Dizimo, o jeito cristao de ser igreja

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DĂ­zimo, o jeito cristĂŁo de ser Igreja

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Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja COPIRYGHT © 2015 Editora Paiol das Latras Palmeira - PR

Capa: Editora Paiol das Letras 2


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja

Agradeço

Minha esposa Rosana, meus filhos Amanda, Isabela, Rodrigo, meu genro Angelo. Meus pais Odilon e Ivete Minha família Todos os agentes da pastoral do dízimo com os quais convivi e aprendi sobre esse mandamento maravilhoso de amor e partilha

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DĂ­zimo, o jeito cristĂŁo de ser Igreja

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Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja

PARTE 01

O

Um pouquinho da história

Brasil entrou no ano de 1974 assistindo à eleição do penúltimo general para a presidência do Brasil. No dia 15 de janeiro daquele ano, Ernesto Geisel obteve 400 votos e Ulisses Guimarães, então deputado federal, recebeu 76. Tão poucos votos assim? Claro, pois por ser um período de ditadura a eleição não se deu pelo voto do povo, mas por um Colégio Eleitoral formado pelos deputados federais e senadores. Quatro anos depois, ele passaria a faixa presidencial ao também general João Batista Figueiredo, o último militar a governar o País antes da sua redemocratização. Entre outras coisas, o ano de 1974 também ficou marcado pela inauguração de uma das maiores obras da engenharia brasileira: a ponte Rio-Niterói e por uma das maiores tragédias da nossa história: o incêndio no Edifício Joelma, na cidade de São Paulo, que culminou com a morte de 191 pessoas e 300 feridos. Esses foram somente alguns dos fatos que marcaram aquele ano, e é bom lembrar, também, que na área econômica as coisas não andavam bem: o Brasil fechou 74 com uma inflação de 34,55%, cujos efeitos na vida do povo é algo que os mais novos nem imaginam o que seja. Mas, foi também naquele ano que a Igreja recebeu um novo sopro do Espírito Santo. Naquela época, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, realizava suas assembléias no interior de São Paulo, no município de Itaici. Foi lá, durante a 16ª assembléia, ocorrida de 19 a 27 de novembro de 1974, que os bispos discutiram aprofundadamente uma situação que os preocupava e tirava o sono de muitos párocos em todos os cantos do país: a sustentação financeira da Igreja e suas obras. Para chegar àquela discussão, havia sido encarregada uma comissão que, durante os anos anteriores, reuniu dados sobre as maneiras utilizadas pelas 5


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja paróquias na arrecadação dos recursos financeiros e, em especial, como se dava a experiência do dízimo nas mais diferentes realidades brasileiras. Dali surgiu um documento que trouxe as diretrizes para a implantação e a animação da pastoral do dízimo em todo o Brasil, o “Documento nº. 8 Pastoral do Dízimo”. Como já abordado antes, era um momento de turbulências políticas, pois o País vivia um período de ditadura militar e as liberdades civis, cada vez mais, cerceadas. A situação econômica também não era boa, o País se endividada com os empréstimos feitos junto aos bancos internacionais para a realização das grandes obras que marcaram o período militar no Brasil e que deixaram uma dívida externa impagável. Para se ter uma idéia de como isso foi ruim para o Brasil, exatamente no dia 24 de novembro de 2014, quando escrevo estas linhas, o Banco Central do Brasil divulgou nota oficial esclarecendo que “a posição da dívida externa bruta estimada para outubro (2014) totalizou US$ 343,5 bilhões, elevação de US$ 4,9 bilhões em relação ao montante estimado para setembro de 2014”. Claro que a dívida externa não foi criação dos militares, pois a sua origem vem desde a Independência do Brasil. O que aconteceu durante os anos de ditadura foi a sua elevação brutal já que, durante aquele período, entre as décadas de 1960 e 1980, saiu de um patamar de US$ 12 bilhões antes do golpe militar para chegar, ao final da ditadura, à casa dos US$ 100 bilhões. Durante o ano de 2008, muito se falou sobre o fim da dívida externa. Entretanto, ela continua existindo. O que houve, na verdade, foi uma má interpretação da seguinte frase: “o Brasil deixou de ser um país devedor para ser tornar um país credor”. Isso quer dizer apenas que as reservas internacionais, pela primeira vez, tornaram-se maiores que a dívida externa brasileira. Por que esses números são importantes para a caminhada da Pastoral do Dízimo? Porque, se as famílias sentiam no seu orçamento doméstico os reflexos da inflação que corroia os salários, também a Igreja sofria os efeitos de uma situação financeira caótica, da falta de recursos não só para a sustentação dos padres como para a manutenção de todas as suas obras, incluindo o culto e os sacramentos. Naqueles dias, encontrávamos inúmeras comunidades espalhadas por todos os Estados brasileiros, nas quais os sacerdotes sobreviviam com o que a comunidade repartia. Muitos habitavam casas tão pobres que não contavam com luz elétrica e os seus benefícios, como geladeira, por exemplo. Mesmo nas cidades, nos centros urbanos mais ricos, era comum (e infelizmente isso ainda acontece em alguns lugares) que as paróquias 6


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja não pagassem as espórtulas (salários) dos padres. Daí que, em diversas realidades, era comum os padres atuarem como professores ou em outras atividades profissionais para o sustento da casa paroquial. Durante muitos anos, a Igreja brasileira viveu uma ultrajante situação de mendicância, quando se faziam os chamados “projetos” que eram enviados à Alemanha, Itália, Estados Unidos ou outros países em busca de recursos financeiros advindos de instituições que atendiam aos países pobres. Naquela situação, não era fácil encontrar padres ou lideranças paroquiais dispostas a colocar em prática o que o Documento da CNBB orientava, pois havia uma insegurança enorme em relação às questões financeiras. Além disso, como pedir ao povo para “pagar” mais um valor para a Igreja, se os salários já eram tão baixos e a inflação comia grande parte deles? Essa visão de “pagar” era reforçada, ainda, pela falta de uma catequese sobre o dízimo. Lembremos que o que se entendia sobre dízimo naquele período era somente o que se fazia por tradição. Não é difícil, ainda nos dias de hoje, encontrarmos pessoas que dão testemunhos de que seus avós ou pais deixavam parte da colheita no campo. “Era o dízimo para os animais se alimentarem”. Com esse costume, as pessoas entregavam aos cuidados de Deus parte da produção e a criação (animais e aves) se aproveitava dela para o sustento. Os filhos que, aos poucos, iam deixando o campo para buscar melhores oportunidades de vida nos centros mais desenvolvidos, perdiam essa raiz, esse costume, porque já não plantavam, nem colhiam. Além disso, a situação financeira... Os anos se passaram e podemos dizer que estamos ainda no começo de uma caminhada, mas, que também já avançamos muito. A desconfiança do começo, o medo de substituir taxas e festas (tradicionais modelos de arrecadação financeira), por uma pastoral desafiadora foi, aos poucos, dando lugar a uma certeza: o dízimo é bíblico e, portanto, libertador, revelador e conduz a uma verdadeira conversão. A experiência de algumas paróquias, ou de algumas comunidades isoladas, foi servindo de exemplo para outras. Interior, sertão, pampa, caatinga, cerrado, florestas, litoral, grandes ou pequenas cidades, independente de onde estavam localizadas, as comunidades católicas passaram a conviver com uma nova realidade que a pastoral do dízimo ajudava a construir. Ela a pastoral do dízimo continua sendo desafiadora, mas não é mais uma novidade, uma desconhecida. Agora, são inúmeras as paróquias, dioceses inteiras que dão testemunho da sua importância na transformação da realidade. 7


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja São inúmeras as comunidades que passaram a contar com os recursos necessários para sua manutenção e seu trabalho de evangelização tendo como única fonte o dízimo. As que não conseguiram, ainda, o sucesso desejado estão revendo suas ações, estudando as orientações e subsídios existentes e disponíveis a fim de dar o norte devido à atuação da pastoral do dízimo, afinal quanto mais se estuda a Palavra, mais se descobre a riqueza do ensinamento lá contido sobre o dízimo. E o dízimo, enquanto pastoral, é riquíssimo de ensinamentos que levam a todos uma proposta concreta de conversão e pertença à comunidade. Assim, a mudança de comportamento das pessoas que assumem o dízimo em suas vidas e passam a se comprometer com a proposta do Evangelho, é um dos resultados que se alcança com a evangelização realizada pela Pastoral do Dízimo. Na 52ª assembléia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 2014, ou seja, quarenta anos depois daquele pontapé inicial, os bispos brasileiros retomaram o tema dízimo. Há, hoje, um consenso entre nossas lideranças de que não dá mais para continuarmos vivendo como fazíamos há 50, 100 anos. Tudo mudou e a Igreja precisa estar adaptada aos tempos como forma de não criar escândalos. Também os padres, em sua maioria, estão convencidos de que o atual sistema de festas e promoções como forma de arrecadação de recursos para o sustento da Igreja e suas obras, é ultrapassado e gera mais problemas que soluções. E nesses locais podemos ver a maravilhosa ação do Espírito Santo libertando os padres para o verdadeiro serviço de pastoreio e os fiéis para a vivência da partilha e da corresponsabilidade no sustento das obras de Deus. O Início Quando iniciei a composição deste livro, tinha em mente produzir um material de apoio aos milhares de brasileiros que atuam nas paróquias como agentes da pastoral do Dízimo. Isto porque, ao longo dos últimos 25 anos tenho viajado por paróquias de Norte a Sul do Brasil, em cidades pequenas, médias e grandes e convivido com as alegrias, mas também angústias daqueles que tem a missão e o desafio de levar a Palavra de Deus que ensina sobre o dízimo aos seus irmãos de comunidade. E essas pessoas precisam de todo o apoio possível, de todo material que possa iluminar seus consciências e corações. Além disso, tenho visitado comunidades da zona urbana e da área rural, participado e aprendido muito com as histórias de 8


