Publicação Oficial do Sistema Findes • Maio/Junho 2015 • Distribuição gratuita • nº 318 • IMPRESSO
Inovação Estímulo para crescer mais forte
Entrevista José Eduardo Azevedo fala sobre desenvolvimento Indústria Os impactos do fim da desoneração
Terceirização Mais segurança e competitividade para todos
Expediente
Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo – Findes Presidente: Marcos Guerra 1º vice-presidente: Gibson Barcelos Reggiani Vice-presidentes: Aristoteles Passos Costa Neto, Benízio Lázaro, Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi, Elder Elias Giordano Marim, Egidio Malanquini, Houberdam Pessotti, Leonardo Souza Rogerio de Castro, Manoel de Souza Pimenta Neto, Sebastião Constantino Dadalto 1º diretor administrativo: José Augusto Rocha 2º diretor administrativo: Sérgio Rodrigues da Costa 1º diretor financeiro: Tharcicio Pedro Botti 2º diretor financeiro: Ronaldo Soares Azevedo 3º diretor financeiro: Flavio Sergio Andrade Bertollo Diretores: Almir José Gaburro, AtilioGuidini, Elias Cucco Dias, Emerson de Menezes Marely, EnnioModenesi Pereira II, Jose Carlos Bergamin, José Carlos Chamon, Luiz Alberto de Souza Carvalho, Luiz Carlos Azevedo de Almeida, Luiz Henrique Toniato, Loreto Zanotto, Mariluce Polido Dias, NevitonHelmer Gasparini, Ocimar Sfalsin, OrtêmioLocatelli Filho, Ricardo Ribeiro Barbosa, Samuel Mendonça, Sérgio Rodrigues da Costa, Silésio Resende de Barros, TullioSamorini, Vladimir Rossi Superintendente corporativo: Marcelo Ferraz Goggi Conselho Fiscal Titulares: Bruno Moreira Balarini, EdnilsonCaniçali, José Angelo Mendes Rambalducci Suplentes: Adenilson Alves da Cruz, Antonio Tavares Azevedo de Brito, Fábio Tadeu Zanetti Representantes na CNI Titulares: Marcos Guerra, Gibson Barcelos Reggiani Suplentes: Lucas Izoton Vieira, Leonardo Souza Rogerio de Castro Serviço Social da Indústria – Sesi Presidente do Conselho Regional: Marcos Guerra Representantes do Ministério do Trabalho Titular: Alessandro Luciani Bonzano Comper Suplente: Alcimar das Candeias da Silva Representante do Governo: Orlando Bolsanelo Caliman Representantes das atividades industriais Titulares: Altamir Alves Martins, Sebastião Constantino Dadalto, Jose Carlos Bergamin, Gibson Barcelos Reggiani Suplentes: Leonardo de Souza Rogerio de Castro, Sergio Rodrigues da Costa, Valkinéria Cristina Meirelles Bussular, Houberdam Pessotti Representantes da categoria dos trabalhadores da indústria Titular: Lauro Queiroz Rabelo Suplente: Flaviano Rabelo Aguiar Superintendente: Luis Carlos de Souza Vieira Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai Presidente do Conselho Regional: Marcos Guerra Representantes das atividades industriais Titulares: Benízio Lázaro, Wilmar Barros Barbosa, Almir José Gaburro, Luciano RaizerMoura Suplentes: Ronaldo Soares Azevedo, NevitonHelmer Gasparini, Clara Thais Resende Cardoso Orlandi, Manoel de Souza Pimenta Neto Representantes do Ministério do Trabalho Titular: Alessandro Luciani Bonzano Comper Suplente: Alcimar das Candeias da Silva Representante do Ministério da Educação Titular: aguardando indicação do MEC Suplente: Ronaldo Neves Cruz Representantes da categoria dos trabalhadores da indústria Titular: aguardando indicação Senai/DN Suplente: aguardando indicação Senai/DN Diretor-regional: Luis Carlos de Souza Vieira
4
Indústria Capixaba – Findes
Centro da Indústria no Espírito Santo – Cindes Presidente: Marcos Guerra 1º vice-presidente: Gibson Barcelos Reggiani 2º vice-presidente: Aristoteles Passos Costa Neto 3º vice-presidente: Houberdam Pessotti Diretores: Cristhine Samorini, Ricardo Augusto Pinto, Edmar Lorencini dos Anjos, Altamir Alves Martins, Rogério Pereira dos Santos, Zilma Bauer Gomes, Alejandro Duenas, Ana Paula Tongo da Silva, Antonio Tavares Azevedo de Brito, Bruno do Espírito Santo Brunoro, Celso Siqueira Júnior, Eduarda Buaiz, Gervásio Andreão Júnior,Helio de Oliveira Dórea, Julio Cesar dos Reis Vasconcelos, Raphael Cassaro Machado. Conselho Consultivo: Oswaldo Vieira Marques, Helcio Rezende Dias, Sergio Rogerio de Castro, José Bráulio Bassini, Fernando Antonio Vaz, Lucas Izoton Vieira, Marcos Guerra Conselho Fiscal: Joaquim da Silva Maia, Gilber Ney Lorenzoni, Hudson Temporim Moreira, Ennio Edmyr Modenesi Pereira, Marcondes Caldeira, Sante Dassie. Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo – Ideies Presidente do Conselho Técnico do Ideies: Marcos Guerra Membro representante da Diretoria Plenária da Findes: Egidio Malanquini Membro Representante do Setor Industrial: Benízio Lázaro Membro efetivo representante do Senai-ES: Luis Carlos de Souza Vieira Membro efetivo representante do Sesi-ES: Yvanna Miriam Pimentel Moreira Representantes do Conselho Fiscal - Membros efetivos: Tullio Samorini, José Carlos Chamon, José Domingos Depollo Representantes do Conselho Fiscal - Membros suplentes: José Ângelo Mendes Rambalducci, Luciano Raizer Moura, Houberdam Pessotti Representante da Comunidade Científica Acadêmica e Técnica: João Luiz Vassalo Reis Diretor-executivo do Ideies: Antonio Fernando Doria Porto Instituto Euvaldo Lodi – IEL Diretor-regional: Marcos Guerra Conselheiros: Luis Carlos de Souza Vieira, Maria Auxiliadora de Carvalho Corassa, Lúcio Flávio Arrivabene, Geraldo Diório Filho, Sônia Coelho de Oliveira, Rosimere Dias de Andrade, Antonio Fernando Doria Porto, Vladimir Rossi, José Bráulio Bassini Conselho Fiscal: Egídio Malanquini, Tharcicio Pedro Botti, Almir José Gaburro, Loreto Zanotto, Rogério Pereira dos Santos Superintendente: Fábio Ribeiro Dias Instituto Rota Imperial – IRI Diretor-geral: Marcos Guerra Diretores: Manoel de Souza Pimenta Neto, Alejandro Duenas, Paulo Henrique Teodoro de Oliveira, Vladimir Rossi Conselho Deliberativo Titulares: Baques Sanna, Alejandro Duenas, Fernando Schneider Kunsch, Maely Coelho, Eustáquio Palhares, Roberto Kautsky, Associação Montanhas Capixabas Turismo e Eventos, Instituto Jutta Batista da Silva, AdeturMetropolitana Suplentes: Jorge DeocézioUliana, TullioSamorini, João Felício Scardua, Manoel de Souza Pimenta Neto, Adenilson Alves da Cruz, Tharcicio Pedro Botti, Henrique Denícoli, Helina Cosmo Canal, Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região do Caparaó, Associação Leopoldinense de Turismo, Agrotures, Leandro Carnielli, Associação Turística de Pedra Azul, Fundação Máximo Zandonadi Membros natos: Lucas Izoton Vieira, Sergio Rogerio de Castro, Ernesto Mosaner Júnior, Aristoteles Passos Costa Neto Conselho Fiscal Efetivos: Flavio Sergio Andrade Bertollo, Raphael Cassaro, Edmar dos Anjos Suplentes: Celso Siqueira, Valdeir Nunes, Gervásio Andreão Júnior
Condomínio do Edifício Findes (Conef) Presidente: Marcelo Ferraz Goggi Câmaras Setoriais Industriais e Conselhos Temáticos (Consats) Coordenador-geral: Gibson Barcelos Reggiani Câmaras Setoriais Industriais Câmara Setorial das Indústrias de Alimentos e Bebidas Presidente: Claudio José Rezende Câmara Setorial das Indústrias de Base e Construção Presidente: Wilmar dos Santos Barroso Filho Câmara Setorial da Indústria de Materiais da Construção Presidente: Houberdam Pessotti Câmara Setorial das Indústrias de Mineração Presidente: Samuel Mendonça Câmara Setorial da Indústria Moveleira Presidente: Luiz Rigoni Câmara Setorial da Indústria do Vestuário Presidente: Jose Carlos Bergamin Conselhos Temáticos Conselho Temático de Assuntos Legislativos (Coal) Presidente: Paulo Alfonso Menegueli Conselho Temático de Comércio Exterior (Concex) Presidente: Marcílio Rodrigues Machado Conselho Temático de Desenvolvimento Regional (Conder) Presidente: Áureo Vianna Mameri Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) Presidente: Sebastião Constantino Dadalto Conselho Temático de Meio Ambiente (Consuma) Presidente: Wilmar Barros Barbosa Conselho Temático de Micro e Pequena Empresa (Compem) Presidente: Flavio Sergio Andrade Bertollo Conselho Temático de Política Industrial e Inovação Tecnológica (Conptec) Presidente: Franco Machado Conselho Temático de Relações do Trabalho (Consurt) Presidente: Haroldo Olívio Marcellini Massa Conselho Temático de Responsabilidade Social (Cores) Presidente: Sidemberg Rodrigues Conselho Temático de Educação (Conedu) Presidente: Luciano Raizer Moura Conselho Temático de Energia (Conerg) Presidente: Nélio Rodrigues Borges Diretorias Regionais Diretoria da Findes em Anchieta e região Vice-presidente institucional da Findes: Fernando Schneider Kunsch Diretoria da Findes em Aracruz e região Vice-presidente institucional da Findes: João Baptista Depizzol Neto Núcleo da Findes em Barra de São Francisco e região Vice-presidente institucional da Findes: Não definido Diretoria da Findes em Cariacica e Viana Vice-presidente institucional da Findes: Rogério Pereira dos Santos Diretoria da Findes em Cachoeiro de Itapemirim e região Vice-presidente institucional da Findes: Áureo Vianna Mameri Diretoria da Findes em Colatina e região Vice-presidente institucional da Findes: Manoel AntonioGiacomin Núcleo da Findes em Guaçuí e região: Vice-presidente institucional da Findes: Bruno Moreira Balarini Diretoria da Findes em Linhares e região Vice-presidente institucional da Findes: Paulo Joaquim do Nascimento Núcleo da Findes em Nova Venécia e região Vice-presidente institucional da Findes: José Carnieli Núcleo da Findes em Santa Maria de Jetibá e região Vice-presidente institucional da Findes: Não definido
Núcleo da Findes em São Mateus e região Vice-presidente institucional da Findes: Nerzy Dalla Bernardina Junior Diretoria da Findes em Serra: Vice-presidente institucional da Findes: José Carlos Zanotelli. Núcleo da Findes em Venda Nova do Imigrante e região Vice-presidente institucional da Findes: Sérgio Brambilla Diretoria da Findes em Vila Velha Vice-presidente institucional da Findes: Vladimir Rossi Diretoria da Findes em Vitória Vice-presidente institucional da Findes: Não definido Diretores para Assuntos Específicos e das Entidades Diretor para Assuntos do Fortalecimento Sindical e da Representação Empresarial: Egidio Malanquini Diretor para Assuntos Tributários: Leonardo Souza Rogerio de Castro Diretor para Assuntos de Capacitação e Desenvolvimento Humano: Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi Diretor para Assuntos de Marketing e Comunicação: Eugênio José Faria da Fonseca Diretor para Assuntos de Desenvolvimento da Indústria Capixaba: Paulo Roberto Almeida Vieira Diretor para Assuntos de Políticas Públicas Industriais: Paulo Alexandre Gallis Pereira Baraona Diretor para Assuntos de Relações Internacionais: Rodrigo da Costa Fonseca Diretor para Assuntos do IEL: Aristoteles Passos Costa Neto Diretor para Assuntos do Ideies/CAS: EgidioMalanquini Diretor para Assuntos do Cindes: Aristoteles Passos Costa Neto Diretor para Assuntos do IRI: Adenilson Alves da Cruz Diretor para Assuntos do Sesi: Jose Carlos Bergamin Diretor para Assuntos do Senai: Benízio Lázaro Sindicatos da Findes e respectivos presidentes Sinduscon: Aristoteles Passos Costa Neto | Sindipães: Luiz Carlos Azevedo de Almeida Sincafé: Egidio Malanquini | Sindmadeira: Luiz Henrique Toniato Sindimecânica: Ennio Modenesi Pereira II | Siges: João Baptista Depizzol Neto Sinconfec: Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi Sindibebidas: Sérgio Rodrigues da Costa | Sindicalçados: Altamir Alves Martins Sindifer: Manoel de Souza Pimenta Neto | Sinprocim: Pablo José Miclos Sindutex: Mariluce Polido Dias | Sindifrio: Elder Elias Giordano Marim Sindirepa: Wilmar Barros Barbosa | Sindicopes: José Carlos Chamon Sindicacau: Gibson Barcelos Reggiani | Sindipedreiras: Loreto Zanotto Sindirochas: Samuel Mendonça | Sincongel: Paulo Henrique Teodoro de Oliveira Sinvesco: Fábio Tadeu Zanetti | Sindimol: Alvino Pessoti Sandis Sindmóveis: OrtêmioLocatelli Filho | Sindimassas: Levi Tesch Sindiquímicos: Elias Cucco Dias | Sindicer: Ednilson Caniçali Sindinfo: Luciano Raizer Moura| Sindipapel: Glaucio Antunes de Paula Sindiplast: Neviton Helmer Gasparini | Sindibores:Silésio Resende de Barros Sinvel:Delson Assis Cazelli | Sinconsul: Bruno Moreira Balarini Sindilates: Claudio José Rezende | Sindipesca: Mauro Lúcio Peçanha de Almeida Sindividros: Arisson Rodrigues Ferreira | Sinrecicle: Romário José Correa de Araújo
Maio/Junho 2015 ▪ 318
5
Nesta Edição
10
Cenário Um dos temas mais discutidos no país nas últimas semanas, o PLC 30/2015, que trata de regras para a terceirização de trabalhadores, divide opiniões na sociedade. Saiba o que realmente muda com esse projeto, os seus desdobramentos, e como a proposta beneficia a indústria.
ENTREVISTA
34
26
O secretário de Estado de Desenvolvimento, José Eduardo Azevedo, fala sobre os desafios da Pasta, o incentivo ao empreendedorismo, a questão de crédito para desenvolver a indústria, e o planejamento e as expectativas de obras que impulsionarão o crescimento do Espírito Santo.
Especial Vitória foi apontada por um relatório de um conceituado periódico internacional como uma das cidades de porte médio que mais atraem investimentos estrangeiros nas Américas. Confira os segredos da capital capixaba e como replicar esses pontos fortes em outros municípios do Estado.
Gestão 46 Como motivar os trabalhadores ? O que a empresa ganha ao estimular a sua equipe? Esse incentivo é algo que é levado em consideração nas indústrias do Espírito Santo? Veja a diferença que um ambiente com grande força motivacional pode trazer para os negócios.
6
Indústria Capixaba – Findes
30
Edição nº 318 Maio/Junho 2015
Indústria O Governo Federal quer acabar com a desoneração da folha de pagamento. Para a indústria, a medida poderá resultar em aumento de custos na produção, menos competitividade, crescimento do desemprego e fragilização da economia.
57
Publicação oficial do Sistema Findes Maio/Junho – 2015 • nº 318 Conselho Editorial – Marcos Guerra, Gibson Barcelos Reggiani, Sebastião Constantino Dadalto, Aristoteles Passos Costa Neto, Luis Carlos de Souza Vieira, Elcio Alves, Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi, Jose Carlos Bergamin, Egidio Malanquini, Benízio Lázaro, Eugênio José Faria da Fonseca, Annelise Lima, Fábio Ribeiro Dias, Antonio Fernando Doria Porto, Marcelo Ferraz Goggi, Cintia Dias e Breno Arêas. Jornalista responsável – Breno Arêas (MTB 2933/ES) Apoio técnico – Assessoria de Comunicação da Findes Jornalistas: Evelyn Trindade, Fábio Martins, Fernanda Neves, Natália Magalhães, Rafael Porto e Milan Salviato Gerente de Marketing: Cintia Dias Coordenação: Breno Arêas
Caso de Sucesso Tradicional no mercado de rochas ornamentais, a Revest Stone Design trouxe mais requinte para o setor e é hoje referência em qualidade e bom gosto. Confira a trajetória da empresa, liderada pelo empreendedor Jair Lopes Ferreira.
