

Módulo 6: Paternidades diversas e igualdade de gênero
Como tentamos deixar demarcado desde o início do curso, ao abordar a temática da paternidade nos referimos não apenas aos modelos tradicionais de pais (e de família), mas a todas as pessoas que se identificam como homens e que exercem a função de cuidadores de crianças. Ou seja, falamos de pais bi ológicos, padrastos, pais divorciados ou separados, pais em relacionamentos do mesmo sexo, pais transgêneros, homens ativamente cuidando de crianças através de cuidados de acolhimento ou parentesco, e todos os outros arranjos de cuidados.
Ser pai não significa a mesmo coisa para todos os homens e a experiência da paternidade traz com ela obstáculos que são muito diversos de homens para homens. Essa pluralidade de formas de ser homem, de vivenciar a masculinidade e de exercer a função paterna precisa ser visibilizada. Ou seja, se levamos a sério o tema das paternidades, precisamos conversar sobre essas questões e acolher todos os pais. Existe uma ampla gama dentro desse espectro de “homens que cuidam”, todas merecedoras de atenção, dentre elas, podemos destacar: pais que são pessoas com deficiência (PcD); pais moradores de rua; pais privados de liberdade; pais indígenas; pais adolescentes; avôs que exercem a função paterna; pais adotivos, etc.

Poderíamos dedicar um curso inteiro só para tratar cada um desses assuntos, por sua importância e necessidade de aprofundamento. Acreditamos que cada recorte de paternidade descrita acima necessita de atenção e ser visibilizada.
Porém não sendo possível abordar todas essas situações, optamos aqui por destacar quatro (4): a questão da orientação sexual e identidade de gênero; o tema da paternidade negra e os desafios enfrenta dos por pais de filhos/as com deficiência e contextos familiares que possuem uma pessoa com deficiência.
E, mesmo assim, não conseguiremos esgotar o assunto. Mas convidamos a você que está fazendo o curso a buscar mais informações e desenvolver empatia e respeito por toda forma de existir e paternar.
Assista a esse vídeo emocionante:

6.1. Superando a discriminação: Paternidade entre homens gays e trans
Homens gays e trans tornam-se pais em uma diversidade de contextos: como pais solteiros, em relacionamentos do mesmo sexo ou sexo oposto, como homens que tiveram filhos em relacionamentos heterossexuais anteriores e saíram como gays mais tarde, como homens que formalmente adotaram, e como homens que criaram filhos através de óvulos doados ou barriga de aluguel.
Reinventar-se, não ser induzido pelas influências nefastas das LGBTfobias são passos importantes nessa estrada de vida, combater os estigmas e discrimi nações, lutar pela igualdade e pelo orgulho de si mesmo são desafios diariamente enfrentados por pais gays e principalmente pais trans em todo o mundo – em especial no Brasil, país líder mundial em assassinatos de travestis e transexuais.
Um estudo sobre pais do mesmo sexo, publicado no Journal of Developmental and Behavioral Pediatrics , concluiu que seus filhos são tão bem psicologica mente ajustados quanto os de casais heterossexuais – ou mesmo melhores. Conduzida por psicólogos da Universidade de Sapienza de Roma e da Universidade do Texas de Austin, a pesquisa envolveu quase 400 casais.
Feito com base em questionários, o estudo consultou 195 pais heterossexuais (que tiveram filhos sob condições naturais), 70 casais de homens, que tiveram filhos com uma mulher (algo como barriga de aluguel), e 125 casais de mulheres, com concepção por doação de esperma.
As perguntas feitas aos pais foram “Quanto vocês avaliam que a sua família é funcional?”, “Quais são os pontos fortes, fracos e características sociais dos seus filhos?” e “Qual é a avaliação que faz de si mesmo enquanto pai?”. Os resultados foram compilados e analisados estatisticamente.
Os pesquisadores destacaram que as crianças com pais gays e mães lésbicas foram reportadas mostrando menor ocorrência de problemas psicológicos do que filhos de pais heterossexuais.