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja gente que superou doenças, dificuldades financeiras, de relacionamentos, problemas profissionais... tudo porque os ensinamentos do dízimo os levaram a enxergar a vida de uma maneira diferente. Mas, acima disso, tenho ouvido testemunhos de pessoas que se encontraram com Jesus, que descobriram Deus em suas vidas, que abriram seus corações à ação do Espírito Santo e, por isso, tiveram suas vidas totalmente transformadas para melhor, muito melhor, a partir do momento em que acreditaram nas palavras que ensinam sobre o dízimo e decidiram colocálas em prática. Essas pessoas aprenderam que o dízimo está intimamente ligado ao projeto de Deus para a vida de cada um dos seus filhos. Elas aprenderam que o tema dízimo, ocupando inúmeras páginas da Sagrada Escritura, revela uma fórmula divina de libertação do jugo que os bens materiais exercem sobre a pobre e fraca natureza humana. Quando se deixaram tocar por essas palavras santas, essas pessoas passaram a confiar mais na Providência de Deus, a entender que tudo o que tem são dons recebidos gratuitamente de Deus. E nisso reside uma maravilhosa verdade. Qualquer pessoa que parar para meditar e permitir-se ouvir o sussurro do Espírito, vai compreender que as coisas mais importantes da vida são obtidas totalmente de graça. Tenho observado que, vivendo a experiência do dízimo, as pessoas começam a dar testemunho daquilo que vai se transformando em suas vidas. Assim, elas vão aprendendo e ensinando que o dízimo, além de ser fruto da sua experiência de fé, também é um mecanismo que fortalece essa mesma fé. Trata-se de um círculo virtuoso. Pela fé, mesmo que pequena, faz-se a experiência do dízimo. Aos poucos, essa experiência vai levando a um relacionamento mais maduro com Deus, com a Providência, e também abre os corações para uma convivência mais responsável e carinhosa com a comunidade, com os irmãos. Assim, a experiência do dízimo, que era fruto da fé vira instrumento de fortalecimento da fé. As pessoas começam a ver os frutos do dízimo na vida da comunidade: as obras sociais com atendimento aos mais necessitados, as melhorias na estrutura da igreja, nos equipamentos, na formação das pessoas, nos trabalhos missionários. Vão descobrindo que esse gesto de partilha de uma parte do que é deles se torna um pilar, um sustentáculo de tudo o que a Igreja realiza. E começam a entender que sem esse dízimo, a igreja já não será mais a mesma, pois ficará um vazio que não será preenchido por nada, nem por ninguém. E o mais bonito nesses testemunhos é que as pessoas passam a perceber 9


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja que sem esse dízimo, elas não serão mais as mesmas, pois nada poderá substituir esse relacionamento tão próximo e verdadeiro com Deus. Elas vão aprendendo que o dízimo transforma as pessoas e, por consequência, transforma as comunidades. Não é à toa que Gandhi, um indiano que nunca foi cristão, mas que sempre demonstrou um respeito enorme pela Bíblia, disse: “Se você quer mudar ao mundo, antes de tudo comece em você esta mudança para o bem”. Quando a gente muda, tudo ao redor começa a mudar também, pois nossa maneira de olhar e de compreender o mundo, as pessoas e os acontecimentos também se modifica. O dízimo, portanto, muda nosso jeito de pensar, de agir, de nos relacionarmos e de participar da comunidade. Então, tendo essa compreensão do dízimo, e entendendo-o como um instrumento maravilhoso de transformação e de conversão, eu não poderia mais continuar escrevendo somente para os agentes do dízimo, abordando questões mais técnicas visando somente ao aprimoramento do trabalho das equipes, mas precisava falar também àqueles que são a razão de ser dessa pastoral em nossa Igreja: pessoas como você, católicos que já descobriram ou estão descobrindo a maravilha que é ser Igreja. Por isso, nesta primeira parte faremos uma reflexão sobre o dízimo, a sua ligação com o sentido de “ser igreja”, o ser missionário e a importância do dízimo nesse processo. Na segunda parte, traremos alguns temas para estudo de casos que ajudarão a refletir sobre o dízimo no cotidiano da comunidade. O que é ser Igreja? Não vamos nos enganar achando que responder a esta questão seja algo simples, pois, apesar de poder ser tratado com simplicidade, o tema tem raízes mais profundas. Depende de quanto se pretenda aprofundar o debate. Neste caso, vamos fazer algumas observações que nos ajudarão a ter uma visão mais alargada do significado de Igreja. Vamos começar olhando para o Catecismo da Igreja Católica quando se refere à Igreja templo e diz que os edifícios destinados ao culto divino, essas “igrejas visíveis, não são simples lugares de reunião, mas significam e manifestam a Igreja viva, morada de Deus com os homens reconciliados e unidos em Cristo” (§1180). Diz, ainda, que , entre outras coisas, “A igreja deve também ser um espaço que convide ao recolhimento e à oração silenciosa, que prolongue e interiorize a grande oração da Eucaristia”. Nos recorda, também, que “A 10


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja igreja visível simboliza a casa paterna para a qual o povo de Deus está a caminho e na qual o Pai “enxugará toda lágrima de seus olhos” e que, por isso,” a igreja também é a casa de todos os filhos de Deus, amplamente aberta e acolhedora”. Aqui podemos nos limitar ao conceito de Igreja mais presente na compreensão do povo, já que, quando se pergunta o que significa Igreja, é comum as pessoas imaginarem o prédio, o templo com seus espaços de oração e celebração. Vista assim, nossa visão de Igreja pouco se diferencia da visão que temos de outras edificações, que são construídas para os mais diversos fins e usos: casas, bares, lojas, escolas, etc... Mas, Igreja é muito mais. É preciso ir além das paredes e ver na arquitetura da Igreja o que Marco Antonio Moraes Lima, em sua tese de Doutorado em Teologia “Igreja - Ícone da Trindade” relaciona com a arquitetura litúrgica. Segundo ele, “o espaço onde os fiéis se reúnem é a imagem da Igreja que, por sua vez, é a imagem da Trindade revelada na Páscoa de Cristo”. Portanto, ainda que se restrinja a definição de Igreja ao prédio, ao templo, há que se ter em mente que não se trata somente de uma construção que abriga as pessoas do sol, da chuva ou do frio. Esse espaço no qual a comunidade cristã se reúne faz parte do seu culto e é um retrato dele. Moraes Lima explica que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, mas que essa imagem e semelhança foi desfigurada pelo pecado e, depois, restaurada pelo sacrifício de Cristo. Só que essa restauração não é restrita somente a cada pessoa em particular, mas a toda a Igreja formada pela reunião dos fiéis. Assim, a Igreja foi também restaurada pelo sacrifício do Cristo e, por isso, restaurada por Ele se torna um ícone da Santíssima Trindade. Daí uma compreensão melhor de Igreja também como espaço santo e santificador. Espaço de restauração das almas porque restaurada pelo próprio Cristo para essa missão. Toda a arquitetura litúrgica, todo o espaço celebrativo encontram razão de existir em função daqueles que ali celebram, ou seja, as pessoas, o corpo místico de Cristo ou, como disse São Paulo “templos vivos do Espírito Santo”. Por isso, podemos compreender, então, que a Igreja não se resume na construção física e nem no espaço de celebração, mas também naqueles que ali celebram. Por certo podemos dizer que a Igreja é o espaço adequadamente construído e preparado para o culto, mas também é a comunidade que ali se reúne, a Igreja viva que realiza o culto pela prática da oração, da adoração, do 11


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja anúncio e da caridade. E assim podemos começar a entender o que é ser Igreja e qual a missão que Jesus delega a nós, sua Igreja. A missão da Igreja No ano de 2007, o Papa Bento XVI veio ao Brasil onde participou da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, ou Conferência de Aparecida. Daquele evento saiu um documento que ficou denominado “Documento de Aparecida”. Nele, entre tantas outras coisas, encontramos uma orientação sobre a missão da Igreja. Pela profundidade de conhecimento do Papa sobre a Igreja, sua doutrina, a teologia e tudo o mais, poderíamos esperar que exigisse um documento denso, pesado, daqueles que só os mais esclarecidos conseguem decifrar. Mas não! O Documento de Aparecida é leve, agradável de ler e de fácil compreensão. Não que seja óbvio, sem profundidade. Claro que não! É um verdadeiro sopro do Espírito Santo para nossa tão sofrida igreja latino-americana e caribenha. E nele encontramos uma definição do que é a missão da Igreja. A orientação é tão clara, tão simples, que não há como não a compreender já na sua primeira leitura. Mas, não se engane, assim como os ensinamentos do mestre Jesus, também essa definição nos leva a reflexões profundas e é, também, altamente exigente de compromissos. Principalmente isso, exige de nós, comprometimento com a causa d’Ele. O documento diz que “a missão da Igreja é promover o encontro das pessoas com um acontecimento, a pessoa de Jesus”. Ora, só isso? Sim, de forma sintética e prática é isso mesmo! Mas, a forma clara, concisa e simples como foi redigida não significa que se trata de uma definição rasa, óbvia e sem aprofundamento. 1- Em primeiro lugar, vemos que a Igreja tem um compromisso claro que não é qualquer coisa, é preciso que a ação da Igreja leve as pessoas (e todas elas, em qualquer lugar, em qualquer tempo da história), a um verdadeiro encontro com Jesus. Isso significa que tudo o que a Igreja fizer, todas as suas ações, devem ter como meta esse objetivo. Por isso, podemos dizer que todo trabalho da Igreja deve levar para Jesus, ou não é trabalho de Igreja. Todo trabalho de evangelização deve levar para Jesus, ou não é evangelização. Todo trabalho pastoral deve levar as pessoas para Jesus, ou não é pastoral. Só isso já é suficiente para causar uma revolução . Basta que a gente volte um olhar sincero para a prática de nossas paróquias e vamos perceber que ainda estamos devendo muito em termos de pastoral, de evangelização. Tenho dito que, muitas vezes, nossas pastorais atuam mais como aquela 12


