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ES Brasil – Retrospectiva Edição 125 • Dezembro 2015 www.revistaesbrasil.com.br
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SUMÁRIO
CAPA
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Foto: Leo Bittencout/SecomES
Os principais acontecimentos de 2015 sob a análise de especialistas de diferentes setores. Confira o que aconteceu nos diversos segmentos econômicos do Espírito Santo e os possíveis cenários nacional e internacional para o próximo ano.
As Olimpíadas devem trazer certo otimismo para o país, mergulhado em notícias negativas nos últimos 12 meses. Mas e a economia? Podemos esperar uma melhora? Embora não haja ainda uma retomada do crescimento, especialistas acreditam que “o pior já passou”.
ARTIGOS
Foto: Ricardo Bufolin/CBG
12 Perspectiva
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A rlindo Villaschi Calendário e realidade
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A na Paula Vescovi Expectativas para 2016
Foto: Fabio Ricardo Pozzebom
126 Política Administrado pela Operação Lava Jato, 2015 é um ano marcado por embates políticos em defesa de interesses pessoais. Deputados e senadores não foram capazes de desenvolver um projeto de país, enquanto Cunha e Dilma se mantêm na corda bamba. E o quadro para 2016 segue incerto.
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O rlando Caliman
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C lóvis Vieira
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R onald Z. Carvalho
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L uiz Fernando Schettino
Projetando o legado de 2015
O que nos aguarda em 2016?
Marketing: 2016 vai ser pior que 2015?
Inovação: instrumento fundamental para amenizar a crise
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S idemberg Rodrigues Por um novo ciclo
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O que esperar de 2016?
18 Entrevista
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E nio Bergoli
Agronegócio capixaba
Pela terceira vez à frente do Executivo estadual, o governador Paulo Hartung faz um balanço de 2015 e os possíveis desdobramentos em 2016. E fala sobre a importância dos avanços estruturais previstos para o Estado no novo ano e sobre os desafios ambientais que precisaremos enfrentar. 6
A dilson Neves
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L uiz Marcatti
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J oão Luiz Vassalo Reis
Momento de corrigir os rumos
Brasil, uma nau sem rumo revistaesbrasil
EDITORIAL
S
ede dos Três Poderes, a capital federal deveria funcionar como uma “fábrica de soluções” de onde sairiam leis, decretos e medidas jurídico-administrativas em benefício do Brasil. Mas Brasília, que normalmente é responsável em dar os rumos do país e deixar estados e municípios protagonizarem suas gestões, em 2015 foi protagonista no sentido mais pernicioso da palavra. Grande parte dos episódios que impactaram a política, a economia e, consequentemente, os destinos do país de forma negativa, aconteceram, ou ao menos, foram “costurados” por lá. Mesmo a crise hídrica, o desastre de Mariana e a questão do zika vírus envolvem medidas preventivas que deveriam ter sido definidas no âmbito federal. Fato é que vivemos um momento político, social e econômico extremamente conturbado, repleto de problemas surgidos pela desordem ética que toma conta do Palácio do Planalto, do Congresso, de ministérios e também da esfera privada. Ano bastante atípico para o Brasil e o Espírito Santo, 2015 foi sem dúvida um ano que muitos de nós gostaríamos de apagar da história. Alta da inflação, disparada do dólar, perda de nota de crédito, queda no poder aquisitivo, aumento do desemprego e muita insegurança quanto ao dia seguinte. Nesta edição especial, além de trazer um balanço dos fatos mais marcantes, no Brasil e em terras capixabas, reunimos matérias e nosso time de articulistas para enumerar as previsões para 2016, que será de grandes desafios, a começar pela reorganização política. Vamos precisar de muita cautela e criatividade. Haverá ou não impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff? O que acontecerá com Eduardo Cunha e Renan Calheiros, os presidentes da Câmara e do Senado, suspeitos de envolvimento em corrupção? O quanto esses embates ainda irão prejudicar nossa economia? O que podemos esperar de positivo para o Espírito Santo, que vivenciou duas crises hídricas, retração de repasses de recursos aos municípios e ainda as consequências de um acidente ambiental sem precedentes no país? Ao menos, há algo de bom no ar: pela primeira vez a América Latina recebe o maior evento esportivo do planeta, e é bem legal que seja no Brasil. Afinal, as Olimpíadas – que tanto nos Jogos Olímpicos quanto nos Paralímpicos reúnem inspiradoras histórias de superação – devem nos reservar bastante emoção. E vamos ter impactos econômicos e sociais positivos não apenas no Rio de Janeiro, mas também no Espírito Santo. Os problemas a serem vencidos são muitos. Mas não podemos deixar de apontar que os governos Estadual e municipais, empresários, comerciantes e toda a sociedade têm se unido para buscar soluções; isso é muito importante para que a gente ultrapasse a crise e recomece ali na frente mais organizados e fortes. Refletir sobre os maus momentos e sobre as boas coisas que passaram nos permite planejar melhor um novo ano, enumerar em que podemos contribuir para com a sociedade e com o meio ambiente. Refletir sobre a importância de que, qualquer que seja o cenário, a gente não desista de fazer a nossa parte, em prol de um mundo melhor para todos. Boa leitura e que 2016 seja um ano muito feliz! Mário Fernando Souza, diretor-executivo da Next Editorial e editor-executivo da ES Brasil
OPINIÃO DO LEITOR
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“A ES Brasil informa o leitor de maneira precisa sobre o que movimenta o cenário local e nacional. Os textos são bons para quem deseja ficar informado, principalmente sobre as questões políticas do país.”
“As matérias de atualidade são bem interessantes, pois falam de situações do nosso dia a dia, como a crise econômica e a seca, que tanto afetam o Brasil. As entrevistas do mês também são ótimas.”
Adriana Negrão, advogada
Carla Martins, aposentada
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ES Brasil é uma publicação mensal da Next Editorial. Seu objetivo é apoiar o desenvolvimento do Estado do Espírito Santo, apresentando conteúdos informativos e segmentados nas diversas vertentes empresariais.
Diretor-Executivo Mário Fernando Souza Diretora de Operações Julicéia Dornelas
EDITORIAL Editor-Executivo Mário Fernando Souza Gerente de Produto Elisângela Egert Apoio Produção Dayanne Lopes Textos Camila Ferreira, Daniel Hirschmann, Fernanda Zandonadi, Gustavo Costa, Ivy Coutinho, Luciene Araújo, Marcia Almeida, Rodrigo Fernandes, Sânnie Rocha, Vitor Taveira e Yasmin Vilhena Edição de Arte Fábio Barbosa, Thiara Nascimento e Adriana Rios Colaboraram nesta edição Adilson Neves, Ana Paula Vescovi, Arlindo Villaschi, Clovis Vieira, Enio Bergoli, João Luiz Vassalo, Luiz Fernando Schettino, Luiz Marcatti, Orlando Caliman, Ronald Carvalho, Sidemberg Rodrigues Fotografia Jackson Gonçalves, Renato Cabrini, Leonel Albuquerque, fotos cedidas e arquivos Next Editorial. Capa: Gary Yim
PUBLICIDADE Gerente de Publicidade Fernanda Sartório Gerentes de Contas Alex Cota, Carlos Orrith e Eliézer Gomes Apoio Comercial Louise Cavatti (27) 2123-6520 / www.nexteditorial.com.br
CIRCULAÇÃO Gerente de Circulação Aline Rezende Assinatura (27) 2123-6520 I www.nexteditorial.com.br Serviço de atendimento ao assinante Segunda a sexta, das 9h às 18h Edições anteriores (27) 2123-6520 Contatos com a Redação E-mail: redacao@nexteditorial.com.br Telefax: (27) 2123-6500 Endereço: Avenida Paulino Müller, 795 Jucutuquara – Vitória/ES – CEP 29040-715
Periscópio
O acidente ainda está vivo. Como estamos em época de chuvas, a lama continua descendo pela calha do rio e, obviamente, que em uma situação distinta da que acontecia anteriormente, mas ainda com a cor da água ruim” Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, sobre a fiscalização do Rio Doce, após um mês do rompimento da barragem de Mariana (MG)
Foto: Bruno Lira
RELIGIÃO
LEI VAI PROIBIR EXIBIÇÃO DE ANIMAIS À VENDA EM PET SHOPS A Prefeitura de Vitória irá publicar o decreto de lei que proíbe as lojas de pet shops a colocarem em exposição qualquer tipo de animal à venda. Após a formalização do decreto, serão realizados trabalhos de visitação para divulgação da lei e conscientização dos donos de estabelecimentos. “Estamos trabalhando para mudar a mentalidade das pessoas quanto ao trato com os animais. São seres vivos dotados de sentimentos e que requerem cuidado e proteção. Mantê-los enclausurados em uma gaiola para exposição é uma crueldade, assim como a escravização de cavalos nas carroças”, disse o secretário de Meio Ambiente, Luiz Emanuel Zouain.
PEDIDOS DE RECUPERAÇÕES JUDICIAIS AUMENTAM EM NOVEMBRO Os pedidos de recuperações judiciais de novembro ultrapassaram o dobro do volume registrado no mesmo período do ano passado, com alta de 114%, totalizando 112 requerimentos ante 57. No mês de outubro, a expansão foi de 19,6% e, no acumulado do ano, as solicitações aumentaram 46,7% ao passar de 775 para 1.137 ações, o maior volume desde 2006, quando começou a vigorar a Nova Lei de Falências. Os dados, que foram divulgados pelo Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações, mostram ainda que a maior demanda até novembro deste ano foi de micro e pequenas empresas com 589 pedidos. Já os negócios de médio porte fizeram 327 solicitações e os de grande porte, 221. 10
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CATEDRAL É REABERTA APÓS OBRA DE RESTAURAÇÃO A Catedral Metropolitana de Vitória voltou a receber fiéis para celebrações, eventos e visitas, após permanecer fechada por um ano e estar em obras de restauro por quatro. Considerado um dos monumentos mais importantes do Brasil, e de extrema relevância histórica, cultural e religiosa para o Estado, o templo foi reaberto com uma missa celebrada por Dom Luiz Mancilha Vilela. O projeto e a execução dos trabalhos foram coordenados pelo Instituto Modus Vivendi, tendo as empresas Petrobras, Vale e Banestes como patrocinadoras culturais, além do apoio de Governo do Espírito Santo, Instituto Sincades, Cisa Trading, Mafrical, Banestes Seguros e Banestes Corretora. INAUGURAÇÃO
TECNOLOGIA
TOTVS LANÇA APP GRATUITO DE COMUNICAÇÃO INSTANTÂNEA HARLEY-DAVIDSON CHEGA A VITÓRIA Foi inaugurada neste mês de dezembro a mais nova concessionária da Harley-Davidson em Vitória. A loja, que fica localizada na Enseada do Suá, possui uma estrutura de mais de 1.000 m², projetada para oferecer uma experiência única e exclusiva aos apaixonados pela marca. Os ambientes estão divididos em três grandes setores integrados: showroom com exposição das motocicletas, área para venda de Motorclothes e peças, e um espaço especialmente criado para acessórios. “Essa é a prova mais genuína de que a Harley-Davidson acredita no país. Mesmo com o cenário econômico difícil que vivemos hoje, temos uma estratégia de longo prazo que será afetada por momentos pontuais”, diz Flavio Villaça, gerente de Marketing, Produto e Relações Públicas da marca. esbrasil •
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Para impulsionar a produtividade e tornar a comunicação dentro das empresas ainda mais eficiente, a Totvs disponibiliza, a partir deste mês de dezembro, o Fluig Messaging, aplicativo de comunicação instantânea corporativa que pode ser utilizado por qualquer companhia. Além dos envios de textos e voz, é possível salvar arquivos como documentos, fazer edição de imagens e anotação com riquezas de detalhes. Para utilizar a novidade, basta baixar o app no celular e criar uma conta, não sendo mais necessário ser cliente da Totvs ou fluig. O download em smartphones e tablets pode ser feito tanto pela App Store quanto pelo Google Play.
PERSPECTIVA
LUCIENE ARAÚJO Foto: Divulgação
Daniel Mendes, deficiente visual, é um dos atletas capixabas que garantiram vaga para as Paralimpíadas 2016. Nas Olimpíadas estão Alison Cerutti, Anderson Varejão, Larissa França, Natália Gaudio e Renata Bazoni
CAUTELA, CRIATIVIDADE E RECORDES SERÃO AS PALAVRAS DE ORDEM PARA 2016 TUDO INDICA QUE AS INCERTEZAS NO CENÁRIO POLÍTICO CONTINUARÃO PREJUDICANDO A ECONOMIA, E AS OLIMPÍADAS DEVEM TRAZER ALGUMAS DAS POUCAS BOAS NOTÍCIAS DO ANO 12
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altando poucos dias para começar o ano, as incertezas políticas e econômicas parecem aumentar, e 2016 promete grandes desafios e fortes emoções. Ao contrário do que se tem observado nos últimos 12 meses, o Brasil finalmente deverá ser destaque entre as boas notícias em todo o mundo. Afinal, esta é a primeira vez que a América Latina recebe o maior evento esportivo do planeta, as Olimpíadas. Entre os dias 5 e 21 de agosto, para os Jogos Olímpicos, e de 7 a 18 de setembro, para os Jogos Paralímpicos, o Rio de Janeiro será “invadido” por quase 15 mil atletas, de 206 países. E receberemos turistas de todo o planeta, o que deverá representar mais de US$ 1 bilhão somente com gastos dos estrangeiros, de acordo com o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Além disso, estão sendo desenvolvidos milhares de produtos, que projetam movimentação de R$ 1 bilhão no varejo brasileiro, o que significa impacto positivo na economia também do Espírito Santo e ainda na autoestima do capixaba, com os atletas locais já garantindo vaga nas duas competições internacionais. Isso, ainda que por um curto período, deverá tirar o foco dos pedidos de impeachment, cassações de mandatos, caso ainda não tenham sido definidas, prisões de políticos e empresários, disparada do dólar, falta de água e consequências da lama. Mas, ao contrário do esporte, as perspectivas para a política e a economia não são tão positivas. No dia 3 de dezembro, a ES Brasil reuniu um seleto time de debatedores, formado por Arilda Teixeira, professora pós-doutora em Economia da Fucape; Arlindo Villaschi, doutor em Economia, professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e coordenador do Grupo de Pesquisa em Inovação e Desenvolvimento Capixaba; Jorge Luiz Ribeiro de Oliveira, vice-presidente de Operações da ArcelorMittal América Latina; e Regis Mattos, secretário estadual de Planejamento e Economia do Espírito Santo, para o ES Brasil Debate “Desafios e Oportunidades 2016”. A revista ouviu também outros
“O período em que a fartura encobria as nossas deficiências acabou. Não aproveitamos mais essa chance que o mundo nos deu e agora vamos ter de apertar o cinto” – Arilda Teixeira, professora pos-doutorada da Fucape
“É necessário ter uma agenda para lidar com a falta de infraestrutura e a tributação. É complexo explicar para as pessoas de fora o porquê de ser tão difícil fazer negócios no Brasil” – Jorge Luiz Roberto de Oliveira, vice-presidente de operações ArcelorMittal
especialistas em política e economia. Para todos eles, o futuro político do país é uma incógnita, e o modelo de desenvolvimento precisa ser revisto.
POLÍTICA Politicamente, 2016 começará com uma série de “deveres de casa” que não foram cumpridos no ano. Saída ou não de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara e de Dilma Rousseff da Presidência da República e as reformas eleitoral, fiscal e tributária estão entre as pautas empurradas à frente. Os participantes do ES Brasil Debate reiteraram que os embates no Planalto poderão prejudicar bastante a economia em 2016. “No início da Lava Jato, um dos indiciados afirmou que a operação iria paralisar o país, e isso aconteceu mesmo, porque há décadas temos poucas empresas capazes de vencer os gargalos jurídicos e participar das grandes licitações. Falta uma visão de futuro: não sabemos para onde queremos ir”, destacou Villaschi. Ele também fez uma ressalva quanto à corrupção. “É um problema endêmico, que vem aumentando, e não é de hoje. Parece até que temos uma escola de corrupção no Brasil, alimentada pela impunidade. Para melhorar essa situação, é preciso mudar o olhar para nós mesmos. Muitas pessoas cometem pequenas infrações no dia a dia, como subornar um policial para não pagar uma multa, ou deixando de arcar com determinado imposto. Isso precisa mudar”, enfatizou. Há decisões ainda necessárias para reaquecer a economia atrasada. “É preciso ter uma agenda para lidar com a falta de infraestrutura e a tributação. É complexo explicar para as pessoas de fora o porquê de ser tão difícil fazer negócios no Brasil”, frisou Jorge Luiz, da ArcelorMittal. Na avaliação do cientista político Vitor de Angelo, professor doutor da Universidade Vila Velha (UVV), 2016 tende a ser pior, com a continuidade da turbulência econômica, somada ao agravamento da crise política. “Deve-se considerar o tempo que esse ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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RIO 2016 – JOGOS OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS
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Foto: Divulgação
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com medalhas Quase
15 mil atletas “O crescimento que vimos em 2014 e em parte deste ano foi resultado, principalmente, da entrada em operação das novas plantas da Vale e da Samarco. E esse crescimento não vai acontecer mais, principalmente diante da paralisação das unidades da Samarco” Regis Mattos, secretário estadual de Planejamento e Economia
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US$ 1 bilhão
em gastos de turistas no Brasil
Fonte: COB
processo de impeachment vai durar, bem como os desdobramentos da Operação Lava Jato. De todo modo, creio que o país sairá pior de tudo isso. Se Dilma ficar, teremos um Governo ainda mais fraco; se cair, que ninguém se iluda achando que um governo Temer será fácil”, pondera. Segundo ele, do ponto de vista econômico, é possível que haja alguma melhora por causa da eliminação de um fator hoje desestabilizador: a existência de uma presidente que não articula eficientemente sua base para gerir. “Mas a crise não se reduz a ela. Há vários outros atores e elementos em jogo. Eles permanecerão sobre um eventual Governo Temer. Teríamos o PT na oposição, com toda a sua – reduzida, mas ainda importante – capacidade de mobilização social, e um grupo de apoiadores que é alvo da Lava-Jato e outras investigações em curso”, explica.
ECONOMIA Enquanto Estados Unidos, China e mesmo potências europeias demonstram retomada do crescimento, o Brasil não aponta para esse rumo. O boletim Focus, do Banco Central, edição da última semana de novembro, mostra que a estimativa do mercado é de acirramento da inflação e continuidade do processo recessivo. A previsão do Governo em relação ao PIB no próximo ano é de queda de 1,9%, informou o ex-ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que foi nomeado recentemente como novo ministro da Fazenda, após a saída de Joaquim Levy. Pressionada pela desvalorização do câmbio e também pela alta dos preços administrados, como energia elétrica e gasolina, em novembro, a projeção para o IPCA em 2016 já se aproximava do teto da meta, de 6,5%.
“Se Dilma ficar, teremos um Governo ainda mais fraco; se cair, que ninguém se iluda achando que um Governo Temer será fácil” Vitor de Angelo, cientista político (UVV) 14
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Para a economista Arilda Teixeira, o momento é de cautela, e a primeira tarefa para 2016 é concentrar esforços nas políticas monetária e fiscal, “precisam de um tratamento mais técnico e respeitoso.” “O período em que a fartura encobria as nossas deficiências acabou. Não aproveitamos mais essa chance que o mundo nos deu e agora vamos ter de apertar o cinto”. No Espírito Santo, o orçamento global previsto para 2016 pelo Governo do Estado é de R$ 17,051 bilhões, o que representa uma expansão de 6,41% em relação a 2015. E já estão calculados os custos de três concursos públicos para o próximo ano, nas áreas de Saúde, Educação e Segurança Pública. Tais pastas também terão a maior fatia dos recursos orçamentários em 2016 – respectivamente, R$ 2,4 bilhões, R$ 2,1 bilhões e R$ 1,7 bilhão. Quanto às expectativas para a indústria capixaba, que nos últimos anos apresentou resultado positivo ante o restante do país, a projeção é de queda, destaca o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra. “Os dois últimos anos foram atípicos para a indústria capixaba. Em 2014, a indústria nacional teve um decréscimo de produção de 3,2%, enquanto no Espírito Santo o setor avançou 5,6%. E 2015 tem sido um ano pior para a indústria brasileira, inclusive para o Espírito Santo, ainda que a produção física apresente o maior crescimento do país, com percentual de 11,3%, entre os meses de janeiro e setembro. Para 2016, já deveremos nos equiparar à média nacional, o que significa uma queda em nossos resultados”, explicou Guerra. “O crescimento que vimos em 2014 e em parte deste ano foi resultado, principalmente, da entrada em operação das novas plantas da Vale e da Samarco. E esse avanço não vai acontecer mais, principalmente diante da paralisação das unidades da Samarco, embora o impacto ambiental seja muito mais grave”, reiterou o secretário Regis Mattos. Em relação ao comércio, ele defendeu a necessidade de se chegar a um consenso para efetivar uma agenda positiva, o planejamento ainda mais cauteloso para evitar prejuízos maiores e a criatividade para encontrar alternativas. Jorge Luiz, da ArcelorMittal, indica políticas e programas de incentivo à produção. “A gente precisa ter prazer em trabalhar. Alguns programas do Governo incentivam as pessoas a não trabalharem. Tem a agenda do país, mas também devemos ter nossa própria agenda. Emprego simplesmente para gerar emprego não
incentiva as pessoas a trabalharem. O fundamental é acreditar e fazer a nossa parte”, argumentou. A melhoria no modelo econômico brasileiro também foi enumerada. “O agronegócio é a evidência de que o Brasil é capaz de ter setores produtivos competitivos, mas falta investimento. Não temos uma política de Estado eficiente. Não temos política educacional eficaz. Se nós não educarmos, não qualificarmos a mão de obra, não teremos capacidade de sustentar um desenvolvimento econômico”, completou Arilda Teixeira. E a necessidade de mudar os rumos da educação foi defesa unânime entre os debatedores. “É necessário criar novos métodos de ensino que gerem interesse pela educação, que propiciem vivências aos jovens, que ensinem aquilo que realmente será utilizado na rotina de trabalho”, comentou Jorge Luiz. O professor Arlindo Villaschi reiterou que continuar com a educação no “modelo fordista” (de produção em massa) é um grande erro. “O mundo mudou, é preciso reestruturar a metodologia de ensino, que está arcaica, equivocada”, afirmou.
DESEMPREGO Diferentes indicadores apontam continuidade na deterioração do mercado de trabalho. A taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua deve superar os 10% no primeiro trimestre de 2016, com o fim das contratações de profissionais temporários e a continuidade das demissões. “A tendência é de que o desemprego cresça ainda durante alguns meses e alcance taxas entre 11% e 12%, enquanto que há um ano esse percentual era de 4%”, observou Regis Mattos.
PREVISÕES PARA 2016
1,9% de queda no PIB nacional
11% a 12% de taxa de desemprego
6,5% de expectativa de inflação (teto da meta prevista pelo Governo) Fonte: Relatório Focus
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Já na indústria capixaba, as baixas não deverão ultrapassar os registros de 2015, no entendimento de Marcos Guerra. “Os grandes ajustes já foram feitos este ano, e no próximo as baixas deverão ser menores”, sublinha o presidente da Findes. E a mesma tendência deve ser vista nas lojas de varejo. “No comércio, acreditamos que o pior momento para o desemprego já foi testado. Mas isso não quer dizer que teremos no front uma melhora no emprego. Apenas paramos de piorar, o que dentro do cenário atual é uma luz no fim do túnel. O setor já fez o ajuste necessário e daqui para a frente, salvo um fato novo, já está adequado aos tempos complicados que A indefinição dos ainda teremos. Resumindo, paramos de piorar”, processos relacionados a explica o diretor da Federação do Comércio Eduardo Cunha, presidente (Fecomércio) Marcus Magalhães. da Câmara, e a Dilma Rousseff, presidente da Apesar de todos os grandes desafios, República, pode prejudicar há crença em dias melhores para 2016. ainda mais a economia em “Este ano fomos chamados a encarar a 2016 realidade. Não tem atalho para o desenvolvimento. Não existe desenvolvimento sem trabalho, sem vencermos desafios que foram colocados aqui, como infraestrutura, educação e um marco tributário mais justo. E essa compreensão sobre a necessidade de encarar e vencer esses desafios é uma conquista”, acredita Regis Mattos.
“Parece até que temos uma escola de corrupção no Brasil, alimentada pela impunidade. Para melhorar essa situação, é preciso mudar o olhar para nós mesmos” Arlindo Villaschi, professor da Ufes
ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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Foto: Divulgação
Depois da paralisação de oito anos, o Aeroporto de Vitória teve as obras reiniciadas em novembro deste ano. A expectativa é de que sejam finalizadas até 2017 (projeção abaixo)
ORÇAMENTO ESTADUAL
R$ 2,4 bilhões Saúde
R$ 2,1 bilhões Educação
R$ 17 “O setor já fez o ajuste necessário e daqui para a frente, salvo um fato novo, já está adequado aos tempos complicados que ainda teremos. Resumindo, paramos de piorar” Marcus Magalhães, diretor da Fecomércio-ES “O pior já passou, sim. Temos uma ação policial no Brasil em que tanto corruptos quanto corruptores vão pra cadeia, e temos capital humano para fazer diferente. Estamos, sim, plantando um país melhor”, destacou Villaschi.
“Em relação à indústria, para 2016, já deveremos nos equiparar a média nacional, o que significa uma queda em nossos resultados” Marcos Guerra, presidente da Findes 16
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bilhões Orçamento global para Espírito Santo em 2016
R$ 1,7 bilhão Segurança Pública
Fonte: Governo do Estado
DESAFIOS Os graves problemas que o Espírito Santo vem enfrentando – como duas crises hídricas em um mesmo ano, a forte queda na arrecadação de recursos e um acidente ambiental sem precedentes com o rompimento da barragem de Mariana (MG) e a consequente interrupção das atividades da Samarco – devem servir para reflexão, comenta Arlindo Villaschi. “O Estado precisa buscar novas formas de se desenvolver, para deixar de ficar tão dependente das grandes empresas. É preciso dar condições para os pequenos prosperarem e cuidar de verdade do meio ambiente”, reforçou. Regis Mattos defendeu a urgência de se refletir sobre novas posturas. “O desastre chamou atenção para um processo de deterioração muito grande já existente na Bacia do Rio Doce. Essa é uma lição que vale para todo o Espírito Santo”, afirmou o secretário. No mais, além de torcer para que nem a corrupção nem a alta do dólar nem os ataques terroristas brilhem mais que as medalhas de ouro, prata ou bronze, é cada um fazer a sua parte e não deixar de acreditar em dias melhores. Já que esta matéria é sobre perspectivas para 2016, a revista ES Brasil tomou a liberdade de sugerir um início de ano com a reflexão de o quanto somos capazes de contribuir para essa mudança. Feliz Ano Novo!
ENTREVISTA
YASMIN VILHENA E LUCIENE ARAÚJO
PAULO HARTUNG “O TREM SAIU DIVIDIDO DESDE A ELEIÇÃO PRESIDENCIAL PARA CÁ E AINDA NÃO SE REENCONTROU”
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O clima em Brasília está muito difícil. Temos uma crise política e econômica que vem lá de trás, assim como uma crise ética que vem desde os problemas do mensalão”
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ascido em Guaçuí, Paulo César Hartung Gomes completa, no final de 2015, o primeiro ano de seu terceiro mandato como governador do Estado. Economista formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), tendo ocupado cargos importantes na vida política ao longo de sua carreira, o entrevistado do mês da revista ES Brasil fez um balanço destes 12 meses, analisando os fatos que marcaram não só o Espírito Santo como também o Brasil e apontando ainda as tendências para 2016. Prestes a completar um ano em seu terceiro mandato à frente do Executivo estadual, como o senhor avalia estes últimos 12 meses? Eu acho que qualquer balanço precisa se reportar a dois fatores. O primeiro deles, ao que aconteceu nos quatro anos em que estive fora do Governo Estadual, tanto no Brasil quanto no Espírito Santo. O segundo ponto refere-se ao que nós fizemos no debate eleitoral, no pós-debate até a posse e no período depois da posse. O que aconteceu no país entre 2011 e 2014? Um gravíssimo erro na condução da política econômica, pois se apostou na continuidade da estratégia que tinha sido adotada para enfrentar a crise anterior, iniciada em 2008. O que nos diferencia de países como Estados Unidos, Japão e Inglaterra? O que eles fizeram? Eles entraram em uma crise, as economias começaram a reagir, e o Estado conseguiu sair dela. Já o Brasil não, ele se encantou com o intervencionismo governamental e mergulhou fundo num caminho que gerou toda essa desorganização brutal das contas públicas nacionais. A crise foi entrando nas nossas vidas ao longo de quatro anos: é só ver o que aconteceu com o PIB (Produto Interno Bruto) e com a inflação nesse período. Todos os indicadores foram piorando. E esse diagnóstico eu levei para a campanha, pois fui oposição a essa condução da política econômica nacional. Da mesma forma que fizemos o diagnóstico em nível nacional, também avaliamos o que estava acontecendo no Espírito Santo. As despesas correntes se ampliaram numa velocidade incompatível com a receita do Estado. E isso acabou fazendo com que o Governo queimasse a capacidade de investimento com um recurso próprio que foi duramente conquistado até 2010.
fiz foi procurar a Assembleia Legislativa (a anterior, e não esta) e pedir para que o Orçamento não fosse votado, pois era literalmente uma peça de ficção. Depois que eu já era governador empossado, nós tiramos daquela peça R$ 1 bilhão e 300 milhões, ou seja, mais de 9% do valor que estava lá. Imaginem se nós não tivéssemos feito isso? Chegaríamos ao final do ano sem capacidade de cumprir a folha de pagamento. Quais medidas econômicas foram implantadas em sua gestão? Não aumentamos impostos, com a visão de que, em uma hora de crise, dependendo do imposto que se eleva, acelera-se o desmonte de atividades empresariais, que são importantes geradoras de emprego. Também não fizemos securitização de dívida, que na verdade é vender o futuro. Você vende algo, paga um juro caríssimo e ainda toma a receita que o próximo governador teria para pagar as despesas, ou seja, é ele quem paga o pato. O importante é que estamos chegando ao final do ano com a casa arrumada.
