FELIPE RIGONI “PRECISAMOS APENAS DE BONS POLÍTICOS” /revistaesbrasil
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D Nº 163 • Março de 2019 • R$ 12,00 • esbrasil.com.br
CERVEJAS ESPECIAIS
Uma revolução de sabores
O mês é
DELAS
Três mulheres que quebraram barreiras PLANOS DE SAÚDE DIRETOR DA ANS EXPLICA AS REGRAS QUE ENTRAM EM VIGOR EM JUNHO
SUMÁRIO
CAPA
18 08
Cervejas especiais Saborosa experiência Já percebeu que, a cada ano, mais e mais cervejas especiais surgem no mercado? Para você que aprecia uma boa gelada, chegou a hora de aprimorar seus conhecimentos. Saiba tudo sobre o universo das bebidas especiais, os sabores que caíram no gosto do capixaba e o quanto esse mercado tem movimentado a economia local, além de uma lista com as melhores versões encontradas no Espírito Santo. Você vai ficar com água na boca!
ENTREVISTA
Felipe Rigoni
ARTIGOS 16
Primeiro parlamentar cego a ocupar uma cadeira no Congresso Nacional, o deputado federal Felipe Rigoni (PSB-ES) busca melhores oportunidades, eficiência de governo e investimento em educação para o Espírito Santo. Eleito com 84.405 votos e dono de um alto senso de responsabilidade, ele falou com exclusividade à ES Brasil. Confira!
ATUALIDADE
14 anos de ES Brasil
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SEGURANÇA
Viagem? Só acompanhado!
Foto: Jackson Goncalves
Menores de 16 anos estão proibidos de viajar sem estar acompanhados pelos pais ou responsáveis legais. Você sabe o que muda em um dos artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)? Em quais casos há exceção dessa regra? ES Brasil responde a essas e outras perguntas sobre a nova legislação sancionada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.
ESB PERGUNTA
Planos de saúde As regras de adesão aos planos de saúde individuais vão mudar a partir de junho deste ano. Para detalhar as informações sobre a nova metodologia, ouvimos o diretor de Normas e Habilitação dos Produtos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Rogério Scarabel, que destacou os pontos principais. 4
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Feminismo, a liberdade de ser
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A na Paula Borgo O papel da mulher na ciência
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Desde 2005, a ES Brasil é referência no registro dos principais fatos da vida econômica, política e cotidiana do Estado, além de oferecer análises de notícias nacionais ou internacionais que impactam a vida do capixaba. Nesta edição de aniversário, confira uma matéria especial sobre a trajetória vitoriosa da plataforma que passou a ser leitura de cabeceira para quem é protagonista no desenvolvimento do Espírito Santo. Um brinde à ES Brasil!
E lisa Lucinda
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L eila Barros As mulheres e a política
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Agenda
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Periscópio
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Ciência e Inovação
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Família S/A
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Mindset
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Corecon
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O Endereço da História
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Política
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Estilo
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Motores
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Essas Mulheres
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Modus Vivendi
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EDITORIAL
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uem aprecia uma cerveja mais encorpada garante que bebe menos e bebe melhor. A máxima desse público faz jus a uma realidade de mercado: a procura por rótulos especiais tem crescido significativamente em todo o Brasil, e o Espírito Santo não faz feio nesse cenário. A edição deste mês traz uma ampla reportagem com muita informação e curiosidades sobre o universo das cervejas especiais, avaliando o impacto desse nicho na economia local.
A busca por mudança nas urnas foi a marca da última eleição. E uma das novas apostas do capixaba para um Brasil melhor é o deputado federal Felipe Rigoni (PSB-ES), que garantiu mais de 84 mil votos e se tornou o primeiro parlamentar cego a ocupar uma cadeira no Congresso Nacional. Rigoni recebeu a ES Brasil na sede do seu partido, em Vitória, para falar sobre os eixos estratégicos do mandato, entre eles a eficiência de governo e o foco na educação. Confira! Você sabia que não pode mais deixar seu filho com menos de 16 anos viajar sozinho? Sim, uma mudança no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) passou a exigir que menores de 16 anos sejam acompanhados pelos pais ou responsáveis legais. Saiba o que diz a norma, já sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro. Novas regras também serão implementadas em uma área de grande demanda de consumo. A adesão aos planos de saúde individuais vai operar com metodologia reconfigurada a partir de junho. Todas as modificações foram detalhadas pelo diretor de Normas e Habilitação dos Produtos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Rogério Scarabel, em um bate-papo com a nossa reportagem. Entenda melhor os direitos e deveres do associado. Ainda nesta edição, trouxemos importantes fatos para o dia a dia do capixaba, além de artigos e colunas dos mais variados perfis, do conteúdo recreativo e cultural ao panorama político e econômico. Março é época de muita celebração para a equipe da ES Brasil. Estamos comemorando 14 anos de uma trajetória pontuada pelo cuidado com a qualidade da apuração e pela constante busca por ampliar o acesso às informações que influenciam o dia a dia do Espírito Santo, do capixaba. Um forte viva a todos os colaboradores que fazem a ES Brasil e a você, leitor. Sem a nossa parceria, esta história não teria o mesmo encanto. Que venham mais 14 anos! Boa leitura! Mário Fernando Souza, diretor executivo da Next Editorial e editor executivo da ES Brasil
ES Brasil é uma publicação mensal da Next Editorial. Seu objetivo é apoiar o desenvolvimento do Estado do Espírito Santo, apresentando conteúdos informativos e segmentados nas diversas vertentes empresariais.
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Diretor Executivo Mário Fernando Souza Diretora de Operações Julicéia Dornelas
EDITORIAL Editor Executivo: Mário Fernando Souza Coordenadora de conteúdo: Luciene Araújo Apoio de Produção e de Redação: Bruna Schnerock e Mara Cimero Textos: Aline Pagotto, Fernanda Neves e Letícia Vieira Edição de Arte: Fábio Barbosa e Michel Sabarense Fotografia: Renato Cabrini, fotos cedidas e arquivos Next Editorial Colaboraram nesta edição: Ana Paula Borgo, Elisa Lucinda e Leila Barros
PUBLICIDADE Executivos de Contas: Sandra Costa Operacional de Publicidade: Letícia Oliveira (27) 2123-6506 – publicidade@nxte.com.br
MERCADO LEITOR Operacional de MLE: Fernanda Ramos Assinatura: (27) 2123-6525 Serviço de atendimento ao assinante: Segunda a sexta-feira, das 9h às 18 horas. loja.esbrasil.com.br | Chat
REDAÇÃO Endereço: Avenida Paulino Müller, 795, Jucutuquara, Vitória/ES – CEP 29040-715 Informações e sugestões: (27) 2123-6500 98121-4321 (27) 98147-5951 E-mail: redacao@nxte.com.br
OPINIÃO DO LEITOR
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“Excelente matéria sobre previdência privada. Vemos uma melhora da economia, mas, com a reforma iminente, ficará mais difícil se aposentar, tanto por idade, quanto por tempo de serviço. Por isso é essencial criar estratégias para garantir um salário sustentável na terceira idade. A matéria esclareceu tudo sobre a opção da previdência privada. Vai me ajudar na organização desse ‘pé de meia’ futuro.”
“O melhor da ES Brasil é que, além de a revista relatar fatos importantes, inclui análises e perspectivas que realmente servem de orientação sobre o que se pode esperar, quais os cuidados que devemos adotar com a economia, os negócios. Tem também as matérias ‘gostosas’, como a série ‘Parques de Vitória’, que fez a gente aqui em casa traçar um roteiro de fim de semana.”
Andrei Bertordo, carteiro
Sullen Costa, administradora de empresas
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ES BRASIL PERGUNTA ENTREVISTA
ALINE PAGOTTO
Discordar é natural, é saudável até, mas o ruim é ‘travar’ pauta. Não é nem porque quer discordar, mas é porque quer marcar sua posição política”
CONTEÚDO DISPONÍVEL EM AÚDIO
FELIPE RIGONI ELEITO COM 84.405 VOTOS, O PARLAMENTAR DEFENDE TRÊS PILARES IMPORTANTES: IGUALDADE, EFICIÊNCIA GOVERNAMENTAL E EDUCAÇÃO PARA TODOS
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igualdade de oportunidades, a eficiência de governo e o investimento em educação são os pilares defendidos pelo deputado federal Felipe Rigoni (PSB-ES), eleito no primeiro turno em 2018 com 84.405 votos (4,37% do total dos válidos), o segundo melhor desempenho de um candidato a esse posto nas urnas. Aos 27 anos, este capixaba nascido em Linhares, engenheiro de produção com mestrado em Políticas Públicas pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, é o primeiro parlamentar com deficiência visual a ocupar uma cadeira na Câmara. Nesta entrevista exclusiva, ele explica sua articulação no Congresso Nacional e as propostas de campanha. 8
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Nas eleições de 2018, tivemos uma demonstração clara de insatisfação do brasileiro com a política: 50% de renovação no Congresso Nacional. O que o senhor espera com essa mudança? A entrada de novos políticos representa uma mensagem clara da população de que quer mudanças, mas não ficou claro que tipos de mudanças são essas, por conta das pessoas que foram eleitas. Fica claro também que a população está muito dividida (as ideias). Entretanto, é notória a necessidade de se ter novas atitudes diante dos desafios do Brasil. Acredito que a principal coisa que devemos parar é com as denominações de “direita, esquerda, centro, liberal, conservador”, entre outras, para começar a avaliar os projetos a
O Brasil tem um potencial de infraestrutura enorme. Temos ainda 36% de estoque e dá para chegar a 80%, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). E dá para fazer isso em 20 anos. Só que muita coisa precisa acontecer”
fim de dar celeridade às resoluções dos problemas do país. Essa é a mensagem principal que as eleições trouxeram. Neste início de ano, quais os principais desafios já percebidos? O primeiro foi enfrentar a polarização, porque o Congresso está absurdamente dividido. Ali tem uma ala bem mais da “direita”, muito apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, e uma ala da “esquerda”, opositora a ele. Fica uma provocando a outra, as pautas não andam e são obstruídas. Tivemos acordos internacionais, que nunca se rejeitam, sendo obstruídos, porque não conseguimos votar por conta de marcação de posição política na plenária. Discordar é natural, é saudável até, mas o ruim é “travar” pauta. O segundo ponto é um desafio de todos, que é o desafio fiscal mesmo. Resolver essa questão é o primeiro passo, pois sem ele nada será feito, não adianta. Passa pela Previdência, mas passa pela reforma tributária também, passa pela reforma do Estado, passa por ter uma disciplina maior de todas as instituições, prefeituras, municípios, autarquias e outras. E é um esforço que precisa ser coletivo. Não é só o Congresso que dará essa resposta.
de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), pois hoje muito dinheiro é gasto em prefeituras e instituições que não dão resultado positivo. E o terceiro ponto é a questão fiscal, pois sem ela nada acontece, mas o desafio de infraestrutura e na ciência e tecnologia são ainda maiores. O Brasil tem um potencial de infraestrutura enorme. Temos ainda 36% de estoque e podemos chegar a 80%, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 20 anos. O aplicativo “Nosso Mandato” busca aproximar o cidadão do parlamentar. Como essa ferramenta poderá contribuir com seu trabalho? Como disse, precisamos de uma instituição governamental capaz de dar uma resposta rápida ao cidadão sobre os problemas,
Sabemos que são muitos problemas para se resolver. Quais as suas principais bandeiras? Estamos atuando em três eixos: construção de uma gestão pública eficiente e inovadora; promoção de igualdades e oportunidades, especialmente por meio da educação básica; e desenvolvimento socioeconômico do país. Mas aí tem uma série de coisas importantes nesses eixos. Por exemplo, a pauta de digitalização do governo, que é uma pauta tecnológica. Nesta era de robótica, inteligência artificial, indústria 4.0, ou o governo se digitaliza ou não governa mais. Precisa se adaptar. A Estônia e a Índia fizeram isso. Todos os cidadãos indianos têm uma identidade digital única, isso agiliza todos os processos. Precisamos também ter uma instituição governamental que consiga entregar serviço público de ponta. Passaremos a rever todo o sistema de carreira do governo, os estímulos e a remuneração do profissional. Para isso, é necessário entrosamento da União, estados e municípios. Na questão educacional, o maior desafio é o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que está para acabar em 2020. Precisamos remodelar a forma de distribuição de dinheiro, pois quem deve fazer isso são os municípios, responsáveis pela educação básica. Será um enorme desafio fazer acontecer. É necessário vincular o valor do Fundeb ao resultado do Índice radio.esbrasil.com.br •
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e o aplicativo é uma ferramenta que pode fazer isso acontecer. Pelo app, o cidadão, capixaba ou não, pode acompanhar nosso mandato e “votar” comigo. Ou seja, todos os projetos que eu voto têm uma breve descrição didática sobre ele, a minha tendência de voto, e as pessoas votam e manifestam a opinião. Isso alimenta ainda mais o meu argumento na plenária. Elas podem também sugerir projetos de lei. Até agora temos cerca de 12 a 15 propostas que foram sugeridas e estão em processo de análise. As pessoas também podem enviar demandas. Por exemplo, uma estrada que está sem manutenção, uma ponte que caiu, enfim, o cidadão pode inserir no aplicativo, e essa demanda passará por um processo de averiguação da nossa equipe. Usamos as ferramentas institucionais que temos para fiscalizar. Questionamos, pedimos informações e damos retorno a todas as pessoas. Além disso, é possível marcar uma reunião comigo diretamente. Democratiza o atendimento, pois não é necessário mais me encontrar para apresentar uma demanda sua, depender da boa vontade do político em comparecer à cidade para que ele saiba quais são as dificuldades que o local passa. Isso só vem para facilitar. O senhor tem tido tanto uma postura bastante diferenciada e grande receptividade por parte dos parlamentares na Câmara. No dia 13 de fevereiro, durante seu discurso, não apenas manteve a atenção de quem estava presente, como também foi aplaudido de forma rara nesse ambiente. Isso aumenta a responsabilidade diante de seus eleitores e dos brasileiros? Na verdade, reforça a responsabilidade que já tenho e que não é pequena. Não só porque fui o segundo mais votado, com 84.405
votos, mas porque a nossa eleição representou, como outras, também uma renovação. E não me refiro a gente nova, mas sim a “gente boa”. Não podemos dar errado, pois se isso acontecer voltamos à velha política. Muitas pessoas depositaram a confiança no nosso mandato, assim como depositaram confiança nos mandatos de parlamentares de outros estados. Mas fico feliz em saber que um discurso como o meu “viralizou” em todo o país, e mais importante ainda, deu retorno na Câmara Federal, que era o meu principal objetivo: construir pontes mostrando que sou uma pessoa que está ali para ajudar, independentemente de onde eu tenha vindo. E foi o que aconteceu. Parlamentares do PSL ao PT vieram me cumprimentar, e conversamos sobre projetos e propostas, entre outras coisas. Foi muito bom. Se a reforma da Previdência é fundamental para garantir a sustentação do equilíbrio de contas, por que deixar os militares de fora? Isso não é uma maneira de mais uma vez a corda “roer” do lado mais fraco? Claro. Os militares precisam entrar na reforma, mas é claro que nenhum país do mundo trata a classe militar como a população civil; eles não possuem privilégios. É preciso ter uma proposta do governo. Ela está prevista na proposta de emenda constitucional (PEC) que será regulamentada por meio de lei complementar. Eu já acho que ela precisa já constar na PEC, porque garante estabilidade à proposta. Isso tem de acontecer. As reformas tributária, fiscal e política saem do papel com os novos atores do Congresso? Acredito que sim, mas não será fácil. As reformas tributária e política, normalmente, vêm do Executivo. Existe uma PEC pronta que é boa. Não é a ideal, mas já dá uma revolução sobre o consumo no Brasil, mas nada é colocado em pauta sobre esse assunto sem o governo dar um sinal. A questão é que tem de esperar aprovar ou reprovar a reforma da Previdência. Por mim, tem que aproveitar, com alguns ajustes, obviamente, e a partir daí pressionar muito o governo para colocar a reforma tributária em tramitação. Como são coisas importantes que afetam o governo, normalmente, os presidentes da Câmara Federal e do Senado não colocam em tramitação sem aval nosso. Mas eu acredito que sim, se colocada, e vamos lutar para isso, e ela será aprovada.