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja pessoa que monta sua lojinha. Ela escolhe um lugar - um ponto comercial -, ali se instalada, coloca uma placa na frente e fica esperando os que ali chegarem para oferecer os seus produtos. Tenho visto pastorais agindo assim também. Escolhem um lugar na paróquia (a nossa sala), ali se instalam, colocam uma placa na porta para demarcar o terreno e ficam esperando alguém ali chegar para oferecer os seus serviços. Temos muitas pastorais, mas poucas pastorais missionárias. Continuamos pastoreando as ovelhas que estão no aprisco e aquelas que estão fora, continuam fora. É preciso rever a parábola que diz que o pastor tinha 100 ovelhas e, ao perceber que uma não estava junto com as outras 99, deixouas e foi em busca da ovelha perdida. Essa parábola não quer dizer que é mais importante cuidar das 99, embora sejam muitas, mas que o aprisco de Deus é para todas e, por isso, é preciso ir em busca, sair ao encontro daquelas que estão perdidas, mesmo que só consigamos trazer uma, porque será uma de cada vez até que todas estejam reunidas na casa do Pai. Jesus justifica a missão quando explica que “assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”. (Lc 15,7) 2- Outro fator interessante de reflexão acerca dessa definição é que, sendo missão da Igreja promover o encontro das pessoas com Jesus, precisamos definir, claramente, quem é a Igreja a quem se delega essa missão. Podemos pensar num fato bem corriqueiro. Imagine que você está saindo para ir à missa, alguém lhe pergunta: - aonde você vai? - Eu vou à Igreja, você responde. Veja que é comum, corriqueiro nos referirmos à igreja como sendo o templo, o espaço físico da paróquia, um local para o qual nós nos dirigimos e de lá voltamos. Vou à Igreja e volto para casa. Como abordado no início, Igreja é mais do que simplesmente o templo. Vamos recordar o ensinamento de São Paulo: “Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós. (ICor 3, 16,17). A compreensão de que Igreja não é só um espaço físico ou uma construção material é fruto da fé, do entendimento de que, com o Batismo nos tornamos todos responsáveis pela difusão da Boa Nova de Cristo e, consequentemente, responsáveis, não só pela nossa salvação assim como pela salvação dos demais. A nossa quando aceitamos e procuramos colocar em prática os ensinamentos bíblicos; dos outros quando damos o testemunho e proclamamos a Palavra para que, tendo conhecimento dela, nossos irmãos possam professar e 13


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja viver a mesma fé em Jesus. Esse encontro com Jesus, portanto, precisa acontecer primeiramente em nós. Ninguém dá do que não tem. E veja que o Documento de Aparecida diz que esse encontro é com um acontecimento. Sim, pois não pode ser comparado com um encontro qualquer, com uma pessoa conhecida, por exemplo. Podemos nos encontrar com alguém na rua e, depois, nem sequer nos lembrar desse fato. O encontro com Jesus tem que ser esse acontecimento, algo marcante e transformador. Algo que muda a vida das pessoas e que, após acontecido, não se volta mais a ser a mesma pessoa de antes, mas alguém diferente. Se antes íamos à igreja, agora somos Igreja. Se, antes, poderíamos até dizer, diante de algumas situação: por quê a igreja não faz isso, ou, por quê a igreja não toma tal decisão?. Depois do encontro com Jesus, assumimos que aquilo que a Igreja deve fazer é também nossa missão pessoal, pois somos parte integrante dela, membros dela como lembra São Paulo: “Porque, como o corpo é um todo tendo muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo. Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres; e todos fomos impregnados do mesmo Espírito. Assim o corpo não consiste em um só membro, mas em muitos. (1Cor 12, 12-14). E o apóstolo ainda lembra que nenhum membro do corpo pode rejeitar o outro, pois depende dele. Como pode o pé dizer que não precisa da cabeça, ora, somos os pés e as mãos que trabalham neste mundo, mas a cabeça é Jesus que nos conduz pelo caminho certo, pelo caminho do Pai. 3- Em terceiro lugar, precisamos refletir sobre o significa do termo “missão”, afinal, o documento diz que promover o encontro das pessoas com Jesus é a “missão” da Igreja, ou seja, de todos nós. Podemos recorrer aos dicionários e vamos ver que, entre tantos outros significados, atribuímos à palavra missão as tarefas operacionais que são, geralmente, delegadas pelo quartel general a um determinado agrupamento de soldados. “Soldados, a missão de vocês é resgatar os prisioneiros”, podese ouvir dizer o comandante naqueles filmes de guerra. Missão, portanto, significa um encargo, uma incumbência da qual precisamos dar conta. Vejam que missão é algo que preocupa, até mesmo, o mundo empresarial da atualidade. Você, certamente, trabalha ou conhece uma empresa na qual se pode ver escrito num determinado mural, a Missão da empresa. Os consultores empregam variadas definições para a missão das empresas, mas podemos dizer que, nesses casos, trata-se “da razão de ser”, ou seja, 14


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja é o porquê daquele empreendimento. Quando define a sua missão, a empresa quer deixar claro para seus funcionários e o público em geral, o que ela produz, qual é a sua previsão de conquistas futuras e como espera ser reconhecida pelos clientes e por quem possa ter interesse na sua área de atuação. Para as empresas, a missão é algo que precisa estar ligada tanto ao seu objetivo de obter lucros (para continuar existindo) quanto ao seu objetivo social, neste caso, como vai atender às demandas de seus funcionários e da sociedade em geral. Ora, podemos questionar, mas porque as empresas se preocupam com isso? Será realmente importante? Claro que sim! Ter essas definições apontam caminhos pelos quais a empresa buscará os melhores resultados e se manterá competitiva num mercado que torna todos, cada vez mais, parecidos e os clientes mais exigentes. No caso das empresas, a missão vem junto com a definição da Visão e dos Valores. No nosso caso específico, podemos retomar o conceito de missão como sendo uma incumbência, uma tarefa da qual precisamos dar conta e que nos foi delegada, não por generais, mas pelo próprio Senhor, nosso Deus. Os conceitos de Igreja e de Missão, portanto, se complementam. Igreja é o corpo místico de Cristo atuando no mundo por meio de cada um dos filhos de Deus, impelidos pela ação do Espírito Santo. Para bem desempenhar seu trabalho, sua missão, a Igreja conta com diversos membros, que são providos de diferentes dons e capacidades, como reforça São Paulo: “Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um dos seus membros. Na Igreja, Deus constituiu primeiramente os apóstolos, em segundo lugar os profetas, em terceiro lugar os doutores, depois os que têm o dom dos milagres, o dom de curar, de socorrer, de governar, de falar diversas línguas. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos doutores? Fazem todos milagres? Têm todos a graça de curar? Falam todos em diversas línguas? Interpretam todos? Aspirai aos dons superiores. (1Cor 12, 27-31) Então, vamos compreender que ninguém é deixado de fora, mas que todos e cada um são igualmente importantes para que a Igreja possa realizar plenamente sua missão. Se na empresa o diretor é fundamental, também o atendente o é. Na Igreja, o papa, bispos e padres são fundamentais, mas nada aconteceria se não fosse o trabalho dos catequistas, das equipes de pastorais, dos secretários paroquiais, daqueles que limpam, conservam e ornamentam os templos e altares. Mas, missão pressupõe ir ao encontro, pois é um trabalho de Igreja e, como já vimos, todo trabalho da Igreja é essencialmente missionário. 15


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja A missão, portanto, consiste em cuidar bem dos que estão na casa para que aprendam a agir missionariamente, e também ir ao encontro dos que estão afastados, formando a corrente do bem. Cada um é evangelizado e torna-se evangelizador. Aquele que foi acolhido, aprende a acolher; aquele que recebeu, passa a distribuir. O encontro de cada pessoa com esse acontecimento que é a pessoa de Jesus, deve ser de tal forma transformador que a pessoa passe a ser também missionária. Mas, como fazer isso na prática para evitar que simplesmente se mantenha o mesmo trabalho pastoral entre quatro paredes? Por primeiro, o lugar por excelência de missão é a casa, a família. Ali precisamos ser missionários, ser anunciadores do Cristo e da sua Palavra. E posso admitir que a família é o lugar mais difícil para sermos missionários, para demonstrarmos realmente nossa fé e colocarmos em prática os ensinamentos de Jesus. Certa vez, numa palestra, eu dizia que cada vez que respiramos deveríamos agradecer a Deus. E perguntava: Porque não fazemos isso se respirar é algo tão fundamental para nossa vida? A resposta parece óbvia: é porque respiramos de forma tão automática que não paramos para pensar na importância desse ato. Dificilmente alguém, antes de dormir, faz uma oração agradecendo a Deus pelo dom de respirar e, assim, permanecer vivo. Isso é algo tão corriqueiro que parece não ter o valor que tem. Eu conheço uma pessoa que toda noite reza e pede a Deus pelo bom funcionamento do nariz do seu marido, para que ele possa respirar tranquilamente e assim... deixe de roncar, permitindo que ela tenha uma boa noite de sono. Piadinhas à parte, na família acontece o mesmo. Por conta do convívio diário, aos poucos vamos deixando de dar o verdadeiro valor à convivência com marido, esposa, filhos, pais, etc... Mas, se um dia temos uma forte gripe que tranca o nariz e, à noite, não conseguimos dormir pela dificuldade de respirar, percebemos que aquele gesto mecânico é fundamental e faz muita falta. Assim, também, se nos distanciamos, ou se perdemos um ente querido, passamos a sentir tanto a sua falta que, algumas vezes, até adoecemos. Se aprendemos a ser missionários em casa, podemos também ser missionários no mundo: no trabalho, na escola, no lazer, nos ambientes sociais. É ali que devemos ser “fermento na massa”, onde precisamos fazer a diferença e não sermos maria-vai-com-as-outras. Ah, mas todo mundo faz assim! Pois é, mas eu não faço. No ambiente social, nosso testemunho poderá ser muito mais forte e convincente do que muitas pregações. Depois, na comunidade poderemos, na medida das nossas possibilidades, 16