Qual o cenário encontrado em 2015 ao assumir o Poder? No início do ano passado, a Ana Paula Vescovi (secretária de Estado da Fazenda), o Haroldo Rocha (secretário de Estado da Educação) e o Rodrigo Medeiros (engenheiro e professor do Instituto Federal do Espírito Santo, Ifes) lançaram um documento que dizia, grosso modo, que as despesas correntes estavam saindo do controle, em descompasso com a receita do Estado. O mundo caiu na cabeça deles: foram chamados de pessimistas, disseram que aquilo não era verdade e assim por diante. Esse levantamento norteou a minha campanha. Ao ser eleito, a primeira coisa que eu ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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ENTREVISTA
Além da reorganização das finanças, quais foram as prioridades de seu Governo neste ano? Quais ações destaca como importantes para a população? Mesmo com a crise, nós conseguimos colocar muitos projetos em funcionamento em 2015, como o Ocupação Social, que é complementar ao trabalho realizado pelas nossas polícias, além do Corpo de Bombeiros e das forças de segurança. Ele é direcionado principalmente aos jovens que nem estudam nem trabalham. Já implantamos um piloto em São Torquato, Vila Velha, e estamos agora realizando um trabalho de pesquisa em mais de 24 comunidades tidas como locais com alto índice de violência. O programa trabalha com a cultura, o esporte e a possibilidade de acesso às novas tecnologias. Ele também introduz na cabeça dos jovens a questão do empreendedorismo. Com esse projeto, queremos criar uma estrada que dê um caminho alternativo para que fiquem longe das drogas e do tráfico. Também estamos fazendo um baita choque gerencial na gestão da saúde pública, que foi o lugar que eu encontrei mais desorganizado no Estado, com despesas sem cobertura orçamentária. Isso me levou a deslocar para a área o Ricardo de Oliveira (secretário de Estado da Saúde), que é um gerente de mão cheia e está ajustando a máquina, que é gigantesca. Já temos alguns frutos, como o nascimento de um novo hospital aqui na região metropolitana. Já temos terreno, o projeto básico, e agora estamos elaborando o RDC (Regime Diferenciado de Contratação), que acelera o processo de contratação de obras, para que já em 2016 tenhamos a licitação de um novo hospital público no Espírito Santo. Quais os avanços do programa Escola Viva desde sua implantação? O que podemos esperar dele para 2016? Estamos hoje com o Escola Viva de São Pedro “bombando” nas matrículas para 2016. A primeira unidade do programa foi implantada em julho deste ano, em Vitória, e a Sedu já vai implantar mais outras três em 2016, nos municípios de Serra, Ecoporanga e Muniz Freire. Até 2018, o cronograma define até 30 modelos de Escola Viva.. Isso é uma reinvenção da escola de ensino médio no nosso país, que é um ponto crítico do sistema educacional do Brasil. Também estamos sonhando em experimentar o Escola Viva no segundo ciclo do ensino fundamental. Quais as melhorias previstas para as rodovias que cortam o Estado? Liberamos um trecho da Rodovia Leste-Oeste, um gargalo importante na região metropolitana. São quatro frentes de obras já liberadas. Vamos ver se Deus nos ajuda a entregar essa obra no próximo ano. Lançamos o edital da Rodovia José Sette e estamos 20
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nos preparando para ir a Cachoeiro de Itapemirim lançar o edital da obra que liga Coutinho a Cachoeiro. Nós não conseguimos resolver ainda a questão da BR-262, um gargalo que temos, mas que está sendo estudado. Eu particularmente acho que só fica de pé economicamente se for uma concessão patrocinada (na qual o Governo Federal entra com algo), pois é muito caro esse trecho de pedras que nós temos no Estado. Também estamos trabalhando junto com o Governo do Rio de Janeiro para colocar de pé o projeto de uma ferrovia ligando aquele estado à região metropolitana do Espírito Santo. Foi anunciada recentemente a autorização para a retomada da dragagem e da derrocagem do Porto de Vitória e para a instalação de um novo Terminal de Uso Privado no Complexo Portuário de Aracruz. Qual a expectativa de retorno dessas duas ações? Trouxemos o ministro dos Portos (Helder Barbalho) ao Estado, e ele assumiu o compromisso de retomar a obra do Porto de Vitória. Se conseguirmos isso no próximo ano, vai ser importante para retomar as linhas marítimas para o nosso Estado. Tudo com o apoio da bancada federal, quero dar muito valor a isso. Outro ponto
Eu tenho valorizado muito o trabalho da bancada federal e conversado diretamente com os ministros e com outros governadores”
A crise foi entrando nas nossas vidas ao longo de quatro anos: é só ver o que aconteceu com o PIB e com a inflação nesse período” importante foi mudar a poligonal do Porto de Barra do Riacho, do Portocel. Isso permite que a Cenibra e a Fibria possam começar o processo de ampliação e diversificação de cargas do porto. Também permitiu que a Imetame colocasse de pé o seu projeto. Lá tem ferrovia, rodovia, aeroporto subutilizado, que pode virar um aeroporto de cargas; e se diversificá-lo com o porto, podemos começar a pensar em trabalhar no sul com o Porto Central, que é uma plataforma logística em que você junta vários modais e dá mais eficiência a esse trabalho. Como o Governo do Estado tem atuado para fortalecer o comércio exterior? Conseguimos retomar aquilo que chamamos de diplomacia ativa, em busca da difusão das potencialidades e dos produtos capixabas e da atração de novos investimentos para o Estado. Fizemos uma missão do Governo à China, chefiada por Luiz Paulo Vellozo Lucas (diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo, Bandes), que foi muito bem-sucedida. Trouxemos
ainda o embaixador José Carlos da Fonseca para reforçar nossa equipe de diplomacia comercial, e agora estamos preparando uma missão a Rotterdam, na Holanda, com a ideia de irmos depois para Singapura, onde está o Jurong. Em 2015 registramos a pior crise hídrica dos últimos 40 anos, trazendo prejuízos para diversos setores capixabas. Como o Estado vem se movimentando para reverter essa situação e quais os avanços já obtidos? Eu já tomei posse criando um comitê para cuidar da crise hídrica no Estado. Estamos trabalhando no fortalecimento dos comitês de bacias hidrográficas – potencializando o programa Reflorestar – e também através do Fundágua, que eu criei em mandato anterior. A crise está ensinando a todo mundo a importância de ter uma nascente preservada dentro de sua propriedade. Mesmo os proprietários, que eram muito resistentes em relação a esse debate, estão sentindo na pele e criando uma consciência de que vale a pena investir. A crise hídrica influencia diretamente a crise energética. O que vem sendo feito pelo Estado para contornar essa situação? Estamos trabalhando junto com o ministro de Minas e Energia (Eduardo Braga) para reforçar a questão do abastecimento de energia elétrica. Alguns projetos importantes já foram para licitação, como a nova subestação no sul do Estado e um novo linhão ligando Linhares a São Mateus. Já temos o linhão Mesquita-Viana ligado, e o de Ouro Preto-Vitória também, e estamos negociando agora um novo linhão Mesquita-João Neiva, para reforçar a região norte, que está crescendo. Iniciamos o ano com expectativa negativa quanto à captação de verba federal, uma vez que quase toda a bancada capixaba eleita não apoiou a eleição da presidente Dilma Rousseff. Mas tivemos importantes obras de infraestrutura autorizadas. Como se deu essa conquista? Eu tenho valorizado muito o trabalho da bancada federal e conversado diretamente com os ministros e com outros governadores. Também conversei algumas vezes com a presidente Dilma Rousseff e temos conseguido fazer andar alguns temas que ficaram meio agarrados ao longo dos anos no Estado. Vamos tentar ver se em 2016 continuamos nessa marcha. Estamos agora trabalhando muito para soltar a obra do contorno do Mestre Álvaro. Já conseguimos chegar ao final do licenciamento e temos depositado no cofre do Estado 30 e poucos milhões de reais. Estamos nas tratativas com o Ministério dos Transportes para podermos dar esse passo também. Qual a avaliação que o senhor faz da crise política que se abateu sobre o país e que impactos pode ter para o Estado? O clima em Brasília está muito difícil. Temos uma crise política e econômica que vem lá de trás, assim como uma crise ética que vem desde os problemas do mensalão. O trem saiu dividido desde a ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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ENTREVISTA
eleição presidencial para cá e ainda não se reencontrou. Acho que quem ganhou não se deu conta do país dividido que teria que governar, e quem perdeu, por algum motivo, também não saiu do palanque. A corda ficou esticada e, com o impeachment agora em curso, acho que esticou ainda mais. Tudo isso dificulta, porque precisamos de um pouco de paz política para poder procurar um caminho para o país sair do atoleiro em que entrou. Eu torço para que essa situação em Brasília se resolva o mais rápido possível, mas dentro dos ritos legais e constitucionais, pois precisamos respeitar isso. Nós temos instituições democráticas, e isso nos difere de alguns vizinhos latino-americanos, que às vezes viram as costas para instituições democráticas. Nós não viramos e não devemos virar nunca, porque é cortar caminho, e não existe caminho simples. Estou defendendo também que o Congresso não faça recesso porque, se foi colocado um problema, este tem que chegar ao final. Tem que desatar esse nó. Estamos enfrentando o mais grave problema ambiental do Brasil, com o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG). O que já é possível mensurar? Essa situação é muito grave, e a responsabilidade é objetiva: é da empresa. Tenho dito isso desde o início. Ela precisa ressarcir aquilo que é possível ressarcir, mas infelizmente há coisas que não podem ser ressarcidas, como as vidas humanas e as comunidades que foram destruídas. O que eu tenho defendido é que os governos mineiro, capixaba e Federal trabalhem no sentido de montar um fundo específico para recuperação. E que, se possível, se crie uma
Nós temos instituições democráticas e isso nos difere de alguns vizinhos latino-americanos, que às vezes viram as costas para instituições democráticas”
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governança que tenha capacidade de agir na área, recuperando nascentes, cobertura florestal e repovoando o rio, pois os peixes morreram. Temos muita coisa para fazer, e a notícia boa é que é possível fazer, pois outros países já fizeram isso antes. Já que estamos falando de crises, não podemos deixar de citar a da saúde, com o surgimento do zika vírus. Como o Estado tem lidado com essa situação? Estamos enfrentando outro desafio com as prefeituras municipais, que é o Aedes aegypti (mosquito transmissor do zica vírus), ainda mais em se tratando de um período em que as chuvas de verão aumentam a produção do inseto. Criamos um comitê no Governo junto com os prefeitos, alocamos do recurso para o desenvolvimento regional a possibilidade de serem usados 30%, pelas prefeituras que o desejarem, no custeio tanto do combate ao mosquito quanto do acolhimento às vitimas. Precisamos ter muita atenção para essa questão. A população também pode fazer a sua parte, cuidando de seus domicílios. Eu baixei um decreto para criar uma rotina dentro do poder público, onde todas as repartições contam com um gerente responsável por avaliar semanalmente todos os pontos do setor público. Temos que dar exemplo para a sociedade. Para finalizar, o que podemos esperar para 2016? Muito trabalho, dedicação e esforço para que tudo que nós conseguimos fazer até dezembro deste ano também consigamos percorrer em 2016, independentemente da crise. Não sabemos o tempo que vai durar, mas torcemos, rezamos e agimos para que, em algum momento, possamos organizar uma fuga dessa crise política, econômica e ética que estamos vivendo.
FATOS
EMPRESÁRIOS DISCUTEM OS PRINCIPAIS DESAFIOS TRIBUTÁRIOS DE 2016
A
Diretoria Regional da Findes na Serra sediou, no dia 7 de dezembro, uma palestra ministrada pelo advogado e diretor regional do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), Alexandre Buzato Fiorot, que falou sobre os atuais desafios da área tributária para as empresas. O evento, que contou com a presença de lideranças empresariais do município, foi organizado pelo vice-presidente institucional da Findes no município, José Carlos Zanotelli.
“O momento que estamos vivendo de crise e dificuldade econômica no Brasil nos obriga a ir em busca de conhecimento para poder manter nossas empresas funcionando e, consequentemente, o emprego e a geração de renda em nossas cidades. Por isso, a regional na Serra tem trabalhado neste sentido, de trazer palestrantes sobre diferentes temas, em especial este sobre a política tributária, que é bem complexa para todos nós. Isso nos ajuda a esclarecer dúvidas e saber enfrentar desafios como os que foram apresentados nesta noite”, afirmou Zanotelli. A boa governança tributária e a revisão na área fiscal das empresas são consideradas prioridades pelo advogado Alexandre Buzato Fiorot, palestrante do evento
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Na palestra, Alexandre destacou que a carga brasileira de impostos e outras obrigações é de 35,42% do Produto Interno Bruto (PIB), um número que chama atenção dos especialistas. Estes afirmam que índices de 30% são preocupantes e que aqueles acima de 35% são indesejáveis porque travam o crescimento da economia. De cada R$ 10 produzidos pelo país, R$ 3,50 são recolhidos em forma de impostos aos cofres da União e dos governos estaduais e municipais. E para se adequar a esse cenário, o convidado tributarista explanou sobre a necessidade e a importância da adoção de uma boa governança tributária, eficiência, coordenação, controle e revisão na área fiscal das empresas. “O empresário deve se atualizar sempre sobre as mudanças na legislação tributária. Uma vantagem do empresário capixaba é que o Espírito Santo tem parte do seu território na área da Sudene, ou seja, tem benefícios com redução de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e, em alguns casos, até mesmo isenção. No campo do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação (ICMS), o Governo Estadual oferece vantagens fiscais como a redução do imposto nas saídas internas e incentivos para importações e para saídas interestaduais, dentre outros”, esclareceu.
Foto: Comunicação Findes
O evento, que foi realizado pela Diretoria Regional da Findes na Serra, orientou os empresários do município sobre as mudanças e as novidades da área tributária
Quem são as personalidades que deram nome às ruas e às avenidas do Estado e qual a importância delas para o desenvolvimento capixaba? Para responder a essas e outras perguntas, a coluna “O Endereço da História” presta uma homenagem às pessoas que tanto contribuíram para o Espírito Santo. Confira.
FLORENTINO AVIDOS – MUITO MAIS DO QUE UMA PONTE COM SEU NOME
P
José Eugênio Vieira é pesquisador com diversos livros publicados sobre a História do Espírito Santo e atualmente ocupa a Superintendência do Sebrae
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or sua importância como instrumento de ligação da ilha de Vitória com o continente, a Ponte Florentino Avidos permanece na memória dos capixabas como a obra mais significativa do governador que deu seu nome a ela. Mas Florentino Avidos foi muito mais do que o responsável pela construção que assegurou acesso ao complexo portuário implantado pelo governo de Jerônimo Monteiro, seu cunhado. Em sua gestão, foram desenvolvidos projetos para estimular o setor agrícola, com investimentos em obras infraestruturais capazes de assegurar escoamento da produção até os centros de consumo, um contraponto ao frustrado programa de industrialização da gestão anterior. Filho de imigrantes portugueses, nosso personagem do mês, terceiro de 10 irmãos, nasceu, em 1927, na Fazenda
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Graciosa São João Marcos, próxima a Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro.
DA ENGENHARIA Á POLÍTICA Florentino Avidos, desde cedo, evidenciou tendência para o estudo da matemática, vocação que o levou a frequentar a Escola Politécnica Nacional, formando-se em Engenharia. Tinha 25 anos de idade quando foi aprovado em concurso público para exercer função pertinente à sua formação acadêmica no Ministério da Agricultura, Viação e Obras Públicas, no Rio de Janeiro, então Capital da República. O imponderável destino o encaminhou para Cachoeiro do Itapemirim, onde chefiou os trabalhos de construção da Usina da Luz, obra do Governo Federal. Tornou-se amigo dos irmãos Jerônimo e Bernardino Monteiro, uma relação que iria definir sua vida pessoal e política. Essa convivência o aproximou
Foto: Leonel Albuquerque
R. Pedro Nolasco Av. Nair Azevedo
Silva
R. Aterro da Condusa
Foto: Divulgação
GPS -20.325014 -40.350944
Po nte Flo ren tin oA vid os
2ª Ponte
de Henriqueta Sousa Monteiro, e foi assim que o amor se impôs à amizade e os levou ao altar. Tornou-se cunhado do futuro governador do Estado, a quem iria suceder no final do mandato. No mesmo ano do seu casamento, em 1887, Florentino Avidos foi designado para dirigir a construção da ferrovia que ligaria Vitória ao Rio de Janeiro. Terminou a obra, mas sua vida foi abalada com a morte da esposa em Belo Horizonte, onde se encontrava em tratamento de grave enfermidade. Enfrentou seu drama pessoal e deu prosseguimento ao seu projeto de vida, aí incluída a vitoriosa incursão no campo da política. Em 1924, foi eleito presidente do Estado do Espírito Santo, exercendo o Governo com exitoso programa administrativo com vistas principalmente à recuperação da economia capixaba. Essa sua presença no Executivo e sua experiência no campo da atividade privada deram-lhe o embasamento necessário para disputar e se eleger senador da República, em 1928. Florentino Avidos morreu no FLORENTINO AVIDOS Rio de Janeiro, aos 86 anos de
Rodoviária de Vitória
Ilha do Prícipe
a Barroso Av. Jurem
2ª P ont e
uel Av. Elías Mig
Rio Santa Maria
Navegue pelo Street View Rua Vila Isabel
Participe da coluna enviando sugestões para enderecodahistoria@revistaesbrasil.com.br
idade, assistido até seus últimos momentos pela sua segunda esposa, a senhora Mercedes Avidos. Uma biografia que justifica a admiração dos capixabas pelo ilustre homem público que soube associar sua visão de técnico de alta competência com as sutilezas da ação política. Mais fotos e vídeos na galeria do site: www.revistaesbrasil.com.br/index.php/ artigos-e-colunas/o-endereco-da-historia
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INFORME PUBLICITÁRIO
SUA CASA PERTO DA NATUREZA E DA CIDADE
Foto aérea do Riviera Park Residence
O
sonho de muitas pessoas é viver em um lugar tranquilo, perto da natureza e com vista para a montanha e para o mar, mas também próximo de facilidades como shoppings, escolas, hospitais, supermercados e centros comerciais. Esse desejo já é realidade para os moradores do Riviera Park Residence, primeiro condomínio de casas de alto padrão de Vila Velha. O empreendimento foi construído em uma área verde de 370 mil metros quadrados, perto do Parque Jacarenema, na Barra do Jucu. Ao mesmo tempo em que se situa em um ambiente sossegado, o complexo fica localizado a menos de dois quilômetros de Itaparica, considerado um dos principais bairros do município, e a nove quilômetros da capital, Vitória. “O morador do Riviera não está tão perto da cidade a ponto de estar dentro do tumulto urbano, mas não está tão longe a ponto de ter que gastar muito tempo para acessar os serviços básicos. Outro diferencial bacana é o trânsito tranquilo da Barra do Jucu. Em cinco minutos você está no Centro de Vila Velha”, ressalta Jean Setúbal, diretor comercial da Galwan. 30
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As áreas comuns e a estrutura básica do empreendimento foram edificados por meio de uma parceria entre as construtoras Galwan e Ápia. A obra foi entregue em dezembro aos moradores, que já podem levantar suas casas e preparar a mudança. A área de lazer se destaca por ser completa, com itens diferenciados que incluem lagoa com trilha para caminhada e corrida, ciclovia,
RIVIERA PARK RESIDENCE •C ondomínio com lotes a partir de 600 metros quadrados • Localização: Rua Hortência, Barra do Jucu, Vila Velha, ES • Área: 370 mil metros quadrados, sendo 7 mil de área de lazer construída • Preço: Últimos lotes à venda. A partir de R$ 320.363,31 (lote 2, quadra 8, tabela de dezembro) • Realização: Ápia Empreendimentos e Galwan Construtora • Vendas: 27 3200-4004 (Galwan)
Praça do Lago
campo de futebol society com gramado natural, pista de bocha, open fitness, pista para patins e ciclismo, rampa de skate, piscina aquecida e coberta, piscinas adulto e infantil, quadra de tênis de saibro, spa e deque molhado. O projeto arquitetônico do condomínio teve como principal objetivo integrar os espaços de lazer ao meio ambiente. Para isso, o Riviera conta com 40 mil metros quadrados de área preservada e, ainda, 40 mil metros quadrados de área verde e de entretenimeto.
CRÔNICA
RESPEITÁVEL PÚBLICO! Por acaso, você já parou para assistir ao finalzinho de uma tarde ensolarada, logo seguida por uma noite de luar? Não?! Você não sabe o que anda perdendo! Chego à varanda do meu apartamento. A tarde cai. Ao longe, no horizonte, a barra do mar tem um colorido especial: azul e rosa. Seria isso uma homenagem ao nosso Estado, que tem essas mesmas cores em sua bandeira? Aos poucos esse colorido vai se perdendo, se esfumaçando. A noite cai de mansinho. No céu, não há ainda uma só estrela; o Sol apagara todas, ao amanhecer. Lindo, louro e vaidoso, ele gosta de brilhar sozinho. Dispensa concorrentes. Estou tão entregue aos encantos da natureza que chego a ouvir uma voz que anuncia: “Senhoras e senhores. Respeitável público! Atentem para o grande espetáculo desta noite! Vamos receber agora, com toda pompa e circunstância que a ocasião merece, a Lua, a deusa da noite! Com vocês, a rainha deste espetáculo!” E então ela aparece, magnífica e iluminada, e como se portasse uma varinha de condão, a Lua começa a acender as estrelas. Acende a primeira – “Primeira estrela que vejo, dá-me tudo que desejo” (Reminiscências afloram. Quantos pedidos feitos!), acende mais 10, mais 100, mais mil, acende uma infinidade de estrelinhas que vão tremeluzir à sua volta. Olhando agora para o céu, todo estrelado e iluminado por essa imponente Lua misteriosa e prateada, tenho ímpetos de aplaudir e gritar em alto e bom som: “Bravos! O espetáculo está magnífico!” Mas me contenho e me conformo em ser apenas uma encantada espectadora,
“O Riviera traz a oportunidade de morar em um condomínio de casas extremamente seguro, ventilado, agradável e com muita natureza em volta. São diversos detalhes que fazem o empreendimento ser diferenciado”, destaca Jean Setúbal. Outro diferencial é o investimento em segurança reforçada 24 horas, com guarita blindada, vigilância motorizada com ronda permanente e controle de acesso para moradores, visitantes e funcionários.
Zéa Galvêas Terra - Cronista zeagalveasterra@gmail.com o que não me impede de confidenciar ao Criador que de fato Ele sabe das coisas. No mar, ao fundo, navios ancorados acendem também suas luzes, tornando tudo ainda mais bonito. Lá embaixo, os carros passam apressados (Por que tanta pressa, hein?!), tão apressados que quem está dentro não consegue ouvir a voz que anuncia: “Senhoras e senhores...” Fico, às vezes, preocupada com as pessoas que escutam, mas não ouvem; enxergam, mas não veem. Daqui de onde estou, sem os recursos das naves espaciais, chego até a Lua e as estrelas, desvendo seus mistérios, ouço o que dizem (“Ora, direis, ouvir estrelas” ... Bilac). São verdadeiros momentos de oração e comunhão com Deus. A Lua continua sua trajetória, arrastando suas vestes prateadas pelo veludo negro do céu, onde as estrelas cintilam. As horas passam, o tempo começa a esfriar. Sinto que é hora de me recolher. Que pena! Mas é o que eu faço. Com certeza, depois de apreciar tanta beleza, terei bons sonhos. Lá fora, o espetáculo continua...
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FATOS
Na pesquisa, Vitória obteve destaque no capital humano, ficando atrás somente de São Paulo e Florianópolis
ÍNDICE DE CIDADES EMPREENDEDORAS
VITÓRIA É A 3ª CIDADE MAIS EMPREENDEDORA DO PAÍS
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itória é a terceira cidade mais empreendedora do país, segundo um estudo elaborado pela Endeavor, organização global e sem fins lucrativos que divulgou no dia 3 de dezembro, em São Paulo, o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE). A capital capixaba, que manteve a posição do ano passado, elevou a nota alcançada: de 7,16, em 2014, para 7,70, em 2015. O destaque ficou no capital humano, com grandes proporções de acesso ao ensino técnico e profissionalizante, boas universidades e baixos custos de contratações. “Não existe fomento ao empreendedorismo se não houver ações que criam
condições para que o empreendedor cresça e se desenvolva, e é isso que a Prefeitura de Vitória tem realizado na cidade, com a instituição dos polos gastronômicos, a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, o acesso ao crédito e a implantação do Alvará Mais Fácil, para citar como exemplos”, enfatizou o secretário municipal de Turismo, Trabalho e Renda, Leonardo Krohling. As duas primeiras colocações foram ocupadas por São Paulo (SP), com 8,45, e Florianópolis (SC), com 8,36. Em quarto e quinto lugares, ficaram Recife (PE), com 6,94, e Campinas (SP), com 6,83, respectivamente. Neste ano, o ICE ampliou a
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Cidades
Índice
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 8º 10º
São Paulo Florianópolis Vitória Recife Campinas São José dos Campos Porto Alegre Curitiba Joinville Rio de Janeiro
8,45 8,36 7,70 6,94 6,83 6,74 6,60 6,54 6,51 6,48
Fonte: Endeavor
análise para 32 municípios, onde foram avaliados 56 indicadores distribuídos em sete pilares que mais impactam a vida do empreendedor: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora.
SALÃO SABORES APRESENTA NOVIDADES NESTE ANO
Os chefs Juarez Campos e Alessandro Eller foram algumas das personalidades que marcaram presença no evento
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Pos.
O Centro de Convenções de Vitória foi palco do 15º Salão Técnico e de Negócios em Gastronomia do Espírito Santo – Salão dos Sabores 2015. O evento, realizado nos dias 23 e 24 de novembro, foi direcionado aos profissionais ligados ao segmento, além de estudantes da área, que puderam conhecer um pouco mais sobre a culinária clássica, contemporânea e regional. Com o tema “Cozinhar é muito mais do que fazer comidas”, o encontro também abordou outros tópicos, como socol, chocolate, finger foods, carnes, fusão de culturas, comida de boteco e reaproveitamento de alimentos. Diversos profissionais renomados foram convidados para as aulas show, entre eles
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os chefs Alessandro Eller, que apresentou a versatilidade do socol e as inovações criadas a partir de pesquisas com o ingrediente; Duaine Clements, que ensinou como produzir finger foods para festas de forma sustentável, aproveitando sobras de produtos regionais; Flávia Gama, que falou sobre as diferentes texturas em chocolate; e Letícia Leite e Caio Lacerda, do Instituto de Gastronomia das Américas, que explanou sobre a fusão de culturas. Consolidado no Estado como uma das principais vitrines do setor, o Salão Sabores se destaca pela oportunidade de intercâmbio de conhecimento com o público, além de realizar o networking e potencializar novos negócios.
IVO NOGUEIRA DIAS
UMQUE JÁ NOVO O ANO SE APROXIMA ANO AINDA ENÃO ACABOU
ste é o momento de desejar a todos nós que o próximo ano possa ser mais feliz. É um momento de reflexão sobre como foi mais este ano em nossa vida. Muita calma nessas horas, pois pouco podemos fazer para mudar o cenário nacional, embora seja claro que devemos alta pouco, muito pouco, para o fim de mais um ano, estar atentos aos movimentos e às oportunidades que de mais um ciclo em nossa vida. É um tempo em que norteiam nosso país; afinal eles nos afetam por inteiro. podem ocorrer avaliações daquilo que planejamos lá No panorama local, teremos eleições para prefeitos e em janeiro e fevereiro e, depois que o carnaval passou e o ano vereadores e, aqui sim, precisamos avaliar, repensar e verdadeiramente começou, descobrimos agora que muito votar conscientes em quem poderá fazer a diferença mais pouco ou quase nada foi mesmo realizado. imediata no nosso dia a dia. Você está nessa situação? Não desanime, pois a maioria das A base de tudo isso está, primeiramente, em nós pessoas chega a novembro com a sensação de não ter mesmo; depois isso se amplia para as pessoas do nosso realizado muito do que se propôs a fazer. relacionamento pessoal, afetivo, profissional. Ou seja, somos parte todo que e interage Portanto, estede é oum momento deage refletir e olharconforme à frente, as ações e reaçõespassa que praticamos. Portanto, se quisermos pois dezembro mais veloz ainda, e vamos ter um mudar algo, de iniciar primeiramente em nós encontro comtemos 2016 mais rapidamente do que imaginamos. mesmos, para depois interagir com os demais. A avaliação do que estamos vivendo passa por critérios dos Há se refletir sobre e todos, e quedoisso possa maisque variados. Análise dotudo momento do país, movimento ser feitoempresarial, com muita calma e tranquilidade. Sugiroespiritual... que político, comercial, pessoal, financeiro, você possa dedicar alguns momentos para estar consigo Para cada um desses tópicos, devemos mergulhar dentro de mesmo, voltado para o seu interior, esvaziando-se de todas nós mesmos e buscar respostas ou, na maior parte das vezes, as aflições, problemas, preocupações. Quero compartilhar questionamentos de por que deixamos isso acontecer ou, com vocês algumas mensagens que, com certeza, ainda mais sério, por que não nos empenhamos para poder vão poder auxiliar muito neste momento tão especial. realizar o proposto. Eis aqui o ponto de partida: É aqui que vem o momento de lucidez e nos propomos a 1 – Desacelere. realizar um novo planejamento, um novo plano de metas Primeiro passo reavaliar tomar fôlego é para o novo anopara que está quasee aí. desacelerar, sair do ritmo e das preocupações que temos A de compartilhar leitores este momento, nofim nosso dia a dia e darcom umaosrespirada profunda antes de listamos a seguir algumas das reflexões que poderão nos qualquer outra atitude. auxiliar a caminhar neste contexto.
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Um bom planejamento a todos. inspiração, vocêum possa ver para o pensar no 1Como – Trace objetivossugiro reais –que Separe tempo vídeo no YouTube: https://youtu.be/aUSD7CQI9KI. que realmente é importante para você! Tenha em mente que só existe uma pessoa responsável por tornar seus objetivos reais: 2 – Não perca o brilho nos olhos. você mesmo! E se a tarefa é sua, nada mais justo do que lutar É fundamental querealmente tenhamoslhe emagrade mentee que é possível por uma causa que lhe faça bem. mudar o cenário, que temos liberdade pra ousar, criar, 2ir–em Tenha objetivos palpáveis – Vocêejájamais sabe operder que quer frente e desafiar a nós mesmos as eesperanças, tem a certeza de que isso é um desejo pessoal. Sente-se, o brilho nos olhos. escreva-os e descreva-os! Então, em vez de colocar apenas: Outra fonte dedescreva reflexãoo eque inspiração em: quer: “emagrecer!”, você realmente https://youtu.be/4KvZ_DpynjM. “Emagrecer com saúde e diminuir 5 kg até o mês de junho/2016”. Diante dessa descrição, ficará mais fácil traçar 3 – Volte a sonhar. seu plano de metas para os seus objetivos. Qual foi a última vez queatingir você sonhou? Eu costumo acordado mesmo, imaginar novas oportunidades, 3sonhar – Determine prazos – Estipule prazos para si mesmo. novoscom desafios, novas conquistas, nesses Pense clareza em quanto tempoe buscar realmente serásonhos necessário inspiração para o meu agir, pois não basta sonhar, tem de para alcançar o objetivo almejado. agir, ir em frente, realizar e com certeza colher os frutos, 4 – Faça seu plano de ação: pronto! – Agora você já sabe o que pois todo aquele que semeia colhe. você quer, de que maneira você quer e qual a data limite para maisquer estesevídeo. mensagem: oCurta que você tornarIncrível realidade. Falta umahttps://youtu. coisa, que fica be/PVvfrQkIe1c. muito simples quando se tem as informações anteriores: qual o caminho fazer com que o que são apenas sonhos 4 – Acredite empara você. em um pedaço de papel se torne realidade visível? Seja mais Tudo dependerá única e exclusivamente de você,uma hora. detalhista: “Malhar três vezes por semana durante conscientize-se disso. A cada dia que você despertar, Manter a dieta indicada por um nutricionista, etc.”. a atitude de levantar e dar o primeiro passo é unicamente 5sua. – Deixe seus planos Talvez seja umpasso dos e É necessária essa visíveis atitude –para daresse o primeiro cuidados mais simples e mais úteis: deixe sua lista sempre partir para os desafios que cada dia nos apresentará. à vista, a fimvocê de que lembre do que desejou, Em 2016, terávocê 366sedias parasempre poder realizar ainda prometeu e vai cumprir! mais. As dificuldades virão e deverão ser enfrentadas determinação. sonhos ser ampliados 6com – Tenha disciplinaNossos – Se você seguirdeverão todos esses passos, eterá emelaborado momentoum algum devemos deixar de ter brilho nos ótimo planejamento, coerente e claro! olhos e a certeza de que somos mais que vencedores. Daí só tem uma coisa a fazer: cumprir o que você mesmo elencou como importante para sua vida! Feliz 2016. Sucesso!
LUIZ FERNANDO LEITÃO tiragosto@revistaesbrasil.com.br
PRATOS DO DIA Quem Matou a Criatividade Andrew Grant e Gaia Grant (com Dr. Jason Gallate)
LÁ NO FIM DA LISTA
MOQUEQUINHAS • Vitória ganhou sua Concessionária Harley Davidson
Foto: Divulgação
Antologia da Maldade Fabio Giambiagi
Artefacto Vinho Verde
O país mais visitado do mundo é a França (84,7 milhões de turistas), seguida dos Estados Unidos (70 milhões) e da Espanha (60 milhões). O Brasil fica na 44ª posição, com 6,3 milhões. Qual seria o motivo para um número tão pequeno de visitantes num país com um potencial turístico tão grande e diversificado? Pergunte à Royal Caribbean. A operadora de cruzeiros marítimos acaba de anunciar o fim de suas atividades em portos brasileiros, Os problemas crônicos de infraestrutura e taxação do Brasil e região e especialmente a situação econômica deteriorada do país pesaram na decisão da companhia, que não retornará após a partida do Rhapsody of the Seas em abril de 2016. Será a primeira vez desde 2007/2008 que um navio da Royal Caribbean não realiza a temporada local.
• A montadora chinesa desistiu do ES • Tem encontro de food trucks no Mestre Álvaro • No ranking da CBF, o primeiro capixaba é o Rio Branco, em 117º • TG lamenta a passagem do querido Vicente Bojovski, do Guaramare • O país em crise e os deputados estaduais aumentam o número de comissionados • Feliz Natal da cerveja e do frango
GOLDEN SELFIE SHOW DE BOLA
Não tem show de bola este mês!!!
CARDÁPIO DE ASSUNTOS • O impeachment • Mataram o Rio Doce • O Cunha • O medo de bomba • O zika • Dr. Sérgio Moro, nossa esperança • Fabíola Manicure 36
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Londres foi sede do Golden Selfie Stick, o primeiro campeonato mundial de selfie. Foram seis categorias, incluindo uma de autorretrato com a jurada Karen Danczuk, que é conhecida como a “Rainha do Selfie”. Na fase preliminar da disputa, os organizadores analisaram o material recebido e escolheram 30 imagens em cada categoria, que foram julgadas por especialistas (me pergunto o que seria um expert em selfie?) na fase final. O vencedor recebeu um prêmio de 1.000 libras, cerca de R$ 6.000,00.
DICA DO CHEF “Passear de quadriciclo nas montanhas de Vargem Alta.” Pedro Henocke Milaneze, empresário esbrasil •
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A SAIDEIRA! Que o Brasil seja lavado, a jato, e se livre de todo tipo de lama... Feliz 2016!
ES BRASIL RETROSPECTIVA 2015 Considerado como um ano desafiador para os mais diferentes setores da economia, 2015 chega ao fim trazendo com ele os reflexos dos principais acontecimentos do Estado e do país. E para manter o seu leitor sempre atualizado, a revista ES Brasil elaborou um panorama detalhado sobre as perdas e as vitórias dos mais diversos segmentos do cotidiano capixaba. Acompanhe nas próximas páginas.
