COMPÓS 2019

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Realização:

Apoio:


Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação 2017-2019

PRESIDENTE

VICE-PRESIDENTA

SECRETARIA-GERAL

Prof. Dr. Marco Roxo Programa de Pós-graduação em Comunicação – UFF Profa. Dra. Isaltina Gomes Programa de Pós-graduação em Comunicação – UFPE Profa. Dra. Gisela Castro Programa de Pós-graduação em Comunicação e Práticas de Consumo – ESPM


REITOR Ir. Evilázio Teixeira VICE-REITOR Jaderson Costa da Costa PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO E EDUCAÇÃO CONTINUADA Ir. Manuir Mentges PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS Alam de Oliveira Casartelli PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO E ASSUNTOS COMUNITÁRIOS Ir. Marcelo Bonhemberger PRÓ-REITORA DE PESQUISA, INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO Carla Denise Bonan DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, ARTES E DESIGN – FAMECOS Cristiane Mafacioli Carvalho COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL Cristiane Freitas Gutfreind COORDENADOR ADMINISTRATIVO DE ESCOLA Rafael Henrique Reimann


Organização COORDENAÇÃO GERAL Prof. Dr. André Fagundes Pase Profª. Dra. Cristiane Freitas Gutfreind Profª. Dra. Cristiane Mafacioli Carvalho Profª. Dra. Helena Maria Antonine Stigger Profª. Dra. Melina Aparecida dos Santos Silva Profª. Dra. Neka Machado COORDENADOR ADMINISTRATIVO DE ESCOLA Rafael Henrique Reimann APOIO Prof. Dr. Gustavo Daudt Fischer Prof. Dr. Rudimar Baldissera Prof. Me. Stefan von der Heyde Fernandes Profª. Me. Fernanda Cristine Vasconcellos Prof. Me. Eduardo Seidl Prof. Dr. Carlos Gerbase Profª. Dra. Adriana Amaral Centro de Produção Multimídia PUCRS Laboratório de Conteúdo PUCRS Laboratório de Eventos e Relacionamento PUCRS COLABORADORES Airton Moraes Bruna Souza Calvin da Silva Cousin Carina Waschburger Carlos Teixeira Eliana Stumpf Fabiano Pandolfi Giovanni Guizzo da Rocha Helena Lukians Henrique Weizenmann Jéferson Cardoso João Damasio Larissa Fraga

Larissa Lunge Laura Martins Luana Girardi Luiza Carolina dos Santos Márcio Zanetti Negrini Marlon Dias Melissa Donida Melissa Streck Paula Rickes Viegas Pedro Munhoz Da Silveira Rodrigo Duarte Rodrigo Figueiredo Nunes Samara Kalil


Prezados(as) pesquisadores(as), Chegamos ao 28º Encontro Anual da Compós e nos deparamos com um momento turbulento e cheio de incertezas. Estamos testemunhando crescentes incentivos à intolerância e ameaças à liberdade de cátedra, cortes de recursos das agências de fomento, desprezo às Ciências Humanas e Sociais e ataques às Instituições Federais de Ensino Superior por parte do Governo Federal. Nesse cenário, a Compós realiza seu evento ampliando o número de programas filiados. Entre eles, um mestrado acadêmico situado em Imperatriz, um mestrado profissional com base em São Luís, ambos da Universidade Federal do Maranhão, e um mestrado acadêmico pertencente à Universidade Federal de Roraima. O número de grupos de trabalho também foi ampliado na edição deste ano. São 20 com a inserção dos GTs de Comunicação, Arte e Tecnologias da Imagem, Comunicação Gêneros e Sexualidades e Estudos de Comunicação Organizacional. O Conselho da Compós também tem servido de fórum para debates sobre o processo de avaliação, mantendo forte interlocução com a Coordenação de Área da Capes e o Comitê Assessor do CNPq. Para coroar esse processo, a conferência de abertura colocará em discussão o jornalismo de opinião e o ativismo jornalístico na história brasileira. Aproveitamos o momento para agradecer à PUCRS e aos docentes do PPGCOM-FAMECOS pela coragem de sediar o 28º Encontro da Compós num contexto político complicado, mantendo uma postura firme e sólida que nos serve de exemplo diante das incertezas futuras. A diretoria da Compós deseja a todos(as) pesquisadores(as) um ótimo evento em Porto Alegre. Prof. Dr. Marco Roxo Presidente Profa. Dra. Isaltina Gomes Vice-presidenta Profa. Dra. Gisela Castro Secretaria-Geral Diretoria 2017-2019


Boas-vindas Caros(as) pesquisadores(as), O Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS, o qual comemora seus 25 anos em 2019, tem imenso prazer em sediar novamente o Encontro Anual da Compós. Desde 2000, ano em que o evento foi sediado pelo PPGCOM-PUCRS pela última vez, o país e a Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação passaram por diversas transformações. Tais mudanças resultaram em um cenário atual de considerável crescimento do evento, configurado por mais de 50 Programas filiados, 20 grupos de trabalho e entorno de 400 inscritos. Todavia, apesar dessa expansão imprescindível para a área da Comunicação e Informação, o fomento ao 28º Encontro foi substancialmente reduzido devido ao momento sombrio ao qual o país está submetido. No entanto, desejamos que as trocas acadêmicas e os debates científicos ocorridos no evento permaneçam dotados de extrema relevância para o fortalecimento da área das Humanidades no país. Sejam todos muito bem-vindos a Porto Alegre e especialmente à PUCRS! Profª. Drª. Cristiane Freitas Gutfreind Coordenadora do PPGCOM PUCRS


Programação 11 de junho de 2019 (terça-feira) 19h RECEPÇÃO E CREDENCIAMENTO Local: Salão de Eventos Plaza São Rafael. Av. Alberto Bins, 514 - Centro Histórico 19h30 ABERTURA OFICIAL Mesa de abertura 25 anos PPGCOM PUCRS e UNISINOS Entrega do Prêmio Compós de Teses e Dissertações Eduardo Peñuela 2019 Conferência de abertura: Jornalismo de opinião e ativismo jornalístico na história brasileira Juremir Machado da Silva – PUCRS Jorge Euzébio Assumpção – UNISINOS Mediação: Pe. Pedro Gilberto Gomes – UNISINOS Coquetel

12 de junho de 2019 (quarta-feira) Local: PUCRS – Av. Ipiranga, 6681 CREDENCIAMENTO Prédio 40 – sala: 708 SALAS DOS GTS: PRÉDIO 40 DA PUCRS – 4º E 7º ANDARES 9h

Grupos de Trabalho Prédio 40 da PUCRS

10h:30 Coffee break 11h

Grupos de Trabalho

12h Almoço 14h

Grupos de Trabalho Prédio 40 da PUCRS

16h

Coffee break

16h30 Grupos de Trabalho 18h

Lançamento de livros e autógrafos Local: Foyer do Teatro do Prédio 40 (andar térreo)


13 de junho de 2019 (quinta-feira) Local: PUCRS – Av. Ipiranga, 6681 SALAS DOS GTS: PRÉDIO 40 DA PUCRS – 4º E 7º ANDARES 9h

Grupos de Trabalho Prédio 40 da PUCRS

10h30 Coffee break 11h

Grupos de Trabalho

12h Almoço 14h

Grupos de Trabalho Prédio 40 da PUCRS

16h

Coffee break

16h30 Grupos de Trabalho 18h

Reunião de avaliação dos GTs

21h

Festa de confraternização Local: Bar Ocidente Av. Oswaldo Aranha, 960 – Esquina com a R. João Telles. Ingressos: R$20, vendidos na sala 708 do prédio 40 (credenciamento e secretaria geral da Compós)

14 de junho de 2019 (sexta-feira) 9h às 12h Reunião dos coordenadores de GT Local: Prédio 15 (Living 360) da PUCRS – Sala 225 14h às 17h30 Reunião do Conselho da Compós Local: Prédio 15 (Living 360) da PUCRS – Sala 225


Informações úteis Secretaria Geral da Compós – Prédio 40 – Sala 708 Localize-se na PUCRS

Acesse o SmartMap por meio do link www.pucrs.br/smartmap ou através de QR codes localizados nos mapas dos totens de informações distribuídos pelo Campus.

Almoço na PUCRS Panorama Lanchonete 40 2º andar do prédio 40

Bar da Famecos Térreo do prédio 7

Intervalo 50 Térreo do prédio 50

Panorama Gastronômico 4º andar do prédio 41

Lanchonete do 8 Térreo do prédio 8

Subway Prédio 41 Prédio 41 – 2º andar

Ponto Onze Térreo do prédio 11

Café Bauducco Prédio 15 – Living 360 da PUCRS – Térreo

Restaurante Sabor Família Térreo do prédio 3

Lancheria do 12 Térreo do prédio 12

Bar 3 Térreo do prédio 3

Palatu’s Eventos Térreo do prédio 19

Canal Café Entre o Tecnopuc (prédio 97) e o Colégio Champagnat

Lancheria do 5 Térreo do prédio 5

Lancheria Trinta Térreo do prédio 30

Canal Café Rua da Cultura

Garten Bistrô Térreo do prédio 6

Espaço 32 Térreo do prédio 32

Severo Burger Rua da Cultura

Banco do Brasil (prédios 5, 30, e 60)

Caixas Eletrônicos Banrisul (prédios 5, 41, 55 e 60)

Z Café Prédio 97 – Tecnopuc – Térreo

Bradesco (prédios 5, 30 e 41)

Banco Santander (prédios 55, 60, 41)

Banco do Brasil

Panvel Farmácias 1º andar do prédio 41

Agências Bancárias (prédio 5) Banrisul Bradesco Farmácias Farmácia Universitária Panvel Térreo do prédio 12, ao lado do prédio 30

Achados e Perdidos Os itens perdidos, encontrados no Campus, são encaminhados à recepção do prédio mais próximo ou ao Setor de Serviços Operacionais – Prédio 20 / (51) 3320-3567/ servicosoperacionais@pucrs.br


Localização das salas Todas as salas estão localizadas no Prédio 40 Comunicação e cibercultura SALA: 701

Epistemologia da comunicação SALA: 712

Comunicação e experiência estética SALA: 702

Estudos de jornalismo SALA: 713

Comunicação, arte e tecnologias da imagem SALA: 703 Cultura das mídias SALA: 704 Estudos de comunicação organizacional SALA: 705 Estudos de televisão SALA: 706 Práticas interacionais, linguagens e produção de sentido na comunicação SALA: 707 Comunicação e cidadania SALA: 709 Comunicação e política SALA: 710 Comunicação, gêneros e sexualidades SALA: 711

Imagem e imaginários midiáticos SALA: 714 Recepção, circulação e usos sociais das mídias SALA: 715 Comunicação e cultura SALA: 403 Comunicação e sociabilidade SALA: 405 Consumos e processos de comunicação SALA: 407 Estudos de cinema, fotografia e audiovisual SALA: 409 Estudos de som e música SALA: 411 Memória nas mídias SALA: 413


Sumário Comunicação e Cibercultura............................................................................12 Comunicação e Cidadania................................................................................ 20 Comunicação e Cultura.................................................................................... 28 Comunicação e Experiência Estética.............................................................. 36 Comunicação e Política.................................................................................... 43 Comunicação e Sociabilidade...........................................................................51 Comunicação, Arte e Tecnologias da Imagem ............................................. 59 Comunicação, Gêneros e Sexualidades......................................................... 67 Consumos e Processos de Comunicação...................................................... 75 Cultura das Mídias............................................................................................. 83 Epistemologia da Comunicação...................................................................... 91 Estudos de Cinema, Fotografia e Audiovisual............................................... 99 Estudos de Comunicação Organizacional................................................... 107 Estudos de Jornalismo.....................................................................................115 Estudos de Som e Música.............................................................................. 123 Estudos de Televisão.......................................................................................131 Imagem e Imaginários Midiáticos................................................................. 139 Memória nas Mídias........................................................................................ 147 Práticas Interacionais, Linguagens e Produção de Sentido na Comunicação.............................................................................................. 155 Recepção, circulação e usos sociais das mídias......................................... 163 ANOTAÇÕES......................................................................................................171


GT Comunicação e Cibercultura Coordenador: André Lemos – UFBA Vice-coordenadora: Raquel Recuero – UFRGS


GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 701 (7º andar) TECNOLOGIAS EMERGENTES: ‘questões problemáticas’ do VAR tuitadas durante a Copa 2018 Carlos d’Andréa - UFMG | Leonardo Melgaço - UFMG RESUMO: O objetivo é investigar como o “árbitro de vídeo” na Copa do Mundo FIFA 2018 foi apropriado e tensionado por torcedores lusófonos no Twitter. Especificamente, mapeamos a emergência de ‘questões problemáticas’ sobre tecnologia, futebol, mídia, política etc. nos tuítes que tematizam essa inovação. Para tanto, assumimos uma abordagem norteada por aproximações entre comunicação e mídia e os Estudos Sociais em Ciência e Tecnologia. Iniciamos discutindo como o artefato VAR – planejado como um ‘‘ajuste tecnológico’’ – se integra ao dispositivo midiático que se articula ao megaevento. Com base no “mapeamento de questões problemáticas” (MARRES, 2015), discute-se em termos teórico-metodológicos como a temática “VAR na Copa 2018” se constitui a partir das lógicas sociotécnicas da plataforma Twitter. Na análise quanti-quali baseada nas redes de coocorrências de termos dos tuítes de dois dias foram identificadas cinco questões que revelam a diversidade de percepções sobre o VAR. RELATORIA: Luana Viana - UFJF | Aline Monteiro Homssi - UFMG

AUDIÊNCIA RADIOFÔNICA E A INTERAÇÃO MEDIADA ONLINE: a hashtag #ItatiaiaNaCopa como uma estratégia falha Luana Viana - UFJF | Aline Monteiro Homssi - UFMG RESUMO: Este artigo analisa as redes formadas a partir do uso da hashtag #ItatiaiaNaCopa, da Rádio Itatiaia, bem como do perfil @radioitatiaia, com o objetivo de compreender como ocorreu a interação mediada on-line entre os usuários do Twitter e a cobertura jornalística da Copa do Mundo 2018 realizada

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COMPÓS 2019 pela Rádio Itatiaia. Os dados foram coletados no período de 28 de maio a 20 de julho de 2018, pela ferramenta Netlytic e analisados por meio do software Gephi, a partir dos conceitos da Análise de Redes Sociais (RECUERO, BASTOS, ZAGO, 2015). Com a utilização dos conceitos de rádio expandido (KISCHINHEVSKY, 2016) e interação mediada on-line (THOMPSON, 2018), observa-se a formação dessas redes e a forma como a hashtag #ItatiaiaNaCopa gerou baixo engajamento por parte do público da Rádio Itatiaia. RELATORIA: Carlos d’Andréa - UFMG | Leonardo Melgaço - UFMG

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 701 (7º andar) SUJEITOS ALGORÍTMICOS, SUBJETIVIDADES PARANOICAS: capitalismo de dados, influência, (in)dividualidades Paulo Faltay Filho - UFRJ RESUMO: Episódios recentes levaram ao centro do debate tecnopolítico o uso de dados pessoais digitais em estratégias de persuasão do comportamento humano. Este artigo discute a conexão entre campos da psicologia e da comunicação diante do cenário de paranoia sistêmica (DUNKER, 2018) presente nos modos de subjetivação do capitalismo de dados. Por um lado, um olhar mais atento para os fundamentos das ferramentas de influência mostra que suas premissas e efetividade são amplamente questionáveis. Por outro, estes casos expõem como agentes institucionais e comerciais disputam nossa orientação política e subjetiva a partir da coleta e análise automatizadas de dados digitais. O quanto esta subjetividade paranoica é fruto de mistificação, marketing e alarmismo? O quanto revela sobre as práticas e os imaginários envolvendo uma economia psíquica dos algoritmos (BRUNO, 2018), a construção de identidades por meio destas mediações e o próprio funcionamento das ferramentas? RELATORIA: Julio Cesar Lemes de Castro - UNISO

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GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA

EU RESPIRO: experiência e subsistência da informação nos objetos inteligentes Elias Bitencourt - UNEB | Leonardo Pastor - UFBA RESUMO: Este artigo investiga o fenômeno das materialidades digitais e o monitoramento com objetos inteligentes através de uma perspectiva que privilegia o percurso da experiência na produção de dados. Para isso, apresentamos um relato de uso pessoal da Spire Stone (wearable dedicado ao monitoramento da ansiedade a partir da respiração), conjuntamente com uma análise descritiva da trajetória de produção informacional. A partir do empirismo radical de William James, argumentamos que a experiência de monitoramento corporal através da Spire revela, em termos de suas consequências práticas, que o corpo, as conformações algorítmicas e o objeto inteligente colocam-se como subsistências da informação. Defendemos, portanto, a experiência como método para explorar as materialidades digitais da informação no processo dinâmico de sua própria formação, evitando perspectivas centradas na especificidade do objeto ou na percepção humana desse objeto. As materialidades digitais constroem-se na experiência. RELATORIA: Paulo Faltay Filho - UFRJ

EXCENTRICIDADE, DESINFORMAÇÃO E POLARIZAÇÃO ASSIMÉTRICA: máquinas de guerra híbrida em plataformas algorítmicas Julio Cesar Lemes de Castro - UNISO RESUMO: Guerra híbrida é tomada aqui como uma modalidade contemporânea de luta política baseada na desestabilização permanente, podendo apresentar-se como organizada horizontalmente ou comandada a partir de uma máquina de guerra. Este trabalho de reflexão teórica, apoiado em pesquisa bibliográfica, propõe-se a analisar o estatuto e a atuação de máquinas de guerra híbrida em plataformas algorítmicas. Tais máquinas caracterizam-se pela excentricidade em relação à governança exercida pelas corporações nas plataformas, funcionando como uma coordenação paralela no interior destas, a 16


COMPÓS 2019 serviço de uma agenda própria. Elas tendem a reforçar a predisposição dos algoritmos à desinformação, produzindo e disseminando notícias falsas em larga escala, o que conduz à anomia informacional e contribui para a polarização assimétrica. Esta, por seu turno, que também acentua uma faceta das plataformas, envolve o posicionamento militante, impulsionado pela potencialização de narrativas, afetos e efeitos meméticos. RELATORIA: Elias Bitencourt - UNEB | Leonardo Pastor - UFBA

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 701 (7º andar) STREAMING DE CONTEÚDO, STREAMING DE SI? Elementos para análise do consumo personalizado em plataformas de streaming Sandra Portella Montardo - FEEVALE | Vanessa A. D. Valiati - FEEVALE RESUMO: Este artigo tem por objetivo identificar elementos para a análise de consumo em plataformas de streaming pela Teoria de Prática (TP). Essas plataformas têm se popularizado e interferido de forma decisiva nos modos de produção, distribuição e consumo de conteúdo. Percebe-se que os sistemas de recomendação inerentes a essas plataformas produzem uma concepção de individualidade acionada por dinâmicas sociotécnicas que envolvem padrões de endereçamento de conteúdos e de anúncios combinados com os dados gerados pelas atividades dos usuários. Acredita-se que o caráter permanente dessa reciprocidade entre procedimentos automatizados e a ação dos usuários revela o consumo por meio de alianças temporárias entre essas partes e, por isso,

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GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA renova o interesse nas abordagens de consumo que consideram a produção de sentido e de identidades. Aspectos materiais, competências, significados e dinâmicas relacionais são elementos provenientes das TP que servem como base para analisar consumo nas referidas plataformas. RELATORIA: Anderson de Almeida Cano Ortiz - UERJ | Fátima Cristina Regis Martins de Oliveira - UERJ

QUASE-DIGITAIS: anseios e visões dos jovens universitários cariocas usuários de multiplataformas Anderson de Almeida Cano Ortiz - UERJ | Fátima Cristina Regis Martins de Oliveira - UERJ RESUMO: O artigo discute sobre as adoções jovens das multiplataformas conectadas à internet e de que maneira essas práticas dialogam com os conceitos da cognição inventiva. A discussão teórica sobre cognição, comunicação e juventude é confrontada com os achados de pesquisa de campo qualitativa realizada, via técnica de grupos focais, quando 59 jovens estudantes universitários da Comunicação, divididos em oito sessões, foram ouvidos por mais de 20 horas de conversas. Revela-se um jovem “quase digital”, altamente afeito aos usos das tecnologias, mas carregando uma espécie de culpa por tamanha adesão. São pesquisadas as visões dos jovens sobre juventude e tecnologias; práticas com as mídias tradicionais e digitais; as adoções digitais em definitivo; as ações empregando a lógica digital conectada; as habilidades e as competências que os jovens reconhecem ter desenvolvido; as perspectivas desses jovens sobre aparatos e corpos conectados; as visões sobre liberdade e inteligência nos tempos atuais. RELATORIA: Sandra Portella Montardo- FEEVALE | Vanessa A. D. Valiati - FEEVALE

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COMPÓS 2019

ESFERA PÚBLICA E DESINFORMAÇÃO: circulação e legitimação da desinformação

estratégias

de

Felipe Bonow Soares - UFRGS RESUMO: Este estudo busca analisar campanhas de desinformação em mídias sociais. O objetivo geral é explorar estratégias de circulação e legitimação da desinformação na esfera pública em mídias sociais. Dois conjuntos de dados de conversações políticas durante as eleições brasileiras de 2018 são analisados. Utiliza-se Análise de Redes Sociais como método. Os principais resultados são: mídias partidárias e líderes de opinião são cruciais para legitimar a desinformação; ambos também são importantes para sua circulação, já que possuem grande visibilidade nas mídias sociais; outros usuários, quando em câmaras de eco, também auxiliam na circulação de desinformação ao compartilhar o conteúdo de mídias partidárias e líderes de opinião; por fim, hashtags também são utilizadas com o objetivo de aumentar a circulação de desinformação. RELATORIA: Fernanda Carrera - UFRJ | Denise Carvalho - UFRN

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 701 (7º andar) ALGORITMOS RACISTAS: uma análise da hiper-ritualização da solidão da mulher negra em bancos de imagens digitais Fernanda Carrera - UFRJ | Denise Carvalho - UFRN RESUMO: Reconhecendo a relevância das discussões a respeito dos algoritmos em mecanismos de busca e seus vieses possivelmente discriminatórios e racistas, este trabalho analisa três bancos de imagens digitais e seus resultados para as palavras-chave “family”, “black family” e “white family”. Com base no conceito de “hiper-ritualização” de gênero de Erving Goffman (1979), estuda-se aqui se a perspectiva imagética de família (mulher, homem, filho e filha) se aplica para o contexto negro ou, ao contrário, corrobora para a “solidão da mulher 19


GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA negra”. Analisando comparativamente mais de 2500 imagens, percebeu-se que as mulheres negras são mais representadas sozinhas com seus filhos do que as mulheres brancas; a palavra-chave “family” resulta em maioria expressiva de famílias brancas; e a pesquisa por “white family” apresenta mais resultados “infiltrados” de famílias negras como indício de racialização da pesquisa para o algoritmo de busca, que considera a branquitude como normativa e neutralidade. RELATORIA: Luli Radfahrer - USP | Dani Gurgel - USP | Alexandre Bessa - USP

FOTOGRAFIA AMADORA DE MÚSICA: um estudo comparativo entre 2007 e 2017 Luli Radfahrer - USP | Dani Gurgel - USP | Alexandre Bessa - USP RESUMO: As fotografias e vídeos registrados pelo público da música sofrem mudanças em sua estética e na forma de sua produção, concomitantes com o desenvolvimento de novos equipamentos e redes de compartilhamento e imagens. Para analisar tais alterações na maneira de se produzir fotografias e vídeos amadores, são comparados dois experimentos similares, promovidos em 2007 e 2017, nos quais amadores foram convidados a ceder suas imagens registradas em uma apresentação musical. Através da sua análise por metadados e assuntos registrados, pôde-se traçar uma leitura subjetiva em torno das mudanças de assuntos e motivações para o registro das imagens. Enquanto a palavra-chave para o experimento de 2007 poderia ser “nós”, em 2017 ela seria “eu”. RELATORIA: Felipe Bonow Soares - UFRGS

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Comunicação e Cidadania Coordenador: Alexandre Barbalho - UECE Vice-coordenadora: Sofia Zanforlin - UFPE


GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 709 (7º andar) A PESQUISA NA INTERFACE ENTRE COMUNICAÇÃO E CIDADANIA: análise bibliométrica comparada de metodologias em bases de dados brasileiras e ibero-americanas Thays Helena Silva Teixeira - UFRN | Juciano de Sousa Lacerda - UFRN RESUMO: Realiza-se um panorama da produção de pesquisas em comunicação na interface com a cidadania, resultado de um movimento metodológico que busca o entendimento das processualidades da pesquisa em cidadania comunicativa e como essa interface é percebida enquanto elemento teórico-metodológico. Elabora-se a partir da bibliometria e pesquisa quantitativa uma compressão ampla das metodologias usadas nas pesquisas em comunicação e cidadania, criando assim um perfil das principais vertentes e buscando um entendimento das dispersões e centralidades nesse campo. As intencionalidades apresentadas mostram um cenário de produção científica que considera o Brasil e uma comparação possível com bases de dados da região Ibero-americana, espaço elegido por suas similitudes e contradições. Os vínculos históricos nesses países perpetuam sentidos e práticas sociais que podem ser observados no fazer ciência, fundamentalmente na compreensão sobre o que é e o que não é cidadania e comunicação nesses territórios. RELATORIA: Denise Cogo - ESPM

BRASILEIROS NA ESPANHA: comunicação e ativismo transnacional em contexto de crise econômico-política Denise Cogo - ESPM RESUMO: Esse artigo visa a analisar a comunicação e o ativismo transnacional de imigrantes brasileiros(as), em Barcelona, Espanha, vinculados ao atual contexto de crise econômico-política do Brasil, focalizando, especialmente, nas 22


COMPÓS 2019 ações coletivas desses(as) imigrantes contra o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Fundamentado na interface teórica entre comunicação, migrações, transnacionalismo e ativismo, o artigo se constrói com base na realização de entrevistas semiestruturadas com sete ativistas brasileiros(as) e a coleta de materiais comunicacionais compartilhados em espaços digitais. Os resultados evidenciam a complementaridade dos espaços da rua e das redes sociais digitais no exercício de um ativismo no qual os(as) imigrantes reatualizam os vínculos, participam e intervêm na política do país de origem, se articulam com a diáspora brasileira no mundo e dão visibilidade à crise econômico-política do Brasil em espaços sociais e midiáticos na Espanha e em outros países da Europa. RELATORIA: Laura Nayara Pimenta - UFMG

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 709 (7º andar) NORDESTINO E CIDADANIA: a cidade do afeto revertendo a barbárie carioca Luana Bulcão - UFRJ | Raquel Paiva - UFRJ | Maria de Fátima Tomaz UFRJ RESUMO: O presente artigo se propõe a trazer a necessidade da discussão teórica sobre o lugar do migrante nordestino na cidade do Rio de Janeiro. A proposta concentra-se no reconhecimento de que a cidadania é uma obrigação, uma necessidade e um direito a que todos os habitantes da cidade fazem jus. O trabalho traça pistas da exclusão e agressividade a que o nordestino se sujeita até os dias atuais, seja a partir da produção midiática, seja a partir da política, como se consolidou nas eleições presidenciais de 2018. O trabalho realiza uma revisão bibliográfica apoiado nas reflexões de diversos autores a partir do enfoque cidadania-cidade para ancorar na proposta de Sennett a respeito da construção de uma cidade ética e humana. O trabalho pretende abrir uma proposição de pesquisa centrada na presença do nordestino no Rio de 23


GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA Janeiro, revisitando autores históricos sobre o tema e avançando no sentido de incorporar novas proposições vinculadas ao sensível. Reexaminar a ideia de cidadania de forma a reaver seu sentido político e afetivo torna-se fundamental. RELATORIA: Daniel Paiva de Macêdo Júnior - UFC | Márcia Vidal Nunes - UFC

BARRICADAS VIRTUAIS ABREM CAMINHOS? O uso do Facebook na produção de memória e disputa de narrativas nas ocupações universitárias de 2016 no Ceará Daniel Paiva de Macêdo Júnior - UFC | Márcia Vidal Nunes - UFC RESUMO: Este trabalho discute a relação nutrida pelos movimentos sociais com a virtualidade à luz dos acontecimentos decorrentes da ocupação das universidades em 2016, no Ceará, para compreender a adoção dos mecanismos online e o uso de páginas do Facebook, administradas por estudantes-ocupantes, a partir da metodologia de Análise de Redes Sociais proposta por Recuero, Bastos e Zago (2015), a fim de identificar níveis de interação e construção de redes e averiguar se a tática empregada mostrou-se efetiva no embate com as versões do processo de ocupação das universidades construídas pelos monopólios do jornalismo cearense. RELATORIA: Luana Bulcão - UFRJ | Raquel Paiva - UFRJ | Maria de Fátima Tomaz - UFRJ

HISTÓRIAS IMPORTAM: a apropriação midiática dos jovens comunicadores da Rede Cuca Francisco George Costa Torres - UFC RESUMO: O presente artigo analisa as potencialidades na apropriação dos meios de comunicação pelos jovens integrantes dos projetos de comunicação da Rede Cuca. Foi utilizada como referência a aula inaugural de acompanhamento dos cursos que fazem parte do Programa Jovens Comunicadores, ocorrida no dia 20 de setembro de 2018, no auditório do Cuca Mondubim, em Fortaleza - CE. A metodologia utilizada foi a Observação Participante. Partindo de 24