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja colocar nossos dons a serviço, seja como catequista, como membro de alguma pastoral ou movimento, na ação social, na Liturgia, etc. E, fruto dessa consciência de ser Igreja, vamos assumir o dízimo como a forma de sustentar toda a estrutura da paróquia e dos serviços que ela presta. Assim, seremos missionários na própria realidade onde vivemos e, com nosso dízimo, daremos a contribuição para que, nos lugares onde não podemos estar, o Evangelho seja conhecido, amado e colocado em prática graças ao trabalho dos missionários que a comunidade enviará e ajudará a manter. E aí, missão cumprida? Terminou nossa missão? Fica um pensamento de Richard Bach: “Eis um teste para saber se você terminou sua missão na Terra: se você está vivo, não terminou”. Eu, um missionário? Pois é, meu irmão, minha irmã! Se você continua lendo essas páginas é porque está vivo e, se está vivo, a sua missão não terminou. Gosto de abordar esse tema lembrando que nossa vida feita de momentos e a soma de todos os momentos vividos é que dirão se nossa vida valeu a pena. E é importante perceber que, a cada momento, Deus nos fala. A conversa de Deus com a humanidade é um diálogo sem fim, pois Ele está em permanente escuta e em permanente comunicação com os homens. Não fosse assim e nós teríamos que agendar horários para nossas orações, não é mesmo? No entanto, temos a mais firme convicção de que, não importa o local nem o horário, quando elevamos nosso pensamento a Deus, Ele nos escuta. Quando abrimos nosso coração a Deus, Ele nos fala e Se revela. Tenho contado algo que me aconteceu numa das viagens missionárias que considero como um dos momentos em Deus me falou mais intimamente. Foi numa viagem que eu e mais dois missionários fizemos ao Nordeste e, na volta, fiquei hospedado na casa das Irmãs em Natal, na praia de Ponta Negra. Um lugar simplesmente maravilhoso, de uma beleza indescritível. Só o fato de poder desfrutar da beleza do lugar já é algo digno de louvor a Deus. Fiquei lá dois dias esperando pelos demais companheiros que terminavam a missão em outras paróquias da região. Posso dizer que se trata de um lugar que propicia muitas emoções e oportunidades. Os turistas que ali se encontram, procuram desfrutar dos passeios, das comidas e bebidas deliciosas, das atrações turísticas e, é lógico, do banho de mar. Coisas que também fiz. No entanto, na quietude daquela casa de oração, pude meditar profundamente sobre minha vida, minha permanência naquele lugar, a distância de casa onde havia deixado 17


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja minha esposa e primeira minha filha, a Amanda, ainda pequena. Naquela conversa com Deus eu me perguntava o sentido de tudo aquilo, se realmente se tratava de uma missão para qual Ele havia me separado e escolhido. As dúvidas que surgiam em meu coração tinham razão de ser, pois, eu era ainda jovem, havia deixado há alguns anos minha profissão como jornalista em Curitiba para ingressar num grupo missionário leigo cuja missão, naqueles anos, era a de pregar e ajudar na implantação da Pastoral do Dízimo nas paróquias de todo o Brasil. Naquela condição, eu não era empregado, não tinha carteira assinada nem salário garantido. Tendo esposa, filha pequena, tantas necessidades materiais e compromissos financeiros eu sentia, em alguns momentos, titubear e, até mesmo, duvidar da missão. Por outro lado, algo falava tão forte em meu íntimo que não deixava dúvidas de que eu estava seguindo o caminho certo, um caminho para o qual Deus me havia designado e pelo qual Ele me acompanharia provendo tudo o que fosse necessário. Afinal, quando eu e minha esposa decidimos por aquele caminho, não tinha sido inspirado justamente na passagem do evangelho que orienta a buscar Deus primeiro lugar e tudo o mais lhe será acrescentado? Não dizia que não devemos nos preocupar com o dia de amanhã, pois o Pai que está no céu sabe que temos todas essas necessidades e que, assim como cuida da ave ou da planta, muito mais fará por nós? As reflexões mais profundas que fazemos sobre nossa vida e o sentido de nossa existência acabam por ganhar dimensões inimagináveis quando nos encontramos num lugar como aquele em que eu estava. Da varanda daquela casa, no alto de um morro, tendo abaixo o azul do mar na sua infinitude até se encontrar com o céu. No horizonte e acima de mim, um espelho de luzes brilhando sem cessar como se fossem milhões e milhões de pequenos vagalumes espetados no firmamento. Após muito tempo de reflexão e oração, já era hora de dormir. O espírito em calma, mas ao mesmo tempo numa ansiosa expectativa, como se algo estivesse ainda por acontecer. Era a minha primeira noite de hospedagem e, quando me preparava, finalmente para deitar, percebi que havia uma larga faixa azul por cima do colchão que transparecia por debaixo do lençol branquinho. Curioso, decidi ver do que se tratava e lá estava, uma linda carta de amor, um recado maravilhoso deixado por Deus para acalmar meu coração. Tratava-se de uma faixa colocada pelo fabricante do colchão. Era de um azul vivo, tal qual o céu debaixo do qual eu me encontrara meditando momentos antes. As letras, num lindo dourado, pareciam as estrelas que iluminavam meus pensamentos, dúvidas e incertezas de alguns minutos atrás. E lá estava escrito: “Este colchão foi especialmente confeccionado 18


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja para a visita de Sua Santidade, o Papa João Paulo II, ao Brasil”. Para qualquer outra pessoa, ou para mim mesmo em outro momento, talvez não tivesse tão grande impacto, mas naquele momento foi algo simplesmente incrível. Aquelas palavras pareciam saltar da faixa diretamente para meus olhos e tomaram conta do meu coração, do meu espírito de tal forma que não foi possível conter as lágrimas. “Que honra me havia reservado o Criador”, pensei. Senti no íntimo que ali estava uma resposta clara, precisa, sem margem de erro para minhas indefinições. O mesmo colchão, tão especialmente confeccionado para a visita daquele que era - e sempre será - uma das principais lideranças da nossa Igreja, havia sido destinado, por algumas noites, ao meu descanso. Olhei em volta, e fiquei imaginando que ali, naquele mesmo quarto, o tão querido Papa João Paulo II estivera algum tempo atrás. O que teria ele feito? Teria se sentado à beira daquela cama para meditar, para rezar, para conversar com Deus? Teria ele sorrido, lembrando as milhares de pessoas que o acompanharam na sua maratona de visitas pela Brasil e, especialmente, naquela cidade? Teria ele, assim como eu, olhado para aquele céu e feito perguntas a Deus? Por um momento, parecia que o próprio João Paulo estava ali. Era como se colocasse a mão em meu ombro e dissesse: “Sim, você também foi escolhido para um trabalho muito especial, assim como eu”. E, diante dessa convicção interior, vinda do mais profundo do ser, o que responder a não ser imitar Maria e dizer: “Sim, Senhor, faça-se em mim a Sua vontade”. Mas, estaria preparado para tal missão? Provavelmente não! Certamente não, mas eu tive a certeza de que não estaria sozinho e que o fardo e o jugo d’Ele seriam sempre leves e suaves. Segui, então, o meu caminho tendo aquele como um dos momentos mais marcantes e que entrou para a galeria dos “inesquecíveis” da minha vida. O dízimo verdadeiro Trabalhar com a pastoral do dízimo, atualmente, já se tornou bem mais fácil. Algumas décadas atrás, no início dessa caminhada, ficou claro que o desconhecimento do assunto se dava por falta de catequese, de evangelização. Hoje, o tema já vem sendo tratado nas missas, nas reuniões pastorais, em encontros específicos de formação. A organização da pastoral do dízimo nas dioceses e paróquias também tem criado condições para a difusão da mensagem bíblica sobre esse compromisso cristão. Em alguns seminários de formação para lideranças eu costumo perguntar 19


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja logo de início: Sabem porque estamos hoje, aqui, sentados e vamos passar a tarde toda ouvindo sobre dízimo? Normalmente não obtenho resposta e então, pergunto novamente: Quantos de vocês realmente foram evangelizados sobre dízimo na catequese? A resposta é, geralmente, um balançar negativamente a cabeça afirmando que não tiveram esses ensinamentos. E o pior é que esse tema não foi estudado nunca. Nem nos encontros das pastorais das quais nós participamos, na formação para noivos, para batismo, para casamento, nos retiros... nada! Nem mesmo nas missas!!! As pessoas concordam que o máximo que aprenderam foi decorar o quinto mandamento da Igreja que dizia: “Pagar o dízimo segundo o costume”. Pronto” Mas não dizia o que é dízimo e nem mesmo qual era o costume. Na verdade, o costume era não pagar e, por isso, bastava não pagar também e tudo estaria certo. E por quê esse assunto nunca foi alvo de uma catequese mais acentuada em nossa Igreja? Primeiro, porque após o descobrimento do Brasil, o modelo de igreja implantado aqui seguiu a matriz européia, de forma especial a de Portugal onde a estrutura da igreja se mantinha graças ao imposto religioso que era cobrado pelo Império e repassado aos Bispos. Após a Proclamação da República, a situação política, econômica e social da época permitiu que a Igreja se mantivesse graças a outras formas de arrecadação de recursos, já que os padres detinham um “poder” enorme junto ao povo que bastava determinar com quanto cada família deveria contribuir para o sustento da paróquia. Com o passar do tempo e o desenvolvimento das cidades, as paróquias passaram a utilizar das festas religiosas como forma de arrecadar para o seu sustento e vemos que, ainda hoje, algumas paróquias tem as festas como responsável por grande parte dos recursos arrecadados. Claro que, na atualidade, essa concepção de festa não é mais aceita, uma vez que incorre em diversos problemas que não aconteciam no passado. Para citar apenas os mais graves, podemos lembrar que a festa com objetivo de arrecadação privilegia o lucro. Sendo assim, os mais pobres são excluídos, o que vem de encontro à opção preferencial pelos pobres. Outro problema é o consumo de bebidas alcoólicas nas atividades da Igreja, o que se torna um antitestemunho, pois não são poucas as famílias que convivem com a doença do alcoolismo. Além disso, o consumo de bebidas incentiva as crianças e adolescentes ao contato com as bebidas alcoólicas que são, segundo os mais respeitados estudos da área, a principal porta de entrada para a dependência química e o uso das chamadas drogas ilícitas. Isso sem falar da 20


