Revista Indústria Capixaba 321

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Publicação Oficial do Sistema Findes • Nov/Dez 2015 • Distribuição gratuita • nº 321 • IMPRESSO

Indústria Como o ES vai superar a maior crise hídrica da história

Inovação Mapeamento inédito da indústria criativa no Estado

Especial Marcos Guerra analisa cenário e sugere medidas para 2016

Comércio exterior em xeque Novo bloco comercial do Pacífico deixa Brasil de fora Entrevista: Paulo Hartung faz balanço do primeiro ano de mandato e fala de suas expectativas para 2016

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Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo – Findes Presidente: Marcos Guerra 1º vice-presidente: Gibson Barcelos Reggiani Vice-presidentes: Aristoteles Passos Costa Neto, Benízio Lázaro, Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi, Elder Elias Giordano Marim, Egidio Malanquini, Houberdam Pessotti, Leonardo Souza Rogerio de Castro, Manoel de Souza Pimenta Neto, Sebastião Constantino Dadalto 1º diretor administrativo: José Augusto Rocha 2º diretor administrativo: Sérgio Rodrigues da Costa 1º diretor financeiro: Tharcicio Pedro Botti 2º diretor financeiro: Ronaldo Soares Azevedo 3º diretor financeiro: Flavio Sergio Andrade Bertollo Diretores: Almir José Gaburro, Atilio Guidini, Elias Cucco Dias, Emerson de Menezes Marely, Ennio Modenesi Pereira II, José Carlos Bergamin, José Carlos Chamon, Luiz Alberto de Souza Carvalho, Luiz Carlos Azevedo de Almeida, Luiz Henrique Toniato, Loreto Zanotto, Mariluce Polido Dias, Neviton Helmer Gasparini, Ocimar Sfalsin, Ortêmio Locatelli Filho, Ricardo Ribeiro Barbosa, Samuel Mendonça, Silésio Resende de Barros, Tullio Samorini, Vladimir Rossi Conselho Fiscal Titulares: Bruno Moreira Balarini, Ednilson Caniçali, José Angelo Mendes Rambalducci Suplentes: Adenilson Alves da Cruz, Antonio Tavares Azevedo de Brito, Fábio Tadeu Zanetti Representantes na CNI Titulares: Marcos Guerra, Gibson Barcelos Reggiani Suplentes: Lucas Izoton Vieira, Leonardo Souza Rogerio de Castro Superintendente corporativo: Marcelo Ferraz Goggi Serviço Social da Indústria – Sesi Presidente do Conselho Regional: Marcos Guerra Representantes do Ministério do Trabalho Titular: Alessandro Luciani Bonzano Comper Suplente: Alcimar das Candeias da Silva Representante do Governo: Orlando Bolsanelo Caliman Representantes das atividades industriais Titulares: Sebastião Constantino Dadalto, Houberdam Pessotti, José Carlos Bergamin, Valkinéria Cristina Meirelles Bussular Suplentes: Sergio Rodrigues da Costa,Gibson Barcelos Reggiani, Eduardo Dalla Mura do Carmo, Luiz Carlos Azevedo de Almeida Representantes da categoria dos trabalhadores da indústria Titular: Luiz Alberto de Carvalho Suplente: Lauro Queiroz Rabelo Superintendente: Luis Carlos de Souza Vieira Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai Presidente do Conselho Regional: Marcos Guerra Representantes das atividades industriais Titulares: Benízio Lázaro, Wilmar Barros Barbosa, Almir José Gaburro, Luciano RaizerMoura Suplentes: Ronaldo Soares Azevedo, Neviton Helmer Gasparini, Clara Thais Resende Cardoso Orlandi, Manoel de Souza Pimenta Neto Representantes do Ministério do Trabalho Titular: Alessandro Luciani Bonzano Comper Suplente: Alcimar das Candeias da Silva Representante do Ministério da Educação Titular: aguardando indicação do MEC Suplente: Ronaldo Neves Cruz Representantes da categoria dos trabalhadores da indústria Titular: Vandercy Soares Neto Suplente: aguardando indicação da UGT Diretor-regional: Luis Carlos de Souza Vieira

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Centro da Indústria no Espírito Santo – Cindes Presidente: Marcos Guerra 1º vice-presidente: Gibson Barcelos Reggiani 2º vice-presidente: Aristoteles Passos Costa Neto 3º vice-presidente: Houberdam Pessotti Diretores: Cristhine Samorini, Ricardo Augusto Pinto, Edmar Lorencini dos Anjos, Altamir Alves Martins, Rogério Pereira dos Santos, Zilma Bauer Gomes, Alejandro Duenas, Ana Paula Tongo da Silva, Antonio Tavares Azevedo de Brito, Bruno do Espírito Santo Brunoro, Celso Siqueira Júnior, Eduarda Buaiz, Gervásio Andreão Júnior, Helio de Oliveira Dórea, Julio Cesar dos Reis Vasconcelos, Raphael Cassaro Machado. Conselho Consultivo: Oswaldo Vieira Marques, Helcio Rezende Dias, Sergio Rogerio de Castro, José Bráulio Bassini, Fernando Antonio Vaz, Lucas Izoton Vieira, Marcos Guerra Conselho Fiscal: Joaquim da Silva Maia, Gilber Ney Lorenzoni, Hudson Temporim Moreira, Ennio Edmyr Modenesi Pereira, Marcondes Caldeira, Sante Dassie Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo – Ideies Presidente do Conselho Técnico do Ideies: Marcos Guerra Membro representante da Diretoria Plenária da Findes: Egidio Malanquini Membro representante do Setor Industrial: Benízio Lázaro Membro efetivo representante do Senai-ES: Luis Carlos de Souza Vieira Membro efetivo representante do Sesi-ES: Yvanna Miriam Pimentel Moreira Representantes do Conselho Fiscal - Membros efetivos: Tullio Samorini, José Carlos Chamon, José Domingos Depollo Representantes do Conselho Fiscal - Membros suplentes: José Ângelo Mendes Rambalducci, Luciano Raizer Moura, Houberdam Pessotti Representante da Comunidade Científica Acadêmica e Técnica: João Luiz Vassalo Reis Diretor-executivo do Ideies: Antonio Fernando Doria Porto Instituto Euvaldo Lodi – IEL Diretor-regional: Marcos Guerra Conselheiros: Luis Carlos de Souza Vieira, Maria Auxiliadora de Carvalho Corassa, Lúcio Flávio Arrivabene, Geraldo Diório Filho, Sônia Coelho de Oliveira, Rosimere Dias de Andrade, Vladimir Rossi, José Bráulio Bassini, Houberdam Pessotti, Aristoteles Passos Costa Neto e Aureo Mameri Conselho Fiscal: Egídio Malanquini, Tharcicio Pedro Botti, Loreto Zanotto, Rogério Pereira dos Santos e Sérgio Rodrigues da Costa Superintendente: Fábio Ribeiro Dias Instituto Rota Imperial – IRI Diretor-geral: Marcos Guerra Diretores: Manoel de Souza Pimenta Neto, Alejandro Duenas, Paulo Henrique Teodoro de Oliveira, Vladimir Rossi Conselho Deliberativo Titulares: Baques Sanna, Alejandro Duenas, Fernando Schneider Kunsch, Maely Coelho, Eustáquio Palhares, Roberto Kautsky, Associação Montanhas Capixabas Turismo e Eventos, Instituto Jutta Batista da Silva, Adetur Metropolitana Suplentes: Jorge Deocézio Uliana, Tullio Samorini, João Felício Scardua, Manoel de Souza Pimenta Neto, Adenilson Alves da Cruz, Tharcicio Pedro Botti, Henrique Denícoli, Helina Cosmo Canal, Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região do Caparaó, Associação Leopoldinense de Turismo, Agrotures, Leandro Carnielli, Associação Turística de Pedra Azul, Fundação Máximo Zandonadi Membros natos: Lucas Izoton Vieira, Sergio Rogerio de Castro, Ernesto Mosaner Júnior, Aristoteles Passos Costa Neto Conselho Fiscal Efetivos: Flavio Sergio Andrade Bertollo, Raphael Cassaro, Edmar dos Anjos Suplentes: Celso Siqueira, Valdeir Nunes, Gervásio Andreão Júnior

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Condomínio do Edifício Findes (Conef) Presidente do conselho: Marcelo Ferraz Goggi Câmaras Setoriais Industriais e Conselhos Temáticos (Consats) Coordenador-geral: Gibson Barcelos Reggiani Câmaras Setoriais Industriais Câmara Setorial das Indústrias de Alimentos e Bebidas Presidente: Claudio José Rezende Câmara Setorial das Indústrias de Base e Construção Presidente: Wilmar dos Santos Barroso Filho Câmara Setorial da Indústria de Materiais da Construção Presidente: Houberdam Pessotti Câmara Setorial das Indústrias de Mineração Presidente: Samuel Mendonça Câmara Setorial da Indústria Moveleira Presidente: Luiz Rigoni Câmara Setorial da Indústria do Vestuário Presidente: José Carlos Bergamin Conselhos Temáticos Conselho Temático de Assuntos Legislativos (Coal) Presidente: Paulo Alfonso Menegueli Conselho Temático de Comércio Exterior (Concex) Presidente: Marcílio Rodrigues Machado Conselho Temático de Desenvolvimento Regional (Conder) Presidente: Áureo Vianna Mameri Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) Presidente: Sebastião Constantino Dadalto Conselho Temático de Meio Ambiente (Consuma) Presidente: Wilmar Barros Barbosa Conselho Temático de Micro e Pequena Empresa (Compem) Presidente: Flavio Sergio Andrade Bertollo Conselho Temático de Política Industrial e Inovação Tecnológica (Conptec) Presidente: Franco Machado Conselho Temático de Relações do Trabalho (Consurt) Presidente: Haroldo Olívio Marcellini Massa Conselho Temático de Responsabilidade Social (Cores) Presidente: Jefferson Cabral Conselho Temático de Educação (Conedu) Presidente: Luciano Raizer Moura Conselho Temático de Energia (Conerg) Presidente: Nélio Rodrigues Borges Conselho Temático de Economia Criativa (Conect) Presidente: José Carlos Bergamin Diretorias e Núcleos Regionais Diretoria da Findes em Anchieta e região Vice-presidente institucional da Findes: Fernando Schneider Kunsch Diretoria da Findes em Aracruz e região Vice-presidente institucional da Findes: João Baptista Depizzol Neto Núcleo da Findes em Barra de São Francisco e região Vice-presidente institucional da Findes: não definido Diretoria da Findes em Cariacica e Viana Vice-presidente institucional da Findes: Rogério Pereira dos Santos Diretoria da Findes em Cachoeiro de Itapemirim e região Vice-presidente institucional da Findes: Áureo Vianna Mameri Diretoria da Findes em Colatina e região Vice-presidente institucional da Findes: Manoel Antonio Giacomin Núcleo da Findes em Guaçuí e região: Vice-presidente institucional da Findes: Bruno Moreira Balarini Diretoria da Findes em Linhares e região Vice-presidente institucional da Findes: Paulo Joaquim do Nascimento Núcleo da Findes em Nova Venécia e região Vice-presidente institucional da Findes: José Carnieli

Núcleo da Findes em Santa Maria de Jetibá e região Vice-presidente institucional da Findes: Denilson Potratz Núcleo da Findes em São Mateus e região Vice-presidente institucional da Findes: Nerzy Dalla Bernardina Junior Diretoria da Findes em Serra: Vice-presidente institucional da Findes: José Carlos Zanotelli Núcleo da Findes em Venda Nova do Imigrante e região Vice-presidente institucional da Findes: Sérgio Brambilla Diretoria da Findes em Vila Velha Vice-presidente institucional da Findes: Vladimir Rossi Diretoria da Findes em Vitória Vice-presidente institucional da Findes: não definido Diretores para Assuntos Específicos e das Entidades Diretor para Assuntos do Fortalecimento Sindical e da Representação Empresarial: Egidio Malanquini Diretor para Assuntos Tributários: Leonardo Souza Rogerio de Castro Diretor para Assuntos de Capacitação e Desenvolvimento Humano: Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi Diretor para Assuntos de Marketing e Comunicação: Eugênio José Faria da Fonseca Diretor para Assuntos de Desenvolvimento da Indústria Capixaba: Paulo Roberto Almeida Vieira Diretor para Assuntos de Políticas Públicas Industriais: Paulo Alexandre Gallis Pereira Baraona Diretor para Assuntos de Relações Internacionais: Rodrigo da Costa Fonseca Diretor para Assuntos do IEL: Aristoteles Passos Costa Neto Diretor para Assuntos do Ideies/CAS: Egidio Malanquini Diretor para Assuntos do Cindes: Aristoteles Passos Costa Neto Diretor para Assuntos do IRI: Adenilson Alves da Cruz Diretor para Assuntos do Sesi: Jose Carlos Bergamin Diretor para Assuntos do Senai: Benízio Lázaro Sindicatos da Findes e respectivos presidentes Sinduscon: Aristoteles Passos Costa Neto | Sindipães: Luiz Carlos Azevedo de Almeida Sincafé: Egidio Malanquini | Sindmadeira: Luiz Henrique Toniato Sindimecânica: Ennio Modenesi Pereira II | Siges: João Baptista Depizzol Neto Sinconfec: Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi Sindibebidas: Sérgio Rodrigues da Costa | Sindicalçados: Altamir Alves Martins Sindifer: Manoel de Souza Pimenta Neto | Sinprocim: Pablo José Miclos Sindutex: Mariluce Polido Dias | Sindifrio: Elder Elias Giordano Marim Sindirepa: Eduardo Dalla Mura do Camo | Sindicopes: José Carlos Chamon Sindicacau: Gibson Barcelos Reggiani | Sindipedreiras: Loreto Zanotto Sindirochas: Tales Pena Machado | Sincongel: Paulo Henrique Teodoro de Oliveira Sinvesco: Fábio Tadeu Zanetti | Sindimol: Alvino Pessoti Sandis Sindmóveis: Ortêmio Locatelli Filho | Sindimassas: Levi Tesch Sindiquímicos: Elias Cucco Dias | Sindiolarias: Ednilson Caniçali Sindinfo: Luciano Raizer Moura| Sindipapel: Glaucio Antunes de Paula Sindiplast: Neviton Helmer Gasparini | Sindibores: Silésio Resende de Barros Sinvel: Delson Assis Cazelli | Sinconsul: Bruno Moreira Balarini Sindilates: Claudio José Rezende | Sindipesca: Mauro Lúcio Peçanha de Almeida Sindividros: Arisson Rodrigues Ferreira | Sinrecicle: Romário José Correa de Araújo

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Nesta Edição

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Cenário Estados Unidos, Japão e outros 10 países assinaram recentemente a Parceria Transpacífico, considerada o maior acordo de livre comércio dos últimos 20 anos. Confira o que a aliança realmente significa para a economia internacional e como o Brasil pode perder importantes mercados por estar fora desse importante bloco.

ENTREVISTA

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O governador Paulo Hartung fala sobre o difícil momento econômico e político do país, aponta como o Espírito Santo pode atravessar esse período de incertezas e aborda as decisões que precisam ser tomadas para que o Estado continue crescendo e atraindo investimentos.

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indústria Em uma das piores secas de sua história, o Estado busca superar os efeitos da escassez de água. Veja como a indústria entendeu esse complicado momento, mobilizou-se e vem sendo destaque no consumo racional dos recursos hídricos, mantendo sua produção sem comprometer o abastecimento.

Inovação 30 O Ideies acaba de divulgar o Mapeamento da Indústria Criativa no Espírito Santo, um pioneiro trabalho, que analisou grupo composto por 13 setores da economia. Dividido em quatro capítulos, o estudo mostra os detalhes dessa atividade que movimenta cerca de R$ 2 bilhões por ano em terras capixabas.

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especial 36 O presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, faz uma análise sobre o ano de 2015 e projeta os desafios a partir de 2016. Em pauta, a inflação, a necessidade de uma reforma política, os impactos da falta de líderes e as ações realizadas pela Federação das Indústrias para a retomada do crescimento.

Edição nº 321 Nov/Dez 2015

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Publicação oficial do Sistema Findes Nov/Dez – 2015 • nº 321 Conselho Editorial – Marcos Guerra, Gibson Barcelos Reggiani, Sebastião Constantino Dadalto, Aristoteles Passos Costa Neto, Luis Carlos de Souza Vieira, Elcio Alves, Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi, Jose Carlos Bergamin, Egidio Malanquini, Benízio Lázaro, Eugênio José Faria da Fonseca, Annelise Lima, Fábio Ribeiro Dias, Antonio Fernando Doria Porto, Marcelo Ferraz Goggi, Cintia Dias e Breno Arêas.

Gestão

Jornalista responsável – Breno Arêas (MTB 2933/ES)

De acordo com uma pesquisa do Ipea, a indústria de transformação brasileira registrou queda de 0,8% na sua produtividade entre 2000 e 2009. Para voltar a se desenvolver, o setor deve investir em novas tecnologias, além de modernizar seus processos operacionais.

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Apoio técnico – Assessoria de Comunicação da Findes Jornalistas: Evelyn Trindade, Fábio Martins, Fernanda Neves, Natália Magalhães, Rafael Porto e Diego Pinto Gerente de Marketing: Cintia Dias Coordenação: Breno Arêas RM/Findes Depto. Comercial – U Tel: (27) 3334-5791– revistaindustria@findes.org.br

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Produção Editorial

Coordenação Editorial: Mário Fernando Souza Gerente de Produção: Cláudia Luzes Editoração: Michel Sabarense e Genison Kobe Copidesque: Marcia Rodrigues Textos: Fernanda Zandonadi, Gustavo Costa, Ivy Coutinho, Luciene Araújo e Mike Figueiredo Fotografia: Jackson Gonçalves, Renato Cabrini, fotos cedidas, arquivos do Sistema Findes e Next Editorial

Caso de Sucesso

Impressão

De dono de uma pequena farmácia a proprietário da LukPlast, empresa que é referência no Estado em reciclagem e processamento de produtos plásticos, João Batista Duque é o empreendedor de destaque desta edição. Nov/Dez 2015 • 321

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editorial

O ano da dicotomia

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icotomia é uma palavra de origem grega que representa a divisão de algo em duas partes, geralmente contraditórias. É impossível analisar o ano de 2015 sem considerar as grandes dicotomias da indústria: enquanto o país sofreu queda acentuada de 7,8% na produção física até outubro, o Espírito Santo obteve o melhor resultado nacional, com crescimento de 9,5% no período; o dólar alto, que parecia favorecer as exportadoras, encareceu os custos de produção; e a indústria extrativa, com acréscimo de 15,7%, contrastou com a baixa dos setores de alimentos (-8%) e rochas (-4,4%) nos primeiros noves meses. No aspecto ambiental, vivemos uma das maiores crises hídricas de nossa história e fomos surpreendidos pelo acidente com as barragens em Minas Gerais, prejudicando ainda mais a bacia hidrográfica do Rio Doce – que afeta, antes de tudo, a população local e o meio ambiente. Um ocorrido para lamentar, analisar minuciosamente e evitar casos semelhantes no futuro. No campo macroeconômico, vimos um Governo Federal incapaz de tirar do papel o tão necessário ajuste fiscal, resultando em rebaixamentos e descrença. A economia se definha sem um plano de recuperação. O momento exige a solução urgente de questões econômicas, políticas e institucionais para a retomada do setor produtivo. A indústria de transformação poderá representar menos de dois dígitos do Produto Interno Bruto do país no próximo ano, valor semelhante ao registrado nos anos 40. Em 1985, respondíamos por 21,6% do PIB; em 2003, por 16,9%. Sem um Governo de visão empreendedora, que buscasse a criação de novos acordos comerciais e trabalhasse para eliminar entraves que retardam o desenvolvimento nacional, perdemos uma janela de oportunidades na primeira década do século. É preciso desmitificar a visão distorcida criada sobre a iniciativa privada. Um país sem uma indústria forte não gera renda, não atrai capital estrangeiro e não produz inovação tecnológica. Um país grande como o nosso, sem uma indústria forte, fragiliza-se perante o mercado internacional. Como consequência, os números do Caged deste ano revelam níveis históricos de desemprego. Somente no Espírito Santo, mais de 30 mil trabalhadores foram demitidos. Sem competitividade em uma economia cada vez mais globalizada, a indústria vem perdendo força.