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P anorama
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M ercado imobiliário
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P etróleo e gás
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M ercado financeiro
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M ineração e siderurgia
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P apel e celulose
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C ultura
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M etalmecânica
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E sporte
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M óveis
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A limentos e bebidas
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A gronegócio
118
S egurança
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C omércio exterior
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M ercado automotivo
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P olítica
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V arejo
ES Brasil • Agosto 2015
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Foto: Waldemir Barreto
PANORAMA
Esquema denunciado pela Operação Lava Jato, comandada pelo juiz Sérgio Moro (centro), abalou ainda mais a economia brasileira que já estava frágil
2015: O ANO DA LAVA JATO, DA RECESSÃO, DA FALTA D’ÁGUA, DA LAMA E DO ZIKA
S
e 2013 e 2014 chegaram a disputar o título de ano perdido, 2015 bateu todos os recordes. Cotação do dólar ultrapassando os R$ 4,00, percentual de inflação na casa dos dois dígitos, maiores taxas de desemprego dos últimos 12 anos, aumento de impostos. Em destaque, um esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras, até então orgulho nacional, um desastre ambiental sem precedentes, e, fechando o ano, muito repelente. Todas as ingerências políticas praticadas por nossos representantes federais, pelo menos meia centena deles já apontados como suspeitos no bilionário esquema de corrupção denunciado por meio da Operação Lava Jato, concretizaram um cenário de recessão na economia brasileira, que já se mostrava abalada. E uma das consequências diretas dessa turbulência foi a forte queda no repasse de recursos para os municípios, que tiveram também reduzida a arrecadação local. Das 78 cidades do Espírito Santo, 69 possuem mais de 70% das receitas oriundas da União e do Estado, por meio de transferências do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Imposto Sobre Circulação de 40
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Mercadorias e Serviços (ICMS). Até julho deste ano, segundo dados do anuário Finanças dos Municípios Capixabas, as prefeituras receberam R$ 484,5 milhões, 26,3% a menos no envio de royalties e participações especiais, em relação a igual período de 2014. “A economia desaquecida gerou queda na produção e, por consequência, no pagamento de impostos. Os municípios então passaram a receber menos recursos, e a falta de dinheiro limitou a atuação do serviço público, que precisou fazer muitos cortes nos gastos e adiar programas e projetos”, destaca Dalton Perim, presidente da Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes). O ano, que já foi iniciado com perspectivas ruins, se encerra com uma realidade ainda pior de economia paralisada, inflação e desemprego ascendentes e consumo em retração, avalia o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES), Eduardo Araújo. “Iniciamos com previsão de que a economia ficaria no 0 x 0, ou mesmo de um crescimento em torno de 0,5%; e a gente chega agora em dezembro com indicação de queda de 3,5% e expectativa para 2016 também de recuo, em torno de 2,5%. Isso é um indicador
TAXA DE DESEMPREGO (%) Taxa de desemprego nacional é a maior desde 2012 e deve fechar o ano próxima de 11%, segundo especialistas
2015
Fonte: IBGE
muito ruim, uma volta ao passado. Na história econômica, só tivemos uma queda em dois períodos seguidos, em 1931”, detalhou. Com a recessão, novos postos de trabalho deixaram de ser gerados, e a taxa de desemprego foi de 8,7% no trimestre encerrado em agosto, a maior desde 2012. O índice era de 6,9% no mesmo período do ano passado e de 8,1% no intervalo anterior (março a maio). Um dos veículos de inclusão social no país nos últimos anos, o emprego formal – com carteira assinada e protegido pelas leis trabalhistas – teve encolhimento de 3% de junho a agosto, com a perda de 1,09 milhão de vagas, segundo dados da Pnad Contínua, pesquisa de abrangência nacional sobre mercado de trabalho, divulgada pelo IBGE. As baixas nas vagas ocorreram sobretudo na indústria, um setor da atividade considerado mais formal. O segmento cortou ao todo, 472 mil profissionais no trimestre, em comparação ao mesmo período do ano passado, queda de 3,5% no total de ocupados. Durante uma coletiva no Rio de Janeiro, o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), André Calixtre, afirmou que a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, foi a origem da crise de emprego. “A Lava Jato desorganizou o setor de óleo e gás e acabou afetando o de construção. O resto veio depois, com a queda da atividade econômica”, declarou. Mas há especialistas que discordam. Para eles, a razão principal para o aprofundamento da turbulência foi a ausência de Foto: Venilton Kuchler / ANPr
O zika vírus tem trazido muita preocupação para os brasileiros, que estão mudando os seus hábitos para combater o Aedes aegypti
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2014
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8,7
9,0 8,5 8,0 7,5 7,0 6,5 6,0
“Com um cenário de inflação alta, juros elevados, expectativas econômicas negativas, aumento da inadimplência e/ ou crédito restrito, os brasileiros estão tendo de revisar o planejamento financeiro e ajustar o consumo” Pablo Lira, pesquisador e professor da UVV
ajuste fiscal. No entanto, o mercado reconhece que o envolvimento de grandes empresas nesse esquema de corrupção contribuiu para o desemprego. Somente nos dois primeiros meses deste ano, os consórcios formados por essas construtoras demitiram mais de 12 mil trabalhadores em todo o Brasil, segundo balanços das centrais sindicais. E em meio a esse cenário, quando as alternativas passam necessariamente pelo empenho tanto do Governo quanto do Congresso em “unir as forças” para tirar o país da recessão, o que se vê é uma intensa disputa política em que a preocupação parece se manter unicamente em interesses pessoais e partidários. Diferente da crise de 2008/2009, que se desdobrou a partir de fatos e fatores externos, o atual momento de adversidade está vinculado, predominantemente, às causas econômicas e políticas internas. Ações e medidas tomadas ao longo dos últimos anos, no âmbito da política econômica nacional, impactaram negativamente os principais indicadores macroeconômicos, destaca o pesquisador e professor da Universidade Vila Velha (UVV) Pablo Lira. “Por exemplo, o represamento artificial dos preços administrados que foi procedido em 2014, ano da última eleição presidencial, repercutiu na alta da inflação percebida em 2015, quando o processo de realinhamento das tarifas de energia elétrica e dos preços dos combustíveis foi implementado de maneira ampla. A pressão desses aumentos contribuiu, substancialmente, com o resultado da elevada inflação observada no decorrer de 2015, que operou todo o ano acima do teto da meta (6,5%) e agora já atinge dois dígitos”, explica. Segundo Lira, o quadro da recessão brasileira é sintetizado pelos últimos dados divulgados relativos ao Produto Interno Bruno (PIB) trimestral. “Houve redução respectiva de 0,7% e de 1,9% no primeiro e no segundo trimestres do ano, na comparação com os trimestres imediatamente anteriores. A combinação desses fatores está impactando negativamente o índice de desemprego, que apresenta tendência de alta. Conforme o IBGE, em outubro de 2015,
“Esse rebaixamento pela segunda agência afasta investidores, e o país perde dólares, incentivando a alta na cotação da moeda. Para o Governo e as empresas, fica mais caro conseguir crédito” Eduardo Araújo, presidente do Corecon-ES ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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Dados preliminares do Ibama apontam que pelo menos 317 mil pessoas foram impactadas no Espírito Santo com a onde de lama e rejeitos de mineração que poluiu todo o curso do Rio Doce e parte do litoral norte capixaba
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tal índice chegou a 7,9%, e o número de desocupados alcançou 1,9 milhão de pessoas, aproximadamente”, reforçou. Nessa conjuntura, reitera Pablo Lira, o momento sugere cautela. “Com um cenário de inflação alta, juros elevados, expectativas econômicas negativas (PIB e emprego), aumento da inadimplência e/ou crédito restrito, os brasileiros estão tendo de revisar o planejamento financeiro e ajustar o consumo. A palavra de ordem continua sendo economizar. Enfim, 2016 bate à porta e não traz notícias muito diferentes no campo econômico, ao menos no início do novo ano”, defende. Em 2015, os problemas nacionais se refletiram em nosso Estado, resultando em um ano de restrições para novos investimentos. “Diante dessa realidade, nossa principal meta foi buscar aperfeiçoar os fatores para incremento da competitividade capixaba e a criação do melhor ambiente de negócios. Destacamos avanços em projetos de logística do Estado, aprimoramento de linhas de crédito e de mecanismos de incentivos e organização da agenda para simplificação e desburocratização”, enumera o secretário estadual de Desenvolvimento, José Eduardo Azevedo. No Espírito Santo, que amargou duas crises hídricas no mesmo ano, o agronegócio sofreu fortes impactos. “No café, nosso carro-chefe, perderam-se 30% em média no Arábica e 50% no Conilon, que em condições normais produzem 3,5, e 9,0 milhões de sacas; conferindo o valor cotado nos jornais, chega-se ao montante do prejuízo.
ESTIMATIVAS PARA O PIB 2015 (EM %)
07/08
“Com a perda de repasses, os municípios tiveram de fazer muitos cortes nos gastos e adiar programas e projetos” Dalton Perim, presidente da Amunes
Fonte: BC
Nas hortaliças, a retração foi de 50%, ou um pouco acima; no leite, de 35%, não sendo mais, pelo alto gasto com rações para o gado. Equivale dizer que a baixa na produção anda emparelhada com a queda de oferta e a consequente elevação dos preços para os consumidores”, explica Júlio Rocha, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo. Presidente do Instituto Líderes do Amanhã, o empresário Gilvan Badke conclui que o ano foi de austeridade e exigiu ajustes das empresas e da sociedade em geral como forma de sobrevivência. Segundo ele, a perspectiva para 2016 apresenta tendência de piora em alguns cenários, face à incerteza em relação a aspectos relevantes, como a possibilidade de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff. “As possíveis soluções para 2016 voltadas à classe empresarial já estão diagnosticadas: será mais um ano de austeridade, com um olhar crítico para planejamento e gestão. Para a sociedade o remédio é mais complexo, mas deve passar necessariamente por uma redução do tamanho do Estado e pela retomada do princípio da primazia do setor privado na atividade econômica. As reformas para um país mais próspero precisam ser retomadas, em especial as remodelações tributária, trabalhista, previdenciária e educacional”, explica Badke. Em relação ao Espírito Santo, que historicamente se posiciona acima da média de crescimento nacional, o empresário avalia que há grandes potencialidades a serem concretizadas e, por esse motivo, “podemos ser levemente otimistas em um panorama pessimista”. Badke enfatiza que o importante é investir tempo e esforço em planejamento e gestão como formas de sair fortalecido de um cenário ruim, “que seguramente tem prazo de validade e se renovará com um ciclo próspero para o Brasil e, em especial, para o Espírito Santo”. O vice-governador César Colnago observa que em 2015 foi preciso retomar o equilíbrio fiscal, a capacidade de investimento com recursos próprios, e avançar na direção de uma sociedade inclusiva e sustentavelmente desenvolvida. “No início da gestão, nosso Governo assumiu quatro objetivos: o crescimento econômico sustentável; a equalização das condições básicas de vida para todos e a participação efetiva do povo nas grandes decisões políticas, com base no respeito integral aos direitos humanos; a abolição de todo e qualquer privilégio, pessoal ou corporativo; e a publicidade integral dos atos oficiais”, esclareceu.
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VARIAÇÃO DE PREÇOS IGP -10 10,54%
De janeiro a dezembro de
2015
3,88% De janeiro a dezembro de
2014
Foto: Rafael Neddermeyer
O IGP-10 registra a inflação de preços de matérias-primas agrícolas e industriais a bens e serviços finais. É formado por 60% do Índice de Preços por Atacado, 30% do Índice de Preços ao Consumidor e 10% do Índice Nacional de Custos da Construção Fonte: FGV
Colnago citou a prioridade com a área social. “Avançamos com diversas ações, dentre elas o programa Ocupação Social. Ainda temos muito trabalho pela frente. Estamos animados e principalmente com foco em acertar, sempre com pé no chão e espírito de equipe. Temos vários projetos em andamento que vão colocar o Espírito Santo ainda mais na rota do desenvolvimento”, comentou o vice-governador. Além dos desafios econômicos, 2015 trouxe dois graves e inesperados problemas ao Espírito Santo: a lama de rejeitos oriunda do rompimento da barragem da unidade de Germano da Samarco, no dia 5 de novembro, em Mariana (MG), que atingiu o Rio Doce e o litoral de Linhares; e o zica vírus. No primeiro caso, pelo menos 317 mil pessoas foram impactadas no Estado, direta ou indiretamente, pelo desastre ambiental, que deixou de imediato três toneladas de peixes mortos e interrompeu a captação de água para consumo humano em três cidades. De acordo com laudo técnico preliminar do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 34 milhões de metros cúbicos de resíduos foram despejados de uma só vez no meio ambiente, e 16 milhões de metros cúbicos estão sendo levados aos poucos para o mar. Conforme registros do Instituto Capixaba de Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), são 1.438 pescadores cadastrados em associações e colônias, que dependem exclusivamente do Rio Doce no Espírito Santo. Mas o número de impactados pode ser ainda maior, já que muitos não possuem registros nessas organizações. Até o dia 28 de fevereiro de 2016, em consequência do período de defeso na região, a pesca está proibida e, por isso, quem exerce a atividade recebe um salário do Governo Federal. Somente a partir de 1º de março é que estará sem fonte de renda devido à lama no Rio Doce.
“Em consequência da crise hídrica, no café perderam-se 30% em média no Arábica e 50% no Conilon; nas hortaliças a retração foi de 50%, ou um pouco acima; e no leite, de 35%“ Júlio Rocha, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo
Em relação aos baques causados na economia, o Governo do Estado e as prefeituras ainda não puderam contabilizá-los, mas além dos efeitos na pesca, há problemas na agropecuária, no turismo e no setor do vestuário, em Baixo Guandu, Colatina e Linhares. Registra-se ainda forte prejuízo em consequência da interrupção das operações da Samarco, segunda maior exportadora do Estado, tanto para o PIB capixaba quanto para alguns municípios, principalmente Anchieta, onde está situada a unidade de Ubu. Quanto ao zika vírus, que até o dia 10 de dezembro já havia computado 252 suspeitas e 14 casos confirmados de microcefalia, um projeto de lei do Governo do Espírito Santo prevê que sejam repassados R$ 35 milhões as cidades, em 2016, para ações de controle e combate ao mosquito Aedes aegypti, via Fundo para Redução das Desigualdades Regionais. Além de transmitir o zika vírus, o inseto também é responsável pelo contágio da dengue e da febre chikungunya. O PL permite aos municípios beneficiados com repasses da verba que utilizem 30% do montante para as ações. Fechando o ano, a agência de classificação de risco Fitch regrediu a nota e tirou o grau de investimento do Brasil, no dia 16 de dezembro, como havia previsto o presidente do Corecon-ES, Eduardo Araújo, uma semana antes. O rebaixamento, ocorrido um dia após o Executivo propor a redução da meta de superávit primário de 2016 para 0,5% do PIB, enquanto o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendia uma meta de 0,7%. O país já havia perdido o selo de “bom pagador” em setembro pela Standard & Poor’s. “Esse rebaixamento pela segunda agência afasta investidores, e o país perde dólares, incentivando a alta na cotação da moeda. Para a administração federal e as empresas, fica mais caro conseguir crédito, com aumento no patamar dos juros, já que eles passam a ser vistos como maus pagadores”, explica o economista. Segundo a Fitch, sua avaliação negativa sobre o Brasil reflete uma recessão mais profunda da economia do que previamente antecipado, além de desdobramentos adversos do cenário fiscal e do aumento das incertezas que podem subtrair a capacidade do Governo de implementar medidas fiscais que estabilizem o peso do crescimento da dívida. E entre as muitas e lamentáveis perdas em 2015 deixou para a sociedade brasileira, lá se foram Betty Lago, Yoná Magalhães, Luiz Carlos Mielle, Elias Gleizer, Cláudio Marzo e a diva Marília Pera. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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ARLINDO VILLASCHI
ECONOMIA
é professor de Economia na Ufes
CALENDÁRIO E REALIDADE OUSAR FAZER ISSO É CONSTRUÇÃO COLETIVA PAUTADA EM AÇÕES INDIVIDUAIS EXISTENTES OU FOMENTÁVEIS
A
realidade política antecipou em muito o fim de 2015. A análise de quando isso deve ter ocorrido merece interpretações diversas, sem exclusividade. Pode ter terminado quando um Governo eleito com uma proposta de necessário ajuste fiscal, mas sem se dobrar à ortodoxia, foi além do que ousava propor o candidato derrotado. Curvou-se aos ditames do mercado financeiro. Teria ele terminado quando um dos corruptores denunciados pela Operação Lava Jato, ao ser preso, esbravejou “... vamos parar o país”? Ele sabia que o esquema há muito viciado de contratação de obras públicas é de acesso quase que exclusivo de algumas poucas empreiteiras – todas envolvidas na lavação rápida. Sem elas, investimentos de maior volume por estatais e governos ficam presos em trâmites burocráticos e judicializáveis, e o país estaciona. Será que 2015 terminou com os turnos sucessivos a que a candidatura perdedora buscou levar as eleições presidenciais de 2014? Ou quando ficou claro para o mercado que qualquer substituição antecipada da presidência seria trocar seis por meia dúzia? A lista pode ser alongada por observadores da triste realidade política brasileira. A soma de qualquer combinação de perguntas/respostas dificilmente levará a uma perspectiva otimista para o 2016 que
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já começou. Como nos ensinou mestre Paulo Freire, a alternativa brasileira ao otimismo tem que passar longe do pessimismo; há que se ter esperança.
É preciso também superar o vício de que só grandes empreendimentos podem promover o crescimento econômico. Setores de menor representação na formação do PIB, mais enraizados na realidade local/estadual/ nacional, podem ter significativos impactos na inovação, que melhora o desempenho competitivo do país como um todo” Esperança que o calendário gregoriano em 2016 abra a discussão política no país para temas propositivos. Se é difícil pensar em debate na linha de pacto social – como o proposto pela CNBB em nota no final de outubro – que se pense então em alterações em alguns vícios antigos no cenário brasileiro.
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Um deles é que só o Governo Federal pode capitanear mudanças sociais e econômicas. Governos estaduais e municipais precisam sair da zona de conforto de justificar com a crise toda paralisia de ideias inovadoras e ações transformadoras. Há muito que pode ser feito com recursos limitados se o fazer se der acompanhado por uma efetiva mobilização de pessoas genuinamente comprometidas com mudanças. É preciso também superar o vício de que só grandes empreendimentos podem promover o crescimento econômico. Setores de menor representação na formação do PIB, mais enraizados na realidade local/estadual/ nacional, podem ter significativos impactos na inovação, que melhora o desempenho competitivo do país como um todo. Eles também são criadores de empregos de qualidade, geram e distribuem melhor os frutos do progresso. E representam riscos menores para tragédias ambientais com altos custos sociais, como a ocorrida em instalações da Samarco/Vale. O exercício de mencionar vícios que precisam ser superados e que cabem bem em uma lista de desejos para um novo ano sempre pode ser ampliado. Ousar fazer isso é construção coletiva pautada em ações individuais existentes ou fomentáveis. Ousadia e fomento que podem transformar o sentimento de triste ano velho em vontade de desejar e agir por um próspero 2016!
PETRÓLEO E GÁS
ENERGIA E PETRÓLEO MINARAM A ECONOMIA
O
ano que se encerra “brindou” a sociedade e as empresas com contas de luz nas alturas, país paralisado pelas intempéries políticas e econômicas e, claro, as investigações da Lava Jato – que iluminam o lado mais sombrio do Brasil: a corrupção e a farra com o dinheiro público. Na energia, a receita do desastre: tarifas muito mais elevadas, aumento nos preços dos combustíveis, barril do petróleo com cotação em queda. Para se ter uma rápida ideia, a conta de luz das indústrias subiu 30% só em 2015. O resultado, em uma economia em recessão e com o poder de consumo baixo, são empresas fechando as portas. O repasse da carestia ao consumidor, também com a corda no pescoço, tornou-se quase sempre impraticável. “As indústrias não puderam repassar as altas na energia aos produtos. Isso significa diminuição da margem de rentabilidade e queda na competitividade das empresas. Basta ver o grande número de negócios que fecharam as portas. A energia, sem dúvida, foi uma grande vilã este ano”, enfatiza Nélio
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Borges, presidente do Conselho Temático de Energia (Conerg) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). Para o diretor-geral da Agência de Serviços Públicos de Energia do Estado do Espírito Santo (Aspe), Henrique Mello de Moraes, “foi muito tempo com a conta represada. O Governo abraçou uma política de cobrir os custos e fez as concessionárias segurarem os aumentos. Para isso, também utilizou demais as hidrelétricas e esvaziou os reservatórios, já que a energia vinda das termelétricas é muito mais cara. A própria diminuição no valor da energia em 2013 foi um equívoco, um incentivo ao consumo em um momento em que deveríamos economizar. Um desastre”, avalia. Até mesmo o temido apagão foi deixado de lado por conta do fraco desempenho da economia. “Houve queda na atividade de produção, o que diminui o risco de falta de energia. É só olhar o PIB (Produto Interno Bruto) negativo”, avalia Nélio Borges. “Se a demanda estivesse crescendo, estaríamos preocupados. Existiria, sim, desequilíbrio entre oferta e demanda. Mas não foi o que vimos em 2015”, pondera Henrique Mello de Moraes.
Foto: Petrobras
O Espírito Santo possui um grande potencial para exportação de gás, o que contribuiria para geração de ICMS
DESAFIOS DA ENERGIA R$ 200 milhões Em 2015, a queda no preço do barril do petróleo reduziu em 23% os repasses de royalties para o Espírito Santo, que recebeu R$ 200 milhões a menos. Luz 30% mais cara A conta de energia elétrica de indústrias e demais empresas teve um aumento de 30%, o que comprometeu a competitividade dos setores. Com uma economia em recessão e baixo poder de consumo, muitos empreendimentos estão fechando as portas no Estado e no país. 12 milhões de metros cúbicos O Espírito Santo é o segundo produtor de gás natural do país, com 12 milhões de metros cúbicos por dia. Ganhou força em 2015 a ideia de termelétricas geradas a gás. Fonte: Entrevistados ouvidos
Uma das saídas encontradas pelas indústrias em um ano de alta de energia foi a geração própria. “Quem possui geração própria tem sofrido menos com o aumento. Essa é uma recomendação que o Conselho Temático de Energia da Findes fez durante este ano. Propusemos a geração própria como solução para o custo elevado e contra a falta de energia”, explica Nélio Borges.
Para o consumidor, essa também pode ser uma boa saída. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou em 2015 aprimoramentos na Resolução Normativa nº 482/2012, que criou o Sistema de Compensação de Energia Elétrica. A proposta vale a partir de 1º de março de 2016 e permite que o consumidor instale pequenos geradores em sua unidade e troque eletricidade com a distribuidora local. Quando a quantidade de energia gerada em determinado mês for superior à consumida naquele período, o cliente fica com créditos que podem ser utilizados para diminuir a fatura das contas seguintes. De acordo com as novas regras, o prazo de validade dos créditos passou de 36 para 60 meses, sendo que eles podem também ser usados para abater o gastos de unidades consumidoras do mesmo titular situadas em outro local, desde que na área de atendimento de uma mesma concessionária.
PETRÓLEO A PREÇO DE BANANA Se por um lado a energia elétrica onerou o bolso dos capixabas, por outro, a cotação do barril do petróleo despencou. E essa não é uma boa notícia para uma economia que tem nos royalties uma boa fatia de suas receitas. O barril, em dezembro, ficou em torno dos US$ 50, uma queda abissal em relação aos US$ 115 que valia em junho de 2014. E o impacto é certeiro nas contas do Espírito Santo. Até outubro de 2015, houve um recuo real de 23% nos repasses de royalties, ou seja, aproximadamente R$ 200 milhões a menos ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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Foto: Petrobras
A interiorização das redes de distribuição de gás pelo Estado é considerada uma das prioridades para 2016, segundo especialistas
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para os cofres públicos capixabas. Para 2016, o cenário não é muito melhor, pois o preço do barril deve se estabilizar na baixa, com média de US$ 55. Aliado ao valor baixo da commodity no mercado externo, há ainda as investigações em torno da Operação Lava Jato. Com as contas em desordem, a Petrobras adiou investimentos. No Espírito Santo, o Complexo Gás-Químico, previsto para Linhares, já não é mais prioridade para a estatal. Em abril de 2015, o presidente da companhia, Aldemir Bendini, fez o anúncio durante audiência pública em conjunto das comissões de Infraestrutura e de Assuntos Econômicos do Senado, em resposta aos questionamentos sobre a crise financeira, a publicação atrasada do balanço e os efeitos do esquema de corrupção nas contas da empresa. O Complexo Gás-Químico seria composto por uma fábrica de fertilizantes e também atuaria na produção de ureia e amônia. O polo, chamado UFN IV, também previa oferecer ao mercado melamina, ácido fólico e ácido acético, a partir do gás natural. 48
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GÁS O gás natural é outra matriz energética importante para o Espírito Santo. O Estado é o segundo maior produtor do país, com 12 milhões de metros cúbicos por dia, com consumo de 3,5 milhões/m³. Isso demonstra o enorme potencial capixaba na exportação de gás, o que geraria receita de ICMS para os caixas estaduais. A BR Distribuidora, responsável pela oferta do gás natural no Espírito Santo, já instalou uma rede para fornecer a residências, hospitais, postos de combustíveis, indústrias e outras instalações na Grande Vitória. Mas ainda falta infraestrutura (gasodutos) para enviar o produto a outros estados. “Há um programa de investimentos da BR Distribuidora em curso, mas a Petrobras tem tido dificuldades de caixa em todos os programas, o que dificulta os investimentos e a captação de recursos. Porém, o Governo do Estado está muito empenhado em estimular o consumo local de gás”, enfatiza Moraes, da Aspe. No entanto, nem mesmo o gás natural escapou de problemas em 2015, que podem se alastrar para 2016: a tragédia do rompimento da barragem em Mariana, Minas Gerais, da Samarco, empresa da Vale e BHP Billiton, é o maior deles. “Só a Samarco, em Anchieta, consumia 900 mil m³ de gás por dia”, disse o diretor. A companhia informou que suspenderá as operações industriais na unidade de Ubu, em Anchieta, ao final dos estoques de minério. Diante do cenário, a ideia, conforme Henrique Mello de Moraes, é continuar o trabalho nas redes de distribuição de gás pelo Estado. A interiorização é a palavra-chave. “A BR Distribuidora tem investido em ramais. Cachoeiro de Itapemirim já tem vários pontos, Linhares também. Há projetos para Colatina e São Mateus, e a tendência é esta: a rede se espalhar e chegar ao interior”. Outra proposta que tomou corpo em 2015 foi o estímulo à geração de energia com termelétricas a gás no Espírito Santo. “Se produzimos 12 milhões de metros cúbicos por dia e só consumimos 3,5 milhões, podemos produzir energia e parar de exportá-la. Quer dizer, o Estado traz energia de fora e manda gás para fora. Podemos mudar isso. Além de tudo, diminuiríamos investimentos em linhas de transmissão e geraríamos energia dentro do Estado, pagando o ICMS para o Estado”.
MINERAÇÃO E SIDERURGIA
UM ANO DE MUITAS INCERTEZAS PARA O MERCADO
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esafiador. Esse foi o adjetivo empregado pelo presidente da ArcelorMittal Brasil, Benjamin Baptista Filho, ao avaliar 2015 para o setor de siderurgia brasileiro, que chega ao final do ano com 47 equipamentos desativados, outros 24 a caminho de serem desligados e, pelo menos, 21 mil demissões, desde janeiro. Além disso, segundo ele, calcula-se que aproximadamente US$ 2,2 bilhões deixaram de ser investidos e mais de 2,2 mil contratos de trabalho foram suspensos. “Com a desaceleração da demanda doméstica e a baixa competitividade no mercado externo, o segmento enfrenta um período bem difícil, que exige muita cautela e gestão por parte das empresas, cujo a previsão é de fechar 2015 com números abaixo dos de 2014. O consumo aparente de aço, que compreende o total fabricado internamente, adicionado das importações e subtraído das exportações, deverá recuar 16,5%”, explica Baptista. Para a produção de aço bruto, a estimativa é terminar o ano com queda de 2%, totalizando 33,204 milhões de toneladas (menor volume desde 2010), contra 33,897 milhões de toneladas no exercício anterior. Desde julho do ano passado, quando retomou a 50
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operação do Alto-Forno 3, a empresa tem trabalhado ao ritmo de 7,0 milhões de toneladas/ano. Para os próximos anos, sobretudo 2016, a tendência é que o cenário se repita ou se agrave ainda mais, caso não sejam adotadas medidas de defesa comercial. “Infelizmente, as projeções são de novas demissões, já no primeiro semestre, e queda de pelo menos 5,1% no consumo aparente, com a marca de 20,286 milhões de toneladas”, lamenta o dirigente. Mesmo com a deteriorização do real frente ao dólar, os preços de exportação continuam baixos, pois a cotação da commodity encolheu, e as moedas dos maiores produtores de aço também se desvalorizaram. A sobreoferta de aço, pelo excesso de capacidade da China, que responde por quase 50% da oferta global, reduz ainda mais os preços. A receita da operação brasileira da siderúrgica ArcelorMittal baixou 21,5% no terceiro trimestre deste ano, para US$ 2,1 bilhões, frente ao mesmo período do ano passado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da empresa no país recuou 36,1% de julho a setembro,
Foto: Samarco Foto: ArcelorMittal
para US$ 313 milhões, na comparação anual. O lucro operacional despencou 43,8% no período, para US$ 196 milhões. Segundo a siderúrgica, a diminuição nas vendas foi afetada pala variação cambial e pelos preços mais acanhados do aço plano e do aço longo no mercado internacional. Já a regreção no Ebitda foi causado, além deste último fator, pelo pior desempenho da divisão de aço tubular no trimestre. A companhia ainda registrou uma baixa contábil de US$ 39 milhões na operação brasileira pelo recuo nos preços do aço, o que afetou o lucro operacional. Apesar da retração financeira, a operação brasileira da ArcelorMittal nos embarques de aço cresceram 9,9%, cravando 3,1 milhões de toneladas. Energia elétrica e gás natural mais caros do mundo, juros estratosféricos, carga tributária elevada, cumulatividade de impostos e câmbio instável levaram a indústria a operar muito abaixo da capacidade instalada. “O Brasil tem desafios importantes a transpor, e o principal deles é a competitividade. Grandes empresas acabam trabalhando com preços poucos competitivos
NOVIDADES NO SETOR No início de 2015, a unidade de Tubarão da ArcelorMittal passou a abrigar o 12º Centro de Pesquisas e Desenvolvimento e o primeiro do Grupo da América Latina, num investimento de US$20 milhões em cinco anos (2015 – 2019).
Há 37 anos em operação, a Samarco teve que suspender as suas atividades nas unidades de Germano (MG) e Ubu (ES), devido ao rompimento da barragem de rejeitos em Mariana (MG)
diante de todos esses gargalos, o que nos faz perder mercado. Para reverter esse quadro, precisamos – urgentemente – de uma defesa comercial eficiente, que proteja os ativos e a indústria das práticas predatórias”, aponta Baptista.
MINERAÇÃO As projeções para as exportações brasileiras de minério de ferro eram de um crescimento de quase 6% em 2016, o que significaria chegar a 412 milhões de toneladas, segundo a publicação australiana “Resources and Energy”, divulgada em outubro. Mas o rompimento da barragem de rejeitos da Samarco em Mariana (MG), que suspendeu as atividades da empresa nas unidades de Germano (MG) e de Ubu, em Anchieta (ES), mudou esse cenário. A mineradora, em 2014, produziu 25,075 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro e finos (um crescimento de 15,4% em relação a 2013) e obteve lucro líquido de R$ 2.805,5 bilhões. Há 37 anos em operação, controlada pelas acionistas Vale S.A e BHP Billiton, a Samarco contabilizava 3 mil empregados diretos e 3,5 mil contratados. “Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) capixaba para 2015, o percentual de contribuição da companhia deve ter ficado em 3,8% aproximadamente. O que significa dizer que se em 2016 a Samarco não voltar a produzir, o PIB poderá ser afetado negativamente”, explica o economista Orlando Caliman. Mas, por enquanto, não há previsão para o retorno das atividades. Segundo ele, é preciso computar também as perdas decorrentes da redução drástica das compras de produtos e serviços, que formam os efeitos indiretos. “Normalmente, para cada emprego direto, outros dois empregos são gerados nas cadeias de suprimentos. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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Foto: Vale
Assim, isso também afeta negativamente o PIB, principalmente dos municípios mais próximos”, detalha. Há ainda os chamados efeitos induzidos pela massa salarial dos empregos diretos e indiretos, que recaem principalmente sobre comércio e serviços locais. “Ou seja, se a massa salarial da região diminui, também diminuem as compras nesses locais”. Por fim, Caliman aponta que há o efeito relativo aos tributos e à formação do coeficiente de participação dos municípios no ICMS. “E esse impacto é enorme no caso de Anchieta, que deverá sofrer uma forte redução do seu índice nos próximos anos, mas especialmente de 2018 em diante. Em resumo, os impactos econômicos são maiores aqui no Estado do que em Minas Gerais”, garante.
Foto: ArcelorMittal
Maior fornecedora mundial de minério de ferro, a Vale tem mantido fortemente a produção para defender sua participação no mercado
A receita da operação brasileira da ArcelorMittal encolheu 21,5% no terceiro trimestre de 2015, em comparação com o mesmo período do ano passado
PROJETO DE LEI DO SENADO 1/2011 No dia 16 de dezembro, a Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) aprovou o Projeto de Lei do Senado (PLS) 1/2011, mudando a base de cálculo da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), uma espécie de royalty pago pelas mineradoras a municípios, estados e União pela exploração de jazidas. No lugar de uma porcentagem do faturamento líquido das mineradoras, como se faz hoje, a proposta prevê que a base de cálculo considere o faturamento bruto resultante da venda do produto mineral. Se o projeto virar lei, a arrecadação dos municípios, dos estados e da União ficará mais alta porque serão somados à base de cálculo os gastos com o transporte do mineral, os impostos e os seguros, hoje deduzidos pelas mineradoras. A proposta, originalmente apresentada pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), e que ainda passará por votação final na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para depois seguir à Câmara dos Deputados, também aumenta a alíquota máxima que incide sobre a base de cálculo: dos atuais 3% do faturamento líquido para 5% do faturamento bruto.
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A Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, tem adotado a mesma estratégia das gigantes australianas BHP Billiton e Rio Tinto: manter forte produção para defender participação de mercado, em meio aos baixos preços internacionais da commodity. A meta de produção é de 340 milhões de toneladas para 2015. Entre julho e setembro, registrou um recorde trimestral de 88,225 milhões de toneladas produzidas – alta de 2,9% em relação ao mesmo trimestre de 2014 e a melhor performance histórica para o período, apesar de ter paralisado a extração em minas menos eficientes. Os volumes excluem a produção atribuível à Samarco e o minério adquirido de terceiros. A mineradora teve prejuízo de R$ 6,663 bilhões entre julho e setembro, o maior entre empresas de capital aberto da América Latina, segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economatica. Em dólar, isso representou perda de US$ 1,67 bilhão.
PAPEL E CELULOSE
O dólar alto contribuiu para o aumento da receita da Fibria em 2015
A
produção da celulose em 2015 teve uma pequena elevação nos três primeiros trimestres do ano. Os dados apresentados pela Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) de janeiro a setembro mostram um aumento de 5,2% na produção da commodity: foram 12,743 milhões contra 12,116 milhões de toneladas no mesmo período de 2014. Já em relação ao papel, ocorreu uma pequena queda de -0,2%. Houve uma ligeira expansão de 1,7% na produção de papel para embalagens, o que contribuiu para que o percentual geral não caísse ainda mais em relação ao mesmo período de 2014. Somente até o terceiro trimestre de 2015 a fabricação de celulose da Fibria atingiu a marca de 1,275 milhão de toneladas, mas esse montante é 5% inferior ao registrado em igual período do ano anterior. Na comparação com o segundo trimestre deste ano, o indicador amargou queda de 3%. As retrações decorrem das paradas programadas para manutenção realizadas ao longo do terceiro trimestre nas unidades de Aracruz (ES) e de Três Lagoas (MS). No acumulado dos nove primeiros meses de 2015, a produção contabiliza 3,888 milhões de toneladas, praticamente estável ante a 2014. A Carta Fabril, fornecedora de papel tissue, tem início das atividades previsto para o segundo semestre de 2017 e conta com investimento de R$ 440 milhões, além de gerar 400 empregos. Atualmente a indústria está aguardando o licenciamento ambiental.
VENDAS As exportações brasileiras de celulose tiveram crescimento de 9,1% (1,517 milhão de toneladas até o terceiro trimestre de 2015 e 1,414 milhão de toneladas no mesmo intervalo de 2014) e as de papel, de 7,3% (440 toneladas em 2015 de janeiro a outubro e 323 toneladas no período equivalente de 2014). As vendas da Fibria entre julho e setembro movimentaram 1,298 milhão de toneladas, baixa de 5% sobre o terceiro trimestre do ano passado, mas alta de 1% em relação ao segundo trimestre deste ano. 54
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A geração de fluxo de caixa livre no acumulado dos últimos 12 meses até outubro somou R$ 2,3 bilhões, não considerando os dividendos pagos em maio e os investimentos (Capex) no projeto Horizonte 2. Segundo a empresa, isso se deve à disciplina financeira, à sua excelência operacional e à valorização do dólar, aliadas à demanda global de celulose, que segue aquecida. No terceiro trimestre, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado atingiu R$ 1,55 bilhão, com crescimento de 683% em confronto com o mesmo período de 2014 e avanço de 127% diante do trimestre anterior. A margem Ebitda foi a maior da história da Fibria, alcançando 56%, seis pontos percentuais a mais do que no último trimestre e 21 pontos acima do mesmo período do ano passado. Beneficiada pela valorização do dólar frente ao real, a geração de fluxo de caixa livre, não considerando o investimento referente ao projeto Horizonte 2, foi de R$ 1,12 bilhão no trimestre, mais que o dobro do obtido no segundo trimestre de 2015 e representando cerca de 50% do fluxo de caixa livre acumulado nos últimos 12 meses – que totalizou R$ 2,297 bilhões, antes da distribuição de dividendos em maio e do Capex do projeto Horizonte 2. De acordo com a companhia, o aumento na comparação com o segundo trimestre decorre do maior volume de vendas para os mercados norte-americano e europeu. Já a queda na análise com o terceiro trimestre do ano passado reflete a forte base de comparação. “Fizemos bem nosso dever de casa e agora estamos colhendo os frutos. Nossa forte geração de caixa nos permite fazer o projeto Horizonte 2, de ampliação da unidade de Três Lagoas (MS), sem comprometer a qualidade de crédito da companhia. Com investimento total de US$ 2,5 bilhões e as obras já iniciadas, o empreendimento é um dos principais investimentos privados em andamento no país e um marco de competitividade no setor”, afirma o presidente da Fibria, Marcelo Castelli.
