caminhos. Não faltam problemas por resolver, estamos no fundo da tabela europeia nos índices de desenvolvimento (IDH). O que é que nos mantém no fim da tabela? Confiei-lhes que na minha geração, houve tal consciência da pobreza existente em Portugal que era impossível amar o país sem um compromisso sério de solidariedade com a sua gente. Após amargas frustrações, na ânsia de alguma eficácia, dei por mim a interessar-me pela raiz do problema. Como recuperar o atraso? Se o problema não reside nas pessoas, talvez esteja no modelo. Partilhei a convicção da utilidade de pôr os olhos nos modelos do Centro e Norte da Europa para nos aproximarmos do cerne da questão. P - O que é que eles têm e escasseia entre nós? - Talvez um maior sentido de autenticidade e responsabilidade. Tudo tem a ver com tudo, permitam este pequeno desvio, por alguma razão os arquitectos dos sistemas económicos2 sempre privilegiaram as questões de moral. A Norte parece haver uma maior consciência das coisas e do seu custo. Ponhamos um exemplo. Quanto é que pagam de propina e quanto é que isso representa no custo médio de aluno do ensino superior? Alguém tem uma ideia? ___ 1 Havia eleições no anterior regime do Estado Novo, mas não eram livres nem democráticas, ou seja, não se realizavam com liberdade de expressão e iguais oportunidades para todos. 2 De Adam Smith a Friedrich Hayek…
125
Silêncio na sala. “Não faço a mínima [ideia]…”, disse alguém do meio do grupo. Insistindo em obter uma resposta, para balizar o desvio, percebi que havia quem achasse que a propina era superior ao custo. Estranhei. Ocorreu-me o espanto e vergonha de Sá de Miranda. Suspeitava de algum desconhecimento, mas não tal afastamento da realidade. Por este andar continuaremos a divergir da Europa. Resolvi aprofundar a questão e medir o alheamento. Mesmo sem conhecimentos no ramo, elaborei um INQUÉRITO com três perguntas: A – Qual o valor da propina? B – Qual a percentagem da propina em relação ao custo por aluno do ensino superior? C – Para onde vai ou de onde vem o dinheiro da diferença? Eis o detalhe das perguntas e dos resultados obtidos em 46 respostas3, nas duas turmas do 1º ano do curso de arquitectura do IST, em Setembro 2015:
__ 3 A inconsistência de algumas respostas pode não decorrer do inquirido mas do amadorismo do Inquérito.
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INQUÉRITO: A Qual o valor (X) médio das propinas anuais por aluno do 1º ciclo (1º,2º e 3º X = Ano) de mestrado integrado numa universidade B
Considerando a possibilidade de uma coincidência ou não entre quanto paga (X=valor da propina) e quanto custa (Y) em média um aluno do 1º ciclo de mestrado integrado numa universidade pública portuguesa, pf assinale com uma cruz a relação que lhe parece mais verossemelhante. Y=0,5X
Y=0,6X
Y=0,7X
Y=0,8X
Y=0,9X
2
3
1
3
2
Y=X
Y=2X
Y=4X
Y=6X
Y=8X
Y=10X
1
15
14
2
2
0
C A existir diferença em X e Y, pf assinale com uma cruz a preposição que lhe parece mais plausível. Em caso de X≥Y, a diferença vai para…
1
Actividades da Associação de Estudantes da Instituição
8
Y=X
Em caso de Y≥X, a diferença vem de …
17
Orçamento Geral do Estado (OGE)
Retorna ao Orçamento Geral do Estado (OGE)
4
Receitas próprias da Instituição
0
IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) apoiadas pelo IST
4
Donativos de mecenas, agentes económicos e outros investidores
1
Partidos políticos representados na Assembleia da República
4
Agências bancárias com balcões na instituição e outros “stakeholders”.
