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edição 01 | 06.2011 distribuição gratuita
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mundial de atletismo Brasil Brilha na Nova Zelândia e conquista inédito terceiro lugar!
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expediente
a revista do esporte adaptado
Escola Superior de Propaganda e Marketing
patrocínio:
Curso de Graduação em Design com Habilitação em Comunicação e ênfase em Marketing
Projeto integrado do 3o semestre das disciplinas: Projeto III - Cultura e Informação Prof. Dr. Marcelo Montore
apoio: Língua Portuguesa III Prof. Regina Ferreira da Silva Marketing II Prof. Vivian Iara Strehlau Módulo de Atividades Habilitação / Cor Prof. Paula Csillag Produção Gráfica Prof. Antonio Celso Collaro
Edição de imagens, Projeto gráfico, Diagramação, Tratamento de imagens, Revisão, Edição: Bianca Sie Taipina Felipe da Costa Castellari Gabriela Borges Sumodjo Rafael Ochoa Thais Jacoponi de Moura
Colaboradores: Paulo Roberto Conde (Entrevista Daniel Dias) Katya Cabrera Rodrigues (Colunista) Mônica Vasconcelos (Matéria Cody McCasland) Thalita Kalix (Matéria do Mundial de atletismo)
parceiros:
Judô Paraolímpico. Um esporte que, antes de a luta começar, já tem dois vencedores.
Através do judô, deficientes visuais provam que o esporte tem poder de superação e que impossível é uma palavra que não deveria existir.
Infraero. Patrocinadora oficial do Judô Paraolímpico Brasileiro.
165 MAIO 2010
Editorial
Superato é uma revista dedicada aos deficientes físicos desportistas. Nosso objetivo é instigar e motivar, leitores, motivando-os a superar seus limites e incluí-los socialmente por meio do esporte. O logo da revista reflete a parceria com o Projeto Unique Types, que incentiva a criação de tipografias baseadas em crianças deficientes da AACD. Na revista foi utilizada a fonte Somos Fortes, que conceitua a união entre as pessoas e como esta faz a superacão se tornar mais fácil. Nesta edição, você encontará na Matéria de Capa, informações sobre o Mundial de Atletismo, que aconteceu nesse ano na Nova Zelândia, em que o Brasil ficou na posição inédita de terceiro lugar. Na seção Entrevista, você lerá uma matéria exclusiva com Daniel Dias contando como lidou com suas dificuldades físicas. Já em Contando Histórias, você conhecerá Code McCasland, um menino de 9 anos que já conquistou diversas medalhas. Além disso, você encontrará muitas outras dicas que o auxiliarão a ter uma vida mais ativa e alegre. Boa leitura.
7 U NIMED -RIO
COLUNA
COLUNA
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EDUCAÇÃO CRIANÇAS ESPECIAIS
ENTREVISTA DANIEL DIAS
NESTA EDIÇÃO
PROJETOS 10 TECNOLOGIA 18 ESPORTE E CULTURA 22 TÁ ROLANDO 34 POEMA VISUAL 48
12 CONTANDO HISTÓRIAS
CODY MCCASLAND
CAPA 16
MUNDIAL DE ATLETISMO
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Contando Histórias
QUEBRANDO
BARREIRAS
SE CONSTROEM OS
SONHOS
O menino americano Cody McCasland, de 9 anos, vem ganhando fama como exemplo de superação ao competir em várias modalidades esportivas apesar de não ter as duas pernas. Cody teve os membros amputados ainda bebê, por causa de uma condição congênita chamada agenesia sacrococcígea, que provoca má-formação. 12
Seu sonho é competir nos Jogos Paraolímpicos e ganhar medalhas de ouro em atletismo ou em natação.
SUPERAÇÃO Cody McCasland, acumulou uma coleção de mais de 20 próteses, com as quais aprendeu a andar e competir.
imediatamente à prótese, dando seus primeiros passos já no primeiro dia em que as testou, aos 17 meses.
Nascido em um parto prematuro de emergência em outubro de 2001, o menino enfrentou meses de internações e 15 cirurgias, incluindo a retirada da bexiga e tratamento regular para uma condição que enfraquece os ossos.