Foto: Sagrilo
PRODUÇÃO DE CELULOSE CRESCE E A DE PAPEL CAI
ROCHAS
Foto: Divulgação
O Brasil é o país com maior variedade de rochas ornamentais no mundo, e o ES tem 95% das vendas para o exterior
ES LIDERA EXPORTAÇÃO E BENEFICIAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS NO BRASIL
E
nquanto há setores em que a palavra desaceleração impera, a expectativa do segmento de rochas do Espírito Santo é positiva, tanto para o encerramento de 2015 quanto para o decorrer de 2016. O Estado continua sendo o maior exportador e beneficiador de rochas ornamentais do Brasil, respondendo por mais de 95% das vendas brasileiras desses produtos para o exterior. As comercializações externas realizadas em 2015 devem fechar estáveis em relação a 2014, mesmo com a pequena retração de 2,33% ocorrida de janeiro a outubro, na comparação com o mesmo período do ano passado, pela queda na demanda do mercado chinês, principal comprador de blocos de granito das empresas do Estado. Até outubro, a atividade capixaba exportou US$ 845,3 milhões, contra US$ 865,4 milhões no mesmo período de 2014. Por outro lado, de acordo com a superintendente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas), Olívia Tirello, “registramos em outubro sobre o mesmo mês do ano passado uma alta de 6% nas vendas de chapas para Estados Unidos e México. Portanto, o setor já tem o que comemorar em 2015”. A celebração é justificada, uma vez que as chapas são um material de alto valor agregado, com preços que custam de seis a sete vezes o valor dos blocos. OS NÚMEROS DO SETOR 5% Planeta 95% Brasil Fonte: Centrorochas
US$ 845,3 milhões em exportação 95% das vendas brasileiras de rochas ornamentais para o exterior são realizadas pelo Espírito Santo
Já os países da América Central importaram do Brasil quase US$ 3,5 milhões em rochas ornamentais no primeiro semestre de 2015, um crescimento de 2,3% sobre igual período do ano passado. Na América do Sul, os maiores compradores são Argentina e Colômbia, que importaram mais de US$ 4 milhões cada um nos seis primeiros meses do ano.
DIFICULDADE PARA EXPORTAR A falta de infraestrutura portuária afeta diretamente as operações de rochas ornamentais do Espírito Santo. Sem opções logísticas no Estado, algumas empresas estão exportando pelo Rio de Janeiro, mas a expressiva maioria embarca através de transbordo de mercadoria pelo Porto de Santos, o que acarreta custos mais elevados e um tempo de trânsito maior. EVENTOS SUPERARAM EXPECTATIVAS Em 2015, a Vitória Stone Fair recebeu cerca de 25 mil visitantes e teve 420 expositores, 72% do Brasil e 28% do exterior, entre produtores de pedras ornamentais, empresas de insumos, de máquinas e equipamentos e de de serviços, além de entidades do setor. Do total, 10% do público eram estrangeiros, de 57 países. Segundo a diretora da Milanez & Milaneze, Cecília Milanez, “o trabalho sério e qualificado, realizado durante todo o ano, as parcerias sólidas e o empenho de todos geram bons resultados”. A Cachoeiro Stone Fair também deixou o mercado mais otimista quanto aos resultados de 2015. O presidente do Sindirochas, Tales Machado, pontuou que, em função da crise, havia o receio de pouca visitação, porém “o setor mostrou que continua forte. Depois da feira muitos empresários estão, com certeza, mais otimistas”. Além da Stone Fair, o empresariado participou de importantes feiras mundiais, como Xiamen (China), Coverings (Estados Unidos) e Marmomacc (Itália). ES Brasil 2015 • Retrospectiva 2015
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ANA PAULA VESCOVI
ECONOMIA
é secretária estadual da Fazenda
EXPECTATIVAS PARA 2016 AGENDA DE SUPERAÇÃO DA CRISE
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ara traçar um cenário com expectativas para 2016, é essencial considerar que estamos diante da maior crise dos últimos 80 anos. As estimativas de mercado para o PIB rondam -3% em 2015 e -2% em 2016. Um importante banco de investimentos prevê que o Brasil encolherá -8% até voltar a crescer. Em 2015, o país desperdiçou tempo para reconhecer a dimensão e a intensidade da crise fiscal. Somaram-se efeitos políticos e éticos, os quais implicaram reação insuficiente das lideranças nacionais e, como consequência, a paralisia do Governo Federal e o rebaixamento da nota de risco-país. O ano termina com o rompimento da represa da Samarco em Mariana (MG), causa de um desastre ambiental histórico e com efeitos diretos sobre o Rio Doce e os capixabas. Os desafios não se encerram com o final do ano. Em 2016, serão renovados pela necessidade ainda premente da aprovação no Congresso de medidas de ajuste das contas públicas. O Brasil precisará de coragem e determinação para recuperar a confiança gradualmente perdida nos últimos oito anos, com o abandono da agenda de reformas estruturais, os equívocos de política econômica e os escândalos de corrupção. Não teremos, em 2016, um ano fácil. Mas estamos diante de uma grande oportunidade de reconstruir bases mais sólidas para o desenvolvimento sustentado. A agenda passa por reformas da Previdência e do Estado, 56
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aprimoramento de marcos regulatórios, concessões e privatizações, ajuste patrimonial das principais companhias federais (Petrobras, BNDES...), redução de subsídios e, inevitavelmente, pelo aumento de impostos, ainda que temporário. No Espírito Santo, a mudança de Governo foi crucial para o ajuste das contas estaduais. Terminaremos o ano cumprindo os compro-
O Brasil precisará de coragem e determinação para recuperar a confiança gradualmente perdida nos últimos oito anos, com o abandono da agenda de reformas estruturais, os equívocos de política econômica e os escândalos de corrupção” missos assumidos: pagamentos em dia de salários e fornecedores. E ainda, pagamento das despesas não contabilizadas pela gestão anterior. Uma vez retiradas as finanças da UTI, as novas ações estarão voltadas para a mitigação do déficit na Previdência estadual e na reestruturação de encargos
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da dívida pública, os quais sobem de patamar continuamente. No próximo ano ficará mais evidente, para os capixabas, o esforço do Governo na retomada da prosperidade. Ganhará velocidade o programa de melhoria do ambiente de negócios, com ações de desburocratização e simplificação. Com realismo, a reestruturação das operações de crédito e a nova operação com o Banco Mundial permitirão maior velocidade de investimentos, agora com projetos prioritários impactantes. Merecem destaque: a retomada das obras da Rodovia Leste-Oeste, a readequação das obras da Av. Leitão da Silva e o reinício do Programa “Caminhos do Campo”. Estão previstos, ainda, o início da duplicação da BR 101 e o contorno do Mestre Álvaro; o fim da dragagem do Porto de Vitória; e a continuidade das obras do aeroporto. Prosseguirão os avanços na educação – com o programa Escola Viva e a parceria com o Instituto ItaúUnibanco na gestão educacional; na saúde – com o choque de gestão; e na segurança, com o Programa Ocupação Social. O Espírito Santo irá se afirmar, em 2016, como um Estado capaz de se superar, como demonstrou ao longo de sua história. Com um ajuste fiscal focado na melhoria do ambiente de negócios, na retomada de investimentos estruturantes e na qualidade na gestão das políticas sociais, vamos, gradualmente, reconstruindo os caminhos para a saída da crise. E estaremos prontos para contribuir com a agenda nacional.
METALMECÂNICA
Forte e consolidado no Estado, o setor metalmecânico não ficou imune aos efeitos da crise econômica do país
INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO PARA DRIBLAR A INSTABILIDADE
O
setor industrial no Brasil assiste a um processo de queda na produção, encolhimento do faturamento, aumento dos custos e escalada de demissões. Ao longo de 2015, quase meio milhão de pessoas perderam empregos na atividade. No Espírito Santo não foi diferente: o Estado é o sexto no ranking dos que registraram retração na produção. No início de 2015 as maiores baixas partiram do Rio de Janeiro e da Bahia. Também mostraram resultado negativo Pernambuco, Minas Gerais, Região Nordeste (conglomerado que inclui os demais estados da região – Alagoas, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe –, utilizado pelo IBGE para fazer o comparativo) e, por último, o Espírito Santo (-0,4%). Apesar do recuo, na comparação com o mesmo período de 2014, o Espírito Santo registrou o avanço mais intenso, de 25,6%. Esse resultado foi impulsionado, em grande parte, pelo comportamento positivo vindo dos setores extrativos (minérios de ferro pelotizados e óleos brutos de petróleo) e de metalurgia (bobinas a quente de aços ao carbono, lingotes, blocos, tarugos ou placas de aços ao carbono e tubos flexíveis e trefilados de ferro e aço). De acordo com pesquisa do IBGE, a piora do quadro econômico em 2015 em relação a 2014 não conseguiu barrar o avanço da indústria local. No começo do ano, entre janeiro e maio, 58
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o Estado aumentou em 18% a produção física industrial, contra um decréscimo de -6,9% no país. Foi o melhor índice de crescimento em todo o Brasil. O bom desempenho da indústria no período foi reflexo da entrada em operação da Quarta Usina da Samarco e da Oitava Usina da Vale e do retorno da operação do Terceiro Alto-Forno da ArcelorMittal Tubarão. Mas, para o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo (Sindifer), Manoel Pimenta, os bons números não foram suficientes para manter a alta produtividade durante o ano. “A partir de abril, a queda nos preços das commodities e as incertezas sobre o futuro
DESEMPENHO DO SETOR eceita anual do setor em 5 anos girou em torno R de R$ 3,5 bilhões por ano. 2.200 feiras de negócios do setor aconteceram em todo o país. 48% das feiras ocorrem no Sudeste. No Espírito Santo, a feira local gera R$ 70 milhões em negócios. fonte: Ubrafe
Mec Show 2015
Todas as tendências e as novidades do setor puderam ser acompanhadas na Mec Show 2015
MEC SHOW TROUXE NOVIDADES E RESULTADOS ACIMA DAS EXPECTATIVAS
da economia brasileira fizeram a indústria amargar um segundo semestre de encolhimento. A partir daí, a preocupação foi embasada em manter o máximo possível o quadro de funcionários e se reestruturar para garantir continuidade de produção”, explica Pimenta. Com o pé no freio, a produção continuou focada em driblar a crise econômica e, em análise realizada pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial do Espírito Santo (Ideies), entidade da Federação das Indústrias, em setembro de 2015, frente a setembro de 2014, observou-se pequeno incremento de 0,25%, fomentado pelos bons resultados dos setores de derivados de petróleo e biocombustíveis, químicos, celulose e papel e metalurgia. No acumulado de 12 meses até setembro de 2015, em comparação com igual período até setembro de 2014, ocorreu uma expansão de 17,19%, capitaneada pelos segmentos de metalurgia, extração, minerais não metálicos, celulose e papel, confecções e químicos. A área metalmecânica capixaba, que chegou a reunir mais de 1.500 empresas, fecha o ano com a marca de 1.200 delas em operação. Dos 30 mil empregos diretos até os primeiros meses de 2015, 26 mil foram mantidos. Uma pesquisa de Indicadores Industriais, realizada mensalmente pelo Sesi/Senai/ES, sob a coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apresentou em setembro de 2015 decréscimo do sinalizador de emprego pela quinta vez no ano, contabilizando uma redução de 0,2% no mês, quando comparado a agosto, e uma diminuição de 0,3% em 12 meses, frente ao período anterior. Na avaliação do diretor do Sindifer Rusdelon Rodrigues, “em função dessa nova ordem da economia, as empresas terão
Mec Show 2015 – Feira da Metalmecânica, Energia e A Automação registrou recordes nos números de visitantes e de negócios. m quatro dias do evento, no Pavilhão de Carapina, E na Serra, mais de R$ 70 milhões em contratos futuros e um público de 17,8 mil profissionais foram contabilizados. s números superaram as edições anteriores e até mesmo O as expectativas de empresários e representantes do setor. novidade deste ano foi a integração com a ISA – Seção A Espírito Santo para promover a 14ª edição do tradicional Seminário e Exposição de Instrumentação, Sistemas, Elétrica e Automação, o ISA Show ES, além da realização da 4ª Conferência da Indústria de Petróleo, Gás e Indústria Naval, debatendo temas e discutindo projetos no Espírito Santo e no Brasil.
que adequar as suas estratégias de atuação envolvendo a questão da competitividade, da produtividade e do desenvolvimento de novos produtos e mercados”.
NOVOS HORIZONTES Com a freada no crescimento das grandes indústrias do Estado, as pequenas e médias empresas registram queda de faturamento e o impacto causado pelo momento econômico do país. Segundo Manoel Pimenta, “o setor está se organizando para focar a inovação no processo e nos produtos e se posicionar além do Espírito Santo”. A perspectiva para 2016 não é de grandes investimentos, mas engloba um redirecionamento de espaços em plantas fora do Estado, como no Maranhão e no Pará, onde a Vale descobriu novas minas de ferro, e no Ceará e no Mato Grosso, com os investimentos das indústrias de papel e celulose.
ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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ORLANDO CALIMAN
ECONOMIA
é economista e sócio-diretor do Instituto Futura
PROJETANDO O LEGADO DE 2015 UM DESFECHO DE TOTAL DESORGANIZAÇÃO NA OPERAÇÃO DO PODER CENTRAL DO PAÍS
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ão é necessário nem esperarmos o término dos últimos dois meses do ano, pois já temos elementos mais que suficientes para fazermos projeções do que acontecerá em 2016. A probabilidade de acerto nas estimativas é considerada elevada. Isso significa que podemos trabalhar com informações mais confiáveis, portanto, com mais aderência aos futuros fatos. O problema é que esse maior conhecimento carrega como contraponto um conjunto de más notícias, especialmente para a economia. Se considerarmos 2015 como um ano com desempenho péssimo, 2016 poderá ser alçado à categoria de ruim. Nessa escala de avaliação, o único fato que pode nos alentar um pouco é de que a posição “ruim” está num nível acima da posição “péssimo”. A leitura da escala também permite deduzirmos que “ruim” não deixa de ser melhor do que péssimo, o que pode nos levar à conclusão de que 2016 como projeção de 2015 será melhor: a queda do PIB será menor. Assim, fechará um dos ciclos mais longos de recessão, apenas comparável ao ocorrido na início da década de 30, com o mundo mergulhado na maior depressão da história recente. O ano de 2015 foi desastroso do ponto de vista da economia, e também da política. Do lado da economia ruiu por completo o projeto da nova matriz que vinha sendo operado pelo Governo Federal, baseado sobretudo no intervencionismo estatal, no afrouxamento dos gastos públicos, na farta
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distribuição de benesse, e em outras coisas mais, situação que podemos resumir como desfecho de total desorganização na operação do Poder Central do país. Mas o que há de grave neste ano de 2015 é que pouco se fez ou se está fazendo para que
O ano de 2015 foi desastroso do ponto de vista da economia e também da política. Do lado da economia, ruiu por completo o projeto da nova matriz que vinha sendo operado pelo Governo Federal, baseado sobretudo no intervencionismo estatal, no afrouxamento dos gastos públicos, na farta distribuição de benesses e em outras coisas mais” a situação melhore em 2016. Esse é o legado ruim. Se houvesse, pelo menos, uma sinalização mais positiva para o ano seguinte, poderíamos estar alguns graus acima na escala de confiança.
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As luzes da passagem do ano certamente apareceriam mais reluzentes, mais alvissareiras em relação ao futuro mais próximo. O país está literalmente travado pela pauta política, que tem como elemento central os desdobramentos da Operação Lava Jato. O desejável seria fecharmos 2015 com uma agenda mínima pactuada e já iniciada em sua operação. Seria a luz do caminho para 2016. Infelizmente não conseguimos avançar. E, ao não avançarmos, também estamos deixando ou passando o serviço mais pesado para o ano seguinte. Podemos encontrar algo de positivo acontecendo em 2015? É sempre possível identificar eventos ou sinais positivos nos momentos de crises, por mais devastadoras que sejam. E nisso a história nos ajuda. A primeira lição é a de que, se existe crise, é porque alguma coisa ou várias coisas não estão funcionando a contento. Normalmente detectamos isso através de sintomas, que no caso da economia aparecem sob a forma de queda da atividade econômica em geral, inflação em elevação, desemprego em ascensão, juros em alta, aumento da pobreza etc. Embora tardiamente, 2015 serviu para clarear melhor e explicitar à exaustão as fontes causais dessa crise, que são essencialmente estruturais. Também mostrou que ainda podemos contar com uma democracia sólida e uma boa base institucional. É o que, esperamos, nos assegurará um 2016 melhor.
MÓVEIS
Foto: Divulgação/Serpa Marcenaria
Setor moveleiro capixaba apresenta desempenho negativo em 2015
SETOR MOVELEIRO: CRIATIVIDADE E OFERTAS PARA DRIBLAR A CRISE
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crise econômica que assola o país acendeu o sinal de alerta no setor moveleiro. Com índice alto de inadimplência e perda de postos de trabalho, as empresas estão promovendo ofertas no mix de produtos e usando a criatividade para ampliar as vendas e não entrar no vermelho. Luiz Rigoni, presidente da Câmara Setorial da Indústria Moveleira da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), garante que 2015 não tem sido um ano positivo para o segmento, que registrou, até o mês de outubro, faturamento de R$ 372,6 milhões, déficit de 19% se comparado ao mesmo período de 2014. “Estamos na expectativa para as vendas deste mês de dezembro, mas o setor moveleiro capixaba deve fechar o ano de 2015 com faturamento de R$ 447 milhões, 20% a menos sobre 2014”, declara o empresário. Para ele, “enquanto o desemprego estiver aumentando e a renda caindo, o setor continuará descrente de melhorias. Este ano, com certeza, não conseguiremos vender igual ao anterior”, constata o empresário.
POSTOS DE TRABALHO A baixa na produção é um dos reflexos da crise econômica. Para evitar demissões em massa, uma das estratégias adotadas por empreendedores do setor moveleiro capixaba foi dar férias antecipadas aos trabalhadores. Segundo a Federação das Indústrias 62
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O SETOR No Espírito Santo estão concentradas aproximadamente 800 indústrias de móveis, com 11 mil trabalhadores, sendo o polo moveleiro de Linhares um dos mais importantes arranjos produtivos do Estado, composto por aproximadamente 140 indústrias reunidas em 12 municípios e geradoras de mais de 4 mil empregos diretos. Também é um dos principais polos moveleiros do Brasil, segundo a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel).
do Espírito Santo (Findes), essa medida também foi tomada por outros segmentos tradicionais, como o metalmecânico. Apesar de a intenção ser preservar a vaga dos empregadores, demissões foram necessárias. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, somente até outubro deste ano no Espírito Santo a indústria da madeira e do mobiliário admitiu 3.863 profissionais e desligou 4.319.
VITRINE Em busca de novos clientes e mercados, empresários capixabas compareceram a diversos eventos este ano. Em abril, participaram de uma missão técnica ao Salão Internacional do Móvel em Milão, na Itália, onde visitaram companhias fornecedoras de máquinas para a indústria moveleira e empresas de marcenaria de pequeno porte.
VESTUÁRIO
MOMENTO DELICADO NO SETOR DO VESTUÁRIO
Segundo a Câmara Setorial da Indústria do Vestuário, o segmento deve se recuperar somente no segundo semestre de 2016
EXPORTAÇÕES DE CALÇADOS Em milhões de US$ 1.000
O
ano de 2015 não foi positivo para o setor de vestuário, que passou por momentos difíceis nos últimos meses. O segmento, que registrava 19 mil empregos diretos até 2014, apresentou perda de 5% nos postos de trabalho devido à crise econômica que se intensificou no país, principalmente nas empresas que produziam para grandes redes de varejo nacional. No primeiro semestre, os meses de fevereiro e março foram os piores, segundo José Carlos Bergamin, presidente da Câmara Setorial da Indústria do Vestuário da Federação das Indústrias, que revelou ainda que a perspectiva de uma possível recuperação no final do ano não é tão animadora quanto se esperava. “Teremos um Natal bem magro, pois as vendas já foram feitas e estamos com uma queda de 7%. Esperamos que o varejo venda em dezembro e que volte a comprar da indústria no início do ano que vem, mas estamos prevenidos para um início de ano muito fraco, com melhora apenas no segundo semestre”, disse. De acordo com Bergamin, a indústria do vestuário já vinha sendo afetada há algum tempo, principalmente pelos produtos asiáticos comercializados no país. “O setor não entrou nesta VITÓRIA MODA ealizado pelo Sistema R Findes e pelo Sebrae-ES, o Vitória Moda promoveu 20 desfiles entre os dias 7 e 9 de julho. O evento, que aconteceu no Centro de Convenções de Vitória, contou com 109 expositores e recebeu mais de 5 mil pessoas, gerando um volume de negócios de aproximadamente R$ 14 milhões.
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nova crise: ele já estava dentro dela, pois não 500 2014 tinha saído da anterior. 2015 Há mais de uma década a indústria do vestuário 0 é impactada pela entrada Fonte: Abicalçados dos produtos da Ásia, que têm baixo custo de produção, como os da China. E nem é preciso falar do custo Brasil (termo genérico que descreve o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, ideológicas e econômicas que encarecem e dificultam o desenvolvimento nacional), outro ponto que também influencia nesse sentido”, explica. Para tentar reverter a situação, a Câmara do Vestuário, juntamente com Federação das Indústrias do Espírito Santo, Sesi, Senai e Sebrae, vem desenvolvendo um trabalho para ser aplicado a partir de 2016. O programa visa a garantir a perenidade da atividade no Estado, por meio da economia criativa.
EXPORTAÇÕES DE CALÇADOS CAEM NO BRASIL Depois de retomar brevemente o fôlego no mês de setembro, com uma alta nas exportações, os embarques do setor de calçados voltaram a cair em outubro, somando US$ 71,30 milhões – 12,8% a menos do que no mês anterior. Em relação a outubro de 2014, a queda foi de 16,1% (US$ 85,3 milhões). No acumulado entre janeiro e outubro, 96,5 milhões de pares de sapatos geraram uma receita de US$ 766,13 – 12,4% menor do que a alcançada no mesmo período de 2014 (US$ 874,09 milhões). No Estado, a produção do setor apresenta recuo de 10% neste ano, além de uma redução de 5% nas exportações. Uma realidade que poderia ser ainda pior, conforme Altamir Martins, presidente do Sindicato da Indústria de Calçados do Espírito Santo (Sindicalçados-ES). “Nosso Estado caiu até pouco em comparação com o restante do país. E por mais que tenha ocorrido uma queda nas exportações, elas ainda estão ajudando bastante o setor capixaba, que começou a ganhar o mercado externo”, observa.
CLÓVIS VIEIRA
ECONOMIA
é economista e consultor
O QUE NOS AGUARDA EM 2016? A INÉRCIA INFLACIONÁRIA E O REPASSE CAMBIAL OCUPAM LUGAR DE DESTAQUE NAS PROJEÇÕES PARA O PRÓXIMO ANO
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o final de 2015, a atividade econômica reflete a indefinição do nosso maior problema, que é o rombo das contas públicas. O Governo não conseguiu aprovar novas fontes de arrecadação, e o corte de despesas se concentrou nos projetos do PAC, no Minha Casa Minha Vida e no custeio de alguns outros programas, dificultando o cumprimento da meta do superávit fiscal para este ano. O setor público brasileiro tem hoje um déficit primário estimado para 2015 de R$ 51,8 bilhões, equivalente a 0,85% do PIB, mas esse número pode ser ampliado, caso o Tesouro decida pelo pagamento das “pedaladas fiscais”– financiamentos efetuados pelo Governo através dos bancos públicos –, o que implicaria em cerca de R$ 57,0 bilhões a serem desembolsados, ainda este ano. Portanto, o ajuste fiscal não se consolidou, poucas medidas evoluíram, e há uma grave crise política em curso, ampliando-se as preocupações com 2016. A inércia inflacionária e o repasse cambial ocupam lugar de destaque nas projeções para o próximo ano. O quadro econômico passa pelo seu pior momento, mas que pode se agravar ainda mais, com a atividade em franca redução; o mercado de trabalho se deteriorando com
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a expressiva queda da população ocupada; a inflação próxima de 10%; e a inadimplência afetando o setor produtivo e o financeiro.
A tendência de desaceleração deve prosseguir, e o cenário provável para 2016 será de um crescimento negativo de -2,3%; inflação de 7,3%; juros de 15,5%; câmbio de R$ 4,40/US$; saldo comercial de US$ 20 bilhões; e um déficit primário de 1,0% do PIB” A possibilidade de elevação dos juros nos Estados Unidos e a enorme volatilidade causada pela China contribuíram para uma desvalorização das moedas, principalmente dos mercados emergentes. No Brasil a crise política e fiscal resultou na rápida deterioração do real perante o dólar e a desvalorização ao redor de 30%, do início do ano até agora, acabará por impactar os preços em 2016.
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Refém do impasse fiscal e sem a reversão da confiança, o país não pode esperar qualquer reação significativa do investimento ou do consumo. Além disso, a política monetária continuará apertada, congestionando os canais de acesso ao crédito, e o encaminhamento da inflação, para o centro da meta, passa a mirar o ano de 2017. O Governo persiste na busca de novas fontes de arrecadação e na redução de despesas. Para que se promova o corte significativo de gastos, é necessário alterar as despesas obrigatórias, o que depende de mudanças legislativas. Para ampliar a arrecadação, dadas as condições políticas que impedem a aprovação da CPMF, resta elevar tributos que não dependem de autorização do Congresso, como a Cide, o IPI e o IOF. A tendência de desaceleração deve prosseguir, e o cenário provável para 2016 será de um crescimento negativo de -2,3%; inflação de 7,3%; juros de 15,5%; câmbio de R$ 4,40/US$; saldo comercial de US$ 20 bilhões; e um déficit primário de 1,0% do PIB. Vamos torcer para que o Governo mostre a sua capacidade de superar a crise fiscal e política, que vem arrastando o país para um forte desaquecimento da atividade. Por fim, parodiando o ex-presidente, precisamos sair urgentemente desse cenário de uma “eterna Quarta-Feira de Cinzas”.
ALIMENTOS E BEBIDAS
Os custos no setor de bebidas subiram de 40% a 70%, trazendo prejuizos para os empresarios que não puderam aumentar o preço dos produtos devido à queda no consumo
CRISE ECONÔMICA IMPACTA O SETOR DE ALIMENTOS E BEBIDAS
A
desordem política e a recessão econômica impactaram todo o setor industrial brasileiro em 2015. Mas, no Espírito Santo, os segmentos de alimentos e bebidas foram ainda mais prejudicados, sofrendo também com os efeitos das crises hídrica e energética. Na avaliação do presidente da Câmara Setorial das Indústrias de Alimentos e Bebidas da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Claudio José Rezende, a falta de água e a energia mais cara contribuíram para o aumento dos custos e a queda na produção. O Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies) aponta recuo no setor de 9,5% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2014. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Bebidas em Geral do Espírito Santo (Sindibebidas), Sérgio Rodrigues da Costa, os custos subiram de 40% a 70%, mas não foi possível elevar os preços dos produtos, porque o consumo também caiu. Assim, a redução média no faturamento das empresas foi de 15%. “Não está sendo possível fechar essa conta, e mais da metade da indústria do setor está sem capital de giro”, lamenta Costa. Na área alimentícia o cenário se repete. “A alta no custo de insumos, energia e mão de obra exigiu das empresas a reprogramação de caixa. A queda foi de 15% do faturamento”, afirmou o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), Flávio Sérgio Bertollo.
NÚMEROS DO SETOR NO ESTADO No Espírito Santo existem 919 empresas de fabricação de produtos alimentícios, que geram 21.400 empregos, e 47 de fabricação de bebidas, responsáveis por 1.436 postos de trabalho. Fonte: Ideies
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Cláudio José Rezende explica que para amenizar os impactos da crise, a cadeia tem aderido ações como o controle de gastos internos e o combate ao desperdício, além da negociação com fornecedores e promoções para o cliente. O Grupo Coroa, por exemplo, que responde por mais de 20% do mercado de bebidas capixaba, adotou uma redução de 20% na jornada de trabalho de 100 dos seus 300 funcionários.
PODER AQUISITIVO MENOR Gibson Reggiani, empreendedor do segmento de bebidas, reforça que o ano foi extremamente difícil, e que para 2016 a expectativa também não é boa. “Além da crise de emprego que se aprofunda, existem propostas no Congresso para aumentar os impostos. Nesse contexto, as empresas devem concentrar-se na eficiência e ter coragem para fazer os ajustes necessários para superar a crise, pois sairão mais fortes quando a economia se recuperar”. CRIATIVIDADE Forte ferramenta competitiva, a criatividade ganha mercado. Em 2008, Anselmo Endlich e Rogério Salume decidiram criar uma loja virtual de vinhos no Espírito Santo. Parecia insanidade, mas hoje a Wine distribui 441 mil garrafas por mês para mais de 200 mil clientes e deve faturar R$ 300 milhões este ano. E para incentivar o setor, o Sistema Findes realizou, em junho, o 3º Prêmio Senai de Inovação em Alimentos e Bebidas – Prêmio IAB, promovido em parceria com o Sebrae-ES. O prêmio, concedido para estimular a inovação em embalagens e/ou produtos capixabas visando ao aumento da competitividade dos negócios, patrocinou aos vencedores uma visita à Feira Anuga 2015, na Alemanha – maior evento anual do setor no mundo, além de ampla divulgação de seus produtos na Feira Super Acaps Panshow e na mídia em geral.
AGRONEGÓCIO
No segundo semestre na Ceasa teve aumento nos preços devido ao racionamento da água e falta de chuva
ESTIAGEM CASTIGA AGROPECUÁRIA
O
Espírito Santo iniciou 2015 convivendo com a pior seca dos últimos 40 anos. Com a longa estiagem, iniciada ainda em 2014, houve quebra acentuada nas safras de várias culturas, totalizando uma retração geral de 15,9% na produção agrícola de 2015 quando comparada ao ano anterior, segundo levantamento elaborado pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag). Em toneladas, isso representa 1,16 milhão a menos. Os números referem-se às culturas de café, frutas, legumes e hortaliças (olericultura), cana-de-açúcar, feijão, milho e mandioca, além da produção de leite. Cafeicultura, olericultura, fruticultura e produção de leite amargam as piores perdas. Na cafeicultura, a baixa é de 23% na produção (-2,972 milhões de sacas) e de 22,6% no rendimento médio, totalizando um prejuízo superior a R$ 830 milhões. Para a fruticultura, o recuo foi de 13,7% na produção e de 14,7% no rendimento médio. No grupo dos alimentos básicos (arroz, feijão, milho e mandioca), diminuição de 19,7% na safra. No grupo de outras culturas, que inclui a cana-de-açúcar, a redução foi de 18,3% na produção e de 20% no rendimento médio. Em termos monetários, as macrorregiões central e norte foram as que apresentaram maiores perdas, uma vez que têm grande participação na fruticultura e na cafeicultura. Em relação aos dados quantitativos, o sul apresentou o percentual mais elevado de perdas, em função desse baque na atividade relacionada à cana-de-açúcar, que influenciou na quantidade perdida em toneladas. 72
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O secretário de Estado da Agricultura, Octaciano Neto, ressalta que tais retrações são muito significativas. Desde 2009, quando o Estado também sofreu com os impactos de uma estiagem, a agropecuária capixaba não amarga um prejuízo tão expressivo. “No ano passado tivemos uma produção agropecuária de quase R$ 8,5 bilhões, e este ano devemos fechar com uma safra em torno de R$ 7 bilhões. Desde 2009, não tínhamos uma perda tão significativa como estamos tendo em 2015. É só imaginar que cada produtor do Espírito Santo vai receber, em média, de 15 a 20% menos. Isso impacta, e muito, a vida dessas famílias”, afirma.
ALTA NOS PREÇOS A crise hídrica levou às alturas os preços de alguns alimentos. Com o controle do uso da água em algumas cidades, que reduziu a irrigação dos hortifrutigranjeiros, a qualidade dos produtos, especialmente de hortaliças, folhas e frutos, foi comprometida. De acordo com levantamento das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), entre setembro e novembro de 2015 o repolho encareceu, indo de R$ 0,33 para R$ 0,47/kg; a couve-flor subiu de R$ 0,48 para R$ 1,00/kg, e a alface foi de R$ 0,99 para R$ 1,45/kg. No grupo dos frutos, nesse mesmo período, o tomate passou de R$ 1,13 para R$ 1,49/kg. O chuchu, que em geral é mais barato, subiu de R$ 0,39 para R$ 0,73/kg. O gerente operacional da Ceasa, Marcos Antônio Magnago, explica que a alta nos preços ocorreu porque houve atraso no
A cafeicultura amargou uma das piores perdas em 2015, com baixa de 23% na produção e de 22,6% no rendimento medio
plantio, em função do racionamento da água e da falta de chuva. “Essa situação não é comum. Se olharmos para o histórico nessa época do ano, esses alimentos não tiveram seus preços aumentados. Além disso, é importante destacar que o consumidor não precisa ficar preocupado com desabastecimento, pois o que falta aqui, buscamos em outros estados”, esclarece.
RENEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS Para o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Espírito Santo, Júlio da Silva Rocha Júnior, o problema mais agudo causado pela longa estiagem foi o endividamento no campo, agravado pelas quedas seguidas de produção, que comprometeram seriamente a renda. “O modo vigente de renegociação das dívidas não resolve a situação dos produtores, pois os impede de tomar novos financiamentos. É preciso que se estabeleça uma forma diferenciada”. O secretário de Estado da Agricultura se reuniu, no dia 8 de dezembro, com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, André Nassar, e com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Afonso Arinos de Mello Franco Neto, e entregou a eles o relatório atualizado das perdas da agropecuária capixaba em 2015. Octaciano Neto também pediu apoio à bancada federal capixaba para que juntos convençam o CMN a publicar uma resolução prorrogando o pagamento das dívidas dos produtores rurais do Espírito Santo, que estão sofrendo com os impactos da mais longa estiagem dos últimos 40 anos. “Nossa expectativa é positiva com relação à prorrogação das dívidas. Em novembro, reunimos mais de 250 pessoas na sede da Federação das Indústrias do Estado (Findes), entre produtores rurais, lideranças do setor agrícola estadual, deputados estaduais e federais, dirigentes de cooperativas agrárias e prefeitos. Ficamos de levar esse relatório demonstrando a gravidade da
seca no Estado ao CMN para que se sensibilize em relação à situação extremamente delicada que nossos produtores rurais estão enfrentando”, relata. O secretario estadual destacou que o Governo trabalha em duas frentes principais para minimizar os impactos da estiagem e garantir o aumento da reservação hídrica nos próximos anos. “Estamos vivendo anomalias climáticas intensas. No ano passado tivemos secas e enchentes. Atualmente, atravessamos a maior seca no Estado. Com o intuito de reduzir os efeitos disso, investimos em ações como o programa de reflorestamento e de proteção e recuperação de nascentes. Na outra frente, estamos trabalhando para a construção de barragens e caixas secas, que vão ajudar a diminuir os impactos futuros causados pelas adversidades climáticas. Também estamos estudando formas de implantar um mecanismo de seguro agrícola no Estado que possibilite aos produtores ter uma alternativa para minimizar seus prejuízos”, pontua.