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja violência, do incentivo à prostituição, à gravidez indesejada, etc. Foi somente no ano de 1974, quando os Bispos brasileiros estudaram essa questão da sustentação da Igreja e lançaram o livro “Documentos da CNBB, número 8 - Pastoral do Dízimo”, que a situação começou a mudar. No começo, mais lentamente, como já vimos. A partir do ano 2000, no entanto, graças ao trabalho de grupos missionários que passaram a disseminar as diversas experiências, a publicação cada vez maior de livros sobre o assunto e o testemunho de paróquias que passaram a custear todas as suas despesas ordinárias somente com o dízimo, essa prática foi ganhando corpo. Quarenta anos depois, no ano de 2014, na 52ª Assembléia dos Bispos do Brasil, o assunto foi retomado e criada uma comissão episcopal com a missão de analisar as experiências vividas até então para elaborar novas diretrizes e fortalecer a pastoral do dízimo em todo o País. Apesar dessa caminhada, que tem sido de muito sucesso em grande número de paróquias, ainda é comum os desencontros tanto na forma de se evangelizar sobre o tema, quanto de se praticar o dízimo. Os processos vão amadurecendo e os erros cometidos vão sendo deixados para traz diante das novas orientações e dos acertos demonstrados. Nas paróquias onde o dízimo se torna uma realidade, os padres ficam liberados para o verdadeiro trabalho de pastoreio, podendo se dedicar com mais afinco no atendimento aos paroquianos. No entanto, ainda encontramos pessoas que insistem em afirmar que o dízimo, para ser verdadeiro, precisa ser o dízimo bíblico, ou seja, de 10% sobre a renda. Quando essas pessoas dizem “dízimo bíblico”, estão se referindo ao fato de Abrão ter entregue ao sacerdote Melquisedec uma parte dos despojos de guerra, ou, ao período em que a prática do dízimo se tornou obrigatória para o sustento daqueles que trabalhavam no Templo e, depois, também dos reinados. Essa referência, no entanto, carece de melhor fundamentação já que Abraão entregou a parte dos despojos de guerra, como forma de demonstrar gratidão a Deus que o fez sair-se vencedor da batalha, ou seja, entregou daquilo que não era seu. Já o dízimo legal do antigo testamento, também não foi sempre de 10%, tendo sido cobrado mais quando da instalação dos reinados ou rebaixado a zero quando, num determinado período, os depósitos do Templo estavam abarrotados. Não esqueçamos que, naquela época, o dízimo também era entregue em espécie daquilo que era produzido: grãos, animais, vinho, azeite, etc... Por isso, podemos relembrar o ditado que diz: “enquanto o sábio aponta para a lua, o tolo olha para o dedo”. A primeira referência bíblica ao dízimo 21


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja é, justamente, o que foi entregue por Abraão. Mas não foi inventado por ele, nem foi uma inspiração divina. Abraão fez aquilo que já era costume entre o seu povo, ou seja, separar uma parte dos bens para Deus. Esse costume vinha desde os tempos mais antigos quando os povos separavam uma parte dos grãos para servirem de semente na próxima etapa de plantio, e outra parte para os deuses como forma de garantir as bênçãos por meio da chuva e do sol na medida certa para terem boa safra. No caso da narrativa sobre Abrão, mais do que expressar uma quantidade o texto bíblico quer ressaltar a fé de Abrão e o seu reconhecimento de que Deus, mais uma vez, agiu na vida daquele povo que ajudara a resgatar da escravidão, dando-lhe oportunidade de uma vida nova. Ali já se prenunciava a Páscoa definitiva que aconteceria por meio de Jesus, quando Melquisedec vai ao encontro de Abraão e, para comemorar a vitória, celebra com pão e vinho. O dízimo, portanto, ganha, também, essa conotação de um instrumento divino que possibilita a quem o aceita e pratica, a oportunidade de uma nova vida. Uma vida na qual o Senhor Deus ocupará o primeiro lugar e será a certeza de salvação. Assim, a referência ao dízimo verdadeiro, ou seja, ao sentido bíblico do dízimo não deve ser buscado em números, em quantidade, mas nas atitudes de amor, de fé e de gratidão, pois, como vai nos ensinar Jesus, mais tarde: “ Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar o restante. (Mt 23,23) É a partir de Jesus que vamos entender a mensagem de salvação por uma perspectiva diferente. O que Deus quer são atitudes de fé e de amor, e não mero cumprimento de alguns preceitos que podem retirar a sujeira do corpo, mas que não limpam a alma. Jesus deixa claro que não quer sacrifício, mas misericórdia. Então, na ótica do amor, o dízimo não se restringe a um percentual do que ganho entregue na comunidade. O dízimo verdadeiro é uma atitude de amor e de fé, expressa na minha forma de viver e ser coerente com o Evangelho. Essa coerência é que me leva a ser membro da comunidade, a me reconhecer como Igreja, a amar a Deus acima de todas as coisas e ao meu irmão como a mim mesmo. Por isso, aprendo a utilizar dos bens materiais para meu sustento e conforto, mas pratico a partilha para que o mesmo benefício possa ser estendido a quem tem menos do que eu, ou àquele que nada tem. É por isso que dizemos: o dízimo, a partir de Jesus Cristo não é mais 10, mas 22


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja 100%. Sim, pois de nada adianta entregar uma porcentagem do meu ganho na paróquia se não sou fiel a Deus e se uso o restante de forma irregular, se meu proceder é um contratestemunho. De quanto será meu dízimo? Uma situação que tem deixado muitos membros da pastoral do dízimo sem saber o que responder é quando alguém pergunta: de quanto deve ser o meu dízimo?, ou, quanto você acha que eu devo entregar? Não dá para responder sem que se faça uma catequese. Isto porque a pergunta deixa claro que a pessoa ainda não compreendeu totalmente a mensagem do dízimo como sendo uma demonstração de sua fé, uma medida do seu amor e da sua capacidade de se comprometer com o sustento da Igreja e suas obras. Em alguns lugares, já houve agentes do dízimo que pensaram ter a responsabilidade de dar uma resposta direta e afirmaram que deveria ser de, no mínimo, xis por cento. O que temos orientado é que não se faça isso, pois quando se diz que deve ser “ao menos tanto”, as pessoas que esperam uma resposta definitiva, adotam aquele “ao menos tanto” como sendo o valor ou o percentual com o qual devem passar a contribuir. Essa decisão é pessoal. Quando muito, familiar. Não pode sofrer influência externa porque cada pessoa, cada família vive uma realidade única. Para alguns, entregar 10% é tranquilo em função do salário que ganham, para outros, 5% fica pesado. Cada família tem sua capacidade de ganho e de gasto. Além disso, tem outro fator decisivo que é a maturidade na fé. Para quem já tem uma experiência de Deus em sua vida há mais tempo, entender e viver a mensagem do dízimo será muito mais fácil do que para aquele que está iniciando sua caminhada. Para esses últimos, a proposta do dízimo pode até ser um motivo para se afastar da Igreja. Outro detalhe que gosto de comentar é a situação daquelas pessoas que, casadas, não encontram o apoio no cônjuge. Imagine a mulher que se dedica a algum trabalho na comunidade, como catequista, por exemplo. Tem uma vida de oração e, ao conhecer a mensagem sobre o dízimo decide assumir seu compromisso. Ao comentar com o marido, que jamais coloca os pés na igreja, recebe uma rejeição intransponível. Como se comportar nesse caso? Claro que essa pessoa terá mais dificuldade em assumir o compromisso do que aquela que conta com o apoio do cônjuge. Em alguns lugares, sempre que posso falo sobre isso lembrando que, por muito tempo, mantive meu escritório em casa. Num determinado período, 23


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja minha esposa e meus três filhos tinham compromisso no período da tarde. Após o almoço, quando a conversa se estendia por mais tempo, eles saíam e me diziam: “pai, já que vai ficar em casa, o senhor lava a louça, tá?”. E lá ia eu, lavar louça e limpar a cozinha. Como trabalhava por ali mesmo, no meio da tarde ia até a cozinha para fazer um cafezinho. Então, percebia a diferença. Quando tinha feito a limpeza com carinho, tudo estava brilhando, o ambiente era cheiroso e gostoso. O mesmo não acontecia quando fazia tudo de qualquer jeito, para me livrar logo do trabalho. Costumo dizer, então, que com isso aprendi que quando a gente faz com amor, ate o cheiro é diferente. Dizendo isso, afirmo que a medida certa do nosso dízimo é a medida do amor e da fé. Ora, se posso devolver 10%, porque devolverei somente 7%; ou se posso devolver 5%, porque devolverei apenas 3%? Seria demonstração de falta de confiança. Veja que o texto bíblico ensina claramente que “ Todos os dízimos da terra, tomados das sementes do solo ou dos frutos das árvores são propriedade do Senhor: é uma coisa consagrada ao Senhor”. (Lev 27, 30). Portanto, vou devolver o máximo que puder, mas com alegria no coração. É esse equilíbrio entre a razão e a fé que me fará caminhar com a consciência tranquila, sabendo que estou sendo fiel e honesto no meu dízimo e que meu testemunho é válido perante os irmãos. Estará certa essa medida? Claro que sim, pois o próprio Cristo ensina que a medida de nosso relacionamento com Deus e com os irmãos é o amor. Aliás, responda uma coisa: se você fizer alguma coisa por amor, você conseguirá fazer mal feito, ou fará da melhor forma, dando do seu melhor? Use esta medida, e o seu dízimo será, também, o melhor para Deus. Dízimo, festas ou o quê? Em alguns momentos de formação para as equipes da pastoral do dízimo eu costumo questionar: mas, afinal, se alguém lhes perguntar o que é dízimo, o que vocês responderão? Basta um começar e logo vem uma sucessão de adjetivos: partilha, doação, amor, fé, devolução a Deus, compromisso, etc... Alguns se arriscam a uma definição: dízimo é um compromisso com a comunidade e com Deus, etc... Num encontro diocesano para agentes do dízimo, uma senhora disse que “dízimo é devolver a Deus tudo o que Ele nos dá”. Eu disse a ela que essa era a mais assustadora definição de dízimo que eu já havia escutado. Se dízimo é devolver tudo, dificilmente alguém aceitaria ser dizimista. Possivelmente ela estava tentando expressar que dízimo é acreditar que 24