Superando todos os problemas, o menino não só aprendeu a andar como se tornou esportista, competindo em várias modalidades, incluindo natação, futebol, atletismo, golfe, beisebol, caratê e equitação.
Cody superou as dificuldades para competir em vários esportes. Ele nasceu também sem a tíbia e os ossos do joelho. Era incapaz de dobrar as pernas, que pendiam de maneira torta, em uma posição desconfortável, a cada vez que ele se sentava. Seus pais então tiveram que decidir entre deixá-lo com membros sem função, condenando-o a ficar preso a uma cadeira de rodas, ou amputar as pernas e permitir que ele pudesse aprender a andar com próteses. O menino, que tem uma irmã de quatro anos sem deficiências, surpreendeu os pais e os médicos ao adaptar-se quase
Cody sonha vencer natação e atletismo nos Jogos Paraolímpicos. O garoto, que usa atualmente três pares diferentes de próteses, uma para cada situação, já participou de várias competições ao lado de atletas sem deficiências, mas seu sonho é competir nos Jogos Paraolímpicos e ganhar medalhas de ouro em atletismo ou em natação. O exemplo do menino levou seus pais a estabelecer um fundo de caridade em seu nome, para receber doações para o hospital infantil Texas Scottish Rite, que cuidou dele, e à Fundação para Atletas Deficientes. 13
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Alan Fonteles Atleta patrocinado pelas Loterias
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s CAIXA
Quasemetadedo que é arrecadado pelasLoterias CAIXA é desti nado a áreas sociais do nossopaís, como o esporte. Em 2010, sóo ComitêParaolímpico Brasileiro recebeu maisde R$ 25milhões. ParaasLoteriasCAIXA ,apostar no nossoesporteé vero Brasil inteiro tirar asorte.
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Mundial Atletismo
O MELHOR DE TODOS OS TEMPOS
Com 30 medalhas, Brasil conquista o terceiro lugar na classificação geral do campeonato mundial de atletismo, disputado na Nova Zelândia, ficando atrás apenas da China e Russia.
A seleção brasileira deu um show no Campeonato Mundial de Atletismo, na Nova Zelândia. Os 25 atletas que representaram o Brasil em nove dias de competição conquistaram 30 medalhas e o histórico terceiro lugar geral, atrás apenas de China e Rússia. Com 12 medalhas de ouro, 10 de prata e oito de bronze, o Brasil terminou a competição à frente da Grã Bretanha que teve o mesmo número de ouros, mas uma prata a menos.“Disputamos a terceira posição com a Grã-Bretanha, que receberá as Paraolimpíadas ano que vem e tem tido investimento. Isso significa que estamos fortes. Temos que aproveitar essa oportunidade de sediar uma Paraolimpíada para investir também. Existem áreas que ainda estão descobertas”, ressaltou o presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons. O resultado em Christchurch foi acima da meta estabelecida pela comissão técnica, que era de pelo menos igualar ao resultado das Paraolimpíadas de Pequim 2008, quando o País ficou em 10º, com 15 medalhas, quatro delas de ouro. Uma evolução grande: no Mundial de Assen, em 2006, o Brasil ficou em 17º no quadro geral de medalhas. A seleção brasileira se preparou por mais de um ano para o Mundial. Além do acompanhamento constante da comissão técnica e das competições nacionais e internacionais, os atletas tiveram quatro encontros durante 2010 para avaliações físicas, treinamento, orientação técnica e testes fisiológicos.
QUALIDADE CONCENTRADA “O crescimento técnico em relação ao último Mundial e às Paraolimpíadas foi grande. Isso é fruto da nossa estratégia de trazer um número menor de atletas. Assim conseguiríamos prepará-los melhor e teríamos maior qualidade” Tubiba.
“Não foi por acasto. O Brasil Paraolímpico cresceu com bastante planejamento e uma gestão séria” Andrew Parsons Dos 24 atletas brasileiros que entraram em ação (Delfino se contundiu na véspera da competição e não pôde participar), 19 conquistaram medalha na Nova Zelândia. Um aproveitamento de quase 80%. “Essa posição mostra a força do atletismo paraolímpico brasileiro. Mais de dois terços dos atletas da seleção brasileira estão entre os três primeiros do mundo, destacou o presidente do CPB, Andrew Parsons.