4
Bolsas de estudo para estudantes
8
OGE + Receitas próprias da instituição
127
Para seguir o relato, convirá conhecer alguns dados. 1_ A propina por aluno, no 1º e 2º Ciclo é de 1063,47 €. 2_ Embora seja difícil quantificar o custo médio por aluno, dada a imbricação do ensino na investigação (o financiamento provém de várias entidades e rubricas do OGE, em proporções variáveis no tempo) estimam-se valores da ordem de 6000,00 €, os quais ascendem a cerca de 9000,00 € considerando as amortizações dos edifícios e instalações. 3_ Descontando as propinas, o dinheiro necessário para equilibrar os balanços provêm do OGE e de receitas próprias da Universidade, nomeadamente de trabalhos de investigação. Chamam-se receitas próprias por não serem directas e dependerem do desempenho da investigação, mas os fundos acabam por provir do OGE e recaírem igualmente sobre o contribuinte. Nota: O fundo azul nas casas do quadro é tanto mais escuro quanto mais próximo do acerto da resposta. As respostas à pergunta A, mostraram existir entre os alunos uma certa consciência do valor da propina, já que 44% tinham uma noção muito próxima e apenas 18% e 11% se desviaram em mais de 5% e 10% respectivamente. O mesmo já não acontece quanto ao custo do ensino de que auferem, a pergunta B evidenciou um desconhecimento geral. Um quarto dos alunos imagina um custo por aluno inferior à propina e um terço estima-o não superior ao dobro. A pergunta C destinava-se a testar a consciência do destino ou proveniência da diferença que se admitia existir entre a propina e o custo. Se sobra ou se não chega, para onde vai ou de onde vem a diferença? Novamente saltou à vista um grande alheamento. Entre as
lookatthist 5
hipóteses mais díspares, só 18% dos inquiridos acertaram na resposta certa, a dupla cabimentação do OGE e de fundos próprios4. Face a este alheamento5, decidi encarar o assunto e escrever este texto. O compromisso e entusiasmo de ver as novas gerações participar na vida democrática, sugere o dever de facultar o máximo de informação para uma opinião fundada, livre e consciente. Haverá seguramente diversos caminhos para melhorar as condições de vida, mas nenhum defende virar costas à realidade. Sem conhecer o doente e acertar no diagnóstico, dificilmente haverá cura ou melhoras. Adicionalmente, é bom saber a origem dos fundos que suportam os serviços de que se é beneficiário, quanto mais não seja para perceber a quem são devidos agradecimentos pela sorte e privilégio de haver quem os sustente. A inconsciência é contrária à liberdade e não nos retira do fundo das tabelas6.
__ 4 Ambos maioritariamente provenientes da mesma fonte, o bolso dos contribuintes. 5 Desconhecimento da origem dos fundos que sustentam as actividades de que
se é beneficiário, neste caso - o ensino público universitário. 6 Não há volta a dar / direitos e deveres / andam a par / e a maioridade / é alegria a dobrar.
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2_ Bem-vindos ao desenho da sociedade. A história poderia ter ficado por aqui, não fora a oportunidade que abre para falar do desenho da sociedade. Os ganhos de consciência e harmonia que estão no coração do Desenho, extravasam recorrentemente para a sociedade; foi assim por exemplo, com o triunfo do funcionalismo7. Talvez valha a pena ensaiar algum paralelismo. Se não oferece dúvidas convir conhecer a realidade antes de sobre ela actuar, pode-se no entanto questionar a relevância da consciência do custo das coisas no desenho da sociedade. Embora facilite, de facto não existe uma relação directa entre o dinheiro e a felicidade. O mesmo porém já não se pode dizer relativamente à Liberdade. Podemos ser felizes vivendo sem muito dinheiro mas jamais seremos livres vivendo com dívidas. Deduz-se portanto que o custo das coisas impõe-se não por dele depender a felicidade mas por dele depender a liberdade individual e colectiva, sem a qual dificilmente se é feliz. A inconsciência contraria a felicidade. Acolhendo-se assim uma justificada curiosidade sobre o custo das coisas, resta explicar a avultada diferença entre o que se paga de propinas e o custo do ensino, o qual, como vimos, aproxima-se de 1 para 9, se considerarmos todas as despesas e não somente o custo de funcionamento: O salto é enorme, só uma explicação de peso poderá justificar tamanha diferença. Assim é de facto, e ela provém do lado da Justiça. Na verdade, as sociedades progrediram contemplando justos princípios de igualdade de oportunidades, onde sistemas de ensino gratuitos ou acessíveis são condição necessária8.