O Sistema Findes tem feito sua parte e vem cumprindo um papel importante no enfrentamento do processo de desindustrialização. Buscamos a ampliação dos Contratos de Competitividade, interiorizamos nossas ações, investimos em qualificação de mão de obra e modernização de nossas unidades, abrindo espaço para a inovação, e temos nos articulado, no Espírito Santo e em Brasília, pela redução da burocracia e pela simplificação tributária. Nosso país tem no Sistema Indústria um grupo de entidades fortes e organizadas, capazes de atuar em prol do crescimento econômico, mas será preciso que o Governo também faça sua parte. O ano de 2015, assim como 2014, não deixará saudades. Os gestores que se organizaram, enxugaram gastos, planejaram ações e agiram com cautela enfrentarão 2016 com maior segurança, olhando para um horizonte de dias melhores. Não teremos um ano fácil, mas a indústria capixaba tem potencial para continuar atraindo novos negócios, diversificando sua produção e inserindo nossas indústrias nas cadeias globais de valor. Com mais competitividade, teremos mais oportunidades para os trabalhadores capixabas. Um bom fim de ano e uma boa leitura!

Marcos Guerra Presidente do Sistema Findes/Cindes

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Cenário por Fernanda Zandonadi

Fronteiras comerciais mais estreitas Brasil ficou de fora de parceria que facilita comércio entre Japão, Estados Unidos e outros dez países

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o início de outubro deste ano, foi celebrado o maior acordo de livre comércio das últimas duas décadas. Batizada de Parceria Transpacífico (TPP, sigla em inglês para Trans Pacific Partnership), a aliança engloba Estados Unidos, Japão e outros 10 países do Pacífico. Esse grupo é responsável por 40% da produção de riquezas do mundo. Apesar de estar há mais de cinco anos em discussão e ainda necessitar de aprovação de Congressos e Parlamentos das nações envolvidas, o tratado já começa a deixar em alerta as economias exportadoras que não farão parte do bloco. A Parceria Transpacífico tem por objetivo fomentar as transações comerciais entre os seus 12 países integrantes e garantir desenvolvimento e emprego. O mecanismo mais usual é a redução das tarifas de importação e exportação.

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Ainda não é possível mensurar as perdas para o Espírito Santo, Estado com vocação para o comércio exterior, mas os números mostram que o pacto será fortemente sentido nacionalmente. Em 2014, o Brasil exportou para as 12 economias envolvidas US$ 31 bilhões em produtos manufaturados, o que significa 35% de toda a exportação industrial do país. O tratado ainda não está fechado e necessita de aprovação. Nos Estados Unidos, participante mais forte do TPP, ainda há oposição de sindicatos e membros da bancada do Partido Democrata, de Barack Obama. Também junto aos republicanos há uma certa resistência. Alguns congressistas estão cautelosos. Na prática, isso mostra que será uma dura batalha para a mudança passar pelo Congresso norte-americano.

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“O Espírito Santo, em especial, deverá ser um dos Estados mais afetados pela redução da atividade comercial com esses países, pelo fato de a nossa economia ser muito atrelada ao comércio internacional” Gibson Barcelos Reggiani, 1º vice-presidente da Findes e coordenadorgeral das Câmaras Setoriais Industriais

Não signatária do documento, o Brasil pode perder importantes mercados.Um exemplo foi uma reportargem da agência de notícias Reuters que informou, logo após a divulgação do acordo, que a Austrália recebeu uma cota adicional de 65 mil toneladas anuais para exportar açúcar para os Estados Unidos. O Brasil vendeu para os norte-americanos, em 2014, 22 milhões de toneladas do produto. Apesar da grande diferença entre as negociações do Brasil e da Austrália àquele mercado, isso mostra que há beneficiamento de um país em detrimento do outro. Os que devem aderir ao bloco são: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Singapura, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnã. Coreia do Sul, Filipinas, Taiwan e Colômbia também estudam seu ingresso.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra, a Parceria Transpacífico mostra a intenção de se criar uma grande rede de negócios, com entrada e saída de diversas mercadorias, com regras claras e menos burocracia. “Não podemos ficar isolados no acordo do Mercosul, em que somos a maior economia. É preciso estarmos integrados a esse novo conceito de acordo internacional de comércio. O Espírito Santo tem grande parte de sua economia voltada para o mercado internacional, com um volume significativo de exportações de minério de ferro, celulose, aço, rochas ornamentais e commodities agrícolas. O Brasil, de forma geral, precisa se inserir nas cadeias globais de valor, buscando novos acordos bilaterais para diversificar nosso leque de exportações. Não podemos estar à mercê da variação de preços de produtos específicos no mercado”, avalia Marcos Guerra. Segundo ele, as iniciativas já tomadas no Brasil ainda são insuficientes, caso do setor automobilístico, que recebe apoio há décadas, mas busca apenas o mercado argentino. “É preciso investir na indústria de maior valor agregado, criando caminhos que ampliem nossa competitividade e permitam a entrada de produtos em novos países com grande potencial de consumo – não nos restringindo à China”. Para dar uma ideia do tamanho do problema, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 2014 o Brasil vendeu para as 12 economias que participam do pacto US$ 31 bilhões em produtos manufaturados, o que correspondeu a 35% de toda a sua pauta de exportação industrial. E perder esses mercados pode ser dramático para o setor produtivo nacional. Conforme Marcílio Rodrigues Machado, presidente do Conselho Temático de Comércio Exterior (Concex) da Findes, se o TPP for implementado, acarretará o fim de tarifas de vários produtos, como carne de porco, frutas, vinhos, máquinas, produtos minerais e florestais, entre outros. Como é um acordo que vai envolver 40% do Produto Interno Bruto (PIB) global, países como o Brasil, que não fizerem parte dessa parceria, têm muito a perder. Nov/Dez 2015 • 321

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Cenário

“Se não houver uma redução no custo do capital, uma flexibilização na legislação trabalhista e uma reforma tributária com redução dos impostos e da burocracia, ficará muito difícil vender” Marcílio Rodrigues Machado, presidente do Concex da Findes

“Será muito difícil recolocar os produtos brasileiros atingidos pelo pacto TPP, pois será duro competir com países que serão contemplados pela eliminação de tarifas. Nenhum setor brasileiro ou capixaba tem a ganhar com essa mudança. Além de produtividade menor, nossos custos são maiores do que os de muitos de nossos concorrentes”, explica Machado. “Se não houver uma redução no custo do capital, uma flexibilização na legislação trabalhista e uma reforma tributária com redução dos impostos e da burocracia governamental no Brasil, ficará muito difícil vender para os países-membros da TPP”, avalia. Segundo Gibson Barcelos Reggiani, 1º vice-presidente da Findes e coordenador-geral das Câmaras Setoriais Industriais, o peso das atividades comerciais dos países do tratado para o Brasil é alto. Eles representam 35% da pauta de exportação

de manufaturados do país. Além disso, reforçou, há o risco de outros parceiros do grupo aderirem ao acordo de livre comércio, no caso a China. “Pelos números, podemos imaginar o tamanho do risco e do isolamento comercial do Brasil. Caso não haja uma ação imediata das autoridades nacionais em estabelecer mecanismos unilaterais de negociação com esse bloco de livre comércio, o Brasil vai enfrentar graves problemas comerciais. O Espírito Santo, em especial, deverá ser um dos Estados mais afetados pela redução da atividade comercial com essas nações, pelo fato de a nossa economia ser muito atrelada ao comércio internacional. O país deve tomar a iniciativa de sair do isolamento com propostas comerciais entre a Parceria Transpacífico e o Mercosul. Caso o Mercosul não consiga participar em bloco desse acordo, que se faça acordo em separado. O fato é que o Brasil não pode continuar se isolando comercialmente”. Reggiani pondera ainda que os números não estão fechados, ou seja, não existe uma quantificação das perdas econômicas provenientes para o Brasil e para o Espírito Santo, especificamente. “Vai depender de nossas ações, mas seguramente a inércia vai nos levar a resultados bastante ruins. Seria muito bom que a Parceria Transpacífico nos fizesse acordar para a imensa oportunidade com que estamos nos defrontando. Ainda podemos transformar esse risco em bons resultados para o Brasil”, analisa. Em entrevista à Agência CNI de Notícias, o gerente-executivo de Comércio Exterior da CNI, Diego Bonomo, afirmou que a Parceria Transpacífico deverá adotar a chamada regra da acumulação. “Ela permitirá que todo insumo ou produto intermediário que um país do acordo compre de outro país do grupo seja considerado “made in TPP”. Ou seja, se o México comprar um componente

Veja quais são os países participantes e os impactos da Parceria Transpacífico sobre o Brasil:

Países que aderiram: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Singapura, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnã. Países que podem aderir: Coreia do Sul, Filipinas, Taiwan e Colômbia

09/15 Fonte: CNI

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eletrônico da Malásia para fabricar um celular e, em seguida, vender esse celular para os Estados Unidos, o produto será considerado 100% fabricado localmente, pois não terá insumos de terceiros (países fora do TPP). Na prática, essa regra cria um enorme incentivo ao comércio de bens intermediários e, por consequência, às cadeias globais de valor. Se o Brasil for fornecedor de algum desses insumos para os países do TPP, tenderá a ser substituído por outro país do bloco. Ficaremos ainda mais desconectados das cadeias de valor”.

China Há rumores de que a China, um dos grandes parceiros comerciais do Brasil, possa entrar em diálogo e fazer parte do bloco. No entanto, a hipótese parece bastante remota. “Eu acho muito difícil que a China venha a fazer parte dessa parceria. A China é um importante parceiro comercial, mas compra basicamente commodities do Brasil. Nós precisamos ser mais ousados e vender produtos de maior valor agregado para este mercado”, explica Machado. E com o gigante asiático fora do time, o mecanismo, que por um lado prejudica o Espírito Santo, por outro pode abrir uma janela de oportunidades, segundo Marcos Guerra. “Com a China fora do TPP, podemos ampliar a lista de produtos comercializados com o país asiático, incluindo aço, celulose, alimentos e outros itens de maior valor agregado na pauta, diversificando as relações comerciais e indo além do mercado de commodities”. Segundo Guerra, o setor extrativo tem registrado crescimento acentuado na produção física deste ano, mas as quedas nos preços do minério de ferro e do barril de petróleo revelam a necessidade de estar

Impactos positivos: o pacto coloca uma “pressão positiva” para que União Europeia e Mercosul também assinem um entendimento comercial Impactos negativos: para dar uma ideia de quanto o Brasil pode perder, em 2014, o país exportou para as 12 economias que fazem parte do pacto US$ 31 bilhões em produtos manufaturados, o que significa 35% de toda a exportação industrial do país

inserido em diferentes cadeias produtivas. “O Brasil precisa dialogar mais e se aproximar dos grandes acordos comerciais para encontrar novas alternativas”.

Perdas As perdas para o Brasil e para o Espírito Santo serão altas, segundo Machado, e é preciso pensar em formas de expandir e facilitar aos empresários a venda de produtos para o exterior. “O Brasil precisa rever a sua política comercial de modo a fazer uma inserção no comércio global por meio de acordos bilaterais ou regionais com urgência. Nós precisamos avançar, reduzir barreiras comerciais, protecionismo, importar e exportar mais, de modo que nossas empresas se integrem às cadeias globais de fornecimento. Sem isso, será muito difícil concorrer no mercado internacional, que tende a ter um enorme crescimento com a TPP”. Para Marcos Guerra, as mudanças já deveriam estar em curso há décadas. “Os produtos brasileiros hoje possuem acesso privilegiado a apenas 8% de todo o comércio global. Considerando nosso amplo litoral e nossa capacidade produtiva, o país deveria ter desenvolvido um plano de exportações há décadas. O TPP muda o eixo de negócios para o Oceano Pacífico, o que afeta diretamente a economia nacional. Parceiros próximos, como Chile, Peru e até mesmo o México, podem priorizar as relações comerciais com Japão e Estados Unidos, considerando também a menor complexidade burocrática e tarifária – um dos maiores entraves para nossas exportações”. Para o presidente da Findes, o Brasil tem fechado alianças fracas nos últimos anos, com economias piores que as nossas. “Devemos buscar parceiros iguais ou melhores que o nosso país. Falta visão de mercado ao Governo, que parece conduzir a economia pelo viés político, priorizando relações com países de ideologia partidária semelhante”. Mais “otimista”, assim que ocorreu a assinatura do TPP, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, disse que o pacto coloca uma “pressão positiva” para que União Europeia e Mercosul também formalizem um entendimento comercial. Em entrevista concedida na ocasião, Monteiro Neto falou que “na medida em que os Estados Unidos se fortalecem em uma área da América do Sul, os europeus precisam responder a isso. Considero que isso vai fortalecer o interesse da União Europeia no fechamento do acordo com o Mercosul, colocando uma pressão positiva sobre esse processo”, disse. O que fazer Para minimizar os impactos da nova configuração da economia global, o empresariado bate na tecla - já gasta, devido à repetição sem eco - de que é preciso ampliar a competitividade das indústrias por meio de reformas tributária e trabalhista, flexibilização das relações de trabalho e diminuição da burocracia, segundo Guerra. “Resta-nos a tarefa de prospectar novos mercados na zona do euro e nos Estados Unidos. Para isso, porém, é vital investir em produtos de maior valor agregado, com inovação e tecnologia. Parte do setor de rochas, por exemplo, já percebeu a Nov/Dez 2015 • 321

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Cenário vantagem de vender chapas prontas aos Estados Unidos, em vez de comercializar blocos com a China”. Segundo ele, o Sistema Findes tem investido no Espírito Santo em ações, intervenções e cursos que ampliam a competitividade, com mão de obra cada vez mais qualificada e gestores mais bem preparados para a competição global. “No campo político, cabe ao Governo Federal dialogar, estar presente para discutir os grandes acordos, olhando sempre para além do Mercosul. Em momentos de crise, é preciso ceder para ganhar, criando uma troca, um fluxo de negócios entre os países. As barreiras protecionistas não podem ser a única solução para a economia. É urgente que as reformas estruturantes sejam realizadas, eliminando

“Não podemos ficar isolados no acordo do Mercosul, em que somos a maior economia. É preciso estarmos integrados a esse novo conceito de acordo internacional de comércio”. Marcos Guerra, presidente da Findes

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entraves, melhorando a infraestrutura e dando reais condições de competição para nossa indústria. Só assim poderemos expandir a presença de nossos produtos no mercado internacional”. E o setor privado, mesmo sem a contrapartida da União, já se mobiliza. Diego Bonomo explicou que em 2014 a CNI assinou com a U.S. Chamber of Commerce (Câmara Americana de Comércio) um acordo para entregar, até o início de 2016, um relatório conjunto dos setores privados com um modelo de pacto comercial entre Brasil e Estados Unidos. “Esse tipo de iniciativa, que chamamos de ‘exercício de escopo’, já foi feito pela CNI com sua contraparte no Japão, o Keidanren, e divulgado em setembro deste ano. O nosso objetivo é estimular os governos brasileiro e americano a conduzirem um exercício semelhante, que funcione como uma pré-negociação. Estados Unidos e União Europeia fizeram algo desse tipo, que foi utilizado para lançar as negociações do TTP. O Brasil precisa ter claro que, por mais difícil que seja, uma negociação com os norte-americanos é fundamental para a integração da indústria brasileira à economia mundial e serve, ainda, para estimular outros grandes parceiros,como a própria União Europeia, a acelerar a negociação conosco. É uma estratégia de fortalecimento da nossa posição negociadora”.

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Artigo

O cenário econômico para 2016

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amos fechar o ano com um desempenho na economia pior que o previsto. O agravante é que na nossa percepção ainda não chegamos ao fundo do poço. É o caso do PIB, que deve encolher novamente em 2016, e da inflação, com estimativa de ultrapassar a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. O resultado esperado são a ampliação do desemprego e a retração do consumo interno. Cenário desanimador, mas que pode ser revertido se avançarmos com as reformas estruturais. A sinalização do mercado é de que o câmbio vai se manter desvalorizado. Boa notícia para os exportadores, que devem contribuir para um superávit de US$ 26 bilhões na balança comercial em 2016. As explicações para essa desvalorização do dólar decorrem da provável elevação dos juros pelo banco central norte-americano, como também de um possível rebaixamento das notas de crédito de longo prazo do Brasil pelas agências de avaliação de risco. Enquanto as exportações são favorecidas com condições cambiais, na outra ponta espera-se impacto negativo sobre o nível de preços. No tocante à inflação, os economistas vêm demonstrando preocupação com “dominância fiscal” e “Teoria Fiscal do Nível de Preço”. Sem aprofundar nos detalhes técnicos dessas terminologias, chama atenção o risco de perda da eficiência da política monetária devido ao descontrole da dívida pública.

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Por isso, acreditamos que as finanças públicas federais serão alvo das atenções em 2016. Os resultados foram tímidos este ano. A proposta era de se economizar R$ 50 bilhões, porém estamos encerrando com déficit primário de quase R$ 120 bilhões (incluídas despesas com as “pedaladas fiscais”). O que mais preocupa é o fato de as despesas com juros da dívida pública estarem alcançando o patamar de R$ 500 bilhões neste ano, anulando grande parte do esforço fiscal empreendido. A sociedade sinalizou que não deseja arcar com elevação da carga tributária. Então precisaremos intensificar o debate em torno da eficiência dos gastos públicos. Já que 90% do Orçamento federal é engessado, será preciso rever o tamanho do setor público. O ideal é que se avalie a eficácia das políticas públicas. A revisão de benefícios sociais está em jogo, porém é preciso estudar também outras despesas. Por exemplo, é o caso de despesas financeiras (operações swap cambial e serviço da dívida pública), renúncias fiscais, subsídios e (por que não discutirmos?) a regressividade do sistema tributário. A retomada do crescimento econômico que desejamos deve avançar em reformas que estimulem os investimentos produtivos. É preciso que haja aproximação de empresas, governos e profissionais em torno das soluções que ampliem nossa inserção competitiva nos mercados internacionais. Claro, os economistas capixabas estão à disposição da sociedade e podem ajudar muito nesse debate.

