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A CONTRIBUIÇÃO DO CONHECIMENTO GEOGRÁFICO NOS PROJETOS DESENVOLVIDOS PELA ESCOLA ALCIMAR NUNES LEITÃO, DO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO (AC), PARA ABORDAR A TEMÁTICA AMBIENTAL NO TERCEIRO E QUARTO CICLOS.
Michele Marazzi de Oliveira Coelho marazzi@ig.com.br Universidade Federal do Acre Bolsista do Grupo PET Geografia- UFAC Lucilene Ferreira de Almeida lual_geo@hotmail.com Universidade Federal do Acre Professora do curso de Geografia e Colaboradora do PET. INTRODUÇÃO: O presente trabalho tem com objetivo identificar como a temática ambiental é trabalhada no universo escolar, já que tornou-se uma constante, enfocar as questões ambientais. Assim, o interesse é visualizar como a escola contribui para conscientizar seus alunos, a partir, sobretudo, do conhecimento geográfico. Cabe mencionar que por mais que esta temática seja de interesse de todas as disciplinas, o enfoque é compreender a contribuição geográfica para a Educação Ambiental nas escolas. Para buscar respostas a este questionamento, a pesquisa que encontra-se em fase inicial, ampara-se na Lei de Política Nacional de Educação Ambiental, bem como nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia. Este trabalho realiza-se na Escola Alcimar Nunes Leitão, no município de Rio Branco, AC. Nesta perspectiva utilizam-se também o Referencial Curricular da Secretaria de Estado de Educação, como também a cartilha desenvolvida por esta para o trabalho em Educação Ambiental nas Escolas. Esta pesquisa é uma das atividades do PET-Geografia (Programa de Ensino Tutorial) que será realizado durante dois anos consecutivos 2010/ 2011. Neste aspecto, o artigo retrata a etapa inicial, ou seja, o levantamento teórico para os questionamentos feitos e as visitas a campo para compreender como a escola estudada aborda o assunto, ressaltando que essas visitas iniciais tiveram como objetivo compreender a ligação dos professores de
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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2 Geografia aos projetos e como a escola os desenvolvem. Para a realização do artigo teve-se como procedimentos metodológicos: levantamento bibliográfico referente às literaturas que retratam as propostas para o trabalho da Educação Ambiental nas escolas e sobre os conhecimentos geográficos concernentes as perspectivas daquela; leituras e fichamentos das obras selecionadas; entrevistas realizadas na Escola Alcimar Nunes Leitão, neste primeiro momento com as coordenadoras pedagógicas e com os professores de Geografia; observações preliminares do desenvolvimento dos projetos e/ou programas na escola estudada e colóquios com a professora-orientadora.
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL CONTEMPORÂNEAS
NO
CENTRO
DAS
DISCUSSÕES
Atualmente os impactos ambientais têm sido tema presente quando se trata do futuro de nossa sociedade, já que o homem desde o princípio de sua história necessita dos recursos naturais para sobreviver. A degradação do meio ambiente desencadeou em várias propostas para utilizá-lo de maneira mais consciente, incentivando a população reaver hábitos costumeiros. Tais medidas são resultantes de anos de utilização irracional da natureza pela sociedade, principalmente a capitalista que, ao longo de sua produção preocupava-se com os lucros e não com as consequências. Os agraves com o meio natural como mencionado, acelerou com o modo de produção capitalista, que utilizando-se de produções em larga escala,
fontes não-renováveis e apoiando-se em
transformaram seriamente as condições naturais. Essas
circunstâncias foram possíveis a partir do momento que o homem se distancia da natureza. A partir, sobretudo, da concepção mecanicista obtida pela física newtoniana e, através do método de Descartes, sua dessacralização foi o ponto-chave para transformar de vez a natureza em um mero recurso, fatores cruciais para o progresso desse modo de produção, como também para intensificar a separação entre homem e meio. A natureza deixou de ser a ‘a mãe nutriente’ e dadivosa de outros tempos, passou a ser uma máquina que se opera e se manipula, desde que se conheçam as regras de seu funcionamento, isto é, o método de Descartes e as equações da física newtoniana. (CARVALHO, 2003, p.49).
