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Uma cadeira para Dilma, prioridade do governo Lula
Nesses primeiros dois meses do terceiro governo Lula, já ficaram evidentes as prioridades do presidente e, para surpresa de ninguém, elas estão longe de qualquer intenção de governar para todos os brasileiros, ou mesmo para os representantes não petistas da tal “frente ampla” de inocentes úteis arregimentados para apoiar a volta de Lula ao poder. Trata-se apenas de desfazer praticamente tudo que seu antecessor fez – especialmente o que fez de bom, como no caso da postura brasileira em relação ao aborto –, declarar guerra ao Banco Central e à atual meta de inflação, e reescrever a história recente do Brasil, com destaque para o impeachment de Dilma Rousseff.
Areabilitação do “poste” que Lula escolheu a dedo para sucedê-lo em 2010 fez dele um dos maiores propagadores de fake news das últimas semanas, sem inquéritos no Supremo nem agências de checagem para chamá-lo à responsabilidade. É assim que Lula pode desmoralizar as instituições brasileiras ao repetir no exterior, em mais de uma ocasião, que Dilma fora vítima de um “golpe de Estado”, como fez na Argentina e no Uruguai. O site institucional da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) também passou a se referir ao impeachment da ex-presidente como “golpe”. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, se juntou ao coro em entrevista recente à TV Brasil.
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O impeachment de 2016, temos de reafirmar, nada teve de golpe. Os truques orçamentários usados por Dilma para maquiar a contabilidade nacional estavam fartamente documentados, e ocorreram tanto no primeiro quanto no segundo mandato; o Tribunal de Contas da União chegou a recomendar ao Congresso a rejeição das contas de Dilma em 2014. As operações de crédito irregulares podem não ser tão escandalosas quanto o mensalão ou o petrolão, mas são uma demonstração cabal de desprezo pela transparência na gestão do dinheiro público, grave o suficiente para também ser punida com a cassação. Mas Lula quer reduzir tudo a uma conspiração motivada pela incapacidade política de Dilma, ao dizer que “Dilma tecnicamente é uma pessoa inatacável, tem uma competência extraordinária. Onde ela erra, na minha opinião, é na política. Ela não tem a paciência que a política exige que a gente tenha para conversar”. Nunca será demais recordar também que, ainda que não tivesse cometido nenhuma das irregularidades que a levaram a cassação, Dilma está muito longe de ser “tecnicamente inatacável” e de ter “competência extraordinária”. Foi ela, auxiliada pelo ministro Guido Mantega, quem levou a pleno funcionamento a Nova Matriz Econômica petista, que já se desenhava ao fim do segundo mandato Lula. A gastança desenfreada, como todo brasileiro com alguma memória haverá de recordar, levou o Brasil à pior recessão de sua história, algo que não foi igualado nem pelo desastre da pandemia de Covid-19, o que explica a insistência do petismo em fingir que o período 2015-16 jamais existiu.
Colocar Dilma no “banco dos Brics” é conveniente para Lula, pois transmite prestígio à sua antecessora – mais pelo nome da instituição que por sua relevância, já que o NBD ainda está longe de ser uma força econômica –sem trazê-la para o núcleo do governo, demonstrando que, de certa forma, Dilma ainda é um peso que poderia espantar os novos aliados. Independentemente de a nomeação, se concretizada, configurar isolamento ou reconhecimento, o que mais importa é evitar que o petismo seja bem-sucedido em sua tentativa de fazer prevalecer a narrativa do “golpe”, quando na verdade o impeachment de Dilma foi apenas a aplicação da Constituição a uma governante cujas irregularidades foram suficientemente comprovadas.
Espa O Aberto
Não adianta nada tirar armas sem combater a cultura da violência
Quem tem de perder a arma é bandido, não quem tem posse legalizada. Estive em Sinop nos anos 1970, era uma rua só; agora é uma cidade imensa, no coração da grande produção de algodão, de milho e de soja desse Brasilzão.
E foi horrível essa execução de sete pessoas num salão de sinuca, obra de dois homens armados que perderam o jogo, saíram, foram buscar armas, voltaram e simplesmente se vingaram de todo mundo, inclusive dos espectadores que estavam por ali e não tinham nada a ver. O ministro da Justiça já aproveitou para continuar sua campanha para retirar armas de fogo não dos bandidos, mas das pessoas que têm as armas legalmente. Queria ver tirar todas aquelas armas de fogo dos bandidos no Rio de Janeiro. Voltando à questão das armas, pesquisei as estatísticas do Distrito Federal sobre mulheres que foram mortas. Dos 65 casos de feminicídio, como passaram a chamar esse crime, a maior parte não foi por arma de fogo: apenas 13, ou seja, 20%, dois casos em cada dez. Nos outros
52 usaram faca, usaram as mãos, usaram paus, pedras, veneno. Isso confirma o óbvio: que não adianta tirar arma de fogo, tem de desarmar os cérebros, porque é o cérebro que dá a ordem para as mãos estrangularem, ou pegarem um pedaço de pau, uma pedra, uma faca ou uma arma de fogo. Segundo uma ONG mexicana, das 50 cidades mais violentas do mundo, a primeira fica no México, e a mais violenta do Brasil seria Mossoró (RN). E ainda há outras nove cidades brasileiras na lista, nas regiões Norte e Nordeste. O que é isso? Deve ser alguma cultura, algo que está na cabeça das pessoas. Não são as armas, porque faca todo mundo encontra em qualquer cozinha e ninguém vai interditar cozinhas por causa disso.
Alexandre Garcia
Na madrugada da última quarta-feira, 22, um motorista que trafegava com uma caminhonete pela rua Nova Aurora em frente ao Terminal Central de Macaé, foi perseguido e emparelhado por outras duas caminhonetes de cor vermelha, as quais tentaram o fazer parar para uma possível tentativa de assalto. Assutado, o motorista fugiu em alta velocidade, sendo perseguido pelos suspeitos até chegar à frente do 32 BPM, onde pediu por ajuda, e foi atendido por policiais que estavam de plantão. Os veículos suspeitos conseguiram fugir.
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