Depto. Comercial – Direm/Findes Tel: (27) 3334-5791– revistaindustria@findes.org.br
facebook.com/sistemafindes
twitter.com/sistemafindes
Produção Editorial
inovação 38 Em um mercado cada vez mais concorrido, a busca pela inovação deixou de ser uma característica da empresa e passou a ser fundamental na sua atividade. Conheça as ferramentas disponíveis atualmente para estimular novos projetos no Estado.
indústria 49
Coordenação Editorial: Mário Fernando Souza Gerente de Produção: Cláudia Luzes Editoração e apoio: Michel Sabarense e Dayanne Lopes Copidesque: Marcia Rodrigues Textos: Ana Lúcia Ayub, Fernanda Zandonadi, Gustavo Costa, Lui Lima e Nadia Baptista Fotografia: Jackson Gonçalves, Renato Cabrini, fotos cedidas, arquivos do Sistema Findes e Next Editorial
Impressão
O Senai apresenta duas novas escolas móveis, que terão a importante missão de capacitar trabalhadores nas áreas moveleira e têxtil. Um investimento de R$ 4,4 milhões, as unidades deverão gerar até 120 vagas ainda em 2015. Maio/Junho 2015 • 318
7
editorial
Vencendo a crise
A
indústria brasileira vive, mais uma vez, um momento histórico de grandes desafios. Os maus resultados da economia continuam alimentando um ambiente pessimista entre empresários do setor e dos demais segmentos do país – que sequer tiveram tempo de recuperar os resultados negativos de 2014. Dados de janeiro a abril apontam que o número de desempregados chegou a 8% da população economicamente ativa e que a produção física da indústria nacional sofreu recuo de 6,3%, enquanto os custos continuam avançando, segundo a CNI. A alta da energia elétrica e dos combustíveis, os avanços da carga tributária, da inflação e dos juros, entre tantos outros fatores, pesam contra o crescimento econômico e o ânimo dos industriais. Congresso e Governo Federal discordam acerca de temas essenciais para a vida dos cidadãos, como ajuste fiscal e reforma política, enquanto o Brasil caminha para um ano de recessão do Produto Interno Bruto – relatório do Banco Central estima retração de 1,3% para este ano. No Espírito Santo, os números também preocupam. Apesar do bom desempenho da produção física, que registrou acréscimo de 19,2% na indústria geral entre janeiro e abril, o índice de desemprego cravou 6,9% no mesmo período. A indústria extrativa (30,5%) e a metalurgia (35,3%) persistem com resultados acima da média nacional, mas outras áreas da economia capixaba padecem, a exemplo do setor de alimentos (-8,9%). Os custos para os industriais seguem subindo: o aumento de 82,72% da energia elétrica para os capixabas nos últimos 12 meses no Estado foi o segundo maior do país. O cenário de incertezas cria obstáculos e estabelece uma crise diante de quem mais produz. Mas como agir frente às dificuldades? É preciso rever planejamentos, inovar, “cortar na carne” para buscar caminhos que garantam mais competitividade às indústrias. Ciente disso, o Sistema Findes tem feito sua parte. Em parceria com a Confederação Nacional da Indústria, nos articulamos em defesa de pontos que façam a diferença a favor do setor produtivo e do emprego. Entre os principais itens estão o Projeto de Lei 30/2015 (antigo
Marcos Guerra Presidente do Sistema Findes/Cindes
8
Indústria Capixaba – Findes
4.330/2004), em discussão no Senado, que trata da terceirização; o Programa Bem Mais Simples, que beneficia micro e pequenas empresas; e a reforma política em curso. Em ampla reportagem desta edição, desconstruímos muitas mentiras relacionadas a um desses temas, revelando, por exemplo, que a regulamentação da terceirização dá total segurança aos trabalhadores e às empresas – que sofrem também com a insegurança jurídica do país. Nesta mesma publicação, analisamos ainda os impactos ocasionados pelo possível fim da desoneração da folha de pagamento e discutimos as vantagens da inovação como ferramenta de crescimento industrial. Como fica evidente, esta é uma edição focada em compreender o momento econômico do país e estimular a busca por soluções para o setor produtivo. Queremos trabalhar juntos para conhecer as demandas da indústria capixaba, estudar os desafios que se colocam em nosso caminho e superar as adversidades. Desejo uma leitura repleta de aprendizado a todos.
Cenário por Ana Lucia Ayub
A terceirização como estratégia competitiva nas indústrias Saiba o que muda com a aprovação do projeto que se encontra no Senado
O
Projeto de Lei Complementar (PLC) 30/2015, que propõe a terceirização no país, foi aprovado na Câmara dos Deputados em abril, mas não são poucas as polêmicas que envolvem o tema, agora em tramitação no Senado. As controvérsias colocam em lados opostos centrais sindicais e empresários; Governo e base aliada; trabalhadores e empresas. A maior controvérsia é sobre a permissão para que as empresas contratem trabalhadores terceirizados em suas atividades-fim. Sem lei específica, no momento a terceirização é liberada apenas em funções de suporte, como limpeza, informática e segurança, de acordo com decisão tomada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).
10
Indústria Capixaba – Findes
A Súmula 331, no entanto, não representa segurança jurídica, já que pode ser alterada a qualquer momento. Essa é uma das maiores críticas feitas ao texto, não só pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mas pelas centrais sindicais e pelo próprio Executivo, que se posicionou contra a aprovação da matéria. Outros pontos que estão provocando discussões são as obrigações trabalhistas, que ficariam sob a responsabilidade da terceirizada, deixando a cargo da contratante a fiscalização; a representatividade sindical, que passa a ser do sindicato da empresa contratada, e não da outra parte; e a terceirização no serviço público, que foi aprovada só para as atividades-meio.
“O objetivo do Projeto de Lei é regulamentar uma prática já utilizada pelas empresas” Marcos Guerra, presidente da Findes
Renan Calheiros afirmou que todo o conteúdo terá “uma discussão criteriosa no Senado” e sustenta que a delegação da atividade-fim para outras organizações tenha uma limitação. Em maio (14/05), ao participar de audiência pública sobre o projeto, ele disse que a terceirização não poderia ser “ampla, geral e irrestrita” e que a regulamentação deveria alcançar apenas os trabalhadores que já se encontram nessa condição. “Nosso papel será regulamentar a terceirização para quem já é terceirizado. Não vamos transformar os outros 40 milhões de trabalhadores em terceirizados também, não podemos praticar o ‘liberou geral’ para as atividades-fim”, defendeu o senador.
terceirizado, mas levantamento da Central Única dos Tabalhadores (CUT) em parceria com o Dieese estima que em 2013 havia 12,7 milhões de profissionais atuando sob essa modalidade no país, o que corresponde a 26,8% do mercado formal de trabalho. Os estados com maior proporção de terceirizados são, segundo o estudo, São Paulo (30,5%), Ceará (29,7%), Rio de Janeiro (29,0%), Santa Catarina (28%) e Espírito Santo (27,1%), com índices acima da média nacional (26,8%). Centrais sindicais, como a CUT, avaliam que o projeto de lei ampliará esse número e que a terceirização implica a retirada de benefícios favoráveis ao empregados diretos, configurando a famosa “precarização” das relações de trabalho - salários menores, jornadas maiores, um número maior de acidentes, inclusive fatais, e o enfraquecimento do movimento sindical. Argumentam ainda que será mais difícil processar diretamente a contratante, caso a prestadora de serviços não cumpra suas obrigações trabalhistas. A CUT promete reações e manifestações caso o PLC 30/2015 avance no Congresso. “A situação dos mais de 12 milhões de terceirizados atuais é muito precária. Nossas pesquisas mostram que, além de ganharem 24,7% menos e trabalharem mais, têm maior rotatividade (permanecem 2,7 anos no emprego, contra 5,8 dos trabalhadores diretos), e adoecem mais frequentemente devido a acidentes no trabalho”, ressalta Graça Costa, secretária nacional de Relações do Trabalho da Central. Para a entidade, o projeto não só não traz segurança jurídica aos terceirizados atuais, como também fará com que “boa parte dos 34 milhões de trabalhadores diretos passe a ser de terceirizadas”.
Trabalhadores terceirizados O Ministério do Trabalho não tem dados oficiais sobre quantos empregados estão sob o regime de contrato
Segurança jurídica Os defensores do projeto – empresários, entidades patronais e associações –, no entanto, veem a possibilidade Maio/Junho 2015 • 318
11
Cenário
Regras para o serviço terceirizado Alguns itens
Atualmente*
Projeto de Lei 4330/04**
A contratante poderá ser acionada na Justiça se a contratada não pagar os direitos trabalhistas e previdenciários.
A responsabilidade da contratante será solidária quanto às obrigações trabalhistas e previdenciárias da contratada, podendo ser processada em conjunto com esta.
Atividade-meio da contratante.
Qualquer atividade.
A filiação sindical é livre, mas a Justiça Trabalhista tem reconhecido a submissão do contrato de trabalho a acordos e convenções coletivas com o sindicato da atividade preponderante da contratante se a terceirização for considerada irregular ou ilegal.
Garante representação pelo mesmo sindicato apenas se a contratante e a contratada forem da mesma categoria econômica. Exemplo: se uma empresa de serviços bancários prestar serviço a uma de contabilidade, não poderá ser representada pelo sindicato dos bancários – e sim, pelo de assessoramento e contabilidade.
Troca de empresa
Não é regulamentada. Prejuízos ao trabalhador são julgados a cada caso.
Prevê que, se ocorrer troca de empresa prestadora dos serviços terceirizados com admissão de empregados da antiga contratada, os salários e os direitos do contrato anteriores deverão ser garantidos.
Garantia
Não é regulamentada.
A contratada deverá fornecer garantia de 4% do valor do contrato, limitada a 50% de um mês de faturamento.
Acesso a restaurante e transporte
Não é regulamentado.
Prevê que o trabalhador terceirizado terá acesso a restaurantes, transporte e atendimento ambulatorial da contratante.
Não há regulamentação.
A contratante deverá recolher antecipadamente parte dos tributos devidos pela contratada. Deverão ser recolhidos 1,5% de Imposto de Renda na fonte ou alíquota menor prevista na legislação tributária; 1% da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); 0,65% do PIS/ Pasep; 3% da Cofins e 11% do INSS.
Atividade que pode ser terceirizada
Filiação sindical
Recolhimento antecipado de tributos
*Não há lei regulamentando o assunto, apenas jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TST) por meio da Súmula 331, de 2003. **Os deputados aprovaram o texto-base, mas ainda serão analisados pedidos de alterações.
de formalizar o mercado de trabalho para terceirizados, aumentar a fiscalização da segurança no trabalho e melhorar a competitividade. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que a falta de regulamentação gera enorme insegurança jurídica, e, por consequência, interpretações díspares, com aumento dos conflitos e das demandas judiciais. A instituição destaca que são constantes as ações na Justiça trabalhista envolvendo a questão. Segundo dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST), mais de 16 mil
12
Indústria Capixaba – Findes
“A situação dos mais de 12 milhões de terceirizados atuais é muito precária. Além de ganharem 24,7% menos e trabalharem mais, têm maior rotatividade no emprego” Graça Costa, secretária-nacional de Relações do Trabalho da CUT
processos já se acumulam na Corte sobre o tema, o que corresponde a 5,32% do total de ações que tramitam no TST. Para o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra, o objetivo do Projeto de Lei é regulamentar uma prática já utilizada pelas empresas. Hoje, a Federação estima que a mão de obra indireta ocupada na indústria capixaba é de 58 mil empregados. “A partir do momento em que você não pode buscar a terceirização, a linha de produção vai na contramão do desenvolvimento. É um equívoco uma empresa de cerimonial, que trabalha um ou dois dias por semana, por exemplo, ser impedida de contratar empregados só para prestar serviços nesses dias. Seria um retrocesso”, opinou. Guerra também afirma que uma eventual proibição da terceirização no Brasil poderia levar ao colapso de cadeias produtivas e ameaçar a manutenção de vagas, em decorrência da crise econômica que o país enfrenta. “O desemprego é a coisa mais urgente que temos que atender. Temos que pensar em como evitá-lo. Os empresários têm grandes custos com a CLT (Consolidação da Leis do Trabalho) hoje e precisam aumentar a competitividade. Se você não puder terceirizar, irá reduzir todas as oportunidades”, avaliou. O presidente do Conselho Temático de Relações do Trabalho (Consurt), da Findes, Haroldo Massa, acredita que com a regulamentação, todas as partes envolvidas terão maior proteção: o trabalhador, o empregador e o tomador de serviços, “pois caberá à contratante manter fiscalização para se assegurar de que a terceirizada cumpre com o recolhimento dos encargos trabalhistas. Mas essa já é uma prática consumada entre as boas empresas”, explica. “Hoje, é quase impossível que as empresas consigam executar todas as etapas do processo produtivo sozinhas. Com o just in time (sistema em que os produtos só são fabricados ou entregues após vendidos ou montados), não existe estoque parado; a produção passou a ser seriada e organizada em redes, com elos da cadeia sendo executados por empresas terceirizadas”, diz Massa. Ele defende regras claras, que se pautem pelo respeito às obrigações trabalhistas. “A indústria é a favor da competitividade, portanto, é contrária à desproteção do trabalho. As organizações
“Todas as partes envolvidas terão maior proteção: o trabalhador, o empregador e a empresa terceirizada, pois caberá à contratante manter fiscalização para se assegurar de que a terceirizada cumpre com os encargos trabalhistas” Haroldo Massa, presidente do Consurt, Findes
Senadores do Estado Rose de Freitas (PMDB-ES) “Apesar da crise econômica e do elevado desemprego, é necessário manter a segurança jurídica das relações de trabalho, o que torna inaceitável a proposta de terceirização sem limites na forma aprovada pela Câmara. Sou a favor de regulamentar a terceirização apenas para a atividade-meio, e não para a atividade-fim. E que os direitos dos terceirizados sejam os mesmos da classe trabalhadora. O processo tem que ser devidamente supervisionado, para que não ocorram a precarização do trabalho e o rodízio permanente entre a classe, caso em que só quem ganha é o patrão”. Magno Malta (PR-ES) O senador Magno Malta ainda não se posicionou sobre o tema, assinalando que é preciso se aprofundar no debate e mensurar os seus efeitos, já que o assunto é polêmico. “Temos que discutir medidas que contemplem quem está fora do mercado, sem prejudicar os trabalhadores que já ocupam postos de trabalho. Não vamos aprovar o projeto na correria, e é necessário avaliar o atual quadro caótico do país, com o aumento do desemprego. Não podemos ceder à pressão da CUT ou do Governo (que se posicionaram contra o projeto) e devemos estabelecer um debate para nos certificarmos da necessidade de manter a segurança jurídica das relações de trabalho”. Ricardo Ferraço (PMDB-ES) O senador Ricardo Ferraço também preferiu não se posicionar sobre o assunto. Segundo sua assessoria, como o projeto está no Senado para discussão e deve demorar alguns meses para ser votado, o parlamentar está estudando o tema e colhendo contribuições para ter uma base mais firme sobre a terceirização.
Nota do editor: A Revista da Indústria Capixaba continuará em suas Maio/Junho 2015 • 318 próximas edições acompanhando o assunto e o posicionamento dos parlamentares do Estado.
13
Cenário
Mitos e verdades sobre a terceirização O debate em torno do PL 4.330/2004 deixou uma série de dúvidas sobre como ele pode afetar a vida dos profissionais. A Revista da Indústria consultou o especialista Paulo Afonso Ferreira (foto), presidente do Conselho de Assuntos Legislativos (CAL) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), para saber o que é verdade e o que é mito acerca dos efeitos da nova lei. O projeto vai retirar ou reduzir direitos dos trabalhadores. MITO. “O projeto reafirma proteções e garantias previstas nas leis do trabalho, e vai além. Por exemplo, obriga a empresa que contratar serviços terceirizados a fiscalizar a contratada no cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias. Isso não está atualmente previsto em lei, mas 75% das indústrias do país já o fazem de forma espontânea, como mostra uma pesquisa da CNI.” A terceirização de serviços especializados é fundamental para a competitividade das empresas e para a geração de empregos. VERDADE. “A terceirização é uma realidade mundial, e no Brasil não é diferente. Nenhuma empresa consegue fazer tudo sozinha e busca parcerias, na forma de prestação de serviços ou fornecimento de bens especializados. Isso permite que a empresa se concentre na estratégia de seu negócio, melhorando a eficácia de seus processos, serviços e produtos e sua competitividade. Ganham a empresa e os trabalhadores, com mais e melhores empregos, e o país, com o crescimento da economia”. O projeto vai precarizar o trabalho. MITO. “Precária é a situação do trabalhador que está na informalidade e não tem garantia de que seus direitos serão respeitados. Isso pode ocorrer em qualquer modalidade de contrato de trabalho, e não apenas na terceirização. Pelo contrário, a proposta terá efeito positivo sobre o mercado de trabalho, estimulando a criação de novas vagas, ao oferecer maior segurança para empresas e empregados. Dados oficiais mostram que a prestação de serviços é a atividade que mais emprega com carteira assinada no setor privado, com 23,1% dos trabalhadores formais do país”. Muitos trabalhadores poderão perder o emprego por causa da nova lei. MITO. “Os que são contrários à regulamentação dizem que trabalhadores serão demitidos para serem transformados em terceirizados, em condições menos favoráveis. Na verdade, muitos bons empregos que hoje estão sob risco, devido à falta de regras, serão preservados e valorizados. O Brasil tem hoje um vácuo na lei que é prejudicial para todos e gera grande insegurança para a criação de novos empregos em atividades especializadas. A regulamentação busca criar uma regra que assegure maior responsabilidade”. Ao terceirizar atividades-fim, o PL permitirá a terceirização de tudo. MITO. “Não faz sentido para uma empresa dispensar todo seu quadro de funcionários, e nem as empresas querem fazê-lo, pois isso pode ser muito prejudicial. Não é o que o projeto de lei busca regulamentar. Se configurado o vínculo empregatício com a contratante, ela será responsabilizada e punida dentro do que prevê a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O projeto não permite uma terceirização genérica, mas sim em atividades especializadas”.
14
Indústria Capixaba – Findes
“O PL não reduz nem exclui direitos dos trabalhadores, mas assegura aos empregados todos os direitos e garantias estabelecidos na legislação trabalhista” Paulo Menegueli, presidente do Coal, Findes modernas remuneram os empregados com participação nos ganhos de produtividade, nos resultados e nos lucros, então, onde está a precarização? Quem a pratica é o lado ruim do meio empresarial. Não é a regra. É exceção”, ressaltou.