COOPERADOS Para o presidente da Cooperativa Agropecuária Centro-Serrana (Coopeavi), Arno Potratz, o agronegócio, assim como os demais setores da economia, também está sofrendo com as incertezas políticas e econômicas do país. “A valorização de aproximadamente 60% do dólar impactou diretamente os custos da produção agropecuária, já que os insumos e implementos usados são, em sua maioria, importados. Além disso, também encareceu os produtos nacionais, como a soja e o milho, majoritariamente destinados à exportação, mas que são os principais componentes para a fabricação de rações”, avaliou. Nesse cenário de escassez de água, a Coopeavi explica que há mais de 50 anos trabalha na conscientização dos agricultores sobre o recurso e que atualmente intensificou as recomendações pela automatização e pela irrigação por gotejamento, que evita o desperdício e é mais eficiente. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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RONALD Z. CARVALHO
MARKETING
é professor da Fundação Dom Cabral, consultor de marketing e estratégia empresarial, colaborador em revista e jornais e palestrante em todo o Brasil
MARKETING: 2016 VAI SER PIOR QUE 2015? “O ANO PASSADO EU MORRI, MAS ESTE ANO EU NÃO MORRO” - LETRA DE “VELHA CANÇÃO”, DE BELCHIOR
E
m mais de 50 anos de vida profissional, não me lembro de uma situação de mercado tão confusa e difícil, em vários níveis em nosso país... Vários empresários de todos os setores, tamanhos e em todo o Brasil deram-me as mais contraditórias e confusas informações. Nas capitais, onde as classes C e D perderam o estrelato do mercado, crescem os prejuízos e há quedas de vendas e, principalmente, inadimplência. Esses três fantasmas dominaram o ano que está quase terminando, e as previsões para o Natal são pessimistas. Festivais de negociação de dívidas dominam o noticiário, pois todos temem uma baixa nas vendas de fim de ano, decorrente na condição de inadimplência de cerca de metade da população brasileira! No interior, principalmente em regiões onde o agronegócio domina, a coisa não está tão feia. Exportação de bens agrícolas como soja, açúcar, carne e outros tem garantido um certo equilíbrio no mercado. No geral, no entanto, a queixa dos empresários foca 2015 em três pontos fundamentais: queda de vendas, crescimento da inadimplência e recuo de margens, e consequentemente, de lucros. A inflação deixou todo mundo com medo, e suas cosequências aparecem na falta de propaganda, promoções, num marasmo geral do comércio e da comunicação de
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marketing. O ano de 2015 foi de estagnação e sofrimento na área de marketing e vendas em geral. Para 2016, as opiniões de empresários, cronistas, economistas e oráculos em geral são ainda mais contraditórias...
A inflação deixou todo mundo com medo, e suas cosequências aparecem na falta de propaganda, promoções, num marasmo geral do comércio e da comunicação de marketing” Em primeiro lugar, ninguém sabe o que vai acontecer na política. Impeachment de Dilma? Impeachment de presidente e vice? Fica tudo como está? Dilma renuncia? E o Cunha? E os processos e as operações Lava Jato e Zelotes e outros escândalos que mostram claramente que, mais que uma crise econômica, temos uma crise política e de gestão? Nada autoriza ninguém a prever 2016 melhor que 2015. Ao contrário, a lógica aponta para uma situação pior que a atual. A não ser que um milagre político coloque o país nas mãos de um bom Governo...
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Em segundo lugar, sofremos muito com a falta de investimentos de infraestrutura; o Estado está falido; a pobreza da nação chegou a tal ponto que mesmo um bom governo terá muita luta e dificuldade pela frente. Em 2015, aconselhamos cautela, cuidado nos investimentos, trabalho intenso de estreitamento de relações com o cliente. Melhoria de gestão, principalmente da comercial, o coração do marketing moderno, sob o amparo da tecnologia. Vendas consultivas, tecnologia de relação com o cliente (CRM), vendas de alta performance e todos os processos de melhoria da eficiência dos sistemas de vendas. Comunicação? Cuidado... sempre muito cuidado e investimentos diretamente dirigidos para resultados. Para 2016, a receita não muda. Amar o cliente, tratá-lo cada vez melhor com apoio da tecnologia, promover vendas de preço justo e agressivamente enfrentar baixas margens para sobrevive. Na Europa, onde recentemente estivemos, vimos as lojas vendendo barato e atendendo o cliente com qualidade superior. E lançando agressivas promoções, como no comércio eletrônico, está dando banho no mundo inteiro. E que uma solução política nos ajude a – um dia – ter um país melhor... Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, escreveu Camões há 500 anos. O que você já mudou hoje?
COMÉRCIO EXTERIOR
Redução nas operações do comércio exterior pode ser justificada, entre outros fatores, pela falta de infraestrutura logística capixaba e pela crise econômica que se abateu sobre o país
COMÉRCIO EXTERIOR AMARGA QUEDA
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s operações de comércio exterior feitas pelo Estado registraram fortes quedas ao longo deste ano. De janeiro a outubro, as importações apresentaram redução de 25%, e as exportações, de 19%, em comparação com o mesmo período de 2014. No acumulado dos 10 primeiros meses de 2015, foram exportados US$ 8,5 milhões, contra US$ 10,5 milhões no mesmo intervalo do ano passado. Já as importações fecharam em US$ 4,5 milhões, sendo que em igual prazo de 2014 bateram os US$ 5,9 milhões. De acordo com o Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex), os piores desempenhos ficaram com as importações de peças de aeronaves (-58%) e de máquinas e equipamentos (-52%), e com a exportação de itens como petróleo (-39%) e minério de ferro (-33%). Segundo Marcilio Rodrigues Machado, presidente da entidade, o fraco desempenho do setor pode ser justificado por diversos fatores, como falta de infraestrutura em todos os modais logísticos, oscilações do câmbio, crise econômica e política no mercado interno, desaceleração no crescimento da economia chinesa e falta de acordos de comércio bilaterais do Brasil. “O setor de comércio exterior tem registrado quedas constantes desde o ano passado. O nosso segmento, como muitos outros, depende das perspectivas e das realidades da economia local e internacional. Como nosso país se encontra em recessão, OS SETORES QUE SE DESTACARAM s vendas de aço para o mercado internacional A tiveram um crescimento de 50%, totalizando um montante de US$ 1,3 bilhão. café também se destacou, alcançando a O cifra de US$ 657 milhões, com alta de 9%. E ntre os produtos importados, a única alta registrada no período de janeiro a outubro foi a de carvão mineral, com 10%. Fonte: Sindiex
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os empresários não se sentem com confiança para investir, o que compromete as importações. Do lado das exportações, com a queda nos preços das commodities e a redução do crescimento da China, nosso maior parceiro comercial, o resultado de nossas vendas ao exterior é afetado”, afirma.
IMPORTAÇÕES PREOCUPAM O Espírito Santo vem perdendo posição a cada ano entre os principais estados importadores do Brasil. Prova disso é a queda de 5,4% para 3%, nos últimos 10 anos, segundo dados do Sindiex, que apontam ainda uma redução de 23% nas importações no primeiro semestre, em comparação com 2014. “Ao compará-la com outros estados, como Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, a situação do Espírito Santo é a pior em termos de crescimento das importações e perda de representatividade. São estados que importavam valores próximos aos nossos, que viram dobrar suas importações em 10 anos, enquanto que a nossa taxa ficou próxima de 25%, reduzindo a participação no peso total”. A maior alta, de 380%, foi registrada em Santa Catarina, que nos últimos anos investiu pesado em logística. O percentual do total importado saltou de 3,5% em 2010 para 7,5% neste ano. “Não há como desenvolver essa atividade sem uma infraestrutura preparada para atender o pequeno até o grande importador e exportador. O Espírito Santo sofre com falta de recursos aplicados em portos, aeroportos e rodovias, impactando na ausência de linhas, fretes e taxas mais altas, transit time elevado”, afirmou Machado. ICMS FUNDAP A arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) do Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap) está seguindo o mesmo caminho trilhado no ano passado, com uma estimativa de perda de 10% no comparativo com 2014. “A projeção é de que o ICMS Fundap fique em um pouco mais de R$ 707 milhões. Ano passado, esse número foi de R$ 780 milhões e já registrava uma queda de 12% frente a 2013”, lamentou Machado.
MERCADO AUTOMOTIVO
TRÊS ANOS CONSECUTIVOS DE QUEDA
A Mercedes-Benz foi uma das poucas marcas que se destacaram em meio à crise, com um crescimento de 52% nos primeiros 11 meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2014
VEÍCULOS COMERCIALIZADOS NO ESPÍRITO SANTO 2012 2013
O
mercado automotivo capixaba reforçou ao longo de 2015 o cenário preocupante dos últimos dois anos. Depois de uma queda de 9,10% em 2013 e de 5,25% em 2014, o ano de 2015 aponta para uma redução ainda mais acentuada em todo o setor, da ordem de 30%, segundo estimativas do Sindicato das Concessionárias Distribuidoras de Veículos do Espírito Santo (Sincodiv-ES). O fraco resultado da economia nacional imprimiu sua marca no segmento, que comercializou apenas 67.812 veículos nos 11 primeiros meses de 2015, uma retração de 29,02% em relação ao mesmo período de 2014, quando foram comercializadas 95.529 unidades. Uma realidade que pode ser atribuída a diversos fatores, como inflação em alta, restrição de crédito por parte dos bancos e juros elevados. “A classe média foi a que mais sofreu, pois o automóvel tem um tíquete médio alto e, para adquiri-lo, muitas pessoas dependem de financiamento, que vem sendo liberado em até 36 vezes apenas. Com isso, a prestação aumenta e o comprometimento da renda fica maior, ainda mais em tempos de instabilidade econômica”, revela José Francisco Costa, diretor-executivo do Sincodiv-ES. A ameaça do desemprego também VENDA EM QUEDA LIVRE teve um peso muito forte na contração 100% do mercado. “Com -5,25% -9,10% as demissões, a capacidade de compra -30%* foi espremida, e o primeiro reflexo vem na inadimplência. Os consumidores estão muito inse0 guros”, complementa 2013 2014 2015 José Francisco.
Fonte: Sincodiv-ES | (*) = estimativa
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2014
2015
2012: 122.490 2013: 112.270 2014: 106.673 2015(*): 62.645
Fonte: Sincodiv-ES | (*) 2015 = jan/out
MERCADO DE LUXO A crise parece não ter afetado algumas marcas do nicho premium, como a Mercedes-Benz, que foi líder nacional no acumulado de janeiro a novembro, registrando 15.620 unidades emplacadas – um crescimento de 52% em relação ao mesmo período de 2014. Os meses de julho, setembro e outubro foram os mais expressivos, com emplacamentos acima de 1.700 veículos em cada período. “O mercado de automóveis de luxo foi melhor do que os demais segmentos porque o consumidor de veículos premium tem um comportamento diferente. Ele, na sua maioria, planeja a sua compra, se prepara para isso. De nossa parte, a Mercedes-Benz também tomou medidas acertadas, lançando modelos que já eram esperados pelos nossos clientes, e trabalhou com preços e condições muito atrativas”, afirma Patrícia Asseff, diretora-executiva da Vitória Motors Mercedes-Benz. DESEMPENHO NACIONAL Com base nos emplacamentos de veículos registrados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) no mês de outubro, o Brasil comercializou 292.802 unidades, segundo levantamento feito pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). O número representa uma retração de 5,68% no comparativo com o mês de setembro, quando foram registradas vendas de 310.436 unidades, e uma redução de 33,81%, se comparado com o mesmo período de 2014. No acumulado do ano, a queda foi de 20,71%.
LUIZ FERNANDO SCHETTINO
INOVAÇÃO
é professor da Ufes e especialista em Gestão Estratégica do Conhecimento e Inovação
INOVAÇÃO: INSTRUMENTO FUNDAMENTAL PARA AMENIZAR A CRISE CONHECIMENTO E IDEIAS NOVAS VISANDO À GERAÇÃO DE VALOR
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empre que ocorre uma crise, instrumentos do arsenal econômico são utilizados. Uns menos amargos, outros mais, mas todos com efeitos colaterais e que acabam sendo adotados mais para amenizar impactos do que para atingir causas e mudar paradigmas. É diferente quando se utiliza da inovação, visto que inovar é empregar conhecimento e ideias novas visando à geração de valor e transformação de produtos e serviços e, com isso, deixando-os mais competitivos e atrativos para os consumidores. Portanto, a inovação é fundamental para uma mudança de paradigma, proporcionando mais negócios, tanto na crise como depois dela. O que é importante ser entendido, pois o mundo dos negócios não volta a patamares anteriores, é que a inovação, aliada a outras ações, pode garantir crescimento econômico duradouro. Para o diretor-executivo do Centro Internacional de Inovação, Filipe Cassapo, “inovar é a chave para o crescimento sustentável, por impulsionar e renovar as empresas, proporcionando um melhor posicionamento de seus produtos e serviços junto aos clientes, fornecedores e a sociedade, levando a geração de mais negócios, a valorização e a sobrevivência para as empresas inovadoras”. Porém, para que a inovação aconteça na intensidade necessária, é fundamental a ação governamental, disponibilizando
recursos humanos e financeiros, segurança jurídica e incentivos. Assim como, na iniciativa privada, deve haver igualmente destinação de recursos e vontade, o que apesar de já parecer ter sido entendido,
A inovação, porém, não pode ser buscada apenas pela necessidade diante da crise, mas deve ser parte de uma estratégia de desenvolvimento com investimentos permanentes, tanto públicos quanto privados” na prática está longe disso, pois não são ainda destinados os recursos necessários para o país dar o salto de qualidade e competitividade que precisa. Pelo que se percebe do desempenho da economia em 2015, a crise não desaparecerá em 2016 e, provavelmente, nem em 2017. Mas poder-se-á ter em muitos setores da economia performances melhores nos próximos anos se houver mais esforços em
inovar, integrar e cooperar entre agentes públicos, incluindo universidades e instituições de pesquisas e iniciativa privada. Objetivos estes que precisam ser assumidos de fato, uma vez que há um grande diferencial a ser superado em relação a outros países que economicamente estão bem, como Estados Unidos e Coreia do Sul. Enquanto no Brasil 30% dos cientistas atuam em projetos ligados a empresas, nesses países há cerca de 80%, sendo esta uma das prováveis razões do sucesso econômico deles. A inovação, porém, não pode ser buscada apenas pela necessidade diante da crise, mas deve ser parte de uma estratégia de desenvolvimento com investimentos permanentes, tanto públicos quanto privados. E suspender incentivos à inovação, como está encaixado no ajuste econômico proposto em 2015, ao contrário, é prolongar a crise, deixando de gerar empregos, renda, impostos e competitividade. E pior, possivelmente, perder espaço no comércio global, pois quem passa a ter um produto ou processo inovador não quer voltar ao passado. Inovação, diante da grave crise por que passa o Brasil, é um permanente seguir em frente, e deve ser prioridade na concentração de esforços, leia-se, recursos e ações, para que os próximos anos tenham melhores indicadores socioeconômicos.
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VAREJO Foto: Divulgação
COMÉRCIO INTENSIFICA AÇÕES PARA RETER CONSUMIDORES
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esponsável por aquecer as vendas do comércio no fim do ano, o Natal de 2015 pode mudar essa tradição. É o que revela a pesquisa sobre Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), que apontou que os capixabas estão menos dispostos a irem às compras neste período. O levantamento mostra que o mês de novembro apresentou uma queda de sete pontos na intenção de consumo em relação a outubro, atingindo seu menor patamar na série histórica. Nos últimos 12 meses, o índice recuou 49,9 pontos, dos quais 44,7 somente em 2015. E o crescimento de 2% que foi estimado pela Federação para este ano, pelo visto, pode não acontecer, por conta ainda da baixa concessão de crédito, dos juros altos e do crescente endividamento das famílias. “O volume de vendas do comércio varejista capixaba em setembro caiu 2,2% em relação a agosto, e na comparação ao mesmo período do ano passado, 12%, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE. Os números não trazem otimismo, contudo, trabalhamos incessantemente para reverter essa tendência. Indicadores negativos resultam em menos transações e redução do quadro de funcionários”, disse José Lino Sepulcri, presidente da Fecomércio-ES. 80
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Devido à desestabilização econômica do país, a atividade enfrentou momentos de turbulência, com quedas inéditas nas vendas. Dados do SPC Brasil e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) concluem que o setor registrou o pior resultado dos últimos seis anos no Dia das Crianças. As consultas para vendas a prazo diminuíram 8,95% frente ao mesmo período de 2014. “O resultado negativo se repetiu nas demais datas comemorativas em 2015: o encolhimento nas intenções de vendas parceladas foi registrada no Dia dos Namorados (-7,82%), na Páscoa (-4,93%), no Dia das Mães (-0,59%) e no Dia dos Pais (-11,21%)”, afirma Carlo Fornazier, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória. Números da Fecomércio-ES apontam que em outubro o grupo de consumidores endividados e inadimplentes aumentou. Na capital capixaba, por exemplo, eram 74.260 endividados, 1,9% a mais que no mês anterior. Destes, 34,3% possuíam contas em atraso e 12% não tinham condições de honrar seus compromissos no mês seguinte. Até novembro, havia 576.687 pessoas inadimplentes no Espírito Santo, totalizando 1.730.062 registros no banco de dados do SPC.
Foto: Divulgação
O ano de 2015 foi repleto de novidades nos shoppings da Grande Vitória, que fizeram investimentos para atrair mais consumidores. No Shopping Vila Velha, por exemplo, foi inaugurado um novo Cinemark, com exibição de filmes em 2D e 3D
Diante disso, o setor passou a buscar alternativas, como oferecer a renegociação das dívidas com bons descontos para a quitação, permitindo ao público voltar a comprar. Uma dessas ações foi o Feirão Recupere seu Crédito, realizado pelas Câmaras de Dirigentes Lojistas de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica no início do mês de dezembro.
do Estado apostaram em novidades ao longo de 2015, como o Shopping Vitória, que buscou ampliar o seu mix de produtos e serviços, além de realizar eventos culturais para garantir um bom tráfego de pessoas circulando pelos corredores. Um dos destaques é a nova área gastronômica que está sendo construída, denominada Gourmet Place, onde funcionarão as operações de Cremino Gelato & Caffé, Steak Beer, Tapiocaria Maceió e Croasonho. “Os shoppings muitas vezes sofrem um menor impacto, pois ainda conseguem atrair público por conta dos cinemas, exposições, área de alimentação e serviços bancários, entre outros”, destaca Cláudia Souza, gerente de Marketing do Shopping Vitória. SHOPPINGS No Shopping Vila Velha, que tem como diferencial o Para “dar um gás” nas vendas, estacionamento gratuito, o fluxo vem aumentando a cada mês. os grandes complexos de compras O empreendimento, inaugurado em agosto de 2014, trouxe diversas opções de lazer para os capixabas, como as salas de cinema da rede Cinemark, únicas com tecnologia XD: tela 40% INTENÇÃO DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS - EM PONTOS maior que as convencionais e qualidade Síntese de resultados superior em termos de projeção 2D e 3D. Outra novidade foi a área de eventos, 110 que já recebeu grandes nomes da música 99 brasileira – como Lulu Santos, Ana 88 Carolina, Zeca Baleiro e Nando Reis, entre 77 outros – e também abriga peças teatrais, feiras e formaturas. 66 O gerente de Marketing, Bruno Saliba, 55 diz que, apesar de o complexo ainda estar 44 em processo de maturação, o resultado é positivo. “Enquanto o mercado se retrai, 33 remamos contra a maré e emplacamos uma 22 sequência de crescimento, mesmo levando 11 em conta a sazonalidade. Realmente, temos 0 muito o que comemorar”, afirma. NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV O Shopping Moxuara, inaugurado em 2014 2014 2015 2015 2015 2015 2015 2015 2015 2015 2015 2015 2015 maio de 2014, apresentou um crescimento Fonte: Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) médio de fluxo de 27% após um ano de sua ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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Mesmo com a crise, o Estado recebeu novas lojas ao longo do ano, como a inauguração de mais um supermercado do Grupo Carone, no município de Cariacica
abertura e encerrará o ano com duas novidades: a megaloja We Like Fashion, operação nacional focada nas últimas tendências da moda, e uma concessionária da Toyota, que também contará com uma oficina. O espaço, que seria expandido, adiou os planos, segundo seu superintendente, Rafael Dal Bello. “Está em nossos planos a expansão em 2019 ou até antes, mas essa decisão só será tomada após a concretização de alguns indicadores. Estamos no caminho”. O Shopping Praia da Costa trouxe como novidades no ano as mudanças na praça de alimentação e a criação de uma área gourmet, que receberá restaurantes nacionalmente reconhecidos, como o de frutos do mar Coco Bambu, a hamburgueria Madero e a saladaria carioca Balada Mix, a serem inaugurados no início de 2017. Já no Shopping Mestre Álvaro foram abertas a megaloja Polo Wear e uma unidade da rede capixaba de eletrodomésticos Eletrocity.
No acumulado dos 10 primeiros meses de 2015, a queda real é de 1,02%, frente ao mesmo período de 2014, conforme a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Já as vendas em valores nominais apresentaram expansão de 7,58% de janeiro a outubro. “Esse resultado já era esperado pelo setor, devido ao aumento das taxas de desemprego. A massa salarial diminui gradativamente, afetando o consumo, inclusive nos supermercados. Apesar de esperado, esse resultado nos preocupa”, afirma o vice-presidente da Abras, João Sanzovo Neto. No Espírito Santo, o faturamento anual dos supermercados em 2015 deve ficar na faixa dos R$ 6,4 bilhões. “Considerando o estado da economia, o desempenho tem sido bom, mesmo com a pequena perda de 1% nas vendas, se comparado ano a ano. Até o início deste ano, trabalhávamos com perspectiva de crescimento real nas vendas. Em meados do primeiro semestre, a expectativa SUPERMERCADOS mudou e esperamos fechar 2015 pelo menos empatando o volume As vendas do setor supermercadista brasileiro obtiveram alta de vendas de 2014, contando, para isso, com as transações de final de 8,89% em outubro em comparação com setembro e uma queda de ano”, afirma o superintendente da Associação Capixaba de de 1,56% em relação ao mesmo período de 2014 em valores Supermercados (Acaps), Hélio Hoffman Schneider. reais, ou seja, deflacionados pelo Índice Nacional de Preços Em 2015, o consumidor capixaba ganhou mais lojas: ao Consumidor Amplo do Instituto Brasileiro de Geografia e o novo Carrefour, em Vila Velha, inaugurado no mês de Estatística (IPCA/IBGE). setembro; uma loja na Serra da Nossa Rede, que já tem 36 filiais em todo o Espírito Santo; e mais um supermercado do Grupo SUPER FEIRA ACAPS Carone, em Cariacica, que está sendo considerado o mais moderno PANSHOW Realizada entre 7 e 9 de julho, no Carapina entre os 10 existentes na Grande Vitória, construído seguindo Centro de Eventos, a Super Feira Acaps PanShow 2015 registrou um volume padrões europeus. “Para a rede, é de vendas de R$ 160 milhões. O público uma satisfação imensurável chegar do evento ultrapassou 20 mil visitantes a Campo Grande e poder contribuir nos três dias, sendo a grande maioria ainda mais para o desenvolvimento supermercadistas e panificadores, de Cariacica”, afirmou o diretor que puderam conferir de perto, além da do supermercado, Willian Carone feira de negócios, palestras técnicas e Junior, na inauguração, em maio. treinamentos práticos. 82
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SIDEMBERG RODRIGUES
GESTÃO
é presidente do Conselho Temático de Responsabilidade Social da Findes e gerente geral de Comunicação e Relações Institucionais da ArcelorMittal Brasil
POR UM NOVO CICLO A NECESSIDADE DE PACIÊNCIA PARA AGUARDAR AS CONSEQUÊNCIAS DOS ERROS E DA ANGÚSTIA DE 2015
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onversando com uma amiga, falávamos de como têm sido cíclicas as carências de paz e espiritualidade – na gestão e na vida. E de como se repete o sofrimento decorrente da falta de ambas. No Ano Internacional da Luz, como a Unesco intitulou 2015 na 68ª Assembleia da ONU – que aconteceu em Paris! – a “Cidade Luz” teve duas tristes ocorrências de terrorismo. Ano também marcado por uma policrise no planeta: crise econômica; crise hídrica; crise política; crise financeira; crise de energia; crise de valores, com muitas prisões; crise de confiança; crise ambiental; crise moral, face à fome e também ao êxodo de migrantes e refugiados; e, finalmente, a velha crise existencial, traduzida na angústia generalizada e nas taxas mundiais de suicídio. O planeta não está em paz. E longe dos ideais da espiritualidade, que pressupõem o equilíbrio do sujeito para com ele mesmo, o outro e o meio. O efeito dominó causado pela desindustrialização e pelo desemprego, especialmente no Brasil, acabou atingindo praticamente todos os setores e segmentos da economia. Parte dele, trazida pela perda de competitividade da indústria diante da importação e de dificuldades crônicas de exportação, como falta de infraestrutura e alta carga tributária.
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Diante desse quadro, o que se pode esperar do próximo ano? Naturalmente, a necessidade de paciência para aguardar as consequências dos erros e da angústia de 2015 passarem. O otimismo influencia diretamente o ânimo de quem faz girar as hélices do capitalismo: os consumi-
Ao menos uma certeza: aprendeu-se a se fazer mais com menos, pois os orçamentos andaram tão enxutos quanto os rios. Passamos a atentar mais à racionalização e à otimização graças às lições da água. A ética e a moral sugeriram cautela no próximo deslize” dores e os investidores. Sem confiança, não há crédito. Sem emprego não há renda. Ou seja, para ser virtuoso, o círculo tem de se esforçar. Volta a ideia de repetição, já que a vida flui em ciclos. Ao menos uma certeza: aprendeu-se a se fazer mais com menos,
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pois os orçamentos andaram tão enxutos quanto os rios. Passamos a atentar mais à racionalização e à otimização graças às lições da água. A ética e a moral sugeriram cautela no próximo deslize. Aqui, os ciclos foram penosos! A sensação de termos chegado ao fundo do poço sinaliza que a coisa não poderá descer por todo o ano de 2016, já que qualquer chão nos permite uma base para propulsão. A velha história de risco e oportunidade trazidos por qualquer crise. Por termos amargado em muitos riscos, acabamos com vontade de provar a doçura da oportunidade. Uma coisa é certa: a alternativa de solução para um 2016 melhor passa pela criatividade, principalmente nos primeiros meses. E também pela necessidade de inovação, pois apostar só em commodities já mostrou ser um caminho complexo. Outra coisa: tanto a criatividade quanto a inovação dependem do cérebro humano. E sem estar saudável, feliz e espiritualmente equilibrado, nada feito. Ou seja, há riscos ao ignorarmos o protagonista de toda essa história: o ser humano. E se tem um ciclo que precisa se repetir no mar das possibilidades, é nossa força coletiva de gerar uma onda de talento, integridade e paz. Um próspero – e espiritual – 2016!
MERCADO IMOBILIÁRIO
NO RITMO DA ECONOMIA
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om desempenho abaixo do esperado no segmento de construção civil e uma redução significativa no volume de obras públicas e corporativas, o mercado imobiliário no Espírito Santo perdeu fôlego em 2015. Marcado por milhares de demissões, como reflexo da falta de investimentos, o setor cortou 40.499 postos de trabalho no Espírito Santo entre janeiro e setembro de 2015, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. No período, o número de demissões superou o de admissões no Estado, com um saldo negativo de 7.551 vagas. Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon-ES), Aristóteles Passos Costa Neto, o ano foi muito difícil e pegou todo o setor desprevenido. “Não temos o número, mas, certamente, o Produto Interno Bruto caiu, no Estado e no Brasil. No Espírito Santo, verificamos um fraco desempenho da indústria imobiliária e uma queda das obras por prestação de serviços, cujos clientes são as grandes empresas e o poder público, estadual e municipal. Portanto, podemos afirmar que a atuação do setor em 2015 foi muito fraca, acompanhando a performance da economia como um todo”, afirmou. Segundo Aristóteles, o ano foi de “administração de fluxo de caixa com o objetivo de enfrentamento para 2016, que também será muito duro”. “Ainda não temos números do setor para 2015, mas podemos perceber por dados das empresas que os faturamentos caíram muito este ano, se comparados com 2014. Os lançamentos imobiliários foram reduzidos e trabalhamos fortemente para entregar o que estava sendo produzido”, disse. 86
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O imóveis prontos estão entre as preferências do público, com 74% neste ano, contra 63% em 2014
MERCADO DE TRABALHO NO SETOR CATEGORIA
PERÍODO
ES
SUDESTE
BRASIL
Admitidos
Jan - Set 2015
32.948
808.317
1.653.424
Demitidos
Jan - Set 2015
40.499
902.351
1.876.135
-7.551
-94.034
-222.711
Saldo 2015 Fonte: Caged
Para tentar amenizar esse cenário, o Sinduscon-ES apresentou o Seminário Regional Concessões e Parcerias Público-Privadas: Ampliação das Oportunidades de Negócios. Com correalização do Sindicopes e promoção da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Senai Nacional, o evento reuniu empresários, agentes públicos e especialistas no assunto, que puderam debater os principais entraves existentes no país ao avanço de novas concessões e novos contratos de PPPs no âmbito dos governos Federal, Estadual e municipais.
PRODUÇÃO CONFORME A DEMANDA De acordo com o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Estado do Espírito Santo (Ademi-ES), Sandro Carlesso, a indústria imobiliária tem buscado produzir em sintonia com a demanda do consumidor, desenvolvendo novas expertises para diagnosticar os locais onde há viabilidade e demanda para novas unidades e, sobretudo, a fim de planejar
imóveis com o perfil desejado pelo cliente. “As empresas estão ainda mais maduras e atentas a isso, o que tem permitido a muitas delas obter uma liquidez satisfatória dos imóveis à venda, mesmo diante desse cenário de incertezas na economia e que atinge não só o mercado imobiliário, como tantos outros arranjos econômicos com atuação no Espírito Santo”. Sandro explica que a queda no volume de lançamentos não está relacionada diretamente à crise. “Ela é um agravante, mas a diminuição ocorre devido ao ciclo natural de acomodação do mercado. Vivemos na história recente uma fase de crescimento acentuado, beneficiados pela ascensão econômica das famílias, pelo pleno emprego e pela ampla facilidade de crédito. Isso levou o setor a uma produção imobiliária a patamares nunca alcançados no Espírito Santo. Saltamos de 7.870 unidades em construção no ano de 2002 para 33.191 em novembro de 2011. O saldo desse boom pode ser contabilizado com a diversificação das tipologias de imóveis e a descentralização das ofertas”. Entre as ações desenvolvidas pela Ademi-ES ao longo deste ano está o 22º Salão do Imóvel, realizado entre os dias 15 e 18 de outubro. Na avaliação do presidente da instituição, o saldo foi positivo, tendo em vista o atual quadro. “O salão veio para atender à demanda.
22º Salão do Imóvel teve saldo positivo, tendo em vista o atual quadro econômico
UNIDADES EM CONSTRUÇÃO POR MUNICÍPIO Dados referentes ao primeiro trimestre de 2015 Vila Velha 14,144
Vitória 3,707
50%
Viana 156
1%
Serra 5,446
13%
Cariacica 2,403
9% 20%
7%
Guarapari 1,814
Fonte: Sinduscon-ES
Mesmo com a crise, existe uma série de pessoas que já vinha poupando para comprar um imóvel. O evento mostrou que esses personagens existem. Que há uma demanda consistente para o que é ofertado pelo mercado”, afirma Carlesso. A Pesquisa de Demanda da Ademi-ES, divulgada no dia 18 de novembro, traz os números do 22º Salão do Imóvel e as principais demandas do consumidor, além de apontar o perfil dos capixabas que buscam um imóvel. Segundo o levantamento, a idade média subiu em dois anos com relação a 2014. Um terço do público deste ano tinha em média 40 anos completos. Já a percepção do imóvel como investimento cresceu, sendo o fator principal para 26% dos visitantes, seguido do desejo de sair do aluguel (21%) e do casamento (17%), itens que permaneceram com os mesmos números registrados no ano passado, conforme a pesquisa. Também é destaque o crescente desejo por imóveis prontos. Eles estão na preferência de 74% do público deste ano, contra 63% computados em 2014. Quanto à tipologia, os apartamentos continuam liderando, com 91% da busca. A diferença está no número de quartos. Os tradicionais dois dormitórios permanecem em primeiro lugar, embora tenham caído de 64% para 60% na predileção do consumidor em 2015, enquanto os de três quartos subiram de 34% para 37%no comparativo entre 2014 e 2015. O preço do imóvel mais buscado ficou entre R$ 100 mil e 300 mil. Já o tíquete médio do que foi negociado ficou em R$ 203,5 mil.