A campanha “O primeiro Dia dos Pais de César”, que mostra o amor de um filho e um pai trans, foi lançada na tarde deste sábado, 5, pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). O vídeo conta a história de uma criança que mostra o orgulho e o amor genuíno que sente pelo seu genitor. No final, surge a revelação que o pai, César Sant’Anna, deu à luz em 2005, quando ainda se chamava Beatriz. Só depois ele passou pelo processo de aceitação e transição para o gênero oposto.

Assista também, a quatro distintas históri as de família contadas sob a perspectiva da relação entre pais e filhos. As situações do cotidiano os diferem, porém algo os aproxima: a homoparentalidade.
Link: www.youtube.com/watch?v=fccwbnRgoKc
Realização: Centro Universitário Senac (conteúdo público).
6.Paternidades diversas e igualdade de gênero
6.2. Como é ser um pai negro no Brasil 6.3. Pai solo: Contexto monoparentais 6.4. Pai na Adolescência
“Qual é a rotina dos pais negros brasileiros?
O que está em jogo no cotidiano desses homens? Como funciona para o assalariado que faz a jornada de 44h semanais por um salário-mínimo na hora de decidir entre trabalhar mais ou cuidar das crianças? Vai pra creche ou fica em casa? Qual a pedagogia adequada?”
Questiona Diego Francisco, pai do Antônio, mari do da Aline, jornalista e pesquisador em Relações Étnico-Raciais.
Num país com desigualdades sociais tão profundas e com uma herança histórica de escravidão que ainda reverbera de forma tão forte no cotidi ano da população, falar sobre as especificidades de ser um pai negro é algo extremamente necessário.
episódio que trata sobre o assunto, da websérie “Quando nasce um Pai”: Link: www.youtube.com/watch?v=nmGBkNu_ed0

Realização: Quando Nasce um Pai. Conteúdo público, disponív el no Canal de mesmo
Famílias monoparentais são caracterizadas pela ausência de um dos/as cuidadores/as – quase sempre o homem –, isto é, quando apenas uma pessoa é responsável pela criação da criança.
Isso é muito comum em nosso país, principal mente entre as mulheres. Em 10 anos, o Brasil gan hou 1,1 milhão de famílias compostas por mães solteiras. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2005, o país tinha 10,5 milhões de famílias de mulheres sem cônjuge e com filhos, morando ou não com outros parentes. Já os dados de 2015, os mais recentes do instituto, apontam 11,6 milhões.
Como todos os tipos familiares, a família monoparental tem as suas peculiaridades (Fonte: Atenção Saúde do Homem. Paternidade e Cuidado. UFSC – 2016):
• Pais solteiros e viúvos;

• Pais separados;
• Pais ausentes, como falecidos, privados de liberdade, ou com algum outro problema que dificulta o contato.
Diante de tão diversas possibilidades e arranjos familiares, o relatório global da MenCare (LEVTOV et al., 2015) alerta que não devemos confundir “não residência” com ausência , já que, em diferentes graus, os pais geralmente continuam comprome tidos com seus filhos e filhas, mesmo não residin do ou não estando em uma relação afetiva com a mãe destes.

Pais adolescentes também merecem atenção. Em vez de considerar a gravidez de adolescentes e de jovens como um “evento problema”, o mais ad equado é que se busque compreendê-la, sabendo que ela pode fazer parte do projeto de vida desses adolescentes, tendo significados diferentes para cada um deles, e podendo se revelar como um elemento reorganizador da vida e não somente desestruturador.
Para que o processo de inclusão e de apoio aos pais jovens e adolescentes seja possível, é im prescindível desconstruir alguns estereótipos atre lados aos adolescentes e à gravidez na adolescên cia, fugindo assim de generalizações.