Não podemos dar errado, pois se isso acontecer voltamos à velha política. Muitas pessoas depositaram a confiança no nosso mandato, assim como no de parlamentares de outros estados”
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Anteriormente, eu tinha a impressão de que, fazendo reformas e levando a um sistema melhor, resolveria o problema. Melhora muito, mas só resolve com pessoas boas” Com a aprovação, o resultado virá em longo prazo? Se aprovada a reforma da Previdência, o resultado na economia é imediato. É questão de expectativa. Por que hoje não tem investimento no país? Porque não existe confiança de que o governo pode honrar seus compromissos. A reforma da Previdência dá uma resposta clara e concreta de que será possível honrar com os compromissos financeiros do governo, com isso virão investidores. A reforma tributária também terá efeito mediato. Mesmo que dependa de 10, 15, 18 anos, é importante destacar que o efeito será imediato. O que importa é criar uma previsibilidade nas pessoas. Se você cria, a dinâmica social responde a isso. Se não cria, o resultado será em longo prazo. Um projeto de sua autoria sobre Lei de Acesso à Informação foi aprovado na Câmara. Como ele estabelecerá a ordem e a fiscalização do cidadão? O que é da minha autoria é um decreto legislativo que revoga outro decreto do governo. A Lei de Acesso à Informação é uma lei antiga importantíssima para o Brasil. O decreto permitiu que qualquer pessoa pudesse colocar dados e documentos como sigilosos ou supersigilosos. Isso viola a Lei de Acesso à Informação e o princípio da transparência. O nosso projeto de lei, que é meu em conjunto com mais nove ou 10 coautores, revoga o decreto, retornando ao estágio anterior, em que só ministros de Estado e o presidente da República são capazes de decretar documentos públicos como sigilosos. Isso é importante, porque essa lei foi o que nos permitiu chegar a coisas como a Operação Lava Jato. Sem ela, não teríamos análise robusta suficiente para descobrir onde tem desvio, por exemplo. Sem essa lei clara e concreta, isso ficaria comprometido. Como avalia o pacote anticrime apresentado no início do ano pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro? Primeiro que o pacote apresentado não é de Moro: 70% dele é cópia do pacote criado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Boa parte dos 30% é resultado de uma aglutinação de projetos que existem por aí, mas isso não tira a boa vontade e a autoria do Moro. É um projeto bom e importante, que não vai resolver o problema da violência no nosso país, porque, desde que foi criado, o Código Penal (CP) sofreu uma série de reformas, e nenhuma delas foi vinculada à melhoria na segurança pública. Endurecer pena pode até ser bom para melhorar um pouco o sistema de quem já está preso, talvez, mas combate a violência
e fortalecimento da segurança pública são construídos com três pilares: educação; escola boa de 0 a 17 anos, de preferência em tempo integral; e polícia bem equipada, treinada e remunerada na rua. É preciso rever todo o sistema de carreira das polícias, integrar a Polícia Civil com a Militar, integrar as informações, investir em tecnologia e ter economia forte. É necessário gerar emprego, oportunidades, propósito para as pessoas, pois a maior parte dos crimes contra o patrimônio, por exemplo, são feitos por pessoas que estão desesperadas, e o problema que desespera a população hoje é quando há invasão de casas e roubos, entre outras coisas. Então não é um pacote anticrime que vai resolver. Mas tem coisas muito importantes lá, como a criminalização do caixa 2, que já estão tentando dar um jeito de burlar isso, e a prisão após condenação em segunda instância. Aquilo, inclusive, não é aprovado. É necessário que seja enviado como PEC, porque, se passar como lei complementar, o Supremo Tribunal Federal derrubará na hora. Então, é necessário que seja feita uma emenda à Constituição. O que é necessário para construir uma nova política no Brasil? Gente boa, e só. Precisamos apenas de políticos bons. Pode-se ter a melhor política do mundo, reforma do que quiser, mas, se tiver político ruim, o Estado não caminha. Anteriormente, eu tinha a impressão de que, fazendo reformas e levando a um sistema melhor, resolveria o problema. Melhora muito, mas só resolve com pessoas boas. Projetos como o Renova Brasil, do qual eu participei, o Movimento Acredita, o Livres e tantos outros que tem por aí, que formam, de fato, líderes políticos, independentemente da ideologia, são muito importantes, pois só o que vai mudar a política é gente boa.
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AGENDA 11 A 14 E 18 A 21 DE ABRIL
DEGUSTA MARES AGITARÁ SEMANA SANTA Por conta da Semana Santa, o Degusta Mares trará o que há de melhor e mais gostoso na culinária de frutos do mar. O evento será realizado em dois fins de semana: 11 a 14 e 18 a 21 abril, no Shopping Vila Velha. A gastronomia será variada e entre os pratos principais está a tradicional torta capixaba (foto), a ser feita em parceria pelos restaurantes Regina Mares e Caranguejo do Assis. O encontro também contará com a presença de 12 cervejarias artesanais do Espírito Santo, como a Kingbier, Barba Ruiva, Mestre Cervejeiro, e a carioca Noi e a mineira Backer. Estão na programação as bandas Sheep&Parafina, Dona Fran, Fixer, Usados e Seminovos, Duets, Back To The Past e Like a Boss. A entrada é gratuita. 17 DE ABRIL
CURSO DO PROGRAMA SINCADES DE VENDAS Para quem deseja se especializar, esta é a chance. O especialista César Frazão vai apresentar palestra no dia 17 de abril, a partir das 9h, no auditório do Sincades, no Palácio do Café, em Vitória. Formado em Administração de Recursos Humanos, ele dará um curso intensivo de vendas, em que os inscritos aprenderão a formar, treinar e dirigir equipes de vendas e, ainda, conhecerão as diversas armas da persuasão. As inscrições podem ser feitas por meio do link https://bit.ly/2TMI7bZ. Mais informações pelo e-mail zilda@sincades.com.br ou pelo telefone (27) 3325-3515.
3 DE MAIO
TITÃS NO STEFFEN CENTRO DE EVENTOS A banda Titãs embala há décadas a vida dos brasileiros apaixonados pelo bom e velho rock’n’roll. No dia 3 de maio, às 22 horas, Branco Mello, Sergio Britto e Tony Bellotto, agora acompanhados por Beto Lee na guitarra e Mário Fabre na bateria, prometem um show daqueles para o fiel público. A apresentação ocorrerá no Steffen Centro de Eventos, na Serra. No repertório, grandes sucessos como “Epitáfio”, “Flores”, “Sonífera Ilha” e “Pra Dizer Adeus”. Os ingressos estão à venda no Steffen Centro de Eventos, nas lojas Jaklayne Joias, na Steffen Locações (Bairro República) e no site do Blueticket. Classificação: 18 anos.
30 E 31 DE MAIO
2ª EDIÇÃO DO FORMEMUS 2019 A segunda edição do Formemus, evento que aborda temas relevantes do mercado fonográfico local e nacional, acontecerá nos dias 30 e 31 de maio, no Palácio Sônia Cabral, no Centro de Vitória. Na programação, painéis, exposição fotográfica, mostra de videoclipes, palestras, ambientes de negócios e os esperados showcases, em que músicos de todo o Brasil apresentarão seu trabalho após passar pela fase de inscrição e acirrada seleção. O encontro é aberto ao público, com entrada gratuita.
31 DE AGOSTO E 1º SETEMBRO 19 DE ABRIL
ENCENAÇÃO DA PAIXÃO DE CRISTO EM CASTELO A Páscoa está se aproximando e em Castelo, no Sul do Espírito Santo, a encenação da Paixão de Cristo, tradicional no município, será apresentada no dia 19 de abril, a partir das 19 horas, no Centro de Esportes e Eventos Cicero Correa de Lima Filho (Castelão). De acordo com a organização, neste ano são aguardadas cerca de 5 mil pessoas para prestigiar o espetáculo que retrata a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. 12
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30ª DEZ MILHAS GAROTO E 18ª CORRIDA GAROTADA A 30ª edição da Dez Milhas Garoto e a 18ª Corrida Garotada já têm datas definidas: a prova mais tradicional do Estado ocorrerá em 1º de setembro de 2019. Os competidores mirins vão para as ruas um dia antes, em 31 de agosto, para permitir que as famílias possam acompanhar as duas competições. A partir de agora, atletas ou amadores já podem se preparar para participar de uma das mais importantes disputas do Brasil. Mais informações e inscrições pelo site www.dezmilhasgaroto.com.br.
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Foto: Agência Brasil
Ao final dos 100 primeiros dias de governo @jairbolsonaro, o @MInfraestrutura terá concluído 23 concessões de portos, de aeroportos e da Ferrovia Norte-Sul.” Tarcísio Gomes de Freitas, ministro Infraestrutura, via perfil oficial no Twitter, confirmando que a linha econômica do atual governo federal é a do Estado mínimo
IMPOSTOS
IR: NÃO DEIXE PARA ÚLTIMA HORA Desde 7 de março, os brasileiros podem declarar o Imposto de Renda à Receita Federal. O prazo limite de entrega é 30 de abril. No aspecto tecnológico, há várias melhorias, como a fusão do Receitanet ao Programa Gerador da Declaração e a possibilidade de envio com o uso de dispositivos móveis, entre eles tablets e smartphones, por meio do aplicativo “Meu Imposto de Renda”.
Foto: Agência Brasil
TCHAU, TCHAU, CHEQUE ESPECIAL
JUSTIÇA DO TRABALHO
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RETORNO AOS COFRES PÚBLICOS A Justiça do Trabalho no Espírito Santo foi responsável por arrecadar para a União, em 2018, o valor de R$ 69.534.763,77, informa levantamento realizado pela Secretaria de Corregedoria Regional do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (TRT-ES). O montante inclui a soma das contribuições previdenciárias e do Imposto de Renda, além das custas processuais e multas aplicadas pela fiscalização do Ministério do Trabalho. A maior parte das cifras recolhidas ao erário se refere às contribuições previdenciárias, que chegaram a R$ 55.201.063,64. Em seguida, vêm o IR, com R$ 6.259.316,70, e as multas, com R$ 131.783,81. O pagamento geralmente é feito pelos condenados nas ações trabalhistas depois de esgotadas todas as possibilidades de recursos, ou mesmo antes, em audiências de conciliação.
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Os dados do levantamento da Federação Brasileira de Banco (Febraban) são claros: em 2019, os consumidores estão deixando de usar o cheque (ou o limite) especial das contas correntes como alternativa de obtenção de financiamento rápido. O volume de clientes que migraram em janeiro para linhas com custo menor equivale a um aumento de 32% na comparação a dezembro. No acumulado dos últimos 12 meses, o recuo foi de 0,8%. A consulta foi feita em 12 bancos, que representam cerca de 90% do mercado nacional de finanças. @esbrasil •
FELIZ, PERO NO MUCHO Relatório sobre a felicidade mundial, divulgado no Dia Internacional da Felicidade, 20 de março, coloca o Brasil no 32º lugar em um ranking com 156 nações. O mesmo levantamento, em 2018, havia posto o país na 28ª posição. Ou seja: ficamos mais tristes em um ano. A iniciativa, que é apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU), enquadra a Finlândia no topo e o Sudão do Sul em último lugar. O resultado é obtido através de avaliação da qualidade de vida levando-se em conta uma “variedade de medidas de bem-estar subjetivas”, além de outros quesitos mais tradicionais como os níveis de educação, apoio social, eficiência dos governos, expectativa de vida e corrupção. O Brasil é o país mais feliz dentro da América do Sul, atrás apenas do Chile.
FINANÇAS
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SERÁ?
Foto: Conectai
COMPORTAMENTO
QUEM CONSEGUE FICAR UM DIA SEM CELULAR?
Foto: arquivo pessoal/Fabook
TRISTEZA
TCHAU, COLEGA
Foto: Cesan
Será que você está nesta estatística? Para 52% dos internautas brasileiros, não é possível ficar um dia inteiro longe dos smartphones. Destes, 15% assumiram não conseguir se manter momento algum sem seu aparelho. Outros 8% suportam permanecer, no máximo, uma hora sem, e 11% citam ficar entre duas e três horas desconectados, mesma porcentagem de quem relatou que chega a ficar até seis horas. A pesquisa foi feita pelo Ibope Inteligência, que ainda revelou que 18% podem deixar por um dia o celular e 30%, por mais de um dia.
O Jornalismo no Espírito Santo perde prematuramente uma figura icônica. Aos 57 anos, Carlos Alberto Tourinho nos deixou no dia 31 de março, após passar mal enquanto nadava na Praia da Costa, em Vila Velha. Foram 35 anos de profissão de muito êxito, ocupando várias funções da carreira, desde repórter televisivo na TV Gazeta até chegar a diretor de Jornalismo na Record News. Doutor em Ciência da Comunicação, era professor nas áreas de graduação e de pós-graduação para formação de novos profissionais, na Universidade de Vila Velha.
SANEAMENTO
CARIACICA E VIANA RECEBEM NOVOS INVESTIMENTOS
ECONOMIA
TURISMO EMPREGA UM DE CADA 10 TRABALHADORES NO MUNDO
O governo do Estado assinou os contratos para obras dos sistemas de esgotamento sanitário em 23 bairros em Cariacica e Viana. O investimento é uma iniciativa do Programa de Gestão Integrada das Águas e da Paisagem, executado pela Cesan e financiado pelo Banco Mundial. O valor total é superior a R$ 180 milhões e deve beneficiar mais de 75 mil moradores e comerciantes dos dois municípios. O prazo de execução das obras é de 46 meses, com entrega prevista para 2022. Foto: Agencia Brasil/EBC
PROCON
CONHEÇA AS EMPRESAS COM MAIS RECLAMAÇÕES NO ESTADO
DEIXANDO A CRISE
DESEMPREGO CAI NO ES, MAS NA CAPITAL... A taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) caiu em 18 das 27 unidades da federação de 2017 para 2018. O Espírito Santo está entre os que tiveram queda, com recuo de 13,1% para 11,5% no período. Porém, se analisado o desempenho nas capitais, 12 delas registram taxa recorde desde que a Pnad começou a fazer o levantamento, em 2012. Vitória é uma delas, com 12,5%. Os resultados mostram que a recuperação da crise econômica está ocorrendo, porém, primeiro em cidades de médio e pequeno portes.
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As empresas líderes da lista de reclamações feitas ao Procon-ES no ano de 2018 foram a Oi/Telemar, a EDP, o banco BMG, a Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio) e a Oi Móvel. O Cadastro de Reclamações Fundamentadas 2018, que foi divulgado no Dia do Consumidor, registra as queixas correspondentes a processos administrativos analisados e concluídos pela instituição. O rol serve de parâmetro de avaliação do índice de reclamação e resolutividade das empresas. “É importante que os consumidores tenham o hábito de consultar a lista e contratar com empresas que respeitam os seus direitos”, disse a diretora-presidente do Procon-ES, Lana Lages.
A contribuição ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro provinda pelo setor de turismo cresceu 3,1% em 2018, totalizando US$ 152,5 bilhões (8,1%). Só no país, o mercado de viagens já é responsável por mais de 8% da economia e gera emprego para cerca de 7 milhões de trabalhadores. Os dados são do estudo do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês). A pesquisa evidencia benefícios do segmento para a economia e a geração de vagas no Brasil. Na medição anterior, de 2017, o turismo respondia por 7,9% das riquezas nacionais, apesar da injeção superior de divisas (US$ 163 bilhões). No total, gerou uma participação de US$ 8,8 trilhões ao PIB mundial (10,4%), uma alta de 3,9%, acima da expansão da economia global (3,2%). O setor foi responsável por 319 milhões de empregos, tornando-se protagonista da abertura de um em cada 10 postos de trabalho. O crescimento do mercado de viagens ficou à frente de ramos como o de cuidados com a saúde (3,1%) e tecnologias da informação (1,7%), perdendo apenas para o de manufaturas (4%).
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ELISA LUCINDA
CULTURA
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é poeta, atriz, jornalista, professora e cantora
FEMINISMO, A LIBERDADE DE SER AO CONTRÁRIO DO MACHISMO, O FEMINISMO QUER IGUALDADE, CONSIDERAÇÃO E OPORTUNIDADES NA VIDA CIVIL
M
uito tenho me reconfigurado na nova cara do feminismo. Essa palavra não deve espantar ninguém, porque não é nociva. Senão, vejamos: mulheres trabalhando fora, seu direito a creches, seu direito de votar e a Lei Maria da Penha são exemplos de direitos alcançados pela luta feminista. Ao contrário do machismo, o feminismo quer igualdade, consideração e oportunidades na vida civil. Feminicídio, importunação sexual, assédio e abuso são palavras que agora, por alcançarem o lugar de lei, protegem-nos. São novas palavras para velhos crimes. O que estamos descobrindo neste momento é a extensão de cada palavra dessas. Contando com o nosso silêncio, o machismo e a truculência do patriarcado fizeram uma verdadeira chacina emocional no feminino por séculos. Por muito tempo, confinadas às atividades da casa e tratadas com excesso de jornadas de trabalho, tal qual escravizadas, as mulheres suportaram cargas pesadas; algum homem que me lê já se imaginou lavando a roupa (antes da máquina de lavar) de oito pessoas? Acrescentemos o preparo da comida para as oito bocas, mais a limpeza da casa que oito pessoas sujam, mais o banheiro, quintal ou o que houver. Por séculos, mulheres se achavam sem o direito de descansar. No caso da mulher negra, a coisa piora muito, porque ela teve que trabalhar fora, tão logo se viu sozinha, abandonada pelo marido e com sua penca de filhos, morando em lugares sem infraestrutura e de difícil acesso. Seu “feminismo” de buscar alimento por conta própria para nutrir as boquinhas da prole foi gritado pela necessidade. E ainda 16
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assim, mesmo bancando a casa, não tinha o respeito da sociedade. Quantas vezes cabe à mulher o lugar de culpada sendo ela a vítima? “Não soube manter a família”; “Não foi uma boa esposa, por isso ele foi embora”; “Ela o traiu, por isso mereceu a surra”; “Ela abortou, deve ser presa”. Se for estuprada: “O que ela estava querendo com aquele shortinho?”. E por aí vai. Tanto é verdade que é comum sabermos das falas dos
Cabe a nós criarmos novos meninos para garantir que quando cresçam não matem suas parceiras”
seus agressores nesta linha: “Tá vendo o que você faz eu fazer com você?”. Por causa dessa culpabilização da vítima é que tanto tempo ficamos em silêncio. Acho que se pode dizer que toda mulher já sofreu abuso psicológico, no mínimo: “Essa roupa está curta demais”; “Essa cor chama muito atenção”; “Você tem que estar em casa antes de eu chegar”; “Por que não posso ter a senha do seu celular?”. Formas de controle e ciúmes tomaram o lugar do “amor”, agiram em nome do “amor”, compuseram a performance do “príncipe”. O arquétipo de tal mito tem autorização para ser agressivo e bipolar com
dramáticos pedidos de desculpas, presentes e declarações extremadas depois da violência. O fim do nosso silêncio pôs João de Deus na cadeia, e o grande momento que vivemos, o tempo de escalada funda no autoconhecimento da nossa imagem como civilização, nos propõe a oportunidade de não compactuar com o silêncio. Este não só não nos protegeu até aqui, como também garantiu a impunidade de verdadeiros estupros até dentro do matrimônio. Homens são neste momento convocados à luta. Não gosto de excluir ninguém, não posso discutir violência contra a mulher sem incluir o homem. Cabe a nós criarmos novos meninos para garantir que quando cresçam não matem suas parceiras. Para tanto, o masculino tem que buscar uma nova configuração também. Entender um jeito de ser homem sem ser mandando na mulher, oprimindo, machucando, maltratando. Nefasta a educação torta que esculpiu a ideia de um masculino violento, agressivo, invasivo, mimado, grosseiro e sem noção. Custou muito caro aos homens, provocou guerras, criou seres que seriam melhores se tivessem podido brincar de boneca ou chorado. É nova era. Temos nela oportunidades e desejamos que os olhares femininos possam entrar mais na dinâmica do mundo e que ambos, homens e mulheres, possam construir um mundo menos sangrento. Mulheres não querem vingança em relação ao domínio masculino. O feminismo não mata. Não pretendemos um lugar onde oprimimos os nossos homens. Vamos de mãos dadas. Ninguém é mais dono de ninguém.