COMPÓS 2019 autores como Spivak (2010), Bourdieu (2012), Santos (2003) e Thompson (1998), o artigo trata da apropriação midiática dos jovens comunicadores frente às relações de poder estabelecidas pela mídia, a partir de dois momentos da aula inaugural: uma conversa sobre o Estatuto da Juventude e a exibição da palestra de Chimamanda Adichie, intitulada “O perigo de uma história única”. A partir do contato com as mídias, esses jovens podem dar outra vida e outra voz ao seu entorno, oferecendo novos tipos de narrativas para além do que a mídia tradicional impõe. RELATORIA: Thays Helena Silva Teixeira - UFRN | Juciano de Sousa Lacerda UFRN

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 709 (7º andar) DINÂMICAS DE SILENCIAMENTO: obstáculos à efetivação da cidadania no problema da exploração sexual infanto-juvenil Laura Nayara Pimenta - UFMG RESUMO: O presente artigo visa contribuir com os estudos sobre comunicação e cidadania ao realizar uma reflexão sobre as relações comunicacionais e os fatores que conformam as condições de publicidade da causa de enfrentamento à exploração sexual infanto-juvenil – que é permeada por tabus e relações de poder que fazem silenciar – tornando-a menos ou mais visível e ordenando uma constelação de engajamentos, de sensibilizações e de mobilizações em seu entorno. Para tanto, na primeira seção será abordado o processo comunicacional de publicização, coletivização e mobilização de uma causa. Compreendendo que existem barreiras a essa coletivização, na segunda seção serão explorados os fatores que a silenciam e bloqueiam. Na terceira seção será ana-

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GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA lisado o caso do Vale do Jequitinhonha, região do Estado de Minas Gerais que apresenta uma situação de pobreza e problemas sociais evidentes, além de um grave índice de exploração sexual de crianças e adolescentes, que fere a cidadania infanto-juvenil. RELATORIA: Francisco George Costa Torres - UFC

IMPRENSA E GÊNERO NA AMAZÔNIA: representações jornalísticas da mulher no Festival Folclórico de Parintins (AM) Yasmin Ribeiro Gatto Cardoso - UNESP | Murilo César Soares - UNESP RESUMO: Esta pesquisa analisa a representação jornalística do gênero feminino dentro da principal manifestação popular da Região Norte: Festival Folclórico de Parintins. A investigação se dá com base nos enquadramentos construídos pela cobertura noticiosa dos dois principais jornais impressos da região nos anos de 2015 e 2016. Na região Amazônica, o destaque que as mulheres recebem na mídia relaciona-se quase sempre com a questão das manifestações culturais existentes, o que nos leva a refletir como os meios de comunicação da própria região enxergam a mulher e fazem uma representação dela. Por isso, a pesquisa procura responder as seguintes perguntas: como as mulheres que participam do Festival Folclórico de Boi-Bumbá estão sendo apresentadas nos meios de comunicação e de que forma esse enquadramento representa a figura feminina? Concluiu-se que as mulheres são apresentadas primeiramente como item de boi, ou seja, personagens de uma representação popular. Depois elas são apresentadas como mulheres brancas, que tem cabelos longos, negros e lisos. RELATORIA: Paulo Justus - FCL | Richard Romancini - USP | Fernanda Castilho - CEETPS

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COMPÓS 2019

UM PRISMA, MUITAS FACES: mapa de coletivos de mulheres, suas propostas e formas comunicativas Paulo Justus - FCL | Richard Romancini - USP | Fernanda Castilho - CEETPS RESUMO: O artigo analisa os registros do Mapa de Coletivos de Mulheres (MAMU), para entender como o conceito de “organização de movimento social” (OMS) associa-se às iniciativas e como a dimensão comunicativa aparece nelas. Essa plataforma online possui o cadastro de 290 organizações, grupos e projetos de todo o Brasil, a partir de autodescrições. É feita uma análise descritiva e outra qualitativa dos registros (enquadramento), com comparações a respeito dos temas, das atividades e da macro moldura interpretativa. É possível destacar, dentre os resultados: a diversidade temática das iniciativas; a internet tornou-se um espaço básico para a organização das mulheres, embora o uso inovador do meio seja baixo; as ações que destoam das concepções de referência sobre as OMSs estão ligadas à oferta de serviços (de espiritualidade, principalmente), à relação entre iniciativas do poder público e a causa feminina, e, por fim, a emergência de um “feminismo neoliberal”. RELATORIA: Yasmin Ribeiro Gatto Cardoso - UNESP | Murilo César Soares UNESP

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 709 (7º andar) COMUNICAR PARA MOBILIZAR: as práticas etnocomunicativas do Conselho Indígena de Roraima Vilso Junior Chierentin Santi - UFRR | Bryan Chrystian da Costa Araújo - UFRR RESUMO: Buscamos com esta pesquisa nos aproximar das práticas etnocomunicativas levadas a cabo pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR), a fim de identificar o lugar ocupado por elas no sistema local de produção de discursos. 27


GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA Para tanto tratamos primeiro da Estruturação dos Movimentos Sociais e dos Movimentos Sociais no Brasil, para depois apresentar o chamado Movimento dos Povos Indígenas. Na sequencia identificamos os princípios da Etnocomunicação Indígena – a) Etnicidade como componente essencial; b) Territorialidade como elemento regulador; e c) Reconhecimento como fim (primeiro e último) – e apontamos o próprio Conselho Indígena de Roraima (CIR), suas Assembleias dos Tuxauas (primeiro) e suas Assembleias Gerais (depois), como dispositivos etnocomunicacionais complexos, nos quais os princípios da etnocomunicação indígena florescem em nível local. RELATORIA: Filipe Mendes Motta - UFMG

ENQUADRAMENTO E DISCURSOS AMBIENTAIS: alternâncias nos posicionamentos de um movimento social em interações políticas Filipe Mendes Motta - UFMG RESUMO: O trabalho busca compreender se há alternância no posicionamento discursivo de um movimento social, o Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela, durante o seu processo de atuação. Para isso, faz uma adaptação do conceito de discursos ambientais, desenvolvido por Dryzek (2013), ao contexto brasileiro, e mobiliza a abordagem de enquadramento de Erving Goffman. Na análise, as interações políticas do referido movimento são reconstituídas a partir de entrevistas semiestruturadas com atores que participaram do processo. Defende-se a capacidade dessa abordagem de enquadramento dar conta da análise de fenômenos políticos complexos. RELATORIA: Vilso Junior Chierentin Santi - UFRR | Bryan Chrystian da Costa Araújo - UFRR

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Comunicação e Cultura Coordenador: Fábio Fonseca de Castro - UFPA Vice-coordenador: José Eugenio de Oliveira Menezes - FCL


GT COMUNICAÇÃO E CULTURA

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 403 (4º andar) DIÁLOGOS ENTRE ESTUDOS CULTURAIS E JORNALISMO: presenças e ausências nas publicações científicas Marli dos Santos - FCL | Ana Luiza Coiro Moraes - FCL | Carlos Humberto Ferreira Silva Júnior - UNESP RESUMO: Este artigo analisa como se configura a presença dos Estudos Culturais (EC) na pesquisa em Jornalismo disseminada em revistas científicas dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação e entidades representativas da área. Contextualiza teoricamente os EC e os Estudos de Jornalismo, bem como o conceito de revista científica. Trata-se de uma pesquisa exploratória, quali-quantitativa, cujo corpus se constitui de revistas classificadas nos estratos A2 e B1 do Qualis, que conclui haver interlocução entre EC e Jornalismo, sob as categorias: Identidades, Grupos e Representações e Práticas e Produções Jornalísticas. RELATORIA: Amanda Santos - UFRJ | Nicole Sanchotene - UFRJ

FORAM OS ALIENS: verdade, crença e comunicação de massa Márcio Gonçalves Souza - UERJ RESUMO: O artigo aborda a questão das estratégias de produção de verdade na sociedade contemporânea, tomando como objeto de estudo um produto da comunicação de massa: o episódio Dispositivos Secretos do programa Alienígenas do Passado. É feita uma discussão do estatuto da verdade e de sua relação com as formas de produção de crença hoje, ao que se segue a análise do material midiático. A conclusão aponta para modos de fundamentação da verdade que mimetizam discursos logicamente estruturados sem o sê-lo. RELATORIA: Luiza Spínola Amaral - UNB | Norval Baitello Junior - PUC-SP

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COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 403 (4º andar) TROMPE-L’OEIL: apagamentos e (in)visibilidade da Umbanda na cultura brasileira Maurício Ribeiro da Silva - UNIP RESUMO: Este trabalho objetiva discutir, a partir da perspectiva cultural, o fenômeno do apagamento de cultos originados em grupos não hegemônicos, como é o caso da Umbanda no Brasil. Inicialmente valendo-se do método indutivo exploratório para delinear a operacionalidade do conceito de apagamento denominado por Muniz Sodré como “trompe-l’oeil”, apresentam-se dados objetivos referentes à pesquisa acadêmica acerca do fenômeno religioso e do volume de notícias associadas à Umbanda e outras religiões na imprensa do país. Tais dados foram contrastados com resultados de buscas relacionadas ao mesmo universo de palavras-chave na rede internet por meio da ferramenta Google Trends. A análise denota volumosa discrepância entre a quantidade de pesquisas e notícias identificadas em comparação com a dimensão do fluxo de buscas na internet, denotando a efetividade do conceito de apagamento na observação das diferenças existentes entre a produção acadêmica e noticiosa e o consumo de informações na rede. RELATORIA: Dimas A. Kunsch - UMESP | Roberto Chiachiri - UMESP

A DIMENSÃO DO “EXTRAORDINÁRIO”: temporalidade na Revolução Cubana

narrativa

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Rosana Berjaga Méndez - UFF RESUMO: Uma relação particular entre o discurso oficial cubano e a história do país parece ter ajudado na legitimação dos líderes históricos da Revolução e na delineação de eventos e figuras que articulariam a narrativa de continuidade histórica revolucionária através dos séculos. Neste artigo, discutimos como a

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GT COMUNICAÇÃO E CULTURA conjunção dessas linhas discursivas impactou não apenas nos elementos simbólicos da apreensão do sentimento nacional, mas na criação de uma temporalidade particular da Revolução. A nossa análise se debruça no entendimento de um aparente “tempo extraordinário” da Revolução9 Cubana (MARTÍNEZ HEREDIA, 2009), e seus desdobramentos entre as mudanças radicais do “tempo em Revolução” da década de 1960, e o “tempo da Revolução”, enquanto construção coletiva do presente. RELATORIA: Marli dos Santos - FCL | Ana Luiza Coiro Moraes - FCL | Carlos Humberto Ferreira Silva Júnior - UNESP

LAROIÊ, EXU! Um ensaio sobre cultura, diálogo e compreensão Dimas A. Kunsch - UMESP | Roberto Chiachiri - UMESP RESUMO: Ao eleger o gênero do ensaio para a escrita do texto que apresentam, tentando quanto possível fugir de um modelo cognitivo fundado nas ideias de verdade e certeza, os autores se situam em uma tradição de pensamento que privilegia a conversa e o diálogo no debate de um tema, sem garantia de sucesso e, também, sem pontos finais na discussão. O texto retoma trabalhos anteriores para encontros nacionais da Compós e avança no caminho da compreensão ao lançar o convite para um encontro com Exu nas encruzilhadas do pensamento. A atenção recai particularmente sobre dois princípios elementares, tanto para uma crítica ao pensamento das verdades e das certezas quanto para a instauração de uma mirada compreensiva nos campos da cultura e das práticas sociais de conhecimento: a incerteza e da complementaridade dos opostos. Comunicação, cultura e compreensão dialogam entre si e conformam a base teórico-epistemológica da proposta do ensaio. RELATORIA: Ieda Tucherman - UFRJ

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COMPÓS 2019

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 403 (4º andar) ABSTRAÇÃO E OUVIR. Aproximações entre o pensamento de Jean Gebser e Vilém Flusser e suas contribuições para uma ciência da cultura e da mídia Luiza Spínola Amaral - UNB | Norval Baitello Junior - PUC-SP RESUMO: O objetivo desse artigo é introduzir o pensamento de Jean Gebser no âmbito de uma ciência da cultura, propondo aproximações entre suas ideias e as de Vilém Flusser. Em específico, pretendemos demonstrar como a noção da escada da abstração (Treppe der Abstraktion) desenvolvida por Flusser parece se fundamentar na teoria da cultura elaborada por Gebser. Ao final, e a partir dos questionamentos de Jean Gebser (e Dietmar Kamper), identificamos no sentido do ouvir uma atenuante para a crescente abstração do mundo contemporâneo. RELATORIA: Eliete da Silva Pereira - UEMG

SONORIDADES ANACRÔNICAS DA TECNOCULTURA NOS VIDEOGAMES: uma problematização preliminar Eduardo Harry Luersen - UNISINOS | Suzana Kilp - UNISINOS RESUMO: O interesse inicial deste artigo é problematizar algumas situações das pesquisas atuais sobre as sonoridades dos jogos eletrônicos para, em seguida, recobrar uma abordagem que articule comunicação, memória e cultura, na tentativa de situar estes artefatos amplamente disseminados na contemporaneidade em um ambiente tecnocultural mais largo. Para isso, lançamos mão de uma revisão parcial da literatura em torno das sonoridades dos jogos eletrônicos, tensionando-a através de aportes teórico-metodológicos da filosofia da história de Walter Benjamin e da arqueologia das mídias. Com esta abordagem, que guarda importantes consequências ético-políticas para a pesquisa em cur33


GT COMUNICAÇÃO E CULTURA so, acabamos por reformular questões acerca dos sonidos dos jogos eletrônicos, tomando-os, por fim, como objetos potentes para inquirir a tecnocultura contemporânea e uma memória das mídias que os perpassa. RELATORIA: Márcio Gonçalves Souza - UERJ

E-DIÁSPORA CABILA: notas sobre a migração conectada contemporânea Eliete da Silva Pereira - UEMG RESUMO: Os processos migratórios contemporâneos são cada vez mais modulados pelas tecnologias de comunicação e informação (Internet e dispositivos de conexão - smartphones, computadores, etc.). Para analisar essas transformações dos processos migratórios, este paper discutirá as múltiplas feições da e-diáspora (migração conectada) Cabila, povo de origem berbere da região do norte da Argélia. À luz de uma ecologia comunicativa em rede e por meio de uma perspectiva histórica, comunicativa e imersiva, analisou-se essa migração a partir do caso do portal Kabyle.com, que nos permitiu, portanto, extrair algumas considerações a respeito da migração conectada contemporânea. A feição “digital” intrínseca às diásporas atuais indica que a combinação dos elementos interagentes culturais, territoriais, tecnológicos e comunicativos transformam-se em importantes propulsores da revitalização cultural e da conexão com seus territórios, fazendo também das redes digitais novas espacialidades comunicativas e interculturais. RELATORIA: Rosana Berjaga Méndez - UFF

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COMPÓS 2019

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 403 (4º andar) EDUCAÇÃO E BIOPOLÍTICA NUMA SOCIEDADE TECNOLÓGICA DE MERCADO: modelos disciplinares, tecnológicos e a educação doméstica Ieda Tucherman - UFRJ RESUMO: O objetivo deste texto é o de provocar uma reflexão entre a noção de capital humano, a política da intimidade e a educação nas suas diferentes concepções na nossa atualidade. O ponto de partida nasce da percepção da tecnologia como condição da experiência, e não apenas como seu instrumento, e na ponderação de quais são consequências e questões que isto traz para o universo do ensino e da aprendizagem. Portanto, tratamos no universo da educação no seu modelo disciplinar e de sociedade de controle criticando as arrogâncias da pretensão à universalidade. Em seguida propomos a ampliação deste panorama, incluindo a Educação Doméstica atrelada às suas origens religiosas. RELATORIA: Eduardo Harry Luersen - UNISINOS, Suzana Kilp - UNISINOS

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GT COMUNICAÇÃO E CULTURA

ABUSO, DESEJO E MORALIDADE: narrativas contemporâneas sobre sofrimento nas relações amorosas Amanda Santos - UFRJ | Nicole Sanchotene - UFRJ RESUMO: Este artigo se propõe investigar o conceito de relacionamento abusivo presente na mídia, pensando a sua centralidade no movimento feminista recente. Nesse contexto, a acusação de abuso emocional nas relações afetivas se configura como uma importante pauta política. Acreditamos que os testemunhos de relacionamento abusivo estão atrelados à subjetividade da vítima e à cultura terapêutica, cuja singularidade histórica será discutida como modo de situar as condições de possibilidade que levaram à ascensão destas narrativas. Se hoje o gênero testemunhal manifesta-se como narrativa autobiográfica predominante, sugerimos que a confissão moderna ocupava este lugar antes, e representava uma forma distinta de articular experiência amorosa e moralidade. Por fim, problematizamos os desdobramentos políticos desta nova retórica como forma de contribuir aos debates feministas, questionando em que medida o discurso sobre relações abusivas confere às mulheres autonomia em suas relações íntimas. RELATORIA: Maurício Ribeiro da Silva - UNIP

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Comunicação e Experiência Estética Coordenador: Laan Mendes De Barros – UNESP Vice-coordenador: Maurício Lissovsky – UFRJ


GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 702 (7º andar) ESTÉTICA E HERMENÊUTICA: a estética da comunicação como hermenêutica do mundo sensível Monclar Eduardo Góes de Lima Valverde – UFBA / UFRB RESUMO: Ultimamente, tornaram-se comuns questionamentos, não apenas de determinadas interpretações, mas da ideia mesma de “interpretação”, como noção capaz de dar conta do que está em jogo no centro do processo comunicacional, seja pela discordância frente aos critérios compreensivos ou simplesmente pela desconfiança com relação à própria materialidade do que se quer interpretar. Vemos, assim, autores recorrendo a noções como a de “inconsciente estético”, para fundamentarem melhor suas explicações neste campo, enquanto outros preferem suspeitar de que qualquer hermenêutica coloque de lado a concretude do mundo sensível e, contra isso, proclamam a necessidade de uma enigmática “produção de presença”. Além de parecerem equivocados, tais autores requentam colocações que já mereciam reparos nos próprios textos em que ainda podiam parecer originais. Por esta razão, partiremos deles para apresentar nossas objeções, procurando, alternativamente, apontar o que não se pode ignorar sobre as noções de experiência, sentido e sensibilidade… RELATORIA: Irene de Araújo Machado – USP

ENCONTROS ENTRE SENSAÇÕES E LEMBRANÇAS EM PROUST: o tempo comunicado por meio da obra de arte Regina Rossetti – USCS RESUMO: Proust intentou comunicar o tempo por meio de seu romance “Em busca do tempo perdido” que, como obra de arte, possui uma dimensão estética cujo intuito é tornar sensível o próprio tempo. O estilo fluido e o uso cons-

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COMPÓS 2019 tante de metáforas compõem a estética proustiana e contribuem no processo comunicacional presente na narrativa do tempo, na medida em que contempla a dimensão ativa da sensibilidade capaz de por meio de sensações presentes fazer ressurgir lembranças do passado. O objetivo deste artigo é destacar como o encontro entre sensibilidade e memória está na gênese da narrativa proustiana que busca comunicar o tempo. RELATORIA: César Geraldo Guimarães – UFMG | Hannah Serrat – UFMG

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 702 (7º andar) UMA ETNOGRAFIA SENSORIAL DO FAZER A FEIRA NA FEIRA DO GUAMÁ Marina Ramos Neves de Castro – UFPA RESUMO: Este trabalho parte de uma etnografia realizada em uma feira em Belém, entre 2011 e 2018. Buscamos transitar no campo de diálogo entre Comunicação e Antropologia, explorando a proposição uma “etnografia sensorial” (PINK, 2009; 2010) e a discussão sobre a partilha do sensível feita por Laplantine (2007); Caune (2014) e Le Breton (2016a; 2016b; 2017) para compreender as formas sociais (SIMMEL, 2013) do gosto no espaço pesquisado. Na empreitada ressaltamos as implicações das experiências sensoriais vivenciadas no fazer a feira através das interações lá vivenciadas; como estas constroem certa estética, certa maneira de estar-junto que se reverbera na quotidianidade do fazer a feira. RELATORIA: Gustavo de Castro e Silva – UNB | Sued Ferreira da Silva – UNB

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GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA

“BOLOLÔ, VAMÔ OCUPAR”: estética e política nos arranjos disposicionais da insurgência secundarista Francine Altheman – UFMG RESUMO: Este trabalho busca compreender as potencialidades estéticas dos corpos insurgentes que tomam os espaços como forma de estratégia de resistência, política e comunicativa, por meio das narrativas dos secundaristas que ocuparam as escolas de São Paulo em 2015. A proposta é refletir sobre as imagens e depoimentos produzidos no momento da ocupação, mas também sobre o reenquadramento das cenas produzido por um grupo de teatro que reencena a insurgência secundarista. Estas reflexões foram desenvolvidas principalmente a partir do pensamento de Jacques Rancière, especialmente focando no método da igualdade, bem como a partir do conceito de arranjos disposicionais, inspirado em Foucault. O texto aponta para configurações da cena insurgente a partir de dispositivos interacionais, de rearranjos no processo comunicacional, que emancipa o sujeito da resistência. Relatoria: Heloísa de Araújo Duarte Valente – UNIP

EXPERIÊNCIAS ESTÉTICO-DIALÓGICAS EM ARTE-ATIVISMO Irene de Araújo Machado – USP RESUMO: Embora por arte-ativismo se entendam performances artísticas em coletivos, experiências estéticas individuais, solitárias e silenciosas podem representar gestos de força criativa e contestatória. Ao tomar a arte-ativismo como objeto de estudo, o ensaio discute a potência dialógica de obras que, ao ocuparem o espaço público, alteram as relações com o entorno. Explora-se, assim, a dinâmica interativa por meio dos próprios objetos e eventos estéticos que, com seus procedimentos, passam a iconizar tanto o gesto criador do artista quanto seu discurso e ideais mais amplos. Com isso, cria-se uma relação entre arte e política que estimula a exploração plástica do sensório, como se procurou examinar no ensaio. RELATORIA: Maurício Lissovsky – UFRJ 40


COMPÓS 2019

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 702 (7º andar) A NOÇÃO DE INFINITO, AS LISTAS E OS LIMITES EM GUIMARÃES ROSA Gustavo de Castro e Silva – UNB | Sued Ferreira da Silva – UNB RESUMO: Estudo das recorrências da noção de infinito no pensamento e na arte de João Guimarães Rosa (1908-1967), assim como análise de sua prática e confecção de listas de palavras e expressões idiomáticas. O objetivo deste artigo é o de compreender a estética como heteromobilidade ou ginástica do espírito, no sentido enciclopédico, de exercício constante com o elenco e a catalogação. Nossa metodologia será descritiva e interpretativa, baseada em análises de bibliografia primária, sobretudo material de arquivo, e bibliografia secundária, sempre na busca de compreensão dos fenômenos estudados. Nossa conclusão indica que Guimarães Rosa desejou mesmo tratar a questão da “eternidade” sob a convergência dos saberes ao explorar os próprios limites da linguagem e do pensamento. RELATORIA: Monclar Eduardo Góes de Lima Valverde – UFBA / UFRB

A VIDA SOBRE A TERRA: aparecer em comum, entre estilhaços coloniais César Geraldo Guimarães – UFMG | Hannah Serrat – UFMG RESUMO: A partir das reivindicações de Achille Mbembe em prol de novas “formas africanas de autoinscrição” e das formulações de Jacques Rancière em torno da “partilha do sensível”, este artigo investiga as cenas dissensuais criadas pela “mise-en-scène” de “A vida sobre a terra” (1998), de Abderrahmane Sissako. Ao desfazer sutilmente a trama de um tempo homogêneo e consensual imposto pela globalização, o filme inventa uma comunidade firmada na coexistência entre distintas temporalidades, tensionando os quadros

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GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA normativos impostos pela modernidade ocidental e enfrentando as formas renovadas de colonialidades. Para identificar como os povos negros africanos aparecem em “A vida sobre a terra”, elegemos a fotografia como interlocutora, privilegiando dois retratistas do Mali: Seydou Keïta e Malick Sidibé. RELATORIA: Felipe Gue Martini – UNISINOS

HORACIO COPPOLA EM CONGONHAS: a fotografia e o silêncio do profeta Maurício Lissovsky – UFRJ RESUMO: Em 1945, Horacio Coppola, o mais renomado fotógrafo moderno argentino, realiza uma viagem às cidades históricas mineiras para documentar a obra de Aleijadinho. O resultado desse trabalho levará quase dez anos para vir ser exposto e finalmente publicado. Investigamos neste ensaio as hesitações e as escolhas estéticas do fotógrafo à luz dos debates em torno da originalidade do barroco mineiro e da existência do escultor. RELATORIA: Francine Altheman – UFMG

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 702 (7º andar) PARLAMI D’AMORE MARIÙ! Sensibilidade estética e semântica musical na construção poética audiovisual Heloísa de Araújo Duarte Valente – UNIP RESUMO: A canção Parlami d’amore Mariù data da década de 1930 e integra o repertório de cantores das mais variadas afinidades estéticas. Apropriada como trilha musical da peça publicitária para a campanha Light Blue, da grife Dolce & Gabbana, ganha nova acepção semântica. Considera-se a forte presença de elementos de imaginário na publicidade (BAITELLO, 2014), pois as poéti42


COMPÓS 2019 cas de composição constroem seus discursos, a partir da exploração de formas de sensibilidade estética muito precisas, baseadas na intensidade das emoções e sentimentos vividos. Estes elementos são indispensáveis para a permanência na memória garantindo, segundo Lotman e Uspenski (1981), a longevidade dos códigos. Neste processo, a trilha musical e a performance (Cf. ZUMTHOR) serão de fundamental importância. Para demonstrá-lo, este texto analisa, a partir desta campanha, como os atravessamentos e interfaces entre as várias linguagens constituem uma semântica própria, para a fixação como memória midiática. RELATORIA: Marina Ramos Neves de Castro – UFPA

PULSÃO DE VIDA OU SUICÍDIO? Escutas musicais poéticas entre Porto Alegre e Montevidéu Felipe Gue Martini – UNISINOS RESUMO: Trecho empírico da tese “Platina: transmetodologia radical e escutas poéticas musicais entre Porto Alegre e Montevidéu”, o texto apresenta seis artistas e seus projetos musicais: Nosso Querido Figueiredo, dpsmkr, Saskia, Natália Taborda, Joseph Ibrahim e Darvin Elisondo, a fim de narrar a estética platina presente em Porto Alegre e Montevidéu, pelas bordas. Como método, as escutas poéticas e seu duplo, as musicalidades dialéticas, propõe o uso material da sonoridade como ciência. O ponto de chegada é a figura do suicídio, presente como musicalidade e como metáfora para o hábito compulsivo de publicar composições musicais na internet. RELATORIA: Regina Rossetti – USCS

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Comunicação e Política Coordenadora: Liziane Guazina - UNB Vice-coordenadora: Kelly Prudencio - UFPR


COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 710 (7º andar) DISCUSSÃO POLÍTICA ONLINE: emoção e deliberação sobre a redução da maioridade penal em duas plataformas distintas Gabriella Hauber - UFMG | Rousiley C. M. Maia - UFMG RESUMO: Este artigo tem como objetivo investigar a relação entre emoção e razão em comentários de dois ambientes online distintos: página ativista no Facebook e um espaço legislativo. Investigamos se as diferentes características interacionais dos ambientes interferem na expressão de emoções e na justificação sobre a redução da maioridade penal. Para isso, nos alinhamos a autores construtivistas, que partem de uma concepção das emoções relacionadas às crenças, aos valores e ao julgamento moral. Nossos resultados revelam que o ambiente interfere, em alguma medida, no provimento de razões. Contudo, o mesmo não ocorre em relação à expressão de emoções. Também identificamos que uma mesma emoção pode estar associada a argumentos tanto contrários quanto favoráveis à redução. Dessa forma, este artigo contribui para avançar análises empíricas que comparam a discussão online em plataformas distintas e, ainda, preencher uma lacuna nos estudos sobre deliberação, ao focalizar relações entre justificação e emoção. RELATORIA: Caroline Pecoraro - PUC-Rio, Arthur Ituassu - PUC-Rio | Letícia Capone - PUC-Rio | Vivian Mannheimer - PUC-Rio

#ELENÃO: conversação política em rede e trama discursiva do movimento contra Bolsonaro no Twitter Carla Candida Rizzotto - UFPR | Aléxia Saraiva - UFPR, | Louize Nascimento - UFPR RESUMO: O movimento contra o então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro, identificado nas redes sociais pela hashtag #EleNão, levou milhares de pessoas às ruas de 114 cidades do Brasil e do mundo no dia 29 de setembro 45


GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA de 2018. Considerando a conversação política informal importante para a formação dos argumentos dos sujeitos, este artigo busca mapear as redes de discussão política e analisar as estratégias discursivas nas postagens do Twitter. O corpus é composto por 1.098.946 tuítes publicados na data do protesto que usaram a hashtag #EleNão. Através da análise de conteúdo realizada nos 585 tuítes com maior repercussão foi possível compreender os argumentos, as estratégias comunicacionais, os recursos empregados e o posicionamento dos sujeitos engajados. Os resultados indicam a existência de uma restrita rede política, que ressaltou o protagonismo das mulheres no movimento e reforçou nos indivíduos engajados o sentimento de pertencimento coletivo. RELATORIA: Bruno Kegler - UNISC/UFSM | Rejane de Oliveira Pozobon - UFSM