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3 A separação ocasionada pela visão cartesiana foi início de um processo de acumulação e desenvolvimento baseado na destruição natural, que só fez acelerar com a modernização das técnicas. As intencionalidades capitalistas com o intuito de aumentar suas produções ocasionaram na ampliação de técnicas que possibilitaram intervir cada vez mais sobre o meio natural, distanciando da relação homem-meio. Santos (2008) esclarece que as motivações para o emprego dos sistemas técnicos atingiram tal ponto de tornarem estranhos à lógica do local inserido. Essas medidas artificializaram e tecnificaram cada vez mais a natureza, principalmente no período técnico-científico-informacional, transformando as configurações espaciais. Após séculos de uso desmedido dos recursos naturais, bem como intervindo em seu sistema natural, a resposta ao uso irracional recai na própria sociedade, já que homem-meio são pertencentes do mesmo espaço - o espaço geográfico e, conforme Santos (2008), este é um híbrido, o que o torna incompreensível entendê-lo em sua dinâmica, dissociando natureza e sociedade. Deste modo, as respostas ambientais que começaram a influenciar na qualidade de vida da população fizeram eclodir movimentos sociais e ecológicos pelos anos de 1970/80, que culminariam nas propostas sobre Educação Ambiental. As movimentações a cerca dos questionamentos ambientais levaram à realização, em 1972, da Primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente Humano, organizada pelo ONU em Estocolmo, Suécia. O principal objetivo deste encontro foi discutir sobre a poluição ocasionada, sobretudo pelas indústrias como também as questões sociais referentes “as guerras e os massacres ocorridos em Burundi, Ruanda, Afeganistão [...]” (REIGOTA, 2009, p. 24). O legado deixado por esta Conferência foi a proposta de educar os cidadãos, visando sua conscientização para as questões ambientais. Reigota (2009), afirma que o início da visão sobre Educação Ambiental surgiu deste encontro. Após cinco anos, em 1977 foi realizado o primeiro Congresso Intergovernamental sobre Educação Ambiental organizada pela UNESCO, em Tbilissi, na Geórgia. No Brasil vinte anos depois da Conferência em Estocolmo, foi realizada no Rio de Janeiro a II Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e desenvolvimento, mais conhecida como Rio-92. Deste encontro saíram às propostas para a Agenda 21, no qual cada país definiria seus objetivos para trabalhar a temática. Esses movimentos são alguns dos vários realizados com o intuito de discutir sobre a
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4 Educação Ambiental, visando criar mecanismos para “recuperar” os danos ocasionados ao longo dos tempos pela lógica capitalista de uso impensado. No Brasil, a discussão a cerca da Educação Ambiental ganha amplitude com a criação em 1999 da Lei nº 9.795/99 que estabelece para os estados e municípios a Política Nacional de Educação Ambiental, cuja posposta visa inserir a Educação Ambiental em todas as esferas institucionais conforme Art. I: Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999)
Para fazer valer a prática da Educação Ambiental para todos, no Art. III é apresentado em seus incisos, locais no qual esta prática deve estar presente: I- ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente; VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, identificação e a solução de problemas ambientais. (BRASIL, 1999).
Entre os ambientes apresentados, será destacada as instituições de ensino, visto que além de enfatizar o ensino de Educação Ambiental em todos os seus níveis, também enfoca a presença da mesma em seus programas educativos. A partir desta compreensão, será articulada esta idéia as propostas apresentadas pela Geografia, já que o objetivo é discutir
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5 como os conhecimentos geográficos, aliados a Educação Ambiental, são capazes de auxiliar no desenvolvimento de projetos educacionais.