COMPORTAMENTO
LETÍCIA VIEIRA
CERVEJAS
ESPECIAIS.. ESTA SABOROSA
REVOLUÇÃO CULTURAL MAIS QUE UMA MISTURA PROPORCIONAL DE INGREDIENTES SELECIONADOS, UMA MARAVILHOSA EXPERIÊNCIA 18 18
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CONTEÚDO DISPONÍVEL EM ÁUDIO
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abores, aromas, cores, modos de produção, um universo de possibilidades que proporciona a descoberta de novas sensações. Em meio a brindes apressados e goladas distraídas, a degustação da cerveja artesanal elevou seu status: de hábito, transformou-se em experiência única, compartilhada com amores, amigos e família. Descobrir rótulos e notas no paladar entusiasma os apreciadores. A cerveja é uma bebida alcoólica obtida por meio da fermentação de materiais com amido, principalmente cereais maltados como a cevada e o trigo. Seu preparo inclui água e leveduras como parte fundamental do processo. Mais que uma mistura proporcional de ingredientes selecionados, as cervejas especiais são uma saborosa experiência. O produto, de modo geral, conquistou há tempos o gosto dos brasileiros. Chegou às nossas terras na época da colonização e, por conta dos interesses portugueses em vender vinho, demorou a se popularizar. Mas, passadas as primeiras dificuldades, consolidou-se como um dos símbolos da nossa cultura. Hoje o público vem descobrindo diferentes versões e se acostumando com termos como Lager, Ale e Lambic, entre tantos outros peculiares desse universo. No Brasil, a maioria das cervejas feitas por meio de um processo especial e mais cuidadoso acaba sendo chamada
de artesanal, mas ainda não há uma definição oficial do que elas seriam. Já nos Estados Unidos, a Brewers Association, entidade formada por fabricantes, tem sua própria definição do que é uma craft beer (cerveja artesanal). Ela deve ser pequena, com uma produção anual de até 6 milhões de barris; independente – menos de 25% da cervejaria pode ser de propriedade ou controlada por um membro da indústria de bebida que não seja ele próprio uma craft beer; e tradicional, uma empresa cuja maioria das bebidas alcoólicas fornecidas são cervejas com sabor derivado da preparação e fermentação de ingredientes tradicionais ou inovadores. Vale destacar que versões feitas a partir de malte aromatizado não são consideradas cerveja. O brasileiro se encantou de vez pelos preparos artesanais, e os números comprovam isso. O país encerrou 2017 com 679 cervejarias legalmente instaladas – impressionantes 37,7% a mais do que em 2016, segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A representatividade do segmento artesanal, no entanto, é ainda maior, pois a pasta federal não contabiliza as cervejarias ciganas, que são negócios constituídos formalmente, mas que terceirizam a produção. Com a máxima “Beba menos, beba melhor”, as 889 cervejarias ativas em território nacional até janeiro de 2019 atingiram índices de crescimento acima dos dois dígitos nos últimos anos. De acordo com a Innovare Pesquisas, a produção brasileira de cerveja industrial caiu cerca de 20% em 2015, quando comparada a 2014. Por outro lado, as cervejas especiais registraram alta de 36% no consumo, segundo estudo da Mintel – Inteligência de Mercado.
“Em linhas gerais, o mercado está aquecido e ainda há margem para crescimento dentro do conceito de ‘beba local’, que são pequenas cervejarias e comércios de bairros” Daniel Lordello Buaiz, empresário
A Beer Factory Tap Bar conta com várias lojas que operam no estilo self-service
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tributação mais justa, permitindo preços mais acessíveis, é o maior desafio para a democratização desse segmento.”
“Antes da cerveja artesanal, basicamente todas as cervejas eram muito parecidas. Sem muita carga sensorial” Hudson Jair Ruela, sommelier de cervejas
De 2017 para 2018, o avanço continuou expressivo, alcançando 23%, de acordo com o confronto entre dados dos últimos dois anos levantados pelo Mapa. Entre os diversos motivos que impulsionam esse movimento está a inclusão da bebida na tendência mundial da chamada “gourmetização”, já que há uma infinidade de estilos e sabores que permitem novas experiências. Outros fatores também apontados para o boom da modalidade artesanal é a adesão feminina, após a descoberta de novas possibilidades de sabores e texturas; e a atuação dos cervejeiros caseiros, que começaram sua produção como hobby e criaram círculos de influência. O presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, comenta sobre a mudança de cenário. “Se antes as grandes cervejarias faziam campanhas com a objetificação da mulher, hoje o quadro é diferente. Seja na indústria cervejeira, seja na sommelieria, seja no consumo propriamente dito, tem crescido a participação da mulher no mercado. E isso enobrece o setor. O Brasil já conta com grandes profissionais mulheres na cerveja, e desmistificar que a bebida alcoólica mais consumida no país tem gênero é uma tarefa diária dos players do mercado.” O Sul ainda é região com o maior número de cervejarias, totalizando 369 empresas, seguido por Sudeste (328), Nordeste (61), Centro-Oeste (51) e Norte (26). Mas, se observarmos o crescimento por estados, o destaque maior fica por conta do Espírito Santo, que obteve mais de 70% de expansão na quantidade de cervejarias registradas. 20
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Para Carlo Lapolli, o crescimento significativo é acompanhado pelo aumento da representatividade do setor no consumo. “O volume de público interessado comprando a bebida artesanal também está se ampliando. Entendemos que a expansão na oferta faz com que mais pessoas sejam atendidas e percebam sensorialmente os diferenciais dos produtos artesanais”, comenta. “Depois do impacto positivo no paladar, o público vai se informar e perceber que a diferença entre as artesanais e as comerciais não está só no copo, mas também em toda a cadeia produtiva”, acrescenta. O dirigente pontua, ainda, que tal evolução é fruto da descoberta pelo consumidor da cerveja brasileira e de seu reconhecimento como produto de qualidade. “A inovação ajuda a chamar a atenção para esse perfil, e a utilização de frutas e madeiras brasileiras acaba despertando a curiosidade.” O principal dificultador para uma expansão ainda maior, menciona, é a alta taxa tributária, que eleva de forma significativa o custo. “Infelizmente, nas classes A e B é onde encontramos os maiores consumidores da cerveja artesanal. Lutar por uma
R$ 4.241
É o preço de uma garrafa da Nail Brewing Antarctic Nail Ale (Austrália), cerveja mais cara do mundo, preparada com água de iceberg antártico. Só 30 garrafas foram feitas e vendidas em um leilão, e a renda, destinada à preservação das baleias.
MOVIMENTAÇÃO ECONÔMICA Além de empresas, o mercado ganhou mais fornecedores e profissões, como o cervejeiro e o sommelier da bebida, entre outros. Nos últimos dois anos, a grande força de geração desses empregos vem dos pequenos negócios, aqueles que iniciam o ano em janeiro com o número inferior a 100 funcionários, segundo classificação da Abracerva. Somente em 2018, essas empresas criaram 1.757 postos. Com relação à evolução mensal, no ano de 2018, apesar de contar com cerca de 2% de share de mercado, as pequenas cervejarias artesanais independentes abriram, muitas vezes, mais vagas de trabalho em um mês do que as grandes indústrias do setor de bebidas. Diante desses dados, é incontestável a contribuição socioeconômica das fabricantes de menor porte. “É crucial que o poder público deixe de dar incentivos fiscais bilionários aos grandes conglomerados multinacionais para apoiar as pequenas e médias empresas familiares”, avalia o presidente da associação. Com toda essa movimentação, as oportunidades são muitas: postos de trabalho; eventos e encontros; vendas de insumos, máquinas e equipamentos; distribuição, revenda, logística e importação; gastronomia, harmonização, cardápios especiais, pratos exclusivos e exóticos; cursos para iniciantes ou avançados; concursos e premiações; e franquias de diversos formatos e consultorias técnicas e gerenciais. Um universo com alta possibilidade de crescimento e inovação, ainda em franca expansão, que vem demonstrando não ter chegado ainda ao ponto mais alto da curva de ascensão. NO ESPÍRITO SANTO Em 2018, de acordo com o Anuário da Cerveja no Brasil 2018, publicado pelo Mapa, o Espírito Santo alcançou 19 cervejarias artesanais registradas no ministério. E em 2019 deveremos ter mais uma cadastrada, a Teresense, que está surgindo em Santa Teresa e terá capacidade de fornecer, em seu pleno funcionamento, 60 mil litros mensais As microcervejarias começaram no Espírito Santo com a Brusk no município de Serra, no ano de 2007, seguida pela antiga
EVOLUÇÃO DOS REGISTROS DE CERVEJARIAS NO BRASIL 900 800 700 600 500 400 300 200 100 2018
2015
2010
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1985
0
Fonte: dados de registro produto do Mapa
Foto: Bruno Dupon
“Infelizmente, nas classes A e B é onde encontramos os maiores consumidores da cerveja artesanal. Lutar por uma tributação mais justa, permitindo preços mais acessíveis, é o maior desafio para a democratização desse segmento” – Carlo Lapolli, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva)
da Associação dos Cervejeiros Artesanais do Estado (Acerva-ES). As outras cervejarias estão distribuídas pelos municípios de Nova Venécia, Colatina, João Neiva e Linhares e por algumas cidades no Sul do Estado, mostrando um equilíbrio em todas as regiões capixabas. Nas montanhas, Daniel Lordello Buaiz e Mariana Dias Buaiz iniciaram a produção da Barba Ruiva em março de 2013. Três anos depois, inauguraram o Bar Brewpub. Na linha de produção, são 11 estilos de cerveja, preparados por oito funcionários. “No Brewpub, que só funciona aos fins de semana, temos mais dois profissionais com carteira assinada e 15 diaristas, que se revezam em turnos e semanas”, complementou. Sobre as expectativas, o empresário é cauteloso. Explica que no segundo semestre de 2018 ocorreu o “boom no mercado de artesanais no Espírito Santo”, o que já havia acontecido no Sul do país, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Ou seja, já
1990
Saidera, atual Experta, também na Serra, porém produzindo no início apenas cervejas tipo pilsen. Essas foram as primeiras “capixabas” a obter homologação no Ministério da Agricultura (registro Mapa). Uma das mais antigas cervejarias artesanais no Estado, fundada em 2012 pelo empresário José Olavo Medidi Macedo, a Else Beer foi o terceiro registro no Mapa. Localizada em Pedra Mulata, região rural de Viana, e a 35 km da Grande Vitória, tem capacidade instalada para 4 mil litros por mês. Hoje são quatro tipos de cerveja no mercado e uma produção mensal em torno de 2.500 a 3.500 litros. A Else foi a primeira a fazer cervejas com perfil diferenciado no ES, como o estilo belga Blonde Ale, fugindo das tradicionais pilsen. Além das cervejarias registradas, o Espírito Santo possui 600 pessoas que fabricam regularmente como hobby, para consumo próprio, segundo levantamento da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) e
era esperado. A tendência é que novas cervejarias e bares especializados (pub, growler station e tap house) ainda surjam este ano. Na avaliação de Daniel, há o risco de o segmento saturar mais rapidamente aqui do que nas demais regiões citadas, já que o público capixaba é bem menor, embora o número de consumidores de cervejas artesanais ainda esteja aumentando exponencialmente. “Em linhas gerais, o setor está aquecido, e ainda há margem para crescimento dentro do conceito de ‘bebida local’, que são pequenas cervejarias e comércios de bairros. Penso que estruturas grandes não irão se sustentar ao longo do tempo”, afirma o empresário. NOVIDADE ES BRASIL Agora que, provavelmente, você já está com vontade de degustar uma garrafa de bebida especial, vamos apresentar o motivo de estarmos contando tudo isso. A partir desta edição, traremos todas as novidades sobre esse universo. Estamos oficialmente lançando o seu canal de informação sobre cervejas artesanais no Espírito Santo. radio.esbrasil.com.br •
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COMPORTAMENTO CERVEJARIAS POR ESTADO (Nº TOTAL) Sabia que hoje existem, só da família Larger, a mais consumida pelos brasileiros, mais de 10 tipos de cerveja? Algumas delas são mais conhecidas, como a Pilsen e a Malzebier. Outras, nem tanto, como a Schwarzbier. Outra curiosidade que talvez não conheça: a cerveja artesanal não precisa estar estupidamente gelada para ser gostosa. Na verdade, ao consumir a bebida refrigerada em excesso, ou seja, entre 0ºC e -1ºC, anestesiamos nossas papilas gustativas responsáveis pelo sentido dos sabores. São dicas como essa que você terá, além de muito conteúdo sobre o que parece ser a nova paixão nacional. E mais um fato instigante: a adesão à “gourmetização” das cervejas, a bebida que antes combinava com bar e buteco e ganhou doses de sofisticação, encontrando espaço para harmonização com pratos, desde os simples aos mais refinados. Pense em cervejas claras e leves como se fosse vinho branco. Elas geralmente vão bem com peixes. E as escuras e robustas, como o vinho tinto, combinam com carnes marcantes. De forma geral, doce combina com doce, ácido combina com ácido. E, quanto maior o amargor, mais potência aromática precisa ter a comida para não ser ofuscada. Todas essas regras têm exceções. Quebre-as sem cerimônia. Experimente à vontade e crie suas harmonizações.
Nº
UF
2017
2018
Crescimento %
1
Rio Grande do Sul
142
186
31,0
2
São Paulo
124
165
33,1
3
Minas Gerais
87
115
32,2
4
Santa Catarina
78
105
34,6
5
Paraná
67
93
38,8
6
Rio de Janeiro
57
62
8,8
7
Goiás
21
25
19,0
8
Espírito Santo
11
19
72,7
9
Pernambuco
17
18
5,9
10
Mato Grosso
11
13
18,2
Fonte: elaborado a partir dos dados de registro de estabelecimento do Mapa (2017 e 2018)
NOSSO CONSULTOR Quem assina a coluna é nosso consultor Hudson Jair Ruela. Apreciador da bebida desde muito cedo, começou a se envolver nesse universo durante sua formação na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Em 2014, tornou-se no embaixador do evento Expo Bier e, em 2016, formou-se como sommelier na Escola Superior de Cerveja e Malte, em parceria com a alemã Doemens. Na avalição do especialista, a cerveja especial é um caminho sem volta para os amantes da qualidade. “Antes da artesanal, todas as outras eram muito parecidas, basicamente aquela american larger clarinha, bem refrescante e sem muita carga sensorial. A cerveja
A cervejaria Barba Ruiva recebe amantes das bebidas artesanais em Domingos Martins, Região Serrana do Espírito Santo
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artesanal traz essa possibilidade de você ter mais sabores, mais experiências, permite uma ‘gourmetização’, uma harmonização de pratos de maneira muito mais rica do que se fazia com as cervejas anteriormente disponíveis, que eram basicamente um líquido para se refrescar”, afirma Hudson. O somellier relatou uma de suas experiências. “Noruegueses no Nordeste nos disseram: ‘Essa cerveja de vocês é uma água correta’. Eles tomavam a cerveja como água, porque a carga sensorial era muito baixa. Hoje temos disponíveis cervejas praticamente de todos os estilos, são mais de 120 tipos em todo o mundo, catalogados.” Além disso, Hudson reforça a importância econômica da cerveja artesanal, capitaneada por empreendedores locais que estão gerando renda para o Espírito Santo, ao contrário das cervejarias de grande porte, que não criam trabalho no Estado. Com relação a um aumento ainda mais expressivo do consumo das artesanais, ele reitera que o preço é um significativo dificultador. “São muitos estilos e variações de mercado, mas os valores estão em uma média de R$ 25 a R$ 30, daí a importância da redução dos impostos, que impacta diretamente o preço final”, aponta. O consultor explica que o compromisso da coluna é apresentar, em primeira mão, as novidades do mercado, tanto local quanto nacional (e até internacional). Trazer conhecimento e qualidade para bom gosto dos capixabas. Um brinde!
INFORME PUBLICITÁRIO
Vista de Bento Ferreira, onde a Galwan negocia terrenos para construir
MAIS LANÇAMENTOS EM VITÓRIA MELHORA DO MERCADO IMOBILIÁRIO ANIMA GALWAN, QUE SE PREPARA PARA NOVOS EMPREENDIMENTOS NA CAPITAL
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onhecida por construir apartamentos espaçosos, em prédios com amplas áreas de lazer, sempre bem localizados, a Galwan negocia terrenos em Vitória, ao mesmo tempo que tira da prateleira projetos que estavam aguardando sinais de melhora do mercado. O próximo lançamento da construtora é em Santa Lúcia. O seu primeiro projeto no bairro está em fase de cadastro de reserva, quando os interessados em participar do condomínio fechado a preço de custo se inscrevem para a formação do grupo. Essa modalidade de construção se diferencia da compra convencional do imóvel, pois os participantes se tornam uma espécie de sócios do empreendimento. Eles se envolvem na obra através de uma comissão de representantes e recebem um produto sem gordura de custos, o que atrai para a Galwan, além de futuros moradores, pessoas em busca de bons investimentos no mercado imobiliário. “A Galwan só trabalha nesse formato. Fazemos isso há mais de 30 anos, com sucesso. Nesse empreendimento em Santa
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Lúcia, estamos com um bom número de inscritos já no pré-lançamento”, disse o diretor-presidente da Galwan S/A, José Luís Galvêas Loureiro. Segundo Galvêas, depois do lançamento de Santa Lúcia, a Galwan vai investir em outros bairros da capital. Alguns projetos estão prontos e estavam aguardando o sinal positivo do mercado para ser trabalhados. Há planos para a Praia de Santa Helena, a Enseada do Suá e Jardim da Penha. “Estamos também negociando terrenos em Bento Ferreira, local tranquilo e com localização estratégica. Queremos investir no local, que tem ruas largas, vários terrenos grandes, vista da baía de Vitória e uma boa infraestrutura de serviços”, disse Galvêas. Localizado entre as avenidas Beira-Mar, Vitória e Leitão da Silva, o bairro abriga a Prefeitura de Vitória, o Clube Álvares Cabral e o Vitória Futebol Clube. Com boas escolas e restaurantes, vem atraindo novos e modernos empreendimentos residenciais.