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 710 (7º andar) A ‘NOVA ERA’ DA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA? WhatsApp e call to action nas consultas do e-Cidadania (Senado Federal) Viktor Chagas - UFF | Isabele Mitozo - UFBA | João Guilherme Bastos dos Santos - UERJ | Samuel Barros - UFRB | Dilvan Azevedo - UFBA RESUMO: O período eleitoral de 2018 inaugurou no Brasil a utilização de Mobile Instant Messaging Services (MIMS) para campanhas. Paralelamente, percebeu-se a utilização desses mecanismos para chamada à participação em outra ação política: consultas públicas. O presente trabalho analisa o que caracterizou essa chamada à participação nas consultas públicas do Portal e-Cidadania do Senado Federal brasileiro, pela ferramenta WhatsApp em 2018 e, em que medida, esse call to action esteve conectada a campanha eleitoral, especialmente com a polarização ligada ao pleito presidencial. A pesquisa realiza uma análise de conteúdo quanti-qualitativa, a fim de depreender o conteúdo das mensagens de convocação às consultas, o perfil de compartilhamento e a co-

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COMPÓS 2019 nexão entre essa ação e a campanha. Os resultados apontam que a circulação de chamadas causou distorção participativa no e-Cidadania, os temas acionados compunham a plataforma de campanha do candidato eleito e esse apelo extrapolou o período eleitoral. RELATORIA: Gabriella Hauber - UFMG | Rousiley C. M. Maia - UFMG

TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PATRIARCADO: o “lugar” das mulheres no discurso eleitoral de 2018 Denise Maria Mantovani - UNB RESUMO: O presente artigo pretende oferecer uma breve reflexão sobre os discursos mobilizados pelos principais candidatos à presidência da República durante as eleições presidenciais de 2018. O texto procura dialogar com abordagens teóricas feministas e também com aquelas que vêm refletindo sobre ideologias neoconservadoras que envolvem o comportamento, religião e gênero. A análise teórica parte de resultados empíricos resultante da observação dos programas eleitorais gratuitos veiculados na televisão e a cobertura noticiosa envolvendo os/as candidatos/as durante o período oficial da disputa. Verificou-se que um dos eixos estruturantes do discurso eleitoral girou em torno de argumentos centrados na família tradicional, nas hierarquias de gênero, na heteronormatividade compulsória com forte presença de elementos religiosos para definir visões sobre família, papéis sociais para as mulheres e a homossexualidade. Nossa hipótese no presente artigo parte da compreensão de que a temática dos costumes foi e permanece sendo um dos eixos ideológicos que organiza a ação política dos novos grupos no poder. Por essa razão, entendemos que a estrutura social definida pela hierarquia patriarcal cristã é um dos pilares centrais (e não secundário) na estratégia de dominação da nova ordem no poder. RELATORIA: Carla Candida Rizzotto - UFPR | Alexia Saraiva - UFPR | Louize Nascimento - UFPR

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GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA

COMUNICAÇÃO, INTERNET E TRANSPARÊNCIA: o Facebook das prefeituras de Rio de Janeiro e São Paulo Caroline Pecoraro - PUC-Rio | Arthur Ituassu - PUC-Rio | Letícia Capone - PUC-Rio | Vivian Mannheimer - PUC-Rio RESUMO: No campo dos estudos de internet e transparência, este trabalho tem como objetivo analisar a comunicação no Facebook das prefeituras das duas maiores cidades brasileiras, Rio de Janeiro e São Paulo, buscando representações de potenciais processos de transparência envolvendo as administrações locais e o cidadão. Com uma metodologia qualitativa de análise de conteúdo, examinamos 1.116 postagens publicadas em 2017 para averiguar se foram abordados temas ligados à ideia de transparência. Constatamos a presença de representações de potenciais processos de transparência na comunicação das prefeituras no Facebook, em especial na publicidade de ações de governo. Entretanto, temas clássicos de transparência como agenda e conteúdo fiscal foram claramente negligenciados nos dois casos. O estudo busca contribuir para a análise de uma "cultura da transparência" na mídia digital, a partir de uma perspectiva mais ampla de comunicação do que as adotadas pela pesquisa de e-transparência em geral. RELATORIA: Camila Moreira Cesar - Université de Lorraine-Metz/ Université Sorbonne Nouvelle Paris 3/ UFRGS | Maria Helena Weber - UFRGS

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ- 9h às 12h - Sala 710 (7º andar) O ESPECTRO LULA NA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DE 2018: imagem pública e imagem negada Alexandre Haubrich - UFRGS RESUMO: Este artigo discute a presença da imagem pública do ex-presidente Lula na campanha eleitoral presidencial de 2018. Para tanto, referenciamo-nos teoricamente em autores que tratam da formação da imagem pública (GOFFMAN, 48


COMPÓS 2019 2009), as disputas em torno do poder simbólico (BOURDIEU, 2011) e o contexto da sociedade do espetáculo (DEBORD, 1997), além de questões relacionadas à visibilidade (WEBER, 2006; MAIA, 2008; GOMES, 2008) e carisma (WEBER, 1999). Com técnicas de análise de conteúdo, investigamos, então, capas de jornais e revistas durante a campanha eleitoral. Analisamos, ainda, os programas eleitorais veiculados na televisão pelos dois candidatos que chegaram ao segundo turno, Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL). Foi possível observar forte incidência da imagem pública de Lula na campanha, em todos os campos e atores investigados, sempre com destaque para as disputas em torno da imagem do ex-presidente. RELATORIA: Maíra Moraes Vitorino - UNB | David Renault - UNB

A JUSTIÇA, O RÉU E CANDIDATO LULA EM CAPAS DE REVISTAS BRASILEIRAS: 12/07/2017 a 31/01/2018 Camila Moreira Cesar - Université de Lorraine-Metz/Université Sorbonne Nouvelle Paris 3/UFRGS | Maria Helena Weber - UFRGS RESUMO: Este artigo tem por objetivo contribuir com o debate sobre as interferências entre os discursos jornalístico e jurídico sobre um acontecimento público definido pela corrupção política, ações da Operação Lava Jato e o protagonismo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos seus dois últimos julgamentos (12/07/2017 e 24/01/208). O eixo teórico contempla questões relacionadas a inserção e o poder da imprensa como protagonista do debate público; o domínio sobre a verdade própria dos discursos jurídicos e jornalísticos e, por último, a visibilidade dada ao acontecimento público proposta pela síntese das capas de revistas. O corpus é de 29 capas de Veja, IstoÉ e Época. A metodologia abrange a leitura das capas a partir da perspectiva dos enquadramentos textuais e semióticos capazes de propor esquemas interpretativos. Os resultados mostram a criminalização de Lula, alertam para o perigo de sua candidatura e, simultaneamente, questionam o sistema judiciário. RELATORIA: Caroline Kraus Luvizotto - UNESP | Lucas Arantes Zanetti - UNESP

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GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA

ANÁLISE ARGUMENTATIVA E REDE DE COMUNICAÇÃO PÚBLICA: uma proposta metodológica para o estudo da dinâmica comunicacional de acontecimentos públicos Bruno Kegler - UNISC/UFSM | Rejane de Oliveira Pozobon – UFSM RESUMO: Este artigo está ancorado em duas noções teóricas principais: comunicação pública (WEBER, 2007, 2011a, 2017) e acontecimento público (QUÉRÉ, 2005, 2011). Objetiva propor um caminho analítico que permita compreender, no encadeamento sistêmico de fatos - e de sentidos relacionados aos fatos - as estratégias argumentativas utilizadas por atores e sistemas das redes de comunicação pública, na busca por visibilidade e credibilidade, em processos comunicacionais ligados a temáticas de interesse público e à constituição de acontecimentos públicos. A via escolhida foi o acréscimo da análise da argumentação no discurso, de Ruth Amossy (2018), ao diagrama intitulado Visibilidade e permanência do acontecimento público Tragédia Kiss, desenvolvido em Kegler (2016). Neste sentido, a proposta aqui apresentada e trazida ao exame está em fase de elaboração e consiste no primeiro esboço resultante desta articulação teórica e metodológica. RELATORIA: Viktor Chagas - UFF | Isabele Mitozo - UFBA | João Guilherme Bastos dos Santos - UERJ | Samuel Barros - UFRB | Dilvan Azevedo - UFBA

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 710 (7º andar) A INFLUÊNCIA DE NOTÍCIAS NOS AMBIENTES INFORMAIS DE DELIBERAÇÃO: o contexto em Portugal Caroline Kraus Luvizotto - UNESP, Lucas Arantes Zanetti - UNESP RESUMO: O presente estudo tem por objetivo analisar a dinâmica dos espaços informais de deliberação nos casos em que há influência de conteúdos jornalísticos. O estudo foi realizado em Portugal, na cidade de Coimbra, com um grupo de cidadãos que foram convidados a debater sobre a Operação Marquês - caso de 50


COMPÓS 2019 corrupção política que envolve o ex-primeiro ministro português José Sócrates. Na metade do debate conteúdos de cinco veículos de comunicação distintos foram inseridos para inferir a variação de posicionamentos. Os argumentos antes e depois da inserção foram transcritos e analisados. As formas de midiatização ocorrem de formas distintas em cada contexto cultural, uma vez que a relação de uma sociedade com sua mídia, com a política e com ela mesma é estruturada de formas distintas no espaço e no tempo. Assim, os processos de troca argumentativa e significação, característicos da esfera pública, fica submetida a tais relações culturais. RELATORIA: Alexandre Haubrich - UFRGS

DE CRIME ELEITORAL À SEGURANÇA NACIONAL: fake news no Poder Legislativo Brasileiro Maíra Moraes Vitorino - UNB | David Renault - UNB RESUMO: O objetivo deste estudo é lançar-se à análise de conteúdo de 21 projetos de lei, que tramitaram no Congresso Nacional brasileiro durante os anos de 2017 e 2018, com o escopo de combate a produção e disseminação de fake news. A escolha desse corpus inspira-se no pensamento de Timothy Cook (2005) e Paul Starr (2004), cujos estudos sustentam que as políticas e as práticas políticas fornecem a base para o poder político e econômico da mídia atual, favorecendo formas particulares de comunicação e moldando os usos de novas tecnologias. Por meio da análise temática, buscamos compreender como as propostas legislativas que abordam o fenômeno fake news têm construído questões sobre: (1) a legislação a que se referem; (2) como definem fake news; (3) o que constitui crime; e (4) de que forma essas propostas atravessam a imprensa. Chegamos a reflexão de que, além das disputas políticas que envolvem a aprovação de projetos de lei, a fragilidade no entendimento do que se busca controlar pode criar novos desafios para a imprensa dentro do jogo de disputas institucionais. RELATORIA: Denise Maria Mantovani - UNB

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT 51


GT Comunicação e Sociabilidade Coordenador: João Freire Filho - UFRJ Vice-coordenadora: Paula Guimarães Simões - UFMG


COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 405 (4º andar) COORDENAÇÃO DA MESA: João Freire Filho - UFRJ

REGIMES PASSIONAIS DO MBL NA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DE 2018 José Luiz Aidar Prado - PUC-SP | Vinicius Prates - UPM RESUMO: O texto examina os posts do MBL no Facebook, em setembro e outubro de 2018, durante a campanha eleitoral para presidente, mapeando valores e regimes passionais. Como o enunciador MBL operou em seus contratos de comunicação para construir, em termos de valores, temas e afetos, seu discurso principal e como ajustou e interpretou vários fatos ocorridos durante a campanha para unificar o campo das direitas em torno da candidatura Bolsonaro? Como essa construção se vinculou à polarização? RELATORIA: Vera Veiga França - UFMG | Vanrochris Helbert Vieira - UNIVALE

Ladrão e vacilão: linchamento e tortura no contexto pósgolpe Leticia Cantarela Matheus - UERJ RESUMO: O objetivo do artigo é entender algumas estratégias discursivas de mobilização e formatação do ódio como modo de organização das sensibilidades políticas, com vistas à compreensão mais ampla sobre o papel que esta emoção desempenhou no último golpe de estado no Brasil (2013-2016), com reverberações ainda em 2017-2018. Como exercício de aproximação ao problema, apresenta o estudo de um caso de tortura e humilhação, dentro de um contexto mais amplo de uma suposta onda de linchamentos vivida no país nos últimos anos. Foram analisados 247 comentários a duas reportagens publicadas no Portal G1 e na Veja Online entre os dias 12 e 13 de junho de 2017, sobre o adolescente que teve a testa tatuada à força em São Paulo e que recebeu ajuda 53


GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE de uma ONG para remover a marca. Para isso, realizamos uma análise semântica dos principais argumentos apresentados para justificar o crime. RELATORIA: Henrique Mazetti – UFV

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 12h às 18h - Sala 405 (4º andar) COORDENAÇÃO DA MESA: Cristina Teixeira Vieira de Melo - UFPE

UNIVERSO SERTANEJO: amor traído e Bolsonaro Vera Veiga França - UFMG | Vanrochris Helbert Vieira - UNIVALE RESUMO: Este texto buscou encontrar confluências entre dois movimentos percebidos no universo da música sertaneja nos últimos anos: no cenário político, o apoio quase total dos cantores ao candidato Bolsonaro, em nome da ordem e do uso de armas; nas músicas, a temática dos relacionamentos afetivo-sexuais com ênfase no viés da “sofrência”, do eu lírico que sofre a separação, enfrenta relações instáveis e mulheres mais fortes. Zizek, através do conceito (lacaniano) de point de capiton, ajudou-nos a entender a coesão de elementos ideológicos díspares dentro de uma formação discursiva conservadora, delineada por um modelo de masculinidade. RELATORIA: Veneza Mayora Ronsini - UFSM

DE JUIZ POPSTAR A SUPERMINISTRO: a imagem pública de Sérgio Moro no contexto brasileiro Terezinha Silva - UFSC | Paula Guimarães Simões - UFMG RESUMO: O presente trabalho analisa a constituição da imagem pública de Sérgio Moro, ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, no contexto de sua atuação na Operação Lava Jato e de sua ascensão ao governo federal. Apoiadas na discussão sobre imagem pública (LIMA; SIMÕES, 2017; GOMES, 2004; WE54


COMPÓS 2019 BER, 2009), celebrização (DRIESSENS, 2012) e celebrização da política (WHEELER, 2013), analisamos a construção da imagem de Moro em textos publicados pelo Laboratório de Análise de Acontecimentos (GrisLab) e pelas revistas Veja e Carta Capital. Buscamos apreender os sentidos agregados à imagem desta figura pública, valores e disputas simbólicas a ela associados. A análise mostra que, por um lado, a imagem de Moro é vinculada a valores como competência, seriedade, zelo, dedicação, probidade e honestidade. Por outro, é relacionada a uma atuação parcial e seletiva na aplicação da Justiça, além de ao desrespeito à legalidade em ações politicamente motivadas. RELATORIA: Leticia Cantarela Matheus - UERJ

LUZ DEL FUEGO: celebridade, gênero e moralidade no Brasil Everardo Rocha - PUC-Rio | Lígia Lana - PUC-Rio RESUMO: Neste trabalho, apresentamos a trajetória midiática de Luz del Fuego a partir de pesquisa em revistas e jornais brasileiros de 1930 a 1970. Quatro temas marcantes foram identificados no material: carnaval, violência, censura e política. A pesquisa analisa, em torno desses temas, a relação entre celebridade, gênero e cultura, observando os modos como Luz del Fuego se posicionou como mulher famosa no cenário da sociabilidade brasileira dos anos 1950. O trabalho indica que Luz del Fuego soube ser um sucesso de escândalo, tendo planejado uma carreira, antes de mais nada, midiática. As conclusões mostram que, ao promover distúrbios morais no espaço público, ela participou, de maneira ambígua, das transformações dos papéis sociais de mulheres e homens entre 1950 e 1970. RELATORIA: Renata Tomaz - UFF

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GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 405 (4º andar) COORDENAÇÃO DA MESA: José Luiz Aidar Prado - PUC-SP

ENTRE A VOZ E A FALA: youtubers mirins, celebridade e participação social Renata Tomaz - UFF RESUMO: O propósito da pesquisa de que esse paper se origina é compreender em que medida a celebridade de meninas e meninos, engendrada nas sociabilidades dos canais infantis do YouTube, amplifica as vozes das crianças usuárias da plataforma, produzindo modos de participação social. Apresento as bases teórico-metodológicas de uma investigação que examina de que forma as mídias noticiosas on-line repercutem a visibilidade dos youtubers mirins. Com contribuições dos Childhood Studies e dos Celebrity Studies, problematizo tais questões em uma perspectiva comunicacional, utilizando a categoria de vozes das crianças como chave explicativa para pensar o lugar social delas no contexto contemporâneo. RELATORIA: Terezinha Silva - UFSC, Paula Guimarães Simões - UFMG

O “VÍCIO” DA CONEXÃO COMO UM MAL-ESTAR DO SÉCULO XXI: da repressão pela lei ao “livre” estímulo ilimitado Marianna Ferreira Jorge - UFF | Paula Sibilia - UFF RESUMO: Este artigo se propõe a explorar a vigência da noção de “mal-estar” civilizatório, conforme definida por Sigmund Freud em 1930, tendo como foco os desafios suscitados pelo uso “viciante” das tecnologias digitais de comunicação e informação. Recorrendo à perspectiva genealógica, parte-se da hipótese de que nas últimas décadas teria ocorrido uma grande transformação histórica, que afeta as subjetividades, a sociabilidade e os modos de sofrer. Os cidadãos obedientes da sociedade industrial, reprimidos pelo rigor da lei na “moral 56


COMPÓS 2019 burguesa” ou na “ética protestante”, asfixiados pelas sólidas paredes institucionais e pela rigidez da “jaula de ferro” moderna, estariam perdendo atualidade. Em seu lugar, proliferam consumidores hiperestimulados e autocentrados, mais governados pelo desejo e pela autorrealização do que pelo dever ou pela culpa. A insistente conexão às redes informáticas, voluntária embora difícil de se (auto)controlar, é um caso paradigmático para estudar tais alterações. RELATORIA: José Luiz Aidar Prado - PUC-SP | Vinicius Prates - UPM

AS POLÍTICAS DO SOFRIMENTO NA UNIVERSIDADE E OS DEBATES ONLINE SOBRE SAÚDE MENTAL Henrique Mazetti - UFV RESUMO: Este artigo analisa discursos sobre sofrimento psíquico experimentado na universidade publicados na página do Facebook da Frente Universitária de Saúde Mental, organizada por estudantes da USP. O objetivo é identificar algumas das condições que possibilitam a aguda emergência de reivindicações e debates sobre saúde mental no ambiente universitário na imprensa e nas redes sociais. A partir de uma perspectiva cultural e política, a análise privilegia a discussão sobre descontinuidades históricas nas maneiras de se pensar a saúde, o sofrimento e as formas de autorrealização disponíveis na contemporaneidade. O artigo questiona interpretações do sofrimento psíquico vividos pelos universitários que se orientam exclusivamente por uma lógica psicológica e individualizante. RELATORIA: Bárbara Calderón Bittencourt - UFPE | Cristina Teixeira Vieira de Melo - UFPE

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GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 405 (4º andar) COORDENAÇÃO DA MESA: Paula Guimarães Simões - UFMG

CLASSES, COMUNIDADES INTENCIONAIS E USOS DA MÍDIA: esboço teórico para sua articulação Veneza Mayora Ronsini - UFSM RESUMO: A polarização entre cidade e campo e o mal-estar cultural em uma sociedade tecnológica e desumanizada está na raiz do surgimento global e moderno das comunidades intencionais seculares e, no Brasil do século XX, vinculado à expropriação da classe média. A dualidade que impulsiona esta pesquisa é a visão da mídia como prejudicial ao convívio cooperativo e parte de um desenvolvimento social a ser evitado, enquanto sua infraestrutura é apropriada para a circulação de ideais de novos modos de vida materiais e morais, onde o alcance desta circulação parece-nos fundamental para a promoção de laços entre comunidade e sociedade. RELATORIA: Everardo Rocha - PUC-Rio | Lígia Lana - PUC-Rio

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COMPÓS 2019

DIGA-ME O QUE COMES QUE TE DIREI QUEM ÉS, QUESTÕES MORAIS EM TORNO DA ALIMENTAÇÃO Bárbara Calderón Bittencourt - UFPE | Cristina Teixeira Vieira de Melo UFPE RESUMO: No presente artigo advogamos que a alimentação é o lugar da verdade no contemporâneo. Indicamos que a ideia de “comida de verdade” separa quem segue uma boa dieta daqueles que adotam uma dieta ruim. Os primeiros têm tempo de cozinhar sua própria comida e acesso a alimentos frescos, de preferência orgânicos. Os segundos frequentam fast food e comem ultraprocessados. Essa divisão reverbera uma questão moral em torno da alimentação: a de que é possível alcançar uma vida melhor através da comida. A fim de estudar essa questão, elegemos como corpus de análise os canais no YouTube de duas chefs brasileiras adeptas da comida de verdade: o Panelinha, de Rita Lobo, e o Canal da Bela, de Bela Gil. RELATORIA: Marianna Ferreira Jorge - UFF | Paula Sibilia - UFF

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Comunicação, Arte e Tecnologias da Imagem Coordenadora: Nina Velasco e Cruz - UFPE Vice-coordenador: Osmar Gonçalves dos Reis Filho - UFC


COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 703 (7º andar) A DECOMPOSIÇÃO DO TEMPO: as origens da duração no cinema experimental Hermano Arraes Callou - UFRJ RESUMO: Este trabalho pretende discutir a origem da duração como conceito no campo do cinema experimental americano. O artigo defende que a emergência da experiência da duração no cinema advém da importância adquirida do “monomorfismo” na arte, performance e música dos anos 1950 e 1960. A gênese do monomorfismo, por sua vez, deve ser encontrada na crise da composição na arte, a partir da qual os procedimentos de duração podem se revelar como estratégias de crítica do paradigma composicional. RELATORIA: Patrícia Moran Fernandes - USP

A IMERSÃO DO ESPECTADOR NA LINGUAGEM DE BRUEGEL E MAJEWSKI Denise Costa Lopes - UFRJ RESUMO: A transposição por Lech Majewski em O moinho e a Cruz (2011) de Cristo carregando a cruz (1564), de Pieter Bruegel, o Velho, atualizou parâmetros surgidos ou difundidos no Renascimento, que envolvem noções ainda hoje muito caras à fruição do espectador, como “invenção” da paisagem, geometria euclidiana, perspectiva “artificialis” e cromática. Essas descobertas, somadas a leituras, usos e conceitos de épocas subsequentes, como sublime, “contemplatio”, forma panorama, modelo panóptico, campo de mira x campo visual, perspectivas fisiológica e múltiplas, apreendidas de forma sintética, serviram de base para a compreensão do processo de imersão do espectador numa obra de arte. Ao utilizar recursos ultratecnológicos da imagem digital, como efeitos 3D e incrustação eletrônica, mas também trabalhos artesanais, e ao se

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GT COMUNICAÇÃO, ARTE, E TECNOLOGIAS DA IMAGEM valer de uma narrativa que promove apagamentos, condensações, presenças-de-ausência, desterritorializações e metalinguagens que convidam à coautoria da imagem, Majewski não só ressignificou a obra e as técnicas do passado, como se assumiu como um dos mais potentes artistas visuais da atualidade, atualizando a linguagem de séculos atrás. RELATORIA: Gabriel Menotti Gonring - UFES

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 703 (7º andar) ENCRUZILHADAS, ANDARILHOS, APRENDIZES: feitiço e contrafeitiço em três filmes-performance André Guimarães Brasil - UFMG RESUMO: Tendo como ponto de partida a hipótese de Pignarre e Stengers em torno da feitiçaria capitalista, o artigo aproxima três filmes-performance – Ungüento, de Dalton Paula, Árvore do esquecimento, de Paulo Nazareth e Noirblue, de Ana PI – para pensá-los como críticas contracoloniais, elaborações da história da diáspora negra por meio do corpo. Se o capitalismo (e a colonização que lhe é indissociável) configuram um “sistema feiticeiro sem feiticeiros”, cada qual a sua maneira, os três trabalhos podem ser vistos como operações de contrafeitiçaria, intervenções no tempo, com o tempo. Como demonstrar essa hipótese para além da metáfora? Essa é a questão que move o ensaio. RELATORIA: Denise Tavares da Silva - UFF

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COMPÓS 2019

“ENTRE MIM E MIM, HÁ VASTIDÕES BASTANTES...”: (memória, identidade e imbricamento de linguagens em Yellow Fever) Denise Tavares da Silva - UFF RESUMO: Em um vídeo de seis minutos, Yellow Fever, a cineasta queniana, Ng’endo Mukii, entrelaça memória e ativismo, realizando um contundente libelo sobre a violência da imposição de uma beleza definida pelo molde brancoocidental. Aqui, deslocamos parcialmente este eixo central que mobiliza a obra (pele e raça), focando nossa discussão no processo criativo deste audiovisual. O que nos interessa é problematizar a construção narrativa, em chave que discute, além dos aspectos biográficos que fundamentam a obra, também o imbricamento de linguagens, considerado sob o horizonte do entrelaçamento da arte e tecnologia, opção que esgarça as concepções de gênero. Um processo cujo “start” é a subjetividade que se posiciona no território do levante, da inconformidade e da assunção do protagonismo do audiovisual no espectro midiático globalizado. RELATORIA: Denise Costa Lopes - UFRJ

EDER SANTOS, O COLECIONADOR DE RUÍDOS Patrícia Moran Fernandes - USP RESUMO: Da sobreposição de materialidades e figuras atribuídas ao vídeo, cinema e televisão Eder Santos constrói uma poética de cruzamentos e deslocamentos. O sentido é promessa frustrada. Entre indagações nonsense e palavras repletas de imagens de duplo sentido, acumulam-se afirmações desconexas e descontínuas, insistentemente reiteradas. Nosso ensaio tem por objetivo revisitar as interferências visuais e sonoras recorrentes nos vídeos e performances audiovisuais de Santos, a partir de Janaúba (o vídeo e a performance audiovisual) para pensarmos o ruído como recurso voltado ao desenvolvimento da peça audiovisual, inventando quase elipses e analogias de toda ordem. RELATORIA: Hermano Arraes Callou - UFRJ 63


GT COMUNICAÇÃO, ARTE, E TECNOLOGIAS DA IMAGEM

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 703 (7º andar) FOTOGRAFIA E FEMINIZAÇÃO DO MUNDO: do “Momento feliz” de Claerbout ao irrepresentável do gozo nas imagens de ressonância Paulo de Tarso Carvalho - UNINABUCO RESUMO: Para nossa reflexão, a neuroimagem testemunha a permanência do paradigma clássico da fotografia em sua concepção indicial ou realista. As imagens advindas de ressonância magnética se afirmariam como um dispositivo fotográfico com os mais determinantes efeitos sobre a gestão da vida do sujeito, estando no cruzamento que Foucault identificava entre poder, verdade e subjetivação. No texto, empreendemos um debate a respeito dessas imagens partindo da obra Sections of a Happy Moment, de David Claerbout. Nossa incursão propõe pensar a imagem a partir da tese da “feminização do mundo”, com a prevalência do gozo feminino sobre a referência fálica universal que caracterizou a modernidade. RELATORIA: Marcelo Leite Barbalho - UNIFESSPA

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COMPÓS 2019

REVERBERAÇÕES E RECIPROCIDADES NA FOTOGRAFIA DE JOSÉ OITICICA FILHO Antonio Fatorelli - UFRJ RESUMO: Acompanhamos, desde meados dos anos 1980, mas de modo ainda mais marcante, a partir da década de 1990, o surgimento no âmbito da produção imagética nacional, de um significativo corpus de trabalhos híbridos, difíceis de serem classificados em consideração às definições convencionais dos meios. Pretendemos investigar, desde a perspectiva de retomadas históricas, a influência exercida pelas obras experimentais de José Oiticica Filho nesse cenário da arte contemporânea. RELATORIA: André Guimarães Brasil - UFMG

WEBDOCUMENTÁRIO E A CONEXÃO CINEMA-FOTOGRAFIA: ainda uma alternativa para o documentarismo? Marcelo Leite Barbalho - UNIFESSPA RESUMO: Este texto propõe discutir se o webdocumentário, que possibilita a mistura de diversas linguagens é, ainda hoje, uma alternativa para o fotógrafo que pratica o fotodocumentarismo, gênero autoral que dá tempo para o profissional mergulhar no assunto e gerar imagens que costumam levar à reflexão e não apenas ao consumo de informação. Para isso analisa La Zone, do fotógrafo Guillaume Herbaut, no que diz respeito à fusão entre cinema e fotografia, uma associação comum no webdocumentarismo. Serão detalhadas duas estratégias cinematográficas usadas por Herbaut: o retrato filmado e o plano-sequência. Em seguida, busca-se compreender o que isso significa para o documentarista, particularmente aquele que tem como base o campo fotográfico. Lançado no Le Monde.com em 2011, La Zone aborda a maior catástrofe nuclear da história, provocada pela explosão de um reator de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. A obra é um exemplo da cultura transmídia – ganhou versões para cinema e galeria de arte. RELATORIA: Antonio Fatorelli - UFRJ 65


GT COMUNICAÇÃO, ARTE, E TECNOLOGIAS DA IMAGEM

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 703 (7º andar) RECUPERANDO O OBJETO: extrapolações volumétricas de found footage Gabriel Menotti Gonring - UFES RESUMO: Este artigo examina brevemente a história e os pressupostos operacionais de formas de reconstrução volumétrica baseada na captura de dados visuais, em particular a fotogrametria digital. A fotogrametria é uma das principais técnicas empregadas atualmente na produção de réplicas virtuais de patrimônio para fins de conservação. O hiperrealismo computacional obtido com esse processo induz à crença de que seja possível recuperar a totalidade de um objeto a partir de seus vestígios midiáticos. Ao recorrer a projetos artísticos que evidenciam as idiossincrasias dos modelos gerados, pretendemos colocar em questão os limites dessa promessa tecnológica. RELATORIA: Reno Beserra Almeida - UFC | Cesar Baio - UNICAMP