Nesse contexto, o diálogo aberto e respeito so com o futuro pai pode funcionar como um con traponto ao que ele ouve de amigos e familiares, levando-o a reconhecer que a paternidade é muito mais do que ser apenas o provedor e a se envolver de forma consciente e ativa. Assista uma entrevis ta do João Barbosa, ao projeto Criativos na Escola, do Instituto Alana:
Link: www.youtube.com/watch?v=rMqzgtY--B0 (Realização: Ala na. Conteúdo público, disponível no canal Criativos da Escola. Para saber mais: criativosdaescola.com.br/)
6.Paternidades diversas e igualdade de gênero
6.5. Pessoas com deficiência (PCD)
Infelizmente em nossa cultura, deficiências são encaradas como algo vergonhoso. É comum pessoas esconderem familiares com deficiência em casa, impedindo-os de ter uma vida em sociedade. De acordo com o especialista Modjeh Bayat :
“Na maioria dos países africanos, crianças com deficiência são praticamente invisíveis na sociedade e existe pouca ou nenhuma informação oficial sobre elas”.
Uma vez que muitas dessas pessoas são man tidas em casa, não há dados confiáveis nem mesmo em Censos nacionais. Ou seja, quase nada se sabe sobre como vivem indivíduos com deficiência em muitos países.
Mesmo quando não há vergonha, existe um senso comum de que pessoas com deficiência são incapazes de viver uma vida normal. O problema começa porque, segundo a especialista Sarah Irwin:
“A independência [financeira e social] é alta mente valorizada, enquanto dependência é vista como algo bastante problemático”.
Portanto, por causa da falta de estrutura em países em desenvolvimento, pessoas com deficiên cia são altamente dependentes de suas famílias. Adultos que não são financeiramente independ entes acabam normalmente marginalizados, re forçando o sentimento de vergonha e da noção de incapacidade.
Estas noções geram uma série de problemas. O primeiro é o impacto do preconceito na formação da personalidade de pessoas com deficiência. A
vergonha da família acaba gerando um proces so dialético, no qual a ideia de incapacidade (ou maldição) é internalizada pela pessoa. Tendo ouv ido durante toda sua vida que são incapazes e um fardo aos familiares próximos, indivíduos com de ficiência internalizam esse sentimento de inferiori dade e, consequentemente, estão mais suscetíveis a problemas de baixa autoestima. (Fonte: Carta Capital)
Nesse contexto, pode existir três realidades: o pai de uma criança com alguma deficiência. O pai com alguma deficiência, tendo a dificuldade e o desafio de exercer a sua paternidade. E am bos os casos juntos, sendo cuidador(a) e criança, ambas com deficiência. Em todas elas, o preconceito, a falta de informação e a falta de políti cas públicas geram frustrações, depressões e desigualdades sociais.
Pais com crianças com deficiências
Todo pai e toda mãe deseja ter um filho sem nenhuma deficiência. Antes mesmo de engravidar é comum imaginarem como será o novo membro da família, conversam sobre possíveis características físicas e psicológicas, qual profissão pode ter quando crescer e se o bebê será mais parecido com a mãe ou com o pai. Mas, quando o ‘bebê real’ é muito diferente do ‘bebê imaginário’ vários sentimentos podem ocupar a mente e o coração do casal: o medo, a raiva, a culpa, a compreensão do motivo de isso estar acontecendo com a família, o desespero, a ansiedade, entre outros sentimentos podem aparecer durante o período pré e pós-natal.
A especialista em desenvolvimento infantil da
Fisher Price, Teresa Ruas, diz que toda família pas sa por um período de ‘luto’ diante de um evento estressor, como a descoberta de uma deficiência no filho. “Nesse momento, os mais difíceis senti mentos e sensações poderão entrar em ação até que esse luto possa dar lugar a outros sentimen tos como o otimismo, a esperança, a fé, o carin ho e o amor acima de qualquer coisa e, assim, aos poucos, sendo possível reconhecer, amar e aceitar qualquer condição que o filho apresenta”, expli ca. Esse sentimento de “luto”, como a especialista chama, não é falta de amor, e sim um sentimento de revolta contra todas as situações que os pais im aginam que a criança terá que enfrentar durante a vida, porque sonharam com um mundo perfeito e sem barreiras para aquela pessoinha que agora é quem mais amam no mundo.