NA MATA DA PRAIA, O ÚLTIMO CONDOMÍNIO-CLUBE NA QUADRA DO MAR Também em Vitória, a Galwan está construindo o Solar Mata da Praia, em uma área de 8.440 metros quadrados na quadra da praia de Camburi. Pela falta de terrenos desse porte para construir, o Solar Mata da Praia será o último condomínio-clube do bairro na quadra do mar. A Galwan foi a primeira construtora do Estado a apostar nas áreas de lazer, tornando-se referência nesse quesito. “Estamos mais uma vez propondo empreendimentos completos, do tipo clube, que vai atender a toda a família e dar uma tranquilidade a mais aos pais que querem criar seus filhos com lazer e segurança”, destacou o diretor-presidente da empresa, José Luís Galvêas.
EDIFÍCIO SOLAR MATA DA PRAIA O lazer é um dos diferenciais do Solar Mata da Praia, que está com as obras em andamento
Apartamentos de três e quatro quartos de até 158 m², com até três suítes e até quatro vagas de garagem. Lazer completo com salão de festas adulto e infantil, salão de jogos, fitness, brinquedoteca, sala de repouso, sauna a vapor, piscinas adulto e infantil, quadra recreativa, playground, espaço gourmet e churrasqueira. Av. Comandante Álvaro Martins, Mata da Praia.
PRÉDIO FAZ HOMENAGEM A PROFESSOR, EM SANTA LÚCIA A Galwan chega a Santa Lúcia fazendo uma homenagem ao professor José Antônio Pignaton, que faleceu no ano passado. O Edifício Professor Pignaton tem apartamentos de três quartos e 100 metros quadrados, coberturas de 200 metros quadrados e lazer privativo com piscina, deque e churrasqueira descoberta. De acordo com o diretor-presidente da Galwan S/A, José Luís Galvêas Loureiro, as pessoas que estão fazendo o cadastro de reserva no empreendimento terão prioridade na hora de escolher a unidade assim que a construtora começar a chamar os inscritos. Ele explica que a empresa se aprimorou na construção de condomínios fechados e não vende apartamentos. “Nosso negócio é juntar pessoas e construir para elas. Somos contratados pelos condôminos para executar a obra e administrar tudo que envolve o condomínio”, disse. EDIFÍCIO PROFESSOR PIGNATON Apartamentos de três quartos com 100 m². Coberturas de 200 m². Lazer completo e equipado com itens como salão multiúso, brinquedoteca, espaço fitness, sala de repouso, quadra recreativa descoberta, piscina e playground. Rua Eugênio Netto, esquina com Avenida Rio Branco, em Santa Lúcia.
A Galwan está cadastrando os interessados em participar do condomínio fechado do Edifício Professor Pignaton
www.galwan.com.br | 27 3200-4004 radio.esbrasil.com.br •
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ESPECIAL
14 ANOS DE ES BRASIL: A REVISTA DO ESPÍRITO SANTO
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iariamente no streaming, na internet e nas mídias digitais e mensalmente na versão impressa, a ES Brasil consolida-se como referência no registro dos principais fatos da vida econômica, política e cotidiana do Espírito Santo. Desde 2005, nosso foco está na constante busca pela melhoria do trabalho e na entrega dinamizada de conteúdo, que hoje atinge 1,5 milhão de pessoas. “Uma mídia segmentada é o meio para se ter um veículo bem-sucedido. Além disso, é necessário que essa mídia esteja alinhada
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à relevância, com conteúdos que tenham aplicabilidade na gestão, na vida e nas decisões dos nossos leitores, que se tornam fontes, anunciantes e parceiros”, destaca o editor executivo da ES Brasil, Mário Fernando Souza. Há 14 anos, quando a ES Brasil estreou no mercado, o Espírito Santo vivia a promessa de novos tempos de desenvolvimento, com as descobertas de petróleo e gás. Desde então, muitos cenários foram registrados, incluindo conquistas e árduas batalhas. E o nosso compromisso se manteve em trabalhar com a verdade e com fatos relevantes
A OPINIÃO DE PESSOAS IMPORTANTES NO MEIO ECONÔMICO E POLÍTICO DO ESPÍRITO SANTO SOBRE A ES BRASIL:
para o público capixaba. “Sempre honramos o nosso compromisso com a notícia. Por isso, provamos que é necessário ter uma revista de grande circulação no mercado capixaba. Isso se deve ao fato de termos consultado excelentes fontes e conquistado grandes parceiros”, reforça Mario Fernando. CONTEÚDOS DIGITAIS Ao longo do tempo, a Next Editorial investiu bastante em plataformas, a fim de aumentar a capilaridade das publicações. Já são 163 edições ininterruptas, com os melhores conteúdos, que passaram a ser leitura de cabeceira para quem é protagonista na economia local. Assim, o site – esbrasil.com.br – disponibiliza as melhores colunas e blogs, que atendem à necessidade do nosso leitor, trazendo consigo os mais renomados articulistas do Estado. O produto editorial também ganhou o ES Brasil em áudio, que hospeda o conteúdo em plataformas digitais – YouTube, Deezer e Spotify. Outro importante veículo é a rádio ES Brasil, com seleção musical adulto-contemporânea, integrada ao conteúdo jornalístico. E há ainda o PDF digital da revista, marcado por muita interatividade e distribuição gratuita, além de nossas mídias sociais, que transmitem informação diária aos internautas. “Consulto as plataformas da ES Brasil para me informar sobre os assuntos locais e nacionais. Achava que era uma revista de entretenimento, mas, quando passei a lê-la, fiquei impressionada com o conteúdo. Confesso que conheci um pouco mais da cultura, dos pontos turísticos e desse nosso vasto universo capixaba por meio da revista. As plataformas oferecem um conteúdo diferenciado, apresentam um Espírito Santo que muitos de nós, capixabas, nem conhecemos”, conta a técnica em Logística Lorena Fraga. Na avaliação da assessora de Comunicação Daniele Ewald, o que tem tornado a ES Brasil cada vez mais conhecida e respeitada é a qualidade da informação. “A ES Brasil é uma revista completa, com conteúdos embasados e com fontes respeitadas e renomadas. Sempre me mantenho bem informada com ela”, aponta a comunicóloga. PRÊMIO Todo esforço gera reconhecimento. Em 2018, a ES Brasil ganhou o primeiro lugar na categoria “Revista” do Prêmio Viana de Jornalismo, promovido pela prefeitura do município. A reportagem “Viana 156 anos: berço da imigração europeia no Espírito Santo” concorreu com outro veículo e recebeu 892 votos.
Bertolani, A lessandra superintendente do Centrorochas
“Vejo a ES Brasil como uma fonte preciosa de informação para o mercado capixaba. Acompanho há tempos e acho o conteúdo editorial bem dinâmico e expressivo. A revista sempre trouxe informações e abordagens sobre o setor de rochas ornamentais e destacou a importância da atividade para a economia nacional, bem como sua representatividade frente ao mercado mundial.”
Teixeira, economista, A rilda professora da Fucape Business School
“A revista ES Brasil é uma fonte de informação imparcial do cenário político, social e econômico, tanto brasileiro quanto capixaba. Trata a informação com o respeito que ela merece. Sendo assim, concede voz aos seus colaboradores e informações adequadas aos seus leitores. Sinto-me honrada por participar desta revista como articulista.”
Campos, consultor em Marketing Político e Darlan diretor executivo da República Marketing Político
“A revista ES Brasil alcança uma marca expressiva: 14 anos de vida. Um espaço plural e democrático, com conteúdos sempre atuais e consistentes, que fazem parte da história e do cotidiano do capixaba. Parabéns à ES Brasil. Vida longa!”
Castro, presidente L éodo deSistema Findes/Cindes
“O desenvolvimento do Espírito Santo e do Brasil passa pelo debate de temas importantes sobre a economia, como encontramos há 14 anos nas páginas da ES Brasil. Com zelo pela informação e aprofundamento nas temáticas mais relevantes, a revista se consolida como um veículo de comunicação que oferece voz e visibilidade ao setor produtivo capixaba.”
iemar José Pretti, presidente do Sindicato L das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Estado do Espírito Santo (Transcares) “A ES Brasil tem grande importância para o Espírito Santo, pois mostra o desenvolvimento e crescimento da economia local. Parabéns à revista por trazer uma série de matérias para os capixabas. Sinto-me orgulhoso de já ter sido fonte de algumas reportagens e de ter sido articulista. Além disso, tudo o que ela publica é de extrema relevância. A apresentação que faz sobre o mercado capixaba ao Brasil também é muito importante. Parabéns, ES Brasil, pelos 14 anos. Que contribua cada vez mais para o desenvolvimento e informação do nosso Estado.”
Fernando Schettino, engenheiro L uiz florestal e professor da Ufes
“A ES Brasil é um veículo de comunicação dos mais importantes para o Espírito Santo e para o pais, pois desde o início vem contribuindo para fomentar a discussão da sustentabilidade em todos os seus aspectos, da inovação, da inclusão social e do empreendedorismo e, consequentemente, ajudando em muito na construção de um modelo, de fato, sustentável.”
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MARIA DA PENHA BERGAMIM
POLÍTICA
é pedagoga, vice-presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES) e mantenedora da Rede de Ensino Alternativo.
RESPEITO E IGUALDADE O QUE A MULHER DO SÉCULO XXI PRECISA
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realidade para as mulheres não está fácil. Em uma sociedade onde cada vez mais falamos, discutimos, protestamos e evidenciamos nossos direitos de respeito e igualdade, parece que os casos de agressões e ataques contra a vida das mulheres só aumentam. Somente no feriado de Carnaval o Espírito Santo registrou 169 crimes ligados à violência contra a mulher, de acordo com dados da Operação de Carnaval da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-ES). Recentemente, bem próximo a nós, foram duas mulheres agredidas por seus companheiros a ponto de ficarem com os rostos desfigurados, as imagens são de assustar. Mas em que ponto estamos errando como sociedade? Por que está tão difícil reconhecer a importância da mulher que é mãe, filha, esposa, amiga, educadora, professora e formadora de opinião? A realidade tem que ser diferente: enxergo, hoje, as mulheres fazendo muito nas tarefas do dia a dia. Como educadora presencio diariamente nas escolas os
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pais dos alunos deixando determinados assuntos nas mãos das mães porque são elas que levam jeito para aquilo. Seja como professora ou simplesmente como mãe, as mulheres sempre acabam se envolvendo mais no papel da educação.
Seja como professora ou simplesmente como mãe, as mulheres sempre acabam se envolvendo mais no papel da educação”
Além de cumprir com todas as tarefas do dia a dia, cuidar dos filhos e desempenhar suas funções no trabalho, a arte de educar costuma ficar com elas e isso é
reconhecido pela maioria dos homens como um dom feminino. Recentemente, no Dia Internacional da Mulher, o Papa Francisco afirmou que é preciso aumentar o espaço da mulher na sociedade e ressaltou o seu papel como tutora do mundo. Em seu discurso, o pontífice disse que “a mulher é aquela que torna belo o mundo, que o tutela e o mantém em vida. Leva a graça que faz coisas novas, o abraço que inclui, a coragem de se doar. A paz é mulher”. Mas por que continuamos maltratando, gritando, desrespeitando, agredindo e até mesmo matando nossas mulheres? Em que ponto nossa sociedade está errando? Neste mês em que comemoramos as nossas vidas, deixo a reflexão do respeito e da igualdade que precisamos buscar a cada dia, seja no trabalho, em casa ou nos momentos de lazer. E que a gente consiga evoluir no cuidado com as nossas mulheres, que têm importância reconhecida por todos para o desenvolvimento da sociedade.
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ENERGIA
MAIS ENERGIA PARA O SUL DO ESTADO
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governador do Estado, Renato Casagrande, fez a primeira visita oficial em sua cidade natal, Castelo, no dia 14 de março, para inaugurar as obras de uma subestação de energia elétrica. A obra da concessionária EDP vai beneficiar mais de 150 mil habitantes da região. A Subestação Castelo teve sua capacidade ampliada em 56 MVA (Megavoltampère), passando de 69 MVA para 125 MVA. O investimento na ampliação e modernização da estrutura é de R$ 10 milhões. “É uma garantia para que o setor empresarial e as famílias da Região possam investir com segurança. A previsão da empresa é de aplicar R$ 250 milhões no Espírito Santo. Esse investimento estabiliza a energia aqui na região. Como temos previsão de crescimento nas áreas agrícolas e industrial, o aumento de energia se faz necessário”, afirmou Casagrande. O empreendimento trará melhorias também aos clientes dos municípios de Conceição do Castelo, Venda Nova do Imigrante, Muniz Freire, Ibatiba, Iúna, Irupi e Ibitirama. A subestação agora é composta por quatro transformadores de força, sendo dois com 138/69 kV – 50 MVA cada e os outros dois com potência de 69/15 kV – 12,5 MVA cada um. Casagrande aproveitou a ocasião para falar sobre os investimentos do governo do estado no município. “Estamos começando o governo com muito
O governador Renato Casagrande durante a entrega da Subestação Castelo, no município localizado ao Sul do Espírito Santo
pé no chão, indo com calma e cautela com recursos próprios. Da mesma forma, estamos pisando no acelerador quando temos recursos garantidos de financiamento, de parcerias com o governo federal e setor privado”, apontou. SANEAMENTO O sistema de saneamento básico no município será incluído no Programa de Gestão Integrada das Águas e da Paisagem, que conta com financiamento do Banco Mundial, garantiu o governador. “Esse saneamento de Castelo virou uma novela e precisamos resolver essa questão. Chegamos ao governo e não paralisamos nenhuma obra e vou governar os quatro anos”, reforçou Casagrande.
TÓQUIO APRESENTA A TOCHA OLÍMPICA DE 2020
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design é moderno, em tons dourado e rosa, o formato é de uma flor de cerejeira estilizada, ela tem 71 centímetros e 1,2 kg. Centro das atenções mundiais nos próximos Jogos Olímpicos do Japão, que serão realizados entre os dias 24 de julho e 09 de agosto de 2020, a tocha olímpica foi apresentada pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no início de março. O símbolo olímpico foi projetado de modo que as cinco chamas se encontrassem, assim como a cerejeira,
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símbolo do Japão, que floresce em que distintos períodos do ano, do sul ao norte do país. Ao todo, são mais de 200 tipos. O comitê nomeou a cor sakura, significa flor de cerejeira em japonês, e ouro. A peça é feita de alumínio, com 30% de material reciclado de resíduos de construção de habitações temporárias após o tsunami de 2011, que destruiu cidades como Fukushima. A tocha, projetada para brilhar com a luz do sol, é um trabalho do designer, arquiteto e artista plástico Tokujin Yoshioka, que se inspirou em pessoas afetadas pelo desastre, na recuperação mental e no desejo de paz.
ANA PAULA POLYCARPO
ARTIGO
é sócia da Integro Consultores, desenvolvedora de Jogos Digitais com MBA em Gerenciamento de Projetos e pós-graduanda em Administração de Empresas.
OS DESAFIOS DE GESTÃO E LIDERANÇA NO MUNDO MASCULINO DA TI MESMO SENDO AS “CHEFES”, A SITUAÇÃO NÃO É FÁCIL PARA AS MULHERES DESSA ÁREA
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esde bem pequena, recebi apoio do meu pai, um homem nem tão moderno assim, mas que nunca acreditou em “brincadeira de meninos são proibidas para meninas”. Foi dessa forma que fiz minhas escolhas profissionais. Sou uma mulher de Exatas, com pensamento lógico na minha vida cotidiana. Faço 47 anos em julho e sou profissional de Tecnologia da Informação (TI) desde o início dos anos 90, período em que ainda todos se surpreendiam por uma mulher fazer essa escolha e a TI era simplesmente “Informática”. Minha decisão não fez com que eu deixasse de gostar de outras coisas historicamente associadas ao mundo do feminino. Amo animais, crianças, coisinhas domésticas, cozinhar e dar festas para os amigos. Sempre conciliei com interesses por tecnologia e programação. Sou sócia da empresa em que trabalho. Atuo como gerente de pessoas e de projetos. Lidero equipes, em sua maioria masculinas. Por muitas vezes os homens que eu mesma recrutei questionam uma orientação ou determinação que dou claramente, somente pelo fato de eu ser mulher. Colocam em dúvida o minha experiência e meu conhecimento técnico. Na maioria das vezes, eles próprios não percebem essa atitude sexista que praticam
no dia a dia. O comportamento é recorrente: escutam e me respondem que irão confirmar e “pedir benção” para algum outro homem que eles acreditem que possam respaldar o que eu disse. Mesmo que seja eu quem hierarquicamente dê a
Precisamos provar que não existem limites para o nosso conhecimento, desenvolvimento acadêmico e profissional e, sim, temos nosso lugar, ao lado ou acima de um homem”
palavra final. Infelizmente, muitas vezes é necessário lembrar isso a eles. É o tal machismo estrutural arraigado dentro das pessoas. O pior é que esse machismo não é só dos homens. As mulheres alimentam essa situação quando se vitimizam e se fragilizam
profissionalmente, usando o fato de serem mulheres para obter benefícios e facilidades. Isso acaba enfraquecendo a luta por igualdade. Existe um grande corporativismo masculino. Os homens se protegem e se sentem protegidos, façam eles o que fizerem. Certos ou errados. Essa união os fortalece. Nós, mulheres, precisamos diariamente provar que podemos, que realizamos e temos que ser fortes e determinadas. Precisamos provar que não existem limites para o nosso conhecimento, desenvolvimento acadêmico e profissional e, sim, temos nosso lugar, ao lado ou acima de um homem. Busco diariamente o respeito e a igualdade em nosso ambiente de trabalho, livre de preconceitos e julgamentos, em que a meritocracia e a justiça definem os papeis de cada um. Por meio de uma equipe mista de homens e mulheres com idades, anseios, crenças, educação e histórias diferentes, mas sempre com as mesmas oportunidades, cada um pode mostrar seus valores e aprender que as diferenças somam e enriquecem. Espero dessa forma estar colaborando um pouco para nossa sociedade e, principalmente, mostrando para homens e mulheres que todos nós juntos somos capazes de fazer um mundo melhor.