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COMPÓS 2019

RASTROS, BRECHAS, RUÍDOS: o banco de dados entre o controle e resistências possíveis Reno Beserra Almeida - UFC | Cesar Baio - UNICAMP RESUMO: Na atual sociedade informatizada, permeada pela ubiquidade de dispositivos computacionais, o banco de dados se torna, conforme aponta Lev Manovich, a principal forma simbólica a partir da qual estruturamos nossas experiências. Por este fato, o banco de dados converte-se em foco de diferentes embates e de usos nocivos, muitas vezes sendo utilizado como dispositivo de vigilância e controle sobre indivíduos, fato que atravessa a conduta das mais diversas entidades. Há, por outro lado, variadas práticas, nos campos da arte e do ativismo, que buscam se contrapor a esta lógica. Assim, o presente trabalho propõe, partindo de perspectivas críticas do uso do banco de dados e pensando-o como mediado por aparatos (FLUSSER) e em relação com o biopoder (FOUCAULT), analisar diferentes projetos que engendram resistências e novas sensibilidades a partir da informação, em contraponto à naturalização do uso dos dados como ferramenta de vigilância e controle. RELATORIA: Paulo de Tarso Carvalho - UNINABUCO

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Comunicação, Gêneros e Sexualidades Coordenador: Carlos Mendonça - UFMG Vice-coordenadora: Angie Biondi - UTP


COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 711 (7º andar) MÍDIA E QUESTÕES DE GÊNERO NO BRASIL: pesquisa, categorias, feminismos Ana Carolina Escosteguy - UFSM RESUMO: Trata-se de identificar vinculações entre os estudos de mídia e questões de gênero, no Brasil. Em chave histórica, destacam-se singularidades dos debates teóricos associados ao feminismo brasileiro e seu impacto na agenda de pesquisa dos estudos de mídia. Desse modo, observam-se as modificações pelas quais a pesquisa e suas categorias foram passando ao longo de 1970 até 2015. A partir daí possivelmente se constitua novo impulso ainda em processo. Na arrancada inaugural (1970/1980), sobressai o uso sistemático da categoria mulher; na segunda (1990), embora o termo gênero seja associado nos estudos de mídia, funciona mais como etiqueta; na terceira (2000-2015), é a crítica ao pós-feminismo que desponta, evidenciando a primeira convergência entre Sul e Norte, em termos de estudos de mídia. Por fim, a última recém se desenha a partir da primavera feminista e o horizonte aberto pela explosão dos feminismos impulsionada pelas novas mídias digitais. RELATORIA: Bruno Souza Leal - UFMG | Elton Antunes - UFMG

UMA NECESSÁRIA REAVALIAÇÃO CONCEITUAL E METODOLÓGICA NOS CONVOCA: comunicação, jornalismo e relações de gênero Carlos Alberto de Carvalho - UFMG RESUMO: Neste artigo reflito sobre as contribuições de noções teóricas e aportes metodológicos de estudos sobre relações de gênero para a superação de limites heurísticos em pesquisas sobre comunicação e jornalismo. A partir de investigações sobre coberturas noticiosas relativas a violências físicas e sim69


GT COMUNICAÇÃ,0, GÊNEROS E SEXUALIDADES bólicas contra mulheres, a acontecimentos que envolvem a homofobia e suas consequências e aos primeiros casos de Aids tornados públicos, indico o quanto as dinâmicas sociais das relações de gênero são potencialmente disruptoras de certezas. No entanto, o aprofundamento das pesquisas mostrou limites e repetição de fórmulas também em pesquisas sobre as relações de gênero, levando-me a um desafio: como lidar com repetições que tendem a desconsiderar particularidades dos fenômenos sob investigação nas áreas da comunicação, do jornalismo e das relações de gênero, inclusive em suas possíveis interconexões? RELATORIA: Igor Sacramento - UFRJ | Danielle Brasiliense - UFF | Julio César Sanches - UFRJ

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 711 (7º andar) CIBORGUE DE DREADLOCKS: o corpo falante Triz Rutzats Rose de Melo Rocha - ESPM | Claudia Ferraz - PUC-SP RESUMO: Analisamos neste artigo algumas das formas de comunicação e de presença pública do músico Triz Rutzats, cuja militância funda-se na reivindicação da não binariedade e da neutralidade de gênero. Jovem e periférico, Triz constrói sua política de áudio-visibilidade através de narrativas autobiográficas, que não respondem a modelos tradicionais do mainstream audiofonográfico. Nas postagens, lives e videoclipes publicados em mídias online, observa-se que a produção audiovisual de Triz dialoga com correntes teóricas que refletem sobre novos paradigmas de gênero. RELATORIA: Mariana Baltar - UFF

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COMPÓS 2019

MODOS DE VER A NUDEZ NO CINEMA: hierarquizações e desierarquizações Maria Bernadette Cunha de Lyra – UFES | Gelson Santana Penha – UAM RESUMO: O cinema se dirige à visibilidade do que quer que seja − do explícito ou do escondido – filtrada pelas singularidades de cada cultura. Assim, ele é um campo fortemente propício a investigações que envolvem corpos e sujeitos em situações culturais, sociais e históricas diversificadas. Em razão disso, propomos examinar a nudez em filmes de diferentes formatos e épocas, objetivando as questões pertinentes ao regime de hierarquização e desierarquização das relações de gênero e sexualidades. Para tanto pretendemos levantar e analisar alguns modos de ver que contemplem as materialidades técnicas, políticas e estéticas e que possam refletir o entendimento do processo regimental desse tipo de hierarquia. RELATORIA: Fernanda Capibaribe - UFPE

A FÁBRICA DE MONSTROS: corpo, identidade e performances da masculinidade em entrevistas com Léo Stronda Igor Sacramento - UFRJ | Danielle Brasiliense – UFF | Julio César Sanches - UFRJ RESUMO: Nos últimos anos, percebemos o uso mais frequente de palavras como “monstro” e “monstrão” como qualificadores de corpos masculinos musculosos, mas também como vetores da identificação da virilidade como valor pelo bodybuilding. Neste trabalho, vamos analisar esses discursos por meio de entrevistas com Léo Stronda - canal do YouTube Fábrica de Monstros - e também numa entrevista para o programa de televisão The Noite com Danilo Gentili, do SBT, identificando as performances da masculinidade nos modos de afirmação de um projeto identitário centrado numa revaloração da monstruosidade. Nossa análise consistirá em duas etapas. Na primeira, abordaremos os modos como Léo Stronda se identifica como monstro, reelaborando seu passado e projetando um futuro, o que lhe permite buscar afirmar uma autoridade por meio da conquista do corpo-monstro. Em seguida, tratamos dos comentários 71


GT COMUNICAÇÃ,0, GÊNEROS E SEXUALIDADES aos vídeos e do reconhecimento do youtuber como modelo e guru do “ser monstro”. Concluímos que a associação entre masculinidade e monstruosidade num sentido positivo contribui para a construção da virilidade pela brutalidade e pela preocupação com a aparência, o que configura a forma corporal como parte de um estilo de vida. RELATORIA: Rose de Melo Rocha - ESPM | Cláudia Ferraz - PUC-SP

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 711 (7º andar) DESAFIOS METODOLÓGICOS À PESQUISA SOBRE GÊNERO E COMUNICAÇÃO: reflexões a partir de narrativas de um problema cotidiano Bruno Souza Leal - UFMG | Elton Antunes - UFMG RESUMO: A partir da pesquisa “Narrativas de um problema cotidiano”, realizada de 2012 a 2018, e dedicada ao estudo da violência de gênero, desenvolvemos um conjunto de reflexões metodológicas em torno da investigação sobre gênero e sexualidade na Comunicação. A pesquisa teve um caráter empírico, que envolveu a composição de diferentes procedimentos de coleta e análise. Nesse sentido, o modo como o desenho metodológico foi mobilizado na prática investigativa produziu um conjunto de questões epistemológicas paradoxais na aproximação entre comunicação e violência de gênero. Neste artigo, realizamos alguns apontamentos em torno de duas dimensões mais evidentes dessas questões: a produção dos “dados”, o saber da pesquisa e o saber jornalístico; a violência das textualidades emergentes e o afetar e o ser afetado na prática de pesquisa. RELATORIA: Guilherme Libardi - UFRGS

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18 ANOS DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO EM TELENOVELAS BRASILEIRAS: um balanço crítico Lorena Rúbia Caminhas - UNICAMP RESUMO: Este artigo produz um diagnóstico sobre as imagens da violência de gênero presentes em telenovelas nacionais de horário nobre (21h), retomando quase duas décadas (2000 a 2018) dessas produções. Questionando a estratégia de merchandising social como via exclusiva de retratação dessa temática, esta investigação lançou um olhar crítico às novelas, buscando perceber nas narrativas outras situações de representação de agressão contra mulheres. Foram identificadas 18 tramas que abordaram a questão, seja por meio de mensagem educativa, seja por meio da normalização dessas violações. O texto é divido em duas partes: a) construção de uma cronologia histórica que contextualiza as telenovelas selecionadas em meio ao desenvolvimento de políticas públicas e legislações para combate à violência de gênero no Brasil; b) discernimento dos mecanismos narrativos mais proeminentes para representar (diferencialmente) situações de injúrias à personagens femininos, fundamentando imagens dissidentes do sofrimento de mulheres. RELATORIA: Ana Carolina Escosteguy - UFSM

PANORAMA DOS ESTUDOS SOBRE INTERSECCIONALIDADE NO BRASIL (2008-2018): notas gerais e especificidades dos objetos empíricos comunicacionais Guilherme Libardi - UFRGS RESUMO: Este estudo tem como objetivo traçar um panorama dos estudos sobre interseccionalidade no Brasil publicados no Banco de Teses e Dissertações da CAPES entre 2008 e 2018. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica através dos termos “interseccionalidade” e “interseccional”, convencionando-se que estes termos aparecessem no título e/ou nas palavras-chaves. Foram encontrados 26 estudos. A maioria é produzida no Nordeste e os marcadores sociais mais citados e articulados entre si são gênero e raça. Quatro estudos compõem o corpus dedicado a objetos comunicacionais, sendo que apenas um deles foi 73


GT COMUNICAÇÃ,0, GÊNEROS E SEXUALIDADES produzido em um PPG do campo da comunicação. Apesar do pioneirismo ao enfrentar a questão, a maioria acaba vinculando-se de modo superficial à proposta da interseccionalidade, não estabelecendo uma relação articuladora do conceito com seus objetos empíricos. É sugerido que a perspectiva seja empregada de um ponto de vista epistemológico. RELATORIA: Carlos Alberto de Carvalho - UFMG

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 711 (7º andar) PORNOGRAFIA S.F [SUBSTANTIVO FEMININO]: coisa de mulher, para mulher Mariana Baltar - UFF RESUMO: Este artigo traça um panorama das relações entre o campo do pornográfico e a agenda feminista, levantando, através de exemplos da história recente, a presença e o papel das mulheres na realização e consumo das imagens obscenas. Visibilizar estas múltiplas relações é chamar atenção para a presença das mulheres como agentes da pornografia, mas é também apontar como tal presença levanta questões fundamentais da agenda feminista no que diz respeito a crítica à cultura sexista que parece afirmar que o domínio sexual dos prazeres e desejos é exclusividade do masculino, consolidando o discurso moralista que historicamente controla a erotização das feminilidades. Apontamos que a atuação dos femininos se consolida através da intensificação das performances e pornificações de si na esfera midiática. São essas performances, que implicam o corpo das realizadoras, que reiteram a dimensão explicitamente política destes obscenos objetos e presentificam estéticas contemporâneas queer e de afeto. RELATORIA: Maria Bernadette Cunha de Lyra – UFES | Gelson Santana Penha – UAM

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E SE FOSSE O CONTRÁRIO? Narrativas cruzadas de enfrentamento à cultura do estupro em Virginie Despentes Fernanda Capibaribe - UFPE RESUMO: Proponho, nesse artigo, uma reflexão relacionando o livro Teoria King Kong e o filme Baise-moi, escrito e codirigido, respectivamente, por Virginie Despentes, como dispositivos feministas de enunciação e enfrentamento da violência de sexo-gênero e de um sistema de poder que tolhe potências de mulheres e sexualidades dissidentes. Uma viagem em quatro seções, que tem por intuito perceber como a autora/diretora, baseada em suas próprias experiências de violência, o que inclui um estupro, reativa tal memória, recriando narrativamente cenas e situações. Para tanto, em ambas as obras, Despentes esgarça a cultura do estupro, a ressignificando, invertendo, desnaturando, sangrando. Reescreve sua história com a provocação: “e se fosse o contrário”? Partindo de uma abordagem feminista, olho livro e filme como escritas de si e processos de “incorporação”. Penso, portanto, na correlação possível entre autorreferência e ficção, ligadas pelo fio condutor da mulher-escritora-realizadora-personagem. RELATORIA: Lorena Rúbia Caminhas - UNICAMP

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Consumos e Processos de Comunicação Coordenadora: Fernanda Martinelli - UNB Vice-coordenador: Rogério Covaleski - UFPE


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Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 407 (4º andar) ENTRE O “BREXIT” E OBJETOS “MADE IN BRITAIN”: uma perspectiva de cultura material sobre propagandas políticas Ana Carolina Barreto Balthazar - PUC-Rio RESUMO: O presente artigo discute a diferenciada contribuição dos estudos de consumo, principalmente aqueles que destacam a importância da “cultura material” (MILLER, 2005), para os debates contemporâneos sobre política e para uma melhor compreensão do efeito e significado de propagandas políticas. A partir de dados coletados em mais de um ano de pesquisa etnográfica em Margate, no sudeste da Inglaterra, aqui destaco os aspectos materiais do nacionalismo que cresce na região, e que culminou no voto pelo “Brexit”, mas que também pode ser observado durante as dinâmicas de consumo de objetos “Made in Britain” e de casas históricas. O artigo então aborda os outros entendimentos que essas práticas rotineiras atribuem aos slogans políticos, agora atrelados a laços de parentesco, afeto e memórias sobre o passado da classe trabalhadora britânica, ao invés de estarem associados à ignorância econômica ou à nostalgia infundada que com frequência são atribuídos aos que votaram pelo “Brexit”. RELATORIA: Adriana Lima de Oliveira - ESPM-SP | Tânia Márcia Cezar Hoff ESPM-SP

COMUNICAÇÃO E CONSUMO DA CIDADE: entre os espaços construídos e espaços vividos Adriana Lima de Oliveira - ESPM-SP | Tânia Márcia Cezar Hoff - ESPM-SP RESUMO: Abordamos, neste artigo, o consumo da cidade a partir da produção de sentidos e de discursos presentes em projetos de reurbanização da região central da cidade de São Paulo, lugar que propicia diálogos, debates e embates característicos do nosso espaço-tempo histórico e nos permite descortinar 77


GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO os discursos institucionalizados sobre áreas urbanas de interesse em diversas ordens. Definimos como questão a ser debatida a produção de sentidos sobre a cidade de São Paulo, notadamente aquela promovida no âmbito de projetos de reurbanização, e as concepções de cidade que justificam a intervenção no centro desta metrópole brasileira. Para tanto, o corpus a ser analisado é formado por três propostas de intervenção na região central da cidade de São Paulo: Projeto Nova Luz; Projeto Campos Elísios Vivo; e Projeto Novo Centro. Tendo como principal inspiração teórico-metodológica a análise de discurso de linha francesa, mobilizamos estudiosos do campo da comunicação, dos estudos do consumo e da cidade que fundamentam teoricamente nossas reflexões. RELATORIA: Ana Carolina Barreto Balthazar - PUC-Rio

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 407 (4º andar) MÍDIAS VIGILANTES: o declínio das mídias de difusão de informação e a ascensão das mídias de captura de dados Izabela Domingues - UFPE RESUMO: Este artigo tem como objetivo problematizar o conceito de mídia, em diálogo com os conceitos de mídia defendidos por Meyrowitz, em função da internet das coisas e da quarta revolução industrial. Se, no século XX, o conceito de mídia estava associado à difusão de informações, através dos meios de comunicação de massa, no século XXI, esse conceito deve ser ampliado e buscar compreender também objetos capazes de capturar, transmitir, armazenar e cruzar dados em tempo real, como óculos de sol, bonecas infantis e aspiradores de pó, não considerados, anteriormente, como mídias pelos campos da Comunicação e do Marketing. Na era da vigilância, é preciso considerar um novo tipo de mídia, as mídias vigilantes, refletindo também sobre a alfabetização midiática a ser agenciada por ele. Diante da abrangência do nosso objeto, propomos que esta pesquisa faça uso do método da cartografia com sua ca-

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COMPÓS 2019 pacidade de perceber, para além dos fenômenos, os planos coletivos de forças inerentes a eles. RELATORIA: Eneus Trindade - USP | Clotilde Perez - USP | Clóvis Teixeira Filho - USP

TENDÊNCIAS DAS PESQUISAS EM PUBLICIDADE E CONSUMOS NOS PERIÓDICOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS DE COMUNICAÇÃO: um panorama sobre o estudo do algoritmo Eneus Trindade - USP | Clotilde Perez - USP | Clóvis Teixeira Filho - USP RESUMO: A investigação sobre comunicação digital tem crescido nas discussões acadêmicas, seguindo a presença empírica na comunicação e nos demais processos socioculturais. Sobretudo, os estudos de publicidade e consumos se deparam empiricamente com contextos híbridos, em que a linguagem algorítmica está presente, influenciando consumos e a necessidade de aprofundamento teórico. Por isso, este artigo propõe compreender o estado do conhecimento sobre algoritmo na área de Comunicação, em especial nos estudos de publicidade e consumos. Para isso, desenvolve duas revisões sistemáticas de literatura direcionadas para pesquisas nacionais e internacionais, tanto em periódicos Qualis Capes A2, quanto em revistas com SJR superior a 1.500, respectivamente. Como resultados principais verificam-se a predominância de estudos exploratórios, majoritariamente internacionais, com baixa preocupação conceitual e pouca orientação para a publicidade, o que gera oportunidades para a incursão do tema na área. RELATORIA: Lucimara Rett - UFRJ | Patrícia Cecília Burrowes - UFRJ | Monica Machado - UFRJ

TUDO SOB CONTROLE: a inteligência artificial e a sociedade de prossumo Lucimara Rett - UFRJ | Patrícia Cecília Burrowes - UFRJ | Monica Machado - UFRJ 79


GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO RESUMO: Neste artigo investigamos as noções de prossumidor (TOFFLER,1980; RITZER; JURGENSON, 2010) e produsage (BRUNS, 2008) à luz da teoria crítica (FONTENELLE, 2015; BAUMAN, 2007) e da sociedade de controle (DOMINGUES, 2016). Por meio de revisão bibliográfica, refletimos sobre o pretenso protagonismo do prossumidor em articulação com as tecnologias e, consequentemente, com a inteligência artificial, na forma sutil de algoritmos. Discutimos como os sujeitos sociais são consumidos em forma de dados que alimentam tais plataformas. Dentre as consequências da arquitetura da persuasão (TUFEKCI, 2017) temos a perda da privacidade e o exacerbamento do consumo de imagens exógenas. O case Visual Diet ilustra como esse prossumidor ávido por likes pode ser consumível. Por fim, recorremos aos estudos da publicidade expandida (BURROWES; RETT, 2016; BURROWES, 2017) como campo de resistência à visão da publicidade que idealiza o prossumidor como ator midiático participativo e colaborativo. RELATORIA: Izabela Domingues - UFPE

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 407 (4º andar) I’M SORRY, WILSON: uma discussão sobre a relação entre coisas, pessoas e o campo da Comunicação Cláudia Pereira - PUC-Rio | Joana Beleza - PUC-Rio | Marcella Azevedo PUC-Rio RESUMO: O objetivo é refletir sobre o lugar das pesquisas sobre as materialidades no campo da Comunicação e dos estudos do Consumo, considerando, para tanto, mais a “coisa” em si mesma, no sentido físico e material, do que sua representação ou significação. Analisamos artigos dos encontros anuais da Compós de 2000 a 2018 e trabalhos dos autores que já participaram do GT Consumos e Processos de Comunicação, desde 2015. Por meio de duas pes-

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COMPÓS 2019 quisas em andamento, sobre o livro como obra de arte e outra sobre quartos de adolescentes, são apresentados possíveis caminhos teórico-metodológicos. RELATORIA: Brenda Lyra Guedes - UFPE

PRÁTICAS DISCURSIVAS DO MERCADO EM DIÁLOGO COM AS CRIANÇAS CONECTADAS NO BRASIL Brenda Lyra Guedes - UFPE RESUMO: Esse artigo se presta a refletir sobre práticas discursivas do mercado aderentes ao contexto de uma cultura infantil do consumo. Para tanto, considera-se o papel cada vez mais significativo das mídias eletrônicas e digitais na definição das experiências culturais contemporâneas; observam-se facetas hegemônicas do discurso publicitário circulante em tal conjuntura; informa-se sobre diretrizes estatutárias e/ou autorregulatórias vigentes no Brasil, decorrentes de posicionamentos políticos contra-hegemônicos postos para pensar a relação das crianças com o consumo; e atenta-se para algumas respostas por parte do mercado que sugerem posturas de maior ou menor acolhimento às medidas legais implementadas. RELATORIA: Juliana Doretto - FAM-SP | Thaís Furtado - UFRGS

O INÍCIO É O FIM: consumo cultural e o discurso sobre a infância no documentário O começo da vida Juliana Doretto - FAM-SP | Thaís Furtado - UFRGS RESUMO: O começo da vida é um documentário que pretende propulsionar um movimento pelos cuidados com a primeira infância a partir do consumo cultural. Tendo como objetivo examinar a possível relação entre o espectador imaginado da obra e a construção da narrativa fílmica, este trabalho analisa a organização discursiva do documentário e os efeitos de verdade estabelecidos por ele. Conclui-se que o filme, ainda que defenda medidas importantes de proteção para as crianças pequenas, constrói um discurso de exclusão, em meninos e meninas das classes mais altas terão possibilidade de vir a ser bons 81


GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO adultos, mas os mais pobres não. Assim, não se trata apenas de valorizar o começo da vida, mas de desenhar um único início possível e, de modo determinista, defender que a partir dele toda a trajetória da criança será estabelecida. RELATORIA: Cláudia Pereira - PUC-Rio | Joana Beleza - PUC-Rio | Marcella Azevedo - PUC-Rio

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 407 (4º andar) APIMENTANDO O “INSTA”: a ritualização do consumo da Pimenta Baniwa no Instagram Andreza Silva de Andrade - UNB RESUMO: Produzida artesanalmente pelas mulheres indígenas do povo Baniwa, a Pimenta Baniwa vem conquistando espaço em diversos circuitos da alta gastronomia brasileira em virtude da influência de chefs famosos que ajudaram na sua promoção. Tradicionalmente, os Baniwa a utilizam na culinária, na cosmética e nos rituais de passagem da infância para a vida adulta. Quando o produto sai do contexto indígena, a Pimenta Baniwa é ressignificada nas mãos dos não-indígenas, que encontram em espaços virtuais das redes sociais, como o Instagram, o cenário ideal para celebrar suas práticas e rituais de consumo. Dessa forma, este artigo analisa como se dão essas práticas de consumo da Pimenta Baniwa, no Instagram identificadas pela hashtag “#pimentabaniwa”. A investigação se ancora conceitualmente nas categorias de rituais dos estudos de consumo, de vertente antropológica de Mary Douglas e Baron Isherwood, e ainda nos processos da teoria da objetificação da cultura material de Daniel Miller. RELATORIA: Caroline Maldaner Jacobi - UFRGS | Elisa Reinhardt Piedras UFRGS

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APROPRIAÇÕES DE TEMATIZAÇÕES DE NATUREZA E SUSTENTABILIDADE: práticas de consumo midiático a partir do fluxo televisivo Caroline Maldaner Jacobi - UFRGS | Elisa Reinhardt Piedras - UFRGS RESUMO: O objetivo da pesquisa é mapear a tematização da natureza no fluxo televisivo (ofertado no horário nobre da emissora Globo) e explorar o consumo midiático e sua apropriação pelo público. O estudo assume a perspectiva dos estudos de consumo midiático e recorre à uma metodologia qualitativa que reúne recursos documentais e observacionais, culminando na análise da tematização da sustentabilidade no fluxo publicitário televisivo (no horário nobre da emissora Globo) e seu consumo midiático (por oito informantes adultos de 30 a 55 anos, com ensino superior completo e consumidores do meio televisivo). Como resultados, esperamos contribuir com o campo da pesquisa em comunicação e sustentabilidade, especificamente dando ênfase às apropriações que o público faz das mensagens midiáticas. RELATORIA: Andreza Silva de Andrade - UNB

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Cultura das MĂ­dias Coordenadora: Gislene da Silva - UFSC Vice-coordenador: Felipe Muanis - UFC


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Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 704 (7º andar) M.A.M.O.N.: disputa, pertencimento e resistência na fronteira México/Estados Unidos Marina Caminha - ESPM | Maurício Bragança - UFF RESUMO: Analisamos o curta-metragem M.a.m.o.n., dirigido por Alejandro Damiani e lançado em 2016, que trata da construção do muro entre o México e os Estados Unidos. O filme elaborou uma crítica contrária à principal plataforma de campanha de Donald Trump, então candidato do Partido Republicano à Presidência da República dos Estados Unidos. Matizado pelas referências cômicas, discute as disputas territoriais entre os dois países, utilizando a imagem do muro como espaço de luta. Na primeira parte, discorremos sobre as questões relacionadas à fronteira, sistematizadas pela presença do muro – dispositivo emblemático do contexto geopolítico contemporâneo. Na segunda, evidenciamos as marcas cômicas do filme, enfatizando os traços do deboche e da caricatura - instâncias importantes de um projeto imagético que se organiza através da ideia de ocupação e resistência. RELATORIA: Eliane Hatherly Paz - UFRJ

AS NOVAS FORMAS DO FALSO: entretenimento, desinformação e política nas redes digitais Marcio Serelle - PUC-Minas | Rosana de Lima Soares - USP RESUMO: A partir das formas culturais (memes, gifs, áudios, vídeos, entre outros) que circularam nas redes digitais durante as eleições brasileiras de 2018, este ensaio investiga a articulação entre entretenimento e informação no embate político, em que se disseminaram informações falsas por meio de discursos que oscilaram da ludicidade à violência. A hipótese é a de que essas formas, emergentes de um substrato cultural constituído historicamente por hibrida85


GT CULTURA DAS MÍDIAS ções, acabaram por se justapor ou mesmo sobrepor àquelas do jornalismo de referência no cotidiano dos eleitores. Dominada pela direita e pela extrema direita, a comunicação dessas formas, por meio de estruturas profissionais, opera com narrativas de intensidade emotiva para grupos segmentados. Como na lógica do entretenimento, instaurou-se, nesse debate político, um mundo à parte, em que a vinculação com a realidade imediata se tornou irrelevante. RELATORIA: Vera Lúcia Follain de Figueiredo - PUC-Rio | Tatiana Oliveira Siciliano - PUC-Rio | Eduardo Miranda - PUC-Rio

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 704 (7º andar) A VANGUARDA ESTÁ NO RÁDIO: cultura e engajamento na São Paulo da virada 70/80 Eduardo Vicente - USP RESUMO: A intenção desse texto é refletir sobre o momento de efervescência cultural e abertura política que teve lugar no país na virada das décadas de 1970/1980. Ele é visto a partir da cidade de São Paulo e numa perspectiva que busca privilegiar o papel das emissoras de rádio nas estratégias de atuação de produtores independentes, especialmente daqueles vinculados às áreas de música popular e teatro. Assim, pretendemos tanto chamar a atenção para esse importante momento da história recente do país quanto destacar o papel então ocupado pelo rádio, buscando refletir sobre as possibilidades e limites da produção cultural independente num cenário de forte concentração econômica dos meios de difusão. RELATORIA: Cláudio Coração - UFOP

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A CRÍTICA DO NARRADOR INTELECTUAL PINGENTE: Lima Barreto evocado por João Antônio Cláudio Coração - UFOP RESUMO: Pretendemos examinar as manifestações da crítica expostas pelo narrador intelectual pingente, a partir de textos literários e jornalísticos de Lima Barreto (1881-1922). O eco crítico de tal exame pode ser percebido na obra do escritor e jornalista João Antônio (1937-1996), especialmente em Calvário e porres do pingente Afonso Henriques de Lima Barreto (1977). Nosso percurso pretende articular tais textos por meio da descrição, discussão e análise da crítica firmada como elemento decisivo para os propósitos desse narrador intelectual pingente, considerando os aspectos de mediação e de valores culturais no diálogo entre os dois autores. Para isso, utilizaremos referenciais teóricos que possam nos dar pistas sobre a reflexão da crítica como fenômeno intelectual, comunicacional, artístico e midiático. RELATORIA: Bruno Guimarães Martins – UFMG | Rachel Bertol - UFF

OS LIMITES DO HISTÓRICO NO QUADRINHO DOCUMENTAL Felipe de Castro Muanis - UFC RESUMO: Apesar do crescimento e desdobramento das histórias em quadrinhos documentais em diversos subgêneros, ainda há resistência em considerar os quadrinhos históricos como documentais. A partir da análise de alguns subgêneros do quadrinho histórico, da problematização da história e da análise de autores como Nina Mickwitz, Walter Benjamin e Jeanne Marie Gagnebin, pretende-se com este trabalho compreender os limites do histórico no quadrinho documental. RELATORIA: Índia Mara Martins - UFF

