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SUSTENTABILIDADE
SUSTENTABILIDADE NA PRÁTICA
POR AURORA AYRES
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
Energias limpas, produtos biodegradáveis, consumo responsável... Cada vez mais as organizações trabalham em prol de um futuro mais sustentável. A implementação de boas práticas alinhadas ao monitoramento da produção é um ponto crucial para o desenvolvimento responsável, e ainda mais no setor têxtil e de confecções. O investimento em tecnologia de ponta e inovações inteligentes estão entre os pilares para a sustentabilidade na indústria têxtil.
De acordo com um estudo global da Johnson Controls (NYSE: JCI), a sustentabilidade é a principal prioridade de investimento empresarial global, e que a grande maioria das empresas vê uma clara vantagem competitiva de seu foco de sustentabilidade e a meta de alcançar o carbono líquido zero. O estudo também descobriu que para acelerar os esforços de descarbonização, as empresas devem se alinhar com as demandas das partes interessadas, colaborar com os parceiros em roteiros de sustentabilidade transparentes e medir efetivamente o andamento das iniciativas de sustentabilidade.
Tecidos tecnológicos
A cultura da sustentabilidade guia o crescimento e os processos de inovação da Diklatex, empresa catarinense localizada na cidade de Joinville. Com a expertise de mais de 40 anos na produção de tecidos técnicos e tecnológicos, a empresa incorporou a sustentabilidade como pilar estratégico do seu negócio
Técnicas menos agressivas ao meio ambiente vêm ganhando espaço nos processos da empresa Diklatex, como por exemplo o Dope Dyeing, que elimina da produção um processo de tingimento, reduzindo em até 90% o consumo de água e em até 98% o uso de produtos químicos.
Eduardo Habitzreuter, gestor de Engenharia da empresa, explica que enquanto no modo tradicional o fio passa por duas etapas, produ-
Colaboradoras na linha de produção de sacarias na fábrica de Castanhal
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Imagem aérea da fábrica, localizada na cidade de Castanhal, no Pará
ção da fibra sem cor e na sequência a aplicação da cor na fibra, no Dope Dyeing os pigmentos de cor são adicionados junto aos polímeros já na produção do fio, reduzindo o processo em uma etapa. “Além de diminuir o consumo de água, energia e agentes químicos, o processo também emite até 60% menos CO2 e gera até 90% menos efluentes. Além de ser mais sustentável, o processo agrega ao tecido alta solidez da cor, atestando o compromisso da Diklatex com a qualidade e com um mundo mais consciente”, afirma.
A expertise da empresa, na produção de tecidos tecnológicos esportivos, contribui para a inovação no setor e redução dos impactos ambientais. O Eco Trend, por exemplo, é um artigo de poliéster 100% sustentável de fibras filamentadas proporcionando conforto, excelente elasticidade, toque macio e gelado, secagem rápida, respirabilidade e gerenciamento térmico. O tecido com a tecnologia Truelife ECO é feito com garrafas PET retiradas do meio ambiente. “Esse processo reduz o impacto ambiental e agrega valor ao produto. Para se ter uma ideia, cada kg de tecido utiliza um valor aproximado de 60 garrafas PET de 500 ml, isso convertido em uma camiseta, temos um valor de aproximadamente 8 garrafas/ camiseta”, conta Habitzreuter.
A busca por alternativas com menor impacto ambiental na produção de tecidos desafia a indústria têxtil, mas ao mesmo tempo vem abrindo caminhos para viabilizar processos inovadores. Pensando em uma solução para facilitar as necessidades femininas, unindo sustentabilidade e tecnologia, a Diklatex lançou o Truelife® Undertech, uma nova tecnologia com inovação nacional que reúne três camadas de tecidos inteligentes capazes de agir na absorção dos fluidos do corpo feminino – menstruação e escapes da incontinência urinária. Outro ponto importante é sobre a mudança de hábitos de consumo, através da menor quantidade de lixo gerada. Uma mulher produz 200 quilos de lixo em sua vida fértil por conta do descarte de absorventes. Com a calcinha menstrual, isso não acontece, pois ela é reutilizável e a lavagem pode ser feita durante o banho, com sabão neutro.
Matéria-prima biodegradável
A Sustentabilidade sempre foi uma preocupação e uma questão de suma importância para a Companhia Têxtil de Castanhal desde sua fundação, em 1966. A começar pela matéria-prima, uma fibra vegetal, totalmente biodegradável, que é cultivada em harmonia com o bioma amazônico e, portanto, seus resíduos são totalmente absorvidos pelo meio ambiente quando descartados.
Quem explica é o diretor da companhia, Flávio Smith: “o plantio da juta é feito às margens dos rios Solimões e Amazonas, no início da vazante, com a adubação natural pelo húmus acumulado pelas cheias dos rios. Todo processo é natural, respeitando a floresta e o meio ambiente. No processo de transformação da fibra em tecido são utilizados apenas aditivos orgânicos e óleos vegetais”.
“Para além do cuidado e do respeito com o planeta, aqui na Companhia Têxtil de Castanhal temos o mesmo olhar sobre as pessoas e a sociedade e esses compromissos permeiam toda a nossa cadeia produtiva, do cultivo da fibra à produção de nossos produtos, como telas, fios, sacarias e sacolas e sua comercialização”, salienta. “Nossa empresa atende a outra questão importante, que é estimular a economia circular, uma vez que a juta é cultivada por famílias ribeirinhas da Amazônia e esta atividade contribui significativamente de forma positiva para a economia da região e estimula a atividade laboral local, auxiliando na fixação dos produtores à sua própria terra”, complementa o executivo.
Projeto Semente
A principal iniciativa em curso da Castanhal atualmente é o Projeto Semente. Trata-se da viabilização e da desburocratização de meios de financiamento, com o apoio do Governo do Pará, onde a fábrica da companhia está localizada, à aplicação de tecnologia, pesquisa e conhecimento técnico em favor do cultivo de fibras naturais.
De acordo com o diretor, o projeto atua juntamente com os agricultores familiares em um ciclo virtuoso que envolve investimento para o aumento da produtividade e da qualidade dos plantios, geração de renda ao pequeno produtor, com remuneração justa e garantia de compra de toda produção.
“Na prática, as ações viabilizam incentivo financeiro, capacitam os pequenos produtores para adoção de tecnologia no cultivo e disponibilizam acompanhamento técnico feito por agrônomos da Castanhal. Com este projeto as safras dos produtores têm resultados mais eficientes a cada colheita, além de aprimorarem suas técnicas de plantio e fazerem a seleção das melhores sementes para a safra seguinte”, salienta Smith.
Além de aumentar a produtividade com qualidade, prossegue o executivo, a iniciativa afeta positivamente a realidade da comunidade envolvida com agricultura familiar, tornando-se fonte de renda viável, uma vez que a Companhia Têxtil de Castanhal garante aos produtores o financiamento para início do plantio e a compra do total produzido, auxiliando também no transporte da fibra até a indústria.
“O aporte da Castanhal em tecnologia e conhecimento para a melhoria e a disponibilização de 75 toneladas de sementes de juta a agricultores familiares gera uma safra de 5.5 mil toneladas de fibra nas regiões das várzeas por ano. O resultado é uma cultura ainda mais produtiva, de alta qualidade e com mais competitividade no mercado”, revela.