Dica de leitura:
• Matéria de Mariana Bueno para o site VIX abor dando os desafios e alegrias de criar uma criança com deficiência: vix.com/pt/bdm/ bebe/8461/como-e-ter-um-filho-com-deficiencia-primeiro-vem-o-luto-depois-desafiose-alegrias
• Matéria da Maiara Ribeiro, ela é jornalista, repórter do Portal Drauzio Varella e interessa da em temas relacionados à saúde da mulher e deficiências na infância: drauziovarella.uol. com.br/reportagens/pais-de-filhos-com-defi ciencia-podem-desenvolver-depressao/
Pais com deficiências
Numa cultura em que somamos os obstácu los de aproximarmos o homem da sua paternidade afetuosa e cuidadora com o preconceito sobre a “deficiência”, exercer a paternidade com esse de safio se torna muito maior.
O publicitário Beto Bigatti, pai do Gianluca e Stefano, diz que tinha dois grandes medos: que seu filhos tivessem vergonha dele, e que ele não con seguiria cuidar e criar seus filhos. Com apoio de sua companheira e de familiares, superou o medo.
Porém nem todo portador de alguma defi ciência tem essa sorte, a falta de políticas públicas impede que homens, pais ou não, exercem a sua cidadania, ganhem visibilidade e vivem com dignidade.
Os projetos sociais para pessoas com defi ciência buscam garantir para esses cidadãos sua inclusão na sociedade e no mercado de trabalho. É com tal objetivo que diversas pessoas e institu ições têm se unido em forma de organizações não governamentais (ONGs).
No Brasil e no exterior existem diferentes ONGs de apoio às pessoas com deficiência. Ter conhecimento acerca dessas entidades é importante não apenas para esses indivíduos e suas famílias, mas também para toda a sociedade — afinal, é funda mental que essas iniciativas sejam popularizadas, para que atinjam mais pessoas e consigam um maior apoio.
Seja com o intuito de inclusão social da pessoa com deficiência, promoção dos direitos, trabalhos com a família ou seja com o incentivo à prática esportiva, hoje é possível encontrar diversas ONGs de apoio espalhadas pelo Brasil.
Responsável6.Paternidades diversas e igualdade de gênero
Encontre sua rede de apoio
É cada vez maior o número de ONGs de apoio à pessoa com deficiência no Brasil. Em quase todas as regiões do país é possível encontrar um grupo de familiares ou amigos realizando trabalhos em bus ca da promoção do bem-estar, inserção, integração e saúde desses cidadãos.
Ao divulgar o trabalho desses projetos sociais para pessoas com deficiência você ajuda nos re sultados, levando-as ao conhecimento de quem necessita. Por isso, atue sempre como um replica dor, disseminando esse tipo de informação para os seus familiares e amigos.
Abaixo, as nove ONGs na grande São Paulo que fazem esse tipo de trabalho:
Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD)
A AACD , conhecida em todo o território nacion al por meio da campanha do Teleton , tem um dos melhores complexos hospitalares da área, além de ser referência em qualidade no tratamento de pes soas com deficiência física.
A Associação tem como público principal cri anças e adolescentes, e possui 12 centros de rea bilitação e 6 oficinas de ortopedia no Brasil. O Tele ton, maratona televisiva exibida anualmente pelo SBT, é uma das principais formas de garantir a so brevivência dessa ONG.
Os mascotes “Tonzinho” e “Nina”, marca regis trada do Teleton, foram inspirados em usuários da ONG. Tais bonecos podem ser adquiridos durante a exibição do programa de TV, pelo site da AACD e via telefone, com toda a renda revertida para a entidade.