Yohansson do Nascimento
TEREZINHA E A EVOLUÇÃO DAS MULHERES As mulheres também se destacaram na delegação brasileira neste mundial. Terezinha Guilhermina conquistou quatro medalhas douradas e foi a maior campeã da competição ao lado da norteamericana Tatyana McFadden.
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Mundial Atletismo
“O Brasil é hoje uma daspotências do Esporte Paraolímpico Agora, todo mundo quer nos superar. Por isso precisamos aumentar abase de medalhistas. Temos que consolidar
algumas provas e investir na renovação” Rocha Tubiba “Isso é uma coroação especial porque trabalhei muito para chegar aqui. Eu prometi que neste Mundial não erraria. Fechar com as quatro medalhas de ouro mostrou que consegui chegar ao meu 100% e, mais importante, que consegui fazer o meu melhor em cada prova” Terezinha. Além disso, em Christchurch as mulheres brasileiras foram responsáveis por nove medalhas, o maior número até aqui. Em Pequim 2006 elas subiram ao pódio oito vezes e no Mundial de Assen, no mesmo ano, apenas 18
cinco. A evolução é resultado de um trabalho constante desenvolvido pelo CPB “Chegamos a ter cotas de convocação de mulheres em nossas delegações. Dos 30 nomes, por exemplo, 12 tinham que ser do sexo feminino. Em algumas modalidades ainda precisamos desse incentivo, mas o atletismo mostrou sua rápida evolução. Todas as atletas que vieram ao Mundial foram por índice próprio. E os resultados mostram a qualidade delas”, justificou o diretor técnico.
OPERAÇÃO DE MÍDIA DO CPB IMPRESSIONA IPC Não foi apenas dentro das quadras, piscinas e pistas que o Movimento Paraolímpico do Brasil deu provas de sua excelência. O CPB foi o protagonista de uma ação de imprensa exemplar, que rendeu elogios do Comitê Paraolímpico Internacional, mereceu reportagem no jornal ThePress, da Nova Zelândia, e deixou os gestores de comunicação dos Comitês Paraolímpicos de
Mundial Atletismo Ariosvaldo
“O Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) tem por meta desenvolver o esporte para pessoas com deficiência severa, os casos mais graves, e o esporte para mulher. No CPB não é diferente. O Circuito está sendo uma ferramenta muito importante para o surgimento de novas atletas. Agora elas têm competições Estados Unidos, Grã Bretanha e Austrália impressionados. “O nível de profissionalismo do Brasil nesse sentido é incrível. Vocês realmente sabem o que estão fazendo”, elogiou o chefe de imprensa do IPC, Craig Spencer. Nos Mundiais de Natação, em Eidhoven, Fut 5 para Cegos, em Hereford, e também no de Atletismo o contingente de jornalistas brasileiros era o maior entre os credenciados. Na Holanda, acompanhando as medalhas
dentro d’agua, estavam jornalistas de TV Globo/ SporTV, O Estado de SP, O Globo, Correio Braziliense e Terra. Estes veículos, desta vez ainda com a presença da Record/ RecordNews, foram à Nova Zelândia noticiar o show da equipe verde-amarela no atletismo. Em Hereford, com o Fut 5, estiveram presentes a TV Brasil e a
Revista FUT do LANCE!. Sempre acompanhados da equipe de comunicação do CPB, com jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas. Ao todo, foram dezenas de horas de transmissão e milhares de centímetros na mídia impressa. Contando Eidhoven e Christchurch, as medalhas do Brasil renderam 12 inserções no Jornal Nacional, o que
Ariosvaldo
o ano todo para se manter treinando e motivadas” Edílson Rocha Tubiba.
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Mundial Atletismo
“Os feitos dos atletas paraolímpicos brasileiros, ao serem retratados pela imprensa, têm papel decisivo na mudança de percepção da sociedade brasileira em relação às pessoas com deficiência” Andrew Parsons.
significa dizer um retorno de visibilidade espontânea equivalente a mais de R$ 5,5 milhões no principal telejornal da televisão brasileira. Em ambos os campeonatos, o CPB investiu ainda na aquisição dos direitos de transmissão de TV, o que possibilitou ao canal SporTV mostrar, diariamente, provas ao vivo e os melhores momentos dos atletas brasileiros, bem como permitiu ao CPB enviar imagens de provas para emissoras de todo o país sem qualquer custo.