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GT CULTURA DAS MÍDIAS

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ- 9h às 12h - Sala 704 (7º andar) O TEMPO SUBTRAÍDO: cotidiano e trabalho no cinema brasileiro do século XXI Vera Lúcia Follain de Figueiredo - PUC-Rio | Tatiana Oliveira Siciliano PUC-Rio | Eduardo Miranda - PUC-Rio RESUMO: O artigo discute as representações do trabalho e seus deslocamentos no cinema ficcional brasileiro. As narrativas sobre o trabalho e os trabalhadores foram perdendo o protagonismo, ao longo da década de 1980, com o enfraquecimento do Estado, o fortalecimento das políticas neoliberais e a consequente precarização dos contratos de trabalho. No século XXI, ainda que com novas abordagens, os conflitos advindos da relação capital-trabalho reaparecem na ficção cinematográfica. Entretanto, a consciência da opressão e a resistência política são mais experimentadas como construções subjetivas do que como projetos coletivos de luta. A permanente apropriação da força de trabalho pelo capital é, por vezes, expressa, simbolicamente, por meio de personagens sobrenaturais, como lobisomens, em obras próximas do gênero “filme de terror”. As empregadas domésticas, antes coadjuvantes, passam para o primeiro plano na denúncia da permanência das atitudes arcaicas da dominação de classe. RELATORIA: Marina Caminha - ESPM | Maurício Bragança - UFF

A REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO EM SENSE8: perspectivas teóricas para análise do espaço na narrativa seriada Índia Mara Martins - UFF RESUMO: O objetivo deste artigo é refletir sobre como a representação do espaço na série Sense8 se torna o principal elemento da narrativa e as consequências dessa mudança para a representação do espaço diegético na narrativa seriada. 88


COMPÓS 2019 A série Sense8, produzida e disponibilizada pela plataforma Netflix, teve duas temporadas e 24 episódios nos quais temos acesso a 16 cidades em 13 países. Os deslocamentos constantes dos personagens no mesmo episódio, ou melhor, na mesma sequência, alteram radicalmente a representação do espaço na narrativa seriada. Para realizar a análise, retomamos os estudos narratológicos de André Gardies (1993) e de Antoine Gaudin (2015), que cita Gardies, mas vai além deste ao propor o conceito de imagem-espaço. RELATORIA: Ivan Paganotti - FIAM-FAAM

GODARD-CELULAR: uma performance artística

entrevista

coletiva

como

Bruno Guimarães Martins - UFMG | Rachel Bertol - UFF RESUMO: O trabalho tem como ponto de partida a entrevista coletiva concedida por Jean-Luc Godard por meio de um celular a jornalistas no Festival de Cannes de 2018, sobre seu filme Le livre d’image. Sendo ritual jornalístico, a coletiva transmuta-se, segundo nossa hipótese, em performance artística (também numa crítica ao jornalismo). Em sua encenação, Godard aponta (ou até “denuncia”, à moda performática) deslocamentos midiáticos contemporâneos. Nosso objetivo é investigar elementos da rede discursiva evocada pelo celular a partir de suas proposições. A função tátil (da digital e do digital), sobretudo em suas interfaces hápticas, ocuparia lugar central nessa conjunção, em que se sugere uma “brincadeira” de linguagem, com a exploração de seus limites. O cineasta quer decompor texto, imagem e som, sob a urgência de desafios políticos contemporâneos e de um embate com a possibilidade de representação, num tensionamento de temporalidades. RELATORIA: Felipe de Castro Muanis - UFC

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GT CULTURA DAS MÍDIAS

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 704 (7º andar) ATUALIDADES EM EXAME: acompanhamento noticioso esperado pelos vestibulandos nas questões da Fuvest Ivan Paganotti - FIAM-FAAM RESUMO: O vestibular da Fuvest apresenta tradicional influência nos temas discutidos em salas de aula da educação básica ao selecionar futuros estudantes da Universidade de São Paulo. Este artigo adota a análise de discurso crítica para avaliar as questões que se baseiam em fatos recentes e em textos veiculados pela imprensa, o que pode sinalizar os elementos pressupostos nas expectativas de acompanhamento midiático por parte de avaliadores, alunos e outros envolvidos no processo educacional. Esta pesquisa avalia as estratégias adotadas pela Fuvest para selecionar estudantes que consumam habitualmente fontes noticiosas e que sejam capazes de produzir reflexões acadêmicas e críticas sobre seu cotidiano. Os vestibulares de 2010 a 2019 mostram presença considerável de temas atuais e fontes noticiosas, em frequências semelhantes a outros meios de comunicação tradicionalmente atrelados a processos seletivos, como obras literárias. RELATORIA: Eduardo Vicente - USP

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COMPÓS 2019

UM LIVRO DE CABECEIRA E UMA CÂMERA NA MÃO: circulação e consumo literários na contemporaneidade Eliane Hatherly Paz - UFRJ RESUMO: Este artigo busca refletir sobre as formas de circulação do livro através da atuação de um ‘novo’ elemento em seu circuito de comunicação, os BookTubers. Leitores que expõem suas opiniões literárias no ciberespaço, esses internautas são a voz que durante muitos anos permaneceu ausente no campo literário: a da recepção não especializada. Trabalhando com conceitos da história cultural (Robert Darnton e Roger Chartier) e da sociologia da cultura (Pierre Bourdieu), investigo a natureza e as propriedades dessa comunidade on-line para determinar seu papel no mundo dos livros. Minha conclusão é que os BookTubers causam um curto-circuito na transmissão dos textos impressos, e, por consequência, no campo literário, ao abalarem a tradicional função da crítica, que é a de apresentar o livro ao leitor. RELATORIA: Marcio Serelle - PUC-Minas | Rosana de Lima Soares - USP

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GT Epistemologia da Comunicação Coordenador: José Luiz Braga - UNISINOS Vice-coordenador: Luiz Signates - UFG


COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 712 (7º andar) O QUE LATOUR TERIA A CONTRIBUIR PARA OS ESTUDOS EM COMUNICAÇÃO? Tarcísio de Sá Cardoso - UFBA RESUMO: Este texto se propõe articular algumas questões de epistemologia da comunicação com alguns traços da epistemologia proposta por Bruno Latour. Para isto, em um primeiro momento, serão elencadas algumas dentre as várias questões que têm surgido nos debates da literatura especializada do campo da comunicação. Delas, serão destacadas as questões epistemológicas de fundo, no intuito de perceber o tipo de questão que se faz presente nesta seara. Posteriormente, serão apresentadas algumas das aqui tomadas como as principais contribuições da obra de Latour para a epistemologia em geral. Será importante marcar neste ponto um traço reincidente nas ideias latourianas: a crítica à filosofia e à ciência moderna. A partir de então, pretende-se resgatar as questões apontadas por trabalhos teóricos da comunicação de modo a identificar se, e em que medida, o pensamento de Latour poderia contribuir para a epistemologia da comunicação. RELATORIA: Luiz Cláudio Martino - UNB

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E SINGULARIDADE TECNOLÓGICA: a metafísica das máquinas Adriana Braga - PUC-Rio | Mônica Chaves - PUC-Rio RESUMO: Este artigo discute o caráter metafísico das narrativas prospectivas acerca da Inteligência Artificial, a partir do dualismo cartesiano. Duas ideias permeiam o imaginário social em torno das tecnologias digitais: a de uma modernidade utópica (ou distópica), em que as máquinas se tornarão progressivamente “inteligentes” para o melhoramento (ou dominação) dos seres humanos; 93


GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO e aquela segundo a qual os seres humanos e seus corpos seriam “máquinas” da natureza. O nexo cartesiano – o ser humano entendido como a integração entre uma entidade física (o corpo) e uma entidade metafísica distinta (a mente) – fundamenta uma forma quase religiosa de representação da ciência, como nas imagens ficcionais de robôs e computadores dotados de inteligência artificial. RELATORIA: Maurício de Souza Fanta - UFSM | Ada Cristina Machado Silveira - UFSM

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 712 (7º andar) DIMENSÕES E LIMITES DA EMPATIA NA COMUNICAÇÃO: explorações na trilha de Husserl e Stein Luiz Mauro Sá Martino - FCL RESUMO: Na contramão de certos discursos mercadológico-pragmáticos que colocam a empatia como “estratégia” ou “ferramenta”, este texto procura recuperar sua concepção fenomenológica original, presente em Husserl e Stein, articulando-a com uma perspectiva relacional de comunicação. Para tanto, o conceito é pensado para além da noção comum de “se colocar no lugar do outro” em prol de uma abordagem que ressalta as tensões da empatia, como encontro, presença e conflito, com o comunicar. A proposta desenvolve dimensões da empatia como: (1) componente do encontro sensível e afetivo no ato de comunicação; (2) reconhecimento de si e da alteridade, entrelaçando a singularidade das vivências na formação do espaço comum e (3) elemento presente nos atos comunicacionais pela via das narrativas, relatos e testemunhos que intermediam a relação com o outro. Essas dimensões são vistas em uma perspectiva comunicacional e ética com a alteridade. RELATORIA: Francisco José Paoliello Pimenta - UFJF | Marina Aparecida Sad Albuquerque de Carvalho - UFJF

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VOZES COMUNS: notas sobre a apropriação e a propriedade como problemas comunicacionais Luís Felipe Silveira de Abreu - UFRGS RESUMO: Este ensaio busca refletir sobre a problemática comunicacional da apropriação de linguagem, a partir de fenômenos contemporâneos de cópia e reescrita. Em um primeiro momento, compreendemos essa apropriação através do estudo de caso da Escrita Não-Criativa, suas obras e enunciados. A partir das questões e contradições aí identificadas, partimos para uma discussão conceitual da ideia de propriedade privada, levados pela própria noção de “a-propriação”. Relacionamos, assim, a propriedade às discussões sobre linguagem e enunciação. Este cruzamento teórico acaba por demonstrar uma perspectiva potente para o pensamento da Comunicação, em que o circuito de troca linguístico é investigado em seu caráter produtivo e comum. RELATORIA: Janice Caiafa - UFRJ

FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS E METODOLÓGICOS DA PERSPECTIVA COGNITIVA DA COMUNICAÇÃO Ramon Queiroz Marlet - USP RESUMO: O presente artigo visa explorar de forma epistemológica e metodológica a perspectiva cognitiva da comunicação. Nesse sentido, veremos (1) como determinadas crises nos paradigmas dominantes dos estudos dos efeitos da mídia de massa culminaram em seu recente surgimento; (2) qual a principal corrente teórica que sustenta e norteia suas articulações; (3) como o desenvolvimento deste campo levou à criação de disciplinas fundamentadas na intersecção entre comunicação e ciências cognitivas, como a neurociência e a psicofisiologia aplicadas; (4) quais as principais ferramentas metodológicas que permitem a sua efetiva operacionalização em vários contextos comunicacionais; e (5) quais suas principais limitações teóricas e empíricas. Por fim,

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GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO concluímos este trabalho com sugestões de pesquisas futuras nas áreas de publicidade e propaganda, relações públicas, jornalismo e audiovisual, objetivando a estimulação de novas e necessárias iniciativas no escasso cenário acadêmico nacional. RELATORIA: João Damásio da Silva Neto - UNISINOS | Pedro Vasconcelos Costa e Silva - UNISINOS

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ- 9h às 12h - Sala 712 (7º andar) SOBRE A ETNOGRAFIA E SUA RELEVÂNCIA PARA O CAMPO DA COMUNICAÇÃO Janice Caiafa - UFRJ RESUMO: Neste trabalho examinamos alguns aspectos da etnografia, destacando sua dimensão experiencial e a técnica de observação participante. Ao estipular uma forma particular de pesquisar, a etnografia traz também um repertório de questões muito férteis, o que nos faz compreendê-la como “método-pensamento”. Em seguida, a partir dessa argumentação, consideramos características da teoria e da prática de pesquisa no campo da comunicação e exploramos algumas possibilidades de utilização da etnografia nesse contexto. RELATORIA: Luís Mauro Sá Martino - FCL

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ORIGENS BRASILEIRAS DAS CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO: aspectos da formação francesa nas trajetórias docentes dos primeiros PPGs João Damásio da Silva Neto - UNISINOS | Pedro Vasconcelos Costa e Silva - UNISINOS RESUMO: O artigo se inscreve nos estudos sobre as origens das Ciências da Comunicação no Brasil, abordando estritamente aspectos da formação francesa nas trajetórias de docentes atualmente ativos e presentes nos primeiros PPGs brasileiros. A abordagem das trajetórias docentes para investigar as origens é compatível com a metodologia de Tétu e Boure sobre as origens francesas. O campo de observação mapeou os PPGs de origem brasileira, a formação francesa, as áreas de origem, as teses, as linhagens de pesquisa e a atividade atual dos docentes em foco. Esse ponto de vista possibilitou inferências despretensiosas e questionamentos à epistemologia da comunicação sobre o lugar do pensamento francês nas origens brasileiras. RELATORIA: Luís Felipe Silveira de Abreu - UFRGS

SOBRE O CONCEITO DE COMUNICAÇÃO: ontologia, história e teoria Luiz Cláudio Martino - UNB RESUMO: O presente artigo discute o conceito de comunicação, na acepção de um processo de interlocutores humanos. Não se trata de uma visão definitiva, tampouco exaustiva de uma bibliografia que atravessa várias áreas do conhecimento. São apontadas algumas definições significativas. O objetivo é discutir algumas acepções e as diferentes entradas e pontos de clivagens conceituais recolhidos na literatura especializada e delinear algumas etapas históricas do conceito de comunicação. Finaliza analisando a questão do sujeito e como as definições correntes do processo de comunicação não contemplam os aspectos históricos. RELATORIA: Ramon Queiroz Marlet - USP 97


GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 712 (7º andar) SOFTWARES DE COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E A MIDIATIZAÇÃO SOB A PERSPECTIVA DA SEMIÓTICA MATERIAL Maurício de Souza Fanfa - UFSM | Ada Cristina Machado Silveira - UFSM RESUMO: Argumentamos a relação de softwares de comunicação científica com a midiatização da ciência. Além disso, tratamos do caso do Portal de Periódicos da Capes como exemplo da relação entre a construção e manutenção de softwares e questões de políticas públicas para comunicação científica. Para vencer as especificidades de tal objeto empírico de pesquisa, nossa abordagem teórico-metodológica fundamenta-se na análise de plataformas, na semiótica material e nas teorias ator-rede. Como resultado, identificamos diferentes lógicas atuando sobre a midiatização da ciência em quatro softwares diferentes: o Sci-Hub e a lógica da ética hacker; o arXiv e a lógica das instituições acadêmicas; o Portal de Periódicos da Capes e a lógica do setor estatal; e o Academia.edu e a lógica das mídias sociais. RELATORIA: Tarcísio de Sá Cardoso - UFBA

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O MÉTODO PRAGMATICISTA COMUNICAÇÃO

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A

PESQUISA

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Francisco José Paoliello Pimenta - UFJF | Marina Aparecida Sad Albuquerque de Carvalho - UFJF RESUMO: A Comunicação constitui um campo de estudos que apresenta desafios para o pesquisador, em especial por seu perfil interdisciplinar e pela dificuldade de estabelecer fronteiras com áreas afins. Uma das alternativas para enfrentar esses obstáculos é o método Pragmaticista, proposto por Charles Peirce, que se apoia em procedimentos comuns a vários campos da ciência, relacionando três tipos de inferência, abdução, indução e dedução. Caso a hipótese se mostre correta, indicará que o pesquisador tem boas chances de descobrir a lógica subjacente à questão investigada e aplicá-la àquela classe de fenômenos. RELATORIA: Adriana Braga - PUC-Rio | Mônica Chaves - PUC-Rio

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Estudos de Cinema, Fotografia e Audiovisual Coordenador: Fernando do Nascimento Gonรงalves - UERJ Vice-coordenador: Eduardo Victorio Morettin - USP


COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 409 (4º andar) O FEMINISMO DE SARITA: limiar, dialética e intersecionalidade em De cierta manera Roberta Veiga - UFMG | Claudia Cardoso Mesquita - UFMG RESUMO: O artigo propõe retornar ao cinema cubano pós-revolução, especificamente ao primeiro longa-metragem dirigido por uma mulher negra em Cuba, De cierta manera (1974- 1977), de Sara Gomez, apostando na dialética e na potência da separação (ficção, documentário) como condições de expressão de um cinema político engajado na transformação sócio-histórica e na produção de consciência crítica. Propomos pensar a forma dialética em De cierta manera a partir de três pares fundamentais que geram outros e são por eles atravessados: ficção-documentário, que estrutura a proposta e o mecanismo do filme; revolução-marginalização, fundante do argumento, e assumido pela enunciação como temática central; e o par machismo-feminismo, que analisamos mais detidamente, a partir dos procedimentos narrativos, da mise-en-scène e da montagem. No percurso, argumentamos que a experiência estruturante, conceitual e retórica, que sustenta o movimento dialético ao longo do filme, é a da limiaridade. RELATORIA: Consuelo Lins - UFRJ | Diego Morais Vieira Franco - UFRJ

HORROR AO FEMININO X HORROR FEMININO: uma análise de A Bruxa Rodrigo Carreiro - UFPE | Laura Cánepa - UAM RESUMO: O objetivo deste artigo consiste em realizar uma análise do filme A Bruxa (Robert Eggers, EUA, 2015), a fim de demonstrar como o tema da busca de autonomia feminina em uma sociedade cristã fundamentalista constrói, conduz e modula as convenções do horror dentro dessa narrativa. Para tal, examinaremos, primeiramente, de que maneira o contexto histórico e religioso dos 101


GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL EUA do século XVII (lugar e época em que a trama se passa) produzia famílias incapazes de lidar com a ideia de autonomia feminina, vista como não natural - e, portanto, potencialmente sobrenatural. Também discutiremos brevemente como o processo histórico estadunidense dos séculos XVII e XVIII originou uma longa tradição de narrativas de horror, às quais o filme A Bruxa também está relacionado. Em nossa análise, buscaremos demonstrar ainda como o filme se relaciona com a história e com a tradição do horror norte- americano. RELATORIA: Gustavo Souza - UNIP

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 409 (4º andar) A TRADIÇÃO DA VÍTIMA REVISITADA Gustavo Souza - UNIP RESUMO: Apresentada por Brian Winston em 1989, a discussão em torno da tradição da vítima no documentário toma como objeto a produção inglesa de 1930 e o cinema direto norte- americano de 1960 para defender que os realizadores dessas escolas concebiam seus personagens apenas como vítimas e com isso invadiam suas privacidades. Para desdobrar essa discussão, este trabalho se concentra na produção contemporânea brasileira ao selecionar documentários que abordam situações traumáticas: Estamira (Marcos Prado, 2004), Jogo de cena (Eduardo Coutinho, 2007), Atos dos homens (Kiko Goifman, 2006) e Branco sai, preto fica (Ardiley Queirós, 2015). Ao privilegiar questões ausentes na discussão inicial, tais como performance, testemunho e emoções, pode-se levantar a hipótese de que existem ao menos duas dimensões para a vitimização, que se distanciam da ideia de vítima unicamente como marginal; bem como o reconhecimento de que a vitimização é uma produção das políticas de Estado. RELATORIA: Fernando Resende - UFF | Roberto Robalinho - UFF | Diego Granja do Amaral - UFF

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CINEMA DE PERDA: a temporalidade longa nos filmes de arquivo Andrea França - PUC-Rio | Nicholas Andueza - UFRJ RESUMO: O artigo analisa procedimentos de “temporalidade longa” na montagem do cinema de arquivo e as formas de sensibilidade e de saber histórico que tais procedimentos favorecem. Os documentários investigados retomam imagens de acontecimentos públicos e não material cuja motivação era de cunho privado: a ditadura em Natureza-morta (2005), a migração em As Nove Musas (2010), a revolução em Videogramas de uma Revolução (1992) e a catástrofe natural em The great flood (2012). Defende-se a função (des)pedagógica do cinema de arquivo por meio de uma experiência marcada pela perda. RELATORIA: Ana Caroline de Almeida - UFPE

O COTIDIANO INVISÍVEL NA OBRA DE ADAM MAGYAR Victa de Carvalho - UFRJ RESUMO: Em busca de novas modalidades de conceber e representar o tempo, diversos artistas voltam-se para o cotidiano urbano como estratégia para a produção de suas imagens. A partir das séries Urban Flow (2006-2013) e Stainless (2011-2015), do artista húngaro Adam Magya, observaremos o tensionamento de determinados modelos de inteligibilidade da imagem em movimento e a instauração de outras temporalidades que emergem no intervalo entre a fixidez da imagem e o movimento ralentado. Em uma concepção que aproxima fotografia, cinema e novas mídias, este estudo pretende examinar, através das imagens de Adam Magyar, os caminhos para uma reflexão que compreende tanto as múltiplas experiências do tempo na atualidade quanto os desafios da fotografia no contexto da arte contemporânea. RELATORIA: Andrea França - PUC-Rio | Nicholas Andueza - UFRJ

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GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ- 9h às 12h - Sala 409 (4º andar) A CENTRALIDADE DE UM OLHAR À MARGEM: paisagens verticais do cinema brasileiro contemporâneo Ana Caroline de Almeida - UFPE RESUMO: A partir de oito sequências de quatro filmes brasileiros contemporâneos, faz-se o empreendimento de análise sobre que possibilidades de paisagens existem quando personagens que vivem em regiões periféricas de centros urbanos acionam o gesto ora da contemplação, ora do enfrentamento àquilo que se observa no horizonte. Fazendo uso de uma aposta metodológica warburguiana em usar uma prancha com várias imagens em constelação, se busca pelo pathos que atrai essas sequências distintas e as coloca em zonas de vizinhança energética. A paisagem que se abre desse exercício não será uma paisagem qualquer. Fala-se da possibilidade daquilo que o poeta e ensaísta Édouard Glissant chama de “paisagem vertical”. RELATORIA: Mariana Souto - USP

QUANDO A IMAGEM É CORPO: modos de sobreviver à máquina colonial Fernando Resende - UFF | Roberto Robalinho - UFF | Diego Granja do Amaral - UFF RESUMO: Este artigo parte dos vestígios de uma escrava africana enterrada na região portuária do Rio de Janeiro e do filme Era o Hotel Cambridge (Brasil, 2016), sobre uma ocupação no centro de São Paulo, com o objetivo de discutir como a imagem configura um corpo a partir de situações liminares. A proposta é observar a emergência intermitente das imagens e daquilo que é relegado à posição de resto, rastro, e vestígio na estrutura do poder colonial. Dos ossos humanos, que clamam um acerto com um passado escravagista, ao esqueleto 104


COMPÓS 2019 de um edifício abandonado pela especulação e reinventado como corpo político por refugiados e sem-tetos brasileiros, a imagem é a instância que conduz as demandas políticas no tempo. É a insistência de uma memória marginalizada, violentada, mas que recusa o apagamento. Como gesto de criação, persistência e (r)existência, a imagem nos serve como instrumento analítico para pensar contextos pós-coloniais, nos quais suas sobras, seus restos, sobrevivem, apesar de tudo. RELATORIA: Victa de Carvalho - UFRJ

CONSTELAÇÕES FÍLMICAS: um método comparatista no cinema Mariana Souto - USP RESUMO: Este artigo propõe debater e adensar os estudos comparativos no cinema, campo carente de sistematização, buscando na literatura comparada algumas bases. Informados pelas contribuições de autores e áreas distantes – de um lado, Walter Benjamin, de outro, a astronomia -, aventamos um método comparatista próprio: as constelações fílmicas. Alguns exemplos de constelação (como as fantasmagorias sociais no cinema ibero-americano e os musicais trabalhistas) são demonstrados no intuito de exercitar essa metodologia de análise que tem como característica uma grande abertura para a sensibilidade dos pesquisadores na experiência com as imagens. As constelações advêm da liberdade de estabelecer conexões entre partes dispersas, fundada num pensamento que escapa ao linear e busca a criação de redes entre filmes. RELATORIA: Roberta Veiga - UFMG | Claudia Mesquita - UFMG

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GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 409 (4º andar) O GESTO AMADOR NO CINEMA DE JULIO BRESSANE Lila Foster - UNB RESUMO: A filmografia de Julio Bressane é atravessada pelo uso de filmes domésticos, imagens amadoras e filmes de viagem. No presente artigo, refletimos sobre a presença do gesto amador no seu cinema, partindo de três eixos de análise: 1) a subversão da iconografia familiar; 2) o amador como potência estética e política; e 3) o filme de viagem e a geografia cinematográfica do mundo. Centrada na análise fílmica, tal perspectiva também pretende abarcar os diversos sentidos que podem assumir o que denominamos aqui de gesto amador. RELATORIA: Rodrigo Carreiro - UFPE | Laura Cánepa - UAM

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COMPÓS 2019

ANTES DA REVOLUÇÃO: felicidade e melancolia em No intenso agora, de João Moreira Salles Consuelo Lins - UFRJ | Diego Morais Vieira Franco - UFRJ RESUMO: Trata-se de uma análise do documentário No intenso agora (2017), de João Moreira Salles, tendo como foco o modo como o cineasta retoma uma heterogeneidade de imagens de arquivo e como as insere em uma estrutura narrativa que se inicia com ideia de felicidade e se conclui com a melancolia e a morte, não apenas dos jovens envolvidos nos eventos do período mas de uma tomada de posição diante dos acontecimentos do mundo. A primeira parte do filme analisa os eventos das primeiras semanas do maio de 1968, em Paris, nas quais Salles nota uma intensificação crescente da alegria nas ruas, motivada pela esperança de uma transformação radical na sociedade, uma alegria que ele vislumbra também nos relatos escritos por sua mãe sobre a viagem de turismo para a China. A segunda parte enfatiza os últimos dias do maio francês, além de retomar a invasão ocorrida na Tchecoslováquia no mesmo ano, através de imagens amadores que registraram a ocupação de Praga pelos tanques soviéticos. RELATORIA: Lila Foster - UNB

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Estudos de Comunicação Organizacional Coordenador: Rudimar Baldissera - UFRGS Vice-coordenador: João José Azevedo Curvello - UNB


COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 705 (7º andar) COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL EM ALGORITMOS E HIPERCONEXÃO DIGITAL

TEMPOS

DE

Carolina Frazon Terra – USP/FCL | Elizabeth Saad Corrêa - USP | João Francisco Raposo - USP RESUMO: A partir de uma pesquisa bibliográfica calcada nos Internet Studies, na Comunicação Organizacional Digital e nos Algoritmos, correlacionamos o contexto digital com as três dimensões da Comunicação Organizacional propostas por Baldissera (2009B), a fim de explorarmos os impactos que as organizações e suas estratégias de presença, relacionamento e visibilidade vêm sofrendo diante do contexto tecnológico e das plataformas de mídias sociais. Em nosso percurso, iniciamos caracterizando a cultura algorítmica, como os dados estão em uso pelas organizações com fins institucionais, de relacionamento e mercadológicos; e, por fim, tecemos considerações preliminares de como aproveitar o cenário irreversível de existência do algoritmo e dos dados para a Comunicação Organizacional. RELATORIA: Daniel Reis Silva - UFSM

UM MODELO ANALÍTICO DAS PRÁTICAS DISCURSIVAS NO CONTEXTO DAS ORGANIZAÇÕES: proposta metodológica em construção Ivone de Lourdes Oliveira - PUC-Minas | Márcio Simeone Henriques UFMG | Fábia Pereira Lima - UFMG RESUMO: O artigo apresenta a construção metodológica da pesquisa Disputa de sentidos em torno da mineração: marcas discursivas das organizações e das instâncias de vigilância civil e tem como propósito analisar o discurso e o contradiscurso do setor de mineração, nas esferas global/nacional e local. O estudo empreendeu duas frentes de ação iniciais: uma investigação de caráter 109


GT ESTUDOS DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL exploratório e uma construção metodológica para proposição de um modelo de análise com o intuito de identificar, por meio da análise crítica do discurso (FAIRCLOUGH, 2010), as marcas discursivas, ideias-força, vulnerabilidades, pretensões de solidariedade e reputação, por meio de análise textual. RELATORIA: Ana Teresa Gotardo - UERJ/UFF | Ricardo Ferreira Freitas - UERJ | Jorgiana Melo de Aguiar Brennand - UERJ

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 705 (7º andar) COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES GOVERNAMENTAIS E SUSTENTABILIDADE: qualidade da transparência ativa e fatores de desempenho Danilo Rothberg - UNESP RESUMO: São pouco conhecidas as características dos diferentes patamares de desempenho da comunicação pública produzida por assessorias de organizações governamentais. Em especial, no caso das políticas públicas de sustentabilidade, impactadas pelas evidências da mudança climática, há espaço para pesquisas sobre a qualidade da atuação profissional no contexto da transparência ativa, critérios de desempenho e conhecimento de fatores associados as diferentes performances. Este texto busca contribuir para preencher tal lacuna, ao descrever e interpretar os resultados de um estudo empírico de análise de conteúdo que conduzimos com o objetivo de caracterizar a qualidade da comunicação digital produzida pelas assessorias de organizações governamentais ambientais das 27 unidades federativas brasileiras. Os resultados indicam oportunidades de aperfeiçoamento da comunicação e sugerem uma associação positiva entre desenvolvimento humano e transparência ativa a ser explorada por estudos futuros. RELATORIA: Lisbeth Araya Jiménez – UCR/CICOM/UFRJ

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DISCURSO E CONSTITUIÇÃO COMUNICATIVA DAS ORGANIZAÇÕES: Ministério Público do Trabalho e reforma trabalhista no Brasil Carlos Roberto Gomes dos Santos - UCB | Victor Laus-Gomes - UCB RESUMO: Este artigo discute a constituição comunicativa do Ministério Público do Trabalho (MPT) do Brasil. São enfatizados, em uma perspectiva sistêmica, os processos estratégicos de identificação ou de construção de suas fronteiras identitárias através da análise de uma campanha realizada pelo órgão no ano de 2017, no contexto da reforma trabalhista proposta pelo governo brasileiro e dos movimentos sociais contemporâneos. A opção metodológica foi a semiótica discursiva. Os resultados indicam que o MPT (re)constrói suas fronteiras identitárias, constituindo-se comunicativamente como instituição pública autônoma e independente. RELATORIA: Rennan Lanna Martins Mafra - UFV | Ângela Cristina Salgueiro Marques - UFMG