FEIRÃO CAIXA O Feirão da Caixa da Casa Própria, realizado no último final de semana de abril, reuniu 3,5 mil imóveis em oferta na região da Grande Vitória. Em 2015, aproximadamente 10 mil pessoas visitaram o evento durante os três dias, com fechamento de negócios da ordem de R$ 82,1 milhões, em todas as faixas de financiamento. A 11ª edição do Feirão Caixa contou com 21 parceiros, entre construtoras e imobiliárias. Entre os imóveis comercializados, o de menor valor (R$ 120 mil) estava localizado na Serra e o de maior preço (R$ 2 milhões) na Praia do Canto. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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MERCADO FINANCEIRO Foto: Divulgação
MERCADO FINANCEIRO OSCILA EM 2015
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e no ano passado a expansão econômica já estava difícil, em 2015 a situação piorou. Os indicadores que balizam a atividade financeira não mostram um ano tranquilo nem para os cidadãos nem para as empresas nem para as instituições desse mercado, que precisaram buscar excelência na gestão para evitar surpresas desagradáveis. No Espírito Santo, a inadimplência, por exemplo, subiu 7,73% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2014, enquanto a quantidade de dívidas em atraso dos consumidores cresceu 8,69%. No mês, 558,7 mil consumidores no Estado estavam com o nome inscrito no SPC. Os números locais estiveram acima das médias nacionais (respectivamente, 4,86% e 6,28%), e o endividamento dos capixabas alcançou o maior patamar dos últimos 10 anos. Os dados são da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória, que atribui a situação à alta dos juros (que encarece o crediário e dificulta a quitação), do desemprego e da inflação, que vêm corroendo a renda. No país, o SPC Brasil e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) calculam 57,3 milhões de inadimplentes em agosto. As cifras batem com as da Serasa Experian, que estimou que no mês esses débitos pendentes somavam R$ 246 bilhões. O levantamento apontou ainda que as empresas negativadas já chegavam a 4 milhões em todo o Brasil, com dívidas de R$ 91 bilhões. O maior vilão continuou sendo o cartão de crédito, na modalidade rotativo (em que o cliente financia o saldo devedor após pagar somente uma parte da fatura). O índice de atrasos acima de 90 dias, de acordo com o Banco Central, chegou a 38,9%, em setembro, o mais alto desde janeiro de 2012 (38,3%) e o maior para o mês desde março de 2011, quando se iniciou a série histórica. O crédito, outro importante indicador do comportamento das finanças no ano, registrou retração na oferta e na procura e aumento das taxas de juros em 2015. Para as pessoas físicas, a taxa média elevou-se 1,3% em outubro e 7,1% em 12 meses, 88
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Mesmo diante da crise, o Sicoob-ES conseguiu apresentar resultados importantes ao longo deste ano, alcançando patrimônio líquido de R$ 1 bilhão
atingindo 38,7% ao ano. Nas contratações com recursos livres (que reúnem todas as linhas de financiamento ao consumo), a taxa média alcançou 64,8% ao ano (+2,5% no mês), destacando-se os aumentos em cheque especial (+14,4%) e em crédito pessoal não consignado (+10,9%), também segundo o Banco Central. Já nos empréstimos às empresas, o juro médio situou-se em 21,5% ao ano (+1,1% no mês e 4,9% em 12 meses). Em outro estudo da Serasa, divulgado em novembro comparando com dados de outubro, a procura por crédito pelas empresas registrou expansão de 0,4%, explicada pela sazonalidade. Porém, no acumulado do ano (de janeiro a novembro de 2015), esse índice caiu 1,7% frente ao mesmo período de 2014, enquanto por parte das pessoas físicas a demanda avançou apenas 0,1% sobre outubro (mês em que houve queda de 2,4% sobre setembro) e recuou 2,5% no confronto com 2014. De acordo com os economistas da Serasa Experian, o aprofundamento da recessão, com a ampliação do desemprego, a alta dos índices de inflação, as condições de crédito cada vez mais restritivas e o baixo patamar dos níveis de confiança dos consumidores pesaram sobre a demanda desse público por crédito.
CONFIANÇA DOS EXECUTIVOS A crise abalou não só a confiança dos consumidores, mas também dos executivos da área financeira do Estado, como mostrou o Índice de Confiança do Ibefiano Capixaba, divulgado em novembro pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (Ibef-ES) em parceria com o Instituto Futura. Dos entrevistados, 65,5% indicaram que a situação econômica e financeira atual de suas empresas piorou em comparação ao ano passado. Na pesquisa anterior, realizada em abril, esse índice era de 57,7% – 7,8 pontos percentuais menor. A visão favorável de oportunidades de negócios para os próximos 12 meses também caiu 15,6% em relação a igual período de 2014.
As receitas com intermediação financeira, as transações de crédito e de serviços e o controle de custos operacionais contribuíram de maneira positiva para o desempenho do Banestes, que alcançou R$ 121,8 milhões de lucro líquido nos primeiros nove meses do ano
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“Foi o pior resultado do índice em todos os tempos. Nessa toada, 76,8% dos entrevistados afirmam que o momento atual é desfavorável a seus negócios, em razão da péssima conjuntura econômica e/ou ausência de ambiência política. Já quanto ao cenário estadual o humor se modifica. Os executivos estão confiantes na eficácia das medidas do atual Governo para que o crescimento do Estado seja retomado”, comenta Daniela Negri, coordenadora da Câmara Temática de Gestão e Negócios do Ibef e gerente da Unidade de Estratégia, Planejamento e Orçamento do Sebrae-ES. Na avaliação do economista José Antônio Bof Buffon, a situação adversa vem interferindo diretamente na vida dos brasileiros, principalmente daqueles que precisam fazer financiamento bancário. “Os bancos fecharam as linhas de crédito e estão muito conservadores, pois o cenário não recomenda nenhum tipo de aventura. Ninguém está financiando nem tomando dinheiro a longo prazo. Como o crédito está contraído, as empresas estão fazendo capital de giro para poder financiar o caixa, e não para aumentar o faturamento. Estão cautelosas há muito tempo, bem antes dessa crise. Quem tem dinheiro está guardando”, analisa.
OS BANCOS EM 2015 Apesar do panorama sombrio e dos baixos índices de otimismo com a economia, os números do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) demonstraram uma trajetória positiva nos primeiros nove meses do ano, com o alcance de R$ 121,8 milhões de lucro líquido (19,8% maior que em igual período de 2014) – desempenho atribuído a receitas com intermediação financeira, operações de crédito e de serviços e controle de custos operacionais. O patrimônio líquido chegou a R$ 1,14 bilhão em setembro, avançando 7,7% sobre o saldo de dezembro de 2014. A atuação no mercado de cartões de crédito foi ampliada, com mais de 11,9 milhões de operações realizadas com o Banescard entre janeiro e setembro, 13,7% a mais que no mesmo intervalo de 2014. A instituição continuou a priorizar o crescimento das carteiras de menor risco, como o crédito imobiliário, o consignado e o microcrédito, que evoluíram 43,7%, 7,5% e 7,0%, respectivamente.
ÍNDICE DE CONFIANÇA DO IBEFIANO CAPIXABA 65,5% acham que a situação econômica e financeira de sua empresa piorou. 76,8% consideram o atual momento desfavorável para os negócios. Fonte: Ibef-ES
O Sicoob Espírito Santo comemora resultados ainda melhores, mantendo as perspectivas de investimento para 2016. Até o terceiro trimestre de 2015 a cooperativa havia liberado R$ 3,1 bilhões em crédito e alcançado patrimônio líquido de R$ 1 bilhão, atingindo com dois meses de antecedência a meta para o final de 2015. De acordo com seu presidente, Bento Venturim, o balanço é fruto da confiança dos associados e do trabalho da equipe. “Temos compromisso com o progresso das pessoas e com o desenvolvimento regional. O amplo portfólio de produtos e serviços ofertado aos associados, que são donos do negócio, é outro fator que fortalece o vínculo com os clientes, impulsionando o crescimento do sistema”, cita. O desempenho em 2015 possibilita que o Sicoob-ES dê prosseguimento ao seu planejamento estratégico, entre cujas ações está a abertura de 12 novas agências em 2016: oito no Estado e quatro no Rio de Janeiro, onde já possui outras três unidades. Em 2015, foram inaugurados postos no Centro de Vitória e da Serra, em Pedro Canário e em Itapemirim. Por sua vez, o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) lançou sua nova política operacional, priorizando segmentos como o turismo, a cadeia de petróleo e gás e o apoio às economias verde e criativa. A previsão é de que até o final de 2018 sejam movimentados mais de R$ 1,8 bilhão em financiamentos. O banco também lançou o programa “Bandes Comunidades”, em que os empreendedores terão acesso ao crédito produtivo e orientado. Nas áreas tradicionais de atuação, foram investidos R$ 75 milhões pelo Nossocrédito, beneficiando negócios de pequenos portes formais e informais. A agricultura familiar foi o destino de outros R$ 66,7 milhões. Para comércio, serviço e indústria, foram injetados R$ 58 milhões em desenvolvimento, implantação e ampliação de empresas no Estado, totalizando uma previsão de R$ 199 milhões em recursos liberados até o final do ano. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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ADILSON NEVES
GESTÃO
é professor, consultor em Estratégia e coach em Desenvolvimento de Pessoas
O QUE ESPERAR DE 2016? NEM TUDO É CHORO, NEM TUDO ESTÁ PERDIDO
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emos crise, mas temos tenacidade, arrojo e diferenciação para quebrar as barreiras e continuar nossa trilha de desenvolvimento. E esse receituário inclui a inovação. Assistimos com aplausos ao avanço da inovação na sociedade brasileira, permitindo que essa palavra deixasse de ser um elemento estranho no imaginário popular. Avançamos, afinal, porém sabemos que precisamos continuar progredindo muito mais nos próximos anos, preparando as empresas para a recuperação econômica. Começamos meio atrapalhados, é verdade; porque o Brasil ainda relutou em quebrar a reserva de mercado, lá pelos idos de 1984. Demos um passo decisivo em 1993, quando foi aprovada a Lei de Informática, depois a Lei da Inovação Tecnológica em 2004, e a Lei do Bem em 2005; e abrimos as portas para as empresas globais. Isso ajudou o país a quebrar barreiras que impediam investimentos em pesquisas e desenvolvimento. Investimos cerca de R$ 50 bilhões na última década na criação de parques tecnológicos que alavancam soluções inovadoras brasileiras que agora ganham o mundo. O país ainda precisa avançar, é claro, pois estamos na 57ª colocação em competitividade, conforme o relatório do Fórum Econômico Mundial.
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É verdade que não temos o nosso Vale do Silício, mas ganhamos terreno no Rio de Janeiro, em Florianópolis, em Curitiba, em Porto Alegre, em Recife e em Belo Horizonte, com os parques recheados de incubadoras e aceleradoras com base tecnológica.
Temos muito o que inovar em áreas como o Big Data, a internet, o cloud computing, a eficiência energética, o design, a qualidade, a indústria do futuro, a cooperação, a internacionalização e a competitividade entre as empresas e as startups” O Espírito Santo também achou o caminho das pedras e investiu em inovação com projetos inteligentes que ganham fronteiras internacionais. Esconder o sol com a peneira é burrice. O Brasil tem uma situação desagradável sob o ponto de vista econômico, mas sempre
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tenho dito de que esse cenário é resultado do quadro político. Há uma queda brusca de confiança nas instituições, e a população está altamente cética e descrente, distanciada dos seus representantes; mas ao mesmo tempo conectada em tempo real com as informações. Os prognósticos nos inspiram a permanecer alertas para o próximo ano, mas crise oferece inúmeras oportunidades também. Há um momento ímpar e desafiador para as empresas que mantiverem recursos para investir em inovação, principalmente aquelas que tragam vantagens competitivas. Temos muito o que inovar em áreas como o Big Data, a internet, o cloud computing, a eficiência energética, o design, a qualidade, a indústria do futuro, a cooperação, a internacionalização e a competitividade entre as empresas e as startups. O campo é imenso para quem adotar estratégias inovadoras não só em produtos ou serviços, mas também em gestão, com o desenvolvimento das pessoas e a formação de líderes, na melhoria da qualidade e dos processos e na criação de estratégias sustentáveis em longo prazo que diminuam os custos sem perder de vista o atendimento das demandas dos clientes. A inovação é um investimento com ganho futuro. Quem antecipa o futuro lucra mais.
EDUCAÇÃO O programa Escola Viva, do Governo Estadual, iniciou as aulas numa nova unidade educacional criada no bairro de São Pedro, em Vitória
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EDUCAÇÃO CAPIXABA ENTRE CORTES E INOVAÇÕES
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m ano de dificuldades e conquistas marcou a educação capixaba. Em que pesem os cortes de recursos, o Estado se destacou em avaliações nacionais, e o ensino público pôde ter dado início a um novo paradigma. O programa Escola Viva, lançado pelo Governo Estadual, é um dos feitos mais relevantes de 2015. No entanto, não esteve livre de debates e protestos de estudantes e professores logo no começo do calendário letivo. Aprovada a Lei da Escola Viva em junho, o segundo semestre foi aberto com aulas para 400 alunos numa nova unidade criada no bairro de São Pedro, em Vitória. “Independentemente das diferenças de posições, abrimos o ano com um grande debate sobre a educação, o que é positivo”, avalia o secretário estadual de Educação, Haroldo Corrêa Rocha, ao considerar que o projeto pode fazer de 2015 um ano histórico para a educação capixaba, inaugurando um modelo pedagógico que dê protagonismo ao aluno e que inclua escola em tempo integral, reforma curricular e professores com dedicação exclusiva. No ensino particular houve pouca mudança no que havia sido planejado, de acordo com Antonio Eugênio Cunha, presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES). Porém, ele considera que o aumento do desemprego contribuiu para o crescimento da inadimplência. “Naturalmente, estratégias e busca de soluções para atender às famílias estão sendo colocadas em prática pelas escolas. Garantir as matrículas para 2016 é a tarefa de maior importância neste momento. Temos certeza de que encontraremos saída para a crise estabelecida e criaremos novas oportunidades para a educação”. 92
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Ao longo do ano, o Sesi-ES, maior rede privada de ensino do Estado, destacou a participação de seus jovens no Torneio de Robótica First Lego League, conquistando cinco das sete vagas para a final nacional do campeonato internacional, no início de 2016. Estudantes da rede também faturaram 37 medalhas de ouro na Mostra Brasileira de Foguetes e duas na Olimpíada Brasileira de Astonomia, com classificação para a etapa nacional em 2016. A Rede Sesi atende aos filhos dos industriários e à comunidade em geral oferecendo instrução do ensino infantil ao médio, além de educação de jovens e adultos (EJA). Em 2015, recebeu mais de 12 mil matriculados nas 11 unidades que possui no Espírito Santo. “O Sesi investe forte em tecnologia na sala de aula e se destaca em diferenciais, como na robótica, no Torneio de Foguetes e em muito mais, sempre prezando pelo treinamento constante dos professores”, afirma o superintendente do Sesi-ES e diretor regional do Senai-ES, Luis Carlos de Souza Vieira.
ENSINO PROFISSIONALIZANTE No caso do ensino profissionalizante, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Espírito Santo (Senai-ES) realizou investimentos de cerca de R$ 28 milhões em estrutura, compra de máquinas e equipamentos e reforma de laboratórios. Entre os destaques, a aquisição de duas novas unidades móveis, para qualificação voltada aos setores de confecção e de madeira e mobiliário, além da inauguração da Escola do Plástico, na Serra, disponibilizando uma área de 600 m² para qualificar 800 profissionais por ano em cursos inéditos no Estado.
A unidade de Vitória do Ifes se destacou nos resultados do Enem 2014, ao alcançar a primeira colocação entre as instituições de ensino público do país
O total de matrículas em nove estruturas fixas e nas itinerantes ultrapassou a marca de 128 mil.
ENSINO SUPERIOR SOFRE COM CORTES Na Academia, o ano começou com preocupação por conta dos cortes de mais de R$ 9 bilhões no orçamento do Ministério da Educação. No caso da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), foram feitos R$ 24 milhões em contigenciamentos em 2015, implicando redução dos gastos com custeio e investimentos. Nas entidades privadas, a polêmica girou em torno, sobretudo, dos problemas técnicos na inscrição para o Fundo de Financiamento Estudantil, o Fies, e das mudanças nos critérios do programa, que financia o curso superior de milhões de brasileiros. Também o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), Os problemas técnicos na inscrição para o Fies e as mudanças dos critérios do programa geraram dor de cabeça nas entidades de ensino superior privado do país, como a Faesa
a despeito de ter sido importante tema na campanha eleitoral do ano anterior, sofreu uma redução significativa no número de vagas. Segundo o Ministério da Educação, em 2014 foram 67.500 matrículas realizadas pelo programa no Espírito Santo, enquanto 2015 contabilizava queda de quase 50%: apenas 36 mil cadastros até o fechamento desta edição. O impacto em grandes instituições de ensino foi expressivo. No caso da Faesa, o superintendente institucional, Alexandre Nunes Theodoro, afirma que houve evasão de cerca de mil alunos do Fies, enquanto no Pronatec as expectativas de expansão em 2015 foram totalmente frustradas. “Tivemos que priorizar programas, adiando alguns projetos de investimento em pesquisa, extensão e iniciação científica, para garantir a qualidade na sala de aula, onde não houve nenhum corte”, afirma Nunes. Aridelmo Teixeira, professor e cofundador da Fucape, considera que em períodos de crise as empresas precisam ter um olhar ainda mais crítico sobre seus processos de gestão. “Muitas faculdades que dependiam desse programa para equilibrar suas contas viram-se obrigadas a tomar medidas drásticas. Mas é em meio aos desafios que muitos aprendizados são construídos e inovações, desenvolvidas”. Um dos destaques da Fucape no ano foi o lançamento do curso de MBA em Gestão do Agronegócio, buscando ampliar a capacitação e a especialização nessa área importante da economia capixaba. Na Universidade Vila Velha (UVV), a maior novidade foi a criação do curso de graduação em Pilotagem Profissional de Aeronaves, único de nível superior da área no Estado, com objetivo de atender à crescente demanda de profissionais para atuar na aviação civil. A instituição também inovou e implantou um programa social próprio de bolsas que oferecerá 50% de desconto nas mensalidades aos moradores de Vila Velha com renda familiar mensal bruta inferior a três salários mínimos. São 180 bolsas disponíveis já para o 1º semestre de 2016, em 17 cursos de graduação. Mais informações podem ser obtidas no site da UVV. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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CULTURA
A MUG emocionou o público e levou o tão sonhado troféu do Carnaval Capixaba 2015.
DA MESA À RUA: CAPIXABAS FORTALECEM CULTURA EM TODAS AS VERTENTES
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eixe, camarão, urucum, tomate, tempero verde... Todo morador do Estado conhece bem o resultado dessa combinação, que sempre chega à mesa borbulhando em uma panela de barro. A moqueca capixaba é símbolo da mistura de culturas e tradições que originou o povo do Espírito Santo e, por isso, ganhou destaque este ano. Em âmbito local, a Assembleia Legislativa aprovou, em novembro, o Projeto de Lei nº 81/2015, que declara o prato como patrimônio imaterial do Espírito Santo. Já no cenário nacional, outra iniciativa de diversas entidades protocolou, em outubro, um pedido junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para registrar a moqueca como patrimônio cultural imaterial do Brasil. Tanto a sanção do projeto estadual quanto o registro federal estão previstos para o ano que vem. O ano de 2015 também trouxe a segunda edição do Viradão Cultural Vitória, que reuniu cerca de 40 mil pessoas durante 24 horas ininterruptas de agito, segundo levantamento da Prefeitura de Vitória. Todo o centro da cidade foi tomado por apresentações de música, dança, teatro e cinema, além de outras manifestações culturais como as feiras de artesanato e gastronomia. Durante o Viradão, o público também pôde prestigiar o 22º Festival de Cinema de Vitória. Em quatro dias, mais de 100 filmes foram exibidos, entre longas e curtas metragens, para cerca de 30 mil espectadores. E se nem todos puderam ir ao festival, o festival foi a todos os cantos. O 21º Vitória Cine Vídeo Itinerante percorreu cerca de 1.300 km de norte a sul do Espírito Santo, realizando exibições gratuitas e ao ar livre para moradores de diversas localidades. Com o enredo “Nos Reinos de Sua Majestade: O Sonho”, a Mocidade Unida da Glória (MUG) apresentou um desfile que emocionou o público, levando o tão sonhado troféu do Carnaval capixaba para casa. No Grupo B, o destaque ficou por conta da Pega no Samba, que foi promovida ao Grupo Especial. O evento, que vem se consagrando ano a ano, movimentou cerca de R$ 13 milhões em 2015, segundo a Secretaria Municipal de Turismo, Trabalho e Renda. Voltando ao centro histórico de Vitória, a cena cultural não parou. No Palácio Anchieta, importantes exposições, como a que trouxe 94
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DE NORTE A SUL As tradições culturais do povo capixaba puderam ser vistas em diversos eventos ao longo do ano. Confira os principais: Festa de Nossa Senhora das Neves – Presidente Kennedy Festejo de São Sebastião e São Benedito – Itaúnas Projeto Circulação Cultural – vários municípios Temporada de Concertos da Orquestra Sinfônica do ES – 80 apresentações Carnaval do Boi Pintadinho – Muqui Raiar da Liberdade – Cachoeiro de Itapemirim Festival Internacional de Inverno – Domingos Martins Festival de Inverno de Sanfona e Viola – São Pedro do Itabapoana Festival de Cinema de Vitória – Vitória Festa de Nossa Senhora da Penha – Vila Velha Festival de TV e Cinema do Interior do Espírito Santo – Muqui 65º Encontro Nacional de Folia de Reis – Muqui Projeto Labor@rte – Serra Festival de Música Erudita – Vitória
obras do artista espanhol Juan Miró, propiciaram o contato do público com a arte internacional. E a 11ª edição do Festival Nacional de Teatro de Vitória levou aos palcos, em outubro, 24 peças teatrais, além de oficinas, workshops, cursos, palestras e lançamento de livro. Muitos desses eventos foram possíveis graças aos editais públicos. Este ano, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) lançou 24 modalidades desses documentos. Por meio do Fundo Estadual de Cultura (Funcultura), foram disponibilizados R$ 8 milhões. O secretário de Cultura, João Gualberto, avalia o primeiro ano de governo como o período de “arrumar a casa”: “Um de nossos objetivos é tornar a atividade cultural uma estratégia eficaz nos programas de desenvolvimento do Estado do Espírito Santo. E 2016 será um ano intenso de trabalho. Além das diversas programações dos nossos espaços culturais, teremos reformas na Biblioteca Pública e também melhorias no Museu de Artes do Espírito Santo (Maes), entre outras novidades”, comentou.
CIÊNCIA E INOVAÇÃO
Uma parceria entre o Governo Estadual, o Sebrae-ES e a Softex totaliza investimento de R$ 3,33 milhões para aceleração de 20 empresas no setor de tecnologias da informação e comunicação (TIC)
MENOS INVESTIMENTOS PARA INOVAR
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esempenhando papel fundamental para o desenvolvimento econômico e social, os segmentos de tecnologia de informação e inovação são indispensáveis em quase todas as áreas, na indústria, no comércio e nos serviços. Assim, no Estado, como em todo o Brasil e no mundo, essas atividades seguem em crescimento, ainda que de forma menos acelerada. Embora nos últimos três anos o orçamento de recursos próprios e convênios da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação profissional (Sectti) venham sofrendo quedas expressivas, em função da menor arrecadação do Governo, o órgão operou em 2015 cifras da ordem de R$ 35,62 milhões, dos quais cerca de metade (R$ 17,26 milhões) havia sido efetivamente aplicadas até o dia 17 de dezembro. Em 2014, as verbas somaram R$ 54,11milhões, bem menos que os R$ 102 milhões de 2013. Para o secretário da pasta, Guerino Balestrassi, o setor é estratégico para o desenvolvimento econômico do Espírito Santo. “A Sectti faz todo esforço necessário para assegurar os investimentos. Desenvolvemos ferramentas para garantir o dinamismo da economia, segundo as demandas do mercado”, afirma. 96
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Já o presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Espírito Santo (Sindinfo), Luciano Raizer Moura, avalia que o mercado tecnológico ainda não sentiu de forma severa os efeitos da crise econômica e política brasileira. “O nicho de TI, por exemplo, não foi impactado fortemente. Algumas empresas conseguiram manter-se no mesmo patamar dos anos anteriores ou até alcançar um certo crescimento. No geral, é um segmento que continua se expandindo e oferecendo oportunidades”, disse, destacando que nos últimos cinco anos houve um crescimento médio de 25% no número de empresas de TI.
ECONOMIA CRIATIVA Guerino acrescenta que a secretaria está investindo também na ampliação e no fortalecimento das atividades englobadas pelo conceito de economia criativa, que já representam R$ 126 bilhões anuais do PIB nacional (segundo dados do Sebrae-DF informados pela Sectti) e são capazes de alavancar a economia tradicional por intermédio da capacidade intelectual e criativa individual ou coletiva.
PRINCIPAIS EVENTOS DO SETOR
FAPES A Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes) é outro órgão do Governo Estadual que apoia financeiramente projetos que promovam a incorporação de conhecimento e novas tecnologias voltadas à geração de emprego e renda e à melhoria da qualidade de vida dos capixabas. Em 2015, a entidade selecionou, por edital, 40 empresas que receberão recursos de R$ 4,5 milhões, A Semana Estadual de Ciência e Tecnologia, cujo objetivo é promover o núcleo de ensino técnico do Estado e disseminar a 38 das quais estão com seus projetos em andamento. ciência num ambiente de ensino, reuniu cursos, oficinas, Do total dos R$ 17.266.050,87 investidos neste ano, R$ 9.030.621,47 shows culturais, exibição de filmes, estandes científicos, foram para ciência e tecnologia, R$ 3.715.244,40 para educação e experimentos didáticos e observações do céu. R$ 4.520.185,47 para atividades relacionadas ao trabalho. Fontes: Sectti e Sindinfo A aplicação dos recursos foi feita em micro e pequenas empresas inovadoras, sendo que 28 são da área de tecnologias de Assim, dentro do Projeto Estruturante de Economia Criativa informação e comunicação, duas do setor de petróleo e gás, duas do Governo, as secretarias de Cultura e de Desenvolvimento, de logística, duas de meio ambiente, duas de energias alternativas, juntamente com a Sectti, estão firmando um Termo de Parceria uma de metalmecânica e uma de biotecnologia. com a Softex e com o Sebrae para um programa de pré-aceleração de 20 empresas no campo de tecnologias de informação e PARQUES TECNOLÓGICOS Na capital capixaba, segundo a Companhia de Desenvolvimento comunicação (TIC). O investimento totaliza R$ 3,33 milhões, sendo R$ 655 mil do Sebrae; R$ 954 mil de Sectti, Sedes e Secult; de Vitória (CDV), o projeto do Parque Tecnológico está em andamento. O terreno em Goiabeiras, onde será construído, R$ 720 da Fapes e R$ 1 milhão da Startup Brasil. “Sabemos que a matéria-prima da economia criativa são foi regularizado e o desenho das instalações, aprovado. O recurso as pessoas, que geram valor e desenvolvimento para o país. de R$ 6 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Precisamos então criar meios para que nossos empresários, (MCT) já está com o município e em dezembro deste ano foram não somente na área de TIC, consigam desenvolver suas iniciadas as obras de infraestrutura. Já o Centro de Inovação, habilidades, a fim de tornarem-se competitivos no cenário no qual futuramente serão sediadas a TecVitória e mais 20 empresas, terá a licitação para sua construção lançada em fevereiro de 2016. nacional e internacional”, ressalta o secretário. ealizada pela 4ª vez dentro da Mec Show, por iniciativa do R Sindinfo e do Sebrae-ES, a Infoshow é um evento pensado para apresentar soluções e novidades do setor de TI, entre softwares e serviços, para a cadeia produtiva metalmecânica. Em 2015, ocupou o maior estande da feira e divulgou produtos e serviços de 10 empresas capixabas.
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Neste ano, também foi constituído o Polo de Inovação Ifes-Embrapii, que está desenvolvendo pesquisas aplicadas na área de metalurgia e materiais em parceria com o setor produtivo capixaba. “Fomos um dos cinco polos selecionados em todo o Brasil pela Embrapii, organização criada pelo Governo Federal para estimular a relação entre a indústria e os centros de pesquisa, melhorando a competitividade da indústria brasileira”, destaca Denio Rebello Arantes, reitor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT) disponibilizou R$ 6 milhões para o Parque Tecnológico em Vitória
CRESCIMENTO Muitas empresas vão encerrar o ano com um crescimento abaixo do esperado devido à instabilidade econômica e política. Porém, muitas apostam em tecnologias de gestão para melhorar a produtividade e aumentar a rentabilidade nos negócios. Para o gerente de Novos Negócios da VipRede, José Paulo da Paschoa Filho, ao longo de 2015 a companhia investiu nas melhores ferramentas e produtos de tecnologia da informação, otimizou processos e manteve o foco na capacitação dos seus profissionais. “Com isso, nosso faturamento dobrou. Priorizar as
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melhorias constantes para melhor atender mantém a VipRede nessa trajetória de crescimento sustentável”, diz. Renegociar preço, diversificar os produtos e investir em marketing estão entre as estratégias apontadas por empresas como a Totvs. Segundo o gerente de Atendimento e Relacionamento no Espírito Santo e no Norte Fluminense, Elmane Lucas, “em 2015, o crescimento da Totvs se deve à busca constante da empresa em inovar na implantação de seus sistemas, diminuindo tempo, esforço e consequentemente os custos dos projetos”, explicou.
ESPORTES
CAPIXABAS SE DESTACAM NO ESPORTE
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ano de 2015 foi muito bom para os atletas capixabas, que se destacaram em grandes competições nacionais e internacionais. Nos Jogos Pan-Americanos, por exemplo, foram conquistadas nove medalhas: seis de ouro, uma de prata e duas de bronze. O evento esportivo, que aconteceu no Canadá, no mês de julho, contou com a participação de 13 competidores nascidos no Estado, além de uma paulista radicada desde pequena no Espírito Santo, que vestiram as cores do país em 10 modalidades. Ana Paula Ribeiro e Emanuelle Dias receberam, cada uma, dois ouros e uma prata na ginástica rítmica, modalidade que cada vez mais vem consagrando nomes locais. Já no futebol, Gabriela Zanotti e Luan Garcia conseguiram ouro e bronze, respectivamente. No vôlei de praia, o bronze foi obtido pela dupla Liliane Maestrini e Carolina Horta. No handebol, a final não poderia ter sido mais emocionante: num clássico disputadíssimo com a seleção da Argentina, quem subiu ao lugar mais alto no pódio foi a seleção brasileira, que teve como uma de suas jogadoras a paulista Alexandra Nascimento, capixaba de coração. Vinícius Teixeira também abocanhou o ouro na mesma modalidade, assim como Arthur Mendes, da natação. 100
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O desempenho positivo dos capixabas também pôde ser visto nos Jogos Parapan-Americanos 2015, realizado no mês de agosto, em Toronto, no Canadá. Dos oito atletas na competição, sete voltaram para casa com uma medalha. Um imenso orgulho para o Estado.
ES DECOLA NO VÔLEI DE PRAIA A dupla Alison e Bruno Schmidt confirmou neste ano a grande fase que atravessa, ao faturar o título do Campeonato Mundial de Vôlei de Praia, em julho. O resultado garantiu a segunda vaga do Brasil para os Jogos Olímpicos do Rio em 2016 – a outra já estava assegurada porque o país é sede da competição. O favoritismo do capixaba e do brasiliense também pôde ser visto na conquista do World Tour Finals, em outubro. Criado nesta temporada pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB), o torneio conta com a presença das 10 duplas mais bem ranqueadas no Circuito Mundial. “O ano de 2015 foi de superação, como atleta e como pessoa, pois operei o joelho no final de 2014 e depois tive um problema no apêndice. É uma emoção muito grande poder representar os capixabas e o meu país nas Olimpíadas do ano que vem.
A dupla de vôlei de praia Alison e Bruno Schmidt apresentou um ótimo desempenho ao longo do ano, garantindo uma vaga para os Jogos Olímpicos do Rio em 2016
Foto: Mauro De Sanctis
A capixaba Natália Gaudio foi um dos destaques do Campeonato Mundial de Stuttgart, na Alemanha, ao vencer na categoria individual
BOLSA ATLETA CAPIXABA 2015 A Secretaria de Estado de Esportes e Lazer investiu R$ 774.000,00 no Bolsa Atleta Capixaba 2015, que beneficiou mais de 40 atletas do Espírito Santo, divididos nas categorias Estudantil, Nacional e Internacional. A iniciativa busca apoiar aqueles que estejam em plena atividade esportiva com índices de classificações reconhecidos em campeonatos e que estão em preparação para futuros torneios.
Eu e o Bruno estamos muito motivados para tentar fazer o nosso melhor, como sempre. É uma oportunidade única na nossa carreira, ainda mais jogando dentro de casa”, revela Alison.
GINÁSTICA RÍTMICA ENCANTA A capixaba Natália Gaudio tem motivos de sobra para comemorar a conquista de seu quarto título no Campeonato Brasileiro de Ginástica Rítmica, promovido no Ginásio Jayme Navarro de Carvalho, em Vitória, ao ficar com o primeiro lugar individual geral nas somas dos aparelhos maça, fita, arco e bola. A atleta também conseguiu se classificar para representar o Brasil nas Olimpíadas de 2016, ao vencer na categoria individual o Campeonato Mundial de Stuttgart, na Alemanha, de onde saiu como a brasileira mais bem colocada. Natália levou ainda um bronze no primeiro dia do V Meeting Internacional de Ginástica Rítmica, realizado no mês de
novembro, em Vitória, conquistando outras quatro medalhas de bronze no encerramento. Outro evento ocorrido na capital capixaba em novembro foi o Campeonato Brasileiro de Conjuntos Ilona Peuker, que aconteceu no Centro Esportivo Tancredo de Almeida Neves, o Tancredão.
KLEBER ANDRADE RECEBE GRANDES TIMES Três partidas no segundo semestre deste ano e um amistoso internacional entre as seleções sub-23 do Brasil e do Paraguai movimentaram o Estádio Kleber Andrade, atraindo olhares de todos os brasileiros para o Espírito Santo. O embate entre Botafogo e Mogi Mirim valeu pela Série B do Campeonato Brasileiro. Outro confronto trouxe o Flamengo de volta ao Estado, depois de 19 anos de ausência, para jogar contra a Desportiva. E o Fluminense entrou em campo contra o Avaí, pela Série A do Brasileirão. O estádio também sediou a final do Campeonato Capixaba de Futebol, que teve o Rio Branco como o grande vencedor em 2015. O clube, que no ano passado voltou à Série A do Capixabão, disputou o clássico contra a Desportiva e ganhou o seu 37º título estadual. “O Kleber Andrade é dos capixabas e foi pensado e construído para servir de base para todos os times do Espírito Santo ocuparem, treinarem e fazerem dele o lugar de referência para suas atividades esportivas”, afirma Valdir Klug, secretário de Estado de Esportes e Lazer. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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Foto: Thiago Guimaraes
Além de sediar a final do Campeonato Capixaba de Futebol, o Estádio Kleber Andrade também recebeu grandes times ao longo do ano, como o Flamengo, que disputou um amistoso contra a Desportiva
MARCUS VICENTE É PRESIDENTE INTERINO DA CBF Ex-presidente da Federação de Futebol do Espírito Santo, Marcus Vicente assumiu interinamente a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), após Marco Polo Del Nero pedir licença do cargo ao ter seu nome mencionado em acusações relatadas pela Justiça norte-americana e pelo Comitê de Ética da Fifa. Vicente, que também é deputado federal pelo Partido Progressista (PP-ES), ocupava até pouco tempo atrás a vice-presidência da Confederação na Região Centro-Oeste.