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CIÊNCIA E INOVAÇÃO INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
BAFÔMETRO DETECTA DOENÇAS D u as i r mãs c r i aram u m bafômetro que pode ajudar a medicina no diagnóstico de outras doenças. A estudante de Biotecnologia Júlia Nascimento, 26 anos, e a doutoranda em Computação Nathália Nascimento, 31, que moram na cidade baiana de Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador, inventaram o OrientaMed, desenvolvido inicialmente por meio de aplicações de inteligência artificial em um trabalho científico de Nathália, apresentado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O aparelho pode identificar 15 patologias infecciosas e crônicas, como intolerância a lactose, pneumonia, doença de Crohn e diabetes. Com ele, os resultados saem em apenas cinco minutos após o sopro. O custo de produção é de R$ 2.500, em média.
TECNOLOGIA
SMARTPHONE COM TELA DOBRÁVEL A Samsung lançou o Galaxy Fold, primeiro smartphone dobrável, cuja inovação vinha sendo preparada havia 12 anos desde a chegada do iPhone, modelo vedete da norteamericana Apple. O aparelho, que terá preço mínimo de US$ 1.980, começará a ser comercializado em 26 de abril. Possui 4,6 polegadas (11,7 cm) e cabe na mão, mas pode ser aberto com uma tela dobrável que o transforma em um tablet de 7,3 polegadas (18,5 cm). O sistema operacional está sendo trabalhado em parceria com a Google, que desenvolve o Android instalado nos celulares da marca, para otimizá-lo, bem como os aplicativos do Fold.
MOBILIDADE
PRÓTESE PARA AMPUTADOS O estudante do sexto período de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) Robinson Simões Júnior desenvolveu próteses de baixo custo para amputados de membros superiores, por meio do projeto da Rede Acadêmica de Cibernética e Humanidades (Reach). As peças serão destinadas a pessoas que perderam completamente as mãos. Por meio de um sensor semelhante ao utilizado em eletrocardiogramas, o jovem consegue detectar a contração do músculo e trabalhar o sinal para que seja entendido pela máquina. Segundo Júnior, o processo adota inteligência artificial e consegue atingir uma precisão de 90%.
MEIO AMBIENTE
PRESERVAÇÃO DO TUBARÃO-BRANCO Uma das criaturas mais temidas nos mares, o tubarão-branco (Carcharodon carcharias) está em extinção. Para evitar o desaparecimento, cientistas da Fundação e Centro de Pesquisa em Tubarões Salve o Oceano, nos Estados Unidos, descobriram o genoma do animal, o que possibilitará também estudos sobre o câncer. O peixe habita as águas do planeta há mais de 400 milhões de anos, mede de cinco a seis metros de comprimento e pode viver um período superior a quatro décadas. Possui inúmeros genes que evitam mutações e capacidade de cicatrização rápida de feridas graves. Ao contrário do que ocorre com outros animais, o predador tem um registro muito baixo de câncer, sugerindo que desenvolve um tipo de proteção contra a doença. 32
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SAÚDE
VACINA PARA MENINGITE B A meningite é uma patologia grave que pode levar à morte. Mas a cura para o tipo B da doença foi descoberta e teve registro aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Chamado de Trumenba, o imunizante poderá ser utilizado em pessoas de 10 a 25 anos de idade para prevenir o mal causado pela bactéria Neisseria meningitidis. A vacina já é aplicada nos Estados Unidos e na União Europeia, mas a data para lançamento no Brasil ainda não foi definida. No país está disponível, apenas na rede particular de saúde, a vacina Bexsero, para pacientes entre 2 meses e 50 anos.
MOBILIDADE O trecho entre as ruas Dona Maria Rosa e Das Palmeiras foi liberado para o trânsito de veículos, mas ainda demanda finalização de ciclovia e meio-fio
MAIS UMA PARTE DA LEITÃO DA SILVA LIBERADA A EXPECTATIVA DO GOVERNO DO ESTADO É DE QUE A OBRA COMPLETA SEJA ENTREGUE EM NOVEMBRO
O próximo trecho que deve ser liberado é entre a Rua das Palmeiras e Avenida Robert Kennedy
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entro do projeto de modernização e de ampliação da Avenida Leitão da Silva, em Vitória, mais um trecho foi liberado neste mês de março. Agora entre as ruas Dona Maria Rosa e Das Palmeiras. A expectativa do Poder Executivo é de que a obra completa seja entregue em novembro deste ano. “Essa obra começou em 2014 e, se não fosse a paralisação dos últimos anos, poderia estar pronta. Assumimos o governo em janeiro e demos velocidade às obras. Dobramos os equipamentos e aumentamos os trabalhadores”, afirmou o governador Renato Casagrande, que visitou o local acompanhado do diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-ES), de Luiz Cesar Maretto Coura. Casagrande falou ainda sobre a importância da liberação da pista para desafogar o trânsito na Avenida Nossa Senhora da Penha, a Reta da Penha. “Quem vem pela ponte da Passagem agora pode pegar a Leitão da Silva até a Beira Mar. Aos poucos vamos liberando outros trechos e terminando cada um deles. Neste ponto ainda colocaremos a última camada de asfalto, a sinalização e, enquanto isso, vamos fazendo a ciclovia e o meio fio. O importante é os trechos estarem prontos e seguros para que possamos liberar e dar fluidez ao trânsito”, complementou. Com a abertura do tráfego aos veículos, o motorista não precisa mais que seguir pela Reta da Penha para ter acesso ao bairro Itararé ou continuar pela Leitão da Silva. “Nosso objetivo é ir liberando os trechos gradativamente. Não vamos esperar até o final do ano para abrir toda a avenida ao trânsito. No final de abril estamos com a previsão de liberar da Rua das
Palmeiras até a Frederico Lagassa. Nessas partes liberadas as obras continuam com a ciclovia e calçadas. O que estamos permitindo é a passagem de veículos”, afirmou o diretor do DER, entidade responsável pela intervenção. As outras frentes de trabalho atuam entre a Rua das Palmeiras e Avenida Robert Kennedy, onde já foram assentadas todas as galerias e a laje de sustentação do piso. O trabalho atual é de drenagem para posterior pavimentação asfáltica. Esse será o próximo trecho a ser liberado ao tráfego, com previsão para início de maio. No trecho seguinte, entre a Avenida Robert Kennedy e Rua Frederico Lagassa, prossegue o trabalho de assentamento das galerias, drenagem e implantação das redes de água e esgoto. Uma terceira frente de serviço trabalha entre Cezar Hilal e Beira Mar, executando serviço de calçadas, preparação da ciclovia e em seguida a pavimentação. A obra na Avenida Leitão da Silva se estende da Rua Dona Maria Rosa à Avenida Beira-Mar, totalizando 2,8 quilômetros. Só na fase final, estão sendo investidos, aproximadamente, R$ 43 milhões. Além da implantação de mais uma pista em cada sentido (Beira-Mar e Cezar Hilal), a nova Leitão da Silva terá ciclovia, calçada-cidadã e novo sistema de macrodrenagem, para combater as histórias inundações em Vitória. radio.esbrasil.com.br •
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EDUARDO ARAUJO
POLÍTICA
é economista, mestre em economia e cursa o Master em Liderança e Gestão Pública do CLP, com módulo em Oxford. Presidiu o Conselho de Economia do Espírito Santo (2015-16)
GOVERNABILIDADE EM BOLSONARO: PAPEL DOS PARTIDOS POLÍTICOS USO DE EMENDAS E A NEGOCIAÇÃO DE CARGOS SINALIZAM FLEXIBILIDADE DO NOVO GOVERNO EM OBTER APOIO
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governabilidade costuma ser definida em termos da capacidade do chefe do Poder Executivo exercer plenamente suas atribuições, e que depende do relacionamento com os poderes Legislativo, Judiciário, imprensa e outros grupos de pressão (como sindicatos, associações, etc.). O presidente Bolsonaro foi eleito propondo um novo modelo de governabilidade para o país, atribuindo menor importância à coalizão com partidos políticos. Manifestou a intenção de negociar pautas de governo na base do convencimento individual de parlamentares e com a interlocução com as chamadas bancadas temáticas. Ao criticar o “toma-lá-dá-cá” e os esquemas de compra de apoio parlamentar, o novo governante propõe uma nova lógica de fortalecimento do pacto federativo. A ideia seria desvincular despesas obrigatórias da União, dar mais autonomia orçamentária para deputados atender interesses de bases regionais e, com isso, obter apoio na votação de projetos. O mesmo raciocínio se aplica ao repasse de recursos para governadores e prefeitos que poderiam, por exemplo, pressionar congressistas a aprovar pautas (como Reforma da Previdência) em contrapartida transferências ou empréstimos com aval da União. Já foi noticiada, inclusive, a intenção de se constituir um “posto avançado” de atendimento na Câmara de Deputados, para estabelecer negociações no varejo com parlamentares, com uso de R$ 7,5 bilhões em emendas parlamentares em negociações. Nos últimos anos, o caminho natural do acerto político vem sendo pela formação de ministérios. Faz parte da democracia que partidos políticos aliados partilhem de 34
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parcela do poder para garantia da governabilidade. Mas Bolsonaro colocou esse tipo de barganha no centro da sua campanha eleitoral, propondo um novo modelo. A composição de seus ministérios é reflexo dessas mudanças, com perda de espaço para todos os partidos. Passou integrar apenas os representantes de chamadas bancadas temáticas, nomeações “técnicas”, militares de reserva e alguns ideólogos sem partido
Nos últimos anos, o caminho natural do acerto político vem sendo pela formação de ministérios. Faz parte da democracia que partidos políticos aliados partilhem de parcela do poder para garantia da governabilidade”. (como na Educação e Relações Exteriores). Todos esses atores com peso político muito pequeno no Congresso. Será que o presidente conseguirá manter a governabilidade sem flexibilizar espaços para os partidos políticos? Será possível aprovar a Reforma da Previdência e outras pautas importantes sem abrir espaço no governo para as legendas partidárias? Na obra “O presidencialismo da Coalizão”, a cientista política Andrea Freitas apresenta
evidências empíricas de que os partidos políticos são capazes de coordenar o processo decisório no país. Para a autora, não basta apenas o uso de poderes de agenda ou recursos (como cargos ou orçamento) do Executivo. As evidências são de que os partidos políticos, via relatores, coordenam e avaliam os projetos que vêm do Executivo, negociando e fazendo concessões. Nesse sentido, construir uma coalizão, com status majoritário, pode fazer uma enorme diferença na aprovação de projetos. A lógica é que a formação de coalizões implica na divisão de poder e de responsabilidade sobre o conjunto de políticas, e que todos os partidos que compõem a coalizão passam a participar e, com isso, influir no processo decisório. A tese de Freitas é que os poderes Legislativo e Executivo não possuem propriamente agendas concorrentes e de que seria preciso rever a premissa de que as relações entre esses poderes sejam pautadas por um conflito de interesses irreconciliáveis. Recentemente, o governo suspendeu nomeações e dispensas de cargos comissionados e funções de confiança em repartições federais nos estados para conter uma “rebelião” de partidos aliados. Também manifestou intenção de publicar decreto para estabelecer critérios “técnicos” de indicações de líderes partidários em cargos de baixo escalão. As regras do jogo parecem imutáveis: embora o governo negue o “toma-la-dá-cá”, já há sinais de maior flexibilidade com partidos políticos para garantia da governabilidade e fôlego político para o Executivo nas próximas etapas.
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Visite o blog Família S/A em www.esbrasil.com.br Lá você encontra as mais importantes questões que envolvem a gestão de empresas familiares. familiasa@nxte.com.br
Conteúdo Especial - Parceria do Editor
CRESCIMENTO DA FAMÍLIA
O DESENVOLVIMENTO DOS HERDEIROS O desafio da longevidade de uma empresa familiar é complexo por várias razões, que vão da manutenção da coesão da família até a definição de um processo de sucessão que compatibilize os interesses dos entes com as necessidades do negócio. Nessa jornada, um dos pontos cruciais para o sucesso de um negócio familiar no longo prazo é o desenvolvimento de herdeiros preparados e contributivos. À medida em que a família cresce, não haverá lugar para todos na empresa. E nem todo familiar desejará seguir carreira na organização. Portanto, herdeiros precisam ser preparados não somente com o olhar no desenvolvimento de futuros líderes para o negócio familiar, mas também para ser bem-sucedidos na carreira que escolherem. Por mais que um herdeiro não queira aderir aos negócios da família ou que não reúna as competências necessárias para estar na empresa, uma condição da qual ele não pode fugir é a de futuro acionista. Um dia, ele se tornará sócio e, como tal, terá responsabilidades para as quais necessita ser preparado. E sua primeira responsabilidade, como futuro sócio, é não depender da empresa. É mortal
para uma empresa ter familiares que dependam dos frutos do negócio, sem contribuírem para o seu sucesso. Se o herdeiro trabalha na empresa, é justo que seja remunerado por seus esforços e pelos resultados produzidos. Se não atua no negócio familiar, ainda assim deve ser preparado para ser um bom acionista, capaz de tomar as melhores decisões que levem ao sucesso empresarial e, por conseguinte, ao crescimento do patrimônio familiar e à maior remuneração do seu capital empregado. O desenvolvimento de um herdeiro acontece a no longo prazo, passando pela infância até a fase adulta, cada etapa com estímulos e ações condizentes à faixa etária, e vai muito além da transmissão dos conhecimentos e experiência das gerações anteriores, fundamentais na história de sucesso da empresa. É necessário transmitir a identidade da família empresária, constituída pelos princípios e valores do fundador. Esses são os alicerces sobre os quais os herdeiros construirão sua marca pessoal e seu estilo na tomada de decisões e solução de problemas, mas sem se distanciarem da base moral construída por seus antecessores.
Adriano Salvi Conselheiro de administração certificado pelo IBGC, professor convidado da Fundação Dom Cabral e sócio da Vix Partners Consultoria e Participações
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UM DESAFIO PARA O NEGÓCIO No longo prazo, uma família pode crescer a uma taxa de 6% ao ano. Difícil imaginar um negócio que avance a essa taxa indefinidamente. Portanto, é crucial preparar os herdeiros para o desafio de dar continuidade ao aumento da riqueza familiar, seja como executivos da empresa, seja como acionistas.
ESCOLHA DO HERDEIRO
SER UM EXECUTIVO OU UM BOM ACIONISTA? Herdeiros devem escolher entre trabalhar na empresa ou seguir outra carreira. Expor a nova geração aos negócios desde cedo é uma prática salutar para que seus membros possam decidir, com embasamento, sobre o caminho a seguir, mas conscientes de que, qualquer que seja a escolha, não poderão se eximir de suas responsabilidades como futuros acionistas.
CONSELHO DE FAMÍLIA
DESENVOLVENDO FAMILIARES O Conselho de Família é um aliado importante no desafio do desenvolvimento de herdeiros. Cabe a esse órgão definir as competências de que a empresa necessita e estabelecer um programa, com princípios, diretrizes, objetivos e ações, voltado a preparar os familiares para contribuírem com o negócio, seja como futuros executivos, seja como bons acionistas.
Danielle Quintanilha Merhi Psicanalista, especialista em empresas familiares, professora convidada da Fundação Dom Cabral e sócia da Vix Partners Consultoria e Participações
CRISTINA DAYANA GUTIÉRREZ LEAL
POLÍTICA
é venezuelana, é doutoranda em Ciência da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre Literatura Ibero-Americana pela Universidad de Los Andes e graduada em Educação e Literatura pela Universidad Nacional Experimental Francisco de Miranda (UNEFM)
DO CARIBE AO ATLÂNTICO DE UMA CIDADE NA ZONA COLONIAL DA VENEZUELA PARA SER PESQUISADORA DO BRASIL
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ão me lembro muito bem, mas minha mãe sempre conta essa história: quando eu tinha 12 anos e recebi meu primeiro salário, resolvi comprar uma mala, porque ia viajar pelo mundo. Ela sempre narra esse episódio como uma espécie de advertência profética, e também para justificar que sua filha de 30 anos ainda não é casada: “Mas você já está planejando se casar? Não”. Que sua filha ainda não tem filhos. “Mas ela não acha que está na hora? Quando ela quiser”. “Quem decidiu que ela sairia do país? Ela, sozinha”. “E decidiu que ela se dedicaria à pesquisa fora do país? Ela também”. Embora pareça um lugar comum, eu sempre quis viajar pelo mundo. Agora eu sei por quê: minha casa e minha cidade, sempre confortáveis, gritaram para mim que havia algo além, que o mundo não era apenas uma zona colonial na primeira cidade da Venezuela, nem uma costa do Mar do Caribe. A idéia de estar em um lugar só me deixa atordoada. Esse meu espírito nômade está irrevogavelmente ligado à minha paixão pela pesquisa, a mesma que encontrou na academia o ponto de apoio. Minha primeira viagem, meu primeiro deslocamento importante foi dentro do meu país, mas no extremo geográfico: de Coro, uma cidade costeira,
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árido e quente, eu fui para Mérida, um local montanhoso e frio. Lá eu fiz o mestrado e obtive a primeira confirmação real de que “a vida está em outro lugar”, que o mundo não era apenas a casa aconchegante, a caixa de preceitos que meus pais me deram com muito amor, mas que estava ficando pequena (ou grande).
Eu pensei: estou no quinto país que mata mais mulheres no mundo, em uma favela no Rio de Janeiro, sozinha…” Cheguei ao Rio de Janeiro em fevereiro de 2016 para iniciar o doutorado em Letras. O quarto que tinha alugado via internet era “Muito perto de Ipanema <3”. Ao atender a minha chamada no telefone – em péssimo português – o Bruno me disse que ele já estava na cidade. Fiquei feliz, Ipanema, além de ser uma marca muito famosa de chinelos na Venezuela, é também a referência da beleza carioca.
Peguei um táxi com o endereço escrito e, sim, foi perto de Ipanema, em uma favela chamada Vidigal. Ele não especificou esse detalhe. Lógico que, com toda a construção da mídia que se recebe estando fora do Brasil, vendo que o carro subiu e subiu o morro, meu desespero aumentou. Eu pensei: “estou no quinto país que mata mais mulheres no mundo, em uma favela no Rio de Janeiro, sozinha, com apenas 700 dólares que eu tinha obtido ao vender o capital todo que acumulei na minha vida desde que comecei a trabalhar, e não consigo entender tudo o que eles me dizem, porque o português do Duolingo estava longe de ser o real.” Nada aconteceu. Fui acolhida por um carioca muito agradável, ele me mostrou o quarto e me fez um jantar saboroso. Falou-me que a favela havia sido pacificada, que até David Beckham tinha uma casa lá em cima, que eu não ficara preocupada, e que o bairro está cheio de gringos fazendo um “tour de favela”. Foi assim que minha vida como pesquisadora no Brasil começou. O meu caminho na literatura, sempre foi percorrido pela viagem. O deslocamento tem sido ao mesmo tempo euforia e desafio, angústia e adrenalina. A leitura, então, foi meu primeiro cartão de embarque.