Setores impactados O presidente do Conselho Temático de Assuntos Legislativos (Coal) da Findes, Paulo Menegueli, afirmou que o PL não tira nenhum benefício da classe trabalhadora. “O PL não reduz nem exclui direitos dos trabalhadores, mas lhes assegura todos os direitos e garantias estabelecidos na legislação: assinatura da carteira de trabalho, horas extras, férias, 13º salário, INSS, FGTS e outros. Além disso, o projeto determina que a prestadora deposite 4% do valor do contrato para caução/garantia da quitação das obrigações trabalhistas”, explica. “Se o PL não for aprovado, a repercussão será extremamente negativa em alguns setores, como na construção civil, onde o trabalho se tornou tão especializado que hoje é impossível contratar um pedreiro que faça de tudo – da alvenaria ao gesso –, o que demanda a terceirização dos serviços do pintor, do eletricista, do vidraceiro e do ceramista, dentre outros”, explicou Menegueli. Segundo a pesquisa “Sondagem Especial: Terceirização 2014”, realizada pela CNI com 2.330 empresas, 69,7% das indústrias de transformação, extrativas e construção civil utilizam serviços terceirizados, e 84% pretendem manter ou
Impactos nos setores Construção civil “Sem a regulamentação da terceirização, estaremos o tempo todo em processo de dispensa e contratação, o que significa instabilidade nos contratos de trabalho, pois muitas etapas do processo construtivo dependem de mão de obra especializada, que cumpre suas tarefas por período curto, de até dois meses, numa obra que leva 36 meses de operação, e não faz sentido manter um empregado só por dois meses. Além disso, as obras geralmente são itinerantes e com prazo para término, o que causa a desmobilização do quadro de pessoal. A terceirização permitirá a manutenção dos empregos, pois quando encerrar uma obra, o prestador de serviços contratado mobilizará seus empregados para a obra de outra empresa”. Aristóteles Passos, presidente do Sinduscon-ES Metalmecânico “A lei é essencial para o desenvolvimento do país, e as mudanças deveriam ocorrer também nas regras trabalhistas, que já estão ultrapassadas. Nos países mais desenvolvidos, já ocorre a flexibilização dos contratos de terceirização, e em nenhum desses lugares acontece o quadro apocalíptico que alguns estão prevendo. A garantia de um bom trabalho não tem a ver com lei, e sim com organização da empresa, boa gestão e qualidade. No nosso setor, as empresas terceirizadas se especializaram tanto que há mais de 20 anos trabalham para grandes companhias. Precisamos de um ambiente destravado e moderno, sem a insegurança jurídica que permeia o mercado”. Manoel Pimenta, presidente do Sindifer-ES
ampliar a utilização do recurso nos próximos anos. Essa contratação está tão integrada à estratégia das organizações que mais da metade do setor industrial seria afetada negativamente caso se torne impossível recorrer à terceirização. A proposta ainda será analisada pelo Senado, mas não há previsão de data. A ideia é que tramite em pelo menos cinco comissões permanentes da Casa, que vão realizar audiências públicas com vários setores envolvidos no assunto. Se o PL for alterado, pode voltar à Câmara, e, só depois, irá para sanção da presidente Dilma Rousseff, que poderá vetá-lo. Se for barrada a matéria volta para ser apreciada em sessão conjunta do Congresso, que pode manter os vetos ou derrubá-los.
Maio/Junho 2015 • 318
15
Artigo
Inovação: não é tendência, é urgência
I
novação tem sido um dos assuntos mais agudos e também um dos mais presentes em todas as discussões no entorno da necessidade das empresas de fazerem frente às profundas e velozes transformações ocorridas no mundo. Essa urgência tem um fator ativo: a tecnologia, o agente catalisador das mudanças. Com o processo de convergência digital, capturado desde a década de 1990, a questão da inovação vem se tornando uma pauta tensa e urgente. A convergência digital trouxe um processo de modificações sobre como as empresas devem se organizar: primeiro, por conta da inversão do vetor de marketing; segundo, porque as pessoas agora se conectam por similaridades arquetípicas em ambientes de alta compressão multistakeholder. As empresas, por sua vez, geram seus planejamentos estratégicos de dentro para fora em uma visão centrada nos seus objetivos, porém há demandas externas desses stakeholders muito mais fortes, agindo de fora para dentro. E isso está agravado pelo aumento da densidade digital e pela mobilidade, promovendo enormes paradoxos, dificultando a adaptabilidade. Há de se considerar que esse movimento tecnológico aponta um crescimento das demandas de transparência e credibilidade nas atividades empresariais. O movimento protagonista dos stakeholders aumenta o processo da ética interativa, na qual ela é exposta, discutida e julgada nas redes digitais. Isso eleva a necessidade das empresas contribuírem de maneiras completamente diversas àquelas que ao longo dos anos vem agindo, visto que nesse ambiente, até a moral está sendo afetada, ou seja, um mundo mais devassado e muito mais participativo. Há uma alta geração de conteúdo em todos os níveis, então muitas pessoas, estudiosas, empreendedoras, das startups, das universidades, das empresas de garagem e
16
Indústria Capixaba – Findes
de muitas outras estruturas, se valem do fato de terem acesso ilimitado e conveniente a toda e qualquer informação gerada e compartilhada no mundo. Em suma, muitas pessoas e diferentes estruturas se valem desse intenso estado de conexão para chegarem ao mesmo tempo, em qualquer lugar, às mesmas conclusões, e isto deixa o ambiente competitivo tenso e acirrado, onde as empresas mais ancoradas e conservadoras sofrem muito mais. Mas há mais reflexos ainda nessa complexidade. Nesse cenário, temos dois reflexos: a baixa conexão com o significado das companhias e o nível de conservadorismo que aumenta gradativamente. Então deve-se considerar que as estratégias traçadas são uma forma de garantir liderança no futuro. Isso está capturado, só que liderança no futuro significa capturar o mundo corrente de profundas e rápidas mudanças, portanto, ligado à capacidade de se adaptar a elas. Para que possam se adaptar às essas transformações, as empresas necessitam inovar, e rapidamente. Há de se dar um salto, que remete aos níveis mais elevados, que são a iniciativa, a criatividade e a paixão. Também deve-se compreender que no mundo da inovação não basta ter iniciativa; há de se ter um alto poder de execução e de disciplina para promover impulsos relevantes. E o que se vê é um processo muito acelerado de novas combinações de tecnologias que neste exato momento estão propondo novas formas de dar significado às questões das pessoas, consumidoras ou não. Inovação não é tendência de um futuro de ficção, ela se mostra cada vez mais urgente e em níveis de exigência cada vez maiores e prementes. O que está em jogo é o aspecto da perenidade empresarial, não de uma moda passageira.
Carlos Piazza é diretor da CPC Consultoria, palestrante nacional e internacional em Comunicação Integrada, Sustentabilidade Empresarial e abordagens digitais, e consultor do IEL Espírito Santo
Artigo
Maio/Junho 2015 • 318
17
Indústria em Ação
Fernando Trivellato fala sobre modelo integrado da CNI
O
diretor de Serviços Corporativos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Fernando Trivellato, esteve em Vitória no dia 22 de maio e fez uma apresentação para gerentes e coordenadores do Sistema Findes sobre o modelo integrado de gestão corporativa, explicando como funcionam os diversos departamentos dentro da entidade que representa. O dirigente traçou uma linha do tempo com as atividades da CNI e exemplificou diversas medidas que reduziram custos e promoveram melhores resultados. Segundo ele, eventos como o realizado no Edifício Findes servem para aproximar a CNI e as federações dos estados. “Vamos trabalhar de uma forma mais intensa entre os departamentos nacionais – principalmente os setores chamados corporativos – e as federações. Queremos que as ações nacionais sejam replicadas
dentro dos estados. E hoje verificamos que muitos pontos que trouxemos também já estão sendo efetuados ou estão a caminho no planejamento da Findes”, explicou. Formado em Administração de Empresas, com diversos MBAs e especializações, o diretor chegou ao Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) em 1997 e à CNI em 2010. A apresentação foi conduzida pelo diretor regional do Senai-ES e superintendente do SesiES, Luis Carlos de Souza Vieira, que creditou à presença de Trivellato uma oportunidade ímpar para que os gestores do Sistema Findes pudessem ter um contato direto com um modelo de gestão bem-sucedido e que interage com todas as federações de indústrias do Brasil. A mesa teve ainda a participação do superintendente corporativo do Sistema Findes, Marcelo Ferraz.
Sindifer recebe membros do IBP Importância do crescimento sustentável, licença ambiental, regularidade de leilões e estabilidade regulatória foram alguns dos temas abordados em um encontro com as diretorias do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo (Sindifer) e do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP). Durante a reunião, realizada no dia 13 de maio, foi apontada a necessidade de se manter uma regularidade nos benefícios fiscais para empresas do setor. Para o presidente do Sindifer, Manoel Pimenta, o evento foi produtivo e terá desdobramentos importantes para o segmento. Estiveram presentes o coordenador do Programa Estadual de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), Rusdelon Rodrigues; o presidente do IBP, Jorge Camargo; o gerente-executivo do instituto, Antônio Guimarães; e o gerente de Relacionamento Externo da Petrobras, Márcio de Oliveira.
18
Indústria Capixaba – Findes
Indústria em Ação
Ação Global registra mais de 42 mil atendimentos Com o tema “Qualidade de Vida”, a 22ª edição da Ação Global movimentou a região do bairro Alto Lage, em Cariacica, no dia 30 de maio. Uma iniciativa da Rede Globo e do Sesi, a mobilização foi realizada simultaneamente em 26 cidades brasileiras e no Distrito Federal. Em terras capixabas, o evento contou com a presença de 18,5 mil pessoas e registrou cerca de 42,5 mil atendimentos, executados por diversas entidades e instituições parceiras. Mais de 800 voluntários participaram,oferecendo serviços essenciais para a população,como emissão de documentos, orientações jurídicas e serviços de saúde, entre outros. “Estamos provando que a indústria vai além da tarefa de produzir. Na Ação Global,estamos desenvolvendo nosso trabalho social por meio desse grande mutirão de cidadania”, disse o vice-presidente do Sistema Findes, Gibson Reggiani. Segundo ele, além dos serviços tradicionalmente prestados, a edição deste ano se destacou pela inclusão de atividades voltadas para a qualidade de vida. Também estiveram presentes a gerente de Relações Institucionais da Rede Gazeta, Luciane Ventura; o prefeito de Cariacica, Geraldo Luzia Junior, o Juninho; e a atriz da TV Globo Ana Julia Dorigon. “Parabenizo o Sesi, a Rede Globo e as entidades envolvidas neste belíssimo evento, pois todos estão aqui com o único compromisso de exercer a cidadania”, destacou o prefeito da cidade.
Cerca de 18,5 mil pessoas passaram pelo evento, no trevo do bairro Alto Lage, em Cariacica
Evento debate desafios da Educação O Itamaraty Hall, em Vitória, sediou no dia 1º de junho o Seminário Tribuna de Educação. O evento foi marcado pela presença de renomados profissionais da área, que debateram os desafios da educação no Brasil. Cerca de duas mil pessoas participaram do encontro, que teve como destaques o escritor Augusto Cury e do jornalista Eduardo Lyra. Mundialmente conhecido, Cury falou sobre seu programa a “Escola da Inteligência”, cujo objetivo é desenvolver a educação socioemocional no ambiente escolar. Já Lyra palestrou sobre o tema “Gerando Falcões”, que motiva a juventude carente brasileira a buscar um futuro melhor. O seminário foi realizado pela Rede Tribuna, com patrocínio de Sesi/Senai, ArcelorMittal e Samarco, além do apoio da Chocolates Garoto, das prefeituras da Serra e de Vitória e da Secretaria de Estado da Educação.
Ampliação do Senai é debatida com a comunidade Membros de entidades e comunidade participaram no dia 21 de maio de um debate sobre ampliação e reforma da sede do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-ES), localizada em Vitória. O evento, que serviu para informar a população sobre o projeto e apresentar o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), aconteceu no auditório da entidade e contou com a presença do gerente do Senai Vitória, Ewandro Petrocchi. Segundo ele, a unidade será ampliada de 10 mil m² para aproximadamente 15 mil m². Destes, 600 m² serão destinados à modernização e à ampliação dos laboratórios e das oficinas utilizados pelos alunos. O Instituto Senai de Tecnologia (IST) terá 3.250 m² de área construída. No total, a obra está orçada em R$ 35 milhões.
20
Indústria Capixaba – Findes
Indústria em Ação
Sesi-ES conquista o 1º lugar no Recall de Marcas
C
om 64 anos atuando no Espírito Santo, o Sesi-ES segue como referência em educação. Prova disso é que a entidade conquistou o 1º lugar no 23º Prêmio Recall de Marcas da Gazeta, na categoria “Escola Particular de Educação Infantil”. A solenidade de premiação aconteceu em 28 de maio, no cerimonial Itamaraty Hall, em Vitória. Na avaliação do diretor para Assuntos do Sesi-ES, Jose Carlos Bergamin, o destaque é reflexo do compromisso de formar, desde a mais tenra idade, cidadãos. “Somos responsáveis pelas vidas de nossos 12 mil alunos atualmente matriculados na Rede Sesi-ES de Ensino e, a partir deles, refletimos os valores humanos que transmitimos nas salas de aula”, disse ele. Bergamin aproveitou o momento para homenagear os professores do Sesi-ES. “Diariamente, eles passam aos nossos estudantes todo o seu conhecimento e valores humanos. Sem eles, jamais teríamos conquistado esse prêmio. Portanto, o docente da Rede Sesi-ES de Ensino é parte fundamental nessa vitória. Parabéns!”, frisou. O Recall de Marcas é uma parceria do jornal A Gazeta com
Diretor para Assuntos do Sesi-ES, Jose Carlos Bergamin representou a entidade no evento de premiação
o Instituto Futura e premiou 69 categorias. Para chegar aos destaques de cada área, foram entrevistadas mais de duas mil pessoas em todo o Espírito Santo.
Reúso da água é tema de “Desafio da Inovação” Da ideia de estimular a criação de medidas que sirvam de exemplo durante este momento de grave crise hídrica nacional, surgiu a plataforma “O Desafio da Inovação – Uso e Reúso da Água”. Aberta pela agência Ebrand em parceria com o Sebrae-ES, a iniciativa contou com uma competição entre empreendedores, profissionais da indústria, técnicos de meio ambiente, gestores públicos, universitários e sociedade civil organizada. Por meio do modelo startup, o Desafio propôs que os participantes desenvolvessem em dois dias uma ideia que normalmente demoraria seis meses para ser elaborada. O evento aconteceu em abril, no Edifício Findes. Primeiro lugar na competição, a Irrigatech apresentou uma válvula que controla a irrigação A vitória foi da Irrigatech, que conquistou um contrato de de plantações por meio de aplicativo pré-aceleração no valor de R$ 50 mil em serviços, além do suporte da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca para o estudo de viabilidade técnica, e um plano de negócios do Sebrae-ES. Trazendo não só economia de água como um novo modo de pensar para o uso do recurso natural, o projeto da Irrigatech consiste em uma válvula direcional automatizada de múltiplas vias para controlar a irrigação das plantações por meio do aplicativo ou da plataforma web. Segundo a organização do Desafio, em menos de 36 horas, 120 participantes criaram 48 ideias, que deram origem a nove equipes, orientadas por um time de 16 especialistas até o julgamento final, feito por uma banca de jurados.
22
Indústria Capixaba – Findes
Indústria em Ação
O CEO da MidStage Ventures, Lucas Pimenta Júdice, palestrou em evento na Findes
Empresa capixaba é destaque internacional no setor de TI
A
MidStage Ventures, aceleradora capixaba de startups, foi reconhecida como a segunda empresa do segmento mais ativa do Brasil e a 12ª da América Latina em 2014, em uma pesquisa com 50 empreendimentos de sua atividade na América Latina e divulgada pela Fundacity. Entre os projetos apoiados pela MidStage estão a Astan Bike,a primeira bicicleta no mundo feita de fibra de coco; e o SuperCooler, um dispositivo para resfriar bebidas em dois minutos.Fundada em 2013, a empresa está hoje em Vitória, Curitiba (PR), e em Los Angeles, nos Estados Unidos. A MidStage é uma venture-builder que auxilia pessoas a construírem negócios novos e disruptivos. “Conseguimos oferecer vários serviços que uma startup precisa,
mas não tem dinheiro para bancar. Ou, quando possui recursos, R$ 20 mil ou R$ 30 mil na conta, não daria para pagar tudo o que precisa, ou não saberia como contratar esses serviços. São pessoas que muitas vezes têm uma ideia ótima para um produto, mas não sabem quanto gastarão com marketing, jurídico, financeiro, etc. E é aí que entra a MidStage”, falou o CEO da empresa, Lucas Pimenta Júdice. E para mostrar a realidade de uma aceleradora para os profissionais de tecnologia da informação, ele palestrou em um evento promovido pelo Sindicato das Empresas de Informática no Estado do Espírito Santo (Sindinfo) no dia 16 de abril, no Edifício Findes, em Vitória. O CEO tirou dúvidas dos presentes e conversou sobre as diferenças dos mercados brasileiro e americano.
Senai e Sindinfo oferecem cursos na área de TI Em uma parceria entre o Serviço Nacional da Indústria do Estado do Espírito Santo (Senai-ES) e o Sindicato das Empresas de Informática no Espírito Santo (Sindinfo), foram desenvolvidos diversos cursos de aperfeiçoamento e qualificação para as empresas associadas. É o Programa de Formação Profissional em Tecnologia da Informação, que ganhou em junho a oferta de 14 cursos no Senai Vitória. Com duração média de 40 a 90 horas e 15 vagas por turma, a iniciativa possui temas como Análise de Requisitos, Teste de Software, Programação para Desktop utilizando o Delphi, Banco de Dados Oracle Utilizando a Linguagem SQL, entre outros. O programa tem a finalidade de promover a atualização tecnológica da mão de obra das empresas do setor e foi elaborado depois de uma pesquisa realizada pelo sindicato para identificar as principais demandas por formação profissional do segmento e ações que poderiam ser realizadas para incrementar os negócios em TI. Os interessados podem buscar mais informações na secretaria do Senai Vitória, que fica localizada na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes (Beira-Mar), em Bento Ferreira. Informações pelo telefone: (27) 3334-5201.
24
Indústria Capixaba – Findes
Entrevista por Gustavo Costa
José Eduardo Faria de Azevedo “O Governo está atento à situação econômica do Brasil, com um cenário de adequações e restrições, para que o ES volte a crescer de forma equilibrada”
N
omeado secretário de Estado de Desenvolvimento na nova gestão do governador Paulo Hartung, José Eduardo Faria de Azevedo assumiu o compromisso de buscar projetos que sirvam de bússola no rumo ao crescimento e à geração de novas oportunidades para o Espírito Santo. Natural de Muriaé (MG) e formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), ele já atuou como secretário de Planejamento, de Governo e de Projetos Especiais do Executivo capixaba e acredita no incentivo ao empreendedorismo e no diálogo com entidades e sindicatos para fazer o Estado continuar a avançar. Quais as expectativas desse novo desafio à frente da pasta de Desenvolvimento?
São positivas, mas realistas. O que estamos percebendo é que 2015 está sendo um ano de restrições, tanto no cenário brasileiro quanto no capixaba, o que nos imprime necessidade de ajustes e de trabalhar de forma realista. Nosso objetivo são a retomada da capacidade de investimentos e a atração de empresas com foco em um desenvolvimento sustentável que possa trazer oportunidades de emprego, ser socialmente includente e regionalmente equilibrado. Estamos trabalhando com os atores internos e externos para fortalecer a competitividade do Espírito Santo. Quais os seus conhecimentos e suas experiências como secretário de Planejamento, de Governo e de Projetos Especiais que poderiam ser utilizados agora, na pasta de Desenvolvimento?