Foto: Thiago Guimaraes
ERICK SILVA SE LESIONA EM LUTA O capixaba Erick Silva não conseguiu impor o seu jogo na luta contra Neil Magny, pelo UFC, no final do mês de agosto. O atleta, que esteve irreconhecível, acabou derrotado por decisão dividida dos juízes laterais. Na época, ele afirmou que foi prejudicado por uma lesão no punho direito, ocorrida durante a preparação para o confronto, que limitou seus treinos e contribuiu para a má atuação. A vitória contra o americano Josh Koscheck, no mês de março, também foi feita na base do sacrifício, devido a uma lesão no cotovelo direito de Silva. Para tratar o problema, o lutador invicto em sua carreira como profissional. Com nove vitórias, vinha se recuperando com exercícios corretivos e fisioterapia, ele terminou a temporada com o triunfo sobre o colombiano até se submeter a uma cirurgia no final de setembro. Sua volta Cordero, em novembro. ao octógono deve acontecer no primeiro semestre de 2016. ES SE PREPARA PARA RECEBER TOCHA OLÍMPICA ESQUIVA E YAMAGUCHI FALCÃO SEGUEM INVICTOS Vitória será uma das 83 cidades brasileiras a receber o Tour da O boxeador Esquiva Falcão, medalha de prata nas Olimpíadas Tocha Olímpica 2016, cujo percurso atravessará 30 quilômetros de Londres 2012, segue invicto em sua carreira, após derrotar dentro da cidade, escolhida pelo Comitê Olímpico Internacional por nocaute técnico o mexicano Hector Muñoz em Tucson, (COI) por ter uma ligação muito grande com os esportes. nos Estados Unidos, no início de dezembro. Com 12 vitórias em Revezando-se na corrida com o famoso simbolo dos jogos estarão 12 lutas disputadas, o pugilista iniciou sua sequência vitoriosa atletas e pessoas ligadas ao desporto, previamente selecionados em fevereiro de 2014. pelos patrocinadores das Olimpíadas e pelo COI. A tocha, de Quem também tem motivos de sobra para comemorar é o alumínio reciclado e cheia de cores, vai passar ainda por São irmão de Esquiva, Yamaguchi Falcão, outro boxer que segue Mateus e Cachoeiro de Itapemirim. 102
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ENIO BERGOLI
AGRONEGÓCIO
é engenheiro agrônomo, coordenador de Política Agrícola da Seea e ex-secretário de Estado da Agricultura
AGRONEGÓCIO CAPIXABA DIFICULDADES EM 2015 E RECUPERAÇÃO A PARTIR DE 2016
O
ano de 2015 ficará marcado como aquele que reuniu simultaneamente crises política, econômica e até mesmo ambiental, com o episódio do rompimento de barragem em Minas Gerais que inundou de lama e penúria o Rio Doce e o litoral capixaba. Para o caso do agronegócio, somam-se ainda a seca histórica, o aumento dos custos de produção e a redução da renda agrícola. Tristeza no interior! O f lagelo da se c a p erdurou nos últimos dois anos. De janeiro até o início de dezembro de 2015, a precipitação continuou muito abaixo da média histórica (até 75% inferior), e mais de 95% do território estadual esteve classificado na classe “Extremamente Seco”, de acordo com a escala Standardized Precipitation Index (SPI). Um deserto por aqui! Natu ra l mente, o E spí r ito S anto apresenta balanço hídrico negativo em dois terços do território, e o uso de irrigação em mais de 300 mil hectares é uma estratégia dos produtores para minimizar riscos de produção e garantir renda. Contudo, a alta dos custos de energia em percentual quatro a cinco vezes superior à inflação, somada à medida governamental de restringir ou proibir o uso de irrigação em várias regiões produtoras de alimentos como
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forma legal de garantir o abastecimento para fins domésticos, refletiu em elevação de dispêndios e perda de produção, num ano em que os agricultores mais dependeram dessa tecnologia. Água insuficiente para todos!
As lideranças dos elos da produção, técnicas e políticas precisam manter foco e traçar estratégias conjuntas para recuperar o passivo, que, infelizmente, vai durar mais algum tempo, talvez além de 2016” O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBPA) do Espírito Santo, que cresceu 92% de 2009 a 2014, batendo recordes anuais sucessivos nesse período, infelizmente irá recuar em 2015, em montante ainda não aferido. Uma das consequências dessa perda de faturamento foi refletida na taxa de inadimplência dos agricultores nas operações de crédito rural, que dobrou.
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Assunto não resolvido, que ficou para 2016. Endividamento histórico! Com o dólar muito próximo ou passando de R$ 4,00, aparentemente houve melhoria na lucratividade no campo, onde cerca de US$ 2 bilhões foram exportados em produtos do agronegócio. Contudo, os preços dos fertilizantes aumentaram acima da inflação em 2015, pois a maioria das matérias-primas é importada, fato que amplia custos de produção e mascara parte dos ganhos adicionais com as exportações. Ganha-se por um lado, perde-se por outro! O ano iniciou e findou com os rumores da importação de cafés pelo Brasil, p or pressão da g rande indúst r ia. Uma ameaça à atividade mais presente nas propriedades rurais capixabas e responsável por 37% da renda rural no Espírito Santo. Guerra que ainda terá muitas batalhas! O setor já passou por muitas crises ao longo de uma história de sucesso, e essa é mais uma a ser superada. As lideranças dos elos da produção, técnicas e políticas precisam manter foco e traçar estratégias conjuntas para recuperar o passivo, que, infelizmente, vai durar mais algum tempo, talvez além de 2016. Ânimo e determinação devem estar na agenda. Afinal, pássaro que tem medo de cair não merece voar!
SAÚDE
ANO DE INVESTIMENTOS NA SAÚDE
A
saúde pública no Espírito Santo anunciou em 2015 investimentos que terão importantes desdobramentos para a população capixaba. Em Cariacica, o destaque é o Hospital Estadual Geral, adulto e infantil, com pronto-socorro clínico e cirúrgico e maternidade, que será construído no bairro Campo Belo oferecendo 400 novos leitos. O projeto está em fase de elaboração. “A licitação deve ser realizada em 2016. A execução da obra está prevista para um período de 36 meses”, frisou o secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira. Também foram divulgados recursos de R$ 27 milhões para as obras de conclusão do Hospital Estadual de Urgência e Emergência (Novo São Lucas), com a construção dos blocos IV e V, que terão pronto-socorro, novos leitos de UTI e heliporto. A unidade, que deve ser entregue em 2017, passará a ser porta aberta e referência em traumas graves. Outros destaques são a implantação de centros de consultas e exames especializados, orçados em R$ 26 milhões e que ficarão localizados em Nova Venécia, Linhares, Santa Teresa e Domingos Martins; a melhoria da infraestrutura da rede básica, com 16 novas Unidades de Saúde da Família (USFs), em um investimento de R$ 18 milhões; e o Portal de Transparência para Gestão das
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A Samp, que completa 25 anos em 2016, apresentou diversas novidades ao longo de 2015 como a construção do Centro da Mulher, anexo à Maternidade Pró-Matre, em Vitória
Filas de Espera. Serão abertos 224 novos leitos em hospitais já em funcionamento, totalizando de R$ 7,9 milhões em obras, reformas e equipamentos. Tais vagas estão divididas entre os hospitais Dório Silva (63), Estadual de Vila Velha (60), São Lucas (56) e Estadual de Atenção Clínica (45).
ESTADO CRIA PLANO REGIONAL DE SAÚDE Para a elaboração de um Plano Regional de Saúde, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) mobilizou autoridades e agentes. “Para alcançar esse objetivo é necessária a união dos três níveis de Governo, de forma a viabilizar soluções que superem o conflito entre a escassez de recursos e a garantia do direito do cidadão à saúde. Os Planos Regionais de Saúde têm como foco a atenção primária, pois é nela que são resolvidos 80% dos problemas da população. A organização das redes regionais de assistência pode reduzir em muito a necessidade de deslocamento dos cidadãos pelo Estado para conseguir atendimento”, disse Ricardo de Oliveira. O trabalho durou seis meses, envolveu mais de 250 profissionais da área da saúde pública e foi importante por configurar, segundo o secretário, o primeiro passo da Sesa para que a regionalização se torne realidade. De acordo com ele, não é o Estado quem
Foto: Divulgação
Com um investimento de R$ 70 milhões, será inaugurado no início do ano que vem o Hospital Meridional São Mateus (HMSM), considerado como o maior da rede privada na região norte do Espírito Santo
deve definir onde será construído um hospital ou aplicado um determinado recurso, e é essa racionalidade que vai produzir um melhor resultado no atendimento ao usuário do SUS. Os planos de intervenção passam por estudos e discussões com os gestores e técnicos municipais e das regionais de Saúde do Estado. Os municípios definiram as áreas da saúde que mais precisam receber atenção em cada região e estabeleceram os mecanismos de governança que pretendem adotar para garantir a execução efetiva do plano. Cada regional apontou quatro temas centrais para as intervenções, considerando as necessidades de saúde da população local, o perfil epidemiológico e socioeconômico da comunidade e a estrutura necessária para atender essas questões.
ZIKA AVANÇA E PREOCUPA CAPIXABAS O final de 2015 chegou com mais um grande desafio para a área da saúde: a disseminação do zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo que traz a dengue e a febre chikungunya. A infecção produz sintomas similares à dengue, como febre e dores musculares, que duram no máximo sete dias, porém com um agravante: o Ministério da Saúde suspeita – ainda sem confirmação oficial – de que a contaminação de mulheres grávidas pelo vírus seja responsável pelo aumento súbito e expressivo de casos de microcefalia em recém-nascidos. O número de possíveis casos no Estado chegou a 252, e 14 bebês, entre nascidos e em gestação, já foram diagnosticados com microcefalia. Um projeto de lei do Governo do Espírito Santo enviado à
Assembleia Legislativa no dia 8 de dezembro prevê o repasse de R$ 35 milhões aos municípios, em 2016, para ações de controle e combate ao inseto. A população do Estado também tem sido orientada a usar repelentes no cotidiano e chamada a contribuir no combate ao agente transmissor.
PREVENÇÃO É FOCO DAS OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE A rede privada de saúde passa por um momento de adequações aos novos desafios do mercado. A crise econômica tem feito com que as operadoras repensem a forma de trabalhar, priorizando a prevenção. É o caso da Samp, que completa 25 anos em atuação no Estado em 2016 e já deu início a uma reformulação, com o objetivo de melhorar a capacidade de atendimento. Além de inaugurar dois pronto-atendimentos (em Laranjeiras e Campo Grande), a empresa também promoveu investimentos em tecnologia, por meio de parcerias com o Google e a Inovision; implantou um call center e um canal 0800; e fez reformas em todas as unidades próprias, com previsão para uma segunda Clínica Sames em Vila Velha e uma terceira em Cariacica. Outro destaque é a construção do Centro da Mulher, anexo à Maternidade Pró-Matre. Presente em 62 dos 78 municípios capixabas, a Samp já atende atualmente a mais de 210 mil beneficiários. “Com os médicos que trabalham em clínica própria temos um envolvimento natural maior, pois não somos apenas mais um dentre 20 convênios que eles atendem. Lá, eles atendem exclusivamente clientes Samp e acabam por participar da saúde e do bem-estar dos pacientes de uma forma mais completa. É quase
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O Governo do Estado anunciou a abertura de 224 novos leitos em hospitais já em funcionamento, como o Hospital Estadual de Vila Velha, que será contemplado com 60 leitos
como um médico de família, o que gera melhores resultados para todos”, disse o diretor da Samp, Márcio Maciel. O ano também foi de novidades no Grupo Meridional, formado pelos hospitais Praia da Costa, São Luiz, São Francisco e Meridional. Em março foi concluída a obra de ampliação do Hospital Meridional, em Cariacica, aumentando o número de leitos e a rotatividade das UTIs e do centro cirúrgico. Em abril ocorreu um procedimento pioneiro no Estado: a desobstrução
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coronária com stent bioabsorvível. O dispositivo consiste de um tubo que é absorvido gradativamente pelo organismo do paciente com obstrução nas artérias do coração, onde é introduzido por meio de angioplastia. E para fechar o ano, o Grupo anunciou em dezembro que deve inaugurar mais um hospital já no início de 2016. Um investimento de R$ 70 milhões, o Hospital Meridional São Mateus (HMSM) será o maior da rede privada na região norte do Estado e aumentará o número de leitos oferecidos pela empresa de 351 para mais de 500. Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), no Espírito Santo, mais de um milhão de pessoas possuem planos de saúde e/ou odontológicos. E, mais que tratar, as operadoras já perceberam que incentivar hábitos saudáveis e preventivos traz grandes benefícios para os pacientes, que ganham em qualidade de vida e produtividade no mercado trabalho, e para si próprias, pois custos desnecessários são reduzidos.
MEIO AMBIENTE
O desastre com uma barragem em Mariana (MG) atingiu a Bacia do Rio Doce, chegando até a foz em Regência (ES)
CRISES E TRAGÉDIAS TRAZEM IMPACTOS NEGATIVOS PARA O MEIO AMBIENTE
A
revolta do meio ambiente com as ações do ser humano parece que resolveu “dar as caras” ao longo de 2015, com a pior seca registrada nos últimos 40 anos. Os desafios enfrentados para minimizar os impactos da crise hídrica foram vividos tanto no primeiro quanto no segundo semestre, em diversas regiões do Estado. Os índices inferiores de precipitação e o baixo nível de chuvas trouxeram grandes prejuízos à população e a importantes setores da economia capixaba, como agricultura, comércio e indústria. No campo, por exemplo, foram observadas perdas de 20% a 32% nas lavouras de café; de 23% a 28% na produção de leite; e de 20% a 30% na fruticultura. Municípios como Marechal Floriano, Venda Nova do Imigrante e Domingos Martins sentiram fortemente as consequências da estiagem no cultivo de hortaliças, que foi bastante castigado. Já em Cachoeiro de Itapemirim, Presidente Kennedy, Nova Venécia e Mimoso do Sul, quem saiu lesado foram os fornecedores de leite. No café, os baques estiveram presentes principalmente em Vila Valério, Rio Bananal e Jaguaré. Enfrentando uma das mais graves crises econômicas do país, os setores da indústria e do comércio também acusaram o peso da seca, principalmente entre os micro e pequenos empresários, que não dispõem de capital para adquirir novas 110
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tecnologias e inovações. Cidades litorâneas como Guarapari tiveram que recorrer antecipadamente ao rio Benevente, um processo que normalmente é feito no final do ano para dar vazão à quantidade de turistas que chegam ao balneário. E para evitar o desperdício, foi aprovado neste ano um decreto que estipula restrições ao uso da água potável para lavagem de calçada, carros e fachadas de prédio. O Governo do Estado anunciou no início de dezembro a construção de 26 barragens de uso coletivo em assentamentos de trabalhadores rurais nos municípios de Ecoporanga, Montanha, Nova Venécia, São Mateus e Conceição da Barra, que comportarão até 1,5 bilhão de litros. Com um investimento de aproximadamente R$ 8,8 milhões, as obras devem terminar até o final de 2016 e beneficiarão 1,2 mil pessoas que vivem nos assentamentos. Também foi anunciada neste ano a construção de outras seis barragens para o armazenamento de água no interior, com capacidade para 19,5 bilhões de litros.
O DRAMA DO RIO DOCE Além do problema da de escassez de chuva, os capixabas acompanharam ainda as consequências do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), de propriedade da mineradora Samarco (uma joint venture entre a Vale e a BHP Billiton).
Foto: Fred Loureiro/Secom-ES
A tragédia, que ocorreu no dia 5 de novembro, despejou mais de 50 bilhões de litros de rejeitos de minério de ferro no meio ambiente, segundo laudo técnico preliminar do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A lama atingiu a Bacia do Rio Doce, afetou a vida, a economia e o abastecimento hídrico de 29 cidades mineiras e capixabas, matou 17 pessoas e inúmeras espécies animais e vegetais em seu trajeto. Até o fechamento desta edição (18/12), dois moradores permaneciam desaparecidos. Diante do que está sendo considerado a maior tragédia ambiental do Brasil, medidas estão sendo tomadas em diferentes esferas para amenizar os estragos e acompanhar as consequências na bacia. O Ibama aplicou contra à Samarco multa de R$ 250 milhões e já anunciou outras, a serem definidas. Sanções semelhantes são executadas pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (Iema), que ainda intimou a companhia a promover todo o apoio necessário aos municípios e aos cidadãos capixabas atingidos pela onda de rejeitos e por seus efeitos, principalmente com relação à impossibilidade do tratamento de água nas localidades afetadas. Um plano de recuperação do Rio Doce está sendo elaborado em conjunto pelos governos Federal, do Espírito Santo e de Minas Gerais, que também abriram ação civil pública conjunta
Vitória é uma das cidades que vão se beneficiar com as 23 recomendações da CPI do Pó Preto para reduzir os efeitos da poluição
PROGRAMA DE GESTÃO INTEGRADA DAS ÁGUAS E DA PAISAGEM Investimento: R$ 1,3 bilhão Prazo de execução: seis anos Municípios contemplados: 100% de esgoto coletado e tratado em Ibatiba, Dores do Rio Preto, Irupi, Iúna, Conceição do Castelo, Divino de São Lourenço, Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina e Marechal Floriano Beneficiados: 300 mil moradores Fonte: Cesan
para que a empresa crie um fundo de R$ 20,2 bilhões a ser usado para reparar os danos causados. A lama que percorreu o Rio Doce e chegou à sua foz, no litoral norte capixaba, mobilizou ainda os Poderes municipais. A Prefeitura de Linhares, por exemplo, realizou um levantamento para saber quantas pessoas sobrevivem essencialmente da pesca a fim de garantir que a mineradora forneça auxílio para essas famílias, impossibilitadas de trabalhar pela chegada dos resíduos ao oceano. Também foi emitido um alerta para que a população não entre no mar nas praias de Regência, Povoação e Pontal do Ipiranga, onde a água está imprópria para banho.
PÓ PRETO Um assunto recorrente em todo o ano de 2015 foi a emissão do famoso “pó preto”, que atinge os municípios da Grande Vitória. Para identificar os responsáveis pela poluição atmosférica e propor medidas que resolvam o problema, foi instaurada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pó Preto, que, após oito meses de trabalho, apontou as empresas Samarco, ArcelorMittal e Vale como as principais responsáveis pelo lançamento do produto no ar e fez 23 recomendações para reduzir os efeitos. Entre as recomendações, está a formulação de um projeto de lei para substituir o Decreto Estadual nº 3463-R/2013, estabelecendo metas mais rígidas de qualidade do ar, de acordo com critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), além da edição de um Código Ambiental Estadual para reunir todas as legislações ambientais do Estado. MULTA Em requerimento feito pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça Federal, a Vale foi condenada a recuperar a vegetação de restinga, a praia e o fundo do mar em Camburi, em Vitória, que poluiu entre os anos de 1969 a 1984. A empresa também foi multada em R$ 220 mil, em julho, pelo Iema, por ser responsável pela presença de minério de ferro no mar de Camburi, na região do Porto de Tubarão, em Vitória. A constatação do problema foi feita por técnicos da Secretaria de Meio Ambiente de Vitória (Semmam). A companhia já havia sido alvo de punição desse tipo em 2011 pela mesma razão. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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Foto Cesan-Secom-ES
ETA Caçaroca, Cariacica
PREVISÃO DE OBRAS E INTERVENÇÕES EM VILA VELHA E CARIACICA Ações: construir e modernizar mecanismos para coleta e tratamento do esgoto. Investimento previsto: R$ 260 milhões
Ainda de acordo com a Seama, existem também com Licença de Instalação dois aterros públicos (consórcios Condoeste e Conorte) e dois particulares, em Linhares e São Mateus.
Vila Velha: rede de esgoto passará de 52% para 65% de cobertura Cariacica: rede de esgoto saltará de 54% para 66% de cobertura Fonte: Cesan
PLANO DE SANEAMENTO A Prefeitura de Vitória validou, no dia 21 de setembro, em audiência pública, o Plano Municipal de Saneamento Básico, um documento que estabelece ações integradas no município, abrangendo água, esgoto, drenagem urbana e resíduos. “O saneamento básico está intimamente ligado às condições de saúde da população e, por isso, é um dos itens de extrema importância para a prevenção de uma série de doenças. Mais do que garantir acesso a serviços, instalações ou estruturas, o Plano contribuirá para promover uma cidade mais sustentável para se viver”, frisou a gerente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), Arlete Frank Dutra.
LIXÕES Em cumprimento ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, instituído pela Lei nº 12.305/10), os municípios do Espírito Santo estão extinguindo seus lixões, mesmo que aos poucos. Foram firmados Termos de Compromisso Ambiental (TCAs) entre o Ministério Público do Espírito Santo, a Associação dos Municípios do Estado do Espírito Santo (Amunes) e o Iema para desativação e recuperação dessas áreas. Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), atualmente 53 municípios destinam seus resíduos sólidos urbanos para aterros sanitários licenciados, 22 para “aterros controlados” autorizados por meio do TCA – ou seja, “ex-lixões” que adotaram medidas de controle ambiental –; e três cidades destinam para “lixões”, já devidamente autuados. Há hoje licenciados e em operação no Estado quatro aterros sanitários particulares e um municipal.
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Foto Edilson Rodrigues
Alguns municípios do Estado já estão extinguindo seus lixões, em cumprimento ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
RECURSOS HÍDRICOS Visando a garantir água de qualidade, ampliar os serviços de saneamento e evitar o desperdício de água, o Governo do Espírito Santo firmou parceria com o Banco Mundial para implantar a segunda etapa do Programa de Gestão Integrada das Águas e da Paisagem. O novo investimento é superior a R$ 1 bilhão, sendo que o Banco Mundial vai financiar mais de R$ 900 milhões, com contrapartida do aporte de cerca R$ 390 milhões da Cesan. O prazo total de execução do projeto, que vai beneficiar aproximadamente 300 mil pessoas, é de seis anos. Nessa etapa, os municípios de Ibatiba, Dores do Rio Preto, Irupi, Iúna, Conceição do Castelo, Divino de São Lourenço, Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina e Marechal Floriano terão 100% do esgoto recolhido e processado. Do valor total a ser investido, R$ 260 milhões serão destinados a Vila Velha e Cariacica, onde será ampliado o sistema de esgotamento sanitário e ocorrerão novas obras para modernizar os mecanismos já existentes. Como resultado, os 47 bairros da Grande Terra Vermelha, em Vila Velha, também terão 100% de seu esgoto coletado e tratado, elevando a cobertura da rede municipal de 52% para 65%. E Cariacica saltará de 54% para 66% de abrangência.
Foto: Divulgação
TURISMO
Mesmo em um ano marcado por dificuldades no setor, a capital capixaba registrou a inauguração de importantes empreendimentos, como o Bristol Easy Hotel
ANO DE DIFICULDADES PARA O TURISMO
N
ão foi fácil para ninguém. Complicado, o ano de 2015 impactou diversos setores da economia, e com o turismo capixaba não foi diferente. Segundo dados da Pesquisa de Serviços do IBGE, de janeiro a setembro, o volume de atividades turísticas havia caído 8,3%, com retração das receitas em 3% no Espírito Santo. Os entraves do panorama econômico afetaram diretamente o turismo de negócios, que tem grande peso dentro do quadro geral da atividade no Estado. Os eventos corporativos sofreram cortes com os ajustes financeiros promovidos tanto no setor público como no privado, para se adequarem à desaceleração econômica. Renato Luiz Ojeda, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Espírito Santo (ABIH-ES), estima que o segmento hoteleiro capixaba deve fechar 2015 com uma queda entre 15% e 25%, conforme o empreendimento, a localização e a categoria. “O mercado depende muito do segmento corporativo e de eventos, mas, infelizmente, as empresas estão reduzindo seus gastos com viagens, o que inclui hotelaria”, afirma, lamentando que o Estado ainda não tenha “decolado”, no mercado de lazer, com “pouca visibilidade, atrativos e investimentos em infraestrutura e logística”. Outro fato negativo a marcar o ano foi o fechamento do Hotel Canto do Sol (ex-Porto do Sol), na Praia de Camburi, Vitória, um dos mais tradicionais do Espírito Santo, com 32 anos de serviços. Por outro lado, entre os novos empreendimentos inaugurados destaca-se o Bristol Easy Reta da Penha, localizado próximo à Ponte da Passagem, também na capital. 114
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Assim como afetou a hotelaria, o corte de gastos nas empresas e órgãos públicos também provocou efeitos desfavoráveis para a área de eventos relacionados com o turismo – que precisou executar uma grande adequação –, além de uma retração na produção de programações itinerantes, segundo Alfonso Silva, presidente-executivo do Espírito Santo Convention&Visitors Bureau (ESCVB). “Esses eventos foram para os estados que ofereceram incentivos ou mesmo melhores condições de realização, como cessão de grandes espaços e apoio financeiro estadual ou municipal”. RESULTADO DO SETOR EM 2015 Volume de serviços no ES
Volume das atividades turísticas
-5% NO ES
-8,3%
Receita nominal de serviços
Receita nominal das atividades turísticas
-0,2%
-3%
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Foto: Divulgação
Dados da Setur-ES apontam que 91% dos turistas tiveram suas expectativas superadas ao visitar o Estado
Por outro lado, o titular da Secretaria de Estado de Turismo do Espírito Santo (Setur), José Sales Filho, destaca que alguns eventos já integrantes do calendário anual cresceram ainda mais, sobretudo no interior, como é o caso do Festival Internacional de Jazz e Bossa de Santa Teresa. Na região serrana, aliás, o ano foi positivo, conforme Leandro Carnielli, presidente do Montanhas Capixabas Convention&Visitors Bureau. Ele atribui à crise e à dificuldade de viajar para mais longe o crescimento do fluxo de turistas para as montanhas, estimando um aumento de 15% a 20% para 2015. Além disso, cita a chegada de novos empreendimentos em hotelaria, gastronomia e agroturismo, com maior associativismo do setor turístico e investimentos em inovação e tecnologia. Positiva também foi a boa repercussão da região na mídia nacional em 2015, tornando o destino mais conhecido no Brasil. Sales Filho ressalta o resultado da pesquisa divulgada no início do ano pelo órgão, que indica que, durante sua permanência Estado, 91% dos turistas tiveram suas expectativas superadas ou totalmente cumpridas, 97% pretendem retornar ao destino nos próximos dois anos, e 94% levam uma imagem boa ou ótima do Espírito Santo. “Podemos ver que, ao contrário do que alguns pensam, a imagem do turismo capixaba é excelente para os visitantes”. Na Setur, o ano – o primeiro da equipe de governo eleita em 2014 – foi de reestruturação. Dentro do plano de trabalho traçado, a área de Comunicação e Marketing vem sendo reformulada, sobretudo quanto à atuação nas redes virtuais e ao desenvolvimento de aplicativos para orientar quem chega. Também estão sendo desenvolvidas ações para aumentar a atração de estrangeiros, especialmente dos países vizinhos, e ainda para fomentar o turismo de nicho, em que áreas como observação de aves e turismo oceânico possuem grande potencial no Espírito Santo, atraindo um público que gasta muito mais do que a média.
AUMENTO NO FLUXO AÉREO
1,5%
Foi o tamanho do aumento do número de desembarques no Aeroporto de Vitória entre janeiro e setembro de 2015 em relação ao mesmo período do ano passado.
Fonte: Secretaria Estadual de Turismo (Setur)
O ano de 2015 vai terminando com incertezas, mas também com algum otimismo para o setor, que espera melhores resultados com a chegada das férias e do verão. A alta do dólar ajuda a melhorar as expectativas. “Fica mais difícil viajar para o exterior, o que pode causar um aumento de fluxo para o Espírito Santo, especialmente para as praias, que recebem muitos visitantes de outros estados”, diz Luiz Fantin, diretor de Marketing da Allia Hotels (Rede Bristol). Entretanto, um fator que ainda não pode ser dimensionado é o impacto que terá o desastre ambiental provocado pela lama de resíduos minerais da Samarco que chegou ao Rio Doce e ao litoral capixaba. Certamente afeta profundamente não só o turismo, como a vida das populações nas vilas de Regência e Povoação, em Linhares, que costumam receber muitos turistas no verão. Pode atingir também outras localidades do norte, ou até do sul do Estado, provocando nos possíveis visitantes uma incerteza que pode acabar levando-os a eleger outro destino. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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LUIZ MARCATTI
ECONOMIA
é administrador de empresas, sócio da consultoria Mesa Corporate Governance e membro de Conselhos de Administração
MOMENTO DE CORRIGIR OS RUMOS O QUE ESTÁ AO NOSSO ALCANCE FAZER PARA ENFRENTAR O PRÓXIMO ANO
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ara analisar o ano que se encerra, precisamos voltar aos 12 meses anteriores a ele, pois o cenário que estamos vivendo começou a ser desenhado em 2014, por ação ou omissão dos agentes que impactam no desenvolvimento econômico e social de uma nação. O ritmo da economia no segundo semestre do ano passado já apresentava claros sinais de desaceleração, com contração da capacidade produtiva, acentuada pela redução do volume de consumo. Os bancos já vinham recolhendo o crédito do mercado, encarecendo-o tanto para o setor produtivo, quanto para os consumidores. Mas nada disso tinha importância, pois tudo o que o Governo fazia era para buscar a reeleição, jogando as causas dos nossos problemas para fora do país. Voltando para 2015, com o resultado do pleito e com o discurso da presidente reeleita, o empresariado e a população em geral foram tranquilizados com um movimento de ajuste nas contas do Governo, no qual parecia que o dinheiro arrecadado iria, finalmente, ter um uso mais adequado, contendo despesas, direcionando recursos onde de fato são necessários, mesmo que trazendo para os contribuintes um aumento de impostos. Porém, ao longo do ano, esse assunto tornou-se o discurso de uma só pessoa, o ministro da Fazenda, alvo preferido de ataques tanto de quem é a favor quanto quem é contra o Governo. O que o Poder Executivo não contava era em cair na armadilha do seu próprio emaranhado de partidos, que ele mesmo chama de base de sustentação no Congresso, deixando à mostra toda a sua incapacidade de administrar tantos interesses cruzados e conflituosos.
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Resumindo, o que não foi feito este ano para corrigir os rumos da economia afetará negativamente 2016. O Governo já assumiu um enorme déficit em suas contas e está reconhecendo que o PIB terá uma retração perto de 3%. O mercado já fala em queda de 4%. A inflação já alcançou
A inflação poderá alcançar dois dígitos, depois de 12 anos, distanciando-se como nunca do centro da meta fixada. O país teve sua nota de risco rebaixada por duas agências de rating, perdeu um dos investment grades e dificilmente não perderá os outros, o que trará sérias dificuldades para financiar seus projetos” dois dígitos, depois de 12 anos, distanciando-se como nunca do centro da meta fixada, sem nenhum sinal de que irá recuar. O país teve sua nota de risco rebaixada pelas três principais agências de rating, sendo que em duas delas perdeu o investment grade. Como todas colocam a análise do Brasil com viés negativo, dificilmente não perderemos o único que resta. A taxa de juros que o país e as empresas pagam, ao captar crédito no exterior, já vinha precificando essa perda desde abril deste ano,
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quando o mercado internacional começou a reconhecer essa possibilidade. O que resta saber é o quanto o Brasil perderá de recursos aplicados por fundos de investimento e de pensão internacionais, que são obrigados a só aplicar em papéis com grau de investimento. Diante deste nebuloso cenário, temos uma realidade inquestionável: não dá para pular para 2017. Teremos que viver o próximo ano. Entrando nas expectativas para 2016, não dá para imaginar um bom ano, com uma ambiente político destes, com inflação resistente, geração de riqueza em queda, população endividada, desemprego em elevação, agravado por um inoportuno pessimismo que vem tomando conta de empresários e colaboradores. O ambiente atual é propício para empresários e executivos investirem tempo e energia em busca de dinheiro dentro de casa. Períodos de crise nos obrigam a ter mais atenção em aspectos que, nos momentos de prosperidade, tendemos a relaxar, como controles de custos, despesas, desperdícios, entre outros descuidos. Outro ponto importante é não “esperar quando o mercado voltar”. Depois de um período de crise, é muito provável que, com a recuperação da economia, o mercado, qualquer que seja ele, venha com outras demandas e exigências, que não conseguirão ser atendidas por empresas que ficaram esperando a onda reaparecer. Precisamos, mais do que nunca, atuar com foco bem definido e com equipes alinhadas, voltados a fortalecer competências de visão estratégica, de inovação e de excelência na execução. Cabe, a cada um de nós, construir nosso feliz ano novo.
SEGURANÇA
E
m 2015 o Espírito Santo comemorou a melhoria nos principais índices de criminalidade. Pelos cálculos da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), a taxa de homicídios foi reduzida em 10% na comparação com 2014. Quanto às mortes violentas, em especial, o Estado alcançou uma marca histórica: seis anos consecutivos de queda. Para o secretário de Segurança, André Garcia, os números são fruto de um trabalho iniciado há mais de 10 anos: “O Estado começou um processo sustentável de melhoria na capacidade de dar respostas desde 2003, quando teve início algo que não existia, que é o planejamento de longo prazo. Até 2003, a própria Sesp não existia, o Ciodes não existia, e havia oito anos que a área não realizava concurso público”, ressalta.
MELHORIAS NA SEGURANÇA PÚBLICA Em 2015, o Estado teve redução nos índices de criminalidade e melhoria nos percentuais de resolução de crimes: Homicídios dolosos (quando há a intenção de matar): -15,1% Homicídios de mulheres: -10,1% Furtos e roubos a pessoa: -4,8% Furtos e roubos de veículos: -10,1% Prisão de homicidas: +33,3% Resolutividade de inquéritos: 34% (contra média nacional de 10%) Fonte: Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp)
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O policiamento ostensivo recebeu o significativo reforço de 1.000 soldados que se formaram em 2015
Na capital capixaba, Vitória, o número de homicídios baixou 48% de janeiro a novembro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2014. Foram 63 em 2015 contra 121 em 2014. Um resultado que pode ser justificado por diversos fatores, como os trabalhos do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM), formado por servidores da prefeitura, Guarda Municipal, Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público do Espírito Santo e Tribunal de Justiça. Vila Velha também tem motivos de sobra para comemorar, com o recuo de 63% no índice de assassinatos, que passaram de 22 em fevereiro contra oito em novembro. No acumulado do ano, o indicador continua em declínio, com retração de 25% em relação a igual período no ano passado. O desempenho positivo também pôde ser visto em Cariacica e na Serra, que registraram um declínio de 18% (203 em 2014 e 167 em 2015) e 7% (314 em 2014 e 293 em 2015) no número de homicídios, respectivamente. “A Prefeitura da Serra criou um plano municipal de enfrentamento à violência, o ‘Serra Atitudes da Paz’, onde todas as secretarias atuam em conjunto para lidar com esse problema, como a de Serviços, que priorizou a iluminação nos bairros mais violentos. Também foi promulgada a lei que limita o horário de funcionamento nos bares, assim como a que cria a Guarda Municipal. A expectativa é que os agentes estejam nas ruas até agosto do ano que vem. Outro ponto importante foi a aquisição de novas câmeras de videomonitoramento, que passaram de 58 para 158 neste ano”, acrescenta o coronel Nylton Rodrigues, secretário de Defesa Social local.
DINHEIRO Manter uma evolução positiva nos índices é um trabalho oneroso. No início do ano, a equipe do recém-empossado governador Paulo Hartung fez cortes de R$ 1,3 bilhão na previsão de recursos disponíveis para o Estado em 2015.