ATUALIDADE
ATENÇÃO, PAIS: REGRAS PARA VIAGENS DE MENORES MUDARAM!
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rianças e adolescentes podiam, desde 1990, embarcar em avião, ônibus, navio, ou outro meio de transporte sozinho para viajar. Para isso, bastava uma autorização dos pais. Mas este ano as regras mudaram e o embarque de menores de 16 anos sozinhos em viagens está proibido. A lei nº 13.812 que trata da Política Nacional de Buscas de Pessoas Desaparecidas, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 18 de março, determina que a idade para embarque sem a companhia dos responsáveis passa de 12 para 16, já que com essa idade pode começar a dirigir e até casar. Por isso, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) teve o artigo 151 modificado. A justificativa para a mudança está na necessidade de aumentar a segurança nos embarques. Por meio de nota, a Coordenadoria das Varas da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) informou que há exceções, como, por exemplo, para quem mora em municípios próximos dentro do mesmo Estado. “Neste caso, não há necessidade de autorização para viajar, mas em Estados diferentes a criança ou o adolescente não podem mais estar desacompanhados”, aponta a nota.
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL As autorizações judiciais são adquiridas por meio dos Juizados da Infância e Juventude de cada município das 12 às 18 horas, apresentando os documentos do menor e dos pais. Para viajar, as crianças e adolescentes devem portar documentos pessoais como o documento oficial de identidade ou qualquer documento com foto que não seja carteira afiliada a algum clube ou carteira escolar. Fonte: TJES
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Também não serão cobradas autorizações judiciais no caso de o menor estar acompanhado por avós, bisavós e tios, desde que as relações sejam comprovadas por meio de documentos em que conste o parentesco. E ainda um terceiro pode ser registrado em um cartório como acompanhante da criança ou do adolescente. EMPRESAS DE TRANSPORTE A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) reiterou, também por meio de nota, que todas as empresas que realizam transporte interestadual de passageiros devem observar a nova legislação para o embarque de crianças e adolescentes. A Agência lembra que a alteração não isenta o adolescente com idade a partir de 12 anos de apresentar documento oficial com foto para o embarque. A ANTT informou, ainda, que está preparando a alteração da Resolução nº 4.308/2014 para adequá-la à lei em vigor. E a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também destacou que nenhuma criança ou adolescente menor de 16 anos poderá viajar desacompanhado dos pais ou de responsáveis em voos nacionais, sem a autorização expedida por um juiz. A partir de 16 anos, em viagem nacional, o embarque pode ser realizado sem necessidade de autorização. Entretanto, a Anac recomendou consulta prévia às Varas da Infância e Juventude da Justiça de cada Estado quanto à necessidade de reconhecimento de firma dessa autorização de viagem. DESAPARECIMENTOS Em um vídeo divulgado nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, informa que mais de 41 mil crianças desaparecem todos os anos no Brasil e em torno de 15% delas nunca são encontradas. Por isso a medida passou a ser adotada.
ESPORTE
SERRA INAUGURA PISTA INÉDITA NO BRASIL
A pista é a única totalmente asfaltada no Brasil
EM UMA MANOBRA CAMPEÃ, PONTO VICIADO DE LIXO VIRA ÁREA DE REFERÊNCIA ESPORTIVA
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e lixão para uma megaestrutura para praticantes profissionais e amadores de bicicross. A terceira maior pista da modalidade no Brasil foi inaugurada no dia 23 de março, em Novo Porto Canoa, no município da Serra, com aproximadamente 370 metros de extensão. A estrutura, batizada de Ewerton Silveira Coura, é a primeira pista no Espírito Santo com sistema de largada padronizado pela União Ciclista Internacional (UCI) e a única do Brasil totalmente asfaltada. Antes dela, a área abrigava um dos maiores aterros irregulares de resíduos da cidade, de onde eram retiradas cerca de 400 toneladas de lixo por mês, o que equivale a 13 carretas carregadas. Na nova realidade, os praticantes têm quatro pistas para desenvolver velocidade. A maior delas possui mais de oito metros de extensão; a segunda, cerca de 7m, e a terceira, aproximadamente 5m. Há ainda a reta de chegada, com 4m. O trajeto inclui três curvas, e a mais radical recebeu o nome de Tsunami.
A curva mais radical do circuito recebeu o nome de Tsunami
Na solenidade de inauguração, o prefeito Audifax Barcelos destacou a contribuição da área esportiva para a região
A solenidade de lançamento contou com a presença de diversos moradores e lideranças, entre elas o prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), e o deputado estadual Alexandre Xambinho (Rede). “Estou muito feliz com esta realização e de poder fazer esta entrega. Tenho a convicção de que a pista irá contribuir, de fato, com o desenvolvimento social e cultural desta região”, frisou Audifax. O vereador Miguel da Policlínica (PTC) destacou a dimensão do problema que foi resolvido. “Quando esta área era um lixão, eram encontrados cadáveres, carros roubados. Enfim, acontecia uma diversidade de coisas criminosas. Além disso, isso enfeiava o bairro. A prefeitura gastava mais de R$ 400 mil por ano com a limpeza deste local, que hoje dá lugar a uma bela área de lazer, onde poderemos ter, inclusive, campeonatos não só estaduais como também nacionais, o que irá também fomentar o comércio”, completou. HOMENAGEM Ainda na inauguração, Audifax fez alusão ao homenageado, que foi assassinado este ano dentro do seu estabelecimento, na mesma comunidade. “A pista foi denominada Ewerton Silveira Coura em homenagem a este rapaz, que, além de comerciante de Novo Porto Canoa, também era praticante do esporte. Então, deixo aqui as minhas homenagens à família do Ewerton e também a todos os moradores da região, porque merecem este belo presente”, concluiu. radio.esbrasil.com.br •
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ROGÉRIO SCARABEL Diretor da ANS fala sobre as mudanças nos planos de saúde e seus impactos nos benefícios
Uma nova metodologia para reajuste de planos individuais foi adotada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e passa a vigorar entre junho de 2019 e abril de 2020. A mudança, publicada no Diário Oficial da União em 20 de dezembro de 2018, estabelece o Índice de Reajuste dos Planos Individuais (IRPI), o cálculo de aumento baseado na variação dos custos das operadoras com assistência. Para explicar como funcionarão as regras, a ES Brasil conversou com o diretor de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS, Rogério Scarabel. Confira a entrevista! ESB Entrará em vigor este ano uma nova metodologia para reajuste de planos individuais. Como passa a ser feito esse cálculo? Em que a fórmula atual difere da anterior? Rogério Scarabel Anteriormente, o cálculo dos reajustes dos planos individuais e familiares era feito de acordo com as médias dos contratos coletivos acima de 30 vidas. Esses dados eram reservados, e então era feita uma média dos contratos coletivos. A nova norma traz muito mais transparência e previsibilidade em razão dos dados que vão compor
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essa metodologia. Eles serão auditados e publicados pelas operadoras e constarão nos dados abertos tanto na página da ANS na internet como na página do governo federal. Há uma nova regra: além de os dados serem retirados da base dos próprios contratos individuais, é adotado um cálculo de 80% na variação das despesas assistenciais e 20% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em que é expurgado da base do valor que corresponde aos planos de saúde. Outra questão que compõe a fórmula é o Fator de Ganho de Eficiência,
que serve para evitar que haja apenas o repasse do custo, ou seja, se o ganho de eficiência das operadoras computado for de 1%, este percentual será deduzido da fórmula do reajuste, refletindo, assim, em ganho para o consumidor. ESB Quem possui plano de saúde empresarial e não está satisfeito poderá trocar a atual operadora sem cumprir a carência para os procedimentos. Quais os critérios para essa mudança e para a portabilidade de carências? Posso mudar de plano a qualquer hora? RS Quando houver a mudança, o beneficiário continuará portando as carências que já cumpriu, mas, se migrar para um plano em que não há compatibilidade de cobertura, ele terá de cumprir as que o novo plano exige. E na norma vigente (a nova norma começa a vigorar a partir de junho deste ano), existe uma janela (período de quatro meses) em que o beneficiário não precisará fazer mais a portabilidade dentro desse espaço de tempo. Uma vez cumpridos os requisitos de
elegibilidade a portabilidade, ele pode fazer a troca a qualquer momento. Por que essa nova regra passa a valer somente em junho? Quem são os principais beneficiados? RS É uma vacância legislativa para que todo o setor possa se adequar, pois precisamos compreender que essa norma vem sendo aprimorada desde 2009 e agora é aberta aos planos empresariais, que correspondem a 67% de todo o mercado. Por isso precisamos colocar esses seis meses de adaptação. A partir de agora, 100% dos beneficiários podem fazer a portabilidade, tanto no plano individual e familiar, quanto nos contratos empresariais. ESB
As novas regras proporcionam maior controle ao beneficiário sobre o que é cobrado pelas empresas? RS O que facilita a portabilidade é a mobilidade que o beneficiário pode ter, seja em termos de insatisfação ou qualidade, como questão de preço, seja para atender à sua necessidade. Pode ser uma nova realidade, por isso é possível fazer essa portabilidade, uma vez que já cumpriu as carências do plano anterior. ESB
ESB Alguns planos foram proibidos de ser comercializados por algumas irregularidades. Essas operadoras poderão participar dessa modalidade se estiverem em dia com a nova metodologia? RS Os planos de saúde que estão proibidos não podem praticar essa portabilidade. Mas, se as operadoras corrigirem as irregularidades e os planos estiverem ativos, estes não estarão impossibilitados de aderir às novas regras.
O rol de procedimentos é atualizado a cada dois anos, o que ainda não está ocorrendo porque a nova regra não entrou em vigor. O que se estabelece então em relação a essa lista? ESB
RS Precisamos destacar duas coisas importantes. A primeira é que, com a nova metodologia, a atualização será feita a cada dois anos. Inclusive o formulário para as proposituras das empresas, o FormRol, está disponibilizado na página da ANS desde 4 de fevereiro e permanecerá pelo prazo de 90 dias para que as instituições possam fazer a apresentação para adesão à norma. A segunda é que, a partir de agora, a sociedade também poderá participar. Hoje, qualquer pessoa pode fazer a propositura sem depender de uma instituição de classe, como era feito na norma anterior.
O que se pretende com a realização dessas oficinas em diferentes estados? RS Como essas normas têm um impacto tanto na sociedade quanto nas próprias operadoras, o objetivo é trazer o alinhamento de conhecimento sobre o que a nova metodologia prevê, o alcance e as necessidades de adaptação das operadoras e dos cidadãos. Vale lembrar que em 12 e 13 de março levamos as oficinas a Ribeirão Preto, em São Paulo; nos dias 20 e 21, a Curitiba, no Paraná; e nos dias 26 e 27, a Fortaleza, no Ceará. ESB
ESB Existe alguma ferramenta que auxilie o consumidor que deseja adotar a portabilidade? RS A ANS disponibiliza um guia de planos em sua página. Com ele, o cidadão pode fazer as escolhas do plano e compará-lo em questão de preço e abrangência. Se quiser, pode fazer a portabilidade e quantas simulações forem necessárias. A ferramenta também informa o desempenho da operadora e se a pessoa física está inelegível, além de contar com um banco de protocolos que podem ser impressos e levados à operadora para que ela receba o beneficiário. É uma ferramenta simples, eficaz e de navegação fácil. ESB Quais são os canais de atendimento da ANS? RS O cidadão também pode entrar em contato com a agência por meio do site www.ans.gov.br ou pelo telefone 0800 701 9656. Os canais servem para tirar dúvidas, para informar se a operadora está ativa e se comercializa o plano, se é elegível ou não. Além disso, também é possível fazer reclamações e sugestões. Todos os canais estão à disposição da sociedade.
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ANA PAULA BORGO
CIÊNCIA
é graduada em farmácia pela PUC Campinas e mestre em Ciências Biomédicas pela Unicamp. Especialista em aplicação em cromatografia e preparo de amostra na área de Life Science da Merck Brasil
O PAPEL DA MULHER NO UNIVERSO CIENTÍFICO AS INICIATIVAS DE HOJE SÃO O COMEÇO PARA UMA REDE DE APOIO, PESQUISA E RECONHECIMENTO
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inha história com a ciência surgiu ainda quando criança. Eu adorava brincar com laboratórios científicos e assistir a programas de TV que envolviam o tema. Na escola, Química e Biologia eram minhas matérias preferidas, e a cada ano o amor pela área crescia. Por isso, optei por um curso que reunia as duas disciplinas e acabei me tornando farmacêutica e, depois, mestre em Ciências Biomédicas. Hoje, atuo no mundo corporativo, como especialista de aplicação em cromatografia e preparo de amostra na área de Life Science da Merck no Brasil, além de já ter trabalhado muito dentro do laboratório desenvolvendo pesquisas. Ser mulher e trabalhar com ciência é um desafio cotidiano, principalmente pela pouca representatividade feminina na minha área. Quando entrei na Merck, ainda não havia concluído o mestrado, tinha pensado em desistir no meio do curso, mas meu gestor na época me incentivou a continuar. Esse é o tipo de apoio de que precisamos quando escolhemos uma área que pouco investe e incentiva meninas a pensarem nessa modalidade de carreira. Vivemos tempos em que a discussão sobre o protagonismo da mulher e seu espaço no mercado vem ganhando cada vez mais destaque. Estamos desencadeando progressos na área de ciências, resultando no impulsionamento em suas carreiras profissionais
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com equidade. Como a Merck, que assinou com a Organização das Nações Unidas o Pacto para Empoderamento das Mulheres e aumentou de 32% para 43% o percentual de cargos de liderança ocupados por mulheres, entre 2015 e 2018. Um levantamento feito pela Elsevier, maior editora científica do mundo, sobre a atuação
O papel de mulheres que trabalham em uma área majoritariamente de homens é servir como exemplo para que meninas que carregam o amor pela ciência não desistam” das mulheres em publicações científicas identificou que o número de participações femininas no Brasil subiu 11% nos últimos 20 anos e já está quase empatado com o dos homens, atingindo 49%. Para área científica, já é um grande avanço na nossa história, que carrega poucos nomes famosos de mulheres e brasileiras. Acredito que a base de tudo está na educação. Quanto mais projetos forem
oriundos tanto do campo acadêmico quanto da área corporativa, estimulando a ciência, além também dos próprios professores durante o ciclo escolar, maior será o alcance. Uso como exemplo o projeto global Spark, idealizado pela Merck, que visa a instigar o interesse de crianças pela ciência e contribuir para engajar mais mulheres na área no futuro. Desde 2016, 205 mil estudantes foram impactados pelo programa. Destaco também um marco para o Brasil, que realizou ano passado a Primeira Semana de Meninas e Mulheres na Ciência, evento idealizado e organizado só por mulheres que estudam e atuam em diversos ramos das ciências. O intuito foi incentivar meninas que ainda estão em idade escolar a conhecer as ciências e motivá-las para que acreditem que mulheres podem ocupar todos os espaços na sociedade. Cerca de 250 meninas, de 12 a 17 anos, participaram da ação. O papel de mulheres que trabalham em uma área majoritariamente de homens é servir como exemplo para que meninas que também carregam o amor pela ciência não desistam. As iniciativas que conhecemos hoje para o incentivo são o início para construir uma rede ainda maior de apoio, pesquisa e reconhecimento, principalmente em nosso país, para que continuemos conquistando o respeito e espaço para as mulheres na ciência.
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“Toda verdade passa por três estágios. No primeiro, ela é ridicularizada. No segundo, é rejeitada com violência. No terceiro, é aceita como evidente por si própria.” Arthur Schopenhauer
Leonardo Carrareto Especialista em Inovação e Futurismo e fundador da WIS Educação, escola de inovação. Busca acelerar o desenvolvimento dos mercados no mindset exponencial e da inovação disruptiva.
#LEGADO
#ABSURDO Toda grande ideia já foi uma ideia absurda um dia. Contar sobre o Waze 20 anos atrás seria uma grande loucura. E adivinha. Todos os dias, em todas as organizações, surgem ideias absurdas. Mas o nosso incrível senso lógico nos faz rejeitá-las e julgar quem as deu. Já aconteceu com todo mundo. Entender que o absurdo é um dos primeiros estágios de ideias grandiosas e incríveis é o passo inicial. Quando a próxima ideia absurda chegar até você, o que você vai dizer?
#PRÓXIMA-GERAÇÃO Em diversas oportunidades eu ouço de alguns líderes que o trabalho deles é “preparar o caminho para as próximas gerações”. Porém, se nada for feito de imediato, não haverá a necessidade de caminho. O que quero dizer é que não existem desculpas para não se transformar com o novo mundo. Se nada for feito hoje, é arriscado não ter o que se transmitir.
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Ainda, é a melhor oportunidade de construir um legado real. Estamos vivendo uma gigantesca mudança de era que permite construir novas oportunidades. A hora de entender este novo mundo é agora!
#TALENTOS Se você quer encontrar talentos digitais para sua empresa, entenda que sete entre 10 profissionais digitalmente capacitados preferem trabalhar para organizações que tenham o empreendedorismo e espírito de startup como aspectos da cultura, promovendo agilidade e flexibilidade no time.
#ABSURDO #2 Aproveite as ideias absurdas, porque há alguns anos ninguém diria que um ex-executivo do mercado financeiro e o Google seriam os maiores concorrentes e iniciadores das mais profundas mudanças das montadoras de veículo. Tesla e Waymo não estavam em momento algum no radar de competição das principais empresas automobilísticas.