DILMA: “UM ORGULHO PARA CADA CIDADÃO DESSE PAÍS” O reconhecimento da conquista dos atletas brasileiros veio logo que chegaram ao Brasil. No dia seguinte ao desembarque no país, eles foram recebidos em Brasília pela Presidenta da República, Dilma Rousseff. No encontro no gabinete presidencial, os atletas receberam um a um o cumprimento da presidenta, que elogiou as conquistas e brincou com o peso das medalhas. “Fiquei muito feliz em recebêlos. Acho que devo a vocês um agradecimento, porque demonstram que o trabalho de equipe pode fazer com que cheguemos lá. Qualquer preconceito cai por terra ao ver as 20
Cássio Henrique Damião e Carlos Bartô
medalhas e a superação dos atletas paraolímpicos. É um imenso orgulho ver vocês competindo e um orgulho especial quando vocês sobem ao pódio. É um orgulho que vocês dão não só a cada pessoa com deficiência, mas a cada cidadão desse país”, ressaltou a Presidenta
da República. Terezinha Guilhermina aproveitou a oportunidade e mais uma vez quebrou o protocolo: presenteou Dilma Rousseff com um Kiwi – animal símbolo da Nova Zelândia. “Espero que ele me dê a mesma sorte que lhe deu”, agradeceu Dilma. Abraçada
Mundial Atletismo
“É um orgulho que vocês dão não só a cada pessoa com deficiência, mas a cada cidadão desse país” Dilma Rousseff
André Mathias
pela presidenta, a atleta ainda deu-lhe as medalhas de ouro conquistadas em Christchurch. Dilma agradeceu a gentileza, mas devolveu o símbolo da conquista de Terezinha. “Estamos aqui hoje simplesmente para agradecer o apoio do Governo Federal. Gostaríamos de dividir com o Brasil a alegria dessa conquista”, disse o presidente do CPB, Andrew Parsons. “O Brasil Paraolímpico é um Brasil que dá certo. O apoio da CAIXA foi fundamental para essa profissionalização”, destacou o presidente do CPB. O Ministro
do Esporte, Orlando Silva, elogiou o planejamento do Comitê Paraolímpico Brasileiro, que começa a apresentar seus primeiros frutos. “O CPB foi exemplar ao apresentar, ano passado, um planejamento detalhado até 2016. Isso com certeza trará resultados de sucesso. Se conseguimos ter esse resultado fantástico no Mundial da Nova Zelândia, nas Paraolimpíadas de Londres será melhor ainda.”
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Daniel Dias apareceu para o mundo em grande estilo em 2008. Com apenas 20 anos, foi aos Jogos Paraolímpicos de Pequim e conseguiu a melhor performance individual da Olimpíada: nove medalhas, das quais quatro de ouro, outras quatro de prata e uma de bronze. O feito lhe rendeu uma nomeação ao prêmio Laureus, como melhor atleta paraolímpico de 2008. Em agosto do ano passado, após brilhar novamente no Mundial de natação paraolímpica em Eindhoven, Holanda, Daniel faturou sete medalhas de ouro. 25
entrevista
“Tenho realmente grandes conquistas, mas o que eu almejo mesmo é divulgar o esporte paraolímpico no país. Quero fazer com que ele seja visto como qualquer outro esporte de alto rendimento. É uma grande batalha que temos”
BATE PAPO COM O ATLETA
SUPERATO: É inevitável pensar nos Jogos Paraolímpicos de 2016, que serão no Rio. Você acredita que ainda chegará competitivo lá? Daniel Dias: Claro que tenho os Jogos de 2012 antes, mas é inevitável pensar em 2016. Vou competir em casa, o que não tem comparação com nada. Você esperava conquistar tudo o que conquistou nos Jogos de Pequim (CHN), em 2008? Nos Jogos de Pequim, conquistei mais do que eu esperava. Foram meus primeiro Jogos Paraolímpicos mas, poxa, nove medalhas conquistadas em 11 provas? Conquistei sete medalhas em provas individuais, foi surpresa até para mim. 26