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Interligando os assuntos, poderemos então dizer que a bem-vinda maioridade, coincidentemente adquirida à entrada do ensino superior, inaugura a possibilidade e o privilégio de cada um esboçar (escolher/eleger) a melhor composição (o melhor compromisso) com os pilares do desenho da sociedade que são a Liberdade e a Justiça. Nenhuma destas traves da civilização existe separadamente e cada uma delas precisa da outra para se desenvolver plenamente. Um homem rico nunca gozará a sua liberdade se rodeado de injustiçadas multidões de pobres; uma catrefa de privilegiados deixam de o ser se amputados de liberdade. A complementaridade da Liberdade e Justiça é assim não apenas imprescindível como decisiva. Ora acontece que, mau grado as inúmeras variantes tendem a agrupar-se em dois modelos alternativos de J L - Justiça e Liberdade ou L J - Liberdade e Justiça, consoante a ordem pela qual se agrupam e o pilar merecedor de maior expectativa. Este é assunto da maior relevância, pois nela se baseia a diferenciação entre os modelos socialista e liberal; Ambos integram estes dois valores a distinção provém do pilar em que se deposita maior confiança para liderar e conduzir à melhoria das condições de vida, individual e colectiva. __ 7 Não foram as rendas e penachos franceses que triunfaram mas o sentido prático
das holandesas e colonos americanos. Ver - Rybczynski, Witold; Home: A Short History of an Idea; 1986, Peguin books. 8 Sem prejuízo da administração da Justiça não dispensar a consciência dos custos e a sociedade fragilizar-se quando confunde o gratuito (ou quase) com a ausência de custo.
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Outro ganho de maturidade observa-se quando nos capacitamos de que a primazia dada a um pilar não significa desconsideração pelo outro. Não há razão para qualquer superioridade moral de um modelo em relação ao outro, já que ambos defendem o melhor para a sociedade e têm uma notável folha de serviços à humanidade. Um catapultou continentes directamente do feudalismo e do colonialismo para o século XX, o outro não tem de que se envergonhar em termos de prosperidade. Seria incorrecto pensar que nos países socialistas não se ama a liberdade ou que nos países liberais não se cuida da justiça. As insinuações contrárias que abundam em campanha eleitoral não desmentem esta paridade primordial. Nada obriga a alinhar ou a assustar-mo-nos com a confusão. Está por provar não ser possível tratar da coisa pública sem enveredar pela desconsideração do próximo9. Expostas as virtudes de um e de outro modelo, o racional da escolha passa por clarificar a base em que se deposita maior expectativa na resolução dos problemas. O desenho da sociedade resultará da síntese que fizermos entre Liberdade e Justiça, numa complementaridade de ordem não arbitrária. Felizmente não há só um caminho, existem dois modelos base e muitíssimas variantes; cabe a cada um e ao colectivo escolher o que melhor possa servir. Suspeito que outra distinção de Portugal em relação aos países do centro e Norte da Europa resida na maturidade do compromisso entre Liberdade e Justiça aí alcançado. Poder-se-á perguntar: O que é que isto tem a ver com Desenho? - Nada, se considerarmos a estética um campo exclusivamente visual, desligado da moral. Tudo, se pelo contrário acolhermos
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boas sínteses e o seu exaltante princípio de economia de meios. “A palavra síntese deriva do étimo grego que quer dizer composição”10. Expressão muito considerada em Desenho e Arquitectura. “O desenho é um devotado servidor do entendimento”. William Lockard
Cabeça de Arquitecto; Pedro Lima
__ 9 Um possível critério de avaliação da bondade das propostas consiste no que elas reservam aos que não as subscrevem. Em limite, Salazar não foi um ditador em virtude das suas ideias mas por subjugar outros a segui-las. 10 António Bagão Felix, Público, 23Abr2016.
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Créditos
Autores dos desenhos: Adonis Mermigkas Afonso Francisco Clara Amaral Daniel Querido Diogo Alexandre Diogo Pimentel Filipa Gabriel Francisco Pires Gonçalo Sasseti Gustavo Takata Inês Andrade Inês Arribança Jessica Rocha Joana Oliveira João Endereço João Ribeiro Jorge Silva Katerina Chatzopoulou Lucas Nepomuceno Ferreira Madalena Guilman Manuel Lages Manuel Leal Ramos
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Margarida Fernandes Mateusz Czeczko Miguel Jarroca nms Oana Matei Paulina Plotczyk Pedro Valério Renata Vitória Rui Ramalheira Sérgio Costa Coordenação e textos: Nuno Matos Silva Desenhos: Alunos do 1º ano do curso de Arquitectura, 2º semestre de 2014/2015 Design e paginação: NMS Data de publicação: Junho de 2016
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Junho 2016
caderno de desenho e não só ist - arquitectura - desenho )