PANORÂMICAS Parceria do Editor
MULHERES
ELAS NAS PROFISSÕES Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, foi promovido em 13 de março o evento “Elas nas Profissões 3.0”, que contou com a participação de três convidadas: a engenheira Flávia Giacomin, a produtora de cafés especiais Josane de Souza e a empresária Katiane Vieira. A programação, ocorrida na sede do Conselho Regional de Contabilidade, em Vitória, foi marcada por debate com as palestrantes sobre mercado de trabalho e histórias de sororidade e superação. A realização foi do Fórum dos Conselhos Profissionais, do qual o Corecon-ES faz parte. CONCURSO
AÇÃO NA JUSTIÇA O Corecon-ES ganhou uma ação na Justiça em que solicitou a mudança no Edital 001/2018 do concurso público da Prefeitura Municipal de Itapemirim, garantindo o direito de economistas disputarem uma vaga do cargo de auditor público interno/área administrativa. A decisão judicial determinou, ainda, a suspensão das datas das provas, que já estavam marcadas. O edital, em sua versão original, exigia que os postulantes tivessem curso superior em Administração de Empresas e pós-graduação na área.
HOMENAGEM EM BRASÍLIA O presidente do Corecon-ES, Ricardo Paixão, recebeu uma homenagem em Brasília em reconhecimento ao trabalho de divulgação do III Desafio Quero Ser Economista, concurso realizado com estudantes do ensino médio. Em 2018, o Espírito Santo liderou o ranking de inscrições, registrando a marca inédita de 376 alunos (50,7% do total). No dia 31 de janeiro, durante a Sessão Plenária Ampliada do Cofecon, na capital federal, o dirigente ganhou o certificado de homenagem das mãos da economista Denise Kassama, coordenadora da Comissão de Educação do Cofecon.
MAIS CONTROLE NAS FINANÇAS
RETORNO ÀS ESCOLAS
Um levantamento feito por CNDL, SPC Brasil e Banco Central mostrou que muitos brasileiros estão administrando melhor suas contas. Segundo os dados, oito em cada 10 (79%) consumidores adotaram novos hábitos voltados para a educação financeira. E 59% dos entrevistados revelaram que pesquisam os preços antes de comprar algum produto. “Não se pode fazer mágica. O segredo é acompanhar e monitorar diariamente as receitas e despesas, pois assim não há surpresas indesejadas no fim do mês”, avaliou o conselheiro do Corecon-ES Juliano César Gomes.
O Conselho iniciou as atividades de 2019 do projeto “Corecon-ES nas Escolas”. No dia 13 de fevereiro, o presidente da entidade, Ricardo Paixão, ministrou a palestra “Desvendando a Profissão de Economista” para estudantes do Centro de Integração Empresa Escola do Espírito Santo (Ciee-ES) de Vitória. O projeto, iniciado em 2016, está na sua quarta edição e contempla instituições de ensino de todo o Estado com palestras sobre educação financeira e apresenta a profissão de economista como opção de carreira para alunos do ensino médio.
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A Avenida Mário Gurgel é o trecho da BR-262 entre o bairro de Jardim América e o trevo da Ceasa, em Cariacica.
Quem são as personalidades que deram nome às ruas e às avenidas do Estado e qual a importância delas para o desenvolvimento capixaba? Para responder a essas e outras perguntas, a coluna “O Endereço da História” presta uma homenagem às pessoas que tanto contribuíram para o Espírito Santo. Confira.
MÁRIO GURGEL NÃO HÁ FRONTEIRAS NA MARCA DO DESTINO
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José Eugênio Vieira é pesquisador, com diversos livros publicados sobre a História do Espírito Santo, e atualmente é diretor técnico do Sebrae 48
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Espírito Santo vem abrigando, ao longo de sua História, pessoas de outras plagas em busca do necessário acolhimento para seus sonhos. Esse fenômeno tem registro no Atlas da Migração do Proex/ Ufes, que aponta a presença, no ano de 2010, de 302.583 migrantes, 8,6% da população do Estado. Desse total, 130 mil vieram de outras unidades da federação. Se hoje os estados vizinhos são os que enviam mais pessoas para as terras capixabas, no passado foram os europeus que ajudaram a construir a identidade local. A professora universitária e doutora em Ciências Sociais Maria Cristina Dadalto realizou uma pesquisa com o objetivo de constatar o peso da migração no Espírito Santo. Ela identificou que, até meados do século 19 e início do século 20, esse movimento era protagonizado pelos italianos. Mas esse povo não foi o único a aqui chegar. “Vieram não só imigrantes árabes e sírios, mas também muitos brasileiros – mineiros, fluminenses e cearenses. E a partir dos anos 60, um novo ciclo incluiu principalmente japoneses e, sobretudo, mineiros e baianos”, afirma ela. O coordenador do Comitê Temático de Fortalecimento da Identidade Capixaba e Imagem esbrasil •
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do Estado, Américo Buaiz Filho, acredita ser natural a capacidade de o Espírito Santo agregar pessoas de outros estados: a motivação para a imigração, justifica, reside no fenômeno do desenvolvimento sistemático que tem ocorrido no Estado, acima da média nacional. O fato é que os cenários da política, da administração pública, dos formadores de opinião, têm sido marcantes para que o nosso Estado atingisse o grau de universalidade do desenvolvimento que ora desfruta. E parte dessa conquista se deve à participação de personalidades que plantaram raízes nas generosas terras capixabas e se integraram ao espírito criativo do seu povo. Mário Gurgel é um exemplo edificante desse fenômeno, membro de uma família que percorreu 3.312 quilômetros para chegar até nós. É a distância de Rondônia, berço do nosso personagem, até o Espírito Santo, terra que adotaria como sua. Filho de Luiz Gurgel, um cearense, e de Flora de Campos Gurgel, pernambucana, ele nasceu em Porto Velho, hoje capital de Rondônia, à época pertencente ao Estado do Amazonas, no dia 12 de junho de 1922. Em 1925, a pequena família veio para o Espírito Santo, radicando-se inicialmente em Santa Teresa, antes de se fixar em Vitória. Testemunharia no futuro seu filho, Antônio de Pádua Rangel, as dificuldades vividas pela família, residindo inicialmente em um modesto barracão e vendendo doces
Uma das principais avenidas de Cariacica recebeu o nome do ex-deputado federal do Espírito Santo.
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para ajudar o pai operário e a mãe lavadeira. Foi nas andanças para venda dos doces que o jovem Mário Gurgel conheceu uma senhora francesa que lhe ensinou o idioma em troca de tarefas domésticas. E, graças a esse entendimento, anos mais tarde se tornou professor de francês, a língua da época. Em 1950, aos 28 anos, aclimatado na cidade que escolhera para viver, encontrou na atividade política um canal para dar sua contribuição para o melhor destino da comunidade. Em 1951 casou-se com Hely Mendes Ferreira, que conheceu em 1944. (Abro aqui um parêntesis para testemunhar ser Hely Mendes Ferreira uma pessoa extraordinária, que este pesquisador conheceu no Escritório de Representação do Governo do Espírito Santo, em Brasília, entre 1973/74. Vali-me, mais de uma vez, de seus sensatos conselhos sempre que solicitados). Naquele mesmo ano, deu partida à sua carreira política como candidato a vereador, eleito e reeleito em 1954, quando foi escolhido por seus pares para a presidência da Câmara. Em 1955, aos 33 anos de idade, exercendo o magistério, bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Espírito Santo. Entre 1955-1959, ocupou o cargo de oficial de gabinete do governo Francisco Lacerda de Aguiar, “Chiquinho”, licenciando-se da edilidade. Seu voo mais alto ocorreu quando, presidente da Câmara, com o afastamento do então prefeito, Adelfo Poli Monjardim, assumiu os destinos da Prefeitura de Vitória, episódio que se repetiria em 1962, ao se reeleger para a Câmara Municipal. A escolha do seu nome nas urnas da capital evidenciou seu prestígio e popularidade, sempre o mais votado nas duas eleições para vereador por ele disputadas. No ano de 1964, insurgiu-se contra a revolução, tendo sida única voz na Assembleia Legislativa a se rebelar. Em 1966, elegeu-se deputado federal e foi cassado pelo Ato Institucional nº 5. Com os direitos políticos suspensos, passou a vender livros e retornou à advocacia, sem abandonar seus ideais políticos.
GPS -20.333364 -40.368486
Participe da coluna enviando sugestões para enderecodahistoria@nxte.com.br
Em 1979, fundou no Espírito Santo o PDT – Partido Democrático Trabalhista. Como vereador, em 1958, foi fundador da Casa do Menino, destinada a acolher garotos de rua, na Ilha do Príncipe. Na década de 1980 presidiu o Iesbem (Instituto Espírito Santense do Bem-Estar do Menor. Sua vida foi interrompida no dia 4 de janeiro de 1996, aos 78 anos, em consequência de um derrame cerebral a que fora acometido em 1991. A memória de Mário Gurgel foi perpetuada com homenagens. Foram batizadas com seu nome uma importante via pública de Cariacica e uma escola estadual de ensino médio em Jabaeté, Vila Velha. E ainda: registramos que a indicação para nominar extenso trecho da BR-101 de Avenida Mário Gurgel foi iniciativa de outro grande homem público, o inesquecível ex-governador e ex-senador Gérson Camata, brutalmente assassinado em Vitória no fim do ano passado. Copidesque: Rubens Pontes Veja mais fotos na galeria do site: www.esbrasil.com.br.
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LEILA BARROS
POLÍTICA
(Leila do Vôlei), medalhista olímpica e senadora pelo PSB-DF
AS MULHERES E A POLÍTICA DISCREPÂNCIAS DEVEM SERVIR DE COMBUSTÍVEL PARA A LUTA PELA IGUALDADE E PELA LIBERDADE
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pesar de representarmos cerca de 52% do eleitorado nacional, a participação feminina na política ainda é pequena. Segundo dados do Mapa Mulheres na Política de 2019, elaborado pela Procuradoria da Mulher no Senado, a média nacional de presença feminina nos mais de 70 mil cargos eletivos é de apenas 12,32%. No Senado, somos 12 senadoras, o correspondente a 14,8%. E na Mesa Diretora fui a única mulher eleita para integrar uma das 11 vagas. Na Câmara dos Deputados, a representatividade é de 15%. Para conquistar mais espaço na política, as mulheres que demonstram vocação devem ser incentivadas a participar da atividade pública. Além disso, é preciso que as eleitoras se sintam representadas para, assim, acreditar que é possível fazer a diferença na vida da sociedade por meio da política. E esse é um dos meus objetivos no mandato! Dediquei 25 anos à tarefa de representar o Brasil nas quadras. Nesta trajetória, disputei três Olimpíadas, conquistando as duas primeiras medalhas do voleibol feminino brasileiro. Como atleta, aprendi que ninguém conquista nada sozinho. E no Congresso Nacional esse é o sentimento entre as parlamentares da bancada feminina. Deputadas e senadoras, neste início de Legislatura, buscam trabalhar em conjunto para aprovar pautas e desenvolver ações que resultem em leis capazes de proteger e empoderar as mulheres. Pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança, em 2018, evidenciou que as 50
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agressões domésticas precisam ser tratadas com políticas públicas eficientes: 42% das mulheres entrevistadas já sofreram violência em casa. Em fevereiro, aprovamos na Comissão de Direitos Humanos o PLC 94/2018, do qual fui relatora. Essa proposta altera a Lei Maria da Penha, garantindo às autoridades policiais poderes para aplicar medidas protetivas de urgência que visem à segurança de mulheres
É preciso que as eleitoras se sintam representadas e acreditem ser possível fazer a diferença na vida da sociedade por meio da política”
em situação de violência. A mulher não pode ser ameaçada ou agredida em casa e, depois de prestar queixa, sair da delegacia só com o registro da ocorrência. A modificação sugerida, se transformada em lei, pode significar a diferença entre a vida e a morte de um número expressivo de vítimas diariamente agredidas e ameaçadas. Presidi, em 12 de março, uma sessão deliberativa que aprovou pautas prioritárias da
bancada feminina, entre elas o projeto que garante às mães o direito de amamentar em público. Um ato simples que sem a devida regulamentação está sendo reprimido em pleno século 21. Nós, mulheres, conquistamos nosso espaço, mas ainda há muito a ser feito para que, de fato, tenhamos a igualdade obtida. Direitos básicos como ir e vir sem correr o risco de ser assediada. Como atleta e ex-secretária de Esporte do Distrito Federal, recebo relatos frequentes de assédio nas arenas esportivas. Isso motivou a apresentação do meu primeiro projeto de lei (PLS 549/2019). A proposta visa a alterar a Estatuto de Defesa do Torcedor para proibir a incitação e a prática de quaisquer atos de violência ou de assédio contra as mulheres. As mudanças propostas também têm por finalidade proteger mulheres que vão aos estádios para trabalhar, como jornalistas, fisioterapeutas, massagistas e gestoras, entre outras profissionais. Neste mês de março, é fundamental refletirmos sobre os desafios que as mulheres ainda têm pela frente. Um exemplo é a diferença salarial no mercado de trabalho. Dados da Pnad Contínua do IBGE apontam que, em média, elas recebem 20,5% a menos que os homens. Essas discrepâncias, que tanto incomodam, devem servir como combustível para seguirmos unidas, convocando amigos, parentes e parceiros para refletir e lutarmos juntos pela igualdade e pela liberdade.
LEI ORÇAMENTÁRIA
POLÍTICA
APESAR DA COLCHA DE RETALHOS...
Foto: Divulgação
PRESIDENTE KENNEDY
A aprovação do Projeto de Lei Orçamentária 2019 de Presidente Kennedy foi uma batalha do Executivo com o Legislativo local. A oposição, em maioria na Câmara, incluiu diversos tipos de emendas que dificultaram a realização dos trabalhos administrativos para este ano. O resultado foi uma lei aprovada em fevereiro que mais parece uma colcha de retalhos. A prefeitura, por sua vez, encontrou caminhos legais para reverter o quadro e, desde março, está normalizando os investimentos.
RITMO ACELERADO NOVA POLÍTICA
As obras na principal avenida de Presidente Kennedy, a Orestes Bahiense, seguem em ritmo acelerado. A via, que não tinha passado por reforma desde a pavimentação, faz parte de um pacote de investimento em infraestrutura de cerca de R$ 300 milhões. O trecho receberá asfaltamento em 2,3 km – contemplando também as ruas do entorno –, além de ciclovia, rede de iluminação com lâmpadas de LED, tratamento dos barrancos com talude e revegetação, paisagismo, urbanismo e calçadas com pisos podotáteis.
CACHOEIRO FOMENTA LIDERANÇA EM ESTUDANTES Um dos primeiros passos para criação de uma política mais justa e alinhada aos anseios da população passa pelo incentivo para surgimento de novos atores no cenário público. Nessa estratégia, o processo educacional torna-se um grande aliado. Por isso, a Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim promoveu o encontro dos grêmios estudantis das escolas municipais no mês de março. Além dos alunos, acompanharam as atividades membros do Conselho Municipal da Juventude e das equipes das secretarias de Educação e de Desenvolvimento Social locais. Nesse primeiro evento, foram expostas, a 60 adolescentes de 15 unidades de ensino, noções básicas sobre Direitos Humanos.
HOMENAGEM
ARTISTAS REVERENCIADOS COM PLACAS EM AVENIDA Quem passa pela Avenida Alice Coutinho, em Cariacica, encontra placas simbólicas com o rosto e uma breve descrição de pessoas que movimentam a área cultural do município. A secretária de Cultura, Maria Zalém, disse que essa foi uma forma de homenagear as personalidades. “Fizemos o mapa artístico da cidade e vimos o quão rico é o universo de fazedores artísticos daqui”, afirma. Estão nessa lista os congueiros Mestra Darinha e Mestre Prudêncio, a artesã Dona Antônia, o fotógrafo Cláudio Postay e mais 16 fomentadores. TRANSPARÊNCIA
Foto: Mariana Natalli Montenegro Venturin
Uma delegação do Tribunal Administrativo de Moçambique, entidade correspondente ao Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES), foi recebida na Prefeitura de Cariacica para conhecer os procedimentos de transparência e controle interno da administração local. A indicação do município como exemplo foi iniciativa do conselheiro Sebastião Carlos Ranna, que citou a cidade como uma das que mais avançaram nesses quesitos nos últimos anos. O grupo africano era composto por seis delegados, que antes tiveram uma agenda ampla no próprio TCE-ES.
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CARIACICA VIRA REFERÊNCIA PARA MOÇAMBIQUE
NEGÓCIOS
EXPOSUL RURAL 2019 MOVIMENTA CACHOEIRO Maior evento capixaba do setor agropecuário, a ExpoSul Rural deve trazer bons resultados para o município de Cachoeiro de Itapemirim. A feira vai ocorrer de 10 a 14 de abril, no Parque de Exposições. Cerca de 350 expositores, entre instituições, empresas, criadores e agricultores familiares, estarão presentes para mostrar seus produtos e serviços. Uma das novidades deste ano será um espaço dedicado a tecnologias, com estandes de startups do agronegócio. Mais detalhes podem ser conferidos no site www.exposulrural.com.br. 52
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SAÚDE
Em audiência pública realizada na Câmara de Vereadores de Vila Velha, o secretário municipal de Saúde, Jarbas de Assis, expôs como estão as obras de quatro novas unidades, localizadas nos bairros Divino Espírito Santo, Vila Batista (ambas em fase de ordem de serviço), São Torquato e Ataíde (em etapa de licitação). Outras pautas foram a publicação do contrato da Unidade de Pronto Atendimento de Riviera da Barra, que estava parada e era a maior reivindicação das comunidades da região da Grande Terra Vermelha, e a retomada do processo de construção do Centro de Atendimento Psicossocial Infantojuvenil (Caps I) de Jabaeté. “Todas as seis unidades citadas têm prazo de entrega para o próximo ano”, confirmou o secretário. Foto: Divulgação
Foto: Leonardo Silveira
VILA VELHA AMPLIA REDE DE SAÚDE ATÉ 2020
ENERGIA LIMPA
USINA SOLAR DA CAPITAL APRESENTA PROJEÇÃO PARA O ANO Localizada na Praça do Papa, a Usina Solar de Vitória deve produzir neste ano 120 mil kWz. O dado foi divulgado pela prefeitura local, ao revelar que o número representará cerca de R$ 36 mil a serem abatidos no sistema de iluminação pública da capital. Concluída em janeiro, a estrutura funciona com 540 placas solares. A energia, gerada de forma sustentável e com baixo custo de operação e manutenção, traz economia para a cidade, sendo usada nas luminárias das vias e logradouros públicos.