Eduardo Reis Araujo é presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo. Economista e mestre em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo, consultor do Tesouro Estadual

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Guerra preside evento do Conselho de Meio Ambiente da CNI no ES

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m um encontro que marcou o debate de gargalos e desafios para o setor industrial no Brasil,aconteceu em Vitória,no dia 23 de novembro,a 94ª Reunião Nacional do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (Coema-CNI). Presidente do Sistema Findes e do Coema, Marcos Guerra, falou sobre a crise hídrica do Espírito Santo. No painel de abertura, o foco foram a situação dos rios do Estado e a contaminação da bacia hidrográfica do Rio Doce após o rompimento de duas barragens da Samarco.“O Espírito Santo vem enfrentando uma das maiores crises hídricas de sua história e agora fomos surpreendidos pelo acidente em Mariana (MG). É um acontecimento trágico e que lamentamos,principalmente pelos impactos na fauna do Rio Doce e na qualidade de vida da população. A empresa deverá ser

responsabilizada pela falha, mas precisamos refletir acerca do ocorrido e aprender para evitar novos erros no futuro”,falou o presidente. Além de Guerra, estiveram presentes o secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rodrigo Júdice; o assessor da Agência Nacional de Águas, Volney Zanardi Júnior; e o presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente da Findes, Wilmar Barbosa. Na sequência do evento, foi realizado o painel “Financiamento para a Sustentabilidade” com representantes dos bancos de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), do Nordeste e do Santander. O destaque ficou por conta de linhas de crédito para projetos e ações de desenvolvimento econômico sustentável. Também foram apresentadas propostas brasileiras para a Convenção de Clima da Organização das Nações Unidas (COP 21-ONU).

Bruno Garschagen debate intervencionismo estatal no país Cientista político e escritor, o capixaba Bruno Garschagen palestrou no dia 29 de setembro para lideranças empresariais e políticas, diretores, funcionários e executivos no auditório da Findes, em Vitória. Na sua apresentação, Garschagen, que é autor do livro “Pare de Acreditar no Governo – Por que os brasileiros não confiam nos políticos e amam o Estado”, fez uma relação direta entre o crescimento do Estado e o aumento dos impostos.“Toda lei nova que surge aumenta o tamanho do Estado. E quanto maior o Governo, maior a conta que teremos de pagar. Os brasileiros precisam entender que o crescimento do intervencionismo está diretamente ligado ao aumento da carga tributária”, explicou. O presidente da Findes em exercício, Gibson Reggiani, compartilhou o ponto de vista do especialista. “O Estado não pode fazer tudo ao mesmo tempo com qualidade. Não é viável que o Governo queira substituir a sociedade e tente nos dizer o que dá certo ou errado. Não precisamos de uma instituição nos tutelando a todo momento”, enfatizou. Nov/Dez 2015 • 321

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Entrevista Artigo por Fernanda Zandonadi

Paulo Hartung “O que faz a diferença entre pessoas, famílias, empresas e governos em relação à crise é como cada um deles sairá da crise”

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ano de 2015 não está sendo fácil. A economia do país, depois de meses e meses de arrasto, jogou a toalha. Tempo de brigas políticas, investigações, denúncias. Nem em pesadelos empresários poderiam prever tantos revezes, em tão pouco tempo. Aqui no Estado, o momento é de apertar o cinto, fazer cálculos e tentar sair fortalecido de tantas turbulências. O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, que assumiu o Executivo já em um cenário difícil, afirma que para adequar as finanças públicas levou em consideração os ensinamentos do pai e reorganizou despesas. O fim desse quadro pouco tranquilo, diz ele, não é previsível, mas o Estado está conseguindo atravessar o ano com as contas em dia e, melhor, investindo e mantendo investidores. Na entrevista, Hartung fala ainda sobre obras fundamentais que estão saindo do papel e a importância da educação de qualidade, enumerando ainda os maiores desafios para os próximos anos. Seu primeiro ano deste mandato já começou com o país imerso em uma forte crise política e econômica. Como o senhor analisa este momento e o que está sendo feito no Estado para minimizar os efeitos da crise?

A crise não surgiu depois da eleição. Isso não é verdade. Desde 2011, o crescimento brasileiro desabou. Minha impressão é de já tivemos uma pequena recessão no final de 2014. E este ano teremos recessão, assim como possivelmente no ano que vem, o que vai dar uma série histórica muito dura para a economia e para a área social. Lá em 2009, o Governo do Espírito Santo fez uma política anticíclica. Em 2010, estávamos com nossas ações dentro da normalidade. Mas, depois, somaram-se aos problemas nacionais os problemas locais. Aqui, o pé fundo no acelerador dos gastos juntou-se a uma receita que já vinha enfraquecendo. Perdemos o Fundap (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias), o que impactou a receita dos municípios, e isso se agravou no ano passado por conta dos problemas nos royalties de petróleo. Restou-nos, este ano, reorganizar o Orçamento do Estado, tirando dele a parte que era fictícia, de mais de R$ 1,3 bilhão. Se não fizéssemos isso, estaríamos com um déficit de execução orçamentária da ordem de R$ 1 bilhão. O fruto desse ajuste, mesmo diante dessa realidade adversa, é que todas as nossas despesas estão rigorosamente em dia, pagas. E ainda conseguimos pagar as despesas feitas em 2014 que estavam em aberto. Mas o cobertor não está curto: está curtíssimo. Se olharmos a receita real em alguns meses,

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ela está um pouco menor do que a do ano passado. E as despesas crescem independentemente do que é feito, já que há direitos e vantagens dos servidores, e isso impacta a folha. Quer dizer, é uma administração fina. A ginástica é fenomenal, mas se olharmos o Brasil hoje, o Espírito Santo já tem um diferencial, porque tomamos as decisões certas na hora certa. Ajustamos as despesas, cortamos o custeio da máquina e trabalhamos com equilíbrio, com um planejamento sólido e gestão intensiva, sem distrações. E para os próximos anos, o que podemos esperar? Na sua opinião, a crise ainda vai durar muito?

Uma hora vamos sair dessa crise. Não é fácil saber quando isso vai acontecer. Estamos vivendo um 2015 perdido na economia, na geração de empregos; o país está regredindo nas conquistas sociais, estamos entrando em 2016 com possibilidade de encolhimento da economia. E o que precisa ser feito? Organizar a economia. Mas para organizar a economia é preciso organizar a política, e a política está muito desorganizada no Brasil, um bate-cabeça sem precedentes na sua história. Precisaremos montar uma agenda para o país e transformar essa agenda em ações. Só assim vamos começar a vislumbrar a saída para essa crise. Eu quero fechar esta resposta com um ensinamento que vem do meu saudoso pai: crises passam; umas demoram mais,outras menos, mas passam.O que faz a diferença entre pessoas,famílias,empresas e governos em relação à crise é como cada um deles sairá dela. Os que saírem organizados serão beneficiados no pós-crise; os que saírem desorganizados terão que consertar os erros. Estou trabalhando com uma equipe extraordinária do meu lado, dialogando muito com a sociedade para atravessarmos a crise e sair dela com um Governo organizado. Até aqui conseguimos. Vamos convivendo com um brutal desajuste fiscal do país; com a reorganização fiscal no Espírito Santo, que está em curso e bem-sucedida até agora; com o barril de petróleo a US$ 40 ou US$ 50, o que influencia diretamente na receita do Estado, por conta dos royalties e das participações especiais; vamos convivendo com o minério de ferro a US$ 30 ou US$ 40, depois de ter sido comercializado a US$ 180 a tonelada – o que influencia um arranjo produtivo ligado à mineração e à produção de aço. Vamos convivendo com a economia fraca, com ICMS do comércio fraco, com um parque industrial enfrentando grandes dificuldades e com o ICMS da indústria caindo desde 2013. Precisamos atravessar essa crise e faremos isso com organização e responsabilidade.

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“A ginástica é fenomenal, mas se olharmos o Brasil hoje, o Espírito Santo já tem um diferencial, porque tomamos as decisões certas na hora certa”

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Entrevista Artigo As cidades também já sentiram os impactos da turbulência. Como o Governo está dialogando com os prefeitos a fim de ajudar os municípios a atravessarem essa crise?

Os prefeitos estiveram aqui, e o conselho que dei foi que eles têm que cuidar do caixa. Quando temos problemas que não enfrentamos, cada mês que passa fica mais difícil o enfrentamento. O Governo está trabalhando para melhorar a arrecadação do Estado, mas não aumentamos impostos, não vendemos dívida ativa, que são papéis podres: queremos melhorar a arrecadação sem sufocar a produção. Senão matamos a galinha. Em plena recessão econômica, vamos aumentar alíquota de ICMS de energia, como Pernambuco fez? Aumentar ICMS de telefonia, de gasolina, de TV a cabo, como outros Estados fizeram? É preciso cuidado, senão você asfixia demais a economia, a arrecadação cai e, pior de tudo, você dificulta que os empresários mantenham os empregos no país e no Estado. No início do ano, os prefeitos me pediram para flexibilizar o Fundo de Desenvolvimento Regional,que eu criei no mandato passado e que é financiado com royalties do petróleo. Ele era todo para investimento. Pediram que flexibilizássemos com 50% para custeio. Em função da crise, flexibilizamos. Não é o melhor, digo de antemão, mas flexibilizamos. Porém, cada um tem que fazer sua parte e tenho que zelar para que o Estado mantenha seus compromissos em dia. Se não tivéssemos nos reorganizado, o Governo não pagaria a folha este ano. Porque dinheiro vinculado, dinheiro de convênio com a União, de empréstimo com o BNDES, não paga folha de pagamento. O que paga a folha é a receita do Estado. Quando eu saí do Governo, deixei uma receita que pagava a folha, pagava o custeio, pagava Poderes e instituições, pagava investimento, e sobrava todo mês. Por isso tínhamos uma poupança de mais de

R$ 1,5 bilhão. Isso é dinheiro livre, que você pode usar para tudo, para pagar pessoal, para pagar uma obra, um custeio. Mas dinheiro vinculado é dinheiro carimbado, não paga folha de pagamento. Ao lado da crise política e econômica, temos a crise hídrica. O Governo anunciou 32 barragens para o norte do Estado. Não foi uma solução tardia?

É muito comum as pessoas darem pedradas depois que aparece um problema que ninguém observou com profundidade. Não é justo. Se o problema hídrico fosse forte no Sudeste, não estaríamos tão surpresos com o que São Paulo viveu, depois o Rio de Janeiro e depois Minas Gerais, inteira, que era a “caixa d’água” da região. E chegou ao Espírito Santo. Na campanha eleitoral discutimos temas diversos em muitos debates organizados por várias instituições. Mas onde discutimos sobre a crise hídrica nesse período? Em nenhum debate.Essa era uma questão que não pautava o Espírito Santo. E olha que já tínhamos o Fundágua, que criei no meu último Governo, direcionando uma parte dos royalties para a recuperação de nascentes, cobertura florestal, serviços ambientais. Foi um projeto inovador. Não quero o reconhecimento de que vi sozinho isso. Criei o fundo e achei que era um problema que precisávamos trabalhar. Mas dizer que estávamos enxergando esse problema, não é verdade. Esse problema apareceu em dezembro do ano passado, depois das eleições, quando começou a faltar água em Guarapari. Pegou a todos de surpresa e não precisamos achar culpados. Precisamos fazer alguma coisa agora. O Governo sozinho não resolve esse problema. Precisamos mudar nossos hábitos e fazer um bom trabalho ambiental. A operação que contratamos agora, com o Banco Mundial, é integral. O projeto chama-se Águas e Paisagens e é para recuperar nascentes e a cobertura vegetal. Mas não vai dar resultados do dia para a noite. Construir barragens é importante? É. Mas São Paulo tem muitas caixas d’água, e elas estão vazias. É preciso ir mais longe. Recuperar cobertura vegetal, nascentes, a vegetação. Há muito trabalho a fazer, e ele precisa da ajuda de todos os capixabas. A solução depende de todos nós. Esse desafio veio para ficar e precisa ser enfrentado. O Estado tem alguns gargalos de infraestrutura, como o Aeroporto de Vitória e a BR-262. Como estão esses projetos e os demais que podem melhorar a competitividade do Espírito Santo?

Nós estamos com a obra do aeroporto retomada, mas vai ser uma briga orçamento a orçamento, ano a ano. Os trabalhos recomeçaram com recurso pequeno este ano, e a bancada capixaba no Congresso está tentando garantir o orçamento para o ano que vem. Estamos trabalhando também a BR-262. Há um projeto em andamento que vai dizer qual tipo de solução será dada para a rodovia, se vai

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“Precisamos de uma agenda para que investidores e empresários, tanto os daqui quanto os estrangeiros, retomem a confiança no país”

Para o interior do Estado teremos R$ 60 milhões para terminar obras do programa Caminhos do Campo.Serão 28 trechos em todo o Estado. Dentro das possibilidades, daremos passos. Como gestor, quais os maiores desafios que o senhor vê para o Brasil nos próximos anos?

ser uma concessão, uma concessão patrocinada, uma parceria público-privada (PPP). Esse estudo vai dar a modelagem da 262. O Governo aceitou trabalhar a rodovia de Vitória a Belo Horizonte, o que dá sustentabilidade, pois há áreas de execução caras no trecho do Espírito Santo. Também estamos trabalhando para melhorar a distribuição de energia do Espírito Santo. No meu primeiro mandato, consegui fazer o linhão Ouro Preto/Vitória, depois o linhão Mesquita/ Viana, agora estamos com plano de um novo linhão, Mesquita/ João Neiva. Além disso, lutamos por uma subestação de energia para fortalecer o sul do Estado, que está cotada para ser construída em Rio Novo do Sul. Até o fim do ano deve ser licitado um linhão que liga Linhares a São Mateus, para fortalecer o eixo que engloba São Mateus, Sooretama, Jaguaré e Pedro Canário. Uma outra negociação é para melhorar a transmissão de dados para o Espírito Santo, tornando o Estado ainda mais competitivo, já que a rede de transmissão de dados foca uma nova economia, a digital, que está em franca expansão. Estamos negociando com o Governo Federal, e o formato da rede vai depender dessa conversa. Enfim, é um amplo trabalho combinado com trabalhos sociais para melhorar a educação, com o Escola Viva. O Estado pode evoluir muito em capital humano. Além disso, a obra da Leste-Oeste está a pleno vapor; já liberamos os quatro contratos, e agora tentamos liberar o Contorno do Mestre Álvaro, que está em fase final de licenciamento ambiental e é uma obra importante, estruturadora, que soluciona o tráfego de Carapina. Temos R$ 30 milhões em caixa, dinheiro de convênio com a União. Precisamos de mais recursos, e nossa bancada está trabalhando nisso. Há também a obra de Coutinho, na entrada de Castelo, até Cachoeiro do Itapemirim; vamos duplicar aquele trecho. O edital será lançado no final deste ano.

Precisamos de uma agenda para que investidores e empresários, tanto os daqui quanto os estrangeiros, retomem a confiança no país. Não é simplesmente um imposto que tape buracos. O que resolve o problema é uma reestruturação fiscal sólida. Temos que pensar em médio e longo prazo, para que quem olhar para o Brasil veja que partimos para um processo de reestruturação sólido. Temos que modernizar a infraestrutura do país e também a educação básica, o ensino do Português, da Matemática. Precisamos melhorar o ensino médio, em que há grande evasão dos jovens. O olhar dos jovens têm de brilhar na escola. É o que acontece com a Escola Viva em São Pedro. É o que vi no centro do Sistema Findes, em Aracruz, quando visitei com o presidente Marcos Guerra. Vi os alunos e professores numa relação bacana, os alunos em volta dos instrutores, com entusiasmo, vontade de aprender. Precisamos também desburocratizar nosso país, que tem um setor público pré-histórico. Ele foi feito para funcionar há 60 anos. Precisamos que Governos estaduais, Federal, cidades, Legislativo, Justiça sejam modernizados e flexíveis. O ato de comprar e contratar não pode ser essa coisa atrasada que temos. O mundo está integrado, em rede. Só se estabelece quem tem competitividade. Se o empresário faz uma mesa em Marilândia, ela precisa ter design, ter qualidade e preço. Tem que ser competitivo. Porque há mesas fabricadas na China, nos Estados Unidos, e que são acessíveis ao consumidor. Precisamos de uma agenda que mexa nessas estruturas, na burocracia do país, na educação. Temos que simplificar as coisas e tornar o Brasil um ente competitivo neste mundo integrado. A tragédia em Mariana, Minas Gerais, onde uma barragem de rejeitos de mineração da Samarco se rompeu no início de novembro, gerou imensos impactos ambientais em todo o rio Doce, afetando consequentemente também importantes cidades do Espírito Santo. O que está sendo feito para minimizar os efeitos dessa tragédia?

As Advocacias Gerais dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo já estão trabalhando juntas. É muito importante uma coordenação jurídica conjunta para que possamos organizar o ressarcimento e a recuperação do rio. Uma segunda ação é no sentido de discutir um plano de recuperação de longo prazo e a constituição de um fundo, que não precisa ser unitário, ao qual a empresa causadora do desastre aporte recursos. Nov/Dez 2015 • 321

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indústria Artigo em ação

Prevenção de acidentes é destaque em feira Com o objetivo de conscientizar empresas e trabalhadores da indústria acerca de acidentes de trabalho, foi realizada entre 6 e 8 de outubro, no Carapina Centro de Eventos, a 2ª Feira de Saúde e Segurança do Trabalho – Prevenir. O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer-ES), Manoel Pimenta, informou que o Estado ocupa atualmente o 2º lugar no ranking nacional que mede a transparência em segurança do trabalho nas empresas. O Sistema Findes marcou presença na feira com um estande próprio e diversas ações, como palestras e exposição de serviços de Sesi-ES, Senai-ES e IEL-ES, além de equipamentos e unidades móveis. Um dos destaques no evento foi o “Prêmio Escola Segura – Projeto Amadurecer”, que reconheceu escolas da rede estadual por ações que estimulam, mobilizam e promovem a educação dos alunos na percepção de riscos e comportamento seguro. Foram premiadas as escolas Clóvis Borges Miguel, que fica na Serra, Ewerton Montenegro, de Viana, e Almirante Barroso, em Vitória.

Capixaba é destaque nacional do prêmio IEL-ES Uma iniciativa do Instituto Euvaldo Lodi, a entrega do Prêmio IEL de Estágio 2015 movimentou jovens talentos em 29 de outubro, em Fortaleza, no Ceará. A estudante de Engenharia de Produção Fernanda Luiza Emediato Fernandes, do Espírito Santo, foi a vencedora da na categoria “Estagiário Destaque”. “Esforcei-me muito, mas sei que tem muitas outras pessoas que também se esforçam diariamente. O mais importante nem é o primeiro lugar, mas é a valorização do estágio”, disse ela, que trabalha na Cedisa Central de Aço. Fernanda foi para a disputa nacional após vencer a Etapa Estadual, que aconteceu no dia 30 de setembro e teve Brenda Coronel Valadares e Daniel Coutinho Leite completando o pódio. Nessa etapa local, a Faesa conquistou a categoria “Instituição de Ensino Destaque”, e a Roca Sanitários foi a vencedora entre as empresas demandantes de estágio.