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja tudo vem de Deus e tudo deve retornar a Ele, ou que dízimo é 100%, conforme já expressamos anteriormente. Só que é preciso ter clareza no falar para que nossa explicação não confunda mais do esclareça. Portanto, após um breve tempo costumo colocar um slide no qual se lê: “Dízimo é a contribuição financeira de cada membro da comunidade para o sustento da paróquia”. Pronto, de forma sintética está exposto o que é dízimo. Isso deixa claro que não há possibilidade de se aceitar argumentos de algumas lideranças que dizem: “Ah, eu trabalho a tantos anos nas pastorais e esse trabalho já é o meu dízimo.” Não, não e não! Isso não passa de um gesto de partilha dos dons. Assim como todos nós, um dia, fomos beneficiados com o tempo e conhecimento de outras pessoas que se dedicaram e nos ajudaram em nossa formação cristã, também, agora, assumimos nossa missionariedade e damos um pouco do nosso tempo e do nosso conhecimento para formação e assistência de outros irmãos. O que não se pode fazer é pagar as contas de luz, água, telefone, impostos ou salário com o “tempo” de quem quer que seja. Num encontro com crianças eu dizia que se o pai delas fosse um criador de porcos, poderia ele ir à secretaria e lá soltar dois ou três leitõezinhos dizendo: aqui está o meu dízimo?” Todos riram, mas concordaram que não seria a forma correta de proceder. “E como deveria ser feito, então?”. As crianças disseram, cada uma do seu jeito, de que o correto seria o pai vender os porcos e levar o dízimo em dinheiro, pois é com dinheiro que se mantém a Igreja. Então, se nos tempos remotos o dízimo podia ser entregue em espécie no Templo, e era utilizado no sustento dos que ali trabalhavam (levitas), dos órfãos e das viúvas, hoje não se pode mais fazer assim. E fica claro, também, que o dízimo se destina ao sustento da Igreja, ou seja, deve custear todas as despesas do mês para que todos, indistintamente, possam participar das atividades e serem beneficiados pelos serviços que são prestados pela paróquia. Claro que se trata de uma definição clara, concisa, mas que não esgota o assunto e que precisa de evangelização para uma melhor compreensão do dízimo, que é um assunto complexo e, muitas vezes, gera confusão. E não são poucos os que ainda convivem com a dúvida: será que o dízimo é, mesmo, capaz de sustentar a paróquia? Será que não vai faltar dinheiro? Não será melhor a gente investir mais nas festas e promoções para tentar um melhor resultado financeiro? Bom, depois de 40 anos de caminhada a CNBB dá mostras claras de que o caminho correto para o sustento da Igreja é mesmo o dízimo. O 25


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja fortalecimento da pastoral do dízimo é uma das prioridades em todas as dioceses brasileiras e são inúmeras as paróquias que já vivem somente com os recursos advindos do dízimo de seus paroquianos. Por isso, podemos afirmar sem a menor sombra de dúvida: Sim, o dízimo é capaz de sustentar a paróquia em todas as suas necessidades ordinárias e até mais. Por que temos essa certeza? Assim como os Bispos brasileiros, temos acompanhado o dízimo sendo implantado nas paróquias das mais diferentes realidades, de norte a sul do Brasil. Até hoje, não encontramos nenhum lugar no qual se possa dizer: aqui o dízimo é inviável e não sustenta a paróquia. É fácil perceber que o que atrapalha o dízimo de se tornar realidade nas comunidades não é a falta de dinheiro, mas de evangelização. Não fosse assim, e nesses locais as igrejas estariam todas fechadas. Elas se sustentam graças a inúmeros artifícios utilizados pelas equipes de festas e promoções que arrecadam, daquele mesmo povo, o valor necessário para o sustento da Igreja local. É uma questão de foco, ou melhor, de fé. Sim, o dízimo dá certo na medida da fé, em primeiro lugar, dos padres. Temos explicado que o dízimo é um “corpo” que se sustenta sobre duas pernas. Se uma delas falhar, o corpo não anda, não vai para a frente. A primeiro perna é o pároco. Ele precisa ser convertido ao dízimo, estar convencido de que esse é o melhor caminho para a sua paróquia e para os seus paroquianos. E como a fé sem obras e morta, claro que se o padre acredita deve transformar sua crença em obras. Daí vem a necessidade de trabalho e investimentos. Vai investir na formação de uma boa equipe para a pastoral do dízimo, criando estrutura de trabalho e propiciando os melhores meios de formação para os agentes. E a equipe é a segunda perna do corpo. De nada adianta o pároco acreditar e desejar ardentemente que o dízimo aconteça, se não contar com o trabalho de uma boa equipe. Isto é algo que já ficou provado na história desses 40 primeiros anos de caminhada. Então, dízimo é instrumento de arrecadação? Quando respondemos que dízimo é contribuição financeira para o sustento da Igreja e suas obras, podemos estar deixando uma brecha para que as pessoas pensem: “Ah, então o dízimo existe para arrecadar dinheiro”. Na Igreja, o dízimo não tem como objetivo central arrecadar dinheiro, mas promover a evangelização, proclamar a Palavra de Deus que ensina a partilha como compromisso cristão para com os irmãos e para com o Reino de Deus. É diferente, por exemplo, quando ouvimos dizer que “Tal partido político cobra o “dízimo” de seus filiados”. Isso acontece quando pessoas são indicadas por determinado partido político para ocupar cargos públicos. 26


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja Elas assumem o compromisso de fazer retornar aos cofres da agremiação uma certa quantia sobre o que vier a receber como salário naquele cargo. É uma das formas encontradas para sustentar os partidos, embora o meio legal para isso seja o chamado “Fundo Partidário” e as contribuições voluntárias. Naqueles casos, da indicação para ocupar cargos, a pessoa é “obrigada” a devolver o chamado dízimo, ou pode, simplesmente, ser substituída no cargo. Fica evidente que esse tipo de cobrança não tem nada a ver com o dízimo bíblico. Lá é uma forma de arrecadação de dinheiro para o partido, aqui é um processo de evangelização e de conversão a Deus. Na Igreja, o dízimo é apresentado como um caminho para que as pessoas possam: - Colocar Deus em primeiro lugar, reconhecendo que tudo é d’Ele e para Ele deve retornar, inclusive nós, um dia; - Aprender a utilizar dos dons e dos bens materiais recebidos gratuitamente de Deus para o seu bem estar, mas, também, para promover o bem estar dos que não tem ou que passam por necessidades; - Sustentar a estrutura da Igreja para que, por meio dela, o Evangelho seja anunciado, a salvação chegue a todos e as obras de caridade aconteçam. Na Igreja não se pede comprovante de pagamento, nem carteirinha de sócio. A entrada é livre e acessível a todos, por isso, o dízimo difere, também, das mensalidades cobradas por sindicatos ou associações, por não se tratar de um pagamento obrigatório pela prestação de serviços. Pelo contrário, faz parte do espírito dizimal a busca, em primeiro lugar, da pessoa e a promoção do encontro desta com “o acontecimento, na pessoa de Jesus”, como cita o Documento de Aparecida. Fruto desse encontro, da conversão e aceitação da Palavra de Deus é que o dízimo será colocado em prática como forma de contribuição livre, espontânea, generosa e consciente. - Livre porque não se cobra, não se exige, é ato de decisão pessoal. - Espontânea porque cada um decide, em seu coração, com quanto deve contribuir. - Generosa porque quando se dá por amor, se dá o melhor que tem. - Consciente porque a contribuição será na medida da necessidade da comunidade. Além disso, o dízimo tem a particularidade de ser sistemático e periódico, ou seja, uma forma de contribuição com a qual a paróquia poderá contar de fato, podendo, inclusive, realizar um planejamento a longo prazo das ações que deverá desempenhar ao longo do período de um semestre, de um ano ou mais. 27


A missão, hoje

Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja

Na paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Guaíra - PR, o padre Adair deixou a parte da manhã do sábado somente para encontros com as crianças da catequese. Foram três encontros e elas chegavam aos bandos, parecendo passarinhos que não param de gorjear, nem conseguem ficar quietas. Cada grupo com mais de cem, pois, ao todo, eram cerca de 400. Utilizando o quadro negro existente na sala, eu ia anotando alguns tópicos sobre os quais eu discorria em seguida. A começar pelo meu nome: Odilmar, coisa que muitos achavam bem estranho o que propiciava algumas brincadeiras e boas risadas. Como me apresentavam como “missionário”, eu questionava as crianças sobre: quem pode ser missionário na Igreja católica? Qual a faculdade que precisa cursar para ser missionário? Quanto tempo de estudo é preciso? Qual é o trabalho de um missionário? Interessante como as crianças viajam das respostas mais engraçadas e sem sentido, para aquelas que acertam na mosca. Ao final, elas saiam sabendo que somos todos missionários, porque a missão de ser cristão e anunciador do Evangelho nos é delegada no Batismo. Que como cristãos, membros da comunidade, formamos a Igreja de Cristo e temos direitos e responsabilidades. Que, assim como na casa de cada um, as obrigações envolvem pagar as contas e manter tudo em ordem para que todos possam usar. Daí, ficava fácil levá-los à compreensão de que na Igreja, na Casa do Pai, todos nós somos responsáveis uns pelos outros, precisamos contribuir para a manutenção e o sustento da paróquia para que todos sejam atendidos e beneficiados, sem distinção. Por isso, cada dia mais é imprescindível que o tema dízimo seja ensinado e vivenciado na catequese. Quanto a isso, posso revelar uma experiência que vivemos em casa. Um dia, eu e minha esposa conversávamos com os nossos filhos Isabela e Rodrigo, que são gêmeos, e que haviam completado a catequese de preparação para a Crisma. Em determinado momento o assunto passou a ser o dízimo. Nos interessamos, então, em saber o que havia sido ensinado sobre esse tema na catequese e, para nossa surpresa, eles disseram que nada havia sido ensinado. A resposta deles acendeu a luz vermelha e pensamos que eles não tivessem prestado atenção ou faltado aos encontros nos dias em que o assunto tivesse sido abordado. E veio a dúvida: “Como será que eles se comportaram todo 28