ENTRE O INTERESSE PÚBLICO E AS POLÍTICAS DE IMAGEM: as campanhas contra o Aedes aegypti no site do Ministério da Saúde no Facebook Edna Miola - UTFPR | Francisco Paulo Jamil Marques - UFPR RESUMO: O artigo analisa as publicações do Ministério da Saúde no Facebook sobre o Aedes Aegypti no verão de 2016. Considerando o histórico da comunicação governamental no Brasil, questiona-se: que discursos sobre saúde foram promovidos nas referidas campanhas? Em que medida tal espaço foi utilizado politicamente para a promoção da imagem de instituições e indivíduos? Partindo-se da premissa de que a credibilidade e a confiança do público na comunicação governamental pode modular a disposição dos usuários em interagir, avalia-se, ainda, em que medida a natureza do conteúdo veiculado encetou diferentes níveis de engajamento por parte do público. Concluiu-se que a ênfase do MS se dá no discurso informacionista sobre a prevenção, em111


GT ESTUDOS DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL bora as informações sobre as doenças mobilizem prioritariamente a atenção dos usuários. Verificou-se, ainda, que elementos a caracterizarem a estratégia de promoção de imagem – especialmente a personalização – geram impactos estatisticamente negativos no engajamento. RELATORIA: Carlos Locatelli - UFSC

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ- 9h às 12h - Sala 705 (7º andar) ORGANIZAÇÕES, MODERNIDADE E DEMOCRACIA NA AMÉRICA LATINA: diferenças desatualizadas e climas de estagnação Rennan Lanna Martins Mafra - UFV | Ângela Cristina Salgueiro Marques - UFMG RESUMO: Nesse texto, procuramos compreender como a modernidade, os processos de modernização e a existência de horizontes democráticos afetam/ tonalizam/modulam os ambientes relacionais das organizações nos contextos contemporâneos da América Latina. Baseados na argumentação de Lechner (1988; 1990), examinamos duas hipóteses sobre tal afetação, a partir de dois movimentos tendencialmente presentes em tais contextos, na relação entre organizações e públicos: 1) desatualização das diferenças; 2) emergência de climas de estagnação. O resultado desses movimentos parece ser a forte tendência de uma tonalização dos ambientes relacionais das organizações, inseridas nos cenários latino-americanos, por horizontes democráticos atrofiados, pautados pela reificação da ideologia do progresso - a partir da insistência do uso de discursos de certeza e de futuro, amplamente criticados e já em falência na contemporaneidade. RELATORIA: Danilo Rothberg - UNESP

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TRANSPARÊNCIA EM ORGANIZAÇÕES: modelo dinâmico para pesquisa em situações de controvérsia pública Carlos Locatelli - UFSC RESUMO: Apresenta proposta de modelo dinâmico para pesquisa empírica da transparência em organizações. Parte da hipótese de que situações de conflito e com tempo finito para a tomada de decisão são mais reveladoras da transparência do que situações de normalidade organizacional e, por conta disso, o modelo pode complementar os modelos que usam parâmetros e indicadores estáticos e generalizantes. Elaborado a partir de dados sobre o comportamento de organizações durante a construção de barragens no Brasil, propõe que a observação direta dos elementos que compõem a estratégia da organização, de sua estratégia de transparência e da variação de suas formas de transparência em torno de determinadas temáticas, cotejadas com as demandas efetivas de transparência dos demais atores interessados na decisão, pode responder de forma mais robusta o quanto e em que situações uma organização é transparente. RELATORIA: Ivone de Lourdes Oliveira - PUC-Minas | Márcio Simeone Henriques - UFMG | Fábia Pereira Lima - UFMG

DINÂMICAS DA DESMOBILIZAÇÃO: a criação de entraves aos processos de formação e movimentação de públicos Daniel Reis Silva - UFSM RESUMO: Ancorado em uma compreensão Deweyniana sobre públicos, alinhado com pesquisas acerca dos processos de formação e movimentação dos mesmos na sociedade contemporânea, o trabalho aborda uma lógica ainda pouco sistematizada na literatura sobre o tema: a desmobilização, entendida aqui como uma dinâmica comunicativa orientada para a criação de entraves capazes de frear e enfraquecer a criação ou ação desses agrupamentos. Reconhecendo o potencial do conceito para a comunicação organizacional e pública, busca exemplificar o raciocínio acerca das condições de desmobilização, realizando a análise de alguns discursos contrários à greve dos caminhoneiros 113


GT ESTUDOS DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL de 2018. Constata que as condições de desmobilização oferecem novas lentes para encarar tais proferimentos, destacando apelos sobre a falta de concretude e caráter público na causa dos caminhoneiros sobre a impossibilidade de soluções para o problema da greve e sobre seu desalinhamento moral com os horizontes éticos da sociedade brasileira. RELATORIA: Edna Miola - UTFPR | Francisco Paulo Jamil Marques - UFPR

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 705 (7º andar) SUJEIÇÕES CON-SENTIDAS: estudo empírico da felicidade no trabalho em uma organização costarriquenha Lisbeth Araya Jiménez - UCR/CICOM/UFRJ RESUMO: Nessas linhas fazemos um percurso exploratório pelas compreensões através das quais as ciências sociais têm definido as emoções; trajeto que consideramos fundamental para chegar no estudo da emoção específica da felicidade no trabalho a partir da comunicação. Desde uma perspectiva crítica - que analisa aquilo que as emoções fazem na subjetividade, nos vínculos e nas relações sociais no âmbito organizacional - testamos empiricamente nossas categorias analíticas na procura de uma bússola que oriente a pesquisa sobre felicidade das pessoas no trabalho e no mundo contemporâneo. RELATORIA: Carlos Roberto Gomes dos Santos - UCB | Victor Laus-Gomes UCB

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COMPÓS 2019

WELCOME TO RIO: imaginários e interfaces entre cidade global e economia criativa Ana Teresa Gotardo - UERJ/UFF | Ricardo Ferreira Freitas - UERJ | Jorgiana Melo de Aguiar Brennand - UERJ RESUMO: Nosso objetivo neste artigo é discutir os imaginários sobre cidade global, economia criativa e suas relações a partir dos conceitos de autores como Sassen (2015), Howkins (2013) e Figueiredo (2015), por meio da análise de dois episódios do documentário seriado de televisão Welcome to Rio, exibido pela BBC em 2014, que narram histórias de empreendedores que residem em favelas cariocas. Os produtos audiovisuais mostram outros valores da “marca Rio” e alguns efeitos das cidades globais, corroborando as ideias de Sassen (2005) de que a exigência de profissionais qualificados e empresas lucrativas aumentam a desigualdade socioeconômica e incrementam os indicadores de informalidade nessas cidades. Eles também apresentam pontos de vistas na contramão dos atributos associados à marca institucional, apesar de também fazerem parte do escopo do que pode ser compreendido como economia criativa. RELATORIA: Carolina Frazon Terra – USP/FCL | Elizabeth Saad Corrêa - USP | João Francisco Raposo - USP

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Estudos de Jornalismo Coordenadora: Claudia Quadros – UFPR Vice-coordenador: Frederico Tavares – UFOP


COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 713 (7º andar) PROJETO PERDIDO: os estudos de jornalismo e a via italiana para sua transformação em ciência durante a era fascista Francisco Rüdiger – PUCRS RESUMO: O artigo relata em primeira mão, para a comunidade acadêmica de língua portuguesa, as origens, as teses e a fortuna da iniciativa que pretendeu criar uma ciência do jornalismo à época do regime fascista italiano. O estudo é histórico e analítico, baseando-se em pesquisa documental de fontes primárias. A primeira seção procede à rápida contextualização do assunto. A seguinte mostra como a proposta de desenvolver a teoria supôs a história do jornalismo. A terceira sintetiza a passagem desta última para a formulação do programa de estudos da sua ciência. A conclusão aponta a reflexão epistemológica surgida naquele contexto e mostra como o conjunto do projeto foi abortado com a queda de Mussolini. RELATORIA: Carla Montuori Fernandes – UNIP | Luiz Ademir de Oliveira – UFSJ / UFJF | Vinícius Borges Gomes – UNIP

JORNALISTAS E XAMÃS: a performance na cosmologia ameríndia e a invenção de um jornalismo diferenciante Lara Linhalis Guimarães – UFOP RESUMO: Jornalistas e xamãs se encontram na tarefa de traduzir mundos. O jornalismo, em seu viés de serviço prestado à sociedade por meio de empresas de comunicação, cresceu com o desenvolvimento capitalista; é filho da modernidade e dela herda valores atrelados a uma epistemologia objetivista: mais conheço quanto me afasto. Os xamãs, mestres do esquematismo cósmico, dedicam-se a realizar diálogos entres espécies diferentes de pessoas, prática

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GT ESTUDOS DE JORNALISMO amparada por uma cosmologia radicalmente relacional: conhecer é personificar, subjetivar. Por essa via, busca-se inspiração no xamanismo e no desenho insurgente de um quadro epistemológico relacional, que auxilie jornalistas em sua tarefa de traduzir mundos. RELATORIA: Francisco Rüdiger – PUCRS

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 713 (7º andar) UMA PROPOSTA DE FRAMEWORK TEÓRICO PARA ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA NO JORNALISMO IMERSIVO Adalton dos Anjos Fonseca – UFBA | Luciellen Lima – UFBA | Suzana Barbosa – UFBA RESUMO: O artigo tem como objetivo a proposição de um quadro teórico para a análise da experiência no jornalismo imersivo. Parte-se da discussão sobre a relação entre imersão e jornalismo e do conceito de jornalismo imersivo. Busca-se aprofundar as discussões sobre o conceito de experiência e recompô-lo com as próprias narrativas imersivas em realidade virtual. A metodologia consiste na combinação entre a pesquisa bibliográfica e a análise de produtos. A proposta de quadro teórico para a análise da experiência no jornalismo imersivo está fundamentada em quatro níveis: epistêmico, estratégico, estilístico e estético – que se desdobram em aspectos teóricos e técnicos. Entre as conclusões, indica-se que esses níveis mostram uma inter-relação de experiências de agentes produtores, usuários e de expectativas de ambos os lados, uma vez que não existem experiências puramente individuais: elas fazem parte de uma rede de agentes que compartilham suas emoções, repertórios, visões de mundo e vivências. RELATORIA: Camilla Quesada Tavares – UFMA

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COMPÓS 2019

AGIR CARTOGRÁFICO: proposta teórico-metodológica para compreensão e exercício do jornalismo em rede Felipe Moura de Oliveira – UFRGS | Moreno Cruz Osório – PUC-RS | Ronaldo Cesar Henn – UNISINOS RESUMO: O artigo formula proposta a partir de exercício teórico diante do que é postulado ser uma crise sistêmica no jornalismo contemporâneo. Na perspectiva da filosofia da linguagem, a natureza da crise delineia-se pela disputa de sentidos que se estabelece na semiosfera, cuja conformação é afetada intensamente pelo alto grau de conectividades que se processam no ambiente digital. Versões contemporâneas do fenômeno designado como fake news e outros desdobramentos, como a ascensão de imaginários retrógrados, adensam a configuração dessa crise. Considerando-se as tensões que esse fenômeno produz sobre as práticas jornalísticas, emerge a proposta do agir cartográfico, associado à interface dos conceitos de ciberacontecimento e breaking news, como alternativa teórico-metodológica para a compreensão e o exercício do jornalismo em rede. É um movimento que projeta o jornalismo na condição de mediação qualificada, favorecendo formas mais complexas de representação e interpretação do mundo. RELATORIA: Adalton dos Anjos Fonseca – UFBA | Luciellen Lima – UFBA | Suzana Barbosa – UFBA

TENSIONAMENTOS ENTRE CAMPOS SOCIAIS: as fake news e a reconfiguração do campo comunicacional e político na era da pós-verdade Carla Montuori Fernandes – UNIP | Luiz Ademir de Oliveira – UFSJ / UFJF | Vinícius Borges Gomes – UNIP RESUMO: O artigo propõe o estudo da reconfiguração do campo da comunicação em função da nova ambiência eleitoral de 2018, quando os fluxos midiáticos foram marcados por alterações em suas dinâmicas. O trabalho visa a ofe-

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GT ESTUDOS DE JORNALISMO recer um contributo de reflexão, apontando dados e sistematizando aspectos ligados ao fenômeno das fake news. Nesse sentido, cumpre entender conceitos de midiatização e abordar perspectivas de embasamento da realidade política do País, sobretudo o papel dos campos, como o do jornalismo, colocado em xeque numa época em que a pós-verdade assume lugar de destaque na sociedade. Para a realização da pesquisa, foi desenvolvida uma análise de conteúdo das matérias da agência de checagem Lupa durante o período de 23 a 28 de outubro de 2018. RELATORIA: Alfredo Eurico Vizeu Pereira Júnior – UFPE | Kellyanne Carvalho Alves – UFPB

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ- 9h às 12h - Sala 713 (7º andar) FONTES ATIVAS DO TELEJORNAL: colaboração das audiências ativas no Brasil e Espanha Alfredo Eurico Vizeu Pereira Júnior – UFPE | Kellyanne Carvalho Alves – UFPB RESUMO: A colaboração das audiências ativas no trabalho de produção de notícia dos jornalistas é cada vez mais uma tendência nas redações. Entendemos as audiências ativas como um fenômeno complexo que integra pessoas e grupos sociais ativos, interativos e participativos de colaboradores e cooperadores dos debates sociais, políticos, econômicos e culturais por meio de canais de publicação e compartilhamentos de informações em rede. Uma parte dessas audiências ativas colabora diretamente com os telejornais, objeto da nossa pesquisa. Este artigo traz uma parte das análises da colaboração dessas audiências em dois principais telejornais de TVs privadas abertas no Brasil ( Jornal Nacional, da Rede Globo, e Jornal da Record, da Rede Record) e na Espanha (In-

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COMPÓS 2019 formativo 21h, da Telecinco, e Noticias 2, da Antena 3). Propomos a hipótese de que as audiências ativas, ao colaborarem com o telejornal, tornam-se fontes ativas do telejornal e trazem novos contornos ao processo produtivo televisivo. RELATORIA: Felipe Moura de Oliveira – UFRGS | Moreno Cruz Osório – PUC-RS | Ronaldo Cesar Henn – UNISINOS

A EXPECTATIVA DA AUDIÊNCIA COMO VALOR-NOTÍCIA: uma análise a partir da experiência dos jornalistas da Gazeta do Povo Camilla Quesada Tavares – UFMA RESUMO: Em 2019 a Gazeta do Povo, um dos principais veículos jornalísticos do Paraná, completou 100 anos em meio a diversas mudanças no seu projeto editorial. Com o fim do impresso, ocorrido em 2017, o processo de produção noticioso passou também por uma reformulação, considerando agora outros aspectos como relevantes e primordiais para a seleção dos acontecimentos e construção da notícia. O interesse da audiência pelos assuntos é um deles. Para compreender o papel nesse processo, entrevistamos 15 profissionais que atuaram na redação nesse período de reformulação editorial. A metodologia utilizada é a qualitativa, por meio da técnica da entrevista em profundidade. Os profissionais avaliam que as pautas que geram audiência têm preferência, e uma outra preocupação é fazer o conteúdo chegar ao leitor. Assim, mudam-se as lógicas da produção e distribuição. Nosso argumento é que essas novas características levam à emergência de um novo valor-notícia, que chamamos de “expectativa da audiência”. RELATORIA: Fabiana Moraes – UFPE | Márcia Veiga da Silva – Unisinos

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GT ESTUDOS DE JORNALISMO

CREDIBILIDADE NO JORNALISMO INDEPENDENTE EM PLATAFORMAS DIGITAIS: uma análise a partir da Agência Pública Raphaelle Batista – UFC | Edgard Patrício – UFC RESUMO: Credibilidade e independência são termos frequentes em produções do campo dos estudos do jornalismo (MEYER, 2007; SERRA, 2006a, 2006b; CHRISTOFOLETTI e LAUX, 2007; COLODETI, 2016, ASSIS et al, 2017). Mas a relação credibilidade e jornalismo independente não costuma ser abordada. Num cenário de proliferação de iniciativas de jornalismo que assumem o discurso de independência, trazendo esse traço em sua própria identidade (BATISTA e PATRÍCIO, 2017), neste artigo investigamos as especificidades da construção da credibilidade no contexto do jornalismo independente. O objeto do trabalho é a Pública – Agência de Jornalismo Investigativo. A partir de metodologia inspirada na análise do discurso, esquadrinhamos as páginas Quem Somos e Transparência do site da AP. Os resultados apontam que há valores e dimensões de credibilidade da mídia convencional incorporados pela iniciativa ‘independente’. Porém, há especificidades, como questões vinculadas a gênero e transparência, que as diferenciam. RELATORIA: Seane Alves Melo – UFF

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 713 (7º andar) O JORNALISMO INVESTIGATIVO COLONIZADOR INTERNO

BRASILEIRO

COMO

Seane Alves Melo – UFF RESUMO: A questão que buscamos explorar neste artigo diz respeito aos efeitos das reinterpretações de ideais democráticos ocidentais, especialmente o da liberdade de expressão e o da accountability, nos discursos autorreferenciais 122


COMPÓS 2019 do jornalismo investigativo brasileiro. A partir da observação do site da Abraji e da análise de conteúdo das notas da instituição, buscamos desconstruir as justaposições entre o domínio do jornalismo, o dos cidadãos e o da administração pública. Assim, defendemos que as reinterpretações daqueles ideais no contexto brasileiro levam a imprensa nacional a assumir uma postura de superioridade moral em relação ao poder público e aos próprios cidadãos. RELATORIA: Lara Linhalis Guimarães – UFOP

A OBJETIVIDADE JORNALÍSTICA TEM RAÇA E TEM GÊNERO: a subjetividade como estratégia descolonizadora Fabiana Moraes – UFPE | Márcia Veiga da Silva – UNISINOS RESUMO: Neste artigo propomos uma discussão sobre como a noção de objetividade jornalística prevalente se constitui a partir das estruturas epistêmicas do sistema-mundo capitalista, patriarcal, ocidental, moderno. Através dos estudos decoloniais e feministas, entendemos que a reprodução das ideologias, como a do machismo e a do racismo, no jornalismo se dá informada por uma racionalidade colonizadora limitante para a compreensão da alteridade. Tal racionalidade tem em seu cerne a noção de objetividade permeada pelo ideário falacioso da neutralidade e impregnada por valores sociais dominantes. Para essa discussão, trazemos alguns exemplos do quanto essa condição de pensamento incide nos valores-notícia e é partícipe do processo de desumanização de parcelas expressivas da população, relegando-as às margens não apenas do jornalismo, mas das sociedades das quais são parte. Sugerimos que uma prática jornalística que preveja a subjetividade pode ser uma ferramenta para a descolonização do Jornalismo. RELATORIA: Raphaelle Batista – UFC | Edgard Patrício – UFC

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Estudos de Som e Música Coordenadora: Adriana Amaral - UNISINOS Vice-coordenador: Thiago Soares - UFPE


COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 411 (4º andar) MESA 1 - SONORIDADES: ENTRE O RUÍDO E O SILÊNCIO

SOM, RUÍDO E MÚSICA: instabilidades conceituais Felipe da Costa Trotta - UFF RESUMO: O presente artigo tem como proposta elaborar um debate sobre os conceitos de som, ruído e música. Parte-se da ideia de que tais termos são acionados como vetores de um julgamento de valor em relação à experiência sonora, processado pelo ouvinte. A partir de entrevistas realizadas para uma pesquisa sobre incômodos causados pela música, observou-se que as pessoas usam os três termos (e mais um quarto que intensifica a noção de ruído: “barulho”) de modo intercambiável, para acentuar sua percepção, sensibilidade e julgamento em relação ao som ouvido. Destaca-se nesse processo a dimensão ativa da escuta, realizada a partir de um ponto de convergência de determinadas disposições do indivíduo que ouve – o “ouvidor”. Tais disposições, por sua vez, são construídas a partir de uma experiência acumulada de expectativas sobre o som, em tensão com uma avaliação sobre a adequação da experiência sonora, seu volume e sua estética. RELATORIA: Nadja Vladi Gumes - UFRB

SONLÊNCIO: MODULAÇÕES DA EXPERIÊNCIA DE SILÊNCIO NA CULTURA AURAL CONTEMPORÂNEA Vinicius Andrade Pereira - UERJ RESUMO: Ao considerar a quantidade de autores que exploram a problemática silêncio versus ruídos hoje, é possível afirmar que o mundo teria se tornado mais barulhento e cacofônico. Frente a essa possibilidade, surgem questões tais como: como compreender os significados e valores do silêncio na contemporaneidade? Seria o silêncio um objeto legítimo para o campo de Estudos do 125


GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA Som e da Comunicação? Pode a escuta do silêncio ser um aprendizado tal como é a escuta de outros sons? É em busca de encaminhamentos para essas perguntas que o presente artigo se constrói, passando em revista boa parte da literatura, assim como práticas de consumo, tecnologias e materiais que tomam o silêncio como foco de suas ações. O estudo aqui apresentado propõe o termo “sonlêncio” como uma experiência silenciadora que se apresenta como uma importante modulação do silêncio na contemporaneidade que abre vias para se pensar, por fim, a cultura aural hodierna. RELATORIA: Jorge Cardoso Filho – UFRB / UFBA |' Emmanoel Martins Ferreira - UFF

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 411 (4º andar) MESA 2 - CONTROVÉRSIAS, ESTRATÉGIAS E CONTEÚDOS MUSICAIS EM REDE

OS FEATS DE VIDEOCLIPES COMO ESTRATÉGIA CONSOLIDAÇÃO DA REDE DE MÚSICA POP PERIFÉRICA

DE

Simone Pereira de Sá - UFF RESUMO: O trabalho tem por foco os feats - as participações de convidados - em videoclipes da/com a cantora Anitta. E sua indagação central gira em torno das diversas acepções de cosmopolitismo estético (Regev, 2013) acionados por esses clipes e as formas como eles encenam as marcas dos territórios periféricos, seja em termos de sonoridade, seja em termos de cenários. Assim, proponho entender os feats enquanto performances negociadas que resultam em reconfigurações estéticas e identitárias. Organizado em três seções, na primeira apresento brevemente o corpus, constituído por um conjunto de videoclipes de 2017 que têm em comum a presença de Anitta. A seguir, discuto os

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COMPÓS 2019 feats à luz das estratégias de apadrinhamento da música gravada no século XX, buscando as suas especificidades dentro da cultura digital; e, finalmente, na terceira parte, encaminho algumas questões em torno das fronteiras dos gêneros musicais e das reconfigurações identitárias em torno das territorialidades. RELATORIA: Márcio Leonardo Monteiro da Costa - UFMA | Lucina Reitenbach Viana - UNISINOS / UNICURITIBA | Caroline Govari Nunes - UNISINOS

CONTROVÉRSIAS E DISPUTAS SIMBÓLICAS NA MÚSICA BREGA: o caso “tem gogó, querida?” Pedro Alves Ferreira Júnior - UFPE RESUMO: O trabalho tem como foco principal discutir noções de valor e disputas simbólicas acionadas na música brega recifense, a partir de uma discussão midiática protagonizada pelas cantoras Michelle Melo e Eliza Mell, em outubro de 2018. Utilizando aspectos da metodologia oriunda da Teoria Ator-Rede (cartografia das controvérsias), busco identificar rastros de atores que formam uma rede sociotécnica para discutir questões como voz, performance de gosto e ativismo de fãs. RELATORIA: Matheus Ayrton Cardoso Demarco - UFMT | Giordanna Laura da Silva Santos - UFMT

POLÍTICAS DE RECOMENDAÇÃO DE CONTEÚDO: as tensões entre o viés econômico da indústria fonográfica e as premissas de sociabilidade de plataformas de distribuição de música online Matheus Ayrton Cardoso Demarco - UFMT | Giordanna Laura da Silva Santos - UFMT RESUMO: Este artigo traz uma discussão e algumas hipóteses da pesquisa de dissertação de mestrado em andamento, que tem por objetivo analisar as diversas vertentes de sentido conferidas às plataformas musicais pela camada profissional da indústria fonográfica e pelos usuários. Assim, o escopo deste 127


GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA trabalho discute adventos e práticas que complexificam a composição contemporânea do mercado fonográfico, apontando características da relação indústria-consumidores que dão base para a hipótese da dissertação de que os sistemas de recomendação de conteúdo das plataformas Spotify e YouTube não funcionam sob um viés puramente orgânico. RELATORIA: Pedro Alves Ferreira Júnior - UFPE

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ- 9h às 12h - Sala 411 (4º andar) MESA 1 - PESQUISA EM CENAS MUSICAIS: POSSIBILIDADES E ABORDAGENS

POSSÍVEIS ABORDAGENS METODOLÓGICAS EM PESQUISAS SOBRE CENAS E GÊNEROS MUSICAIS Márcio Leonardo Monteiro da Costa - UFMA | Lucina Reitenbach Viana UNISINOS / UNICURITIBA | Caroline Govari Nunes - UNISINOS RESUMO: Este artigo pretende discutir a relação entre pesquisadores e seus sujeitos/objetos empíricos no âmbito das pesquisas sobre cenas e gêneros musicais, a partir das diferentes abordagens metodológicas utilizadas pelos autores. Partindo da revisão teórica sobre as noções de gêneros e cenas musicais, passando pela descrição dos resultados e discussão dos métodos utilizados, e considerando as possibilidades e os limites de cada abordagem metodológica aplicada, a análise das relações construídas pelo pesquisador-insider em diferentes contextos conduz à reflexão de questões mais sutis a respeito do método e suas implicações nos resultados de pesquisa e na formação do pesquisador. RELATORIA: Jeder Janotti Jr. - UFPE | Jonas Pilz - UFF, Thiago Pereira - UFF

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COMPÓS 2019

O NOVO SOM DE SALVADOR: a ocupação política/estética da nova cena musical no Carnaval Nadja Vladi Gumes - UFRB RESUMO: Este artigo traz os resultados preliminares de uma pesquisa em curso, iniciada durante o pós-doutorado, no qual fazemos uma reflexão sobre a ocupação de territorialidades do carnaval de Salvador por atores da nova cena da música pop de Salvador, para pensar as alianças estabelecidas no cotidiano da cidade. A partir da observação de determinadas experiências estéticas/ políticas, nossa tentativa é uma análise sócio-comunicacional para entender a urbe como um espaço de midiatização, tendo como cenário o carnaval e a circulação de artistas nestes ambientes, a partir do uso da noção de cenas musicais em diálogo com questões como territorialidades, ativismo, com o objetivo de contribuir para o debate do papel das cidades nos estudos da música e da comunicação. RELATORIA: Simone Pereira de Sá - UFF

PLAYING (WITH) THE MUSIC: jogo e apropriação na cena musical chiptune Jorge Cardoso Filho – UFRB / UFBA | Emmanoel Martins Ferreira - UFF RESUMO: Neste artigo apresentamos a discussão sobre a cena Chiptune numa perspectiva de “apropriação” e adaptação mútua entre usuários e tecnologia, a partir de uma sistematização de discursos diversos (filme e bibliografia). Extraímos daí uma percepção sobre a dimensão antropológica da experiência de jogar (jogo do jogo) e apresentamos algumas práticas dos integrantes da cena, com suas devidas interpretações. RELATORIA: Vinicius Andrade Pereira - UERJ

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GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 411 (4º andar) MESA 2 - GÊNEROS MUSICAIS E POLÍTICAS IDENTITÁRIAS

“F**K YOU ROGER, PLAY THE SONGS”: rock, política e rasuras na turnê de Roger Waters no Brasil em 2018 Jeder Janotti Jr. - UFPE | Jonas Pilz - UFF | Thiago Pereira - UFF RESUMO: Elegendo como objeto central a turnê Us + Them do músico Roger Waters, que passou pelo Brasil em 2018 acumulando polêmicas em torno de seu posicionamento político nas apresentações, este artigo pretende analisar os tensionamentos possíveis entre um ethos transgressor do rock, as expectativas e especificidades dos grandes espetáculos na contemporaneidade e as controvérsias (ou tretas) que surgem destes arranjos. A partir destas discussões, propomos que a ruptura causada pelas performances de Waters nos 22 dias em que esteve no Brasil visibilizou diversas disputas, negociações e possíveis reconfigurações nos afetos em seus fãs. Às manifestações, performatizadas nas ambiências digitais, que designamos como rasuras, sublinhamos as tentativas de boicotar o artista, questionar sua legitimidade, eximi-lo de responsabilidade e reivindicar alguma autoridade sobre o espetáculo. RELATORIA: Thiago Tavares das Neves - ESPM | Danilo Postinguel - ESPM | Fernando Gonzalez - ESPM

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COMPÓS 2019

O CANTO DA QUEBRADA: aberrâncias audiovisuais, “friccionalidades” e transgressão do “cistema” Thiago Tavares das Neves - ESPM | Danilo Postinguel - ESPM | Fernando Gonzalez – ESPM RESUMO: O presente artigo aponta a partir da “artivista musical de gênero” Linn da Quebrada pistas para compreender dinâmicas de negociação da cultura pop com a subalternidade a partir de aberrâncias audiovisuais, estudos de gênero, “friccionalidade” e transgressão. Linn opera como uma chave epistemológica para entender as interseções entre os estudos de gênero e a comunicação, refletir sobre dinâmicas do entretenimento, questões estético-políticas e “epistemologias enviadescidas”. Partindo dela podemos pensar uma comunicação-trans, do “entre”, uma comunicação que negocia com diferentes campos, aberrante, friccional, social, político, estético, afetivo, transgressor, musical e pop. RELATORIA: Felipe da Costa Trotta - UFF