Convênio amplia competitividade da agroindústria Uma parceria firmada entre a Rede Capixaba de Metrologia (RCM) e o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf-ES) beneficiará agroindústrias do Espírito Santo com o desenvolvimento de produtos e a geração de novos negócios para os capixabas. A assinatura contou com a presença de executivos, diretores e conselheiros do Sistema Findes e de lideranças estaduais, como o vice-governador do Estado, César Colnago, o secretário de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Octaciano Neto, e o diretor-presidente do Idaf, José Maria de Abreu Júnior. O acordo prevê que laboratórios agropecuários, responsáveis por análises de solo, de tecido vegetal e de fertilizantes, entre outros itens, sejam reconhecidos e credenciados pelas duas instituições. Para o vice-presidente da Findes Benízio Lázaro, o convênio representa evolução para a indústria. “A aproximação entre os setores público e privado organiza processos, favorece a certificação e aumenta a confiabilidade e a competitividade dos nossos produtos”, frisou.

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Inovação Indústria por Mike Figueiredo

Água escassa põe indústria e sociedade lado a lado Empresários e Federação das Indústrias propõem acordos comunitários para garantir manutenção da produção

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m dos grandes desafios do Espírito Santo em 2015 é superar os efeitos da escassez de água. O Estado registra uma das piores secas de sua história, o que vem trazendo impactos para toda a população urbana e rural. Na economia, quem primeiro sofreu o abalo desse estresse hídrico foi a indústria, que logo se mobilizou e trouxe uma das principais soluções para enfrentar o problema. Após o Governo Estadual publicar, em outubro, duas resoluções de emergência que restringem a captação de água em todo o Estado durante o dia e também à noite em diversos municípios, industriais do extremo norte capixaba, que está entre as regiões mais críticas, propuseram acordos comunitários para o uso racional do recurso natural, sem comprometer o abastecimento humano e animal e garantindo o funcionamento da produção industrial neste período conturbado.

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Também com base nessa proposta, o Executivo editou outras duas resoluções, sendo que uma agora serve de modelo para acordos locais em todas as regiões em condições severas. O presidente da Findes, Marcos Guerra, considerou a medida necessária e afirmou que a preocupação das indústrias sempre foi a busca por soluções. “Temos buscado o diálogo permanente com os órgãos ambientais e conversamos com nossos representantes nos Comitês de Bacias Hidrográficas. Queremos a preservação dos recursos hídricos, com o máximo de eficiência e o mínimo de consumo”, afirmou. Ele destaca que a produção industrial movimenta a economia e atua dentro da legalidade. “Não podemos prescindir de defender uma atividade tão importante para o desenvolvimento do Estado”, declarou.

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“Os capixabas estão aderindo positivamente e tentando encontrar soluções para enfrentar a crise hídrica. A sociedade está assumindo a responsabilidade coletiva de gerir os recursos escassos” Paulo Paim, diretorpresidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh)

como acontece na Bacia do Rio Doce, que sofre com a diminuição do leito de seu principal rio há décadas. Porém, há algum tempo, a crise hídrica chegou à Grande Vitória, com a baixa dos rios Santa Maria e Jucu, o que afeta a população que representa a maior concentração demográfica do Estado. “Se antes a seca era um problema geograficamente localizado, hoje é preciso discutir ações efetivas em toda a extensão territorial do Estado, quer seja com a preservação dos leitos existentes, quer seja com o racionamento nos pontos mais críticos”, concluiu. As chuvas que chegaram ao Estado ainda não garantem com tranquilidade o abastecimento, e a situação pode piorar nos próximos meses. “Até agora não tivemos quase nada de chuva, e não vejo quantitativo que possa normalizar o suprimento de água para as bacias”, alerta o presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente da Findes (Consuma), Wilmar Barros Barbosa. “As empresas têm que criar eficiência na utilização, e a população deve manter o consumo de forma controlada, porque existe uma grande possiblidade de faltar água, e o que devemos fazer é economizar”, reforça.

A diretora-presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), Sueli Passoni Tonini, frisa que a finalidade da política de recursos hídricos é buscar a gestão compartilhada para a utilização da água. “É importante estimular esse modelo de gestão, para que dentro da bacia hidrográfica os usuários conversem e, a partir desse acordo, estabeleçam o uso racional dos recursos”, explicou. Segundo ela, a política de recursos hídricos tem a tarefa objetiva de controlar as atividades, e a gestão compartilhada faz com que os empreendimentos busquem o próprio controle e não comprometam a qualidade do solo, do ar e da água. “A preservação dos recursos naturais inclui preservar também os recursos hídricos”. Guerra comenta que, no Espírito Santo, historicamente, as regiões norte e noroeste são muito prejudicadas pela seca,

Uso sustentável De acordo com a legislação vigente no país, as indústrias estão no fim da fila de prioridades para o abastecimento hídrico. Como é um dos principais interessados, o segmento industrial precisa continuar organizado para atender à necessidade do emprego racional de água e primar pelo reúso e pelo reaproveitamento dos efluentes. Sueli Tonini explica que as próprias indústrias estão percebendo a importância de se organizar para economizar ainda mais água nos processos produtivos. “Precisamos ampliar o leque dos empreendimentos industriais que seguem a racionalização do uso dos recursos naturais e que sejam bons exemplos para o Estado. Entre as medidas que podem ser adotadas estão o plantio de árvores e a participação ativa nos Comitês de Bacias Hidrográficas, por exemplo”, observou. Não é só água que deve ficar na mira do gasto racional. Marcos Guerra acredita que o debate precisa ser ampliado Nov/Dez 2015 • 321

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Indústria Fique por dentro das resoluções

“Precisamos ampliar o leque dos empreendimentos industriais que seguem a racionalização do uso dos recursos naturais e que sejam bons exemplos para o Estado”. Sueli Tonini, diretorapresidente do Iema

para o consumo consciente de todos os recursos naturais. “Precisamos intensificar o reaproveitamento da água, a geração de energia em fontes alternativas, evitando também a dependência do setor hidroelétrico. Todos devem unir forças em favor da economia de água, investindo em tecnologias sustentáveis, programas de gestão eficiente e educação ambiental para a população”, concluiu.

Desastre no Rio Doce Se a situação já era crítica, ficou ainda mais aguda a partir do desastre ambiental provocado pelo rompimento de uma barragem da mineradora Samarco no dia 5 de novembro, em Mariana (MG). A gigantesca onda de lama contendo os rejeitos de minério chegou ao Rio Doce, tornando a água, que já era escassa, imprópria para o consumo. A região sofre historicamente com a queda de nível do rio e agora o quadro ficou ainda mais complicado para a população e empreendimentos rurais, comerciais e industriais. “Todos os municípios que estão na Bacia do Rio Doce têm agravada a situação de escassez de água. Já tomamos

“Temos buscado o diálogo permanente com os órgãos ambientais e conversamos com nossos representantes nos Comitês de Bacias Hidrográficas. Queremos a preservação dos recursos hídricos, com o máximo de eficiência e o mínimo de consumo” Marcos Guerra, presidente do Sistema Findes 26

Publicadas em 6 de outubro Resolução 005 Proíbe a construção de novos poços escavados, a captação em poços escavados localizados a menos de 300 metros de um corpo hídrico superficial e a perfuração de poços artesianos, exceto quando destinados ao abastecimento humano. O documento também recomendou às companhias públicas e privadas de abastecimento e aos serviços autônomos municipais de água (Saaes) que reduzam o fornecimento para grandes usuários industriais. A resolução determinou ainda a proibição imediata em todo o Estado, no período diurno (entre as 5h e as 18h), das captações em cursos de água superficiais destinadas a todo e qualquer uso, exceto para o abastecimento humano. Resolução 006 A captação de água nos municípios que estão em situação extremamente crítica agora tem regras e condições estabelecidas pela Resolução 006/2015. Nesses locais, a captação hídrica para qualquer outro fim que não seja o abastecimento humano e animal – como a utilização da água para fins industriais e para irrigação – ficou totalmente suspensa, primeiro por 15 dias, prazo depois ampliado para 45 dias. No fim de novembro, a vigência das resoluções foi estendida até 21 de dezembro. Publicadas em 15 de outubro Resolução 007 Abre espaço para que sejam feitos acordos entre os diversos usuários dos mananciais dos municípios em situação extremamente crítica, envolvendo prefeituras, associações de produtores rurais e Comitês de Bacias. Com esses acordos, que precisam ser homologados pela Agerh, tais municípios poderão deixar de ser enquadrados como em situação extremamente crítica, e o setor produtivo terá menos restrições para captar a água. Esse acordo reúne um conjunto de ações e normas relacionadas aos usos da água, decididos coletivamente, e que garantirão as condições para o abastecimento humano, enquanto estiver vigorando o cenário de alerta. Resolução 008 Garante o mesmo benefício da Resolução 007 às indústrias que fazem captação água diretamente nos cursos de águas estaduais, desde que elas também façam um acordo de cooperação no âmbito dos Comitês de Bacias, criando condições específicas para o enfrentamento do cenário de alerta e garantindo o abastecimento para a população.

conhecimento de uma indústria de vestuário que está recorrendo a caminhões-pipa para o consumo dos funcionários”, informou Wilmar Barbosa. “O Espírito Santo vem enfrentando uma das maiores crises hídricas de sua história e agora fomos surpreendidos pelo acidente em Mariana. É um acontecimento trágico e

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Municípios em situação extremamente crítica que lamentamos, principalmente pelos impactos na fauna do Rio Doce e na qualidade de vida da população”, enfatizou o presidente. “A empresa deverá ser responsabilizada pela falha, mas precisamos refletir acerca do ocorrido e aprender para evitar novos erros no futuro”, detalhou Guerra. O presidente da Findes considera que não se deve ‘demonizar’ a Samarco, mas responsabilizá-la pelos erros cometidos. Ele afirma que a indústria tem sido essencial para o desenvolvimento econômico do Espírito Santo nos últimos anos. “O país vive um momento grave de desindustrialização, com perda de participação do setor no Produto Interno Bruto e redução dos postos de trabalho. Discursar contra as indústrias é frear o crescimento de nossa economia, afetar o emprego e diminuir a geração de oportunidades para a população”, defendeu.

Medidas de emergência Por causa dos efeitos da estiagem prolongada, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) editou as Resoluções 005 e 006/2015, publicadas em 6 de outubro no Diário Oficial do Estado. A primeira declarou o cenário de alerta por causa da escassez hídrica, e a segunda priorizou o abastecimento humano e animal em todas as bacias hidrográficas de domínio estadual, estabelecendo uma série de restrições ao uso da água. As medidas foram anunciadas pelo Comitê Hídrico Governamental, composto por representantes da Secretaria da Agricultura (Seag), da Secretaria de Meio Ambiente (Seama), da Cesan e de outros órgãos estaduais. Após a reação das indústrias, a Agerh editou duas outras resoluções, publicadas em 15 de outubro, e incluiu novas regiões de seis municípios na relação de locais em situação extremamente crítica quanto ao abastecimento de água (veja mapa ao lado). As resoluções 007 e 008/2015 estipularam novas regras para inclusão e exclusão da condição de extrema criticidade, tanto por município, quanto por indústrias, valorizando acordos locais firmados. Além disso, as prefeituras receberam a recomendação de adaptar, em regime de urgência, seus códigos municipais de postura para proibir atividades que desperdiçam água, tais como lavagem de carros, calçadas, fachadas, pisos, muros e janelas com o uso de mangueiras; irrigação de jardins e gramados; resfriamento de telhados com umectação ou sistemas abertos de

Ecoporanga Córrego Facão Barra de São Francisco Córrego Baiano/ Córrego Nicolini Mantenópolis Córrego Santa Luzia/ Córrego da Onça e Ribeirão Manteninha Alto Rio Novo Córrego Rio Novo

Pinheiros Rio Itauninhas Conceição da Barra Rio Preto do Norte Vila Pavão Córrego Socorro São Mateus Rio São Mateus São Gabriel da Palha Rio São José

Pancas Córrego Floresta

Itaguaçu e Itarana Rio Santa Joana

Santa Teresa e São Roque do Canaã Rio Santa Maria do Doce

Serra Córrego Chapada Grande (Cidade Nova da Serra)

Acordos comunitários em operação: • Pinheiros e Conceição da Barra • Santa Maria de Jetibá (rio Santa Maria da Vitória)

Acordos comunitários em análise: • São Gabriel da Palha (rio São José) • Bacia do Rio Jucu (Domingos Martins, Marechal Floriano, Viana, Cariacica, Guarapari e Vila Velha)

Fonte: Agerh-ES

troca de calor; lavagem de ruas e avenidas, exceto quando a fonte for o reúso de águas residuais tratadas. Uma força-tarefa foi criada para fiscalizar a utilização hídrica em todas as bacias hidrográficas e é formada por representantes dos Comitês de Bacias, da Agerh, do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), do Iema, da Polícia Militar e de prefeituras. O grupo vai verificar nos próprios locais se as resoluções estão sendo cumpridas. Em caso de desrespeito, os infratores estão sujeitos a multas de até R$ 268 mil.

A rápida ação das indústrias As resoluções do Governo Estadual que restringem a captação de água preocuparam os empresários quanto ao grande impacto que poderiam Nov/Dez 2015 • 321

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Indústria

Reúso de água é incentivado pela Findes Amplos debates tem acontecido na sede do Sistema Findes, em Vitória, sobre a situação dos recursos hídricos estaduais e também a respeito das questões jurídicas sobre o uso e o reúso da água pelas indústrias no Espírito Santo. Os seminários abordaram os aspectos legais ligados ao tema, a situação atual e o futuro para o reúso no Estado, além de um encontro somente para apresentar experiências bem-sucedidas de indústrias que já utilizam essas tecnologias, tanto no Espírito Santo quanto fora daqui. “O seminário faz parte de uma série de etapas que cumpriremos para buscar as melhores soluções nessas questões”, garantiu o presidente do Consuma, Wilmar Barros Barbosa, que enfatiza a importância de se discutir o tema com a apresentação de soluções que, inclusive, podem promover uma redução radical no valor das contas de água pagas pelas indústrias.

causar na produção industrial. Afinal, a atividade sustenta boa parte da economia de cada região onde está instalada. “A Findes possui representantes em todos os Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado. Temos dialogado de forma permanente e apresentado o nível de eficiência de consumo das indústrias, desmitificando a visão que as pessoas possuem do setor”, informou o presidente Marcos Guerra. Após a publicação das resoluções, representantes dos municípios de Conceição da Barra e Pinheiros fizeram reuniões com o Governo para propor alternativas às restrições. O grupo foi liderado pelo vice-presidente institucional da Findes em São Mateus e Região, Nerzy Dalla Bernardina Júnior, que é diretor da Alcon, empresa sediada em Conceição da Barra. “Mostramos aos representantes dos órgãos de controle ambiental do Governo do Estado que a situação poderia ser discutida e propusemos os acordos de cooperação dentro das bacias como saída para o problema”, contou Nerzy. Para superar a situação e minimizar os impactos econômicos, os pactos garantem o acesso à água tanto pela população quanto pelos empreendimentos industriais e comerciais que a captam água diretamente dos cursos.

“Todos os municípios que estão na bacia do rio Doce têm agravada a situação de escassez de água. Já tomamos conhecimento de uma indústria de vestuário que está recorrendo a caminhõespipa para o consumo dos funcionários” Wilmar Barros Barbosa, presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente da Findes (Consuma) 28

Nerzy afirma que o acordo de cooperação é a melhor solução para administrar os recursos hídricos e que, se houver apenas a ação dos órgãos punitivos, os setores industrial e agropecuário saem prejudicados com as multas e outros instrumentos coercitivos, que não estimulam em nada o diálogo entre os usuários locais. “Já há mais de 40 dias o acordo está firmado e operando, e até agora não registamos problemas de falta de água. O Governo acertou em cheio quando ouviu nossas demandas e aderiu à nossa proposta”, comemora o dirigente. “Nossa prioridade é buscar acordos e soluções que sejam benéficos para a população e para o setor produtivo. Com prudência e paciência, podemos encontrar caminhos que garantam a preservação dos recursos hídricos e da atividade econômica em todo o Estado”, avaliou Guerra. As resoluções mais recentes (007 e 008/2015), publicadas em 15 de outubro, permitem então que os comitês de bacia desenvolvam um esquema próprio de racionamento, garantindo que não haja risco para o abastecimento humano. “Os capixabas estão aderindo positivamente e tentando encontrar soluções para enfrentar a crise hídrica. A sociedade está assumindo a responsabilidade coletiva de gerir os recursos escassos, retirando o caráter policialesco das resoluções e colocando os Comitês de Bacia como espaços legítimos para que ocorram as discussões e os acordos”, considerou o diretor-presidente Paulo Paim. Segundo ele, esse cenário que permite acordos regionais é muito reconfortante. “Já estamos com cinco acordos de cooperação comunitária envolvendo o setor industrial em operação ou prestes a serem firmados. Mais do que apenas uma saída da situação crítica, esses pactos apontam para a capacidade de resposta da sociedade em resolver seus próprios problemas”, explicou Paim, que ressalta a participação da Agerh no apoio técnico à elaboração das alianças.

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indústria em ação

Seminário Holanda - Espírito Santo acontece em Vitória Quarto maior investidor estrangeiro no Brasil, com R$ 40 bilhões em 2013 e também com um histórico comercial positivo com o Espírito Santo, a Holanda foi destaque em evento realizado pelo Sistema Findes no dia 15 de outubro. Por meio de seu Centro Internacional de Negócios (CIN-ES), a Federação das Indústrias promoveu o seminário “Holanda - Espírito Santo: Desenvolvendo Parcerias”. Além de diversas autoridades e representantes da iniciativa privada daquela economia europeia, esteve presente o embaixador dos Países Baixos no Brasil, Han Peters. Ocorreram apresentações do cônsul geral dos Países Baixos no Rio de Janeiro, Arjen Uijterlinde; do representante comercial no Brasil da empresa holandesa TNO, Laurens Steen; do gerente comercial do Porto Central, Frans Jan Hellenthal; e do especialista em portos, Martin De Jong. Correalizado pelo Consulado do Reino dos Países Baixos no Espírito Santo e pelo Sebrae-ES, o encontro serviu para viabilizar negócios com empresários capixabas a partir da apresentação de setores promissores da economia holandesa, como energia, logística e sustentabilidade. Em 2014, o Espírito Santo exportou para lá US$ 2 bilhões e importou US$ 28 milhões.

Capixabas participam da maior feira de alimentos do mundo Uma comitiva com 13 empresários capixabas participou em outubro da Feira Anuga, na cidade de Colônia, Alemanha. Os contemplados pelo 3º Prêmio Senai de Inovação em Alimentos e Bebidas (Prêmio IAB) fizeram parte da caravana, tendo como recompensa pela vitória o custeio do pacote de viagens e credenciais na feira, considerada a maior do mundo no setor de alimentos e bebidas. Contando com o suporte do Centro de Internacional de Negócios da Findes (CIN-ES), do Senai-ES e do Sebrae-ES, a comitiva fez parte do Programa de Missões Empresariais Prospectivas, organizado pela Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN) e coordenado nacionalmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A missão empresarial foi feita em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que trabalha para promover as exportações de produtos e serviços brasileiros, apoiar a internacionalização das empresas e atrair investimentos estrangeiros para o Brasil.