Associação de Pais e Amigos dosExcepcionais (APAE Brasil)
A APAE é uma associação conhecida nacional mente, destacando-se por seu pioneirismo e abrangência está presente, atualmente, em mais de dois mil municípios em todo o território nacional. Criada por familiares e amigos empenhados na busca por melhores condições de vida para seus parentes com deficiência, as APAEs promovem e defendem os direitos desses cidadãos. Vale ressaltar que essa associação têm uni dades próprias em cada município, onde muitas vezes faz parcerias com o poder público municipal e estadual para receber recursos que auxiliam em sua manutenção.
Casa de David Fundada em 1962, a Casa de David oferece abrigo e cuida de pessoas com deficiência física, in telectual ou com autismo. Com sede em São Paulo e uma unidade em Atibaia (SP), a Instituição atende 438 pessoas carentes, a maioria abandonadas por suas famílias.
Com uma equipe de especialistas, a ONG oferece atividades como: reabilitação aquática, fi sioterapia, ioga, entre outros projetos. A ideia é dar um pouco de dignidade e qualidade de vida para essas pessoas, que por motivos diversos foram abandonadas por seus familiares.
Instituto Mara Gabrilli (IMG)
Criado em 1997, o IMG desenvolve ações e tra balhos que buscam promover: projetos de orien tação (incluindo também familiares), suporte a at
letas paralímpicos , suporte a pesquisas e produção de materiais informativos.
Esse instituto tem impacto direto na qualidade de vida de mais de três mil famílias, trabalha e incentiva pesquisas científicas para a cura da paral isia, disponibiliza mais de 300 guias de acessibili dade e ainda oferece suporte direto a 20 atletas de alto rendimento.
No site do IMG você encontra também dicas de exercícios, de convivência, guias de acessibilidade cultural, entre outros.
Vivência e Inclusão da Pessoa Com Deficiência
Por Meio de Atividades e Sensibilização (Vidas)
A VIDAS desenvolve um trabalho de social ização para crianças e adolescentes com deficiên cia física. A ONG busca criar oportunidades de in clusão por meio de atividades de convivência, lazer e prática esportiva.
Surgida da necessidade de espaços escolares mais comprometidos na integração de crianças com deficiência, hoje a ONG também oferece um trabalho com os pais e familiares de seus partici pantes. Como a própria sigla sugere, o seu objetivo principal é prezar pela vida dos participantes.
Instituto Vidas Raras Com sede em Guarulhos-SP, e visando o de senvolvimento de pessoas com doenças raras (que acometem as funções físicas e intelectuais), o Instituto Vidas Raras realiza pesquisas para identificar e diagnosticar essas patologias. Além disso, o instituto realiza diversos trabalhos junto à classe médica, divulgando as doenças raras
e conscientizando os profissionais da saúde.As sim, trazem instruções sobre como diagnosticá-las corretamente e realizar tratamentos que propor cionem mais qualidade de vida aos portadores.
Associação Desportiva Para Pessoas Com Deficiência (ADD)
A administradora Eliane Miada e o educa dor físico Steven Dubner fundaram, em 1996, a Associação Desportiva para pessoas com Defi ciência. Por meio de doações e o patrocínio de empresas parceiras, a associação atua para o de senvolvimento da prática esportiva entre pessoas com deficiência.
Basquete em cadeira de rodas, natação, ciclis mo e atletismo são alguns dos esportes que podem ser praticados em equipes formadas pela ONG, na cidade de São Paulo. O objetivo da ADD é que, por meio do esporte, sejam desenvolvidas as capaci dades físicas e também a inclusão social das crianças com deficiência.
Acessibilidade Brasil
Não é apenas o ambiente físico que apresenta obstáculos para as pessoas com deficiência, isso também ocorre no ciberespaço e nos meios digi tais. Pensando nisso, a organização Acessibilidade Brasil se dedica ao desenvolvimento de novas tec nologias, buscando garantir a acessibilidade para todos no ambiente on-line.