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Estudos de Televisão Coordenador: Marcel Vieira Barreto Silva – UFPB Vice-coordenadora: Gabriela Borges – UFJF


COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 706 (7º andar) UMA CARTOGRAFIA DO OBITEL Maria Immacolata Vassalo Lopes – USP | Ligia Prezia Lemos – USP RESUMO: O presente artigo pretende realizar uma análise cartográfica referente aos dez anos de monitoramento do Observatório Ibero-Americano da Ficção Televisiva (Obitel), marcando as principais transformações e tendências que afetaram profundamente o cenário televisivo brasileiro com a implantação da televisão digital e a emergência de uma cultura digital no país. Como perspectiva teórica de base e para melhor compreender tais mudanças apoiamo-nos na cartografia barberiana da comunicação (LOPES, 2018) fazendo uso do segundo mapa das mediações de Martín-Barbero (2001). Ele nos permite trabalhar empiricamente as pesquisas do Obitel (com destaque ao Brasil) através das lógicas de produção e as competências de recepção, bem como as matrizes culturais e os formatos industriais das ficções televisivas brasileiras, além de articular as submediações da ritualidade, tecnicidade, institucionalidade e socialidade. RELATORIA: Ariane Holzbach – UFF | Joana D'Arc de Nantes – UFF | Gabriel Ferreirinho – UFF

Juntas e misturadas no GNT? Performance televisiva, feminilidades e identidade de marca sob tensão Juliana Gutmann – UFBA | Tess Chamusca Pirajá – UFBA RESUMO: Este artigo objetiva refletir sobre construções de feminilidades que atravessam o canal a cabo brasileiro GNT e respondem pelo que comumente chamamos de identidade de marca. A noção de performance é tomada como possibilidade teórica para acessar essa identidade pela análise de como e com quais corpos o GNT constitui figurações de si na grade de programação e nas ambiências digitais (site institucional, Facebook e YouTube). A análise apresen133


GT ESTUDOS DE TELEVISÃO tada tem como marco ações do canal realizadas na Semana de Comemoração ao Dia Internacional da Mulher em 2017, quando se evidenciam articulações mais enfáticas com outras perspectivas do corpo feminino que apontam para ambiguidades nos modos como o GNT se faz ver na TV e na Internet. RELATORIA: Leandro Rodrigues Lage – UNIFESSPA | Paulo Roberto Gibaldi Vaz – UFRJ

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 706 (7º andar) MEDIAÇÃO TRANSNACIONAL, TELENOVELA E SÉRIES Esther Imperio Hamburger – USP | Giancarlo Casellato Gozzi – USP RESUMO: Este trabalho aborda possíveis relações entre duas formas de séries televisivas: a telenovela brasileira e latino-americana e o seriado televisivo americano. Embora os estudos de telenovela gozem de estatuto transnacional, eles em geral ficam à margem dos estudos de televisão contemporâneos, considerada como um exemplo pobre de um meio que constantemente se “complexifica” (MITTELL, 2006). O estudo de Avenida Brasil, novela que alcançou reverberação nacional e internacional, e o início de uma comparação com a série americana House of Cards levanta possíveis pontos de contato e contribuições dos estudos de telenovela para os estudos de televisão. RELATORIA: Renato Luiz Pucci Jr. – UAM

NUANCES POÉTICAS NA FICÇÃO TELEVISIVA BRASILEIRA: análise de As Aventuras de Poliana (SBT) João Paulo Hergesel – UAM | Rogério Ferraraz – UAM RESUMO: A relação entre televisão e poesia pode não ser tão heterogênea quanto aparenta. O objetivo principal deste artigo é investigar como se formam 134


COMPÓS 2019 as nuances poéticas na ficção televisiva brasileira, por meio de dois recortes de As Aventuras de Poliana (SBT), tendo em vista a relevância científico-cultural desse tipo de discussão e a carência desse tema no campo dos estudos televisivos. A metodologia utilizada é a análise narrativa e estilística, com base nos textos de David Bordwell, Jeremy G. Butler e Simone Maria Rocha, entre outros. O corpo teórico encontra, ainda, suporte nas pesquisas de Décio Pignatari, sobre comunicação poética, de Míriam Cristina Carlos Silva, sobre poético na mídia, entre outros autores. O resultado aponta que, mesmo em se tratando de uma mídia massiva, sobretudo quando direcionado ao âmbito da TV aberta, com foco em uma narrativa que visa ao retrato do cotidiano, é perceptível a presença de momentos que se sobressaem expressivamente. RELATORIA: Simone Maria Rocha – UFMG

MECANISMOS DA DISPARIDADE COGNITIVA EM NARRATIVAS SERIADAS: um exame de Billions Benjamim Picado – UFF | Wanderley Anchieta – UFF RESUMO: Introduziremos noções sobre a lógica textual de construção das narrativas, a partir de uma orientação cognitivista das teorias narratológicas, especialmente aquelas situadas no universo audiovisual (com David Bordwell e Edward Branigan). Na base dessas considerações sobre narrativas, intriga e cognição, analisaremos a evolução dos atos dramáticos de um episódio da 2a temporada do seriado televisivo Billions (2017), cuja coerência segrega-se em partes nucleares ou “quadros mentais” de referência. A partir daí, indagaremos sobre a construção dos efeitos de “surpresa” narrativa, sustentados pela noção de “disparidade cognitiva”, elaborada originalmente por Branigan. RELATORIA: João Damasceno Martins Ladeira – UNISINOS

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GT ESTUDOS DE TELEVISÃO

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ- 9h às 12h - Sala 706 (7º andar) ONDE ESTÃO AS CRIANÇAS? Uma investigação mundial da programação infantil na TV aberta Ariane Holzbach – UFF | Joana D'Arc de Nantes – UFF | Gabriel Ferreirinho – UFF RESUMO: Este trabalho objetiva compreender o lugar que a programação infantil ocupa na TV aberta, considerando o importante papel das grades de programação na estruturação dos conteúdos televisivos. Nosso argumento tem em vista que 1) as grades são fundamentais para compreensão das práticas de veiculação e consumo da TV contemporânea e 2) a partir da análise das grades é possível compreender uma série de fenômenos relacionados à programação infantil. A proposta é investigar a presença desse conteúdo na televisão aberta considerando para isso um mapeamento realizado em grades de 16 países e 30 canais. A análise revela a ainda marcante presença dos produtos infantis na TV e enfatiza a importância de perceber as televisões em diálogo com contextos globais. RELATORIA: João Paulo Hergesel – UAM | Rogério Ferraraz – UAM

SÉRIES DE TRIBUNAL E APRENDIZADO DE ARGUMENTAÇÃO PERSUASIVA: efetividade interna e esboço de experimento Renato Luiz Pucci Jr. – UAM RESUMO: Exame de séries de tribunal em vista da identificação de produtos que possam levar os espectadores a desenvolver a capacidade para a argumentação persuasiva. Parte-se da hipótese de trabalho de que a exposição a séries em que os personagens ficcionais tenham casos difíceis e que, portanto, exerçam a argumentação persuasiva em alto nível, faria com que espectadores desenvolvessem a aptidão intelectual. Um episódio de The Defenders (1961136


COMPÓS 2019 1965) e outro de For the People (2018 - ) são analisados a fim de avaliar sua adequação ao critério de efetividade interna, que estipula que a argumentação persuasiva exibida poderia funcionar na vida real. É esboçado um experimento para testar a ocorrência de aprendizado e de transferência de conhecimentos, tendo como referência um trabalho realizado por Levine, Serota e Shulman. O experimento levará em conta a necessidade de mediação, no sentido utilizado por Feuerstein, para que o conhecimento possa transferir-se para outras áreas da vida profissional e cotidiana. RELATORIA: Maria Immacolata Vassalo Lopes – USP | Ligia Prezia Lemos – USP

A FUSÃO AT&T-TIME WARNER E SUAS DELIBERAÇÕES REGULATÓRIAS NO BRASIL João Damasceno Martins Ladeira – UNISINOS RESUMO: Centrado numa perspectiva arqueológica e atento à forma adotada pelas mídias no âmbito da constituição do streaming, analisa-se neste texto o julgamento no Brasil da compra pela AT&T da Time Warner. Caso relevante, permitirá a criação de novas plataformas de difusão para a imagem mediante a associação entre uma gigantesca estrutura para tráfego de informação e o conteúdo de um relevante criador global. Num processo ainda indefinido, estende-se aqui desde 2017, em meio a deliberações legais divergentes, pondo em questão, contraditoriamente, a própria norma que avalia o caso. Os termos pelos quais se avalia o acordo são parte do que é discutido, expondo uma relação repetida com as normas, numa dimensão do poder em constante recursividade. A dúvida decorre de intervenções em busca por produzir dos reguladores uma interpretação das leis segundo as expectativas de quem é julgado, numa decisão com força para inviabilizar um evento capaz de renovar a difusão do audiovisual. RELATORIA: Esther Imperio Hamburger – USP, Giancarlo Casellato Gozzi – USP

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GT ESTUDOS DE TELEVISÃO

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 706 (7º andar) A EXPERIÊNCIA TELEVISIVA ENTRE A MAGIA DO VER E A MÁGICA DA IMAGEM: uma análise do tema da violência contra a mulher em O outro lado do paraíso Simone Maria Rocha – UFMG RESUMO: Este artigo tem como objetivo aprimorar um modelo de análise que parta da dimensão formal da televisão para evidenciar a experiência visual que ela oferece com base nas noções de visualidade e especificidade do meio, tal como desenvolvidas no campo dos estudos de cultura visual. Analiticamente, articulo tais noções com a análise do estilo televisivo e destaco nesse desenho a tentativa de explorar a dimensão estética da estilística televisiva baseada nas noções de experiência visual, experiência e de sensibilidade, essas duas últimas tal como extraídas do encontro de Jesús Martín-Barbero com a obra de Walter Benjamin. Empiricamente analiso uma sequência que trata de um tema sensível, como a violência doméstica contra a mulher, exibida na telenovela O outro lado do paraíso, no horário das 21h pela Rede Globo. Concluo que a televisão opera numa mescla de dois regimes de tornar visível: a magia do ver e a mágica da imagem. RELATORIA: Juliana Gutmann – UFBA | Tess Chamusca Pirajá – UFBA

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COMPÓS 2019

MORALIDADE SOBREVIVENTE EM LARGADOS E PELADOS: do espetáculo televisivo do sofrimento à produção do indivíduo empreendedor de si Leandro Rodrigues Lage – UNIFESSPA | Paulo Roberto Gibaldi Vaz – UFRJ RESUMO: O artigo analisa, em reality shows de sobrevivência, indícios de uma transformação cultural e moral do que se entende e se legitima como vítima, como sofrimento e como sobrevivência na contemporaneidade. A partir da observação do programa Largados e Pelados, do Discovery Channel, argumenta-se que essas produções televisivas investem narrativa e esteticamente tanto na espetacularização do sofrimento, quanto na produção cosmética do sobrevivente. Desse modo, a figura do sobrevivente passa fazer parte de um tipo de pedagogia e de racionalidade orientados por uma lógica neoliberal de produção de indivíduos empreendedores de si. Esses reality shows atuam, portanto, como dispositivos produtores de modos de subjetivação associados ao heroísmo prodigioso e moralmente legítimo do sobrevivente, cuja imagem em negativo é a da vítima incapaz de superar os infortúnios com resiliência. RELATORIA: Benjamim Picado – UFF, Wanderley Anchieta – UFF

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Imagem e Imaginários Midiáticos Coordenadora : Denize Araujo – UTP Vice-coordenadora: Malena Segura Contrera – UNIP


COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 714 (7º andar) SOB AS ASAS DE TÂNATOS: o que a obsessão pelo tema da morte revela Malena Segura Contrera – UNIP | Leonardo Torres – UNIP RESUMO: O texto propõe uma análise acerca dos dados mapeados pela ferramenta Google Trends acerca dos assuntos mais buscados na última década, visando mapear a irrupção de conteúdos no imaginário cultural. Buscou-se uma adaptação da proposta de Mitodologia de Gilbert Durand para se identificar o mitema que irrompe no imaginário contemporâneo. A partir desses dados levantados, propôs-se uma reflexão sobre o Arquétipo de Tânatos e seus desdobramentos simbólicos para a sociedade mediática, questionando acerca do papel dos meios de comunicação e das práticas comunicativas nesse cenário cultural que elege a morte como seu símbolo diretor. Recorreu-se às contribuições da Teoria do Imaginário, Antropologia Cultural e Teoria da Comunicação e da Mídia, estabelecendo cruzamentos teóricos que nos forneçam ferramentas cognitivas para pensar a contemporaneidade. RELATORIA: Alberto Carlos Augusto Klein – UEL

IMAGENS CINEMATOGRÁFICAS E IMAGINAÇÃO: imagemação/grande forma no filme Beleza Americana Maria Ogécia Drigo – UNISO RESUMO: A taxonomia de imagens cinematográficas proposta por Deleuze nas obras Cinema 1 – A imagem-movimento e Cinema 2 – A imagem-tempo e a relação dessas imagens com a imaginação, enquanto pensamento com imagens, é o tema deste artigo. Com o propósito de sugerir a possiblidade de análise fílmica com foco nas imagens cinematográficas, busca-se explicitar as teorias peirceanas que contribuíram para a compreensão das divisões da imagem-movimen141


GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS to; explicitar as divisões da imagem-movimento e da imagem-ação em imagem pulsão, grande forma e pequena forma, com destaque para a grande forma, enquanto um diagrama, conforme a classificação peirceana, via análises de cenas do filme Beleza Americana. A relevância deste artigo está em refletir sobre o diálogo que Deleuze estabelece com teorias do lógico norte-americano Charles Sanders Peirce, bem como avaliar o potencial da classificação deleuzeana para a compreensão da relação entre imagem cinematográfica e pensamento, ou signos em ação na mente do espectador/intérprete. RELATORIA: João Vitor Resende Leal – USP

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 714 (7º andar) MITO, COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA SIMBÓLICA Ana Taís Martins Portanova Barros – UFRGS RESUMO: Este artigo apresenta o sermo mythicus como a narrativa fundamental que orienta a experiência humana em todas as épocas e culturas. Pergunta-se sobre a eficácia simbólica das transposições do mito na mídia. Para tanto, situa-o no contexto do imaginário, relacionando-o a schèmes, arquétipos e imagens simbólicas. Em seguida, descreve as mutações necessárias a um dado sermo mythicus para que seja possível sua sobrevivência nas instâncias da consciência social. Postula que o mesmo processo de usura e degradação sofrido pelo mutho dá origem a enganos que levam os estudos do imaginário a desvalorizarem o sermo mythicus. Conclui que o simbólico permanece vivo mesmo nas imagens empobrecidas das narrativas míticas enrijecidas na consciência social e que o papel do assim chamado mitólogo das Comunicações é desocultar os sentidos reprimidos do mito. Esse trabalho afilia-se à Teoria Geral do Imaginário, principalmente através de G. Durand e J.-J. Wunenburger. RELATORIA: Malena Segura Contrera – UNIP | Leonardo Torres – UNIP

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A IMAGEM INFORME: reflexões sobre a alteridade dos corpos sem rosto João Victor de Sousa Cavalcante - UFPE RESUMO: O objetivo deste ensaio é levantar questionamentos sobre as possibilidades de alteridade dos corpos sem rosto, tendo como preocupação central a seguinte pergunta: quanto podemos decompor a figura humana para que esta permaneça humana? Tendo como ponto de partida um conjunto de imagens que trazem a desfigura como elemento pictórico central, o texto discute as possibilidades de construção e acesso ao outro na imagem. Tomamos como ancoragem conceitual e metodológica o pensamento de Georges Bataille, notadamente o conceito de informe, proposto pelo autor nas edições da revista Documents, que nos sugere pensar a alteridade a partir de uma semelhança transgressiva, baseada na diferença e na decomposição das formas. Nesse sentido, o texto busca investigar que alteridade é possível diante dos corpos sem rosto, e como isso reverbera nas proposições da cultura visual contemporânea e do pensamento sobre imagens. RELATORIA: Maria Ogécia Drigo – UNISO

ENTRE ÍCONES E ÍDOLOS: a imagem de Cristo no cinema Pedro de Andrade Lima Faissol – UNESPAR RESUMO: Em sua pesquisa acerca da economia icônica bizantina, Marie-José Mondzain faz um recuo à segunda crise do iconoclasmo para refletir sobre a produção de imagens contemporâneas. O debate sobre a representação da imagem religiosa, formulado na oposição eikon/eidolon, encontra uma curiosa equivalência na apreciação estética. É tomado por esse espírito derivativo, pegando de empréstimo a supracitada polaridade, que analisaremos a imagem de Cristo em duas paixões do cinema estadunidense: Rei dos Reis (1927), de Cecil B. DeMille, e O Rei dos Reis (1961), de Nicholas Ray. A análise indicará a maneira pela qual os realizadores se posicionaram em relação ao dilema da idolatria: de um lado, uma imagem icônica de Cristo, concebida com o cuidado de não se mostrar integralmente ao espectador; por outro lado, uma imagem 143


GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS exacerbada de Cristo, concebida para refletir – como um autêntico produto de seu tempo – a imagem de uma sociedade idólatra. RELATORIA: Melina Aparecida dos Santos Silva – PUCRS | Juremir Machado da Silva – PUCRS | Cristiane Freitas Gutfreind – PUCRS

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ- 9h às 12h - Sala 714 (7º andar) O OPOSTO DA DESTRUIÇÃO?: Death Metal Angola e a negociação com imaginários midiáticos das produções culturais angolanas Melina Aparecida dos Santos Silva – PUCRS | Juremir Machado da Silva – PUCRS | Cristiane Freitas Gutfreind – PUCRS RESUMO: O artigo procura abordar como produtos audiovisuais sobre cenas do metal em territórios africanos ao mesmo tempo em que se propõem a divulgar um outro olhar sobre as culturas africanas, também parecem reproduzir os discursos ocidentais construídos historicamente sobre suas sociedades e suas culturas locais. Para tanto, realizaremos uma análise fílmica do documentário Death Metal Angola (Jeremy Xido, 2012), o qual apresentou mundialmente a existência de uma rede musical angolana dedicada ao subgênero death metal. O filme elenca a relação dos instrumentistas angolanos com o death metal e o uso de suas canções para interpretar o contexto social estabelecido após o fim da guerra civil angolana, em 04 de abril de 2002. Nesta análise, debateremos algumas passagens da obra fílmica que remetem às discussões pós-coloniais e dos estudos culturais africanos, tendo como nortes os conceitos de afropessimismo e imaginários culturais, para podermos refletir até que ponto as economias, as sociedades e as culturas africanas, cujas histórias têm sido retratadas constantemente de forma pessimista pela mídia internacional, estão sendo reimaginadas pelo cenário global-local através desse produto fílmico. RELATORIA: Florence Marie Dravet – UCB 144


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O SERPENTEAR DOS DEMÔNIOS: a demonização em imagens midiáticas e seus substratos culturais Alberto Carlos Augusto Klein – UEL RESUMO: Ao identificar elementos visuais ofensivos à figura do ex-presidente Lula na capa da revista Veja, pretendemos explorar o mecanismo de demonização nos meios de comunicação por meio de imagens. Para tanto, sugerimos três substratos que permeiam a composição do que definimos como imagem demonizada: a) o grotesco, como categoria que envolve a representação do abjeto e do monstruoso; b) a injúria, como forma de rebaixamento da alteridade; c) a produção de uma cosmovisão dualista e polarizada. Este estudo recorre a contribuições de Mikhail Bakhtin, Ivan Bystrina, Aby Warburg e Gilbert Durand, buscando diálogos possíveis e interfaces teóricas. RELATORIA: Wagner Souza e Silva – USP

PARA UMA CRÍTICA À PIEGUICE – imagem e imaginários das lágrimas Florence Marie Dravet – UCB RESUMO: O objetivo deste artigo é confrontar a “pieguice” da lágrima midiática (BARTHES, 1995) com a autenticidade regeneradora do choro sincero. Partimos de algumas imagens de lágrimas televisionadas, outras de lágrimas cientificamente classificadas para, em seguida, adentrar o domínio das lágrimas ritualísticas, de valor simbólico e as do imaginário arquetípico, cujo valor identificaremos com uma necessidade de regeneração que se dá em três etapas: o desespero, a consciência, o levante (DIDI-HUBERMAN, 2017). Adotando a metodologia da interpretação mitológica, trabalhamos com as narrativas míticas de Baubo na leitura de Georges Devereux (2011), de Oxum na mitologia afrobrasileira e algumas narrativas indígenas do conhecimento popular. Chegamos, por fim, à conclusão de que, embora as lágrimas de crocodilo da mídia invadam o cotidiano da casa dos humanos, estes necessitam da expressão do choro e da

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GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS experiência catártica para que seu ímpeto de viver e agir sobre o mundo seja mantido. RELATORIA: Ana Taís Martins Portanova Barros – UFRGS

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 714 (7º andar) TRADUÇÕES FIGURAIS E O MUSEU IMAGINÁRIO João Vitor Resende Leal – USP RESUMO: A partir de um exame da cena final de Zabriskie Point (ANTONIONI, 1970) e da noção de “figural” (LYOTARD, 1971), analisaremos diversas noções correlatas que enfatizam a autonomia das imagens frente aos imperativos da narrativa cinematográfica: o “número musical” (SUTTON, 1981), o conceito estendido de “moving-picture dance” (CARROLL, 2001), a “fotogenia” (EPSTEIN, 1974), o “punctum” (BARTHES, 1984), o “sentido obtuso” (BARTHES, 1990) e o “excesso cinemático” (THOMPSON, 1977). Estabelecido o contato entre essas noções, proporemos a ideia de “modulação narrativa” que, a nosso ver, compreende não apenas a força plástica da imagem como também o potencial elástico da própria narrativa cinematográfica. Por fim, recorreremos à metáfora do “museu imaginário” (LEFEBVRE, 1997) para compreender de que modo a figura, entre a narrativa, a materialidade fílmica e a experiência de um espectador singular, se manifesta a partir de um filme. RELATORIA: João Victor de Sousa Cavalcante – UFPE

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UM MUNDO DE FANTASMAS: o medo como afeto primal das imagens técnicas Wagner Souza e Silva – USP RESUMO: O medo é um afeto fundamental na engenharia da (sobre)vivência do ser humano. Esse sentimento inevitavelmente agencia também nossa capacidade de construir e consumir imagens, sobretudo as imagens técnicas, visto que estas são fenômenos tecnocientíficos e, por isso, frutos de um pensamento racional e amedrontado pela ideia da morte. Este texto propõe a reflexão de que a banalização da imagem passa pela banalização do medo, e a figura do fantasma surge como metáfora para sintetizar nossa atual condição perante as imagens técnicas. RELATORIA: Pedro de Andrade Lima Faissol – UNESPAR

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GT Memória nas Mídias Coordenadora: Priscila Ferreira Perazzo – USC Vice-coordenadora: Ana Paula Goulart – UFRJ


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Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 413 (4º andar) FOLKERS, BARDOS E BARBADOS: memória, utopia e política no medievalismo brasileiro Mônica Rebecca Ferrari Nunes - ESPM-SP | Marco Antônio Bin – PUC-SP RESUMO: Este artigo é parte de uma ampla pesquisa sobre o medievalismo brasileiro praticado por grupos jovens que se reúnem presencialmente para combates, piqueniques, festas, feiras cuja inspiração é o período medieval. O objetivo deste trabalho é demonstrar como a memória produzida nestes grupos revela dimensões utópicas e políticas geradas das urgências do tempo presente. A metodologia se vale de pesquisa etnográfica (flânerie), por meio de pesquisa de campo, e bibliográfica a partir dos estudos da semiótica da cultura e da mídia, das teorias sociais e da memória assim como do estudo das Teatralidades. RELATORIA: Lucia Santa Cruz – ESPM-Rio

ENGOLIDOS PELA PEDRA QUE CANTA: uma netnografia num grupo de nostalgia do Facebook Lucia Santa Cruz – ESPM-Rio RESUMO: Muito embora sejam ambientes que privilegiem o imediatismo, a atualização constante e a velocidade, as redes sociais também abrem espaço para manifestações memorialísticas e experiências de nostalgia. Este artigo relata uma netnografia realizada na comunidade virtual Alvorada do Iguaçu – Cidade submersa por Itaipu, que existe desde fevereiro de 2018 no Facebook. O objetivo da netnografia era observar como um grupo utiliza uma rede social como um espaço para guardar e recuperar sua memória. Mesmo considerando que a iniciativa pode ser classificada como um lugar de memória, no sentido de Pierre Nora, optou-se por analisar a relação dos integrantes com a nostalgia, na

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GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS perspectiva de Svetlana Boym. A pergunta que guiou as análises é se os membros do grupo vivenciam um sentimento nostálgico de tendência restaurativa ou reflexiva. RELATORIA: Mozahir Salomão Bruck - PUC-Minas | Herom Vargas – UMESP

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 413 (4º andar) AUTORITARISMOS E CICLOS DE MEMÓRIA NO BRASIL Fernanda Nalon Sanglard – UFMG | Teresa C. da Costa Neves – UFJF RESUMO: Este artigo tenta compreender o atual cenário político-cultural brasileiro a partir da perspectiva dos estudos de memória e reflete criticamente sobre o conceito de ‘memory’s turn’, ainda pouco utilizado por pesquisadores brasileiros. O objetivo é compreender a virada conservadora e os atos de autoritarismo contemporâneos tomando como exemplo quatro episódios de censura à produção artística brasileira: a exposição Queermuseu, no Santander Cultural, em Porto Alegre, a performance La Bête, de Wagner Schwartz, no MAM, em São Paulo; a exposição de Pedro Moraleida, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte; e a performance Literatura Exposta, do coletivo És Uma Maluca, na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro. A partir de tais eventos, de sua cobertura jornalística e repercussão social, busca-se responder à seguinte questão: recorre-se à memória autoritária para narrar os recentes gestos de censura? A hipótese é que a narrativa jornalística faz pouco uso de tal analogia, evitando comparar os atos passados com os atuais. RELATORIA: Márcio Zanetti Negrini – PUCRS

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A IMAGEM QUE MOBILIZA: as vitrinas de Menchari como ativadoras de memórias Renata Pitombo Cidreira – UFRB RESUMO: Na contemporaneidade há uma busca da memória, sobretudo nas imagens, a partir de uma conversão do nosso olhar histórico. Por isso mesmo, não podemos desconsiderá-la nas suas manifestações mais atuais, como nos dispositivos visuais e midiáticos que são as vitrinas de moda, em que não só os materiais da moda são desejados, mas a própria memória também ali se conforma e se almeja... Desse modo, vamos procurar compreender como as vitrinas de Leila Menchari, da grife Hermès nos afetam e ativam nossas memórias. Para tanto, utilizaremos um aporte conceitual da estética da recepção, através dos trabalhos de três autores: Hans-Robert Jauss (1994, 2002), Wolfgang Iser (1996, 1999) e Paul Ricoeur (1997). Além de sermos guiados pela teoria da formatividade de Luigi Pareyson (1993), pelas reflexões estéticas de John Dewey (2010) e pelas contribuições relativas à memória de Le Goff (1990), entre outros autores. RELATORIA: Barbara Heller – UNIP | Monica Martinez – UNISO

GETÚLIO VARGAS EM FILMES DE ARQUIVO: rememorações de fragmentos da história Márcio Zanetti Negrini – PUCRS RESUMO: Propomos examinar a presença de Getúlio Vargas em filmes de arquivo, que surgiram a partir de sua morte até a contemporaneidade. Elencamos três longas-metragens, lançados entre 1956 e 2016, observando-os por meio de suas relações com os momentos de crise e de transição da vivência democrática brasileira, à sombra do autoritarismo. Analisamos como as montagens fílmicas produzem novos sentidos para imagens oficiais, que são recor-

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GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS rentes nas narrativas. Buscamos compreender de que forma esses arquivos reaparecem em diferentes situações da história política brasileira, atuando em rememorações cinematográficas de Getúlio Vargas. RELATORIA: Fernanda Nalon Sanglard – UFMG | Teresa C. da Costa Neves – UFJF

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ- 9h às 12h - Sala 413 (4º andar) NARRATIVAS DA MEMÓRIA COMO DISPOSITIVO: A Sirene e a luta contra o esquecimento da tragédia do Fundão Mozahir Salomão Bruck – PUC-Minas | Herom Vargas – UMESP RESUMO: A partir da articulação de noções como memórias individual e coletiva, testemunho e dispositivos, este artigo objetiva investigar acionamentos da memória pelo grupo de moradores atingidos pela destruição de comunidades da cidade de Mariana (MG) com o rompimento da Barragem do Fundão (2015), com graves danos ao meio ambiente. Tal acionamento reveste-se de intencionalidades singulares e (re) significações in-tensas em termos de um agir político próprio do ato de lembrar com o objetivo de impedir o esquecimento e apagamento do incidente que destruiu dezenas de moradias e que tirou a vida de 19 pessoas. Para tanto, procede-se a análise de textualidades de natureza memorialística das edições do jornal A Sirene – Para não esquecer, criado e editado desde fevereiro de 2016 pelos atingidos do incidente. Busca-se entender como tais narrativas se instituem como dispositivos da memória, tomando-se para tal a leitura deleuzeana do conceito matricial foucaultiano de dispositivo. RELATORIA: Anna de Carvalho Cavalcanti – PUCRS