Prodfor realiza Encontro de Negócios Dar mais visibilidade à demanda existente nas cadeias produtivas locais, colocando frente a frente quem demanda e quem fornece. Com esse objetivo, aconteceu no dia 18 de novembro, no Salão da Indústria, localizado no prédio do Sistema Findes, em Vitória, o 6º Encontro de Negócios do Programa Integrado de Desenvolvimento e Qualificação de Fornecedores (Prodfor). O evento disponibilizou reuniões entre fornecedores e representantes das mantenedoras ArcelorMittal (Cariacica e Tubarão), Cesan, Petrobras e Vale, que puderam conhecer melhor suas respectivas ofertas e demandas, bem como os seus ramos de atividades. A abertura do encontro foi feita pelo coordenador-executivo do Prodfor, Luciano Raizer, que falou sobre a relevância da programação para o fortalecimento do Prodfor. “Esse é um serviço de enorme importância para aproximar os fornecedores de grandes empresas compradoras do Estado. São encontros breves e dinâmicos que podem ser muito bem aproveitados por todos com a geração de negócios”.

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Inovação por Gustavo Costa

Indústria criativa no mapa do desenvolvimento Ideies realizou um pioneiro mapeamento, que analisou grupo composto por 13 setores

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m uma ação inédita, o Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies) finalizou o Mapeamento da Indústria Criativa no Espírito Santo. Trata-se do primeiro estudo já realizado no Estado sobre esse setor, que é composto pelos segmentos de Arquitetura; Artes Cênicas; Audiovisual; Biotecnologia; Design; Editorial; Expressões Culturais; Moda; Música; Pesquisa e Desenvolvimento; Patrimônio e Artes; Publicidade e Tecnologia da Informação e Comunicação. Para a viabilidade do trabalho, a entidade do Sistema Findes criou o Índice Ideies de Concentração da Indústria Criativa (IndIIC), com base em dados sobre os profissionais criativos e suas respectivas remunerações médias extraídos de levantamentos realizados em todo o Brasil pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e

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de informações sobre as empresas criativas capixabas na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Dividido em quatro capítulos, o mapeamento, que avaliou os 78 munícipios do Estado, começa conceituando o que são a economia criativa e a indústria criativa. No primeiro capítulo, o conteúdo mostra que ambos são conceitos recentes, ainda em desenvolvimento, em momentos diferentes, dependendo de cada localidade. No segundo capítulo, destaca-se a importância de um conhecimento mais profundo acerca das indústrias criativas, pelo seu grande impacto para o crescimento econômico de uma região. No capítulo seguinte, o levantamento traz os mapeamentos realizados, em âmbito nacional, pela Firjan (“A Indústria Criativa no Brasil”), pela Fundação de Desenvolvimento Administrativo – Fundap (“A Indústria Criativa na Cidade

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de São Paulo”) e pela Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (FEE), em parceria com a Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção da Inovação (AGDI) do Rio Grande do Sul (“A Indústria Criativa no Rio Grande do Sul – síntese teórica e evidências empíricas”). Já no último capítulo, o estudo apresenta o mapeamento da indústria criativa capixaba em todos os municípios, classificados segundo os resultados do IndIIC. O levantamento do Ideies tem ainda seis anexos, que detalham os estudos a respeito de profissionais criativos de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBOs); os CNAEs das empresas criativas usados no Mapeamento da Indústria Criativa do Espírito Santo; o comparativo dos CNAEs com os outros utilizados pelos mapeamentos efetuados sobre a indústria criativa no Brasil e pela Conferência sobre o Comércio e Desenvolvimento das Nações Unidas (Unctad); os setores criativos por municípios, de acordo com a classificação do IndIIC; a metodologia do IndIIC; e a metodologia para o levantamento dos principais setores criativos no Estado. Estudo contribuirá para tomadas de decisões O Mapeamento da Indústria Criativa no Espírito Santo lança uma luz sobre a concentração dos setores analisados em

Indústria criativa no Espírito Santo O IndIIC variou entre 0,008 (Santa Leopoldina) a 8,114 (Vitória), evidenciando que a indústria criativa está distribuída em todos os municípios capixabas, entretanto, em diferentes níveis e intensidades.

1.450

empresas criativas

13.400

profissionais em ocupações criativas

Indústria criativa na capital Vitória

58,2%

da massa salarial da economia criativa

46,6%

dos trabalhadores ativos Fonte: Ideies

33,7%

das empresas criativas Contempla todo os

13 setores dessa economia

“Os resultados do estudo contribuirão para a tomada de decisão dos agentes públicos e econômicos no sentido de criar políticas para o crescimento da indústria criativa” - Antonio Fernando Doria Porto, diretor-executivo do Ideies

todos os municípios do Estado. “Para que se consiga desenvolver, a indústria criativa em uma localidade – seja um país, estado, município ou bairro – é necessário sabermos do que se está tratando. Quais são os setores criativos existentes na localidade? Quantos profissionais criativos trabalham nos setores? Quantas indústrias criativas existem? O mapeamento foi importante para responder essas questões. Os resultados do estudo contribuirão para a tomada de decisão dos agentes públicos e econômicos no sentido de criar políticas para o crescimento da indústria criativa e, principalmente, como suporte ao desenvolvimento da indústria tradicional capixaba. Podemos destacar que a maior concentração dos 13 setores criativos considerados no estudo está no município de Vitória, seguido por Vila Velha, Serra, Anchieta, Guarapari, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Colatina e São Mateus”, disse o diretor-executivo do Ideies, Antonio Fernando Doria Porto. Segundo o dirigente, a indústria criativa no Espírito Santo vive seu melhor momento e conta com grandes apoiadores. “O Governo do Estado tem como um dos projetos prioritários o desenvolvimento da economia criativa. A Findes criou o Conselho Temático da Economia Criativa (Conect). E novos sindicatos patronais estão em formação ou já em estágio de regularização sindical, como os de audiovisual e joias, além da entrada do segmento de games no Sindicato de Informática”, explicou. Para Porto, o Sistema Findes seguirá ampliando a relação com a indústria criativa. “Destaca-se, por exemplo, o apoio que vem sendo dado às indústrias de games, audiovisual, joias, moda e design, inclusive em processo de ampliação da qualificação profissional por meio de ações do Sesi e Senai do Espírito Santo. Também desenvolvemos uma metodologia para articulação entre a indústria criativa e a indústria tradicional, um projeto piloto aplicado em pequenas empresas dos Nov/Dez 2015 • 321

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Inovação Mapeamento da Indústria Criativa no ES Para mais informações a respeito do Mapeamento da Indústria Criativa no Espírito Santo e do material na íntegra, acesse o site do Sistema Findes (www.sistemafindes.org.br) ou o link issuu.com/sistemafindes (no QRcode ao lado), ou ainda ligue 27 3334.5939.

segmentos de confecção, moveleiro e de rochas ornamentais, por intermédio de uma parceria da Findes, do Sesi e do Senai com o Sebrae do Espírito Santo”. Já o diretor para Assuntos do Sesi-ES e presidente do Conect, Jose Carlos Bergamin, acredita que conhecer tecnicamente a indústria criativa é fundamental, uma vez que a partir do mapeamento será possível buscar políticas assertivas para cada grupo que compõe o conjunto, com base nas vocações regionais, capacidade já instalada e criadores identificados. Ele lista o que considera gargalos para essa indústria. “Aculturamento do ambiente criativo. É preciso entender primeiro o que é economia criativa, o que de fato compõe essa economia, defendida como a economia do futuro, a sua abrangência e as suas possibilidades de gerar riqueza para as pessoas diretamente envolvidas e para a sociedade. Precisa deixar de ser ‘romântica’ para ser negócio, ter processo, e estratégias de mercado, além de gestão qualificada”, destacou. Bergamin enxerga a indústria criativa como negócio com muitas possibilidades de crescimento rápido no Estado, aproveitando as características dinâmicas do capixaba. “Temos a criatividade italiana, com design e gastronomia; e a criatividade afro, no campo artístico. Completaremos com a cultura germânica, para colocar todos esses valores dentro da criatividade dos processos para gerar negócios organizados e sustentáveis. O assunto é ainda muito novo aqui e no mundo. Os primeiros estudos começaram em 1998, na Inglaterra, que é o país mais desenvolvido no tema. Mas a economia criativa é uma ótima receita de sucesso para os períodos de crise, especialmente para uma economia pequena, mas dinâmica, como a do Espírito Santo”, falou o diretor. Segundo ele, o mapeamento mostra mais uma vez o compromisso do Sistema Findes em desenvolver o Estado de modo mais desconcentrado e sem gigantismo, com menos impacto e mais leve.

É preciso entender primeiro o que é economia criativa, o que de fato compõe essa economia, defendida como a economia do futuro, a sua abrangência e as suas possibilidades de gerar riqueza Jose Carlos Bergamin, diretor para Assuntos do Sesi-ES e presidente do Conect 32

“A indústria criativa está em pleno crescimento e apresenta alternativas mais baratas e produtivas ou voltadas à qualidade de vida” - Fred Rischter, CEO da Blue Pixel

“Estamos trabalhando para uma indústria em que o compartilhamento, as transversalidades, possa proporcionar uma sociedade mais envolvida, produtiva e feliz. O exemplo concreto e claro foi a criação do Conect para dar suporte e ser o centro de convergência, de condensação dos pensamentos e de difusão norteadora de possibilidades e ações”, frisou. Para quem atua na indústria criativa, o mapeamento realizado pelo Ideies dá uma noção mais clara para investimentos, operações em geral,incentivos e oportunidades.É o que observa Fred Rischter, CEO da Blue Pixel. “Por um lado, a indústria criativa está em pleno crescimento e apresenta alternativas mais baratas e produtivas ou voltadas à qualidade de vida – e, portanto,continuasendoumaótimaalternativadeinvestimento. Por outro lado, com o desaquecimento, todos percebem uma diminuição de demanda. Acho que em geral a conta fecha no zero a zero durante este período de crise, com expectativa de melhora a curto prazo”. Para Rischter, é preciso haver uma mudança de mentalidade a favor. “A visão local ainda é muito contrária a este tipo de atividade. As pessoas não percebem o potencial e não entendem como funciona; por consequência não dão importância nem valor a essas atividades. É fácil entender isso, pois a realidade do Brasil todo é essa. Nós não somos o Japão ou o Canadá. Por aqui, se você diz que vai carregar um caminhão de bananas, está ok. Mas se você vai produzir um serviço on-line, um software, ou um produto de design, a coisa fica extremamente mais complicada e torna incompatível a conversa”, enfatizou. A Blue Pixel começou sua trajetória no mercado produzindo e publicando jogos on-line, conseguindo a produção de aplicativos e sistemas. Hoje, sua atividade gira em forma de jogos de tabuleiro e jogos corporativos para segurança do trabalho, saúde e reabilitação cognitiva. Movimentando cerca de R$ 2 bilhões por ano em terras capixabas, a indústria criativa segue estabelecendo inovações nas linhas de operação e trazendo emprego e renda para o Espírito Santo.

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Indústria Ginásio beneficiará 240 alunos do ensino médio, além de crianças e adolescentes do Projeto Atleta do Futuro (PAF)

Novo Ginásio em Aracruz

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s alunos do Centro Integrado Sesi/Senai/ IEL Sergio Rogerio de Castro, em Aracruz, celebraram em outubro a inauguração do ginásio de esportes da unidade. Na solenidade, realizada no dia 9, estiveram presentes o presidente do Sistema Findes Marcos Guerra; o vice-presidente institucional da entidade em Aracruz e região, João Baptista Depizzol Netto; o governador do Estado, Paulo Hartung; e o bispo emérito Dom Décio Zandonade. Orçado em R$ 1,35 milhão, o ginásio beneficiará 240 alunos do ensino médio, além de crianças e adolescentes do Projeto Atleta do Futuro (PAF). Com uma área de 1.115 m², o espaço pode receber jogos de modalidades como futsal, handbol, basquetebol e vôleibol. Marcos Guerra falou sobre a importância da parceria com as empresas da região em obras como essa. “Quando assumi a presidência do Sistema Findes, aproximei os industriais de nossas entidades a fim de ouvir suas demandas e implantar projetos que interiorizassem o desenvolvimento econômico. Aracruz é um desses grandes exemplos, porque aqui sempre atuamos em parceria com as indústrias locais – como nos investimentos voltados à formação de mão de obra específica para o Estaleiro Jurong. Trabalhamos para gerar oportunidades para a população. O Centro Integrado realiza hoje mais de 17 mil atendimentos por ano, e queremos continuar aperfeiçoando a qualidade dos serviços aqui oferecidos”, disse. João Baptista Depizzol, que recebeu uma placa de homenagem como patrono do ginásio, destacou os investimentos feitos pela Findes em Aracruz. “O dinamismo e a união com os sindicatos têm fortalecido nossa indústria. Para mim, é uma honra receber essa homenagem e vejo que isso é uma recompensa de todo o trabalho realizado neste município pela educação e crescimento industrial”, frisou Depizzol. O gerente do Centro Integrado de Aracruz, José Braz Viçose, apresentou durante o evento alunos vencedores do “Desafio de Projetos Integradores de Inovação e Empreendedorismo do Senai Nacional”, conquistado com

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o projeto Smart Cover Generator (geração de energia elétrica com telhado especial).“Fico feliz por mais essa inauguração na nossa unidade. Estou desde 2008 acompanhando a evolução do Centro Integrado e vejo que cada obra realizada aqui proporciona um resultado positivo na vida dos estudantes. Trabalhamos duro para que todos eles tenham um futuro e uma carreira profissional promissores”, enfatizou. Em seu discurso, o governador Paulo Hartung lembrou o papel fundamental do Sistema “S” quando se fala em educação profissional no Estado, além de afirmar que o Centro Integrado acompanhou uma política estadual para atração de investimentos privados e, consequentemente, desenvolvimento da região com a geração de empregos, renda e melhoria da qualidade de vida. “Este tipo de unidade auxilia no avanço da qualificação educacional profissional e dá mais oportunidades aos nossos jovens no mercado de trabalho”, disse. Estudantes do Senai também homenagearam Marcos Guerra e Paulo Hartung e entregaram uma placa confeccionada em alumínio no Centro de Usinagem da entidade.

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Autoridades marcam presença na inauguração da escola

Escola Senai do Plástico é inaugurada em Serra Q ualificar cerca de 800 profissionais por ano para a indústria do plástico. Pautado por esse objetivo, o Sistema Findes, por meio do Senai-ES, inaugurou no dia 29 de outubro a Escola Senai do Plástico. Situada na unidade Civit, em Serra, a unidade foi construída em uma área de 600 m². Com investimentos de R$ 4 milhões, a estrutura é formada por laboratório de projetos e concepção de moldes, ferramentaria, manufatura do plástico, ensaios mecânicos do plástico e laboratório de hidráulica e pneumática, espaços especialmente preparados para atividades práticas de técnico em plástico e outros cursos de qualificação e aperfeiçoamento profissional, como ferramenteiro, operador de extrusão, operador de termoformagem; e operador de impressão dry off set. Só na parte referente aos cursos, o aporte foi de R$ 1,6 milhão. O Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado do Espírito Santo (Sindiplast-ES), atualmente é composto por 65 associadas. Ao todo, o setor de transformação do plástico capixaba é composto por 120 empresas que geram mais de 5 mil empregos. Para o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, a nova unidade é mais uma prova do compromisso da entidade com o desenvolvimento de campos importantes para a economia capixaba. “Estamos investindo em uma estrutura moderna, atualizada com o que há de mais novo na produção de embalagens e outros materiais, buscando preparar profissionais capazes de atuar em todas as etapas da cadeia produtiva do plástico. Segundo Guerra, o objetivo do Sistema Findes é aproximar cada vez mais a entidade e os industriais, fortalecendo empresas de todo o Estado e

gerando oportunidades de emprego, renda e negócios. “Por meio de reuniões e com a ajuda de estudos do Ideies, percebemos que a indústria do plástico poderia ser muito mais competitiva com uma mão de obra mais qualificada”, enfatizou o presidente. O governador Paulo Hartung também prestigiou a inauguração e afirmou que a unidade de ensino é fundamental para gerar novos talentos. “Disponibilizar um espaço moderno, com laboratórios bem equipados para a prática da educação, é importantíssimo. O maior desafio que temos no país não é a infraestrutura econômica, mas sim o capital humano, a educação desde sua base. Essa metodologia educacional é que almejamos para o nosso Estado, que chamamos de Escola Viva e estamos implementando no Espírito Santo. Temos que ter um espaço conectado e atrativo com o qual nossos jovens vivenciam e o mercado demanda”, frisou ele. Nov/Dez 2015 • 321

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Especial Inovação por Luciene Araújo

Um ano novo de muitas incertezas Analisando o ano que termina e fazendo projeções para 2016, o presidente da Federação das Indústrias aponta medidas que precisam ser adotadas para a retomada do crescimento

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o ponto de vista da indústria, 2014 e 2015 estão sendo considerados períodos atípicos, com cenários bastante negativos. O ano passado foi dado como perdido pela indústria nacional, que sofreu queda de 3,2% na produção física. E 2015 está sendo ainda pior para o setor, que até setembro só havia registrado crescimento mensal negativo – o único indicador positivo ocorreu em janeiro, mesmo assim, de apenas 0,30% –, acumulando saldo de -7,8% nos primeiros oito meses do ano, com a indústria de transformação liderando a retração. Em contrapartida, o Espírito Santo cresceu 5,6% em 2014, graças às ampliações de plantas já existentes, voltadas para o

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Sindicatos até 2015 Convidados: Sindilates-ES - 09 associadas Sindipesca-ES - 07 associadas Sindividros-ES - 10 associadas Filiado: Sinrecicle - 09 associadas

Recém-constituídos: Sinaes - 13 associadas Sindijoias-ES - 12 associadas Em processo de constituição: Sindirações-ES - 10 associadas

Fonte: Centro de Apoio aos Sindicatos (CAS) da Findes

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As cinco propostas mais urgentes da Pauta Mínima Terceirização (PL nº 4330/2004) Pesquisa da CNI mostra que 70% das indústrias utilizam serviços terceirizados e 57% terão sua competitividade prejudicada caso sejam impedidas de contratá-los.