A entidade atua no desenvolvimento e divul gação de: sistemas e aplicativos que permitam a leitura de textos digitais; teclados adaptados para pessoas com dificuldades motoras; entre outras tecnologias de acessibilidade.
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6.Paternidades diversas e igualdade de gênero
6.6. Relação entre Paternidade e a igualdade de gênero
A UNESCO considera a igualdade de direitos entre homens e mulheres um direito humano funda mental, um elemento essencial para a construção da justiça social e uma necessidade econômica. Felizmente, o crescimento e o impacto dos diversos movimentos de mulheres; a forma como as mulheres começaram a se colocar no mun do e as profundas mudanças culturais, sociais e econômicas dos últimos 50 anos tornaram uma mudança na maneira como os homens enxergam e vivenciam a paternidade não apenas necessária, mas imprescindível. A desigualdade de gênero é não apenas negativa para o bem-estar de meninas e mulheres, mas também para os índices gerais de bem-estar populacional e para as economias. Mudar esse cenário requer esforços amplos e com plexos, no entanto, pouco avanço é possível sem que haja a diminuição da desigualdade no âmbi to familiar, e para isso, a mudança de atitude e de comportamento dos homens/pais é imprescindível.
Para tornar isso possível, os homens precisam assumir a sua parte, contribuindo para a consoli dação de uma nova forma coletiva de entender e exercer a paternidade, radicalmente associada a assumir plena e equitativamente, de forma pessoal e intransferível, a responsabilidade que toca em todas as fases e trabalhos inerentes ao processo de criação dos filhos. Isso se chama Corresponsabilidade!
A escritora Silvia Nanclares é afirmativa:
“Os pais importam e impactam, tanto na vida das mulheres com quem convivem, como nas possibilidades de ser e estar no mundo das meninas e dos meninos, de forma decisiva e permanente.”
E o que devemos fazer?
Para conseguir isso, parece essencial ressig nificar a paternidade, como um conjunto de práti cas e ações por meio das quais nós cultivamos, ativamos e mobilizamos todas as nossas capacidades humanas, bem como o nosso potencial biopsi cológico para exercer e praticar os cuidados. Devemos assumir pessoalmente, e nos incor porarmos ao processo de negociação com nos sa companheira, a partir da convicção e da con tingência política de que representamos uma unidade cuidadora autônoma e plena, capaz de assumir a responsabilidade completa em nosso desempenho parental.
Não se trata, portanto, de ser um pai executor de tarefas complementares e auxiliares em relação à figura materna, mas de, com base na capacidade plena, no comprometimento e na consciência dos nossos privilégios, sermos capazes de estabelecer pactos de convivência equitativos, conscientes e negociados com nossas parceiras.
Mas o caminho para esse modelo de paternidade positivo, equitativo, pacífico, terno, corre sponsável, independente e integrado não está is ento de contradições, e, inevitavelmente, fará cada um de nós, homens e pais, transitar por momentos e processos de crise.

É fato que a paternidade consciente nos faz en frentar um mundo emocional imenso para o qual às vezes nos faltam referências e ferramentas. Só tere mos dimensão do grande desafio quando, provavelmente pela primeira vez, vivermos em primeira pessoa o exercício responsável dos cuidados de nossos filhos e filhas, e das atividades domésticas necessárias para a existência de um lar saudável.
Por que a licença-paternidade é tão importante para a igualdade de gênero?
Quando a legislação equipara deveres e direi tos de homens e mulheres em relação aos cuidados dos filhos, verdades calcadas em uma sociedade machista, como “filhos são obrigação das mães”, começam a ser desconstruídas.
De acordo com a Constituição do país, assegu rar os direitos da criança é um dever da família, da sociedade e dos pais. Apesar disso, ainda são mui tos os fatores, como estereótipos de gênero perpet uados ao longo de gerações, vieses inconscientes e preconceitos reforçando que “cuidar dos filhos é responsabilidade exclusiva das mães”. A legislação trabalhista, inclusive, não fica fora dessa lista.