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EXPLORANDO A MEMÓRIA SOBRE A HOMOSSEXUALIDADE EM JORNAIS DE BELÉM: estudo preliminar de 1901 e 1911 na Folha do Norte Jessé Andrade Santa Brígida – UFPA | Netília Silva dos Anjos Seixas – UFPA RESUMO: O objetivo deste trabalho foi observar as memórias sobre os homossexuais no jornal Folha do Norte no início das duas primeiras décadas do século XX em Belém, Pará, na perspectiva de um estudo histórico e exploratório, haja vista que a menção à homossexualidade nos meios de comunicação não é tão nova e que os discursos sobre o homossexual estão inscritos em uma rede de memórias a qual tais meios integram e, ao mesmo tempo, possibilitam-nos acessá-la, mesmo que em partes. Como parâmetro, partimos dos estudos de James Green, que aponta o mês do Carnaval como época propícia para a emergência de notícias com a presença de homossexuais nas ruas. Observamos 57 edições do jornal no mês de fevereiro de 1901 e 1911, sendo encontrados quatro textos com a temática buscada, que compuseram o corpus de análise. Na Folha há uma construção enunciativa semente para os casos observados, trazendo a natureza como um elemento que prenuncia ou contextualiza as práticas homoeróticas. RELATORIA: Mônica Rebecca Ferrari Nunes – ESPM-SP | Marco Antônio Bin – PUC-SP

MEMÓRIA E JORNALISMO CULTURAL: enquadramentos temporais no Nexo Jornal

análise

de

Anna de Carvalho Cavalcanti – PUCRS RESUMO: Este trabalho se propõe a analisar de que forma a memória é acionada na editoria de Cultura do Nexo Jornal. A partir da análise de 50 notícias publicadas em julho de 2018, tendo como referência a hermenêutica ricoeuriana, construímos um olhar interpretativo sobre o jornalismo cultural ressaltando suas idiossincrasias temporais. Com o aporte teórico de Neiger e Tenemboim-Weinblatt (2016), desconstruímos as camadas cronológicas de passado, 153


GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS presente e futuro em 11 referentes minuciosos que pretendem identificar a temporalidade dos eventos noticiados. Por meio dessas camadas, mapeamos nas narrativas noticiosas referências explícitas que demarquem se os eventos noticiados ocorreram há algum tempo, estão ocorrendo atualmente, ou ainda estão por ocorrer. Percebemos, ao longo da análise, que a memória é acionada no jornalismo cultural por meio de quatro referentes principais: relevância contextual, diacronia, efeméride e atemporalidade. RELATORIA: Jessé Andrade Santa Brígida – UFPA | Netília Silva dos Anjos Seixas – UFPA

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 413 (4º andar) A GUERRA NÃO TEM ROSTO DE MULHER: a reescrita da história da Segunda Guerra Mundial por Svetlana Aleksiévitch Barbara Heller – UNIP | Monica Martinez – UNISO RESUMO: Este artigo tem como objeto A guerra não tem rosto de mulher, de Svetlana Aleksiévitch, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2015. Analisaram-se as formas pelas quais a jornalista reconstruiu as narrativas das combatentes do Exército Vermelho na Segunda Guerra Mundial (ABDALA JUNIOR, 1995; GANCHO, 2006; MARTINEZ et al., 2017). Estudos da memória e da história oral (PERAZZO, 2015; POLLAK, 1989, 1992; SARLO, 2007) e da cobertura de guerra no âmbito do jornalismo literário (BAK; REYNOLDS, 2011; BAK, 2016; RUELLAN, 2018) compõem o escopo teórico. O método é a análise de conteúdo francesa (BARDIN, 2011). Os resultados sugerem a) independentemente do aporte metodológico e teórico, a força da obra reside na inclusão das vozes das excluídas nas narrativas de guerra; b) transformadas em narrativas discursiva e jornalística, essa memória oral ressignifica o passado, atualiza o presente,

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COMPÓS 2019 cria vínculos de confiança e resiliência entre depoentes, narradora e leitores (CYRULNIK, 2009). RELATORIA: Ana Carolina Lima Santos – UFOP | Rafael Tassi Teixeira – UTP

DO PASSADO AO PRESENTE, DO PRETO E BRANCO À COR: restituição da memória nas fotografias de Faces of Auschwitz Ana Carolina Lima Santos – UFOP | Rafael Tassi Teixeira (UTP) RESUMO: Este artigo observa a construção da potência mnemônica em Faces of Auschwitz, projeto da colorista Marina Amaral que resgata retratos de identificação feitos no campo de extermínio nazista e os põe em cores. O trabalho é apreendido pelo modo como reordena e subverte o propósito das imagens originais, levando-as da tentativa de assujeitamento à capacidade de comemoração e de restituição da memória das vítimas do Holocausto, assentada nos vestígios de humanidade e de dor que são reenergizados nas fotografias. O registro da jovem Czesława Kwoka, produzido pelo então prisioneiro Wilhelm Brasse e colorizados por Amaral, além de outros retratos, são tomados como ponto de partida para as discussões aqui propostas. RELATORIA: Renata Pitombo Cidreira – UFRB

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GT Práticas Interacionais, Linguagens e Produção de Sentido na Comunicação Coordenadora: Ana Claudia Mei Alves de Oliveira – PUC-SP Vice-coordenador: Kleber Mendonça – UFF


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Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 707 (7º andar) DOS LIMITES DA RACIONALIDADE NOS DISCURSOS POLÍTICOS EM REDES SOCIAIS: os estudos retóricos e a apologia da polêmica em questão Ângela Teixeira de Moraes – UFG RESUMO: Este estudo avalia as contribuições teóricas de quatro vertentes ligadas aos estudos da retórica e da argumentação para entender a discussão política travada nas redes sociais durante a eleição presidencial brasileira em 2018. São elas a Retórica clássica aristotélica, a Nova Retórica de Perelman, a Retórica da incompreensão de Angenot e a apologia da polêmica de Amossy. A racionalidade prevista pela lógica formal, a justificação das convicções e opiniões e o papel da polêmica na democracia são elementos analisados nos turnos conversacionais produzidos no Facebook, em situação não regrada por normas institucionais. O método adotado é o da Análise da Conversação, cujo objetivo é o de descrever as interações verbais e a negociação de sentidos entre os interlocutores. Os resultados sugerem que o dissenso é elemento constituinte insuperável em certas discussões políticas, mesmo com a presença de argumentação racional. RELATORIA: Érica Fortuna – UERJ

ATIVISMO TRANSMÍDIA NAS ELEIÇÕES 2018 NO BRASIL: a semiose de #CadêAProva Geane Carvalho Alzamora – UFMG | Luciana Andrade Gomes Bicalho – PUC-Minas RESUMO: A hashtag #CadêAProva surgiu durante o julgamento de Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2018, para contestar a veracidade das acusações contra o ex-presidente. Entretanto, durante a eleição presidencial no Brasil, em outubro de 2018, a hashtag foi ressignificada pelos apoiadores à candidatura de Jair Bolsonaro

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GT PRÁT. INTER., LINGUAGENS E PRODUÇÃO DE SENTIDO NA COMUNICAÇÃO para refutar o suposto esquema de compra de mensagens no WhatsApp contra o PT, noticiado pelo jornal Folha de S. Paulo. Por meio de coleta nas redes sociais online, verificamos o processo de ressignificação dessa hashtag, aqui caracterizado como ativismo transmídia por envolver mobilização social em conexões online/ offline. Os resultados apontam que a ressignificação transmidiática da narrativa coletiva mediada por #CadêAProva ocorreu mediante conjunto híbrido de signos aptos a potencializar o encadeamento simbólico de hashtags e, com isso, promover engajamento por aderência (interpretante emocional), mobilização (interpretante energético) e ativismo (interpretante lógico). RELATORIA: Ângela Teixeira de Moraes – UFG

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 707 (7º andar) NARRATIVAS TRANSMÍDIA EM JORNALISMO: a expansão de aspectos temáticos Marcos Carvalho Macedo – UFPE RESUMO: A transmidiação, modelo de produção baseado em estratégias que articulam conteúdos em diferentes mídias e plataformas, também vem sendo experimentada no jornalismo, cuja natureza narrativa se diferencia do entretenimento pelo caráter mais descritivo-argumentativo. Com base no conceito de transtextualidade e nas estruturas discursivas da teoria semiótica greimasiana, buscamos compreender como se configura uma narrativa transmídia no jornalismo, considerando as estratégias de propagação e expansão. O desdobramento de aspectos temáticos foi tomado como critério para identificar, principalmente, as estratégias de expansão, que caracterizam a narrativa transmídia. A análise de dois dossiês Tudo Sobre, do Grupo Folha, evidencia o papel dessas estratégias e algumas funções dos conteúdos em relação ao texto de referência: recuperação, promoção, atualização, contextualização, opinião e exploração de aspectos temáticos. RELATORIA: Bruno Jarreta de Oliveira – UNESP 158


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As diretrizes do contrato de comunicação do Guardian para a comunidade online de leitores Keyse Caldeira de Aquino Macedo – UFPR RESUMO: Este artigo analisa de que forma o Guardian, um dos maiores jornais impressos do mundo, estabelece e articula as diretrizes do contrato de comunicação quanto aos comentários de leitores no site do jornal. Os conteúdos analisados, sob a ótica dos conceitos de Patrick Charaudeau, contemplam as regras determinadas pelo jornal para que leitores possam interagir no site, denominadas como padrões da comunidade online e guia de participação do usuário; perguntas de usuários no serviço Frequently Asked Questions (FAQs); e o resultado de uma pesquisa, encomendada pelo periódico britânico, em que foram avaliados 70 milhões de postagens de leitores no site do jornal entre 1999 e 2016. A articulação da política editorial e de condução do Guardian para a participação dos leitores indicam caminhos para compreensão dos níveis de engajamento e fidelidade dos usuários. RELATORIA: Conrado Moreira Mendes – PUC-Minas | Vanessa Veiga de Oliveira – UFMG

PEDAGOGIA DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL: rotulação e medo nas narrativas midiáticas Érica Fortuna – UERJ RESUMO: O objetivo deste artigo é investigar a produção de sentidos da redução da maioridade penal na cobertura jornalística do jornal O Globo, do Rio de Janeiro. Para tanto, o corpus da pesquisa se concentra nas reportagens do “caso Jaime Gold”, em maio de 2015. A arquitetura metodológica desenvolvida é composta pela análise de narrativas, nos moldes da tríplice mimese oferecida por Paul Ricoeur (1994), articulada com quatro categorias analíticas “emprestadas” da sociologia, propostas por Michel Misse (2008). Nesse sentido, o estudo parte da hipótese que o processo cíclico das narrativas jornalísticas gera uma sensação permanente de medo e insegurança, contribuindo na construção de rótulos para o “menor de idade”, responsabilizado pela “onda” de violência ur159


GT PRÁT. INTER., LINGUAGENS E PRODUÇÃO DE SENTIDO NA COMUNICAÇÃO bana que acomete a cidade. Conclui-se que a retórica tende a legitimar a redução da maioridade penal, corroborando à formação de um consenso sobre o tema no Brasil. RELATORIA: Geane Carvalho Alzamora – UFMG | Luciana Andrade Gomes Bicalho PUC-Minas

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ- 9h às 12h - Sala 707 (7º andar) O CULTO DA JOVEM VELHICE: reflexões sobre a boa forma e a performance da mulher velha contemporânea Fabíola Calazans – UNB | Angélica Fonsêca – UFF RESUMO: Neste artigo, apresentam-se algumas reflexões sobre o valor do corpo jovem e sobre a ideia do aparentar jovem na velhice. Nosso objetivo é investigar de que forma o imperativo da boa forma e da performance feminina ótima e feliz reconfiguram e estabelecem novos valores para as subjetividades das mulheres na velhice. Acredita-se que esses novos valores constituem o que aqui se propõe como a cultura da jovem velhice, um modo performático que tem reordenado subjetividades, especialmente às das mulheres. A partir de um breve recuo genealógico sobre a velhice, investiga-se o culto da imagem corpórea jovem e a cultura da jovem velhice feminina. São analisadas as produções de sentido sobre a série da Netflix Grace and Frankie e a exposição artística Aging Pride. Verificou-se que a jovem velhice feminina corresponde à capacidade de cuidar de si, de ser autônoma, responsável, apta a gerir-se e a vigiar-se de modo a evitar todo o tipo de fracasso pessoal. RELATORIA: Dorama de Miranda Carvalho – ESPM

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BLOGS LITERÁRIOS E CONSUMO DE LITERATURA: a formação da identidade de um leitor-protagonista Dorama de Miranda Carvalho – ESPM RESUMO: A proposta deste estudo é apresentar como ocorre a formação de um leitor-protagonista na atual cena literária brasileira, a partir da análise dos discursos gerados em blogs sobre literatura e o entrecruzamento com outras redes sociais, em especial, o YouTube. O objetivo é mostrar que há novos modos de acesso à leitura e que blogueiros e youtubers são representantes de variadas práticas de consumo literário. O percurso de pesquisa para a tese de doutorado e as análises discursivas de 12 blogs indicaram a emergência de sujeitos que estão transformando a dinâmica do setor livreiro, com a realização de resenhas e comentários em redes sociais tanto sobre lançamentos de livros quanto de obras clássicas. O livro impresso ganha destaque mesmo em um cenário de retração das vendas de exemplares e permite o surgimento de novos atores no que se refere à crítica literária. O trabalho resultou em alguns pontos que merecem destaque: o cenário atual de leitura no Brasil; o leitor em um universo de consumo midiático de literatura; convergência das plataformas midiáticas como fator gerador de novas formações identitárias; os discursos voltados para públicos específicos e, como consequência, a ascensão de autores, gêneros e estilos literários. RELATORIA: Keyse Caldeira de Aquino Macedo – UFPR

DOS MÚLTIPLOS ARRANJOS DISPOSICIONAIS À DISPUTA DOS SENTIDOS: a leitura de um caso midiatizado Breno Inácio da Silva – FADIPA / UNILESTE / UNISINOS | Ana Paula da Rosa – UNISINOS RESUMO: O trabalho se propõe a tensionar os processos interacionais discursivos que perpassam o campo da Comunicação, da sociedade e do Direito, a partir da análise de um blog criado pela novelista brasileira Glória Perez, que

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GT PRÁT. INTER., LINGUAGENS E PRODUÇÃO DE SENTIDO NA COMUNICAÇÃO mantem viva a memória de sua filha Daniella Perez, assassinada em 1992. Concomitantemente, ela repercute as circunstâncias do crime e valores sobre a pessoa condenada por ele. Neste espaço que pertence à esfera privada, o blog, são trazidos os discursos da esfera pública, pela reprodução detalhada de partes do processo criminal decorrente do crime que vitimou Daniella Perez, especialmente a sentença, assim como os discursos da autora do blog e das pessoas que dele participam com comentários. O desenvolvimento da análise permitiu vislumbrar como os arranjos disposicionais se deram e como suas características e lógicas impactam na produção discursiva, gerando valores, conceitos, memórias, que, por um lado, totemizam a imagem da vítima do crime e, por outro, promovem um apagamento da imagem do condenado. RELATORIA: Fabíola Calazans – UNB | Angélica Fonsêca – UFF

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 707 (7º andar) ROMPIMENTO DAS BARRAGENS EM MARIANA (2015) E BRUMADINHO (2019): regimes de interação no contexto das organizações Conrado Moreira Mendes – PUC-Minas | Vanessa Veiga de Oliveira – UFMG RESUMO: À luz do modelo de regimes de interação e sentido de Landowski (2014), este trabalho analisa longitudinalmente as mensagens oficiais das organizações mineradoras Samarco e Vale diante dos rompimentos de suas barragens de rejeitos em Mariana (2015) e Brumadinho (2019), com o objetivo de verificar como se estabeleceram as interações entre as organizações citadas e a sociedade ao longo do tempo. A partir das análises realizadas, constatou-se, no primeiro caso, que a Samarco passa do regime do acidente ao da (falha na) programação e, como estratégia global, tenta construir-se como destinador

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COMPÓS 2019 confiável, ancorado no regime da manipulação. No segundo, a Vale articula os regimes da manipulação e o do ajustamento, constituindo-se, ao mesmo tempo, como um sujeito do fazer e do sentir. RELATORIA: Breno Inácio da Silva – FADIPA / UNILESTE / UNISINOS | Ana Paula da Rosa – UNISINOS

PERSONAGENS INTERATIVOS E ENUNCIAÇÃO AUDIOVISUAL EM BANDERSNATCH E FLORENCE Bruno Jarreta de Oliveira – UNESP RESUMO: O audiovisual interativo propõe escolhas que geram efeitos comunicativos de que o enunciatário está provocando alterações nas categorias de tempo, espaço e pessoa. Obras que exploram essas possibilidades estão alinhadas com o contexto cultural das produções contemporâneas e com o que o meio digital pode oferecer a partir das práticas interacionais entre os sujeitos da enunciação. Esta pesquisa investiga os efeitos comunicativos a partir da análise de objetos que propõem uma participação do enunciatário enquanto editor da categoria pessoa da enunciação. O exame das obras Bandersnatch e Florence indicam que por meio de interfaces sobretudo gráficas, decisões de figurativização e tematização são oferecidas ao enunciatário sincretizado com um interlocutário, funcionando, portanto, como campos operacionais para propor um personagem que pode ser atualizado em sua narratividade, alterando desta forma seu status como actante do discurso. Espera-se contribuir com os estudos de semiótica e comunicação sobre enunciação audiovisual nos meios digitais. RELATORIA: Marcos Carvalho Macedo – UFPE

REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DO GT

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GT Recepção, circulação e usos sociais das mídias Coordenadora: Liliane Dutra Brignol – UFSM Vice-coordenador: Rafael do Nascimento Grohmann – UFRJ


COMPÓS 2019

Quarta-feira, 12/6 | MANHÃ - 9h às 12h - Sala 715 (7º andar) ESTUDOS DE RECEPÇÃO NO CONTEXTO DO BIG DATA COMO SISTEMA DE CONTROLE Roseli Figaro – USP RESUMO: Neste artigo, temos por objetivo discutir as relações de comunicação como processos de circulação e produção de sentidos no cenário agravante de manipulação, controle e poder da informação. Para cumprir esse objetivo, procuramos responder às seguintes questões: os estudos de recepção têm potencial explicativo para as transformações nos meios de comunicação digitais online? Como os estudos de recepção respondem aos desafios colocados pelo Big Data na extração, mineração e análise de dados com vistas à manipulação de comportamentos dos usuários das mídias digitais? As pesquisas em neurociência e comunicação apontam que os estudos da mente projetam a simbiose entre ser humano e máquinas, vislumbrando a orientação dos comportamentos humanos, o que os estudos de recepção têm a dizer sobre o tema? A metodologia adotada é a pesquisa bibliográfica para a análise crítica e comparativa das perspectivas autorais. Esperamos contribuir para a reflexão sobre esses temas no âmbito dos estudos de recepção. RELATORIA: Nilda Jacks – UFRGS | Henrique Denis Lucas – UFRGS

AUTORIDADE CIENTÍFICA EM TEMPOS DE CRISE EPISTÊMICA: a circulação de teorias da conspiração nas mídias sociais Thaiane Moreira de Oliveira – UFF RESUMO: A proposta desta pesquisa é mapear a circulação de informação sobre teorias da conspiração mais frequentes no Brasil, buscando identificar os atores, os discursos e as interações desses temas no YouTube, considerada a plataforma de maior fonte de informação pelos “teóricos da conspiração”. 165


GT RECEPÇÃO, CIRCULAÇÃO E USOS SOCIAIS DAS MÍDIAS Considerando a ciência como um campo de disputa, nos interessa entender quais são as disputas de poder pela legitimidade da informação científica nestes espaços digitais e o papel da autoridade científica em tempos de crise epistemológica. Acreditamos que a circulação desses temas não está limitada a um fenômeno apenas de produção de narrativa para organização do excesso informacional, mas trata-se também de um campo de disputa de poder que se reflete em outras esferas políticas e sociais. Os resultados apontam que, ainda que se tenha desconfiança sobre a relação de ciência, governo e indústria, a autoridade científica é um capital simbólico de extrema importância para a circulação da informação de teorias da conspiração relacionadas à ciência. RELATORIA: Viviane Borelli – UFSM | Maicon Kroth – UFSM

Quarta-feira, 12/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 715 (7º andar) RECEPÇÃO DE FAKE NEWS E FACT-CHECKING EM CONTEXTO DE POLARIZAÇÃO POLÍTICA Thales Vilela Lelo – UEMG / UNICAMP RESUMO: A conjuntura de polarização política no Brasil ligada a uma intensa circulação de fake news nas eleições presidenciais de 2018 motiva a realização deste estudo exploratório, enfocado em apreender a recepção do público a boatos e fact-checkings tomando por referência o atentado contra o então candidato do PSL, Jair Bolsonaro, ocorrido em 6 de setembro em uma visita de campanha a Juiz de Fora (MG). A pesquisa envolveu a aplicação de um questionário online que recebeu 108 contribuições. Os dados coletados foram discriminados pela inclinação partidária dos participantes na última eleição e os resultados reforçam argumentos presentes em estudos precedentes de que: a) os cidadãos se informam sobre os acontecimentos também a partir de boatos;

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COMPÓS 2019 b) a credibilidade ou ceticismo diante de fake news são influenciadas por preferências políticas; c) a concordância em correções oferecidas por agências de fact-checking é também moderada pelo partidarismo dos receptores. RELATORIA: Lírian Sifuentes – PUCRS | João Vicente Ribas – PUCRS | Aline Bianchini – PUCRS

POLÍTICAS ENTRE AÇÕES COMUNICATIVAS E CIRCULAÇÕES DISRUPTIVAS Antonio Fausto Neto – UNISINOS RESUMO: Na campanha eleitoral brasileira, de 2018, e na posse do presidente, surge novo estágio da midiatização da política, chamando atenção para estratégias comunicacionais que tiram de cena os mass media, enquanto “elo intermediário” entre instituições e sociedade. Apoia-se em matriz de circulação através de operações que disseminam “discurso de combate” às estruturas de mediação através de argumentação de que “podemos fazer sozinhos”, “tendo Deus acima de tudo”. Contempla como coletivo o “nós-inclusivo”, cujas marcas de existência se enunciam na campanha e no ambiente da posse do novo presidente. Sua posse se desenrolou em meio a lógicas de contenção e de vigilância sobre os jornalistas que, privados de circularem, enunciam a narrativa dos sitiados em disrupção com “gramáticas da vigilância” e a “retórica do combate” sustentada na fala presidencial no parlatório da Praça dos 3 Poderes. RELATORIA: Ana Elisa Ribeiro – CEFET/MG

A CIRCULAÇÃO DE MEMES ERÓTICOS DA DILMA: vinculando públicos afetivos e fortalecendo fronteiras simbólicas no contexto do impeachment Allan Carlos dos Santos – UFRJ RESUMO: Abordando os processos de recepção das mensagens midiáticas a partir da concepção bakhtiniana de “compreensão responsiva ativa”, pensamos os memes de Internet como grupos de conteúdos cujas unidades são 167


GT RECEPÇÃO, CIRCULAÇÃO E USOS SOCIAIS DAS MÍDIAS remixadas pelos usuários das mídias sociais para a produção, reprodução e ressignificação de sentidos. Neste contexto, questionamos algumas das funções políticas da estética e linguagem meméticas para o processo de deposição de Dilma Rousseff, olhando para “a circulação de sentidos enquanto um lócus possível dos estudos de recepção em mídias sociais” (GROHMANN, 2018). Finalmente, investimos na Análise de Discurso Multimodal Crítica para investigarmos como combinações dialógicas de discursos e imagens eróticas da ex-presidente – publicadas e compartilhadas no Twitter através da hashtag #QueremosDilmaNaPlayboy – circularam emoções misóginas e de asco, instituindo um lugar-comum para a vinculação de públicos afetivos e o fortalecimento de fronteiras simbólicas entre grupos antagônicos. RELATORIA: Camila Marques – UFSM

Quinta-feira, 13/6 | MANHÃ- 9h às 12h - Sala 715 (7º andar) CIRCULAÇÃO E CONSTRUÇÃO DE CIRCUITOS: a dinâmica do rádio Viviane Borelli – UFSM | Maicon Kroth – UFSM RESUMO: O artigo analisa o modo como se estruturam fluxos comunicacionais dinamizados pela ação dos sujeitos participantes da sociedade em midiatização e que são capturados pelo programa radiofônico Timeline, que vai ao ar, diariamente, pela manhã, na Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, RS, e pelo Portal GauchaZH. A partir da realização de entrevistas presenciais, audições e observação de perfis de jornalistas e do programa no Facebook, foi possível descrever e analisar circuitos interacionais e fluxos adiante (BRAGA, 2011, 2017) e também problematizar como a circulação discursiva (FAUSTO NETO, 2010,

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COMPÓS 2019 2016) reconfigura o funcionamento do dispositivo radiofônico. A análise dos fluxos comunicacionais denota a constituição de uma arquitetura sistematizada de circuitos complexos nos quais a circulação emerge e reestrutura práticas não só do dispositivo radiofônico, mas também da própria sociedade por meio de processos reiterados e tentativos de comunicação. RELATORIA: Thaiane Moreira de Oliveira – UFF

PARA PENSAR AS AUDIÊNCIAS DE CINEMA: anotações iniciais Nilda Jacks – UFRGS | Henrique Denis Lucas – UFRGS RESUMO: O objetivo deste artigo é estabelecer um diálogo entre os estudos de cinema e os de recepção midiática latino-americana acerca do campo de estudos da experiência fílmica no cinema. Para isso, um percurso teórico-metodológico do campo de estudos será traçado, abordando seus antecedentes e desdobramentos no Brasil e no mundo. Também apresentaremos uma discussão acerca da precisão dos conceitos de recepção cinematográfica e espectatorialidade fílmica, a partir de uma abordagem contextualista e culturalista – propomos aqui uma alteração nas perspectivas sobre essa nomenclatura, visando a coesão do campo de estudos. Além disso, será sinalizada, especificamente aos estudos das audiências, a necessidade de um maior debate acerca da relação entre a experiência cinematográfica, em suas dimensões sincrônica e diacrônica, e aspectos da subjetividade humana, como as emoções e sentimentos. Para tal, uma série de conceitos serão articulados visando o esclarecimento das noções de sentimento e emoção, relacionando-as às concepções de recepção e espectatorialidade fílmicas de cinema. RELATORIA: Antonio Fausto Neto – UNISINOS

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GT RECEPÇÃO, CIRCULAÇÃO E USOS SOCIAIS DAS MÍDIAS

SEM MODO AVIÃO: jovens e leitura de livros, hoje Ana Elisa Ribeiro – CEFET/MG RESUMO: Com base em uma concepção de leitura como prática social e inspirado em estudos de história cultural e teorias de letramento, este trabalho traz uma discussão sobre a relação de jovens estudantes de ensino médio, matriculados em uma escola pública federal, com as práticas de leitura, especialmente em relação aos dispositivos mais empregados para o porte e a leitura de textos. Para alcançar o objetivo de conhecer as práticas desse grupo de leitores, foram conduzidos dois grupos focais com estudantes de segundo e terceiro anos, no ambiente escolar. Os debates foram gravados em áudio e posteriormente transcritos e analisados. Os resultados apontam para usos não excludentes e bastante diversificados dos livros multiplataforma, contradizendo um discurso polarizador, que parece interessar mais à indústria e ao mercado do que ao próprio leitor RELATORIA: Roseli Figaro – USP

Quinta-feira, 13/6 | TARDE - 14h às 18h - Sala 715 (7º andar) AS TICS NO COTIDIANO DE FAMÍLIAS AGRICULTORAS: apropriações e incorporações no meio rural contemporâneo Lírian Sifuentes – PUCRS | João Vicente Ribas – PUCRS | Aline Bianchini – PUCRS RESUMO: O trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa empírica que teve como objetivo conhecer as apropriações e incorporações (SILVERSTONE; HIRSCH; MORLEY, 1996) das tecnologias de informação e comunicação por famílias agricultoras de tabaco. O estudo tem caráter sócio-antropológico (WINOCUR, 2009), valendo-se de entrevistas, formulários, observações e re-

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COMPÓS 2019 gistros fotográficos. Os usos sociais (CABELLO, 2007) das TICs pelas famílias em contexto rural encontram empecilhos diversos, que vão desde dificuldades de sinal e custos para comprar aparelhos e manter assinaturas, até questões simbólicas, que incluem certa fobia das novas tecnologias e, em alguns casos, aversão ao desconhecido. Apesar disso, nos últimos anos o acesso tem crescido e a importância dada a esses artefatos tecnológicos vem tendo espaço fundamental na vida desses sujeitos, fazendo-se presentes no cotidiano familiar de modo crucial. RELATORIA: Allan Carlos dos Santos – UFRJ

DISTINÇÃO E ESTILO DE VIDA: recepção de A REGRA DO JOGO por mulheres de diferentes classes sociais Camila Marques – UFSM RESUMO: Este artigo é um estudo de recepção de telenovela realizado com 8 mulheres de diferentes classes sociais com o objetivo de compreender as semelhanças e as diferenças na leitura das representações de classe e processos distintivos presentes na narrativa de A Regra do Jogo (2015/2016), do horário das 21h, da Rede Globo. Para tanto, trabalhamos com dois eixos teórico-analíticos principais: a sociologia bourdiana e os estudos de recepção latino-americanos – Mapa das Mediações Comunicativas da Cultura de Martín-Barbero ([1998] 2003). A epistemologia da nossa investigação segue os Estudos Críticos de Recepção (RONSINI, 2011), através de um trabalho de campo prolongado com as informantes. Nossos dados apontam que as diferentes leituras das representações de classe e gênero produzidas na telenovela analisada tomam parte nos processos de identificação e desidentificação das informantes com os estilos de vida que demarcam as distinções entre as classes. RELATORIA: Thales Vilela Lelo – UEMG / UNICAMP

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