Os desafios são sempre diferentes, mas ter atuado à frente de importantes pastas do Governo Estadual permite maior entendimento dos processos do serviço público, além de ampliar a visão de gestão e planejamento que se pode aplicar na atual rotina. Estou buscando usar essas experiências para enfrentar o novo desafio. Como a questão do empreendedorismo é percebida pelo atual Governo?
Empreendedorismo com foco no público jovem é uma das propostas do Governo do Estado. Ações que identifiquem
26
Indústria Capixaba – Findes
e desenvolvam aptidões e promovam oportunidades de geração de emprego e renda estão entre as propostas que devem ser trabalhadas em conjunto com outros órgãos. Precisamos incentivar a inovação, as novas lideranças, o espírito empreendedor e a confiança, pois são elementos importantes para o desenvolvimento. Como a Secretaria do Estado de Desenvolvimento (Sedes) enxerga as indústrias no Espírito Santo?
O Espírito Santo tem economia diversificada, com potencial para avançar em diversas frentes. As indústrias têm papel fundamental no nosso crescimento e na nossa história, além de serem responsáveis por empregar boa parte dos capixabas. Por isso, estamos sempre conversando com os diversos setores, visando a trabalhar juntos para desenvolver o segmento industrial no Estado. O ano de 2014 foi complicado para a indústria, e 2015 não está sendo muito melhor. Quais as principais ações que a Secretaria pretende implantar para mudar esse quadro?
O Governo está atento à situação econômica do Brasil, com um cenário de adequações e restrições, para que o Estado volte a crescer de forma equilibrada. Alguns ajustes são necessários, mas estamos conversando com os setores, os sindicatos e as entidades para implementarmos ações para a melhoria do cenário. Temos trabalhado na atração de novos empreendimentos, que possam gerar não apenas mais empregos, mas também fomentar a cadeia de produtos e serviços das empresas capixabas. Em um cenário de recursos escassos e caros, o Bandes (Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo) pode apresentar propostas para desenvolver a indústria capixaba?
O Bandes é um grande aliado do desenvolvimento do Espírito Santo, embora possua recursos limitados. É uma instituição com um leque diversificado de soluções de crédito, em que os empreendedores contam com linhas de financiamento para objetivos capazes de gerar
“Atrair novas empresas é uma das prioridades do Governo Estadual, com o objetivo de melhorar as oportunidades de emprego, renda e novos serviços”
Maio/Junho 2015 • 318
27
Entrevista emprego, renda e competitividade para a nossa economia e, consequentemente, o desenvolvimento sustentável do Estado. Junto à Secretaria de Desenvolvimento, temos trabalhado juntos para a atração de novos negócios. O banco financia a implantação, a ampliação, a formalização e a modernização de empresas e empreendedores dos vários setores da economia, como agropecuária, indústria e serviços, além de poder atuar como articulador de fundos de investimentos. O Espírito Santo é destaque quando se fala em industrialização. Entretanto, a indústria de transformação tem participação pequena na formação do PIB capixaba. Quais os projetos do Governo para incentivar esse segmento e a chegada de indústrias com maior valor agregado?
A Secretaria de Desenvolvimento vai usar ferramentas de articulação, crédito e benefícios aliados a outros fatores para fortalecer a agregação de valor ao nosso agronegócio e para formar novos segmentos, como o automobilístico. Recentemente, o senhor recebeu o presidente de uma grande empresa norueguesa. Ações como essa significam que há intenção do Governo de atrair cada vez mais novos negócios para o Estado?
Atrair novas empresas é uma das prioridades do Governo Estadual com o objetivo de melhorar as oportunidades de
emprego, renda e novos serviços. Temos conversado com empresários do Brasil e do exterior mostrando o potencial do Espírito Santo, o quanto nosso Estado é uma excelente porta de entrada para a construção e/ou ampliação de empreendimentos de diversos setores. Os noruegueses, por conta do nosso setor de petróleo e gás, são potenciais parceiros para investimentos, tanto nesse segmento como em inovação e tecnologia. Vitória foi apontada em um relatório internacional como uma das cidades da América que mais atraiem investimentos. Como fazer esse destaque positivo se espalhar por outros municípios capixabas?
Toda boa notícia precisa ser compartilhada, por isso buscamos divulgar e apresentar possibilidades aos municípios para que também sejam capazes de atrair novos investimentos. Estamos realizando, por exemplo, reuniões semanais com secretários municipais de Desenvolvimento, a fim de ouvir as demandas e as ideias de cada microrregião para o crescimento econômico e sustentável. O objetivo é a troca de informações, para que o Estado possa estar sempre pronto para receber novos projetos, ser porta de entrada de novas oportunidades e diversificar ainda mais nossa economia. Quais os principais gargalos para o desenvolvimento capixaba hoje? E como começar a vencer esses obstáculos?
Temos vocação para logística, mas sabemos que nossa infraestrutura é um desafio a ser vencido ao longo dos anos. A maioria dos investimentos de que precisamos dependem do Governo Federal, mas o Governo do Estado está acompanhando e cobrando as melhorias necessárias para aumentar a competitividade do Espírito Santo em relação aos outros estados brasileiros. Temos na nossa carteira, por exemplo, seis projetos portuários privados que vão ampliar a nossa capacidade e permitir maior escoamento dos nossos produtos, além de gerar oportunidades e melhorias para as regiões onde serão implantados. Precisamos melhorar também a eficiência dos serviços prestados na cadeia de comércio exterior.
“Estamos realizando reuniões semanais com secretários de Desenvolvimento municipais, a fim de ouvir as demandas e as ideias de cada microrregião para o crescimento econômico e sustentável” 28
Indústria Capixaba – Findes
“Temos vocação para logística, mas sabemos que nossa infraestrutura é um desafio a ser vencido ao longo dos anos”
Os capixabas têm acompanhado o lento avanço de obras importantes para a logística do Estado. Como a Sedes encara esses projetos estruturais e como resolver essa morosidade?
Estamos acompanhando e cobrando do Governo Federal as melhorias necessárias à nossa competitividade – nosso aeroporto, por exemplo. Os projetos de aeroportos regionais, rodovias e ferrovias são fundamentais para colocar o Estado em um novo patamar para atração de novos investimentos. Recentemente, unimos forças com o Rio de Janeiro para a viabilização da EF-118, que vai ligar Vitória ao Estado fluminense e melhorar a logística para a implantação de projetos portuários no sul capixaba. Na área portuária, apoiamos investimentos privados e públicos de ampliação da melhoria dos terminais. Qual é a importância do Programa de Competitividade Sistêmica do Espírito Santo (Compete-ES) no que se refere ao desenvolvimento sustentável?
O Compete-ES é um programa importante, especialmente no momento de desafios econômicos que estamos passando. Temos que avançar sempre em competitividade e em melhoria de gestão. Por isso, queremos fazer o programa crescer cada vez mais e incluir as empresas de todos os
municípios do Espírito Santo. Nossa ideia é ampliar a atuação do Compete. Entre as perspectivas de aprimoramento estão: expandir comitês regionais para todas as regiões; estabelecer governança compartilhada - ou seja, organizações trabalhando coletivamente para tomadas de decisões estratégicas; ampliar o número de empresas participantes e o conteúdo do programa; e focar os ativos de gestão para áreas críticas. É possível continuar crescendo sem se descuidar da questão ambiental?
As questões ambientais são de extrema importância na implantação dos projetos públicos e privados. Por conta disso, trabalhamos sempre em conjunto com os órgãos fiscalizadores do Estado e da Federação, para que as avaliações sejam feitas e que a instalação de novos empreendimentos aconteça da forma mais sustentável possível. O desenvolvimento equilibrado é o que permite esse crescimento com melhoria da qualidade de vida da população. No entanto, deve haver agilidade e clareza no processo, para dinamizar nossos investimentos. Como espera fechar este primeiro ano na Sedes?
Como o cenário mostra, este será um ano difícil, com desafios na economia, mas esperamos fechar 2015 com uma carteira de projetos equilibrada, que possa realmente fazer a diferença no nosso dia a dia e diversificar os segmentos econômicos. Sabemos que as empresas estão revendo investimentos e cronogramas. Então, o processo pode vir a ser um pouco mais lento, mas com a certeza de que alcançaremos o desenvolvimento sustentável que buscamos e a consistência do processo de desenvolvimento no médio e longo prazo. Maio/Junho 2015 • 318
29
Indústria por Fernanda Zandonadi
Afinal, quem vai pagar a conta? Depois de reduzir a tributação sobre a folha de pagamento, Governo recua e instala uma discussão inflamada entre Legislativo, Executivo e setor produtivo
D
epois de dar um alívio ao setor produtivo mudando, a partir de 2011, a forma de tributação da folha de pagamento das empresas, o Governo agora recuou para tentar reverter a desoneração. A regra, que beneficia 56 segmentos de indústria, serviços, construção e transportes, ainda está em vigor. Mas a discussão se mantém inflamada. Depois ter a medida provisória sobre o assunto devolvida pelo Legislativo, o Executivo encaminhou a proposta via projeto de lei. A matéria tramita no Congresso e deve ser votada em junho. Para o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra, a desoneração, adotada para ajudar setores da indústria a reduzir custos de produção e tornarem-se mais competitivas, teve uma expansão perigosa, que colocou em xeque uma medida que, inicialmente, beneficiava atividades importantes para a engrenagem da economia. “Hoje, há dezenas de setores incluídos porque o Governo fez dessa proposta uma ferramenta política. Agora, em vez de simplesmente aumentar os tributos, o Executivo precisa
30
Indústria Capixaba – Findes
reavaliar os setores mais penalizados, mapear os que mais empregam e voltar atrás somente em alguns segmentos. É importante frisar que a desoneração não deveria ser expandida para todos, como foi feito. E se o Governo retomar a antiga tributação para todos os segmentos, certamente teremos desemprego e, pior, em um momento de recessão técnica”, avalia Guerra. O dirigente explica ainda que a Findes e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estão fazendo um trabalho de convencimento no Congresso Nacional a fim de mostrar o alcance positivo da medida para algumas áreas relevantes e que geram muitos empregos. “Estamos levando dados, números e índices que comprovam que a retomada do imposto é um retrocesso”, diz Guerra.
Histórico Antes da desoneração, a tributação era feita pelo recolhimento de um percentual sobre a folha de pagamento.
“É importante frisar que a desoneração não deveria ser expandida para todos, como foi feito. E se o Governo retomar a antiga tributação para todos os segmentos, certamente teremos desemprego e, pior, em um momento de recessão técnica” Marcos Guerra, presidente do Sistema Findes Com a sua implantação, a base de cálculo foi trocada pela tributação sobre o faturamento da empresa, com alíquotas entre 1% e 2%, dependendo do setor econômico. “E agora o Governo acena com esse movimento de retomar a posição anterior. A CNI e a Findes colocam-se contrárias a esse retrocesso. Mas, infelizmente, há a vontade do Governo Federal de voltar a usar como base de tributação a folha de pagamento”, lamenta Leonardo de Castro, diretor para Assuntos Tributários da Findes. As consequências, em um momento frágil da economia, segundo ele, são o crescimento prejudicado da indústria, o fim da criação de novas vagas de trabalho e, pior, o aumento do desemprego. Castro defende ainda que, se a proposta do Governo é deixar as contas no azul, cabe ao Executivo trabalhar de forma mais intensa para reduzir as despesas da máquina pública, e não tentar aumentar a receita onerando ainda mais o setor produtivo. “Retornando à metodologia anterior, tanto a indústria quanto os outros setores serão novamente onerados. E no momento em que os juros sobem, a demanda cai e a competitividade da indústria fica prejudicada, a administração pública, em vez de trabalhar a redução de suas próprias despesas, quer aumentar a carga tributária. É o ajuste fiscal sendo feito em cima da receita, e não em cima das despesas. O setor produtivo paga a conta e, com isso, a população também. Quando o setor produtivo é mais onerado, ele gera menos empregos e menos desenvolvimento para o país”, frisa o diretor da Findes. Quem trabalha com números apertados por conta da crise aponta a insensatez da alta de impostos em meio a incertezas econômicas. “O Governo, que não produz, quer colocar o rombo orçamentário na conta do setor produtivo. Isso preocupa. Tanto o moveleiro quanto outros segmentos passam por um momento delicado, de juro alto, economia em crise e vendas retraídas. A retomada da antiga forma de tributação só tende a piorar ainda mais a situação”,
ressalta o presidente do Sindicato das Indústrias da Madeira e do Mobiliário de Linhares e Região Norte–ES (Sindimol), Alvino Pessoti Sandis
Desemprego Um dos argumentos do Executivo para reverter a desoneração da folha foi que esse mecanismo, a princípio, seria um meio de afastar o fantasma das demissões. No entanto, a taxa de desemprego no Espírito Santo chegou a 6,9% nos três primeiros meses deste ano, segundo dados divulgados no início deste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual equivale a 136 mil pessoas. No Brasil, o número fechou em 8% que equivale a 8 milhões de pessoas (trimestre móvel fev-abril). Na visão de Marcos Guerra, porém, esse índice poderia ter sido ainda pior, caso não houvesse a desoneração da folha.“Certamente seria muito pior. A diminuição da carga tributária contribuiu, e muito, para a manutenção de vários postos de trabalho”. O presidente do Sistema Findes ressalta, ainda, que no Espírito Santo há empresas que só sobreviveram no mercado e não demitiram boa parte dos empregados por conta da retração dos encargos sobre a folha de pagamento, que ajudou a dar um alívio ao caixa, já apertado devido à baixa demanda. “Voltando ao método de cálculo anterior, as áreas vão reduzir drasticamente o número de empregos, em especial os setores de vestuário, metalmecânico, moveleiro, calçadista e de alimentos. O ano de 2014 foi perdido para a indústria, e 2015 promete ser ainda pior. Agora, é se esforçar pela manutenção do emprego, e qualquer custo “Retornando à metodologia anterior, tanto a indústria quanto os outros setores serão novamente onerados. É o ajuste fiscal sendo feito em cima da receita, e não em cima das despesas. O setor produtivo paga a conta e, com isso, a população também” Leonardo de Castro, diretor da Findes para Assuntos Tributários
Maio/Junho 2015 • 318
31
Indústria
Cronologia a mais para a indústria vai se refletir na geração e na manutenção de vagas”. A diminuição no número de vagas de trabalho se coloca como um dos principais desafios nos próximos anos tanto para a economia no país, segundo Leonardo de Castro. “Há vários fatores que desencadeiam o desemprego. E podemos dizer, inclusive, que a alta do desemprego no país é decorrente de erros do Governo Federal, erros de regulamentação, causando insegurança jurídica. E esse acúmulo de erros culminou no aumento da carga tributária, nos desacertos da Petrobras, na loucura que foi a intervenção do Governo no setor elétrico, com redução de preços, quebra de contratos e, agora, aumento da energia, gerando essa situação de desemprego que vivemos hoje”, explicou. O diretor cita ainda as benesses que a redução dos encargos sobre a folha para a indústria. “A desoneração cria um ambiente de maior competitividade para a indústria. E nosso setor compete com atores globais. O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo. Essa pesada carga dificulta, e muito, que uma empresa daqui rivalize com grupos de outros países. Isso tem que mudar”, avalia.
Entenda as mudanças A alteração da legislação tributária incidente sobre a folha de pagamento, entrou em vigor em agosto de 2011, por intermédio da Medida Provisório nº 540. A MP foi convertida na Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011, e ampliada por alterações posteriores (Lei nº 12.715/2012, Lei nº 12.794/2013 e Lei nº 12.844/2013). Essa regra consiste na substituição da base de cálculo da incidência do recolhimento previdenciário patronal sobre a folha
2011 a 2014: A política de desoneração começou em 2011 e foi ampliada, em 2014, para 56 setores. A ideia era ajudar no fluxo de caixa das empresas e tentar manter postos de trabalho. 27/02/2015: O Governo publicou a Medida Provisória nº 669, que reduziu a desoneração da folha de pagamentos das empresas a fim de estimular a economia. 03/03/2015: O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou em Plenário a devolução, ao Governo Federal, da Medida Provisória nº 669, que assim deixava de ter validade. 20/03/2015 : A Câmara dos Deputados recebeu, então, o Projeto de Lei nº 863/15, do Executivo, que substituiu a Medida Provisória (MP) 669/15. Como está hoje: A votação na Câmara dos Deputados, que estava prevista para ocorrer em maio, foi adiada para junho. O relator do projeto, deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ, ao centro discursando) afirmou, em seu relatório, que a mudança na forma de tributação deve acontecer apenas em dezembro de 2015, o que não causaria impacto nas empresas este ano. A proposta ainda preserva a desoneração para alguns setores: transportes, comunicações e tecnologia da informação. Fonte: Agências Câmara e Senado
“Tanto o moveleiro quanto outros segmentos passam por um momento delicado, de juro alto, economia em crise e vendas retraídas. A retomada da antiga forma de tributação só tende a piorar ainda mais a situação” Alvino Pessoti Sandis, presidente do Sindimol
32
Indústria Capixaba – Findes
de pagamentos. Isso significa que, se antes a contribuição ao INSS era feita por meio de um desconto percentual sobre a folha de pagamento, hoje a base de cálculo são alíquotas fixas (entre 1% e 2%) sobre o faturamento da empresa. A implementação da incidência sobre a receita bruta se deu, em termos práticos, por meio da criação de um novo tributo, a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB). Agora, o Governo Federal quer retomar o antigo sistema, mas encontra resistência junto às indústrias e também no Parlamento. Os setores que foram beneficiados pela desoneração da folha e pagavam alíquota de 2% voltarão a responder com 4,5%, segundo a proposta que tramita no Congresso. Esse aumento é da ordem de 125%. Já aqueles que contribuem com 1% voltariam a orçar com 2,5%. A alta, para essas atividades, será de 150%.