Atualmente, a licença concedida às mulheres brasileiras que trabalham com carteira assina da tem duração de 120 dias (quatro meses), já a licença concedida aos homens é de apenas cin co (5) dias. Com a aprovação do Marco Legal da Primeira Infância, em março de 2016, funcionários de organizações participantes do programa “Empresa Cidadã”, passaram a ter direito a 20 dias de licença-paternidade. Empresas que participam desse programa já tinham estendido a licença ma ternidade para seis (6) meses. Apesar dos avanços, o abismo continua.
Em levantamento divulgado pela ONG Save the Children, os países que despontam como os melhores para ser mãe têm em suas legislações sis temas de licença maternidade e paternidade mais flexíveis e que dividem as responsabilidades entre pais e mães. Noruega, Finlândia, Islândia, Dinamar
ca e Suécia ocupam as primeiras cinco posições.
Na Noruega, por exemplo, o período de licença, de 46 semanas, é dividido entre o pai e a mãe (nec essariamente). À mãe cabe a licença, obrigatória de 9 semanas, enquanto ao pai, 12 semanas. Cabe à cada família decidir como serão divididas as 25 semanas restantes, e para isso têm um prazo de até três anos após o nascimento ou adoção da criança.
Na Suécia, com um dos menores índices de desigualdade de gênero do mundo, os casais recebem por lei 480 dias de licença a partir do nas cimento de cada criança, com 90 dias obrigatórios para os pais. O antropólogo Ritxar Bacete relata:
“O e nvolvimento do pai na criação dos filhos é um dos melhores antídotos de que dispomos na atualidade para a desigualdade de gênero. E a licença-paternidade/parental pode exercer o primeiro passo para esse conhecimento e sensibilização.”
6.7. Paternidade e a divisão nas atividades domésticas
A campanha Mencare lança o Compromisso Homens Cuidam , com o objetivo de orientar os pais e facilitar a construção de um cenário em que homens possam assumir 50% dessas funções até 2030. As pessoas podem se engajar nas discussões on-line sobre o tema usando #WorldsFathers.
Liderados pela pesquisa e ativismo das mul heres, há uma crescente atenção ao trabalho de as sistência não remunerada e seu papel na promoção da desigualdade. Chegou a hora de governos, em pregadores, sociedade civil e homens se comprometerem a acelerar em direção à igualdade.
e acompanhar o progresso em direção à igualdade.
“Não estamos apenas convocando pais a exercerem pequenos gestos que demonstram igualdade. Também não se trata de celebrar algumas poucas conquistas que os homens já deveriam estar fazendo. Estamos buscando igualdade plena. É preciso transformar o mundo ao redor dos indivíduos para que se acredite que o cuidado importa e que ele precisa ser igualmente compartilhado” (trecho traduzido do relatório Situação da Paternidade no Mundo de 2019. Link: promundo.org.br/recursos/situacao-da-paternidade-nomundo-tempo-de-agir/)
Por isso, tanto governos quanto empregadores têm papel na criação de políticas que apoiem pais e mães, cuidadores e famílias, em toda a sua diver sidade, a prosperarem. Valorizar o trabalho não re munerado é uma tarefa coletiva.
Você sabia...
Globalmente, as mulheres gastam significa tivamente mais tempo que os homens – às vezes até dez vezes mais – em cuidados não remunera dos, trabalho voluntário e doméstico. As mulheres também fazem mais trabalho remunerado e não remunerado . Essa disparidade está no cerne da desigualdade de gênero; e aplica-se a mulheres, famílias, comunidades, países e ao mundo. Nós podemos mudar isso.
Pesquisas constatam que os homens desejam se envolver mais no cuidado diário das crianças, mas a diferença de gênero nos cuidados não remu nerados diminuiu em apenas sete minutos nas úl timas décadas.