Prisão de traficantes: +47%
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Foto: Fred Loureiro/Secom-ES
MENOS MORTES, MENOS ROUBOS, MAIS PRISÕES
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Foto: Fabrício Santos
O Governo de Estado investiu R$ 1,7 bilhão em segurança neste ano
No entanto, a pasta da Segurança foi uma das que, ao contrário de outras, teve acréscimo de verba, que antes seria de R$ 1,2 bilhão e vai fechar o ano com quase R$ 1,7 bilhão efetivamente investido, de acordo com o publicado pelo Portal da Transparência. Pelas informações do site, pouco mais de R$ 1 bilhão (cerca de 60%) foi destinado à Polícia Militar. Garcia destaca, entre os principais feitos do ano, a formatura de mil novos soldados, ocorrida em novembro. “Foi uma atitude corajosa do governador colocar mais mil policiais nas ruas, já que isso significa aumento na folha de pagamento. Foi um exercício árduo colocar tudo isso na ponta do lápis, considerando que os investimentos, no geral, foram prejudicados pela questão orçamentária. De acordo com a capacidade de pagamento do Estado, é o que nós podemos fazer”, assinalou.
A eficácia das políticas públicas também foi tema de discussão. Em julho, o ES Brasil Debate colocou em pauta um questionamento: “Como obter resultados eficientes no combate à violência?”. A pergunta, respondida por representantes do Governo e especialistas da área, mostrou que esse é um processo longo, de investimentos em diversas áreas, incluindo educação e cultura.
Foto: Divulgação
Bolsistas do bairro Nova Rosa da Penha, em Cariacica, que atuam no programa Ocupação Social, com ações preventivas voltadas sobretudo à educação e à cultura dos jovens, principais vítimas da violência
MULHERES E JOVENS Apesar da melhoria nos índices, ainda há um longo caminho a ser trilhado em busca de um Espírito Santo longe dos crimes violentos. O “Mapa da Violência – Mortes Matadas por Armas de Fogo” – estudo realizado anualmente em todo o Brasil e divulgado, este ano, em maio – colocou o Espírito Santo em destaque negativo: o segundo lugar em mortes por arma de fogo, no país. São 38,3 assassinatos para cada 100 mil habitantes. Quando se trata de vítimas jovens, nossa posição piora. Somos o primeiro no ranking nacional de homicídios desse grupo. Para cada seis pessoas assassinadas no Estado, cinco tinham entre 15 e 29 anos. Um outro levantamento indica que ainda há muito o se que melhorar, mas o rumo parece ter sido encontrado. O “Mapa da Violência – Homicídios de Mulheres no Brasil”, publicado em novembro, aponta que o Estado reduziu em 6,6% o índice de homicídios de mulheres entre 2006 e 2013, caindo da liderança para o segundo lugar no ranking nacional. Os dados mais recentes, no entanto, ainda são assustadores: afirmam que, no Espírito Santo, são 9,3 homicídios para cada 100 mil mulheres. Para André Garcia, o caminho a ser trilhado em 2016 passa pela integração das ações de segurança e defesa social: “Nosso trabalho só se sustenta ao longo do tempo quando há iniciativas de apoio. Aqui no Estado um desses projetos é a Escola Viva, que atrai o jovem para a educação em tempo integral, e o Programa de Ocupação Social, elaborado pela Secretaria de Gestão Estratégica”. O primeiro, implantado este ano, já tem projetos de expansão para 2016. O segundo está em fase de conclusão de diagnósticos, com algumas ações pontuais já iniciadas em territórios de vulnerabilidade social. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA
CRISE AFETA LOGÍSTICA, INFRAESTRUTURA E MOBILIDADE
“N
ão tivemos um ano fácil!” A afirmação do presidente da Federação dos Transportes do Espírito Santo (Fetransportes), José Antonio Fiorot, resume o que significou 2015 para os setores de logística e infraestrutura, em todo o Brasil. A desaceleração do consumo, a retração da indústria, a inflação em alta e a baixa taxa de investimentos causaram pessimismo. “O panorama é desafiador. As atividades ficaram envoltas em um clima de incertezas políticas e macroeconômicas, fatores que reduziram a confiança dos empresários”, comenta Fiorot. O quadro foi confirmado na sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2015, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada em novembro. Em meio ao pessimismo, o estudo revela que, no segmento rodoviário de cargas, 36,4% dispensaram transportadores autônomos agregados e 57,2% perceberam aumento no número de roubos de carregamentos. Outra razão para perspectivas negativas é uma velha conhecida. “Ainda temos mais gargalos do que avanços”, lamenta o dirigente da Fetransportes, que vê na falta de obras de infraestrutura o principal problema. “Para um Estado de vocação logística, não ter estradas seguras e duplicadas, portos produtivos, aeroportos e ferrovias que atendam às demandas implica perdas na competitividade.” 120
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DECOLANDO Ainda assim, há novidades no ar. A Infraero emitiu, no final de junho, a ordem de serviço para a retomada das obras do Aeroporto Eurico de Aguiar Salles, em Vitória. O total do investimento é de R$ 523,5 milhões, e o prazo para execução, de dois anos e meio. Os serviços ficarão a cargo do consórcio Jota Ele/Damiani/Empo. “Há anos aguardávamos pelo fim desse entrave”, celebra Fiorot. Mais boas notícias vêm dos aeroportos regionais, contemplados no Programa de Investimentos Logístico (PIL), do Governo Federal. A meta é implantar um terminal a cada ano. Segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento (Sedes), o aviso de licitação para ampliação de pista e sinalização do Aeroporto de Linhares foi publicado em novembro, e a intervenção deve começar no primeiro trimestre de 2016. Depois, será o de Cachoeiro de Itapemirim, que deve ser licitado em 2016. Colatina e São Mateus, que tiveram seus projetos executivos concluídos, aguardam o lançamento do edital para 2017 e 2018. MALHA VIÁRIA Mas também há alívio nas rodovias. Apesar de a Pesquisa Rodoviária CNT de 2015 ainda classificar as estradas capixabas como “ruins”, o trabalho da Eco 101 deu os primeiros resultados.
A obra de duplicação da BR-101 ficou como desafio para 2016
PORTOS O setor portuário também sofreu com a crise econômica. Dados da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) mostram que, de janeiro a outubro de 2015, foram movimentadas 5.588.407 toneladas de cargas nos terminais públicos e arrendados, uma redução de 2%, ou 100.579 a menos do que as 5.688.986 toneladas do mesmo período de 2014. “No balanço mensal da movimentação de cargas, os números oscilam, mas a expectativa é de, pelo menos, não fechar 2015 com índices negativos”, comenta o presidente da Codesa, Clovis Lascosque. O fato positivo foi o anúncio, em novembro, da retomada das obras de dragagem e derrocagem do Porto de Vitória, já no começo de 2016, após quase um ano paradas. Serão até seis meses de trabalho para a conclusão da retirada das pedras do fundo do canal de acesso ao porto. Depois, ocorrerá a medição das profundidades (batimetria). A obra de R$ 100,7 milhões é de responsabilidade da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP) e será executada por um consórcio de empresas. Já o projeto do Porto de Águas Profundas chega ao final de 2015 Foto: Leonel Albuquerque
A ordem de serviço para a retomada das obras do Aeroporto de Vitória foi finalmente emitida pela Infraero, com um prazo para execução de dois anos e meio
Dos 24 trechos de rodovias capixabas examinados, a melhor classificação foi para a BR-101, com a avaliação “Bom” nos critérios Estado Geral, Pavimento e Sinalização, e “Regular” em Geometria da Via. A BR-381, por sua vez, teve três notas “Péssimo” e foi a pior dentre as analisadas. “A Eco 101 realizou investimentos expressivos na BR-101, e o Governo Federal lançou o PMI (Procedimento de Manifestação de Interesse) da BR-262, com 26 autorizações para realização de estudos, que devem ser entregues em janeiro de 2016”, destaca o Secretário de Estado de Desenvolvimento (Sedes), José Eduardo Faria de Azevedo. Os projetos de intervenção na malha estadual também evoluíram em 2015. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-ES) realizou estudos para a concessão de 37 trechos, totalizando cerca de 870 quilômetros, nos polos de Aracruz, Colatina e Cachoeiro. Entre as rodovias estão ES-137, ES-080, ES-124 e ES-162. As concessões estão sendo analisadas pela Sedes. Para a Fetransportes, no entanto, a malha viária do Espírito Santo ainda está muito atrasada, quando comparada à de outros estados, como São Paulo. “Temos muitos projetos, mas precisamos tirá-los do papel e colocá-los em prática para que o benefício venha rápido”, reforça Fiorot.
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SITUAÇÃO DOS PORTOS DO ES ortocel, em Aracruz P A expansão está sendo analisada pelos acionistas da Fibria e da Cenibra. O processo de contratação dos estudos ambientais, engenharia básica, hidrodinâmica e manobrabilidade do projeto foi iniciado. anabi, em Linhares M A empresa espera a licença prévia do Ibama. etrocity, em São Mateus P Estão sendo elaborados os estudos de impacto ambiental. orto Central, em Presidente Kennedy P Protocolado o pedido de licença de instalação no Ibama.
I metame, em Aracruz Obteve autorização da SEP e da Antaq para construir o terminal portuário, com previsão para 2016. -Port e Itaoca Offshore, em Itapemirim C Aguardam as licenças institucionais da SEP/Antaq. Ambos têm operação prevista para 2018. Fontes: Sedes, Fibria/Cenibra
sem avanços, devido à crise econômica, e fica em “banho-maria” até a retomada do crescimento do país. Por outro lado, o ano foi de consolidação dos investimentos privados em infraestrutura portuária. O Estaleiro Jurong Aracruz começou a operar. A expansão de Portocel continua sob análise dos acionistas (Fibria e Cenibra). Em junho, quando foi publicado o decreto presidencial alterando a poligonal de Barra do Riacho, começou o processo de contratação de estudos ambientais, engenharia básica, hidrodinâmica e manobrabilidade do projeto conceitual. Segundo a Fibria, a expansão está em linha com a visão de longo prazo dos acionistas, mas o investimento ainda está sendo avaliado. Outros portos regionais – Manabi, Petrocity, Imetame, C-Port e Itaoca Offshore – aguardam documentações. “Os projetos portuários em andamento vão permitir melhorias na logística e, consequentemente, na competitividade do Espírito Santo em relação a outros estados brasileiros”, frisa o secretário José Eduardo de Azevedo. Para o presidente da Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima (Fenamar), Waldemar Rocha Júnior, o ano termina com muita expectativa. “Porque estamos paralisados, em virtude dessa crise econômica e política, que é real; não é psicológica, não”, explica. Segundo ele, o reinício das obras do Porto de Vitória é positivo. “Esperamos que a expectativa se concretize. Que aquilo que foi falado possa acontecer. Que o contingenciamento de recursos do Governo Federal, com cortes no Orçamento, não afete o que foi anunciado”, diz. Apesar de a maioria dos portos privados em território capixaba estarem ativos, a parada de produção da Samarco, depois do rompimento da barragem de rejeitos em Mariana (MG), também prejudica o Espírito Santo. “Há a expectativa de que ela volte a operar. Que se responsabilize e cuide do que tem que cuidar (em relação aos prejuízos e impactos), mas que volte a operar”, comenta Waldemar Rocha. 122
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MOBILIDADE URBANA Se na área de logística os gargalos ainda preocupam, quando o assunto é a mobilidade urbana, 2015 também termina sem algumas soluções esperadas – principalmente na Grande Vitória, que tem cerca de 1,7 milhão de habitantes, quase metade da população capixaba. Além das limitações estruturais das cidades, a frota no Espírito Santo cresceu em média 10% ao ano, de 2005 a 2014, conforme dados do Detran-ES. Em 20 anos, o uso de automóveis aumentou 500%, ao passo que o de ônibus subiu apenas 70%. “Como resultado, temos uma região metropolitana muito adensada, com uma população expressivamente motorizada e caracterizada por uma ocupação territorial não planejada, com um conjunto de vias de baixa capacidade”, explica o titular da Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (Setop), Paulo Ruy Valim Carnelli.
Foto: Divulgação
Obras de dragagem e derrocagem do Porto de Vitória estão previstas para o início de 2016
Foto: Leonel Albuquerque
“Temos muitos projetos, mas precisamos que tirá-los do papel e colocá-los em prática para que o benefício venha rápido” José Antônio Fiorot, presidente da Fetransportes-ES Diante da crise econômica e das dificuldades financeiras do Estado, o jeito foi apostar na reorganização e na redefinição de prioridades. Entre elas, a conclusão da ampliação da Avenida Leitão da Silva, em Vitória. Os trabalhos foram agilizados, e a previsão é de entrega no final de 2016. Estão sendo reestruturados três quilômetros de via, com um investimento de R$ 108,3 milhões. Em agosto, após a liberação de R$ 124 milhões do BNDES, também foram retomadas as obras da Rodovia Leste-Oeste, paralisadas desde 2014 por falta de recursos. A conclusão está estimada para março de 2017. Menos animadoras são as notícias sobre o projeto do BRT, que foi entregue no início do ano aos técnicos da Setop para análise. “A implantação do BRT não será possível nesta gestão, por falta de recursos”, descarta Carnelli. Isso porque o valor assegurado do BNDES é de R$ 530 milhões, quando o total calculado para o BRT é de R$ 1,8 bilhão. Quanto ao Aquaviário, que teve a licitação cancelada, o Governo do Estado admite intenção de retomar o projeto, mas só depois de realizar novos estudos e pesquisa de demanda. Todas as obras viárias em realização pelo Executivo estadual têm ciclovias ou ciclofaixas como parte do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Setop. Também está em estudos a construção de uma ciclovia na Rodovia do Sol, desde Terra Vermelha, em Vila Velha, até o trevo de Setiba, em Guarapari. A obra deve começar no segundo semestre de 2016. No plano do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), está incluída uma ciclovia dentro de Guarapari, em 2016, com 9,5 km.
MUDANÇAS A TODO VAPOR A Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória (Setran) promoveu diversas ações ao longo do ano, como a conclusão da primeira etapa de instalação de parquímetros nos bairros Centro, Praia do Canto e Santa Luíza e o início da segunda fase de implantação desses equipamentos na capital, agora na região da Vila Rubim; as entregas da ciclovia do Porto de Vitória, no Centro, e da ciclovia da Avenida Otaviano de Carvalho/Munir Hilal em Jardim Camburi, que liga Bairro de Fátima (Serra) à orla de Camburi; o retorno do aplicativo Ponto Vitória, aprimorado e disponível para a internet e para o celular; e a implementação da Terceira Etapa do Sistema Binário em Jardim Camburi (Trânsito Livre), que visa a garantir mais fluidez ao trânsito com várias ruas passando a funcionar em mão única. Outro destaque do ano na capital capixaba foram os investimentos feitos no sistema de transporte coletivo, com a operação do Integra Vitória. A iniciativa, disponível desde outubro, foi criada para que os passageiros dos coletivos municipais fizessem a integração entre um micro-ônibus e um modelo convencional, ou vice-versa, pagando apenas uma passagem. O programa, que passou por alguns ajustes para melhor atender à população, conta com cinco linhas. Quem circula pela Grande Vitória pôde notar alterações no tráfego de Vila Velha, em 2015. O Departamento de Trânsito do município criou 14 binários para organizar e disciplinar e melhorar a mobilidade urbana. Os binários são ruas paralelas que operam em sentido oposto. Essa técnica permite uma melhor fluidez, em pontos específicos. Os bairros contemplados foram Santa Mônica (12), Praia da Costa (1) e Boa Vista (1). A prefeitura canela-verde tem um estudo de reestruturação que redefine o sistema viário básico da cidade, com abertura e prolongamento de vias, entre outras ações. Também está sendo licitada a contratação de uma empresa para elaborar o Plano de Mobilidade de Vila Velha, que identificará os meios de transporte mais usados – ônibus, táxi, bicicleta, carro, etc – e os pontos de origem e destino, com as principais estradas usadas. Outro avanço foi o projeto do anel cicloviário, apresentado em novembro. As intervenções previstas incluem a interligação de ciclovias da Rodovial do Sol com a orla e a interligação de ciclovia da Rodovia do Sol com a Darly Santos, entre outras. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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JOÃO LUIZ VASSALO REIS
ECONOMIA
é professor da Faesa e consultor GAP
BRASIL, UMA NAU SEM RUMO UMA SAÍDA
O
ano de 2014 é para não ser lembrado, e 2015 é um ano para ser esquecido! Em 2014, o PIB brasileiro cresceu 0,1%; em 2015 deve fechar com uma retração acima de 3,1%. Em 2014, houve uma inflação de 6,41%; em 2015, deve fechar acima de 10%. O Ministério da Ciência e Tecnologia não deverá cumprir suas metas de aplicações para este ano e, na primeira discussão sobre cortes em orçamentos, foi proposto o contingenciamento de verbas destinadas a pesquisa e inovação. No Espírito Santo, espera-se que o PIB se mantenha acima da média nacional, como tem acontecido. O PIB é fortemente influenciado por empresas exportadoras de commodities. Com a valorização do dólar, algumas empresas se beneficiaram, mas outras tiveram os preços de seus produtos reduzidos. Entretanto, a expressiva maioria dos empreendimentos capixabas está sentindo as consequências da recessão econômica, muitas delas fechando as portas. O rompimento de barragens da Samarco causou a degradação ambiental do Rio Doce, com consequentes impactos sociais no Espirito Santo, causando enormes prejuízos. A presidente da República informou que a responsabilidade do desastre é da Samarco. É obvio que a empresa teve
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sua responsabilidade e precisa pagar por isso, mas a ocorrência não deve significar seu extermínio, como já se expressaram, em passeata, os moradores de Bento Rodrigues. Deve sim, significar um aprendizado: de que os processos de fiscalização dessas barragens têm que ser revistos e levados a sério, para evitar novos desastres.
É dever de todos nós propugnar por investimentos indispensáveis em infraestrutura, ciência, tecnologia e inovação, porque são essenciais para que as empresas brasileiras se tornem cada vez mais competitivas” A previsão para 2016 é de mais recessão (1,43%) e inflação acima da meta (6,5%). Estamos em uma nau sem rumo, precisando de um norte, um plano de longo prazo que seja alicerçado em valores humanos
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e que identifique aonde a nossa sociedade deseja chegar. Parece esquecida a preocupação com os investimentos em infraestrutura, que são indispensáveis para que o país possa se manter e, depois, voltar a progredir. É dever de todos nós propugnar por investimentos indispensáveis em infraestrutura, ciência, tecnologia e inovação, porque são essenciais para que as empresas brasileiras se tornem cada vez mais competitivas. Os governos Estadual e municipais devem auxiliar as companhias capixabas, pois dependem delas para arrecadar seus impostos. Resultados preliminares da pesquisa que o GAP realiza sobre as estratégias que as empresas capixabas estão utilizando para o enfrentamento da atual crise mostram que, 24% não foram afetadas pela crise; 61% estão retraídas por cautela e 63% delas estudam ou desejam implantar alguma inovação. É aí que entra o papel do Governo. Devemos aproveitar os últimos dias do ano para refletir sobre qual responsabilidade tivemos sobre o passado. E também para pensar sobre o futuro, o que nos ajudará no enfrentamento das dificuldades previstas. Mas é essencial acreditar que, juntos, podemos fazer um amanhã melhor. Feliz Ano Novo para todos!
POLÍTICA
2015: O PIOR PROTAGONISMO DA CAPITAL FEDERAL NOS ÚLTIMOS 85 ANOS “H
avia uma regra do jogo. Se você não pagasse propina à área de Engenharia e de Abastecimento, não teria sucesso ou não obteria seus contratos na Petrobras”. “Dessa média de 3%, o que fosse da Diretoria de Abastecimento, 1% iria para o PP e os 2% restantes ficariam para o PT. A Diretoria Internacional tinha indicação do PMDB. Então, tinha também recursos que eram repassados para o PMDB”. Essas declarações, feitas respectivamente pelo empresário Júlio Camargo e pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, no início deste ano, à CPI da Petrobras, ilustram uma pequena parte do esquema bilionário de corrupção que começou a ser revelado em março de 2014, pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal. 126
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Por meio de 40 acordos de delação premiada, as investigações trouxeram à tona peças do quebra-cabeça da trama que envolveu as maiores empreiteiras do país e dezenas de políticos. Outras empresas do Governo começaram a ser averiguadas, e a lista de citados não parava de crescer. A frase do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato, resume o grau das descobertas: “Nas palavras de um ministro do STF, a cada pena que a gente puxa vem uma galinha inteira”. Hoje, a Lava Jato já soma 22 fases, centenas de mandatos de busca e apreensão foram cumpridos, e mais de 130 condenações determinadas pelo juiz Sérgio Moro. Há indícios de que o esquema de lavagem de dinheiro tenha movimentado um valor acima de
Foto: Lula Marques/ Agência PT
Foto: Fernando Bizerra Jr. Foto: Zeca Ribeiro
R$ 40 bilhões. Tais revelações encabeçaram o noticiário sobre o Brasil este ano. Entre os citados, além de donos de sete das 10 maiores empreiteiras do país e de executivos do alto escalão da Petrobras, 47 políticos com mandato, incluindo os presidentes da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), e o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, atualmente senador do PTB, por Alagoas. Susp eitos que p ossuem foro privilegiado só poderiam ser processados no Supremo Tribunal Federal (STF). Nenhum parlamentar capixaba está nessa lista. No dia 6 de março deste ano, o ministro Teori Zavascki, do STF, determinou a abertura de 28 inquéritos para investigar 49 pessoas: o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto; o lobista Fernando Soares, o “Fernando Baiano”; e 47 políticos – 22 deputados federais, 12 senadores, 12 ex-deputados e uma ex-governadora, pertencentes a cinco partidos. O PP é a sigla com mais nomes entre os que respondem a ações (32), seguido de PMDB (sete), PT (seis), PSDB (um) e PTB (um). Pela primeira vez desde a redemocratização, em 1985, um senador perdeu a liberdade no exercício de seu mandato. Em 25 de novembro, o Supremo mandou prender Delcídio do Amaral (PT/MS), líder do Governo no Senado, por obstruir as investigações da Lava Jato. Gravações telefônicas provaram que o petista ofereceu mesada de R$ 50 mil para que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não fechasse acordo de delação premiada e fugisse para a Espanha, via Paraguai. É também da Lava Jato que surge um dos argumentos a favor do impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), acusada por muitos de ter sido omissa em relação às irregularidades envolvendo a Petrobras, uma vez que ocupava o cargo de presidente do Conselho de Administração da estatal quando ocorreu parte dos fatos investigados, como a compra superfaturada da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
O embate entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha do PMDB/RJ (foto abaixo), foi um dos grandes destaques deste final de ano
A complexidade do atual cenário na capital federal inviabiliza a previsão dos desdobramentos em 2016. “Há muitos fatores intervenientes: o ajuste fiscal, a situação econômica, a crise política. Está muito difícil fazer qualquer prognóstico para 2016. Só sei que será um ano muito difícil”, analisa a cientista política Lúcia Hippólito. Na sua avaliação somente uma mudança profunda poderá acenar para alguma melhoria. “Não podemos continuar com este Governo medíocre, com esses ministros medíocres. Se a presidente sair, é possível, e aqui não estou aqui afirmando que seja certeza, apenas que é possível, se desenhar um Governo em defesa de um projeto para o Brasil”. Mas para isso, Lúcia defende ainda que as presidências do Legislativo mudem de mãos. “Eduardo Cunha já não tem mais o que alegar, e o próximo alvo central da Lava Jato é Renan Calheiros. Vai ficar no mínimo esquisito você ter nas presidências da Câmara e do Senado dois políticos investigados pela Polícia Federal, com indícios tão fortes de envolvimento com corrupção”.
CUNHA X DILMA A cada revelação, novas manobras políticas se desencadeiam em Brasília, e o mês de dezembro foi bastante intenso. No dia 2, Eduardo Cunha acolheu um dos 32 pedidos de impeachment protocolados na Câmara contra Dilma Rousseff, elaborado pelos juristas Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT. A deflagração do rito de impedimento ocorreu na mesma data em que deputados petistas anunciaram que votariam a favor da abertura do processo, por falta de decoro, contra o peemedebista no Conselho de Ética da Casa, onde ele é investigado por suposta participação no escândalo da Lava Jato. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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Foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Em 15 de dezembro, a PF cumpriu mandatos de buscas nas casas de Eduardo Cunha em Brasília e no Rio em mais uma fase da operação, em que ele é alvo de três inquéritos. Também nesse dia o Conselho de Ética do Senado aprovou por 11 votos a 9, o parecer pela continuidade do processo contra o presidente da Câmara. Já na data seguinte, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou pedido ao STF de quase 200 páginas solicitando o afastamento de Eduardo Cunha do mandato, sob a alegação de que ele estaria utilizando o cargo para intimidar parlamentares e destruir provas. Mas o STF decidiu que não haveria tempo para julgar o requerimento antes do recesso. E essa definição só ocorrerá após a retomada dos trabalhos, em 1º de fevereiro. O deputado Lelo Coimbra (PMDB/ES) avalia que esse embate entre Cunha e Dilma encobre mais questões estratégicas. “Houve um submetimento e uma troca de proteção entre um e outro que tiraram do foco as questões principais. Mas a questão central é como nós avaliamos os fatos que se relacionam à gestão do país, que se tornou, em função dos acordos fechados nas eleições, uma irresponsabilidade tamanha”. Para ele, é preciso definir um pacto político em prol do Brasil, independentemente do impeachment ou não. No entanto, ponderou que ficará muito difícil que se estruture esse acordo com a permanência de Dilma Rousseff no poder. “Qualquer novo arranjo no Governo atual reflete em aumento na Bolsa e do dólar e em perda de grau de investimento. Existe um sentimento de que a perspectiva de confiança só seria possível com um novo arranjo que não contasse com a presidente no cargo”, alegou. O senador Ricardo Ferraço defendeu a possibilidade legal do afastamento de Dilma. “As condições estão postas. A presidente mentiu para manter seu projeto de poder. Todos os fatos que envolvem a presidente e seu Governo são gravíssimos e seguramente a colocam diante dessa possibilidade”, argumentou. E, apesar de ser do mesmo partido do presidente da Câmara, o parlamentar peemedebista é favorável também à saída de Eduardo Cunha do cargo. “O deputado Eduardo Cunha perdeu as condições de presidir a Câmara e precisa ser afastado imediatamente”, enfatizou Ferraço. A bancada capixaba é unânime em destacar os prejuízos causados ao país em consequência tanto do tamanho da “rede de corrupção” desvendada quanto das negociações firmadas nos bastidores. Todos os senadores e deputados federais capixabas querem a suspensão do recesso parlamentar para minimizar o período de forte insegurança política e, dessa forma, evitar problemas ainda mais graves na economia. Para o deputado federal Max Filho (PSDB), a impressão que se tem é que o “ano termina sem ter começado”, apesar de toda produtividade registrada na Câmara. “O que se viu foram muitos projetos aprovados em ‘toque de caixa’, por meio de manobras, e uma reforma política fraca. Como diz um amigo meu, a montanha pariu um rato”. Para ele, Eduardo Cunha utilizou o pedido de impeachment como “instrumento de barganha”, e essa indefinição prejudicou demais a economia. “Fiz dois pedidos a Papai Noel. Se pudesse começar o ano com
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a cassação de Cunha e depois, pelo TSE, da Dilma e do Temer, o Brasil viraria a página da recessão com muito mais rapidez”, afirmou Max Filho. “O país foi de mal a pior. Um ano marcado por conflitos de interesses, falta de governança, disputas entre o presidente da Câmara e a presidente da República. Um ano marcado por crise ética e econômica. Espero que a gente tenha um pouco mais de juízo na condução do Brasil em 2016 e consiga garantir sobra para fazer os investimentos. Sem recurso, não se faz nada”, reiterou Paulo Foletto (PSB), colega de Max na Câmara Federal. Na análise do deputado petista Helder Salomão, toda a classe política deve ter a responsabilidade de empregar esforços em defesa do país. “Não há problema em Governo e oposição pensarem diferente. Mas é preciso agora muito mais que humildade para reconhecer erros, é preciso coragem para corrigir rumos. E isso vale tanto para oposição quanto para o Governo. O importante é termos compromisso com a estabilidade do nosso país e com a consolidação da economia”, frisou o deputado petista. E essa necessidade urgente de unir as forças politicas em prol de um projeto nacional também foi destaque no discurso da senadora Rose de Freitas (PMDB), presidente da Comissão Mista do Orçamento, durante sessão de aprovação dessa peça para 2016. Ela, que se dirigiu a diversos parlamentares durante uma de suas falas no Congresso, para ressaltar a diversidade de posicionamentos, sublinhou ao final: “É possível que todos entendam que esta Casa, ainda que xingada, ainda que extremamente maltratada diante da opinião pública, pode ser capaz de olhar numa direção e fazer alguma coisa”.
Foto: Senado Federal do Brasil Foto: Laycer Tomaz / Camara dos Deputados
A Polícia Federal prendeu no dia 25 de novembro o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do Governo no Senado, acusado de obstruir as investigações da Operação Lava Jato. Gravações comprometedoras foram feitas entre o petista e o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró (foto abaixo)
Ainda sobre o cenário político, Rose de Freitas acrescentou: “Eu não vou dizer que será um feliz Natal, mas, com certeza, é tempo de renovar a esperança em nosso país e em nós mesmos, com a nossa capacidade de lutar... Não vamos fracassar. O país há de ter dias melhores”, desejou. O senador Magno Malta (PR) também tem uma visão pessimista. “Para 2016, temos de nos preparar, não podemos conservar ilusões, porque certamente será um ano absolutamente pior pra todos nós, um ano de desemprego, de inflação alta, um ano de economia destruída. O que nos resta tão somente em 2016 é confiarmos em Deus, termos criatividade, porque será o início de dores, como diz a Bíblia”.
REFLEXO NA ECONOMIA Todas essas manobras políticas atingiram ainda mais a economia já em recessão. Um dia após o Executivo propor a redução de meta de superávit primário para 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), em 15 de dezembro, quando o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendia uma meta de 0,7%, a agência de classificação de risco Fitch foi a segunda a tirar o grau de investimento do Brasil. Em setembro, a Standard & Poor já havia removido o selo de bom pagador do país. Na sexta-feira seguinte (18), Levy deixou o Governo sem ter conseguido realizar a mudança de rumo econômico anunciada há 11 meses antes, quando assumiu a Fazenda. E antes mesmo de a administração federal oficializar que a pasta passaria para as mãos do então ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o mercado
financeiro teve um dia agitado: o dólar subiu 1,5% e chegou a R$ 3,947; a Bolsa de Valores caiu 3% e atingiu o menor nível dos últimos seis anos. Na saída do cargo, Levy defendeu a urgência em se solucionar a crise política. “O importante é assim: Brasília não pode parecer ou conflagrada ou sem bússola, porque todo mundo está olhando para cá. Então é isso que a gente tem que continuar trabalhando”. O deputado federal Sérgio Vidigal (PDT) reafirmou que a mudança de rumo político deixou de ser opcional. “O ano de 2015 foi de muita turbulência, de muitas incertezas – desemprego, inflação alta, taxa de juro alta, retração da economia muito grande e com muita denúncia de corrupção. Não temos alternativa que não seja a construção de um novo cenário. Não podemos ser irresponsáveis de não nos unirmos em 2016 para recuperarmos e recompormos tudo o que não fizemos em 2015”.
CENÁRIO LOCAL A recessão econômica resultou em queda de repasses de recursos federais. E nesse contexto a atuação da bancada federal capixaba foi fundamental para a chegada de melhorias ao Estado, avaliou o governador Paulo Hartung, durante entrevista exclusiva cedida à revista ES Brasil, que você confere na íntegra nesta edição (página. 18). “A bancada tem nos ajudado bastante. Conquistamos importantes avanços, como a retomada das obras do aeroporto, o compromisso do ministro dos Portos de finalizar a dragagem e a derrocagem da Baía de Vitoria, e a mudança da poligonal do Porto do Riacho. Essas são algumas das melhorias que não teriam sido possíveis sem o trabalho dos nossos parlamentares”. ES Brasil 125 • Retrospectiva 2015
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A atuação da Assembleia Legislativa (tanto da composição anterior, quanto da atual) foi muito elogiada pelo governador Paulo Hartung
Foto: Reinaldo Carvalho/ ALES
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“Conquistamos importantes avanços, como a retomada das obras do aeroporto, o compromisso do ministro dos Portos de finalizar a dragagem e a derrocagem da Baía de Vitoria, e a mudança da poligonal do Porto do Riacho” – Paulo Hartung, governador do Espírito Santo
Entre os desafios vencidos em 2015 em prol do Estado, o vice-governador César Colnago enumerou “a retomada do equilíbrio fiscal da capacidade de investimento com recursos próprios e o avanço em direção de uma sociedade inclusiva e sustentavelmente desenvolvida”. Colnago destacou que há vários projetos em andamento que “vão colocar o Espírito Santo ainda mais alinhado à rota do desenvolvimento”. Hartung reforçou também a importância da parceria com Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), tanto da composição anterior quanto da atual, para que fosse possível retirar da peça original do Orçamento o valor de R$ 1,3 bilhão, o que representou uma diminuição de 9%. Segundo ele, sem essa medida, o Estado não teria sido capaz de cumprir com a folha de pagamento ao final do 130
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ano. “Sou gratíssimo a antiga Assembleia Legislativa pelo apoio, assim como também sou muito grato à atual, que vem nos ajudando a dar continuidade a esse ajuste”, assinalou. Entre os projetos de lei aprovados na Ales, destaque para o PL 358/2015, que modificou o sistema de reconhecimento de crédito relativo ao pagamento de diferencial de alíquotas interestaduais para aquisição de bens de produção e capital para investimentos. Uma mudança que permitiu resolver litígios no âmbito administrativo da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) e levou para o Caixa do Tesouro Estadual aproximadamente R$ 350 milhões, sendo que 25% desse valor foi repassado às prefeituras, de acordo com o cálculo do Índice de Participação dos Municípios (IPM). Duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) foram destaque na Casa: a da Máfia dos Guinchos, que trouxe à tona um esquema de corrupção na contratação e atuação do serviço de guinchos e pátios utilizados para recolhimento de carros pelo Detran estadual; e a CPI do Pó Preto, para apurar responsabilidades sobre o problema que há anos afeta a população de Vitória e Vila Velha. “Quase 100% dos projetos foram votados este ano. O saldo é muito positivo, os deputados estão demonstrando muita responsabilidade. A Assembleia encerra o ano com a Lei de Responsabilidade Fiscal rigorosamente atendida e com suas obrigações cumpridas. Se trabalharmos com a mesma transparência, com a mesma atuação positiva que tivemos este ano, eu já me dou por satisfeito”, garantiu o presidente da Ales, Theodorico Ferraço (DEM). Em relação a Brasília, o deputado estadual criticou a atuação lá feita. “Espero que os homens de Brasília tenham mais responsabilidade e comecem a eliminar o pior problema na Câmara. É preciso ter credibilidade para exigir do Executivo a moralização pública. Não há a mínima condição de Cunha se manter na presidência da Casa e, se ele tivesse um pouquinho de amor pelo país, já teria pedido para sair”, finalizou. E assim foi o ano de 2015 na política: Lava Jato, Cunha x Dilma, Judiciário e Legislativo (Câmara e Senado) em confronto, sob interferência do STF.