Você já se planeja, de alguma forma, diretamente para os Jogos Paraolímpicos do Rio-2016? É o objetivo de todos: conquistar medalhas. Eu já planejei tudo, já sei o que quero para 2016. Estarei com 28 anos, mas vai ser um momento muito bonito do esporte brasileiro paraolímpico. É uma oportunidade única para tirar esse obstáculo entre o esporte olímpico e paraolímpico. Em 2016 será a nossa chance,por isso eu apoiei os Jogos desde o início. Trazer os Jogos Paraolímpicos para o Rio seria a nossa chance de mudar. Não vou nadar um número grande de provas; terei de focar em quatro, cinco, pois será muito desgastante cumprir o número de competições que eu nado atualmente. Não vou nadar todas, mas vou representar o Brasil bem. E o que podemos esperar de você em Londres? Espero bons resultados, com certeza. Não nadarei 11 provas, nadarei dez, pois não incluirei os 200m medley. Espero conquistar medalhas, talvez nove medalhas
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VIDA
DO ATLETA Daniel de Faria Dias, nasceu em Campinas em 24 de Maio de 1988. É um atleta paraolímpico brasileiro e recordista mundial. Daniel nasceu com má formação congênita dos membros superiores e perna direita, descobriu o esporte aos dezesseis anos. Compete nas classes S5, SB4 e SM5 em competições paraolímpicas. No Mundial de natação do IPC foi ouro nos 200m medley, com recorde mundial, ouro nos 100m livre e prata nos 50m borboleta e 50m costas, medalha de ouro no revezamento 4x50m medley com recorde mundial. Daniel é detentor do recorde mundial nas provas de 100m e 200m livre, 100m costa e 200m medley e o recordista nos Jogos Parapan-americanos com oito medalhas de ouro. Daniel consquistou nove medalhas nos Jogos Paraolímpicos de Pequim 2008, superando o também nadador brasileiro Clodoaldo Silva, que havia conquistado sete medalhas (seis de ouro e uma de prata) nos Jogos Paraolímpicos de Atenas em 2004.
novamente. Mas tenho um grande objetivo: quero conquistar oito medalhas de ouro em Londres. Vou treinar muito para que eu consiga. Espera, então, igualar o feito do Michael Phelps em Atenas (GRE)? Sabemos que é difícil. Já me compararam em Pequim com ele. Claro que não consegui oito ouros, mas ser comparado com um mito é muito bom. O Phelps acreditou sempre, mostrou que estava preparado. Mas é uma semana complicada, em que é preciso nadar eliminatórias e finais. Ou seja, há muito desgaste, mas vou batalhar muito para que isso aconteça e eu realize meu sonho, que é o de igualar um atleta como ele. Você já foi campeão em tudo o que era possível na sua carreira como nadador, o que ainda pode almejar? Olha, tenho realmente grandes conquistas, mas o que eu almejo mesmo é divulgar o esporte paraolímpico no país. Quero fazer com que ele seja visto como qualquer outro esporte de alto rendimento. É uma grande batalha que temos. Com as conquistas que fiz, estou mostrando a todos que somos como qualquer outro atleta. Apesar do bom desempenho, no que o Brasil pode melhorar como potência paraolímpica? Ficamos em nono no quadro de medalhas dos Jogos Paraolímpicos de Pequim (CHN) em 2008. Então, no esporte paraolímpico, nós estamos entre os dez melhores. Na natação, estamos entre os cinco melhores. Mas temos de melhorar, principalmente para 2016. Vamos ter um grande número de atletas surgindo. E este é um grande trabalho que estamos fazendo, o de base. Você, o (também nadador) André Brasil e outros elevaram o Brasil a potência paraolímpica. Mas esse sucesso nasceu do talento individual ou de trabalho de base? Sem dúvida, o talento destes atletas pesa, mas é também um trabalho que o Comitê Paraolímpico Brasileiro vem fazendo desde 2004 até hoje. Então é isso que pesa, e queremos que continue desta forma. 27
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“Não nasci no esporte, comecei muito tarde, mas hoje eu vejo que as coisas estão mudando[...] há várias ONGs que trabalham neste segmento.”