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja esse tempo?”. Pedimos para ver os livros, mas para nossa surpresa, nada encontramos sobre o assunto dízimo. Nossos filhos, no entanto, conseguiram responder várias perguntas que fizemos sobre o tema, mas disseram que haviam aprendido isso conosco, nos trabalhos missionários dos quais participaram. Ao discutir o assunto com os padres e as pessoas que trabalham na pastoral do dízimo, percebemos um desejo crescente de que esse assunto se torne tema dos encontros da catequese, mas também temos visto que há algumas dificuldades a serem superadas. A primeira delas é de ordem interna na catequese: muitos catequistas nada conhecem sobre o dízimo e, alguns até se declaram contra, o que revela que também eles não tiveram catequese sobre esse ensinamento bíblico. A segunda barreira está nas famílias, de forma especial no pais. Os catequistas revelam que não se sentem à vontade para tratar do tema porque temem a reação dos pais que podem acusá-los de estar de olho no dinheiro ou instituindo a cobrança de uma taxa disfarçada de dízimo. Outras questões que temos observado em relação ao ensino do dízimo na catequese e que precisam ser resolvidos antes de se iniciar o trabalho: - catequistas que nada conhecem sobre o dízimo; - catequistas que se posicionam contrários ao dízimo; - o dízimo mirim ser implantado sem planejamento prévio, sem formação dos catequistas; - utilização de materiais ou dinâmicas retiradas da internet sem observação da fonte e com orientações de outras denominações religiosas contrárias aos ensinamentos católicos; - obrigatoriedade da entrega do dízimo mirim como condição para a criança participar da catequese; - o dízimo na catequese, se transformar em dízimo da catequese, ou seja, um antipático caixinha que é rapidamente esquecido quando a criança termina o ciclo de encontros; - o trabalho ser feito somente pela Catequese sem envolvimento da Pastoral do Dízimo. Fica evidente que, assim como qualquer outro assunto relacionado à nossa espiritualidade, ao nosso crescimento na fé e na vivência da religião o entendimento sobre o dízimo precisa vir de casa. Os filhos precisam aprender com os pais, pois aquilo que é aprendido em casa, já na primeira infância, se torna os mais firmes pilares de formação da personalidade, do caráter da pessoa. 29


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja Com o exemplo dos pais os filhos se tornarão cristãos conscientes, participativos e responsáveis para comunidade da qual participarem. Essa missão não se restringe a catequese, assim como a educação não está restrita ao que as crianças aprenderão na escola. Desde então, temos incentivado as paróquias a colocarem o tema na catequese e, se possível, implantar o Dízimo Mirim. Também preparamos um material didático apropriado para o ensino do tema pelos catequistas. A cartilha e um DVD estão disponíveis e podem ser solicitado no site www. cefasformacao.com. É importante deixar claro que o dízimo na catequese não tem como objetivo arrecadar dinheiro, mas levar ensinamento. O dízimo infantil pode e deve ser tratado diferentemente do dízimo exigido dos adultos. Fica, porém, uma sugestão ao padres e lideranças: ao decidir pelo dízimo na catequese, seria importante realizar um encontro de orientação aos pais, já que muitos desses também precisam de catequese para que os filhos passem a trazer esse conhecimento do berço. Além disso, os pais precisam se envolver com a caminhada dos filhos na Igreja e ajudá-los nas “atividades de casa” que, geralmente, são propostas pelos catequistas. Além da urgência de se ter o tema dízimo sendo ensinado e discutido na catequese, outro tema é igualmente importante. A evangelização nos centros urbanos se torna cada vez mais difícil. É praticamente intransponível a barreira da “portaria” nos prédios e condomínios. Por isso, a Igreja orienta para o uso correto dos meios de comunicação, notadamente da internet como forma de difusão da Palavra de Deus. Hoje, graças a internet podemos avançar ainda mais e mais rapidamente. No mês de junho de 2014, pesquisa divulgada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação - CETIC.br, informava que mais de 50% dos brasileiros tinham acesso regular à internet. Nas paróquias, há dezenas de pessoas que detém conhecimento de como utilizar com eficiência e eficácia esse meio de comunicação. A equipe da Pastoral do Dízimo não pode prescindir dessa ferramenta poderosa como instrumento de trabalho. Ainda podemos ouvir o Cristo dizendo: “O que vos digo na escuridão, dizei-o às claras. O que vos é dito ao ouvido, publicai-o de cima dos telhados.” (Mt 10, 27). Que ferramenta preciosa temos à nossa disposição! Fica, por parte das lideranças da nossa Igreja, também o convite para que abramos nossos corações e ouvidos à Palavra que nos ensina o partilhar por meio do dízimo. E que nossas pastorais, cada vez mais, aprendam a utilizar as modernas tecnologias para a difusão do Reino de Deus. 30


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja

PARTE 02

Nesta parte, trago alguns exemplos de casos para o estudo. São alguns casos verídicos que servirão para ilustrar situações que nos ajudarão a refletir sobre o cotidiano de nossas paróquias. A proposta é de que esses temas sejam tratados em grupo, mas também podem servir de reflexão individual. O mais importante é buscarmos crescimento espiritual a partir da análise dos casos e, se possível, apresentar sugestões para melhorar o trabalho da pastoral do dízimo da paróquia. Aqueles que não estão inseridos numa pastoral ou num grupo de reflexão, poderão utilizar os casos a seguir para uma reflexão individual ou familiar, debatendo os assuntos e procurando respostas, inclusive como forma de se preparar para assumir uma das funções que as diversas pastorais dispõem, especialmente a Pastoral do Dízimo.

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Caso 1

Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja

O trecho abaixo foi retirado da ata de um encontro da pastoral do dízimo de uma determinada paróquia. Depois de muitas palestras, debates e orações algumas conclusões vieram à tona. “Chegou-se à conclusão de que houve toda uma prática que construiu e manteve, por muitos anos, as nossas comunidades igreja. Agora, devemos reconhecer que o sistema de “restaurantes, festas, rifões” tem os dias contados. O dízimo não é questão de dinheiro, é questão de fé, compromisso e consciência de pertença, consciência de ser Igreja” (Frei Jaime Bettega) A reflexão que se faz sobre os meios de arrecadação de recursos para o sustento da igreja deve levar em consideração o modelo de comunidade que se quer ser. O dízimo deve ser o retrato de uma comunidade que vive a mensagem cristã, caracterizando-se como uma comunidade eclesial e diferindo-a de outros modelos de comunidade. Na sociedade atual somos impelidos a viver a fragmentação da vida, o enfraquecimento das relações familiares, a diluição da vida comunitária. Cada vez mais as pessoas se isolam como forma de proteger sua individualidade e não comprometer-se com os problemas alheios. Mesmo que esses “problemas alheios” estejam interferindo na vida da sua empresa, do seu condomínio, da sua rua ou da sua família. A proposta de vida evangélica, no entanto, nos incentiva à uma vivência fraterna, comunitária, de partilha dos dons e dos bens, tanto que a Palavra traz como modelo de comunidade cristã a que encontramos nos Atos dos Apóstolos (2, 42-47). “Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações. De todos eles se apoderou o temor, pois pelos apóstolos foram feitos também muitos prodígios e milagres em Jerusalém e o temor estava em todos os corações. Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. Unidos de coração freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação”. Podemos fazer uma referência daquele modelo de vida comunitário com o que praticamos hoje: I- O ensinamento dos apóstolos: Catequese. II- A comunhão fraterna: Dízimo/Partilha. III- A fração do pão e a oração: Liturgia 32


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja A leitura dos capítulos seguintes, no entanto, nos apresentam, também, as dificuldades de se viver em comunidade, inclusive o exemplo de Ananias e Zafira que professam uma coisa e fazem outra, pagando com a própria vida. Transportando os ensinamentos bíblicos para a nossa realidade atual, veremos que o dízimo é o novo jeito de se viver a partilha, de se viver em comunidade. Para debater: A partir deste texto, vamos avaliar a nossa comunidade (paróquia). Temos como exemplo e espelho as primeiras comunidades cristãs? Dizimo é partilha; amor é doação e serviço! Se o ensinamento de Cristo é para servir e partilhar, o que nos falta para que o dízimo seja a verdadeira fonte de sustento da nossa comunidade, da dimensão missionária e dos trabalhos de ação social? O que podemos fazer para reverter essa situação?

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Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja Caso 2 Vimos no texto anterior a análise daquela comunidade que chegou à conclusão de que o sistema que a construiu e a manteve se encontrava exaurido, que não tinha mais conexão com a realidade atual. Serviu em outros dias, numa realidade muito diferente, mas não servia mais. Essa análise é atual e verdadeira. Se, antes, as rifas, os almoços e festas eram tidas como formas suficientes e apropriadas para arrecadação do dinheiro que sustentava a paróquia, hoje não se pensa mais assim. Primeiro por questões de ordem legal que restringem essas práticas; segundo por questões pastorais, já que em nada conscientizam nem servem de instrumento de evangelização. É o típico caso em que os fins não justificam os meios. Está claro que o dízimo não é uma questão de dinheiro, mas uma questão de fé, comprometimento com a comunidade, sentimento de pertença à Igreja, consciência de SER Igreja e não, simplesmente, ir à Igreja. O dízimo é uma forma de abençoar com a benção que recebemos, de dar de graça um pouco do que de graça recebemos. Essa devolução, esse dízimo e um sinal de pertença à comunidade na qual “somos”, Igreja. Assim como outras alternativas de arrecadação financeira, o sistema de taxas apresenta-se ultrapassado e inadequado porque é injusto. Para quem pode pagar (ou contribuir) o valor da taxa é pequeno; mas para quem não tem as mesmas condições financeiras, o valor pode ser alto até demais. Além disso, as taxas também não evangelizam, não tem a capacidade de tornar o pagamento em partilha, soa como imposto e tudo que é imposto só se cumpre mediante a possibilidade de uma punição. As taxas também trazem o inconveniente de serem entendidas como “preço a ser pago” por um serviço ou produto. A cobrança de taxas não tem capacidade de resultar em compromisso, nem com a comunidade, nem com o sacramento recebido. Além de tudo isso, é bom não nos esquecermos que para muitas famílias não se deve cobrar taxas, antes, deve-se levar uma cesta básica. Dízimo é uma forma de dar graças a Deus pelo muito que recebemos de Sua bondade. Para debater: O dízimo é questão de fé. A fé deve levar à ação concreta. Fica evidente, portanto, que a evangelização é essencial para que a fé brote e seja alimentada . Então, porque ainda não temos tanta dificuldade para evangelizar sobre o dízimo em nossa paróquia? O que devemos fazer para que haja verdadeira evangelização sobre o dízimo em nossas comunidades e, assim, a Palavra que ensina sobre esse compromisso seja conhecida, amada e praticada? 34


