O Voo do Beijo

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Marcio Erino Ochner

O voo do beijo Poemas



O voo do beijo Poemas


Projeto gráfico: Marcio Erino Ochner Produção e direitos reservados ao autor. Revisão: Inacio Carreira


Para Cintia Parasky e meus filhos: Caio, Milena e Julie, motivos da minha vida.


Marcio Erino Ochner [2010]


Num copo d´água, teu beijo Na direção programada e de caminho vazio, O cansaço toma conta, De andares curtos e esfarrapados, Num terreno de vida seca. Nas costas, lombam outros motivos, No chapéu, que cobre pensamentos, Um sol que corta e frege, perambula por todo corpo. De pernas finas e pés descalços, sofre a terra coberta por pedras e galhos secos empoeirados, No momento de razões motoras, [07]


Falham e caem esgotados, levados por um último suspiro. Na inconsciência, a cobiça do teu beijo doce, Que traz o rosto perto do meu, De pele branca, clara como o brilho da lua, Beija-me e leva para dentro, o teu sedativo, minha rígida carne, seca... Teu poço, sorri com águas claras, Teu corpo é como o vento que refresca, sacia minha sede, revive o meu desejo, do doce sabor, num copo d´água, teu beijo.

[08]


[09]


Beijo A todo tempo, Em todo espaço, Algo que se prende à pele, Que se enlaça, Anda de lá pra cá, de sabor agradável, Florescência corporal, Que nos priva do calor visceral, Que nos freia o ar, Como beija-flor. Que deflora, Que beija e permanece,

[10]


ConsciĂŞncia Ă­ntima, Casualidade interior.

[11]


Momento depurativo Na cegueira da noite, mais prolongas... prendo-me aos seus braços embalando meu querer. Saboreio teu gosto, num beijo que me acalenta, aptidão inata, louca, quando viestes até mim, transpondo minha alienação mental, momentânea... desejo, ensejo... minha boca cerra libidinosamente seu corpo...

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esboรงo-me com meus pensamentos insanos, tatuo... O calor do seu corpo faz-me evaporar รกgua pelos poros, num ato... loucura. Aos pedaรงos, desfiz-me no desejo do teu corpo, que quero agora, depressa... sem mais espera.

[13]


Desejo Sua compreensão atordoa-se por tomares meu olhar, que tenta obter a quebra... olhando-te mulher... Em teus olhos, moram ímãs que me atraem... Na tua boca mora meu desejo... Não a deixarei partir, minha consciência cravou no seu perambular. Minha insanidade não serve mais... juízo imperfeito... cego pela loucura...

[14]


Então, tateio vagarosamente à procura de você, mulher. Onde... na tua boca mora meu desejo... Oh! linda mulher que passa, teu amor deve ser poesia, teu corpo o sol... E... na tua boca mora meu desejo.

[15]


Sexo Às escondidas,

Ele passa

Adentra a peça que se fecha

Habita Arranca gritos

Murmúrios

Mãos que dilatam

Vestes que se curvam,

Sinuosa.

Jovem rosto,

de lábios brandos

Que enche a peneira da sensação fisiológica [16]

sedativo...


[17]


Eletrônica Onde andas, ó bela, não ouço mais o teu digitar tua voz, em pensamentos, cala-se , crio o teu ser em mim, mais vivo que a própria vida... vida, esta, eletrônica... em pensamentos... Memória que foge às pressas, nem mesmo dispersa, em mim, tu cintilas e dormes... e eu te observo pixeladamente...

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[19]


Amor imaginário Quis te encontrar na noite em que me perdi no caminho Enchendo-me de incontáveis sonhos Não conseguindo esconder-me e nem solitário ficar. Encarar os olhos molhados e o tempo passado Mesmo de olhos cerrados só vêem você Deixo cair lágrimas que nada dizem Mas o seu amor parecia distante daqui. [20]


Não consigo esquecer as palavras deixadas ao tempo O amor que criei em sonho agora, abraço e vivo. Sem ter palavras, saí à noite querendo te encontrar guardando no coração os desejos que ecoaram a partir do seu beijo. Ainda adormecido na manhã gelada, senti você ao meu lado Acordo e percebo que está distante. Vamos parar com esse sorriso falso abrir a cortina e voltar a viver. [21]


Num olhar distante, Imaginário, achei você E tudo volta a se fechar. A luz do entardecer que vimos juntos mesmo em sonho, meu coração e meu corpo sentem falta de você cada vez que te vejo, esqueço tudo. Fecho os olhos e te imagino Só isso já é o bastante Mesmo que o tempo abandone meu coração, um dia quando acordar já não mais sentirei nada por você.

[22]


O melhor será guardar a saudade que sinto agora e deixar lá fora, no céu estrelado daquela noite que vimos juntos. Num olhar distante, Imaginário...

[23]


Ociosa Maquiagem, cangas, leque, cadeira, perna em cima e a outra embaixo, lençóis brancos, finos. cabelos à frente, de lado, no braço, mão no cotovelo, semente nua. [24]


Lingerie, na porta do banheiro, no chão, na cama, na banheira, clima quente que envolve, corpo cravado, demente. Números de botões, olhar que fixa, estupenda, porção de carne que consome, alimenta o desejo, que completa o vazio, que sacia a falta, [25]


vai e volta, vai-te... ociosa.