Você mesmo não teve este trabalho de base, não? Sim, exatamente. Não nasci no esporte, comecei muito tarde, mas hoje eu vejo que as coisas estão mudando. No Mundial (de natação paraolímpica em Eindhoven) na Holanda, no ano passado, tínhamos atletas de 15, 16 anos. Se você for alguém deficiente e quer se dedicar, como eu, há várias ONGs que trabalham neste segmento. Você, por ter esta exposição, conta com patrocínio de empresas que lhe dão aporte. Os atletas mais desconhecidos, porém, ainda sofrem com preconceito? É algo um pouco complicado ainda. Como vocês falaram, eu tenho patrocínio de empresas que me apoiam, e hoje posso me dedicar exclusivamente à natação. Mas é muito complicado. A sociedade não 28
vê que o deficiente se superou. Hoje, já me vêem como atleta, com um campeão que se superou. Me vêem por eu levar o nome do Brasil, não só por ser deficiente. Tem essa grande mudança. Uma criança, não deficiente, veio outro dia e me falou que eu sou um exemplo para ela. Quem achou que isso um dia fosse acontecer? Ainda há empresas que não apoiam o esporte paraolímpico por achar que não haverá retorno. Temos, no Brasil, um exemplo claro de diferença entre atletas paraolímpicos e olímpicos. Você e o Cesar Cielo brilharam, mas ele tem muito mais visibilidade. Ainda é grande essa diferença? Sim, ainda. Temos de tentar diminuir isso. Nosso foco está voltado para isso mesmo. Queremos conquistar o
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nosso espaço. Eu creio, como já falei, que devagar as coisas estão melhorando.
o esporte paraolímpico de alto rendimento e sabem como treinamos.
Por tudo o que você conquistou, acabou se tornando referência para os que estão começando. De que forma lida com isso? A maioria que começa se espelha em mim, e eu acho isso é muito bacana. Espero que isso continue assim, que eu conquiste muita coisa para o Brasil e ajude o esporte. Quando outros deficientes vêm conversar comigo, eu incentivo a continuar, pois sei que as coisas não são fáceis. Mas quero que continuem, que acreditem que podem chegar lá e que podem ganhar medalhas para o Brasil, representar o país. O importante mesmo é o incentivo. Sempre falo: “Vamos lá, acredito em você, você vai conseguir”. Isso que eu falo para eles. Se puder ajudar, vou ajudar.
Qual é o teor de uma conversa quando você se encontra com um cara como o Cesar Cielo? Falamos sempre em como o esporte pode mudar com os Jogos no Brasil, O Brasil ganhou muito com isso, foi algo bacana. Espero que o esporte melhore. Conversamos basicamente sobre isso, de como será bom com os Jogos de 2016 aqui.
Como é sua relação com os demais atletas olímpicos? Nos encontramos em eventos: eu, Thiago Pereira, Cesar Cielo... Sempre conversamos bastante. Encontrei-os em Copenhague (DIN), quando levamos a sede dos Jogos de 2016. É bacana, pois eles vêem
Em relação à sua infância, ela foi complicada por causa de sua deficiência, não? Exatamente... (pausa)... Minha infância não foi nada fácil. Falo das minhas conquistas, mas em tudo houve dificuldades, tudo que passamos, minha família para me criar, foi complicado... Mas agora estou tendo a oportunidade de divulgar o esporte paraolímpico. A partir disso, posso mostrar para todo mundo certos valores das pessoas com deficiência. Quero usar isso da melhor maneira possível, para que as crianças não tenham que sofrer tanto quanto eu sofri.
“Minha infância não foi nada fácil. Tudo que passamos... Mas to tendo a oportunidade de divulgar o esporte paraolímpico, mostrar o valor da pessoa com deficiência”
As fotos desta seção foram tiradas pelo fotógrafo Saulo Cruz em dias de treino do atleta no instituto Superar.