PDF estreita laços da Agrale com fornecedores Um encontro promovido pelo Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), no dia 14 de maio, mostrou as potencialidades e a competitividade da indústria capixaba para os representantes da Agrale. Foram detalhadas no evento as principais demandas que a empresa terá na linha de produção de chassis para ônibus, caminhões e tratores agrícolas. Após a palestra, os participantes ainda tiveram reuniões com a equipe de Vendas da empresa, para apresentarem seus negócios e também para acordar possíveis parcerias. A expectativa é de que a Agrale esteja instalada em São Mateus no segundo semestre do próximo ano. Entre os 100 empresários, gestores e autoridades presentes, destaque para o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra; o secretário de Desenvolvimento do Estado, José Eduardo de Azevedo; o diretor de Suprimentos da Agrale, Edson Martins; o secretário municipal de Desenvolvimento de São Mateus, Luis Fernando Lorenzoni; o vice-presidente institucional da Findes em São Mateus e região, Nerzy Dalla Bernardina Junior; e o superintendente do IEL, Fábio Dias.
Encontro mostrou potencial da indústria capixaba à Agrale
O preparador físico Márcio Atalla esteve em Vitória e comandou a ação
“Caminhada Medida Certa” leva 6 mil a Camburi Não faltou disposição na 5ª edição da “Caminhada Medida Certa”, que passou pelo Espírito Santo no dia 10 de maio. O evento contou com a presença de Márcio Atalla, preparador físico do programa “Fantástico” e que divulga o quadro “Medida Certa”. Cerca de 6 mil pessoas movimentaram as areias de Camburi, em Vitória, em busca de uma vida mais saudável. Primeira parada do “Medida Certa”, Vitória é, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a segunda cidade brasileira onde as pessoas mais se exercitam, ficando atrás apenas de Florianópolis, em Santa Catarina. Isso significa que 43% dos adultos praticam pelo menos 150 minutos semanais de atividade física leve ou moderada e 75 minutos semanais de atividade física vigorosa. Muitas pessoas também aproveitaram os serviços oferecidos pelo Sesi-ES, como o cálculo do índice de massa corporal (IMC) e a medição da circunferência abdominal, além de orientações nutricionais, sobre alimentação infantil e oficina de alimentação saudável. “A nossa intenção nessa parceria com o programa é conscientizar os participantes a adotarem hábitos de vida mais saudáveis”, disse Alberto Mathias, gerente de Vida Saudável do Sesi-ES.
Curso trata de normas regulamentadoras Saber como evitar autuações e eliminar problemas com normas é algo sempre útil para gestores e empresários. Por conta disso, o Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA), do Centro de Apoio aos Sindicatos (CAS), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizou no Estado o curso “Como lidar com as NRs que mais impactam a indústria”. A iniciativa, que passou em maio por Vitória, Vila Velha e Cariacica, contou com consultor da CNI, Clayton Luiz Castro Schultz. “Foi uma chance para o empresário tirar suas dúvidas sobre as normas regulamentadoras, além de expor suas preocupações, temáticas e dificuldades para levantar a discussão”, explicou.
Maio/Junho 2015 • 318
33
Indústria Especial por Gustavo Costa
Vitória é destaque continental na atração de investimentos Capital do Estado ficou em sétimo lugar em relatório internacional que apontou as cidades que mais atraem investidores estrangeiros
C
apital de um Estado com diversidade cultural, geográfica e econômica, Vitória ganhou destaque internacional recentemente, após a divulgação do relatório “American Cities of the Future 2015/2016”, do FDI Intelligence, uma espécie de setor de inteligência do conceituado periódico britânico “Financial Times”. De acordo com o documento, a cidade é a sétima mais promissora das Américas, na categoria “Médio Porte, para Investidores Estrangeiros”. O estudo avaliou diversos fatores, como potencial econômico, qualidade de vida, ambiente amigável de negócios, capital humano, estilo de vida, relação custo-benefício e conectividade. Para o levantamento, foram analisadas 421 cidades de todo o continente, das quais 77 se enquadravam na categoria “Médio Porte”. Nela, as três primeiras foram Brampton, no Canadá, Richmond, nos Estados Unidos, e Quebec, também no Canadá. O ranking das dez primeiras, você confere no final da matéria.
34
Indústria Capixaba – Findes
O prefeito de Vitória, Luciano Rezende, comemorou o resultado. Segundo ele existe um compromisso de fazer de Vitória uma cidade cada vez melhor para se viver. “Temos uma ótima qualidade dos serviços oferecidos na capital. E a procura por esses serviços também atrai os investidores. Estamos focados na melhoria da qualidade de vida da população. E isso inclui mudança na iluminação da cidade, que traz mais segurança para as atividades noturnas; ações culturais durante o ano todo; intervenções artísticas por toda a cidade; boa avaliação no atendimento à saúde; ciclovias que já estão mudando o conceito da população sobre o uso de automóveis para se locomover, e muitas outras”, falou ele. Para Rezende, o município chama a atenção de investidores estrangeiros devido a bons índices, beleza e estrutura apresentados. “E estamos trabalhando firme para torná-la ainda mais atrativa”, completa. Ele destaca o fato de que, excetuando as cidades canadenses e norte-americanas, Vitória foi a mais bem colocada. “Vale ressaltar que nessa
Foto: Yuri Barichivich
pesquisa Vitória ficou atrás de duas cidades norte-americanas e quatro canadenses. Nossa cidade foi a única da América do Sul a receber essa colocação. Isso é motivo de muito orgulho para nós, que amamos essa cidade. Já temos uma Vitória forte e vamos trabalhar para atrair novos investimentos”, enfatizou. Para seguir sendo referência na atração de investidores, a gestão municipal trabalha de maneira acentuada com a indústria criativa. “Inauguramos a Fábrica de Ideias, em Jucutuquara, um local que reúne empresas de serviços, com oferta de cursos e oficinas de capacitação e profissionalização focadas em tecnologia e economia criativa. Também reduzimos o tempo de concessão de alvarás com o programa ‘Alvará Mais Fácil’, que marcou a desburocratização e emite o documento em até dois dias. Vitória é uma ilha e não tem área física para instalação de grandes plantas industriais, mas nossa cidade é turística e acolhedora, com oferta de excelentes serviços. Tem alguns dos melhores indicadores de acesso ao ensino, um bom sinal da existência de mão de obra qualificada”, destacou Rezende. Para quem investe, a região se destaca por apresentar uma economia tradicional, focada em poucas grandes empresas – e oferendo espaço para pequenas empresas emergirem –, localização geográfica privilegiada (próxima das maiores cidades do Brasil), uma boa qualidade de vida e um momento político e econômico favorável à inovação. É essa a opinião do coordenador do Nest Coworking, Jair Junior. Inaugurado recentemente no município e com aporte de capital estrangeiro de Dubai,o Nest é um espaço para que ideias inovadoras possam ser transformadas em grandes negócios. “Surgiu enquanto eu estava morando na Califórnia (EUA) e lá pude conhecer espaços de trabalho com características semelhantes. O ambiente foi pensado para trazer para cá características de ecossistemas globais de inovação. Vitória foi uma escolha estratégica, devido a um grande potencial local ainda não desenvolvido. Nós vemos muitas pessoas com grandes iniciativas aqui que não conseguem
“Cada prefeito precisa perceber que ele é o CEO da maior empresa, que é o seu município” Marcos Guerra, presidente do Sistema Findes
“Isso é motivo de muito orgulho para nós, que amamos essa cidade. Já temos uma Vitória forte e vamos trabalhar para atrair novos investimentos” Luciano Rezende, prefeito de Vitória
prosperar por falta de suporte, e estamos tentando aproximar a comunidade empreendedora para permitir um maior índice de sucesso nos negócios”, esclareceu Junior.
Multiplicando os bons resultados Com o destaque capixaba, é natural o desejo de que essa conquista seja compartilhada no que se refere à atração de investimentos e novas empresas. Para Marcos Guerra, presidente do Sistema Findes, que tem trabalhado fortemente o conceito de interiorização do desenvolvimento, a capital deve servir como exemplo para todos os municípios capixabas. “Vitória é uma cidade que tem grandes empresas, com visibilidade internacional. O sistema portuário também é bom e, logisticamente falando, em um raio de mil quilômetros, temos acesso a aproximadamente 62% do mercado consumidor do país. Então, é uma grande vitrine para o Estado. Os outros municípios, principalmente os maiores, precisam focar na boa gestão. Cada prefeito deve perceber que ele é o CEO da maior empresa,que é o seu município,tanto em geração de empregos, quanto em orçamento. Por isso, é fundamental contar com bons secretários nas áreas de desenvolvimento, de meio ambiente, de obras. É preciso fazer de sua gestão um marco em profissionalismo e visão de futuro. Com isso, com certeza, o município colherá frutos e será lembrado amanhã ou depois pelos órgãos internacionais”, disse. E se os municípios devem ser encarados como empresas em busca de crescimento e consolidação, a ordem é inovar, buscar parcerias e investir de forma pioneira. É o que pensa o prefeito da Serra, Audifax Barcelos. Segundo ele, esse modo de agir já é uma realidade local. “A Serra está entre as melhores cidades para se investir, segundo estudo publicado pela Revista Exame de Maio/Junho 2015 • 318
35
Indústria Especial
Feira Internacional do Mármore e Granito - Cachoeiro Stone Fair, que já é referência no calendário mundial, acontece tradicionalmente em Cachoeiro de Itapemirim
maio. A cidade ocupa a 35ª posição no ranking das 100 melhores do Brasil para se investir em imóveis. Temos um PIB de R$ 13 bilhões, e 47 das 200 maiores empresas do Estado estão aqui. Contamos com boa localização e logística favorável para atração de novos negócios. Nosso município tem um papel ímpar e temos necessidade de colaborar para avançar ainda mais, estudando e planejando a Serra que queremos. Nesse contexto, elaboramos o Plano de Desenvolvimento da Serra (PDS), uma parceria entre o público e o privado para melhorar, ainda mais, a situação do município, permitindo, pela análise dos cenários atual e projetado, definir propostas estruturantes”, frisou. Os projetos, segundo Barcelos, passam pelo porto de operações offshore, especializado no atendimento a operações de exploração de gás e petróleo, que será construído entre a praia de Carapebus e a sede da ArcelorMittal Tubarão; e pela Casa do Empresário, que facilitará a implantação e a expansão de empreendimentos, congregando e agilizando todos os procedimentos necessários para abertura, instalação e renovação de licenças, alvarás e autorizações para funcionamento. “Com esses projetos, acredito que vamos melhorar, no âmbito social e principalmente econômico, o desenvolvimento do município, atraindo investimentos para todas as regiões e trazendo melhoria de vida para a população serrana”, disse. Cachoeiro de Itapemirim é outro que vem se destacando nos últimos anos na atração de projetos, especialmente na construção civil, em que recebeu empreendimentos residenciais e comerciais, voltados principalmente para atender às expectativas crescentes da indústria de petróleo e gás. “Como cidade melhor estruturada da região, Cachoeiro reúne as condições para
“A cidade ocupa a 35ª posição no ranking das 100 melhores do Brasil para se investir em imóveis. Temos um PIB de R$ 13 bilhões, e 47 das 200 maiores empresas do Estado estão aqui” Audifax Barcelos, prefeito da Serra 36
Indústria Capixaba – Findes
Categoria: Cidades de Médio Porte 1 - Brampton (Canadá) 2 - Richmond (Estados Unidos) 3 - Quebec (Canadá) 4 - Nova Orleans (Estados Unidos) 5 - Winnipeg (Canadá) 6 - Ottawa (Canadá) 7 - Vitória (Brasil) 8 - San José (Costa Rica) 9 - London (Canadá) 10 - Hamilton (Canadá) Fonte: American Cities of the Future 2015/2016
receber as pessoas que irão trabalhar no litoral, além de um potencial de consumo considerável. Nossa cidade tem uma vocação natural para a prestação de serviços e, com arranjos econômicos consolidados, busca atrair empresas que tenham sinergia com os nossos setores mais fortes: rochas ornamentais, metalmecânico, calçados e confecções, além dos polos de saúde e educação. A criação de uma ambiência favorável para o avanço desses segmentos tem sido a tônica de nossa administração. Como polo prestador de serviços, buscamos, ao longo dos últimos sete anos, favorecer a implantação e o desenvolvimento de pequenos negócios, também como alternativa para a diversificação de nossa economia”, explicou o prefeito da cidade, Carlos Casteglione. Para ele, o Espírito Santo é pequeno territorialmente e, embora Vitória possa, em um primeiro momento, captar mais investimentos, a expectativa é de que o interior capixaba também venha a usufruir deste bom momento, por conta das políticas públicas voltadas para o crescimento regional. A perspectiva de Casteglione é compartilhada por gestores municipais, empresários e trabalhadores de todo o Espírito Santo, que torcem para ver mais cidades capixabas em estudos que apontem confiabilidade, segurança e crescimento.
Conselheiros da Findes conheceram o trabalho do Instituto Terra
Recuperação do Rio Doce é debatida em Vitória
A
ssociação civil sem fins lucrativos que promove a recuperação da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce há 16 anos, o Instituto Terra apresentou suas ações aos membros do conselho da Findes, no dia 29 de abril, que puderam conferir como atua a entidade e como promove o restabelecimento das fontes de água e o desenvolvimento sustentável do manancial. Um exemplo é o programa “Olhos d’Água”, que visa a recuperar as nascentes da bacia do Rio Doce. O programa, que tem o objetivo de proteger todas as nascentes abrangidas, está sendo executado desde 2010 e tem recebido apoio de empresas, governos e fundações do exterior, bem como doações de pessoas físicas. Desde então, já foram salvas mais de 1,2 mil nascentes,
beneficiando 487 produtores rurais nos municípios capixabas de Afonso Cláudio, Brejetuba, Colatina, Baixo Guandu e Laranja da Terra, além de cidades em Minas Gerais. As ações foram apresentadas pelo diretor do instituto, José Armando de Figueiredo Campos. Para o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, a entidade tem tido grande sucesso na preservação do Rio Doce, que é fundamental sobretudo para a região noroeste do Estado. “O Instituto Terra, por meio de seus idealizadores, o casal Lélia Wanick Salgado e Sebastião Salgado, serve de exemplo e nos motiva a preservar o Rio Doce, ampliando nossa consciência de que a água é um bem vital para a sobrevivência humana. Contem com a colaboração do Sistema Findes no fomento do projeto na região”, falou ele.
Seminário internacional discute os desafios da crise hídrica Contando com as experiências relacionadas ao bom uso da água em nove nações, o Seminário Internacional Gestão da Água em Situação de Escassez reuniu especialistas e agentes públicos de todo o país. Realizado nos dias 23 e 24 de abril, o evento aconteceu em São Paulo e foi uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Além do Brasil, participaram do encontro Austrália, China, Espanha, Estados Unidos, Japão, Israel, Singapura, México e Uruguai. Aberta pela ministra Izabella Teixeira, a programação deu forte ênfase à necessidade de uma política nacional para o reúso da água. O vice-presidente da CNI e presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coema) da entidade, Marcos Guerra, também presidente da Findes, afirmou que uma aliança entre Governo, setor privado e sociedade é fundamental para enfrentar o problema de desabastecimento no país. Além disso, ele falou sobre como uma utilização consciente do recurso é importante para as indústrias. “Tornar mais eficiente o uso de insumos estratégicos como água e energia é um desafio para a competitividade das empresas”, destacou. Segundo pesquisa da CNI, para cada R$ 1 bilhão investidos em saneamento, a produção obtém um incremento de R$ 3,1 milhões. Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro têm pressionado o Governo Federal a produzir um marco regulatório que permita a comercialização da água de reúso.
Maio/Junho 2015 • 318
37
Inovação por Nádia Baptista
Estímulo para inovar
Editais de subvenção e linhas de crédito especiais podem viabilizar projetos de inovação, ajudando a garantir competitividade
E
m meio a um cenário de estagnação econômica e retração da produção, as atividades de ciência e tecnologia adquirem papel fundamental para as políticas de desenvolvimento industrial. Entendida como a introdução de um produto ou processo produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado pela empresa, a inovação tecnológica se mostra como um dos caminhos que podem levar à retomada do crescimento econômico.
38
Indústria Capixaba – Findes
De acordo com o estudo “Sondagem da Inovação”, realizado com 400 empresas pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) no quarto trimestre de 2014, 47,8% das entrevistadas declararam ter realizado algum tipo de inovação tecnológica, de produto ou processo, para seu negócio ou para o mercado. Ainda de acordo com o levantamento, a decisão das empresas de inovar está mais fortemente associada a três fatores: pressões
“Quando as empresas param de produzir inovações, perdem mercado, perdem competitividade, reduzem o faturamento e podem até mesmo acabar” Luiz Paulo Vellozo Lucas, presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes)
adicionais de custo; busca por maior participação no mercado; e exigências dos clientes. A inovação é intrínseca a alguns segmentos,como o de tecnologia da informação. “Se uma empresa desenvolve um software igual a outro já existente, primeiro irá esbarrar no direito de propriedade intelectual; segundo, o cliente não terá motivos para buscar aquele produto, pois já há outro igual disponível no mercado. O setor de tecnologia da informação tem que ser inovador, senão o negócio
não vai sobreviver. Isso pode não se aplicar a outros setores, em que a estratégia não é a diferenciação e os clientes buscam preço, como é o caso das commodities. Mas software precisa ser diferente, senão não vende. As empresas de tecnologia têm a inovação por necessidade e são, por natureza, inovadoras”, frisa o presidente do Sindicato das Empresas de Informática no Estado do Espírito Santo (Sindinfo), Luciano Raizer. O estudo da ABDI aponta que a inovação tecnológica na indústria brasileira tem guardado estreita relação com a dinâmica de crescimento da economia nacional. “A inovação é vital no processo econômico. Não pode ser uma coisa episódica; deve ser um processo contínuo e permanente, dentro de todas as empresas, sejam elas pequenas, médias ou grandes. Quando as empresas param de produzir inovações, perdem mercado, perdem competitividade, reduzem o faturamento e podem até mesmo acabar. Porque outras fazem a inovação”, explica o presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Luiz Paulo Vellozo Lucas. Uma das características dessa diferenciação é a necessidade de investimentos. “Não existe inovação barata. Inovação custa dedicação de pessoas, processos, prototipagem, experimentos, pesquisa. Não se faz inovação só por emoção, mas sim de maneira empresarial, com investimentos. Falar em inovação sem falar em dinheiro é perda de tempo. Além disso, inovação implica um risco enorme. Você faz um projeto, investe nele e não necessariamente ele vai dar certo. Por isso, é mais que necessário haver estímulos para as empresas. Esses incentivos começam no apoio às fontes de financiamento”, destaca Luciano Raizer. “Somos um país que não tem poupança interna. E quem não tem poupança interna tem que financiar o desenvolvimento”, complementa. Maio/Junho 2015 • 318
39
Inovação
“Não existe inovação barata. Inovação custa dedicação de pessoas, processos, prototipagem, experimentos, pesquisa. Não se faz inovação só por emoção, e sim de maneira empresarial, com investimentos” Luciano Raizer, presidente do Sindinfo
Em momentos adversos da economia e em cenários de pouco crescimento, a indústria deve investir nessa direção para obter resultados positivos e se manter no mercado no longo prazo. A boa notícia é que os negócios que decidem apostar em novos projetos podem contar com o auxílio financeiro em editais de subvenção econômica. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 100 executivos responsáveis pela tomada de decisão em companhias que realizam projetos inovadores traçou um perfil dos empreendimentos que se dispõem a abraçá-los. No que diz respeito aos modelos de financiamento, nas grandes empresas, a modalidade de combinação de fontes é a realidade de 67,5% dos entrevistados. Nessa integração, de acordo com os empresários, estão recursos próprios, recursos captados de entidades públicas e privadas, linhas de financiamento e parcerias entre instituições. Já nas pequenas e médias, 46,7% empregam recursos próprios e outros 46,7% se valem da união de fontes.