A GEOGRAFIA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: PROPOSTAS EDUCACIONAIS A Educação Ambiental (EA) no universo escolar brasileiro pode ser remetida a criação da Agenda 21, documento resultante da RIO-92, visto que esta estabelecia a introdução da temática em caráter formal ou informal nas escolas. Tem-se referência também a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), ressaltando principalmente, da área de Geografia em 1998, durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso, haja vista que foram instituídos objetivos a serem atingidos ao longo do terceiro e quarto ciclos. Dentre as propostas para as questões ambientais, destaca a concepção que o estudo de geografia possibilita aos alunos compreenderem-se como integrante das relações da sociedade com a natureza, ou seja, ensinando-os como seres ativos no meio ambiente, dotados de possibilidades de transformarem o meio em que vivem. Assim, dentre as propostas para a Geografia traçada no PCN, destaca-se para elucidar a temática ambiental: o ensinamento para os discentes que, tanto a natureza quanto a sociedade possuem leis próprias e que para viver “harmoniosamente” é necessário respeitar seus limites. A Contribuição do PCN para a temática ambiental não se delimita nas propostas da Geografia, mas também em seus temas transversais que, uma vez associados a esta ciência apresentam assuntos que contemplam a discussão referente à Educação Ambiental, ou seja, temáticas que poderiam ser desenvolvidas em propostas educacionais pelas escolas. Por mais que a temática se enquadre na área geográfica como conteúdos específicos, cabe salientar a necessidade do trabalho coletivo de diversas disciplinas para o seu trabalho: A educação ambiental, como perspectiva educativa, pode estar presente em todas as disciplinas quando analisa temas que permitam enfocar as relações entre a humanidade e o meio natural e as relações sociais, sem deixar de lado suas especificidades. Neste sentido, verifica-se que anteriormente a Política Nacional de Educação Ambiental instituída em 1999, as escolas já apresentavam subsídios para abordar a referida temática em seus projetos educacionais. Contudo, como é a partir desta política, que torna-se obrigatório a EA no universo escolar, a pesquisa, para seu desenvolvimento utilizá-la-á como referencial. (REIGOTA, 2009, p. 45).
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Como mencionado, as propostas elencadas pelo PCN de Geografia, aproximam-se das defendidas pela EA, no entanto, estas são reafirmadas no plano local com o Referencial Curricular de Geografia do ano de 2001, desenvolvido pela Secretaria de Educação do Estado do Acre. Correlacionando a proposta de trabalho local tem-se a preocupação em desenvolver a conscientização ambiental nos alunos sobre as transformações, sobretudo, no espaço acreano referente às mudanças ocasionadas pelas inovações tecnológicas. E este é possível a partir dos objetivos apresentados para o trabalho da quinta à oitava série (atual sexto ao nono ano), entre as propostas destaca-se a que apresenta maior representatividade, principalmente, no discurso político acreano sobre a sustentabilidade, assim ao final da sexta série (sétimo ano), o aluno deve “reconhecer a importância da adoção de atitudes responsáveis com o meio em que vivem para a permanência da vida com qualidade– sustentabilidade.” (ACRE, 2004 , p. 29). Além das propostas apresentadas pelo PCN e do Referencial Curricular para abordar a temática ambiental nas escolas, a Secretaria de Educação do Estado do Acre desenvolveu uma cartilha sobre Educação Ambiental na Escola, no ano de 2007, visando aprofundar a temática no universo escolar. A proposta da Cartilha é reafirmar a necessidade de discutir nas escolas questões correlacionadas a Educação Ambiental: A educação ambiental assume papel relevante na difusão dos novos conhecimentos, mas, especialmente na construção de valores e atitudes quanto ao respeito ao meio ambiente, a utilização sustentável dos recursos naturais e possibilitando a aquisição de uma nova consciência sobre as relações do ser humano com o seu meio ambiente [...] [inserindo] os alunos como sujeitos nas relações sócio-ambientais. (ACRE, 2007, p. 8)
Nesta perspectiva, observam-se como as questões ambientais vêm ganhando espaço nas discussões, haja vista as problemáticas ocasionadas por anos de uso irracional sobre o meio. Para tanto, objetiva-se verificar como as escolas abordam tal temática, já que são elas responsáveis em parte, pela formação de um cidadão consciente e atuante. Deste modo, realizar esta pesquisa na escola é de grande importância para a temática, sobretudo no Estado do Acre, especificamente no município de Rio Branco, visto que as políticas governamentais do Estado e Município são baseadas na concepção de florestania e sustentabilidade, cabe identificar se refletem estas perspectivas nas práticas de ensino.
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7 A partir do exposto, será verificado o desenvolvimento, seja em caráter formal ou informal como prevê a Lei, como também a possibilidade do trabalho interdisciplinar na temática. Considerando, sobretudo a ciência geográfica, já que esta se aproxima das propostas da EA. Além disso, ressalta-se que com a cartilha, a escola possui mais um instrumento para inserir tal temática na escola e por mais que esta não tenha um caráter prioritariamente geográfico, suas propostas são possíveis de serem discutidas a partir deste conhecimento, uma vez que apresentam temas como: a intervenção humana no processo de transformação da natureza, a construção da estrada transoceânica, para demonstrar de que forma tais desenvolvimentos podem influenciar não apenas no natural, mas também na vida social.