MOTOS
VIANA SERÁ INVADIDA POR MUITA ADRENALINA Apaixonados por aventura e adrenalina podem comemorar. Em julho será realizada a terceira edição do Viana Adventure. No dia 13, os atletas participam das provas pelo enduro de regularidade nas motocicletas e pelo trail run (corrida a pé). Já no segundo dia, além de mais uma etapa do enduro, a Mountain Bike XCM entra em cena. As inscrições para participar da competição podem ser feitas pelo site www.vianaadventure.com.br. AMUNES
GILSON DANIEL NO COMANDO DA AMUNES
ESCOLAS DE VITÓRIA RECEBERÃO ATÉ 110 MIL LIVROS O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) enviou para as unidades de ensino de Vitória cerca de 90 mil livros didáticos em março. O órgão é o responsável por adquirir e distribuir material para todos os estudantes do Brasil. A previsão é que sejam entregues 110 mil. Enquanto não chega o número total esperado, as atividades de ensino seguem normalmente com a adoção de alternativas pedagógicas como pesquisas e dispositivos tecnológicos e uso dos livros do ano anterior, no caso das disciplinas faltantes.
INCLUSÃO
BICICLETAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS O Bike VV, sistema de bicicletas compartilhadas em Vila Velha, disponibiliza modelos “pedalados” pelas mãos, oferecendo a experiência da bike para pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida, desde o dia 17 de março. Até o momento, são duas unidades em operação, somadas a outras 20 direcionadas às necessidades inclusivas. “Vila Velha é a única cidade do Brasil que possui um sistema adaptado. Atendemos pessoas com deficiência visual, idosos, pessoas com mobilidade reduzida e, agora, temos as handbikes”, comemorou o secretário municipal de Administração, Rafael Gumiero. Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
A Associação dos Municípios do Estado do Espírito Santo (Amunes) tem novo comando para o biênio 2019-2021. Em 1º de abril, o prefeito de Viana, Gilson Daniel (Podemos), assumiu a presidência com uma missão nada fácil para a equipe gestora. Já em 2020, haverá cidades capixabas que não receberão verbas federais – para saneamento e para mobilidade urbana, por exemplo – caso não façam seus planejamentos. “Vamos colocar a ‘mão nessa cumbuca’ e trabalhar exaustivamente para não haver perda de arrecadação”, explicou.
APRENDIZADO
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ESTILO COR DE 2019
APOSTE NO CORAL! Como todos os anos, uma cor vira tendência fashion, e na maquiagem não é diferente. Em 2019, o living coral (algo como coral vivo) foi eleito pela Pantone – instituto internacional responsável por apontar as cores que serão usadas no período – para predominar. O tom escolhido transita entre o rosa, o alaranjado e até mesmo o vermelho. É vibrante, alegre, mas ainda assim suave. A escolha da Cor do Ano é um processo que requer decisões muito ponderadas e uma análise de tendências consistente. Para chegar à decisão a cada ano, os experts do Pantone Color Institute analisam detalhadamente o mundo inteiro procurando por novas influências. “Consumidores que anseiam por interações humanas e conectividade social, encontram nas qualidades humanas e agradáveis da Pantone Living Coral, uma resposta perfeita”, disse a diretora executiva do Pantone Color Institute, Leatrice Einseman.
MODA
JEANS ASSIMÉTRICO EM ALTA Parece que a dúvida sobre a modelagem de jeans do momento, se skinny ou flare, tem seus dias contados. Os estilistas estão apostando na peça assimétrica como tendência para 2019. Visualmente chocante, a calça criada pela dupla Ksenia e Anton Schnaider já é sucesso entre as celebridades: um lado é oversized (amplo alinhado ao conforto) e o outro é elegantemente estreito. O modelo, à venda por U$ 377 (cerca de R$ 1.300), está disponível para encomenda no site da marca.
BEACH WEAR
BIQUÍNIS QUE FAZEM A CABEÇA Calor combina com sol e mar. Nas praias brasileiras, quatro estilos estão dominando as areias. Para começar, o neon (foto), que veio para marcar. Em tons amarelos, laranjas, verdes e rosas, os modelos alegram qualquer visual. A moda do crochê voltou, e diversas marcas têm reproduzido essa arte, transformando a moda praia em um verdadeiro desfile a céu aberto. Diversas nuances vêm fazendo do laranja a cor preferida das brasileiras antenadas, perfeita para o alto-astral da estação. Para finalizar, os biquínis em formato de concha, tão curiosos e improváveis, estão caindo cada vez mais no gosto popular. 54
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ACESSÓRIOS
ALICIA KEYS PARA EMILIO PUCCI A cantora Alicia Keys apostou em um lenço com as tradicionais estampas Emilio Pucci para dar um charme a mais ao look escolhido para apresentar o 61° Grammy Awards, que aconteceu em 10 de fevereiro, em Los Angeles, EUA. O tecido leve da peça permite grande versatilidade na hora de montar o visual, seja em composições com mix de estampas, seja em versões color block. Com vários estilos de amarrações, é possível criar propostas versáteis, que transitam com facilidade entre dias de verão e noites muito especiais.
TENDÊNCIA
O QUE ESPERAR PARA O INVERNO? O verão chegou ao fim, e as temperaturas tendem a cair. Por isso, as apostas para o inverno estão sendo as mais diferenciadas. Para a estação mais fria do ano, podemos esperar uma mescla interessante entre itens básicos, como calças jeans de corte reto e peças extravagantes com muito brilho. A Fórum traz os modelos drapeados em lugares estratégicos, como cintura marcada com amarrações e cós colocado, compostos também por brilho e luminosidade aplicados nas peças. Já a Dudalina (foto) lançou uma coleção com camisas produzidas em linho no tom liso e, em diversas estampas, incluiu o xadrez, sempre hit da temporada, principalmente para os homens, por ser referência em classe.
MOTORES
PEUGEOT 208 VERSÃO ELÉTRICA A Peugeot apresentou a nova versão do 208, equipado com um motor 100% elétrico de 136 cavalos de potência e 26,5 kgfm de torque disponíveis de forma integral. A autonomia é de até 450 km. O modelo é ainda o marco da empresa no segmento dos veículos elétricos, pois leva cerca de 16 horas para carga completa em uma tomada doméstica e, em um posto de recarga público, chega a 80% de sua carga em 30 minutos. A dianteira recorda o sedã grande 508, com faróis full led que destacam uma grande barra iluminada que desce pelo para-choque, como um dente de um leão.
PNEUS APOLLO 14 COMPLETAM 48 ANOS A Goodyear relembrou o lançamento dos pneus XLT, criados exclusivamente para a missão Apollo 14 MET (Modularized Equipment Transporter), que ingressou no dia 31 de janeiro de 1971. Os pneus, que contavam com características próprias, demoraram cerca de 10 anos para ficar prontos. Isso porque eram inflados com nitrogênio, e não com oxigênio, para minimizar o risco de incêndio. A capacidade era de 60 libras lunares, equivalentes a 360 libras na Terra, o que evitava riscos de perfuração por pedras e ainda permitia a flutuação da aeronave no satélite. Com 40,64 centímetros de altura e 10,16 centímetros de largura, pesava menos de 1,3 quilo e suportava temperaturas entre -29,4 e 121 graus Celsius.
PRIMEIRO HÍBRIDO DA ALFA ROMEO A Alfa Romeu apresentou no Salão de Genebra, na Suíça, entre 7 e 17 de março, o conceito do Tonale, cuja versão final será lançada em 2020. O modelo é o primeiro SUV compacto e marca a estreia da tecnologia híbrida plug-in na gama da marca italiana. Detalhes mecânicos ainda não foram divulgados, entretanto, um motor à combustão na dianteira e outro na traseira formam um sistema elétrico de tração nas quatro rodas. Além disso, o veículo lembra outros já lançados: as rodas são inspiradas nas usadas pelo 33 Stradale da década de 1960; os faróis afilados e os três canhões remontam aos do Brera de 2005 e do SZ da década de 1990; e as formas homenageiam o Disco Volante de 2013 e o Duetto, também dos anos 60.
MOTOR DE FUSCA EM MADEIRA O finlandês Tommi Rajala teve uma ideia inovadora ao produzir uma réplica toda em madeira do motor VW a ar usado em um Fusca. Mesmo que não funcione, ele construiu um propulsor em seus detalhes, esculpindo das válvulas às velas de ignição, passando até pelos componentes do distribuidor. O nível de detalhamento foi tão grande que é possível encaixar perfeitamente as peças originais no lugar das réplicas de madeira. O trabalho completo e as fotos do motor podem ser conferidos no site da ES Brasil.
PRIMEIRO VEÍCULO ESPACIAL O primeiro veículo espacial israelense decolou no dia 21 de fevereiro com destino à Lua, onde recolherá dados sobre a formação do satélite. O lançamento ocorreu às 20h45 (22h45 no horário de Brasília) em Cabo Canaveral, na Flórida, Estados Unidos. Batizado de Bereshit (Gênesis, em hebreu), a aeronave de 585 quilos foi enviada ao espaço pelo foguete Falcon 9, da companhia americana SpaceX. Está equipada com instrumentos para medir o campo magnético e coletar informações, que serão transmitidas à Nasa. A previsão é que pouse em 11 de abril.
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JOÃO FALQUETO
ARTIGO
é presidente da Associação Capixaba de Supermercados (ACAPS)
QUANDO TODOS GANHAM O QUE O PAÍS ESPERA É QUE AS REFORMAS, NECESSÁRIAS E URGENTES, SEJAM FEITAS, ABRINDO O CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO
A
o longo dos anos e passando pelas inúmeras crises que o Brasil enfrentou, o setor de supermercados tem se mostrado um dos mais dinâmicos segmentos da economia capixaba, um dos mercados de varejo mais disputados do Brasil e onde a concorrência se dá, em sua maior parte, entre empresas locais, estruturadas para oferecer o melhor a seus clientes. O que passou, no entanto, é história. O setor olha à frente com um otimismo moderado, acreditando que o atual Governo conseguirá fazer as reformas tão necessárias ao crescimento econômico e desenvolvimento do Brasil. Este sentimento é que está alavancando novos investimentos em novas lojas, com pelo menos 12 delas previstas para este ano. Mas não só nelas, já que as empresas estão sempre investindo em melhorias de suas instalações, na aquisição de novos e mais modernos equipamentos, em treinamento de pessoas e na interação com as comunidades onde estão instaladas. Este dinamismo, histórico e que se mantém, é que fornece os significativos números gerados pelo setor, cujo investimento em 2019 deve chegar aos 14 56
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bilhões de reais, garantindo mais de 130 mil empregos diretos e indiretos. Os supermercados são, ainda, um dos grandes contribuintes do Espírito Santo, o que significa fornecer ao Estado meios de atender os capixabas. E isso sem contar que a malha de supermercados se faz presentes em todos
Os supermercados são, ainda, um dos grandes contribuintes do Espírito Santo, o que significa fornecer ao Estado meios de atender os capixabas”
os municípios e são neles que os capixabas se abastecem. O cenário traçado, no entanto, pode ser muito mais favorável. Mas para que a melhoria que todos desejam ocorra é preciso de ações do Estado. O primeiro passo, sem dúvida, são as reformas estruturais, que devem, necessariamente, incluir a reforma tributária,
inclusive para simplificar o processo tributário e dar a ele mais transparência, não só para as empresas, mas para o contribuinte, de modo geral. Há tempos o setor clama por estas reformas, por serem benéficas a todos. Também há longo tempo – e vencendo as maiores crises nacionais – o setor vem buscando o equilíbrio, racionalizando custos e trabalhando por maior eficiência. E foi adotando estas vertentes que se tornou competitivo, pode investir, ampliar o atendimento à população, crescer e conquistar a importância que tem hoje. Nós, do setor, fizemos o dever de casa! Resta, agora, o Estado em todos os seus níveis, fazer o dele, e o primeiro passo é a aprovação de reformas que tirem o Brasil e a economia da atual situação de letargia. Ao sair dela, o país ganha – e como consequência, todos os que estão nele, incluindo as empresas. O que o país espera – e nele se inclui o setor capixaba de supermercados – é que as reformas, necessárias e urgentes, sejam feitas, abrindo caminho ao desenvolvimento, que irá melhorar o ambiente empresarial e a condição do brasileiro que terá mais emprego e mais renda. É uma situação em que todos ganham.
essas MULHERES
FABRICIA KIRMSE
essasmulheres@nxte.com.br
E
sta é uma coluna dedicada às mulheres. Essas que são filhas, mães, esposas e ainda dão conta de suas tarefas profissionais com charme, competência e uma sensibilidade que só elas têm!
EU FUI JULGADA Aqui, não cabe dizer o motivo. O fato é que fui julgada. Indevidamente. Mas isso não faz a menor diferença em tempos de tão pouco amor. As pessoas acreditam no que elas querem. Não se iluda. Podemos tentar provar que não é verdade, mas, à nossa revelia e a despeito da realidade, a condenação, na vida, vem geralmente bem antes dos argumentos. Não há o mínimo esforço para se colocar na pele do outro. Nem ouvi-lo. Fiquei pensando em quantas vezes julguei alguém de forma injusta e quantas vezes alguém me julgou sem nada saber da minha vida. Vivemos em um insano tribunal constante (e intolerante). Julgar é um ato aleatório. Julgamos crianças, jovens, mulheres, homens, velhos, mas, na maioria das vezes, é ao mesmo tempo um processo seletivo. Uma escolha, puramente. Julgamos mais quem temos menos afinidades. Somos mais cruéis com os que gostamos menos. Quanto, de fato, sabemos de uma pessoa para garantir que temos de suas atitudes algum conhecimento definitivo? Julgar é uma baita armadilha. Há grandes chances de criarmos histórias sobre alguém que estão bem longe da realidade. Alerta de risco elevado de injustiça. É o nosso ego, quase sempre, que move nossos julgamentos. Consciente ou inconscientemente, precisamos nos sentir melhores do que outros ou mesmo deixar claro que não aprovamos esse ou aquele comportamento. Afinal, somos deuses da moral e da verdade. É duro ser julgado. Julgar é (humanamente) desumano. Vou seguir tentando julgar cada dia menos e olhar cada vez mais para mim mesma. É da minha vida que devo cuidar. Exercício difícil, mas muito necessário. Julgando, fechamos portas para a empatia. Sem empatia, o mundo se torna cada dia mais insuportável... para todos. E este texto, feito quase à meia-noite, é para eu não me esquecer nunca disso.
EXERCÍCIO Toda vez que criamos uma ideia sobre alguém, é importante fazer uma reflexão. Por que estou julgando essa pessoa dessa forma? Tem algo nela que me incomoda e está interferindo no que penso? O que há nela (ou mesmo em mim), de fato, que está me levando a ter ideias tão nocivas? Será um prejulgamento, com base nas minhas próprias vivências? Tire esse tempo para analisar e verá como sua opinião pode mudar. A vida fica mais leve. Vale a pena exercitar.
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PERSISTÊNCIA O que alimenta nossos julgamentos, geralmente, são nossas experiências anteriores e algumas características de nossa personalidade. Com base nessas “informações” prévias, costumamos rotular as pessoas que nos rodeiam de acordo com nossas próprias regras. Mas esses julgamentos nem sempre estão de acordo com a realidade. Julgar quase sempre leva ao erro. Por isso, é fundamental um esforço contínuo de não fazer análises precipitadas de quem se aproxima de nós. O segredo é persistir no exercício de empatia e respeito pelo outro. Como bem dizia minha mãe: coração alheio é terra que ninguém anda.de crimes ambientais como este é incalculável.
IVO NOGUEIRA DIAS
A AMANTE EM NOSSA CASA
A
lguns anos depois que nasci, meu pai conheceu uma estranha recém-chegada à nossa pequena cidade. Desde o princípio, ele ficou fascinado com essa encantadora novata e, em seguida, convidou-a para morar com gente. • A estranha aceitou e, pasmem, minha mãe também!!! • Enquanto eu crescia, na minha mente jovem ela já tinha um lugar muito especial. Minha mãe me ensinou o que era bom e o que era mau, e meu pai me ensinou a obedecer. • Mas a estranha era mais forte, nos encantava por horas falando de aventuras e mistérios. • Ela sempre tinha respostas para qualquer coisa que quiséssemos saber. • Conhecia tudo do passado, do presente e até podia predizer o futuro! O chato é que não podíamos discordar dela. Ela sempre tinha a última palavra!!! • Foi ela quem levou minha família ao primeiro jogo de futebol. • Fazia a gente rir e chorar. • A estranha quase nunca parava de falar, mas o meu pai a amava. Tinha até ciúmes. Mandava a gente ficar em silêncio para poder ouvi-la. • Muitas vezes levava-a para o quarto e dormia com ela. Minha mãe não gostava, mas aceitava. • Agora me pergunto se minha mãe teria rezado alguma vez para que ela fosse embora. • Meu pai dirigia nosso lar com fortes convicções morais, mas a estranha não se sentia obrigada a segui-las...
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• As brigas e os palavrões em nossa família não eram permitidos, nem para nossos amigos ou para qualquer um que nos visitasse. • Entretanto, ela usava sua linguagem inapropriada, que às vezes queimava meus ouvidos e que fazia meu pai e minha mãe se ruborizar. • Meu pai nunca nos deu permissão para tomar álcool e fumar, mas ela nos incentivava, dizia que isso nos destacava na sociedade. • Falava livremente (talvez demasiado) sobre sexo. • Agora sei que meus conceitos sobre relações foram influenciados fortemente durante minha adolescência por ela. • Muitas vezes a gente a criticava, mas ela não se importava e não ia embora da nossa casa. Mas também a gente era conivente com toda esta situação. • Passaram-se mais de 50 anos desde que a estranha veio para nossa família. • Desde então ela mudou muito, mas ainda continua jovem, prática, bonita e elegante, cada vez mais moderna e repleta de atualizações. • Está lá em casa, tranquila, esperando que alguém queira escutar suas conversas ou dedicar seu tempo livre a fazer-lhe companhia, admirá-la. • Seu nome? Televisão, assim a chamamos! Mais conhecida por TV. • Agora ela arranjou um marido que se chama Computador, e já tiveram um filho que se chama Smartphone, e um netinho de nome Tablet. • A estranha agora tem uma família pra nos envolver a todo momento. • E a nossa? Cada um mais distante do outro....