Subvenção A concessão de subvenção econômica para a inovação é um instrumento de política de governo largamente utilizado em países desenvolvidos, operado de acordo com as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC). No Brasil, a ferramenta é disponibilizada desde agosto de 2006, com o objetivo de promover um significativo aumento das atividades de inovação e o incremento da competitividade das empresas e da economia do país. Essa alternativa de apoio financeiro consiste na aplicação de recursos públicos não reembolsáveis (que não precisam ser devolvidos) diretamente em empresas brasileiras que desenvolvam projetos de inovação estratégicos para o país, 40
Indústria Capixaba – Findes
para compartilhar com elas os custos e riscos inerentes a tais atividades. Esse novo cenário tem na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), organização pública vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, seu principal agente. Existem dois tipos de subvenção econômica, uma relacionada à Lei da Inovação e a outra, à Lei do Bem. A primeira é voltada à cobertura das despesas de custeio das atividades de inovação, incluindo pessoal, matérias-primas, serviços de terceiros, patentes e, ainda, gastos de conservação e adaptação de bens imóveis com destinação específica para inovação. Já a segunda visa ao ressarcimento de parte do valor da remuneração de pesquisadores titulados como mestres ou doutores que venham a ser contratados pelas empresas. “Subvenção econômica é um apoio que as entidades e o Governo fornecem para as empresas quando elas fazem projetos de alto risco. Quando desenvolve uma tecnologia, por exemplo, você não tem garantias de que o projeto irá funcionar. Um empresário pode investir recursos em um projeto e, ao final, chegar à conclusão de que aquela tecnologia não funciona. Isso é um resultado aceitável quando se tem subvenção econômica. Um exemplo é o desenvolvimento de fármacos. Muitas vezes, as pesquisas duram até 10 anos, investem-se milhões de dólares, e somente nos testes clínicos, que são a etapa final, percebe-se que o produto desenvolvido não pode
Crédito para inovar O Bandes oferece linhas de crédito em parceria com instituições nacionais, como a Finep e o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), atuando como repassador e operador regional destes programas: Programa Inovacred Finep: Financia projetos de inovação voltados para novos produtos, processos, serviços, marketing, inovação organizacional. É destinado a empresas com receita operacional bruta de até R$ 90 milhões. O valor financiado pode ser de até R$ 2 milhões, com taxa de juros de longo prazo (TJLP) + 1%. O crédito cobre até 90% dos investimentos. Programa BNDES MPME Inovadora: Programa do BNDES para empresas classificadas como micro, pequenas e médias. Financia projetos de até R$ 15 milhões. A taxa de juros é de 6,5% ao ano. O crédito cobre até 100% do investimento no projeto. Possui carência de três a 48 meses e amortização em até 120 meses. Fonte: Bandes
Edital Senai Sesi de Inovação Durante o período de 25 de maio de 2015 a 15 de fevereiro de 2016, as empresas podem apresentar suas ideias a qualquer momento, pois o processo é contínuo e divido em três ciclos.
Desde o seu lançamento, em 2004, o Edital Senai Sesi de Inovação aprovou 600 projetos em parceria com 552 empresas industriais brasileiras, com investimentos de mais de R$ 117 milhões. Trata-se de uma iniciativa do Departamento Nacional do Senai e do Sesi em parceria com o Innovate UK - Agência de Inovação Britânica - que visa a promover o desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços inovadores em empresas de todo porte do setor industrial, startups e negócios de base tecnológica.
Os projetos de inovação tecnológica terão a consultoria do Senai e, dependendo da categoria, também do Innovate UK. Aqueles referentes a saúde, segurança e qualidade de vida contarão com a consultoria do Sesi. Empresas de qualquer porte podem inscrever projetos em três categorias:
Em 2014, durante os quatro ciclos do Edital Senai Sesi de Inovação, o Espírito Santo captou 34 ideias, tendo submetido 14 desse total à plataforma nacional. Oito dessas ideias foram aprovadas, sendo seus projetos adequados e submetidos ao edital. Dois deles foram aprovados e estão em execução atualmente. Na edição de 2015, podem participar do edital as empresas que, em parceria com pelo menos uma unidade operacional do Senai ou Sesi, desejam desenvolver e implementar um projeto inovador que gere novos negócios, promova a melhoria na produtividade ou impacte positivamente em saúde, segurança e qualidade de vida dos seus trabalhadores. Tais projetos receberão aporte de recursos não reembolsáveis para o desenvolvimento de propostas inovadoras. Em 2015, as duas entidades disponibilizarão até R$ 27,5 milhões para a cobertura dos projetos, sendo R$ 20 milhões para projetos Senai e R$ 7,5 milhões para projetos Sesi.
Categoria A: Inovação tecnológica - Projetos realizados em parceria com o Senai, orçados em até R$ 400 mil. Os trabalhos dessa modalidade poderão ser desenvolvidos de forma bilateral, em parceria com o Innovate UK. Prazo: 20 meses para serem executados a partir da contratação. Categoria B: Startups inovadoras - Projetos de startups de base tecnológica, realizados em parceria com o Senai, orçados em até R$ 150 mil. Prazo: 10 meses para serem executados a partir da contratação. Categoria C: Soluções de saúde e segurança no trabalho (SST) e qualidade de vida - Projetos realizados em parceria com o Sesi, orçados em até R$ 400 mil. Prazo: 20 meses para serem executados a partir da contratação.
Fonte: www.editaldeinovacao.com.br
ser usado, é algo inviável”, explica o presidente do Conselho Temático de Política Industrial e Inovação Tecnológica (Conptec) do Sistema Findes, Franco Machado. Os editais de subvenção são oferecidos por entidades públicas, como a Finep – Inovação e Pesquisa e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em nível nacional, e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes), em nível estadual. “O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) também apoia as empresas inovadoras, não pagando projetos, mas de forma mais pontual, como na contratação de consultorias e outros serviços, por exemplo. Muitas vezes, é possível viabilizar um projeto de inovação com essas ajudas mais pontuais”, ressalta Franco. Na subvenção econômica à inovação, exige-se dos empreendimentos, em contrapartida aos recursos não reembolsáveis disponibilizados pelas editais, que arquem com os custos de parte do projeto. Esse percentual pode variar de 5% a 20%, de acordo com o edital. “A subvenção já foi conhecida como ‘fundo perdido’. Mas esse conceito mudou porque, mesmo quando um projeto fracassa ou não atinge seu objetivo final, o dinheiro investido nele não foi perdido. A empresa investiu em
tecnologia, desenvolveu o pessoal, capacitou muita gente. Normalmente, mesmo fracassando em um projeto, a partir dele é possível fazer um outro, parecido. Você aproveita a tecnologia que já foi desenvolvida para outros projetos”, destaca o presidente do Conptec. Para Franco Machado, ao assumir o risco existente em um projeto, um edital de subvenção econômica pode ser primordial na perenidade de um negócio. “Buscar a inovação pode ser um diferencial competitivo.
“Buscar a inovação pode ser um diferencial competitivo de mercado. Empresas pequenas, porém, nunca têm dinheiro sobrando. E criar uma tecnologia inovadora inclui muitas incógnitas. É interessante haver uma instituição pública que possa bancar uma parte desse risco” Franco Machado, presidente do Conptec Maio/Junho 2015 • 318
41
Inovação
Empresas pequenas, porém, nunca têm dinheiro sobrando. E criar uma tecnologia inovadora inclui muitas incógnitas. É interessante haver uma instituição pública que possa bancar uma parte desse risco. A lógica da subvenção é diminuir o risco. Do contrário, não se consegue inovar. Se a empresa é pequena e investe grandes montantes em um projeto e, ao final das pesquisas, percebe que esse projeto tem uma limitação de tecnologia, isso pode inviabilizar o seu negócio. Numa situação dessas, o empresário acaba não investindo se não tiver apoio”, afirma. Desenvolvedora de equipamentos de pesquisa ambiental, a Aratu tem se valido do apoio de editais de inovação para realizar seus projetos. Considerada uma startup (empresas novas, até mesmo embrionárias ou ainda em fase de constituição, que contam com projetos promissores, ligados à pesquisa, investigação e desenvolvimento de ideias inovadoras), a Aratu foi contemplada na segunda chamada do Edital Sesi Senai de Inovação, em 2014; e no Tecnova, da Finep. “Buscar esses editais foi a única forma que encontramos de conseguir desenvolver uma ideia de base tecnológica de uma forma robusta e mais profissional. É muito difícil desenvolver qualquer projeto na área sem o aporte de subvenção. Inovar é uma obrigação da empresa, mas se fosse necessário investir apenas recursos próprios, os projetos se tornariam inviáveis. A subvenção ajuda a diminuir o risco da empresa, alavancando o projeto de pesquisa e desenvolvimento. É um grande reforço, principalmente porque o ramo industrial em que trabalhamos é novo no Espírito Santo, e lidamos com riscos e incertezas”, afirma o sócio-fundador da Aratu, Nélio Secchin.
Financiamento Aqueles que desejam inovar contam com outro subsídio: as linhas de crédito específicas para esse fim. “Os financiamentos voltados à inovação são interessantes num estágio mais avançado do projeto, quando já se resolveu todos os problemas tecnológicos e vai-se começar a produzir protótipos e comercializar, por exemplo. Nessa etapa, pode-se gastar até milhões de reais. E há também uma despesa muito grande com comercialização. Nenhum edital de subvenção paga esse tipo de coisa. Para a etapa final, que é inserir o produto no mercado, é necessário buscar recursos nos bancos”, explica o presidente do Conptec, Franco Machado. Entre os benefícios oferecidos por essas linhas especiais, estão taxas de juros menores que as praticadas pelo mercado e carência maior. Com mais flexibilidade e menos burocracia, essas opções permitem ao empreendedor se concentrar mais no seu plano de negócios. 42
Indústria Capixaba – Findes
“Se fosse necessário investir apenas recursos próprios, os projetos se tornariam inviáveis. A subvenção ajuda a diminuir o risco da empresa, alavancando o projeto de pesquisa e desenvolvimento” Nélio Secchin, sócio-fundador da Aratu
No Espírito Santo, o Bandes apresenta a alternativa ao setor. “Nosso diferencial é um financiamento com juros baratos, carência e uma condição muito favorecida”, ressalta Luiz Paulo Vellozo Lucas. A Aratu busca em uma das linhas oferecidas pelo Bandes a complementação aos recursos de subvenção econômica que a startup já conseguiu. “Passada a etapa de aprovação de nossos projetos em editais de subvenção econômica, estamos em fase de negociação com o Bandes, em busca da linha Inovacred. Encontramos vantagens, como juros mais adequados, menores que os praticados no mercado, e carência e prazo para pagamento interessantes. Nosso objetivo é aplicar esse dinheiro de uma forma mais orgânica nos projetos, em consultorias e insumos, permitindo que consigam atingir os mercados de forma mais sólida. Como o desenvolvimento já está caminhando, estamos estruturando a etapa de fabricação e inserção no mercado, que demanda consultorias, análises, gestão de marketing, etc. O crédito de financiamento será muito interessante nesse sentido”, destaca Nélio Secchin. As empresas que não têm suas propostas aprovadas em editais de subvenção ou que não pretendem buscar crédito no mercado podem ter ajudas pontuais e relevantes. O primeiro passo começa no Programa de Inovação da Indústria Capixaba – Inova Findes. Os empresários de sindicatos filiados ao Sistema Findes podem procurar os analistas do programa e apresentar suas ideias. O Inova Findes faz a interlocução entre o projeto e o edital (seja de financiamento ou subvenção) mais adequado às suas necessidades. Além disso, os analistas ajudam no direcionamento das empresas para a rede Senai de todo o Brasil, que possui laboratórios muito bem estruturados, utilizáveis nas pesquisas.
Artigo
O paradigma do pensamento ambiental
N
Romário Corrêa de Araújo é palestrante coach e presidente do Sindirecicle
ossos valores governam nossas decisões, e estas determinaram o nosso presente. O paradigma do pensamento ambiental é fruto dos valores que orientaram, através das gerações, as crenças sobre o papel do planeta Terra no desenvolvimento humano. O pensar antropocêntrico coloca o ser humano no centro de tudo, e a natureza é algo a ser explorado. “O antropocentrismo é uma posição de arrogância que foi fortemente legitimada por um tipo de leitura do Gênesis bíblico e aceita pela maioria dos cristãos, nos anos entre 1445 a 450 a.C, que diz: “Crescei e multiplicai-vos, dominai a terra, os peixes do mar, as aves do céu e tudo o que vive e se move na terra” (1,28) - (BOFF, 2012: 69). Acreditamos! Contrapondo-se ao antropocentrismo dominante destaca-se o pensamento ecocêntrico contemporâneo, que reconhece o direito e a importância vital da existência de todos os seres vivos em equilíbrio e harmonia. E assim discursou em Washington (EUA) o cacique Seatle, da etnia dos Duwamish em 1856: “De uma coisa sabemos: a Terra não pertence ao homem. É o homem que pertence à Terra. Todas as coisas estão interligadas entre si. O que fere a terra fere também os filhos e filhas da Mãe Terra. Não foi o homem quem teceu a teia da vida; ele é meramente o fio dela. Tudo que fizer à teia, a si mesmo fará. (...) Compreenderíamos as intenções do homem branco se conhecêssemos os seus sonhos, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos e filhas nas longas
noites de inverno e quais as visões do futuro que oferecem as suas mentes para que possam formular desejos para o dia de amanhã”. Debatem-se, de um lado, o pensamento desenvolvimentista estabelecido pelos valores econômicos focado na exploração dos recursos naturais; no outro extremo, o pensamento ambientalista conservacionista; e no centro, há uma tentativa de conciliação, surgindo o pensamento do desenvolvimento sustentável. Cada um defende seus valores e crenças e tenta impor aos demais o seu pensamento como sendo a expressão da verdade. Essa disputa pode ser ilustrada com a fábula “Os cegos e o elefante”, que conta que homens cegos foram convidados para determinar o que era um elefante, sentindo as diferentes partes do seu corpo. O cego que sente uma perna diz que o elefante é como um pilar; o que sente a cauda vê o elefante como uma corda; o que sente o peito diz ser o elefante um tronco; o outro sente a barriga e diz que o elefante é como uma parede; e o que se sente a presa diz que é igual a um tubo sólido. O homem perdeu-se no caminho. Separouse da sua essência perdeu a conexão com o “Todo”, com o sentimento de pertencer, de ser parte. A saída? Voltar ao centro do nosso Ser. Cada um de nós enxerga apenas uma parte do todo. Para percebê-lo por inteiro, precisamos de unir a visão de todos para que juntos possamos formar uma unidade. A única mudança possível é a que cada um opera em seu interior. Maio/Junho 2015 • 318
43
Indústria em Ação
Guilherme Afif falou sobre a elaboração do relatório para o desenvolvimento do PLP 448/14
Ministro de MPE participa de seminário na Findes
O
ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE), Guilherme Afif Domingos, participou do Seminário Estadual da Comissão Especial do Supersimples. Realizado no dia 2 de junho, no Auditório da Findes, o evento deu início à elaboração do relatório que apontará as necessidades das micro e pequenas empresas para o desenvolvimento do PLP 448/14, que aborda a revisão das tabelas do Simples Nacional. Autoridades de todas as esferas
e representantes de sindicatos, diretores e trabalhadores da indústria estiveram no encontro, que também acontecerá em diversos estados antes da votação do projeto no Congresso. A opção pelo Simples Nacional passou a ser permitida este ano para mais 140 novas atividades. O critério para adotar essa modalidade é o faturamento anual das empresas, limitado em R$ 3,6 milhões.
Dia da indústria é marcado por reflexão Em 25 de maio, foi comemorado o Dia da Indústria. E a despeito do atual cenário econômico no país, marcado por incertezas, a situação é mais promissora no Espírito Santo. Com participação de 39,2% do Produto Interno Bruto (PIB) capixaba, a indústria registrou o mais alto índice de produção física no país, alcançando 19,2% no período entre janeiro a abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As inaugurações de novas plantas no Estado até 2017 e investimentos de R$ 22 milhões deverão ter desdobramentos sobretudo para o setor extrativo e na produção de commodities. Entre os investimentos esperados estão os da Volare/Marcopolo, da ALX Alumínios e derivados e do Estaleiro Jurong. Os novos complexos conferem à indústria capixaba mais confiabilidade e segurança que a média no país. Enquanto o emprego no setor caiu nacionalmente 0,9% em abril em relação ao mês anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a produção acusa queda de 6,3% até abril de 2015, no Espírito Santo, a produção metalúrgica tem puxado para cima a indústria. O Estado registra alta também na produção de petróleo e manutenção dos níveis de exportação de minério de ferro. Para o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, o momento é de cautela, mas não de pessimismo. “Temos que fazer uma reflexão sobre o impacto da inflação, dos juros, do alto preço da energia e de temas-chave para o segmento, em discussão no Poder Legislativo, como a terceirização, a desoneração da folha de pagamento e a ampliação de benefícios ao trabalhador”, afirmou.