Competindo a Geografia as explicações sobre as transformações impressas no
espaço. Assim, cabe compreender in loco como os projetos são elaborados para abordar a temática ambiental, visto que foram elencados pontos que corroboram a aproximação da Geografia à Educação Ambiental, bem como a cartilha que reafirma a necessidade em desenvolver projetos e até mesmo programas na respectiva temática escolar. A ANÁLISE DOS PROJETOS DESENVOLVIDOS NA ESCOLA ALCIMAR NUNES LEITÃO A Escola Alcimar Nunes Leitão está localizada no Conjunto Universitário II, no Bairro Distrito Industrial de Rio Branco, AC. Situada na área periférica da cidade, recebe alunos da IV regional de Rio Branco, totalizando 520 alunos nos terceiro e quarto ciclos, entre os turnos matutino e vespertino. Após os levantamentos e os estudos bibliográficos basilares para o início da pesquisa, passa-se para a análise em campo, ou seja, inicia-se a pesquisa na escola para confrontar em prática o estudado em teoria, ressaltando que os dados obtidos são preliminares, visto a fase inicial na qual a mesma se encontra. Para tanto, parte-se para compreender in loco como a Escola Alcimar Nunes Leitão realiza seus projetos voltados para a temática ambiental. Para obtenção dessas informações foi realizada uma entrevista com a coordenadora pedagógica e também com os três professores de Geografia, dos turnos da manhã e da tarde, já que o objeto central é compreender como a ciência geográfica contribui para a execução dos projetos na área
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8 ambiental. Na análise da entrevista observou-se que a escola desenvolve anualmente os projetos em conjunto com os professores e coordenadores, pois a coordenadora pedagógica informou a importância dos professores na elaboração, focalizando a interdisciplinaridade. Ressaltou ainda que existem projetos que são realizados constantemente e que os programas são os mais desenvolvidos pela escola, haja vista o baixo investimento para sua realização. Perguntado a respeito do projeto sobre EA, uma vez que a Lei exige que esta faça presente no universo escolar, como também a partir dos documentos supracitados apresentam possibilidades para o desenvolvimento, foi informado pela coordenadora que a EA está presente em todos os projetos da escola e não necessariamente desenvolvem um projeto específico. Como os professores são responsáveis por nortear o desenvolvimento dos projetos com seus alunos, ficam responsáveis pelos enfoques sobre a temática ambiental conforme sua área de atuação. Para a análise da pesquisa será enfocado apenas as contribuições geográficas. Esta perspectiva de trabalho vai de acordo com as propostas de Reigota (2009), já que para ele, EA não deve ser uma matéria exclusiva. Todavia dentre os projetos, pôde-se destacar um específico para o trabalho em Educação Ambiental, o projeto o “Meio Ambiente Agradece!”, que é realizado em conjunto com professores, alunos, diretores, auxiliares, enfim, a comunidade escolar juntamente com a comunidade local. Esse projeto está em desenvolvimento na escola pelo terceiro ano consecutivo e consiste na conscientização dos alunos e principalmente da comunidade para não descartar o óleo de cozinha na pia, ou no lixo, mas reutilizá-lo, visto os danos ao meio ambiente ocasionado pelo descarte erradamente. A escola prepara os alunos para que estes forneçam informações para a comunidade circundante, conscientizando os moradores a armazenarem o óleo utilizado em garrafas pets e entregando na escola, onde possui um ponto de coleta, ou entregá-los aos alunos, quando estes recolherem, os mesmos passam duas vezes ao ano nas residências do bairro. Após a coleta, o óleo é encaminhado para a escola, na qual é desenvolvido um programa com a comunidade, ensinando os moradores a transformar esse óleo em sabão. Grande parte deste é utilizado pela própria escola. Como o objetivo é compreender como o conhecimento geográfico auxilia nos projetos sobre a temática ambiental, foram entrevistados os três professores de Geografia para saber como auxiliam no desenvolvimento dos projetos, principalmente, no projeto o