“Precisamos de um presidente empreendedor, com visão macroeconômica, capaz de articular medidas eficazes” Marcos Guerra, presidente do Sistema Findes beneficiamento de minério de ferro. E em 2015 o Estado ainda colhe os frutos desses grandes projetos concretizados no ano anterior. “A produção física capixaba, entre janeiro e setembro deste ano, avançou 11,3%, em relação a igual período do ano passado. E esse percentual de crescimento é o maior do país”, explica Marcos Guerra, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). Mas o que esperar para 2016 diante de uma inflação que atinge 10,28% e uma perspectiva de dois anos de retração do PIB e de disparada do dólar? Ainda assim, Guerra acredita que o ano não será pior do que 2015 para a indústria capixaba. “A maioria das indústrias entra o ano com os grandes ajustes já concretizados. Os cortes maiores e as demissões foram efetuados este ano para que as empresas sobrevivam nos próximos 18 meses, diante de tantas incertezas”, afirma. Quanto aos segmentos que deverão apresentar os melhores desempenhos no Espírito Santo, a perspectiva da Findes é de que sejam as indústrias de celulose e aço, alimentos e bebidas, linha branca, automobilística e naval. “A grande sacada do Governo Federal seria dar maior atenção a portos e aeroportos. No projeto Sudeste Competitivo, por exemplo, fica claro que o Espírito Santo pode ter participação importante na exportação de produtos, como os grãos da Região Central. Os portos de Portocel e da Imetame e o Porto Central podem ser até contrapartida para a perda do Fundap (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias)”, afirma. O dirigente destaca ainda que o maior desafio para o próximo ano é efetivar a reforma política, para então ser possível avançar nos demais remodelamentos estruturais. Na avaliação de Guerra, o maior problema do país hoje é a falta de líderes, “de pessoas capazes de transmitir segurança aos investidores”. “Precisamos de um presidente empreendedor, com visão macroeconômica, capaz de articular medidas eficazes”. Para ele, o Brasil tem perdido o timing, deixou de crescer por falta de um projeto de país, o que ele considera o eixo estrutural para a retomada da expansão. “Por que não entramos no Acordo Transpacífico, por exemplo? São muitas oportunidades perdidas”, enfatiza, defendendo a necessidade imediata de buscar alternativas no mercado internacional – acordos bilaterais com países que possam consumir mais os produtos brasileiros. Na tentativa de reverter esse quadro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) incluiu na Agenda Legislativa 2015 um total de 128 propostas que sintetizam os pilares da agenda de

Norma Regulamentadora nº 12 (PDC nº 1408/2013) A Norma Regulamentadora nº 12 (NR 12) é o marco legal brasileiro de segurança na operação de máquinas e equipamentos no setor industrial. Alterada em 2010, de se mostrou inexequível, técnica e economicamente. Para a CNI, as tais regras devem equilibrar a máxima proteção e segurança do trabalhador com a sustentabilidade do processo produtivo. Acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional associado (PLC nº 02/2015) A proposta reforma o marco legal em vigor, que impôs grandes restrições à pesquisa no país, com recursos da biodiversidade, que abre caminho para enorme avanço científico no futuro, gerando benefícios para toda a sociedade brasileira. Crédito financeiro do IPI (PL nº 6530/2009) Segundo o projeto, o valor tributado por IPI, PIS e Cofins ensejará crédito correspondente, ao implementar o simples controle contábil em substituição ao sistema de crédito físico. A eliminação da cumulatividade de tributos é essencial para simplificar o sistema tributário e melhorar o ambiente de negócios do país. Convalidação de incentivos fiscais de ICMS (PLS-C nº 1300/2014) O projeto equaciona conflitos federativos quanto aos programas estaduais de incentivos tributários e fiscais e traz segurança para as empresas que usufruíram dos créditos de ICMS para fazer importantes investimentos, o que evitará a cobrança retroativa e irá garantir o fim do conflito judicial, trazendo segurança para as empresas e o Fisco dos estados brasileiros. Fonte: CNI

competitividade, descrita nos 42 documentos preparados pela entidade no ano passado. E essas ideias são um reforço fundamental ao processo de ajuste das contas públicas, especialmente as 18 proposições listadas na Pauta Mínima, com temas prioritários e de maior impacto sobre o ambiente de negócios. São planos que oferecem ao Congresso Nacional alternativas para eliminar tradicionais entraves ao crescimento da economia, como o complexo sistema tributário e o excesso de burocracia. “A indústria precisa ser ouvida. Esse conjunto de proposições merece apoio por trazer avanços como a redução da burocracia, a simplificação de tributos, a modernização das relações de trabalho e o aprimoramento de marcos legais, o que gera maior segurança jurídica para investimentos e projetos do poder público, fundamentais para a retomada do crescimento”, detalha Guerra. Muitas das sugestões que a Agenda Legislativa 2015 apresenta estão em estágio avançado de tramitação e, caso sejam aprovadas, terão impacto sensível na capacidade de o Brasil ser mais competitivo. Para o presidente da Findes, é preciso recuperar o crescimento, diante do esgotamento de um modelo de crescimento pelo consumo. E esse novo caminho passa por investimentos, especialmente aqueles articulados pelo setor público, como na infraestrutura. Nov/Dez 2015 • 321

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Especial

Isso porque essas obras, além de demandarem insumos, máquinas e equipamentos e de gerarem emprego e salários, possibilitam à indústria, ao país, melhores condições de competitividade. Nos próximos 10 anos, os grandes recursos do país deverão ser destinados ao desenvolvimento de novas fontes de energia, especialmente as renováveis. Mas para que esses investimentos se concretizem, o empresário precisa de garantias. “Estamos diante da possibilidade de que introduzam mudanças no PIS e na Confins, e não se sabe de que forma. É preciso ter segurança de que as regras não irão mudar no meio do jogo”, frisa Guerra. Esses aportes e a retomada do avanço ainda não devem chegar nos próximos 12 meses, mas a indústria será capaz de ultrapassar este momento difícil, acredita ele. O presidente defende que as empresas que estiverem com projetos estruturados e se mantiverem com determinação sairão de 2016 mais fortalecidas. “O próximo ano será difícil, mas o fardo não será tão grande que não sejamos capazes de carregá-lo. Porém, retomada do crescimento, somente a partir de 2017 mesmo”, estima Marcos Guerra.

Investimentos que serão entregues em 2016

Colatina: •R eforma e ampliação do Sesi •R eforma e ampliação do Senai •N ova Unidade de Saúde Sesi Linhares: • Reforma e ampliação do Sesi • Nova Unidade de Saúde Sesi Serra: • Reforma e ampliação do Senai Civit Vitória: •E spaço Exposição da Indústria - galeria de arte no 1º andar do Edifício Findes

Anchieta: •N ovo Centro Integrado Cachoeiro de Sesi/Senai/IEL Itapemirim: •N ovo Senai •N ova Unidade de Saúde Sesi

Vila Velha: •N ovo Centromoda •R eforma e ampliação do Sesi de Cobilândia

Fonte: Sistema Findes

Desempenho da Findes em 2015 Mesmo em um cenário adverso, as conquistas da Findes para o setor industrial foram significativas “Enquanto outros Estados modificaram as regras, os valores de impostos, nós conseguimos manter os Contratos de Competitividade. E isso foi uma importante conquista”, explica o dirigente, ao destacar ainda a importância de os segmentos se sentirem cada vez mais representados pela Federação, o que se constata com a filiação de alguns sindicatos (veja box da pg 36). Os dados demonstram a positividade dos resultados. Em 2015, o Sistema Findes (que inclui Sesi, Senai, Ideies, IEL e IRI) realizou mais de 700 mil atendimentos, com 66% de gratuidade. Nos últimos quatro anos, houve uma elevação de 64% no número de matrículas na educação profissional. Em 2011, foram efetivadas 89 mil, enquanto em 2014 esse total passou para 146 mil. A Federação das Indústrias consolidou seu plano de investimento, e há importantes projetos em andamento a serem concluídos em 2016. “Vamos entregar tudo o que foi planejado: a ampliação do Centro Integrado do Civit (Serra) e o de Araçás; a nova escola do Senai de Cachoeiro de Itapemirim, a duplicação da unidade de Colatina e o novo Centro Integrado de Anchieta”, garante Guerra. 38

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Espírito Santo criativo

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Ricardo Savacini Pandolfi é subsecretário de Estado da Cultura

temática da economia criativa tem estado no foco das discussões de organismos e comunidades internacionais nos últimos anos, destacando-se como estratégica para o avanço econômico e social de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Essa nova economia tem potencial para assumir um papel significativo na geração de oportunidades para a abertura de novos empreendimentos e negócios criativos, capazes de integrar a utilização de tecnologias digitais e sociais associadas à criação de conteúdos de base cultural a partir de processos inovadores. A economia criativa é baseada na abundância, pois seu insumo principal parte da criatividade e do conhecimento humano, que são infinitos; é reconhecida como a economia do simbólico, e por isso está diretamente associada à diversidade das expressões culturais, seu maior valor. Além disso, tem como forte característica sua função colaborativa, pois apresenta uma série de arranjos entre pessoas, instituições e governos. Também é rede e, por último, é uma economia cada vez mais potente na medida em que reconcilia estratégias nacionais com processos internacionais globais. Como desafios fundamentais para a potencialização e o desenvolvimento dessa economia, podemos destacar: 1. O levantamento, a sistematização e o monitoramento de informações e dados sobre a economia criativa para a formulação

de políticas públicas ajustadas às realidades locais e regionais do país. 2. O fomento à sustentabilidade de empreendimentos dos setores culturais e criativos, fortalecendo a sua competitividade e a geração de trabalho e renda. 3. A oferta de formação adequada para o preparo de gestores e profissionais atuantes nos setores culturais e criativos. 4. A institucionalização de políticas públicas de economia criativa efetivas. O desenvolvimento local e regional dos territórios exige uma concertação entre organizações públicas, empresas e instituições representantes da sociedade civil, com modelos de governanças democráticos e eficientes. 5. A criação e a adequação de marcos legais e infralegais necessários para o fortalecimento dos setores criativos, seja em aspectos associados ao direito trabalhista, seja tributário, seja administrativo etc. Esses desafios estruturam o programa da Secretaria de Estado da Cultura denominado de “Espírito Santo Criativo” e têm a finalidade de formular e implementar políticas públicas no campo da economia da cultura consistentes para o desenvolvimento do Estado e de suas potencialidades culturais e econômicas por meio da integração de políticas, agendas e programas de múltiplos órgãos governamentais, institutos, agências de fomento e demais parceiros. Nov/Dez • 321

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Inovação Sustentável por Vitor Taveira

Uma nova oportunidade

Projeto Semeando a Liberdade, apoiado pela Leão Alimentos, contribui para ressocialização em unidade prisional

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indústria capixaba é um importante ator para concretizar uma experiência que vem se transformando num modelo de ressocialização de presidiários. Trata-se do Semeando Liberdade, fruto de uma parceria de sucesso entre os setores público e privado, com apoio da Leão Alimentos e Bebidas e a Trop Frutas, empresa localizada em Linhares responsável por produtos como Sucos Mais, Del Valle e Laranja Caseira, além de linhas como Burn, Powerade e Leão Fuze. A partir dessa iniciativa, gera-se trabalho para detentos em regime semiaberto por intermédio da fruticultura, que fornece matéria-prima para sucos e itens alimentícios da companhia. O projeto se desenvolve numa fazenda de 100 hectares anexa à Penitenciária Regional de São Mateus. O terreno foi cedido à Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) pelo Incaper, instituto de pesquisas agropecuárias que funciona como autarquia do Governo Estadual. O espaço é administrado pela Cáritas Diocesana de São Mateus por meio da Associação Semeando Liberdade e conta com apoio da Prefeitura de São Mateus e da Reviver. A Leão e a Trop Frutas ajudaram a implementar as primeiras plantações de fruticultura, com destaque para o maracujá, permitindo empregar 14 internos da penitenciária,

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“Quando apresentaram esse projeto à Leão, nós vimos uma grande oportunidade de criar um campo experimental e trazer muito mais reeducandos para essa iniciativa” Maurício de Sá Ferraz, responsável pelo planejamento e pelo desenvolvimento agrícola da Leão Alimentos que trabalham durante o dia na lavoura, contribuindo para sua ressocialização e para a geração de renda para eles e suas famílias, além de apoiá-los na reintegração à sociedade. Maurício de Sá Ferraz, responsável pelo planejamento e pelo desenvolvimento agrícola da Leão Alimentos, conta que tudo começou com uma iniciativa da Cáritas, entidade vinculada à Igreja Católica, que pretendia criar uma horta para que os internos pudessem trabalhar e gerar alimentos para o próprio presídio. “Quando apresentaram esse projeto à Leão,

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nós vimos uma grande oportunidade de criar um campo experimental e trazer muito mais reeducandos para o projeto. Porque uma horta seria uma pequena área com poucas pessoas trabalhando, e sugerimos então que entrassem com plantio de maracujá que a nossa indústria pudesse absorver; dessa forma, seria possível garantir a compra do produto final, possibilitando a autossustentação do projeto”. A empresa fez os investimentos iniciais necessários para os primeiros 10 hectares de lavoura de maracujá, como irrigação, instalação de arame, disponibilização de adubo e equipamentos, entre outros. “A partir daí, o projeto começou a girar sozinho”, comenta Ferraz. Os recursos provenientes da compra das frutas financiam o salário dos internos, o investimento em outros cultivos e a ampliação da área plantada. Atualmente, a fazenda possui 20 hectares cultivados com maracujá e 1,5 hectare com goiaba. Até o final do ano, serão mais cinco hectares de goiaba, além de uma área com horta e outra com plantação de banana. “É um projeto pioneiro que proporciona a nossos internos a chance de se tornarem produtivos, aprenderem um ofício, e é ainda mais importante por estar em uma área rural, possibilitando que essas pessoas tenham condições de se aperfeiçoar na fruticultura, que vem crescendo na região”, diz Alessandro Ferreira de Souza, subsecretário de Estado para Assuntos do Sistema Penal. Os internos que participam do Semeando Liberdade recebem autorização da Justiça para lá atuar depois de selecionados por uma equipe multidisciplinar da unidade prisional, considerando diversos critérios. Durante o trabalho, são acompanhados por agentes penitenciários. Por meio do programa, ascendem ao benefício de remição, em que cada três dias de trabalho representam um dia a menos de pena. Além disso, recebem um salário

“É um projeto pioneiro que proporciona a nossos internos a chance de se tornarem produtivos, aprenderem um ofício” Alessandro Ferreira de Souza, subsecretário de Estado para Assuntos do Sistema Penal

mínimo por mês que, conforme a legislação, é dividido em três partes: uma para sua família, outra diretamente para o próprio detento, e uma terceira enviada para uma conta pecúlio, cujo valor total só poderá ser retirado quando o titular for beneficiado com a liberdade. “Estou gostando de participar porque daqui estou tirando meu sustento e ajudando minha família. Espero que o projeto cresça para gerar mais oportunidades para amigos que estão presos no regime fechado”, considera o interno Edenilson Silva de Jesus, que também destaca a importância da iniciativa para os detentos cujas famílias residem em São Mateus e que não teriam outra oportunidade de trabalho no município. Além do Semeando a Liberdade, a empresa também apoia a reintegração social no Projeto Reeducando, que já conta com 36 internos em regime especial trabalhando dentro da fábrica, sendo que alguns já foram contratados pela companhia e por terceiros como funcionários efetivos após terminarem de cumprir suas penas.

Dia de Campo Outra iniciativa importante da Leão Alimentos é a promoção do Dia de Campo, evento periódico no qual reúne os agricultores que atuam como fornecedores para capacitação e treinamento em questões importantes para seu trabalho, como controle de pragas, manejo e fitossanidade e tecnologia da aplicação. No dia 1º de outubro, dois dos projetos se encontraram. Nessa data, o Dia de Campo foi realizado pela primeira vez na fazenda do projeto Semeando a Liberdade, contando com cerca de 80 agricultores, incluindo os internos no processo de capacitação e intercâmbio. “De modo geral, a agricultura brasileira tem carência deste tipo de evento, que é o que traz retorno para quem está no mercado, como consumidor, bem como para o produtor, principal beneficiado. É uma forma de o produtor conhecer coisas novas que podem ser úteis para seu trabalho e produtividade”, afirma um dos facilitadores do último encontro, José Rafael da Silva, um destacado pesquisador da produção de sementes e mudas de maracujá. Iniciativas como as da Leão Alimentos mostram como o compromisso e o senso de responsabilidade das indústrias fazem a diferença em questões sociais importantes. O Semeando a Liberdade sinaliza, ainda, a importância do esforço conjunto de governos, empresas e sociedade civil para criar novas perspectivas para questões sociais importantes para o Espírito Santo e para o Brasil. Nov/Dez 2016 • 321

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indústria Artigo em ação

Produtos lácteos brasileiros chegam à China

Pinheiros recebe unidade móvel Com cursos de eletricista instalador predial e pintor, a unidade móvel de Construção Civil chegou em outubro ao município de Pinheiros. Foram 40 vagas oferecidas, gratuitamente, pelo Senai-ES. O gerente da estrutura, Leonardo Leal, falou sobre a importância dos investimentos promovidos pela Federação das Indústrias na educação. “O Sistema Findes, com a gestão do presidente Marcos Guerra, continua priorizando a interiorização do desenvolvimento capixaba. Saímos da capital para investir na qualificação profissional dos moradores das cidades do interior com o intuito de buscar sempre o despertar de novos polos industriais”. Além da aula teórica, os estudantes também terão atividades práticas com o apoio da prefeitura. As 15 unidades móveis levam a educação profissional para localidades que não possuem escolas fixas do Senai-ES. Elas estão distribuídas pelo Estado, entre as áreas de Construção Civil, Informática, Soldagem, Panificação, Colheita Ambiental, Alimentação Saudável, Confecção e Madeira e Mobiliário, Têxtil e Vestuário.

Depois de conversas e negociações que começaram há 19 anos, as empresas brasileiras interessadas em exportar produtos lácteos para a China já podem pedir a habilitação. A decisão foi anunciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e representará um incremento de US$ 45 milhões em exportações ao ano. A mudança foi avaliada pelo setor como um importante passo para o desenvolvimento da cadeia produtiva nacional. A notícia agradou aos representantes das indústrias de laticínios do Espírito Santo, embora antigos gargalos ainda preocupem.“É necessário que se invista em melhorias da qualidade, produtividade e gestão do produto, para que sejam mais competitivos em relação aos demais países produtores”, explicou o presidente do Sindicato das Indústrias de Lácteos do Espírito Santo (Sindilates), Claudio José Rezende. Para ele, pontos como infraestrutura, logística, burocracia, altos tributos e mão de obra qualificada ainda precisam ser melhorados para atender o mercado chinês.

Sesi-ES realiza Torneio Regional de Robótica Destaque nacional quando se fala em ensino em robótica, o Sesi-ES realizou nos dias 20 e 21 de novembro, em Vitória, o Torneio de Robótica First Lego League – Etapa Regional. As criações utilizaram o conteúdo das caixas educacionais da Lego. O tema deste ano foi “Trash Trek” e abordou maneiras sustentáveis de processar o lixo. O evento serviu de seletiva para a etapa nacional, que acontecerá em 2016, em Brasília. Se classificaram as equipes Lego Field (1º lugar na categoria Champion’s Awards), Tróia, Retry, Os Guardiões, The King, The Walking Lego e Lego Side, enquanto os times Robochequer, Legotrix, Skillup e Lego Rex ficaram de suplentes.