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EDUCAÇÃO PARA CRIANÇAS ESPECIAIS por Katya Cabrera Rodrigues
O termo crianças especiais refere-se às necessidades especiais que bebês, crianças, adolescentes e jovens apresentam ao longo do seu desenvolvimento, devido à presença de alguma deficiência ou dificuldade de aprendizado. Para que essas crianças especiais se desenvolvam de forma efetiva, é necessário que elas tenham acesso ao mundo escolar com ensino especializado e pertinente à sua faixa etária. A escola tem um papel fundamental no processo de desenvolvimento infantil, nela a criança adquire novos conhecimentos, aprende a se socializar e conviver com as diferenças. Através dos grupos heterogêneos evidenciados no ambiente escolar, os alunos ampliam as suas relações, favorecendo a aprendizagem e a convivência harmônica entre os grupos. As diretrizes Nacionais para a Educação especial Básica, no seu artigo segundo orienta os sistemas para a prática da inclusão. “Os sistemas de ensino devem matricular a todos os alunos, cabendo as escolas reorganizaremse para o atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais,
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assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos”. Isso quer dizer que as escolas devem acomodar todas as crianças, independente das suas condições sociais, emocionais, físicas, intelectuais, etc., wno ambiente escolar. O grande desafio da escola é ensinar e educar todas as crianças, incluindo aquelas com necessidades especiais, adaptando a sua forma de transmitir o seu conhecimento para que todos os alunos consigam acompanhar as aulas.
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Fotos retiradas do projeto vinte e um da fotógrafa Flávia Alves. Confira outras belíssimas fotos no site: http://flaviaalves.com.br/Projeto_21.html
AVANÇOS NOTÁVEIS
Os indicadores do Censo Escolar e INEP registraram, em 1996, 201.142 alunos com necessidades especiais matriculados em escolas. Em 2004, esse numero passou para 566.753 (crescimento de 181%). O nº desses alunos em classes comuns do ensino regular em 1998 era de 13% em 2004 passou para 34,4%.
As escolas vivem um grande conflito: “como aceitar a criança especial na escola, mantendo a qualidade de ensino para todos?”. Educadores estão preocupados em como adaptar a sua didática para que a aprendizagem seja transmitida de forma eficaz a todos.
desenvolvimento integral, de orientar e apoiar a família, ela ainda serve para fortalecer o vínculo afetivo da criança com seus pais e familiares. A estimulação adequada realizada pela escola também contribui para que as crianças especiais se desenvolvam.
Algumas escolas não sabem como receber este aluno, o que fazer e principalmente quais as maneiras de estimulá-lo para que o processo de aprendizagem aconteça de forma crescente. Um dos primeiros passos que a escola deve tomar é realizar programas de capacitação de seus educadores para que tenham conhecimento sobre o desenvolvimento das crianças especiais e como podem promover a estimulação para que se desenvolvam. A estimulação é um dos recursos fundamentais para atenuar riscos ou atrasos no desenvolvimento de crianças especiais. Além da estimulação ajudar no
Hoje o grande desafio de muitas escolas, é ensinar e educar todas as crianças, incluindo as portadoras de necessidades especiais. Apesar das diretrizes nacionais para a educação especial básica orientarem para a prática da inclusão, há carência de profissionais e professores preparados para receber alunos especiais na escola. A sensibilização para a inclusão deve partir de todos nós para que as crianças especiais tenham novas oportunidades, novas experiências de vida, com expectativas de um futuro certo e seguro. 33
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ROLANDO Julho Treinamento e Avaliações da Seleção Brasileira Permanente de Para- Atletismo São Caetano do Sul/SP
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14 a 20 CAMPEONATO ALEMÃO DE PARA-ATLETISMO Singen am Hohentwiel
Agosto 05 a 07 PARA PAN PACIFICO PARAOLÍMPICO Edmonton/Canada natação
22 a 24 PARAOLIMPÍADAS ESCOLARES 2011 São Paulo/SP diversas modalidades 34
1A ETAPA NACIONAL DO CIRCUITO LOTERIAS CAIXA BRASIL DE ATLETISMO - Fortaleza/CE halterofilismo e natação
12 a 14 PARAPAN-AMERICANO DE ESGRIMA EM CADEIRA DE RODAS São Paulo/SP
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