[26]


Sentimento Caminho de vale, queda em abismo, que dá força renova o não conhecido... ao entusiasmo, na fala, inverso de tudo, que reflete, da pressa que dissolve, deixa passar... sábio, continuidade harmônica [27]


um meio, o viver da vida... que flui como รกgua, que movimenta rochas abre caminhos, arrasta-se despercebida, marca, passa... verdadeiras continuidades, nos da cuidado, nos adianta, finda num eterno sentimento, imutรกvel.

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[29]


Sobrevivente Fuga Chuva que cai Olhos dispersos Rede de sonhos. Lâmina que abre caminho Folhas que se fecham Cansaço que cai Cabelos desmanchados Barba por fazer Corpo decrépito Loucura iminente.

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Fome sem sorriso Olhos em movimento Espreita vontade. De saliva seca Água dessaborosa Gritos ocultos Interior transitório Ruína Coração colado Humor despedaçado Um sobrevivente.

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Jovem amor Numa manhã acordei, Foquei em mim, Vi minhas mãos tremerem, transpondo horror. O tempo passou, Vida, Numa paixão nasceu, de coração pintado, Tudo que sempre quis... De traços simples, Em minha memória, és uma bela pintura, [33]


que me enchia os olhos de vida, e hoje não mais a vejo... Resta-me saudade Corre em minhas veias, No íntimo do amor, Acreditei, que jamais teria validade... Num espaço de promessas, Que caíram ao tempo, No momento em que partiste... Lembranças... Nunca deixariam o tempo apagar, tudo aquilo que juntos fizemos, Já faz parte de mim, [34]


Do meu ser, Da minha alma... Resta em mim um bocado de vida, que ainda respira e é só... Lamento sua falta, Meu coração bate em teu peito agora, Pois eu ainda vivo por viver, O tempo passou, Mas a lembrança ainda corre em volta de casa, nos móveis, anda lentamente e goza juvialidade, nas mínimas coisas, fantasia. No piano, notas empoeiradas, no coração, saudade. [35]


[36]


Mulher Perfeição existencial, de aura definida, por números e de fins práticos. Perfeição grega, com olhos materializados, conjunto de linhas harmônicas, uma canção matemática, densidade areada, perfeição singular. Vento de captura sem defeito, penhasco da arquitetura atemporal, [37]


ofuscação comparada, Paradoxal.

[38]


Lágrima Emerge até a superfície, Salgada, Aflora do canto. Movimentos, ar que desloca, Sedento por água, que seca a pele. Doce brinde à vida, Que flutua, Líquido chuviscado... Lágrimas que emudecem, num olhar, [39]


esgota-se no sentimento, navega, afogando-se em pensamentos...

[40]


Organismo Abeira da ruela vibra coração, como uma canção. Intuição que ouve, que afasta do tempo, Não, agora não, organismo maldito, que fere o sentimento. Resta-me pensamentos, que leva para fora do controle, Neste momento, quero acreditar em você, [41]


que me faz pensar, nos fragmentos que levam a vida, num urgente devaneio, nas brincadeiras sem noção... Dos acordes, instrumental movimento, flutuam num esboço... Devoção a algo inexplicável, imutável vida, de destino inusitado, certeiro fim. Na liberdade, Num beijo primário, [42]


no ideal da vida, de uma canção a outra. Num organismo vivo, de sentimento, Coração.

[43]


Feminilidade Graciosa em seu movimento com explosões de cores no olhar... Como rosa, as pétalas no azul do mar do caramelo, doce beijo. Das curvas, montanhas Nas árvores, linhas e flechas que disparadas acertam. No coração, a batida das luzes, o calor do amor da célula, alfinetada. [44]


Graciosa, fĂŞmea que arranca amores, sobressalente flecha, de captura sentimental, que crava, quando arrancada, causa ruĂ­na.

[45]


Sonho do vento Sopra, que leva e traz, que refresca, Hora esta, Que puxa e empurra, Que suga, suor.... Que avanรงa, que beija e abraรงa, que mata saudades, que fere ao deslocar, que cheira, que baila no ar... [46]


Que leva consigo, sonhos amantes, da vida e viventes, a vontade de voar...

[47]


Olhar de gueixa Rosto pintado, movimentos leves e graciosos. Visão que leva a um passear vertical. De curtos passos, acertados. De enfeitado cabelo, nele uma linda flor. Deslocar instrumental, Que embala o andar chuvoso, que vem em direção à sua prisão guardada. Nele, escondem-se os mais lindos olhos, atormentador, contemplar fixante, parada temporal. [48]


[49]


Vem comigo No fundo dos meus olhos Nada mais é como antes, Quero uma chance, alguns minutos... Para dizer que acredito em você, Tudo o que tenho, da para viver um sonho, Difícil de entender. Você, vem comigo, Vem... Há muito amor em nosso caminho, Vamos até o infinito... Lá... há muita felicidade, beijos atônicos... De sentimento intenso, [50]


futuro maduro. A tua presença, hoje é minha dispensa ocular... Que quero todos os dias, Tua boca, teus beijos... Dias de palavras doces ao pé do ouvido, Sua graciosidade no andar, Sua vida com a minha, Em um eterno caminhar.

[51]



Marcio Erino Ochner, é designer e poeta. “Neste livro, ’O voo do beijo’, você embarcará nas poesias que vão de encontro aos mais profundos desejos e pensamentos da alma, eternos amantes. Um amor verdadeiro, já é motivo de todos feitos na vida de qualquer homem, mesmo na adversidade.” Um grande abraço, e uma boa leitura.

Agradecimentos especiais: Inacio Carreira e todas as pessoas que contribuiram de alguma forma para que este feito viesse à realidade.



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