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Gestão por Ivy Coutinho

Baixa produtividade da indústria nacional exige inovação Para crescer, o setor industrial deve investir em novas tecnologias, além de modernizar seus processos produtivos

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studo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em setembro deste ano aponta que entre 2000 e 2009 a indústria de transformação brasileira registrou queda de 0,8% na sua produtividade. De acordo com o levantamento, intitulado “Radar: Tecnologia, Produção e Comércio Exterior”, no mesmo período a produtividade do trabalho cresceu 3,8% na agropecuária e 2% na indústria extrativa, enquanto que no segmento de serviços a alta foi de 0,6%. Os níveis absolutos desse indicador na indústria extrativa são muito superiores aos da indústria de transformação. Mesmo com a crise financeira de 2008, que impactou negativamente os preços das commodities minerais, a taxa média anual de expansão das indústrias extrativas alcançou quase 20% no quadriênio, enquanto que, para as de transformação,

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este percentual não chegou a 6%. Na comparação feita com outros países, o Ipea usou como sinalizador a Produtividade Total dos Fatores (PTF), que tem a finalidade de apontar a eficiência com que a economia combina a totalidade de seus recursos para gerar produto. Enquanto a PTF dos Estados Unidos, desde 1960, subiu de forma constante,elevando-se 50% ao longo do período,a brasileira cresceu apenas 23%. A Coreia do Sul tem expansão relativamente constante, chegando em 2011 com uma Produtividade Total de Fatores 90% superior à de 1960. A China manteve esse indicador estagnado até 1980 e, a partir de então, mostra crescimento rápido. Ao longo de todo o período, a PTF deste país asiático aumentou 177%. Segundo o estudo, o indicador no Brasil evoluiu muito pouco ao longo dos últimos 50 anos.“São fundamentais as políticas que

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“Questões burocráticas, legais e tributárias, como a CLT e a terceirização, que poderiam trazer mais competitividade para a indústria, ainda não alcançaram os avanços necessários” Marcos Guerra, presidente Findes

ajudem a identificar os entraves ao aumento da produtividade. O desenho dessas políticas requer diagnósticos mais aprofundados, incluindo a evolução da produtividade em nível setorial e por firma, diagnósticos de falhas de mercado e aspectos institucionais que impeçam a alocação de fatores para as firmas mais produtivas”, diz o texto.

Diagnóstico do IBGE Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a produtividade na indústria de transformação no Estado cresceu 0,8 ponto em 2014, sendo que no ano de 2013 o avanço chegou a 2,5. Fonte: Ipea

Diante desse cenário, a indústria nacional precisa passar por diversas mudanças, com a finalidade de se tornar mais eficiente. Otimização da produção, aumento da quantidade e da qualidade dos produtos e inovação nos processos de trabalho e nas tecnologias são alguns itens importantes que precisam ser melhorados. Para o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra, a produtividade é um dos pontos críticos para a competitividade brasileira. “De acordo com pesquisa elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 12 países, a indústria brasileira foi a que mais perdeu produtividade nos últimos 10 anos, na comparação direta com economias como Coreia do Sul, Singapura, Taiwan, Austrália e Estados Unidos, entre outros. Enquanto isso, tivemos o segundo maior crescimento salarial médio nesse mesmo período, o que comprova que a indústria não tem obtido retorno dos investimentos realizados em mão de obra. Questões burocráticas, legais e tributárias, como a CLT e a terceirização, que poderiam trazer mais competitividade, ainda não alcançaram os avanços necessários”, disse Guerra. O dirigente explica que elevar a produtividade da indústria é um dos grandes desafios do país. “Considerando a rotina de trabalho dos profissionais, os problemas começam ainda no seu deslocamento, com atrasos e estresse em decorrência de engarrafamentos, que pode resultar até mesmo em acidentes nas indústrias, por falta de concentração. Além disso, a má formação profissional coloca no mercado de trabalho, em alguns casos, trabalhadores com dificuldade de interpretar manuais e realizar cálculos simples. Em razão disso, temos investido na interiorização das ações de qualificação, levando a todas as regiões do Espírito Santo cursos técnicos e capacitações para ampliar a eficiência laboral”. Marcos Guerra lembra, ainda, que o investimento em tecnologias é escasso. “Devido à falta de capital, as empresas não investem em inovação tecnológica nem em modernização dos processos produtivos. Excesso de estoque, ausência de padronização e retrabalho na linha de produção são alguns dos fatores que sempre precisam ser observados. No mundo globalizado de hoje, se não há inovação e melhorias constantes, perdemos produtividade”. Para o presidente da Findes, é preciso agregar valor aos produtos da indústria nacional e participar das cadeias globais. “A inovação é o primeiro passo para alcançar esse resultado. Nov/Dez 2015 • 321

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Gestão

“A baixa qualificação, exigindo vários treinamentos internos, é um desafio profundo” Ednilson Silva Felipe, economista do Grupo GPIDECA do Departamento de Economia da Ufes

Com aumento de produtividade, ganhamos em qualidade, reduzimos custos e alcançamos recursos para reinvestir na melhoria da produtividade. É um ciclo essencial para as indústrias que almejam expandir seus mercados para além das fronteiras do Mercosul”.

Avaliação do cenário no ES Ednilson Silva Felipe, economista do Grupo de Pesquisa em Inovação e Desenvolvimento Capixaba (GPIDECA) do Departamento de Economia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), ressalta que, quando o assunto é indústria, é preciso estabelecer uma separação muito clara. “É importante lembrar que há a indústria como um todo e a de transformação. Ainda é preciso separar as indústrias de commodities das indústrias de outros produtos, porque elas têm dinâmicas e influências diferentes. Para o caso do Espírito Santo, a indústria mais pesada, ligada principalmente às commodities e à indústria extrativa, muito forte, tem apresentado um crescimento significativo e está em expansão. É o caso, por exemplo, da nova usina da Vale, inaugurada recentemente. Essas indústrias visam muito ao mercado externo, sofrem uma grande influência do dólar e são fortemente impactadas pelo crescimento das outras economias, como China e Estados Unidos. Se observarmos a produção dessas grandes empresas, elas variam mais conforme os dados externos do que de acordo com o que acontece especificamente no Estado. Têm, por assim dizer, uma dinâmica ‘descolada’ do que acontece na economia local. Outra coisa é a indústria de transformação ligada aos bens de consumo. Esta é mais vulnerável ao que está acontecendo internamente. Sofre mais as influências dos cortes do Governo, do arroxo salarial, da inflação e do aumento geral dos custos de produção. Essa indústria está passando agora por desafios muito mais severos do que a outra parcela das indústrias. Essa parte da indústria capixaba, por exemplo, até agosto, 46

tinha apresentado uma queda de 6,9% na produção, comparada ao mesmo período de 2014. Em 2015, frente ao ano anterior, por exemplo, a indústria alimentícia perdeu 9,2% da sua dinâmica produtiva. Assim, é possível dizer que uma parte da indústria capixaba apresenta uma importante dinâmica de crescimento, enquanto outra parte, mais ligada às condições locais, tem passado por dificuldades significativas”. Segundo o especialista, de maneira geral, a produtividade da indústria de transformação no Estado apresenta índices semelhantes aos do desempenho nacional. “Se considerarmos a indústria geral, incluindo a extrativa e a que produz commodities em grande escala, a produtividade pode dar um salto importante, pois as grandes indústrias produzem em escala muito elevada, com os fatores capital e tecnologia avançados, o que aumenta a produção total, com a mesma quantidade de funcionários”. Já na indústria de transformação, que abarca, para o Espírito Santo, fortemente as indústrias de pequeno e médio porte, essa produtividade é muito baixa, e os desafios são enormes, aponta Silva. “A baixa qualificação, exigindo vários treinamentos internos, é um desafio profundo. A infraestrutura produtiva – que envolve energia, comunicação etc. – influencia na produtividade do capital. Qualquer dificuldade nesses elementos também afeta a produtividade da indústria”, explica.

Entraves na produção capixaba De acordo com o economista, a indústria capixaba enfrenta desafios parecidos com os vistos nos outros Estados brasileiros. “A infraestrutura logística de escoamento da produção, por

Mais análise •A pesquisa do Ipea também analisa o impacto da baixa produtividade no Produto Interno Bruto per capita. Enquanto mais de 90% do crescimento do PIB per capita brasileiro no período de 1992 a 2001 deveu-se à expansão da produtividade do trabalho, entre 2001 e 2009 apenas pouco mais da metade do crescimento foi explicado pelos ganhos de produtividade. • A entrada de um grande contingente de trabalhadores no mercado de trabalho e o baixo nível de desemprego foram os fatores que explicaram uma parcela significativa do crescimento do PIB per capita nacional no período de 2001 a 2009. Algo entre 30% e 50% desse avanço pode ser creditado, na última década, ao aumento das taxas de ocupação e de participação no mercado de trabalho. • Os pesquisadores do Ipea afirmam que esses resultados sugerem que maiores taxas de crescimento do PIB per capita só serão alcançadas se houver uma elevação da produtividade do trabalho, uma vez que não se esperam contribuições significativas das taxas de ocupação e de participação nos próximos anos. Fonte: Ipea

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Produtividade industrial no Espírito Santo: indústria de transformação 10,4 6,1

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2012

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2003

2002

-8,0 -8,7

Fonte: IBGE | Elaboração: Ideies/Sistema Findes | Nota: Produtividade = produção física/horas pagas

exemplo, é um problema. Aumentar a produtividade do portão da fábrica para dentro é só uma parte da história. Colocar o produto na mão do consumidor, dependendo de uma infraestrutura logística pouco eficiente, é outro desafio que as indústrias enfrentam. Para o segmento de transformação, temos ainda o problema de uma política macroeconômica nacional focada na retração da demanda para conter a inflação – o que gera, em certo sentido, um contrassenso: estimular a produção industrial numa mão, e aumentar as taxas de juros para conter a demanda na outra mão. Além disso, a indústria, brasileira e capixaba, é pouco inovadora. Os dados do Pintec/IBGE são claros nisso. A indústria capixaba consome fortemente as inovações que já estão incorporadas nas máquinas

desenvolvidas pelos fornecedores, mas ela, em si, investe pouco, na média, em inovações próprias. Esse é um estímulo que precisa ser ainda reforçado. Muita coisa tem sido feita pela Findes, por meio de financiamento à inovação via Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). É um caminho muito importante e que vem sendo trilhado, mas ainda há grandes desafios a vencer para tornar a indústria capixaba mais inovadora. A inovação, diga-se, é a porta principal para o aumento da produtividade”, avalia. Para o diretor-executivo do Ideies, Antônio Fernando Doria Porto, elevar a produtividade é realmente um dos principais desafios da indústria capixaba e exige o aumento da taxa de investimentos. “Somente com investimentos que incorporem ganhos tecnológicos e inovação (de produtos, de processos, de gestão) as empresas irão se tornar mais produtivas e capacitadas para enfrentar a concorrência cada vez mais acirrada, tanto no mercado externo quanto no interno”.

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indústria Artigo em ação

Findes e Sesi recebem mais de 10 mil livros Platão já dizia que o livro é um mestre que fala, mas que não responde. Fundamental para a formação cultural e profissional, essa rica fonte de sabedoria tem grande importância de entretenimento e pedagógica. E para os fãs de leitura, a Biblioteca da Indústria Capixaba, no Edifício Findes, e as unidades do Sesi-ES receberam mais de 10 mil novas obras. Com o reforço no acervo do Sistema Findes, o trabalhador da indústria e aproximadamente 12 mil estudantes deverão ser beneficiados. Os títulos, adquiridos por meio de sugestões de professores, alunos, pedagogos e da Divisão de Educação Básica do Sesi, vão de literatura infantil a didática, passando por estrangeira, dicionários e livros-jogos. Com os novos materiais, os estudantes de ensino infantil, fundamental e médio poderão desenvolver melhor a pesquisa escolar e as leituras recreativa e orientada – direcionada à preparação para o Enem e vestibulares – além de projetos pedagógicos, que tem questões trabalhadas pela escola em atividades de leitura e escrita. O investimento foi de mais de R$ 500 mil.

Mais de mil pessoas prestigiam evento com Bel Pesce Conhecida como “menina do Vale”, por ter integrado o seleto grupo de empresários do Vale do Silício, nos Estados Unidos, a jovem empresária Bel Pesce palestrou no dia 14 de outubro, no Centro de Convenções de Vila Velha. Uma das empreendedoras de destaque do país, Bel falou sobre o tema “A sua melhor versão te leva além”, título homônimo do seu novo livro, lançado no evento. O superintendente do IEL-ES, Fábio Dias, e o diretor do Sebrae-ES, Benildo Denadai, estiveram presentes no encontro, que foi uma iniciativa promovida pelo IEL-ES e que contou com um público de mais de mil pessoas, um recorde da rodada de palestras em todas as capitais brasileiras organizada pela entidade com a participação da empresária. A estudante Fernanda Luiza Emediato Fernandes, eleita a melhor estagiária do Espírito Santo no Prêmio IEL de Estágio, também compareceu.

Agregar valor às exportações de café é desafio para setor Mesmo sendo destaque mundial em produção e exportação de café, o setor no Brasil encontra dificuldades para agregar valor à mercadoria. É o que apontou pesquisa divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), que indicou entraves nas vendas externas de cafés industrializados. Em 2014, o segmento exportou US$ 6,6 bilhões, mas 90,6% representaram saídas de café verde, que é o grão cru, negociado por um preço menor que o beneficiado. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Café do Espírito Santo (Sincafé), Egídio Malanquini, a cultura dos produtores de não exportar é um dos fatores que atrapalham o desenvolvimento. “Devemos levar em conta que 80% dos produtores do país são formados por micro e pequenas empresas, que não têm cultura exportadora nem informações de como exportar, não sabem os trâmites necessários”, disse.

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Escola Móvel forma 570 profissionais em Guaçuí

Lideranças do Estado participam do Enai 2015 O Encontro Nacional da Indústria (Enai) em 2015 recebeu uma comitiva de 37 capixabas. Realizado em Brasília nos dias 11 e 12 de novembro, o evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) abriu espaço para debates e palestras acerca do desenvolvimento do setor no país. Participaram representantes de 27 sindicatos da indústria no Estado, liderados pelo presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra. Entre painéis e palestras, destaque para a que foi apresentada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, que falou sobre as perspectivas econômicas do Brasil no cenário internacional. Para Marcos Guerra, a programação foi fundamental para a ampliação da competitividade da indústria brasileira. “O Enai é a grande oportunidade que o Brasil industrial tem de fazer encaminhamentos de propostas e tornar nossas demandas mais conhecidas. Recebemos ministros, representantes do Congresso, lideranças com visão mundial da economia. É uma verdadeira troca de experiências que favorece o crescimento de nossa indústria no mercado global”, disse ele.

Iniciativa que gera oportunidade e um futuro melhor para os trabalhadores da indústria, a Escola Móvel segue promovendo o crescimento profissional dos capixabas. Apenas no município de Guaçuí, em 2015, o projeto formou um total de 570 pessoas, oferecendo à população cursos gratuitos como Alvenaria Estrutural, Costura Industrial, Eletricidade e Informática. A última turma a se capacitar na cidade foi a de Costureiro Industrial do Vestuário, especializada em malharia, que diplomou 37 alunos no dia 28 de outubro. Após a formação, eles participam de intervenções sociais, de acordo com os respectivos cursos: fazer a iluminação de Natal, para os eletricistas; e promover um desfile de moda com peças criadas por eles próprios, para os qualificados em Costura Industrial; e construir muros para moradias de pessoas carentes, para os pedreiros.

Estados Unidos recebem comitiva capixaba Um grupo de empresários do Espírito Santo viajou para os Estados Unidos em novembro, em uma visita de negócios e reuniões com industriais e lideranças locais. Liderada pelo presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, e pelo presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Luiz Paulo Vellozo Lucas, a comitiva de 17 pessoas esteve no dia 2 em Las Vegas, conferindo a realidade econômica da cidade, que tem grande estrutura hoteleira e de entretenimento e atrai turistas de todo o mundo. “Os Estados Unidos também viveram um processo de desindustrialização, mas desenvolveram ações para reverter o problema”, enfatizou Guerra.

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Artigo

A desconfiança como regra social e política

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grau de desconfiança dos brasileiros em relação à política e aos políticos não é nenhuma novidade. Dois dados: o Índice de Percepção do Cumprimento da Lei (IPCL Brasil), referente ao primeiro semestre de 2015, mostra que “apenas 17% dos brasileiros confiam no Governo Federal; 15% no Congresso Nacional; e somente 5% nos partidos políticos”; e o Índice de Confiança Social 2015, levantado pelo Ibope, revela que os governos locais, o Executivo Federal, o presidente da República, o Congresso Nacional e os partidos políticos ocupam as últimas posições dentre as 18 instituições avaliadas. Esses percentuais, portanto, não causam espanto. Espantoso é o fato de isto ser um dado da realidade num país de mentalidade estatista que vê no Governo o grande agente provedor e que aceita a ideia do Estado como o principal agente do desenvolvimento social, político e econômico. Eis o nosso grande paradoxo que tento explicar no meu livro “Pare de Acreditar no Governo” (Editora Record): não confiamos nos políticos, mas amamos o Estado. Um dos elementos que explicam esse grau de desconfiança é o comportamento daqueles políticos que prometem e não cumprem, e dos que se envolvem em esquemas de corrupção que vêm a público. Um outro ingrediente importante e pouco falado, mas que potencializa aqueles resultados, é o baixo índice de confiança entre os brasileiros. Segundo o Índice de Confiança Social, apenas 57% dos entrevistados acreditam nas outras pessoas. Isso significa que quase a metade da sociedade não crê no outro – por outro lado, a taxa aumenta quando se trata de parente (86%), amigo (67%) e vizinho (59%). Esse grau de desconfiança injustificada em relação aos desconhecidos, que se tornou parte estrutural da vida em sociedade,

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cobra um alto preço social, político e econômico. Em seu excelente livro “A Sociedade da Confiança”, Alain Peyrefitte explica que “a mola do desenvolvimento reside na confiança depositada na iniciativa pessoal, na liberdade empreendedora e criativa – numa liberdade que conhece suas contrapartidas, seus deveres, seus limites, em suma, sua responsabilidade, ou seja, sua capacidade de responder por si mesma”. Se a maioria de nós não leva fé num desconhecido que jamais quebrou a nossa confiança, é compreensível que aqueles que a tenham violado, como os políticos e as instituições que representam, apareçam no topo do grau de desconfiança. Nesse caso, nossa desconfiança produz um resultado social maléfico: ver a política (elemento neutro) como algo essencialmente negativo que nos impele a desestimular as pessoas de bem que estão à nossa volta de entrar no sistema e, uma vez lá, de influenciá-lo positivamente. Ao deixarmos a política para os piores, as instituições serão o espelho de seus ocupantes – e serão usadas contra nós. O desafio que se apresenta é profundo porque não passa por simplesmente substituir quem está no poder. É preciso não apenas reconhecer o nosso drama que é viver numa sociedade em que a desconfiança é a regra com o objetivo de superá-lo, mas também, paralelamente, permitir que entrem na política formal pessoas dotadas das melhores virtudes e com boas ideias – e anular as portadoras de vicissitudes que usam o Estado contra a sociedade. S e não houver mudanç a cultural, a desconfiança continuará a ser um princípio dominante capaz de neutralizar o ethos de confiança e de inviabilizar a construção de um país desenvolvido, próspero e capaz de lidar com as grandes tragédias atuais, como a pobreza e a estatização da responsabilidade individual e pública.