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9 “Meio Ambiente Agradece!”. Cabe frisar que este não foi elaborado na escola, isto é, foi recebido como parceria e a mesma passou a executar, nessa perspectiva, a contribuição dos professores da área é conscientizar os alunos. Na entrevista os professores relataram que auxiliam os discentes das seguintes formas: um professor esclareceu que auxilia conscientizando-os em aula sobre os danos ocasionados ao meio ambiente com o descarte do óleo em lugares inapropriados e informou também que realiza o trabalho de conscientização junto com os mesmos pela comunidade. Destacou ainda que utiliza-se do projeto para ensinar os problemas urbanos da cidade. O segundo professor informou que fornece uma compreensão a respeito dos danos ocasionados tanto para a natureza, quanto para o homem ao descartar inadequadamente o óleo, ensinando aos seus alunos que o descarte na pia da cozinha vai para os rios, poluindo-os. O mesmo professor fez referência que desta situação amplia a explicação para chamar a atenção para as condições do Rio Acre, como do Igarapé Dias Martins localizado no Conjunto onde a escola funciona, explicando a poluição ocasionada pelos produtos industrializados, esgoto nos rios, o lixo, em suma, como a sociedade degrada este meio. Já o terceiro professor informou que contribui com a geografia na perspectiva cartográfica, ou seja, realiza com os alunos um mapa dos locais que devem ser coletados, já que é um projeto que está em vigor há três anos, assim a cada ano vão trabalhando um novo local do bairro, ampliando a abrangência do projeto. O professor ressaltou a possibilidade do trabalho para ampliar a compreensão espacial do bairro pelos discentes. Ambos informaram que os conhecimentos de aula são utilizados para o projeto, como também utilizam a elaboração do mesmo ou do programa para trabalhar determinados conteúdos. Os professores foram unânimes em dizer que a falta de um projeto mais amplo que envolva a Geografia e a EA na escola, deve-se à falta de recursos, como também o pouco incentivo da Secretaria de Educação do Estado, já que não disponibiliza meio de transporte para levar os alunos a conhecerem na prática os problemas apresentados. Esse questionamento contradiz a proposta da SEE (Secretaria do Estado da Educação), já que a mesma desenvolveu uma cartilha para o trabalho nas escolas sobre a temática ambiental, no entanto não fornece condições para pô-las em prática. Observou-se também que essa mesma cartilha não havia chegado à escola estudada. A coordenadora não tinha ciência deste material, levantando o questionamento sobre o que foi feito deste recurso
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10 didático. Observa-se que a EA faz-se presente na escola, a partir da perspectiva interdisciplinar, mas que nem por isso deixa de ser verificada a contribuição geográfica nos projetos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Como exposto, as questões ambientais tornaram centro das discussões, sobretudo com as transformações ocasionadas ao meio ambiente, neste aspecto buscou-se verificar como as escolas abordam tal assunto, tendo como objeto de estudo a Escola Alcimar Nunes Leitão. A partir da pesquisa foi possível constatar a existência dos projetos sobre Educação Ambiental e, principalmente, a contribuição geográfica no mesmo, contudo verifica-se a presença de maneira superficial, já que poderiam ocorrer enfoques mais abrangentes para a temática, haja vista que a Geografia apresenta subsídio para isso, no entanto, há de considerar as colocações feitas pelos professores: a falta de incentivo impede-os de realizar um trabalho mais amplo, esse questionamento contrapõe as propostas governamentais, já que em seu discurso, a política de sustentabilidade, florestania e meio ambiente estão presentes, no entanto, no universo escolar apresentam-se de forma tímida. Estes resultados relatados ao longo do texto são preliminares, devido o estágio inicial, na qual a pesquisa se encontra. Compete agora averiguar como os alunos absorvem este aprendizado, os resultados deste projeto e, sobretudo as novas propostas da temática para a escola, caracterizando a segunda etapa da pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACRE. Secretaria de Estado de Educação. Gerência Pedagógica de Ensino Fundamental. Educação ambiental na escola. Rio Branco, Ac: SEE/ACRE, 2007. ACRE. Secretaria de Estado de Educação. Gerência Pedagógica de Ensino Fundamental. Referencial curricular de geografia. Rio Branco, Ac: SEE/ACRE, 2004. BRASIL. Congresso. Senado. Lei nº 9795 de 27 de abril de 1999. POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, Brasília, DF. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: geografia / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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CARVALHO, Marcos. O que é natureza. 2 ed. 2 reimpr. São Paulo: Brasiliense, 2003. REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. 2 ed. rev. Ampl. São Paulo: Brasiliense, 2009. SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e tempo, razão e emoção. 4 ed. 4 reimpr. São Paulo: USP, 2008.
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