44
Indústria Capixaba – Findes
Gestão por Lui Lima
Motivação de colaboradores é segredo de empresas bem-sucedidas Ambiente de trabalho confortável e reconhecimento falam mais do que dinheiro na hora de motivar um funcionário e mantê-lo satisfeito
N
ão é preciso ser um gênio da gestão para concluir que um profissional bem motivado rende muito mais no ambiente de trabalho do que um outro sem o mesmo estímulo. Mais que isso, um empregado que veste a camisa da empresa pode significar a diferença entre a solução ou continuidade de um problema, o rendimento mediano ou a superação das metas. É uma espécie de círculo virtuoso: o colaborador satisfeito com a própria ocupação é mais engajado na atividade. Esse
46
Indústria Capixaba – Findes
desempenho positivo, por sua vez, traz resultados diretos à organização, a partir de um trabalho mais bem-feito. Entretanto, a grande questão é: como manter o ânimo desse profissional no dia a dia corporativo? Antes de tudo, não há uma receita padrão. Afinal, lidar com pessoas é uma das questões mais difíceis para um gestor. Cada ser humano possui muitas nuances, comportamentos, experiências e personalidades diferentes, e buscar o equilíbrio perfeito, mantendo todos os mais satisfeitos possíveis, é uma tarefa complicada.
“Se você, como líder, trata seu colaborador com respeito e melhora seu ambiente de trabalho, isso vai se refletir, inclusive, na vida pessoal dele” Fábio Dias, superintendente do IEL/ES Contudo, muitas vezes, mais que a própria remuneração, pesquisas acadêmicas e especialistas em gestão e recursos humanos convergem no sentido de que as condições de trabalho, o nível de comunicação interna, o bom relacionamento entre colegas e hierarquias e as possibilidades de crescimento são os principais pilares que sustentam um bom clima na empresa e a manutenção de profissionais motivados. Segundo o superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/ES), Fabio Dias, é aí que entra o principal papel do líder, ao criar um ambiente favorável aos colaboradores. De acordo com ele, ser transparente e tratar a todos com respeito é imprescindível para a manutenção do bom clima. “As empresas precisam de uma política de gestão que se preocupe com o bem-estar das pessoas. Somos seres humanos, e nem sempre conseguimos desconectar a nossa parte pessoal da profissional. Se você, como líder, trata seu colaborador com respeito e melhora seu ambiente de trabalho, isso vai se refletir, inclusive, na vida pessoal dele”, destaca Dias. A vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Espírito Santo, Kátia Vasconcelos, esclarece que é papel do líder desenvolver o interesse dos comandados e dos parceiros por meio de trabalhos desafiadores, mas ao mesmo tempo oferecendo a chance de crescimento pessoal e profissional e, principalmente, fazendo com que tenham confiança no próprio trabalho.“Sempre orientamos as lideranças a investirem na criação de um ambiente laboral saudável, com uma comunicação objetiva, aberta e transparente, de forma que as pessoas possam trabalhar de maneira colaborativa, e não competitiva”, pontua. Na opinião do empresário, professor e palestrante Carlos Alberto Julio, o que mais impulsiona um colaborador é, além de conhecer qual a sua contribuição do trabalho para o todo, saber precisamente o que e como fazer.“Pode parecer bobagem, mas não é. Nossas pesquisas indicam que muitos colaboradores não estão estimulados porque não entendem o que se espera deles ou porque não sabem como fazer o que lhes é pedido. Não adianta motivar só com palavras. A ordem é: primeiro eu capacito, depois eu motivo”, revela. Com isso, ele diz, quem é devidamente treinado, educado, capacitado, já está motivado, pois o que mais incentiva o profissional é a conciência que dá conta do recado.“O despreparado motivado é muito perigoso”, brinca Julio, que também é autor dos livros “A Arte da
Estratégia”, “Reinventando Você” e “Você, Um Grande Empreendedor”, sucessos editoriais e de mercado. Fábio Dias, do IEL/ES, concorda e acrescenta que, mais que isso, para que o ambiente seja saudável, é fundamental que o líder não se preocupe apenas em dar ordens, mas sim em ser colaborativo. “Ele tem que ser coerente com seu discurso. Não pode pregar uma coisa e fazer outra. Precisa cumprir seu papel e dar exemplos de como se portar no ambiente de trabalho. A regra do ‘faça o que eu falo e não o que eu faço’ não tem mais vez nas organizações”, afirma.
Ambiente e atitude, palavras-chave A procura por esse clima motivador é uma característica da nova geração de trabalhadores desde o começo dos anos 2000 e talvez seja uma das conquistas mais visíveis da “geração Y”, como são chamadas as pessoas que cresceram depois da década de 80 e desenvolveram-se numa época de intensos avanços tecnológicos. De acordo com Kátia Vasconcelos, essa se tornou uma demanda de todos os profissionais nos dias de hoje e fomenta a evolução do modelo de liderança. “A renovação nos quadros das companhias trouxe jovens que foram criados em um novo modelo de sociedade, que oferece mais voz. Eles querem ter esse espaço, e as organizações precisam revisitar a forma de trabalho, para proporcionar um ambiente que faça mais sentido”. Prova disso é que gigantes como Google e Facebook, duas das maiores empresas de tecnologia e comunicação da atualidade, oferecem muito mais que ótimos salários.
“Sempre orientamos as lideranças a investirem na criação de um ambiente laboral saudável, com uma comunicação objetiva, aberta e transparente, de forma que as pessoas possam trabalhar de maneira colaborativa, e não competitiva” Katia Vasconcelos, vice-presidente da ABRH-ES
Maio/Junho 2015 • 318
47
Gestão
Almoços e lanches de graça, assim como cortes de cabelo e serviços como lavanderia, médicos no local de trabalho e academia para praticar exercícios físicos, são apenas algumas das regalias que as duas companhias dispõem para manter seus profissionais com a cabeça arejada e o moral em alta. É claro que nem todas as empresas têm condições de oferecer tais “mordomias”, especialmente no Espírito Santo. Contudo, é perfeitamente possível motivar os colaboradores sem, necessariamente, fazer investimentos altos. Mais importante é ter diálogo sempre aberto, com uma boa comunicação, e reconhecer o trabalho que está sendo feito pelas pessoas dentro da organização. “Muitas vezes, a atitude é mais importante que investimentos em benefícios. Quando os funcionários sabem do porte da companhia e têm um líder transparente, que demonstra preocupação com a qualidade de vida deles, não faz muita diferença o valor que se aplica em benefícios”, ressalta Kátia.
Exemplo reconhecido Os cabelos brancos nem de longe transmitem a jovialidade de Luís Roberto Cunha. A fala tranquila e acolhedora, mas ao mesmo tempo firme e bem articulada, faz com que, por um momento, o ouvinte se esqueça de que ele é presidente de uma das mais bem conceituadas agências de publicidade do Espírito Santo, a Danza Comunicação, atuante no mercado há 12 anos. Cunha é um caso de sucesso e exemplo de liderança a ser seguido. “A Danza foi eleita, entre as agências de publicidade, como o segundo melhor local do país para se trabalhar, pelo instituto internacional Great Place to Work, em pesquisa em conjunto com a Associação Brasileira de Publicidade. Somos um expoente no Brasil e no mundo nesse sentido”, afirma, com orgulho. São várias as iniciativas para tornar o ambiente o mais agradável e relaxado possível, desde pequenas confraternizações, até folga em seus respectivos aniversários. Uma delas, inclusive, chamou a atenção da apresentadora de TV Ana Maria Braga: o Dia do Pet. Toda segunda-feira, um funcionário leva o seu animal de estimação para passar o dia na empresa. O objetivo:
“Se a pessoa não estiver leve e se sentindo bem no trabalho, não adianta, pois ela não vai render” Luís Roberto, presidente da Danza Estratégia de Comunicação 48
Indústria Capixaba – Findes
“Pesquisas indicam que muitos colaboradores não estão estimulados porque não entendem o que se espera deles ou porque não sabem como fazer o que lhes é pedido” Carlos Alberto Julio, empresário, professor e palestrante
quebrar o gosto amargo da segunda-feira e deixar o ambiente mais descontraído para todos, aumentando o sentimento de orgulho pelo trabalho que fazem. Junto com isso, a empresa garante condições laborais adequadas, liberdade de expressão e perspectiva de crescimento profissional. Para garantir o clima sadio, a aposta é na aproximação frequente com cada funcionário. “Chamamos um por um para conversar, saber como estão as coisas. E isso serve para que eles possam falar,abrirem-se conosco,já que todos estamos suscetíveis a problemas”, explica o presidente da Danza. Com isso, ele afirma ser possível detectar possíveis focos de insatisfação e ruídos de comunicação que geram atritos internos, fazendo cair o rendimento. Ao sanar esses problemas, consegue-se a manutenção do clima. Não é apenas para preservar o alto-astral que são adotadas essas ações. De acordo com o executivo, é uma questão de sobrevivência, pois a empresa depende do perfeito entrosamento entre todos. “A agência funciona por departamentos, e essa circulação precisa ter a engrenagem toda azeitada, o que só é possível com a equipe se entendendo e se relacionando bem. Além disso, trabalhamos com a criatividade e com o pensamento. Se a pessoa não estiver leve e se sentindo bem no trabalho, não adianta, pois ela não vai render; não vai conseguir pensar ou criar algo estando para baixo”, afirma. Novamente, não há manual de instrução ou receita de bolo para se ter (e manter) uma equipe motivada. Contudo, o fato é que um ambiente de trabalho saudável e desafiador, que propicie o desenvolvimento pessoal e profissional, é fundamental para o crescimento da organização, não importa seu tamanho. Benefícios e salários contam, é claro, mas a sensação de bem-estar ao final de um dia de trabalho acaba sendo o mais importante para a grande maioria. E essa percepção, atrelada ao relacionamento baseado em transparência do líder da companhia com seu grupo de empregados, é essencial para se conseguir os resultados esperados.
Indústria
Novas unidades deverão gerar dezenas de vagas no interior ainda em 2015
Indústria ganha novas escolas móveis Unidades capacitarão profissionais nas áreas moveleira e têxtil
O
Espírito Santo acaba de ganhar mais duas escolas móveis e que em breve levarão capacitação e conhecimento para diversas regiões do Estado. Um investimento do Senai-ES, as carretas deverão atender os setores moveleiro e têxtil. Para o diretor regional do Senai-ES e superintendente do Sesi-ES, Luis Carlos de Souza Vieira, as unidades móveis representam uma estrutura flexível e contemporânea e estão prontas para atender às demandas da indústria. “O Senai só pode ter unidades fixas em municípios com grande concentração industrial. Mas, se temos também industrias espalhadas por todo o interior, é preciso uma estrutura dinâmica para atender essas regiões. A unidade móvel é a resposta que o setor industrial teve do Senai. É uma escola verdadeira, com equipamentos de alta tecnologia e instrutores capacitados. É algo disponível tanto para as industrias quanto as comunidades, oferecendo cursos técnicos de altíssima qualidade para os capixabas”, falou. Já a escola móvel voltada para confecção demandou investimentos de R$ 1,5 milhão e deverá começar a atuar em julho, com oferta em 15 cursos. Ainda em 2015, poderá
gerar até 120 matrículas, em cursos como modelagem, costureiro industrial tecido plano, moda praia, lingerie e moda fitness. Segundo Leonardo Carvalho Leal, gerente das Escolas Móveis do Sesi-Senai-IEL, as unidades passam por algumas etapas antes de entrarem em ação. “Depois da fase de recepção e checagem de equipamentos, vem a etapa de capacitação do corpo docente, que precisará ter todos os conhecimentos de trabalhar em unidades como essas. E então, começam os atendimentos”, falou ele. O gerente observou que enquanto uma escola convencional custa de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões para ser construída, uma versão itinerante consome para esse fim entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões. “Com essas duas, agora passamos a contar com 15 unidades móveis. É um projeto de grande alcance e que atende a vários segmentos importantes de nossa indústria e movimenta a economia capixaba”, frisou. Em municípios que já receberam a visita das carretas, a recepção foi um sucesso. Em Baixo Guandu, por exemplo, o Senai-ES é uma referência em cursos profissionalizantes, ficando em primeiro lugar absoluto em uma pesquisa recall realizada com moradores.
Maio/Junho 2015 • 318
49
Indústria em Ação
Curso do Senai-ES é destaque em pesquisa Ficou com o Senai-ES o primeiro lugar na categoria “Curso Técnico Profissional”, na pesquisa “Marcas Ícones: as mais lembradas de 2015”. A iniciativa, da Rede Vitória, teve solenidade de premiação realizada no da 29 de abril, no cerimonial Le Buffet, em Jardim Camburi, Vitória. Citado por 31% dos entrevistados, o Senai-ES possui uma trajetória de 63 anos de muitos sucessos. Desde a sua criação, a entidade já recebeu mais de 1 milhão de alunos matriculados e, a cada ano, outros 143 mil buscam a instituição à procura de qualificação e um melhor futuro. Desse total, cerca de 70% conseguem chegar ao mercado de trabalho na área do curso feito. O vice-presidente da Findes e diretor para Assuntos do Senai, Benízio Lázaro, representou a entidade no evento e agradeceu pelo destaque. “Esse prêmio nos estimula a melhorar a qualidade dos nossos serviços e o atendimento à população”, enfatizou ele. Além de Lázaro, estiveram presentes no evento a gerente da Divisão de Educação Profissional, Zilka Teixeira, e o gerente de Operações do Senai, Álvaro Diaz Marques.
Benízio Lázaro, Zilka Teixeira e Álvaro Diaz Marques receberam o prêmio
Indústria química registra recuo na produção O primeiro trimestre de 2015 foi de queda na produção da indústria química capixaba, que teve um recuo de 2,1% no período. Entretanto, mesmo com o quadro desfavorável, as empresas seguem em busca de melhores resultados. É o que afirma o presidente do Sindicato das Indústrias Químicas do Espírito Santo (Sindiquímicos), Elias Cucco Dias. “Estamos trabalhando para reverter essa situação, com visitas a outros estados e a outros países da Europa e da Ásia, na tentativa de atrair novas indústrias para o Espírito Santo. Estamos confiantes, pois logisticamente o Estado é interessante, mas para concretizar esse negócio, precisamos do apoio do Governo capixaba”, enfatizou ele. Enquanto isso, no Brasil, os resultados não foram mais promissores que no cenário local. No primeiro trimestre, a produção e as vendas internas nacionais de produtos químicos de uso industrial diminuíram 1,87% e 1,5%, respectivamente, na comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Houve ainda retração de 0,4% na demanda por produtos químicos.
Violista tcheca se apresenta em evento cultural do Sesi A noite de 21 de maio foi movimentada no Teatro do Sesi Jardim da Penha, em Vitória. A casa ficou lotada para a apresentação da Orquestra Camerata, em um concerto com as sinfonias nº 6 e nº 8 de Beethoven. Marcando as comemorações da Semana da Europa no Brasil, o evento contou com o reforço da violista tcheca Jitka Hosprová, que executou o “Concerto em Sol Maior”. Já a embaixadora da delegação da União Europeia no Brasil, Ana Paula Zacarias, aproveitou para agradecer ao Sesi/ES pelas iniciativas culturais no Estado envolvendo outros países.
50
Indústria Capixaba – Findes
Jitka Hosprová participou de apresentação da Orquestra Camerata
Mais de 100 expositores participaram do evento, que contou com grande público
B.Bazar apresenta novidades do setor de confecções
M
ais de 100 expositores apresentaram as novidades em roupas, calçados e acessórios na segunda edição do B.Bazar Outlet, que aconteceu entre 4 e 7 de maio, no Centro de Convenções de Vila Velha. Um grande público movimentou o evento, realizado pelo Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas em Geral do Espírito Santo (Sinconfec), em uma parceria com os sindicatos das Indústrias de Calçados (Sindicalçados), de Produtos Químicos (Sindiquímicos) e de Fiação e Tecelagem, Estamparia e Beneficiamento de Fibras Artificiais e Sintéticas e do Vestuário (Sindutex), com o apoio do Sebrae.
Com o tema “#exagerado”, em alusão aos preços baixos, o encontro significou um novo conceito em feira. Essa é a opinião da presidente do Sinconfec, Clara Orlandi. “O B.Bazar é um evento com adesão maciça, com custo de montagem baixo, usando materiais recicláveis, e trabalhando muito bem a questão do reaproveitamento de materiais. Queríamos focar a indústria criativa, e a gente viu essa criatividade, com as pessoas fazendo muito com pouco.Toda a verba que seria empregada em montagem pôde ser destinada a outras áreas. Sem precisar pagar intermediário, o empresário fica com o lucro. Podemos dizer que o fabricante e o comprador foram beneficiados. Os resultados foram excelentes”, disse ela.
Findes e Unesc firmam convênio para pesquisa acadêmica Promover ações de pesquisa acadêmica, utilizando os laboratórios para a educação industrial nos municípios da Serra e de Colatina. Com esse objetivo, que dará mais competitividade para a indústria capixaba, o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, e o reitor da União de Escolas de Ensino Superior Capixaba (Unesc), Pergentino de Vasconcelos Junior, assinaram no dia 29 de abril, um convênio de cooperação mútua. Com cinco décadas de história, a Unesc conta com 58 laboratórios e atua na formação de profissionais para diversos segmentos da indústria. Para Guerra, a parceria é mais uma ação focada na questão da inovação. “A Unesc oferece laboratórios modernos e um quadro de docentes de alto nível capaz de contribuir para a formação profissional dos trabalhadores do setor produtivo de nosso Estado”, frisou ele. A Unesc tem unidades na Serra e em Colatina.