Bruno Garschagen é autor do best-seller “Pare de Acreditar no Governo Por que os brasileiros não confiam nos políticos e amam o Estado” (Editora Record). Graduado em Direito, mestre em Ciência Política e Relações Internacionais pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa e Universidade de Oxford (visiting student), professor de Ciência Política, tradutor e podcaster

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Indicadores

ICEI CRESCE, MAS CONFIANÇA DO INDUSTRIAL CONTINUA BAIXA

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Índice de Confiança do Empresário Tabela 1 Índice de Confiança do Empresário Industrial Industrial (ICEI) do Espírito Santo, ICEI – Espírito Santo e Brasil pesquisa realizada pelo Sesi/Senai/ES, por meio de sua Gerência Executiva de Jun/15 Jul/15 Ago/15 Set/15 Out/15 Nov/15 Economia Criativa, e pelo Ideies (Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial Brasil 38,9 37,2 37,1 35,7 35,0 36,4 do Espírito Santo), sob a coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Espírito Santo 38,9 35,1 36,9 36,2 36,5 38,5 registrou acréscimo em novembro de 2015, Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI em relação ao mês anterior (+2,0 ponto), permanecendo contudo, bem abaixo da linha divisória de 50 pontos (38,5 pontos). O aumento foi impulsionado O ICEI da indústria brasileira avança tanto pelo indicador de condições atuais, como pelo indicador de após várias quedas. Em novembro de 2015, expectativas para os próximos seis meses. Na comparação de novembro em relação a outubro, o acréscimo foi de 1,4 de 2015 com novembro de 2014, quando estava em 47,3 pontos, o ponto, e o índice se situou em 36,4 pontos. ICEI recuou 8,8 pontos. Esse resultado confirma a falta de confiança

Índice de Confiança do Empresário Industrial - ICEI-ES (em pontos) 65 60 55 50 45 40 35 30

Gráfico 1

Média histórica - 54,4

38,5

fev/11

ago/11

fev/12

mai/12

fev/13

ago/13

fev/14

ago/14

Fonte e elaboração: Ideies/Sistema Findes/CNI A média histórica considera o período de fev/2010 a ago/2015

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nov/15

do empresário, apesar do crescimento no mês, sendo influenciado pelos dois itens que compõem o indicador, o de condições atuais e o de expectativas, já que ambos aumentaram. Frente a novembro de 2014 (44,8 pontos) o índice de confiança da indústria nacional caiu 8,4 pontos. O ICEI do Brasil é composto pelas informações de Condições Gerais da Economia Brasileira,Condições Gerais da Empresa,Expectativas da Economia Brasileira e Expectativas da Empresa. O ICEI do Espírito Santo inclui mais duas questões: Condições Gerais do Estado e Expectativas do Estado.

Percepção do Empresário Industrial - Condições Atuais O indicador de condições atuais, que é apurado com base na percepção dos industriais capixabas em relação à economia, ao Estado e à própria empresa, apresentou alta de 0,8 ponto em novembro de 2015 em comparação ao mês anterior, entretanto permaneceu na faixa inferior a 50 pontos (30,3 pontos). O aumento foi impulsionado por dois dos três itens que integram o indicador, condições da economia brasileira (+3,9 pontos) e condições do Estado (+1,9 ponto). Contrariamente, o indica-

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dor de condições da empresa obteve leve decréscimo (-0,1 ponto).Todos se mantiveram bem abaixo da linha divisória de 50 pontos: condições da economia (21,2 pontos), condições do Estado (25,4 pontos) e condições da empresa (33,8 pontos). Na comparação com os resultados de novembro de 2014, observou-se significativo declínio no indicador de condições atuais (-9,8 pontos) e em todos os itens que o compõem.

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A terceira alta registrada pela indústria brasileira em 2015 no indicador de condições atuais foi de 2,1 pontos em novembro de 2015, em relação ao mês anterior. O crescimento do indicador, que ficou em 28,6 pontos, foi influenciado pelos dois itens que o integram: “condições da economia brasileira” (+3,0 pontos) e “condições da empresa” (+1,7 ponto), porém ambos se mantiveram na faixa inferior a 50 pontos. No confronto do resultado de novembro de 2015 com novembro de 2014, notou-se significativa redução no indicador de condições atuais (-9,2 pontos), bem como nos dois itens que o formam.

Tabela 2

Indicador de Condições Atuais ESPÍRITO SANTO

BRASIL

Nov/14

Out/15

Nov/15

Nov/14

Out/15

Nov/15

40,1

29,5

30,3

37,8

26,5

28,6

Economia brasileira

31,1

17,3

21,2

29,8

17,3

20,3

Estado

34,0

23,5

25,4

-

-

-

Empresa

43,4

33,9

33,8

42,0

31,3

33,0

CONDIÇÕES ATUAIS ¹ Com relação a:

1 - Em comparação com os últimos seis meses Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI

Percepção do Empresário Industrial: expectativas para os próximos seis meses Na pesquisa de novembro de 2015 o Tabela 3 Indicador de Expectativas para os próximos seis meses empresário industrial capixaba demonstra otimismo, pois o indicador de expectativas BRASIL ESPÍRITO SANTO em relação aos próximos seis meses avançou 2,5 pontos frente ao mês anterior, porém Nov/14 Out/15 Nov/15 Nov/14 Out/15 Nov/15 ainda se mantém abaixo da linha divisória de 50 pontos (42,5 pontos). O crescimento EXPECTATIVAS ² 50,7 40,0 42,5 48,2 39,3 40,4 da expectativa foi influenciado por todos os Com relação a: indicadores que a compõem, expectativas com relação à economia brasileira (+2,3 Economia brasileira 40,6 28,3 30,6 39,2 29,2 31,2 pontos), com relação ao Estado (+2,3 pontos) Estado 45,3 33,0 35,3 e com relação à empresa (+3,0 pontos). Empresa 54,1 44,6 47,6 52,6 44,5 45,2 Entretanto, todos os indicadores continuam posicionados abaixo da linha divisória de 50 2 - Para os próximos seis meses pontos: expectativa da economia brasileira Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI com 30,6 pontos, do Estado com 35,3 pontos e da empresa com 47,6 pontos. Frente a novembro de 2014 expectativas: “com relação à economia brasileira” (+2,0 verificou-se acréscimo de 10,0 pontos, impulsionado por todos os itens pontos) e “com relação à empresa” (+0,7 ponto), ainda formadores desse indicador. assim permanecem ambos posicionados abaixo da linha O indicador de expectativas da indústria nacional também aumentou divisória de 50 pontos.Na comparação de novembro de em novembro de 2015, em relação ao mês anterior (+1,1 ponto), 2015 com novembro de 2014 observou-se expressiva contudo se situou na faixa inferior a 50 pontos (40,4 pontos). Esse redução no indicador de expectativa (-7,8 pontos), resultado foi impactado pelos dois itens que compõem o indicador de por influência dos dois itens que o integram.

Notas - Em janeiro de 2012, as empresas da amostra foram reclassificadas segundo a CNAE 2.0, os portes de empresa foram redefinidos de acordo com a metodologia do EuroStat (mais informações www.cni.org.br/), e a série histórica do ES foi recalculada retroativamente a fevereiro de 2010. - O ICEI varia no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam empresários confiantes. - A pesquisa, cuja amostra é selecionada pela Confederação Nacional da Indústria – CNI, contou nesse mês com a participação de 101 empresas capixabas (25 pequenas, 51 médias e 25 de grande porte). Dessas, 23 empresas pertencem à indústria da construção.

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Fatos em fotos Líderes são homenageados no Encontro da Indústria O Sistema Findes, por meio do Centro da Indústria do Espírito Santo (Cindes), condecorou em outubro cinco lideranças, donos de grandes trajetórias profissionais. Realizado no dia 15, no Cerimonial Le Buffet, em Vitória, o Encontro da Indústria entregou medalhas do Mérito Industrial, Empreendedor e Sindical àqueles que se destacaram por serviços prestados aos seus respectivos setores e à economia de forma geral. O evento marcou ainda o aniversário de 46 anos do Cindes, entidade criada para debater temas relevantes aos industriais. Representantes de entidades sindicais da indústria e autoridades participaram da noite de homenagens. 1 – Agraciado com a Medalha do Mérito Industrial do Espírito Santo, o proprietário da LP Ferramentas, Carlos Alberto Prest, posa entre o presidente da Findes, Marcos Guerra, e o vice-governador do Estado, César Colnago 2 – A vice-presidente do Sindibores, Valkinéria Cristina Meirelles Bussular, e o vice-presidente do Sindipães, Paulo Alfonso Menegueli, receberam as medalhas de Mérito Sindical da Findes das mãos do presidente da entidade, Marcos Guerra, e do diretor para Assuntos do Cindes, Aristóteles Passos Costa Neto 3 – O vice-presidente da Findes Leonardo Souza Rogério de Castro e o presidente do Sindimassas e proprietário da Pães Lekker, Levi Tesch, ganharam as medalhas de Mérito Empreendedor da Indústria 4 – O diretor para Assuntos do Sesi-ES, José Carlos Bergamin; o casal Ricardo Barbosa e Gizele Maffioletti; e o presidente do Sistema Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri 5 – O presidente do Sinvesco, Fábio Zanetti; o vice-presidente da Findes Gibson Barcelos Reggiani; o presidente do Sindicalçados, Altamir Alves Martins; o diretor da Findes, Ocimar Sfalsin; e o assessor-executivo da Presidência da entidade, Luiz Oliveira 6 – A secretária de Estado da Fazenda, Ana Paula Vescovi, ao lado do esposo, Ricardo V. Vescovi 7 – O diretor-presidente e o vice-diretor de Desenvolvimento Econômico da CDV, André Gomyde e Fabrício Tosta, ao lado do diretor de Relações Internacionais do Grupo Águia Branca, Luiz Wagner Chieppe 8 – O diretor-superintendente do Sebrae-ES, José Eugênio Vieira, e o presidente da Câmara Setorial da Indústria Moveleira, Luiz Rigoni

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Anuário IEL 200 Maiores Empresas 2015 é lançado em Vitória A 19ª edição do Anuário IEL 200 Maiores Empresas no Espírito Santo foi lançada no dia 29 de outubro, no Itamaraty Hall, em Vitória. Além das esperadas listas das 200 mais representativas empresas no Estado pela receita operacional bruta e das maiores por setor, a publicação apresentou matérias sobre o desempenho dos segmentos produtivos locais mais importantes, artigos de especialistas de diversas áreas e um caderno elaborado pela equipe do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies). O lançamento foi prestigiado por autoridades, empresários, gestores e colaboradores do Sistema Findes. 1 – O presidente do Sinduscon-ES, Aristoteles Passos Costa Neto; o diretor comercial da Kurumá, Cláudio Kroeff; e o superintendente do IEL-ES, Fábio Dias, posam com o Anuário 2 – O presidente da Lorenge, José Elcio Lorezon; o industrial Lucas Izoton Vieira; o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea), Helder Carnielli; e o presidente da Belafix, Vivaldo Lorenzon 3 – Os presidentes da Veneza, José Carnieli; do Sindirochas, Tales Machado; e do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado do Espírito Santo (Sindirepa), Wilmar Barros Barbosa 4 – Também prestigiaram o evento o presidente do Conselho Temático de Assuntos Legislativos (Coal), Paulo Afonso Meneguelli; o 2º vice-presidente do Sindirepa, Arildo Zaneti; e o 3º vice-presidente do sindicato, Eduardo Dalla Mura do Carmo 5 – A diretoria da Associação Evangélica Beneficente Espírito-Santense (Aebes): o presidente, Sebastião Vicente de Oliveira; a superintendente, Sirlene Mota de Carvalho; e o diretor de Relações Institucionais, Ricardo Ewaldi 6 – O diretor geral da TV Capixaba, Carlos Canelas Magalhães; o presidente da Maely Mídia Exterior, Maely Coelho; o diretor comercial, Marcelo Marins, e o vice-presidente da Medsênior, Maely Filho 7 –O governador do Estado, Paulo Hartung, discursou para o público 8 – O presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, falou sobre os desafios e das conquistas da indústria

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Caso de Sucesso Nesta Edição

João Batista Duque Empreendedor comanda desde 2001 a LukPlast, empresa que é referência em reciclagem e processamento de produtos plásticos

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e dono de uma pequena farmácia a proprietário de uma indústria de plásticos que se tornou referência de qualidade e responsabilidade social no Espírito Santo, a trajetória empreendedora de João Batista Duque pode figurar entre as boas histórias empresariais que o Estado tem para contar. O sonho de Duque sempre foi ter seu próprio negócio, e o primeiro passo foi uma farmácia, na qual atuou por 20 anos. Muito observador, ele constatou que havia uma oportunidade na escassez de recipientes para exames e resolveu investir em um novo negócio, em Vila Velha. “Notei que havia uma carência muito grande de potes para exames laboratoriais. Comprei uma máquina e criei uma empresa, em sociedade com uma rede de farmácias”. Mas o empresário queria ser o único dono de seu negócio e logo deu um novo passo: “Decidi deixar os recipientes para a farmácia e me concentrar em sacos e bobinas. Nascia assim a LukPlast”, conta. Hoje com 14 anos de estrada, a LukPlast Indústria e Comércio é especializada na reciclagem e processamento de produtos plásticos. Seu principal produto é o saco plástico em polietileno (PE), virgem ou recuperado, preto, transparente ou pigmentado, para confecção de mudas em geral. Há ainda produção de bobinas plásticas e sacos para lixo, entulho, carvão, areia e uso em geral. Liderada pelo empreendedor, a companhia passou a atender de pequenos produtores a grandes varejistas. Além

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de João, trabalham lá a sua esposa, Maria Helena Ferreira Duque, no setor financeiro; e o seu filho Leonardo Duque, como gerente. “Nossa maior conquista foi a construção de uma sede própria, em um terreno de 7.500 m² e de 1.500 m² de área construída. Temos 35 funcionários diretos, divididos em quatro setores: seleção de plástico, fabricação de grãos reciclados, fabricação de bobinas e por último, o setor de corte de sacolas”, explica João. Ele ressalta a importância da utilização de tecnologias limpas na LukPlast, que permitem o aproveitamento total dos efluentes industriais gerados durante o processamento do plástico. “Contamos, inclusive, com uma estação de tratamento de efluentes (ETE), com a qual conseguimos tratar e reutilizar 100% da água necessária para a reciclagem do plástico. A responsabilidade socioambiental é uma marca do negócio. A Lukplast tem a preocupação de desenvolver a região no seu entorno, e por isso mais de 85% da mão de obra residem próximo à fábrica. Temos equipes especializadas para atuar na área de eficiência energética e prevenção de acidentes de trabalho”, falou. Duque atribui o destaque da LukPlast no segmento de reciclagem aos valores que a norteiam. “Trabalhamos os conceitos de honestidade, qualidade, transparência, organização, satisfação e seriedade. Tendo esses valores como bússola, crescemos, aumentamos as vendas e adquirimos capacidade para investir em maquinário e veículos. Creio que estamos no caminho certo”, finalizou.

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Artigo

Luz e sombra Q

uando a Unesco, na 68ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em dezembro de 2013, proclamou 2015 como “O Ano Internacional da Luz”, jamais imaginaria que a “metáfora da iluminação” seria muito mais forte que a lembrança da ação real dos avanços permitidos pelas tecnologias baseadas na luz. Em especial, na lâmpada elétrica incandescente. Verdade seja dita, os ganhos civilizatórios que se diversificaram com a invenção de Thomas Edison são inegáveis. Mas, em 2015, a palavra luz parece ter seu significado mais ligado à “revelação” do que à “utilidade pública” do substantivo concreto que representa. No ano das fraudes descobertas, parece não haver mesmo espaço para sombras. No Brasil, o que começou no cenário político acabou arrastando para sob os holofotes verdades privadas bastante inconvenientes, com um alto potencial de inspirar a Unesco a guardar o título para o próximo ano. Porém, nosso país não foi o único a escorregar. Haja vista a onda de notícias que inundou o jornalismo internacional envolvendo corrupção até em entidade esportiva, além de outros segmentos. Naturalmente, nem a esfera petroquímica nem o setor de obras ou de esportes nem a área de serviços, tecnologia e tampouco o segmento automotivo, apanhado recentemente pela luz da ética, são compostos em 100% de seu corpo funcional por pessoas cuja atitude fira o compliance por descumprimento de normas e políticas internas.Triste ver o que poucos podem causar a tantos, afetados pela generalização comum em tempo de crise. Isso pode incluir a desvalorização até mesmo de toda uma nação. E esta corre risco de ver seus ativos serem comprados a preço de banana por oportunistas mercadológicos de plantão, a despeito da seriedade que pode estar predominando em um território, geográfico ou social, comprometido com os ideais da ética e da moral em sua maioria. O que se ressalta aqui é o estrago que se pode ter em termos de imagem, reputação, lucratividade ou mesmo valor de mercado pela indisciplina de poucos, ou até mesmo, de uma

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única pessoa. E também por falta de direção política adequada. Daí a importância que a alta administração vem dando nas corporações à criação de uma cultura de integridade. E, nesse quesito, não há meio-termo: por menor e mais capilar que seja uma atitude indevida, independente do nível da instituição onde ela ocorra, o dano pode ser substancial. Por isso, a importância de se considerar o compliance nas empresas como foco e prioridade. Qualquer governança, em cujo ventre repousa o desejo de reputação e perenidade dos negócios, deve atentar à necessidade visceral de se manter o corpo funcional da estrutura devidamente consciente e, sobretudo, treinado a esse respeito. Do contrário, o sonho da sustentabilidade poderá escoar pelo ralo mais improvável das gestões, em um tempo que lembra-nos todos os dias da importância da legalidade, da transparência, da moralidade e da ética em todos os seus aspectos. Se a perspectiva de algum gestor ainda considerar o foco na integridade como modismo, excesso de zelo ou um engessamento processual, substitua-o imediatamente! Neste poderá residir a vulnerabilidade de um arranjo político externo que estampará a instituição no próximo noticiário policial; no acordo indevido que desenhará um rasgo na imagem; no prejuízo de um recall face a uma fraude evitável ou qualquer pequeno descuido que levará a organização a sentir os efeitos incineradores de algo que tem tudo para ser apenas positivo e inspirador: a luz! Uma alternativa eficaz seria retirar das estruturas aqueles que consideram o compliance um obstáculo, valorizando-se as lideranças que souberem trafegar em um tempo onde o conforto das gestões deve ser pautado pela luz da integridade. E isso não acontece em um passe de mágica. Ou seja, há um esforço a ser dispendido para que se blindem as organizações contra fraudes e congêneres. Ou deixar-se sucumbir ao inferno institucional e pessoal das sombras, já que, até nas organizações, tudo é uma questão de escolha e consequência. Claro, e de oportunidades e riscos!

Sidemberg Rodrigues é Presidente do Comitê de Imagem e Comunicação do Instituto Aço Brasil-IABr. Mestre em Sociologia pela PUC/SP – MBA em Gestão pela FGV/RJ. Professor do MBA de Desenvolvimento Sustentável da FUCAPE Business School. Gerente Geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais da ArcelorMittal Brasil.

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