As normas de gênero e a falta de políticas gov ernamentais e de trabalho no local de trabalho impedem mulheres e homens. Os governos e os empregadores têm um papel na criação de leis e políticas que apoiam todos os pais, cuidadores e famílias, em toda a sua diversidade, para prosperar: de creche acessível a salários dignos, apoio social a educação acessível e educação igualitária, total mente licença parental transferível. Eles também têm a responsabilidade de definir esse padrão cru cial no trabalho de assistência e garantir que ele seja valorizado e compartilhado igualmente.
Então...
Para atingir 50% do trabalho não remunerado, a análise de dados de uso do tempo conclui que os homens precisariam aumentar seu tempo gasto em pelo menos 50 minutos por dia.
Mais 50 minutos para homens, 50 minutos para mulheres. Este é apenas um primeiro passo em di reção à igualdade.
Para alcançar a igualdade total no atendimen to, devemos estabelecer metas nacionais para al cançar a igualdade no trabalho, medir quem cuida
O Compromisso MenCare para os Governos foi lançado na Woman Delivery em junho de 2019 – a maior conferência do mundo sobre igualdade de gênero e saúde, direitos e bem-estar de meninas e mulheres. O compromisso MenCare exige um en gajamento ousado para desbloquear o poder dos cuidados. O compromisso inclui a ação sobre os cinco seguintes problemas:
• Licença parental igual, com pagamento inte gral e intransferível para todos os pais, como complemento da licença de maternidade, não como alternativa.
• Assistência infantil de alta qualidade, apoiada pelo Estado, que facilita a participação plena nas atividades econômicas de ambos os pais e fornece às crianças pequenas educação sobre igualdade de gênero.
• Políticas no setor da saúde para envolver os homens em consultas pré-natal, parto, pós-na tal, e treinamento específicos dos pais para desenvolver habilidades de construção dos homens, confiança e competência e para promover a tomada de decisão compartilhada e uma boa comunicação.
• Campanhas de comunicação abrangentes e abordagens baseadas na escola para promover o envolvimento de homens jovens no trabalho de assistência, prevenir a violência baseada no gênero, ensinar o valor do atendimento a meninos e meninas e promover relações de assistência equitativas, não violentas.
• Dados regulares sobre o uso do tempo no tra balho de assistência não remunerada e como são divididos entre mulheres e homens, meni nas e meninos e os utilizam para medir o pro
gresso em direção à igualdade, informar de cisões de elaboração de políticas e orçamento.
Uma chamada para ação Assuma o compromisso de acelerar a aceitação dos homens de 50% do trabalho não remunerado, começando com 50 minutos a mais de trabalho diário.
Alcançar a igualdade no cuidado e no trabalho doméstico não remunerados é uma questão ur gente de justiça de gênero e direitos das mulheres. Ter homens envolvidos em paternidade e cuidado é bom para a equidade de gênero e para a saúde das mulheres. Quando os pais assumirem uma parte igualitária do trabalho de cuidado, isso acelerará o progresso para esta geração e para a próxima, aju dando suas/seus filhas/os a apoiarem a equidade de gênero e a quebrarem estereótipos.
“Precisamos acelerar os compromissos nacionais para apoiar todas as crianças, pais e famílias a prosperarem e alcançarem a divisão igualitária dos cuidados diários das crianças e de nossos lares pelos homens. Ponto final.” diz Gary Barker, presidente e CEO do Promundo.
Queremos terminar esse curso convido-o a juntar-se conosco e apoiar essa campanha. Compartilhe e converse com amigos e famil iares! Precisamos mudar atitudes e comporta mentos que levam a que o cuidado seja valoriza do e compartilhado igualmente, e que motivem os homens a fazer uma parcela equitativa do trabalho de assistência não remunerada até 2030.
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Parceiros de Conteúdo

Promundo, Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Criança Segura, Ministério da Saúde, NCPI, Instituto Alana e MenCare
Global Fatherhood Campaign
e Coordenação Apoiador Realização
que tenha gostado, aprendido e que agora se sinta mais preparado e confiante em exercer uma paternidade mais humana. Obrigada!