Maio/Junho 2015 • 318
51
Indicadores
ICEI RECUA E A FALTA DE CONFIANÇA É DISSEMINADA NA INDÚSTRIA CAPIXABA
O
Índice de Confiança do Empresário Tabela 1 Índice de Confiança do Empresário Industrial Industrial (ICEI) do Espírito Santo, ICEI – Espírito Santo e Brasil pesquisa realizada pelo Sesi/Senai/ES, por meio de sua Gerência Executiva de Dez/14 Jan/15 Fev/15 Mar/15 Abr/15 Mai/15 Economia Criativa, e pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial Brasil 45,2 44,4 40,2 37,5 38,5 38,6 do Espírito Santo (Ideies), sob a coordenação Espírito Santo 45,0 43,9 37,9 35,7 37,5 36,6 da Confederação Nacional da Indústria (CNI), decresceu em maio de 2015, em relação ao mês Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI anterior (-0,9 ponto) e permanecendo abaixo da linha divisória de 50 pontos (36,6 pontos). A queda, a quarta ocorrida em 2015, foi influenciada tanto pelo o ICEI registrou uma queda de 12,3 pontos. indicador de condições da economia como pelo de expectaO ICEI da indústria brasileira manteve-se pratitivas, já que ambos declinaram. Na análise comparativa de maio camente estável em maio de 2015, já que antes de 2015 com maio de 2014, quando estava em 48,9 pontos, abril apresentou suave aumento (+0,1 ponto). O índice permaneceu em patamar baixo (38,6 pontos), demonstrando Gráfico 1 Índice de Confiança do Empresário Industrial - ICEI ES falta de confiança do empresário. (em pontos) Esse resultado foi motivado pela melhora no indicador de condições atuais, já que 70 65 o de expectativas baixou. Frente a maio 60 de 2014 (48,0 pontos), a confiança da Média histórica 56,0 55 indústria nacional decresceu 9,4 pontos. 50 O ICEI do Brasil é composto pelas 45 informações de Condições Gerais da 40 Economia Brasileira, Condições Gerais 35 da Empresa, Expectativas da Economia 36,6 30 Brasileira e Expectativas da Empresa. ago/10 fev/11 ago/11 fev/12 ago/12 fev/13 ago/13 fev/14 ago/14 mai/15 O ICEI do Espírito Santo inclui mais Fonte e elaboração: Ideies/Sistema Findes/CNI duas questões: Condições Gerais do A média histórica considera o período de fev/2010 a mai/2015 Estado e Expectativas do Estado.
Percepção do Empresário Industrial - Condições Atuais O indicador de condições atuais,apurado com base na percepção dos industriais capixabas em relação à economia, ao Estado e à própria empresa, registrou suave queda em maio de 2015 em comparação ao mês anterior (-0,4 ponto), mantendo-se dessa maneira abaixo da linha divisória de 50 pontos (26,9 pontos). Esse decréscimo foi influenciado pelo item condições da empresa, que caiu 0,7 ponto, já que os outros dois itens que compõem o indicador se elevaram: condições da economia (+1,4 ponto)
52
Indústria Capixaba – Findes
e condições do Estado (+0,3 ponto). Todos se mantiveram na faixa inferior a 50 pontos: condições da economia (17,9 pontos), condições do Estado (21,1 pontos) e condições da empresa (30,8 pontos). Frente ao resultado de maio de 2014, verificou-se significativo declínio no indicador de condições atuais (-14,3 pontos) e em todos os itens que o compõem. A indústria brasileira alcançou acréscimo no indicador de condições atuais em maio de 2015, em relação ao mês
anterior (+0,7 ponto). Esse é o primeiro avanço do índice no ano de 2015, porém continua abaixo da linha divisória de 50 pontos (29,8 pontos). O resultado foi influenciado apenas pelo item “condições da economia brasileira”, que cresceu 1,9 ponto,em oposição ao item “condições da empresa”,que fechou com pequena queda de 0,1 ponto,mas ambos permanecem na faixa inferior a 50 pontos. No confronto do resultado de maio de 2015 com maio de 2014, notou-se significativa redução no indicador de condições atuais (-10,9 pontos), bem como nos dois itens que compõem o indicador.
Tabela 2
Indicador de Condições Atuais ESPÍRITO SANTO
BRASIL
Mai/14
Abr/15
Mai/15
Mai/14
Abr/15
Mai/15
41,2
27,3
26,9
40,7
29,1
29,8
Economia brasileira
32,3
16,5
17,9
33,8
19,3
21,2
Estado
35,4
20,8
21,1
-
-
-
Empresa
44,5
31,5
30,8
44,2
34,2
34,1
CONDIÇÕES ATUAIS ¹ Com relação a:
1 - Em comparação com os últimos seis meses Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI
Percepção do Empresário Industrial: Expectativas para os próximos seis meses Em maio de 2015, houve piora nas Tabela 3 Indicador de Expectativas para os próximos seis meses expectativas dos industriais capixabas com relação aos próximos seis meses, ESPÍRITO SANTO BRASIL pois o indicador fechou com decréscimo de 1,1 ponto em relação ao mês anterior Mai/14 Abr/15 Mai/15 Mai/14 Abr/15 Mai/15 e continuou abaixo da linha divisória de 50 pontos (41,2 pontos). Dois dos itens EXPECTATIVAS ² 52,6 42,3 41,2 51,7 43,2 43,1 que o integram recuaram: expectativa em Com relação a: relação ao Estado (-1,7 ponto) e em relação à empresa (-1,5 ponto). No entanto, houve Economia brasileira 39,8 30,4 31,0 43,8 33,1 34,1 acréscimo no item expectativa da economia Estado 45,2 35,7 34,0 brasileira (+0,6 ponto). Contudo, os indicadores continuam posicionados Empresa 57,2 47,0 45,5 55,6 48,5 47,7 abaixo da linha divisória de 50 pontos: expectativa da economia brasileira, 2 - Para os próximos seis meses Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI com 31,0 pontos; do Estado, com 34,0; e da empresa, com 45,5. Em confronto ao mesmo mês de 2014, à empresa” (-0,8 ponto). Todavia, o outro quesito, observou-se expressiva queda (-11,4 pontos), influenciada por todos “com relação à economia brasileira”, obteve avanço de os itens formadores desse indicador. 1,0 ponto, entretanto, ambos se posicionaram a baixo O indicador de expectativas da indústria nacional caiu suavemente da linha divisória de 50 pontos. Maio de 2015 em em maio de 2015, se comparado ao mês anterior (-0,1 ponto), relação a maio de 2014 mostrou expressiva queda no se mantendo dessa forma na faixa inferior a 50 pontos (43,1 pontos). indicador de expectativa (-8,6 pontos), por influência Esse resultado foi influenciado por um dos dois itens, “com relação relevante dos dois itens que o integram.
Notas - Em janeiro de 2012, as empresas da amostra foram reclassificadas segundo a CNAE 2.0, seus portes foram redefinidos de acordo com a metodologia do EuroStat (mais informações www.cni.org.br), e a série histórica do ES foi recalculada retroativamente a fevereiro de 2010. - O ICEI varia no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam empresários confiantes. - A pesquisa, cuja amostra é selecionada pela Confederação Nacional da Indústria – CNI, contou com a participação de 93 empresas capixabas (27 pequenas, 43 médias e 23 de grande porte). Dessas, 20 empresas pertencem à indústria da construção.
Maio/Junho 2015 • 318
53
Fatos em Fotos Show do Trabalhador agita Linhares O Parque de Exposições de Linhares foi sacudido no dia 15 de maio pela alegria de Elba Ramalho. A festa fez parte da 5ª edição do “Show do Trabalhador da Indústria Capixaba”, iniciativa do Sesi/ES que traz ao Espírito Santo artistas de destaque nacional para comemorar o aniversário do Sesi/ES, além de homenagear, estreitar laços e oferecer apresentações culturais a quem trabalha diariamente para o desenvolvimento da indústria do Espírito Santo. Pela primeira vez, a programação foi levada para o interior do Estado, e a cidade de Linhares foi a primeira de três que receberam o evento. O público se divertiu ao som de grandes sucessos da cantora paraibana, como “De Volta Pro Meu Aconchego”, “Ai que Saudade d’Ocê”, “Gostoso Demais” e “Mulher Rendeira”. 1 – O conselheiro do Sistema Findes Almir José Gaburro, e sua esposa, Edilene Rigoni 2 – O diretor regional do Senai/ES e superintendente do Sesi/ ES, Luis Carlos de Souza Vieira; o vice-presidente institucional da Findes em Linhares e região, Paulo Joaquim do Nascimento; o diretor adjunto da Findes em Linhares e região, Wilmar Barros Barbosa; e o gerente de Cultura do Sesi/ES, Luiz Vancea 3 – O vice-presidente institucional da Findes em Colatina e região, Manoel Giacomin; o presidente da Câmara Setorial Moveleira, Luiz Rigoni; o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra; e o diretor para Assuntos do Sesi/ES, José Carlos Bergamin 4 – O vice-presidente da Findes e presidente do Sindinfo, Benízio Lázaro, ao lado da filha, Taís Lázaro 5 – Elba Ramalho trouxe sua alegria e grandes sucessos para o palco 6 – Camerata do Sesi/ES 7 – O casal Marcos e Giane Guerra aproveitou para ficar com uma recordação de Elba Ramalho 8 – Um grande público prestigiou o evento em Linhares
1
2
3
6
54
Indústria Capixaba – Findes
5
4
7
8
Colatina recebe segunda noite do Show do Trabalhador A noite de 16 de maio foi de muita animação em Colatina. A cidade recebeu a segunda apresentação do “Show do Trabalhador da Indústria Capixaba” no interior em 2015. Após passar por Linhares, o evento que comemora o aniversário do Sesi/ES lotou o Clube Itajuby, no bairro Maria das Graças. Mais uma vez, Elba Ramalho comandou a alegria geral, com canções que marcaram não apenas a sua carreira, mas a música popular brasileira. Trabalhadores de diversos setores da indústria prestigiaram a festa e não ficaram parados um minuto sequer. O presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, aproveitou para falar sobre a importância de dividir a celebração com o interior do Estado. 1 – A Orquestra Camerata Sesi e o Trio Mafuá fizeram a abertura do evento 2 – O vereador de Vila Valério Adair Grigoleto, ao lado do vice-presidente institucional da Findes em Colatina e região, Manoel Giacomin 3 – O presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, ao lado da esposa, Giane 4 – Os casais Aclécio e Vera Tedesco e Luiz e Ana de Fátima Oliveira curtiram o show 5 – O diretor administrativo da DuCouro, José Augusto; o presidente do Sindimecânica, Ennio Modenesi Pereira II, e sua esposa, Bianca; o diretor da Findes, Sânte Dassie, e sua esposa, Marcia; e a presidente do Sinconfec, Clara Thais Rezende Orlandi 6 – O diretor regional do Senai/ES e superintendente do Sesi/ES, Luis Carlos de Souza Vieira, Manoel Giacomin; e o conselheiro da Federação das Indústrias, Antônio Carlos Molini 7 – Marcos Guerra falou da alegria de trazer o evento à sua terra natal 8 – Cantora agradeceu pelo carinho da população de Colatina
1
2
4
6
3
5
7
8 Maio/Junho 2015 • 318
55
Fatos em Fotos Show do Trabalhador leva Elba Ramalho a Cachoeiro O Parque de Exposições de Cachoeiro de Itapemirim foi palco da terceira apresentação do “Show do Trabalhador da Indústria Capixaba” em 2015. Um grande público celebrou mais uma vez o aniversário do Sesi/ES ao som do repertório de Elba Ramalho. O evento reuniu diretores, conselheiros e colaboradores do Sistema Findes, além de autoridades, presidentes de sindicatos e trabalhadores da indústria do Estado em geral, em uma noite de integração e diversão. 1 – O procurador-geral de Cachoeiro de Itapemirim, Marco Aurélio Coelho, e o secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade, Ricardo Coelho 2 – O diretor adjunto da Findes em Guaçuí e região, Elias Carvalho Soares; o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra; e o diretor regional do Senai-ES e superintendente do Sesi-ES, Luis Carlos de Souza Vieira 3 – O deputado federal Evair de Melo e o presidente do Sindirochas, Samuel Mendonça 4 – O diretor da Opex, Antônio Braga; o gerente da Cofril, Ronalson Vargas; e Wilson Serrano 5 – O vice-presidente institucional da Findes em Cachoeiro de Itapemirim e região, Áureo Vianna Mameri; o diretor para Assuntos do Sesi, José Carlos Bergamin; e Luis Carlos de Souza Vieira 6 – O prefeito de Vargem Alta, João Bosco Dias, e sua noiva, Lubia Canela 7 – O maestro da Camerata Sesi/ES, Leonardo Davi, e o casal Marcos e Giane Guerra 8 – Diretoria da Findes, presidentes de sindicatos e colaboradores da indústria capixaba em mais um evento de sucesso
1
4
7
56
Indústria Capixaba – Findes
2
3
6
5
8
Caso de Sucesso
Jair Ferreira Empreendedor criou há 42 anos a Revest Stone Design, empresa que trouxe mais requinte e tecnologia para o setor de rochas ornamentais
C
om soluções para projetos de alto padrão em rochas ornamentais a Revest Stone Design surgiu em 1973, quando Jair Lopes Ferreira comprou um caminhão de pedras São Tomé, provenientes de Minas Gerais, para a construção de sua própria casa. O projeto chamou tanto a atenção dos vizinhos que ele viu a possibilidade de um novo negócio. “Notei que era algo que não havia no mercado e resolvi investir. E deu certo”, conta. Natural de Baixo Guandu, Jair conciliava sua nova realidade como empreendedor à condição de funcionário do Banco do Brasil. Segundo ele, a família foi fundamental para levar a ideia adiante. “Trabalhava com a minha esposa, Nilza Pandolpho Ferreira, que sempre esteve ao meu lado. Cerca de cinco anos depois da criação da empresa, meu filho Fernando optou por deixar a carreira que iniciava como tecnólogo em Mecânica e passou a trabalhar comigo. Depois, vieram meus dois outros filhos, Luciano e Jair”, relembra. O negócio não parou de crescer, sempre com a família envolvida e cuidando para que tudo caminhasse bem. Em 1995, foi a vez da esposa de Fernando, Denise Giestas, também deixar o antigo emprego e passar a ajudar de forma integral na direção da Revest. Jair destaca que ao longo dos anos, a empresa se tornou referência no setor e contribuiu para uma mudança no cenário da arquitetura e da engenharia civil do Espírito Santo. “Era um novo nicho de mercado, com maior valor agregado dos produtos,
abandonando aos poucos somente o fornecimento de pedras decorativas, para executar obras de maior complexidade”, falou. Além da sede industrial, no Civit II, na Serra, a empresa conta com uma loja localizada na Enseada do Suá, em Vitória. A indústria tem 52 mil m² de área, sendo 5 mil m² ocupados por um galpão industrial e 22 mil m² dedicados à preservação permanente. Muitos dos 16 colaboradores têm mais de 20 anos de casa, um reflexo do bom ambiente de trabalho. Para Jair, o sucesso no mercado pode ser explicado por características como compromisso, qualidade e capacitação. “Temos um bom corpo técnico e oferecemos soluções e assessoria, além de qualidade na execução dos produtos e serviços de alto valor agregado. O cliente vai até a loja com um projeto, como um apartamento, por exemplo, e se o negócio for fechado, enviamos um medidor até o local e passamos as informações para a nossa indústria, que transforma a ideia em realidade”, frisou. De acordo com o empresário, a Revest Stone Design é hoje uma marca consolidada não apenas no mercado capixaba, mas também nacional. “Somos respeitados pela excelência de nossos produtos. A inovação no nosso modelo de negócios nos impulsionou a estreitar a nossa carteira de clientes, focando em técnica e design”. Segundo o empreendedor, as propostas de valor oferecidas suprem as demandas de um segmento de clientes cada vez mais exigente e antenado com o que há de mais moderno. E, assim, a Revest segue seu caminho de vitórias no setor de mármore e granito. Maio/Junho 2015 • 318
57
Artigo
PL4.330: modernização da legislação trabalhista
A
CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) é, sem dúvida, uma grande conquista, mas que já está com 72 anos de idade. Essa “senhora” acumula 922 artigos (sem contar as centenas de outras leis, portarias, decretos e normas reguladoras dentro do Direito do Trabalho) que estabelecem uma legislação ainda anterior, de 1930, quando o mundo era completamente diferente do que é hoje, quando não se falava em internet nem mesmo em telefone celular. Estamos na era da globalização, da competitividade, e o protecionismo da CLT acarreta entraves que não param na complexidade da lei, mas extravasa ao engessamento das relações de trabalho com a inflexibilidade, e ao anacronismo entre as exigências da lei e a nossa atual realidade. Foi diante da necessidade de vencer esses impasses que há mais de 20 anos a terceirização vem ocupando espaço nos contratos de trabalho, mas, sem regras específicas, deixa desprotegidos tanto o trabalhador terceirizado quanto o empregador, pela falta de segurança jurídica. Quando eu elaborei o Projeto de Lei 4.330, em 2004, foi justamente em atenção a essa necessidade do mercado e a inúmeras pessoas que me procuraram depois de sofrerem calote de firmas de fachada e também de empresários que, do dia para a noite, tinham a prestação de serviço terceirizado abandonada, sem saber exatamente o que aquele rompimento implicaria, quais as responsabilidades com os funcionários. O PL 4.330 contém 22 artigos, dos quais um é de apresentação do projeto, 19 são de proteção ao trabalhador, e dois dão segurança jurídica para as empresas. Ou seja, quase a totalidade do projeto é de cobertura e de segurança jurídica dos trabalhadores, que será
58
Indústria Capixaba – Findes
o mais protegido do país. O projeto prevê um seguro ou depósito caução anticalote, que deve ser feito pela empresa como condição para que seja contratada. Esse dinheiro será usado para acertos trabalhistas, caso necessário. Além disso, prega igualdade de direitos entre os funcionários contratados diretamente pela empresa e os terceirizados, colocando fim ao bullying sofrido atualmente. O projeto estabelece claramente as obrigações de cada parte ao determinar que não há vínculo empregatício entre a empresa contratante e os trabalhadores da empresa prestadora de serviços. As contratantes precisam comprovar a fiscalização sobre as prestadoras de serviço quanto ao cumprimento dos direitos e das garantias estabelecidos na legislação trabalhista, como horas extras, 13º salário e férias, e as determinadas em acordos e convenções coletivas de suas respectivas categorias profissionais. O PL 4.330 iguala as condições das empresas do Brasil às dos países desenvolvidos e atende as práticas modernas de produção, caracterizadas pelas exigências de especialização, flexibilidade de prazo, arranjos empresariais e mobilidade, que não cabem dentro da legislação trabalhista brasileira vigente. Hoje, mais do que nunca, diante da imensa crise que enfrentamos, precisamos de leis trabalhistas mais flexíveis e que garantam competitividade das empresas. Isso significa não só geração de empregos, mas principalmente a manutenção dos postos de trabalho existentes. Diante das projeções alarmantes de desemprego que preveem demissão de 1,2 milhão de pessoas este ano, todos os esforços no sentido de manter abertos postos de trabalho e dar competitividade às nossas indústrias são urgentes e inadiáveis.
Sandro Mabel é autor PL 4.330 e presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Goiás-Siaeg