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja Caso 3 Na reunião mensal da equipe paroquial do dízimo buscava-se fazer um planejamento de ações para o ano. A discussão girava em torno de atitudes práticas que mobilizassem as diversas comunidades da paróquia, já que, ao todo, eram 17 capelas espalhadas pela zona rural e mais cinco no perímetro urbano. A dificuldade para se chegar a um consenso residia em alguns fatores: As comunidades da cidade preferiam fazer reuniões e palestras aos diversos grupos existentes. Entendiam que, assim, poderiam levar a mensagem a muita gente mais rapidamente, além de promover um debate generalizado em toda a cidade. Essa proposta também ajudaria a reunir pessoas num determinado lugar, pois nos condomínios é muito difícil de se evangelizar. Surgiu, também a proposta de se realizar um grande evento, como um festival de teatro cujo tema seria o dízimo. Já o pessoal das comunidades rurais alertavam para as dificuldades que um trabalho desse tipo acarretaria para eles, pois tem a questão das distâncias a serem percorridas. Quando chove, fica praticamente impossível esse tipo de trabalho. Além disso, eles não dispõem de pessoal capaz de organizar tais palestras para as reuniões. Ainda, segundo eles, nas capelas não há a mesma divisão do trabalho em tantas pastorais, já que a maioria das capelas é formada por poucas famílias. Para debater: Em nossa paróquia é feito um planejamento anual das atividades da Pastoral do Dízimo? De que forma? O que pode ser feito em nossa paróquia para dar maior visibilidade e levar mais conhecimento sobre o dízimo a todos os paroquianos? Como superar as dificuldades oriundas das realidade diferentes entre comunidades da zona rural e da zona urbana, já que cada uma apresenta realidades bem diferentes?

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Caso 4

Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja

A paróquia Nossa Senhora das Mercês está situada no bairro Mercês, em Curitiba. Trata-se de um bairro de classe média alta e a paróquia está sob os cuidados dos freis Capucinhos. Há alguns anos o pároco decidiu investir na estruturação da pastoral do dízimo. Convidou pessoalmente algumas pessoas que considerava capazes e preparadas para esse trabalho, chamou missionários leigos para ajudar a organizar e animar a pastoral, adquiriu materiais e equipamentos. A pastoral iniciou o seu trabalho. Alguns serviços foram sendo adicionados ao trabalho pastoral. Foi criada uma estrutura de atendimento psicológico, com profissionais voluntários. Foi adotada uma paróquia mais carente e, mensalmente, é repassado um valor expressivo em ajuda àquela comunidade-irmã. Foi criada a missa dos jovens, aos sábados à noite, que é justamente para se fortalecerem espiritualmente quando estão saindo para a “balada”. O conceito é: antes da festa, a missa. Também foi instituída a missa para as crianças, nas tardes de sábado. É organizada pelos catequistas que sempre preparam materiais específicos para aquela missa. O sacerdote celebrante também se prepara, usa de uma linguagem apropriada ao público infantil. A homilia é feita, sempre, utilizando de parábolas e outros recursos que tornam a linguagem atrativa e permite aos pequenos apreenderem a mensagem. Para unir mais a comunidade, a pastoral do dízimo criou o “Café do Dízimo”. Um final de semana por mês, após cada missa, os fiéis são recepcionados no salão paroquial onde é servido um delicioso café acompanhado de leite, bolos, pãe, doces e muitas iguarias. O testemunho acima pode nos levar a identificar uma igreja bastante parecida com o ideal dos primeiros cristãos, mas com uma cara muito própria e identificada com a realidade atual. Para debater: Que tipo de ações práticas podemos implementar para tornar nossas comunidades, cada vez mais, verdadeiras famílias? Que tipo de serviços poderão ser implementados e oferecidos gratuitamente ao povo, de forma especial aos que não podem pagar por assistência profissional e de que forma colocar isso em prática?

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Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja Caso 5 São João Crisóstomo, quando questionado sobre a sua insistência em pregar a respeito do dever de ofertar, respondia: “Insisto, porque não fostes curados do vício do egoísmo, da avareza e do desejo de guardar para si em demasia. Imagine o que aconteceria se um médico suspendesse os remédios durante o tratamento? Continuo a falar para que possas ser curado da dureza do coração que não te permite ajudar o suficiente aos necessitados. Não poderás combater os inimigos de tua alma, se estás com espírito machucado pelas feridas do egoísmo e da avareza. Por isso eu te recomendo que o pensamento do dever de dar ofertas aos necessitados te acompanhe quando caminhas pelas ruas e praças, e sirva como tema para as tuas conversas durante o dia e também à noite em teus sonhos... será um proceder salvador”. Nos nossos tempos, ainda muito se tem discutido sobre a validade da prática do dízimo. Claro que aqui está um tema que merece ser muito aprofundado, mas, também nos ajudará um pensamento do próprio São João Crisóstomo quando ensina que “para os judeus o dízimo era uma norma, para os cristãos uma fonte de alegria e agradecimento pela grande oferta recebida em Jesus Cristo”. Muitos já conhecem, mas é bom reforçar, também, a expressão de Santa Teresa de Ávila que dizia: “Tereza sem a graça de Deus é uma pobre mulher, com a graça de Deus uma força; com a graça de Deus e muito dinheiro, uma potência”. Cada católico fiel nos dízimos e nas ofertas constrói essa potência na paróquia e na Igreja do mundo inteiro em prol da salvação das almas e das obras de caridade. Para debater: O que falta ao povo católico para que o ato de doar e doar-se através do dízimo seja uma pratica constante, amadurecida? Que atitudes a pastoral do dízimo deve colocar em prática para que essa consciência seja adquirida em nossa paróquia?

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Caso 6

Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja

A fome sempre esteve presente no mundo. Nos países mais pobres da Ásia, da África e das Américas é enorme o contingente de pessoas que passam fome todos os dias e, com isso, muitas morrem diariamente de fome, ou de doenças causadas pela má alimentação ou subnutrição. Mesmo nas regiões mais ricas também há fome. Nas grandes cidades é enorme a quantidade de pessoas que não têm o que comer, de pais que não têm com que alimentar seus filhos. Por outro lado, também vemos notícias de que o Brasil bate, a cada ano, recordes na produção de grãos e têm o segundo maior rebanho do mundo, o que significa grande produção de carne bovina e leite, além de seus derivados. Em 2014, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou estatística mostrando que, nos últimos 25 anos, a produção de grãos no Brasil triplicou. E o crescimento foi maior nas culturas de arroz, milho e algodão, com cerca de 80%. Os números ainda mostraram que o Brasil e a Índia foram os países que mais aumentaram a exportação de carne bovina. Mesmo o Brasil sendo um dos maiores exportadores de alimentos, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em outubro de 2013, revelou que 15,7 milhões de brasileiros ainda permaneciam abaixo da linha de pobreza, ou seja, sobreviviam com menos de R$ 150 por mês. Reduzir a pobreza e as desigualdades sociais é fundamental, mas é pouco diante do Evangelho, já que toda a criação é para todos, igualmente. Portanto, as desigualdades sociais são uma agressão ao plano de Deus. A caridade é fundamental para socorrer àqueles que passam por dificuldades, sejam de que natureza forem, mas quando se trata de índices socioeconômicos, outras atitudes precisam ser colocadas em prática, como educação e geração de emprego e renda. Para debater: Diante do exposto, o que a Igreja (que somos nós), pode fazer para enfrentar tanta desigualdade? De que forma o dízimo pode ter o papel de agente transformador dessa realidade? De que forma a dimensão social vem sendo trabalhada em nossa paróquia: somente dando o peixe, ou também ensinando a pescar? Nossa paróquia pode desenvolver projetos de formação profissional e de geração de emprego e renda? De que forma colocar em prática? 38


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja Caso 7 Em 2010 realizei um sonho antigo. Fui à África, mais precisamente Moçambique, onde trabalhei na Diocese de Pemba, ajudar na implantação da Pastoral do Dízimo. Trabalhei no distrito de Metoro, localizado cerca de 70 quilômetros da sede da Diocese, no litoral do Pacífico. Desde que iniciei minha caminhada mais consciente na Igreja, nos grupos de jovens do interior de São Paulo, eu sonhava em ir para a África, conhecer ao menos parte daquele continente tão rico e variado em experiências de vida. Lá, convivem a riqueza e a miséria extrema. A natureza em seu estágio mais selvagem e a mais alta tecnologia. Um continente marcado por extremos contrastes. Imaginava que se lá estivesse, poderia ajudar a melhorar as condições da comunidade que visitasse. Que nada! Ledo engano! Moçambique é um dos países mais pobres da África. Já viveu dias melhores, mas a guerra com os portugueses e as guerrilhas tribais devastaram o país. A grande maioria das pessoas vive de forma tribal, sem sequer dispor de serviços básicos como saúde e educação, energia elétrica, gás ou água encanada. Praticamente uma estrada corta o país e não há serviços de transporte público. A agricultura é de subsistência, feito à base da enxada em pequeníssimas áreas de terra onde se planta, basicamente, mandioca, a base da alimentação do povo. Sem agricultura, sem pecuária, sem indústria, o país não tem a mínima infraestrutura para atender às necessidades do povo. Apesar disso, as pequenas igrejas de chão batido, pau-a-pique e coberta de sapé ficavam repletas para ouvir a Palavra de Deus, sempre com a ajuda de um tradutor para os dialetos locais. Até hoje não sei dizer ao certo se quem mais recebeu fui eu ou se foram eles. Mas, certamente fui eu. Algo do qual não duvido é que tive lá, em Moçambique, uma das maiores e mais bonitas lições de vida. São tantos os povos, são tantas as pessoas que precisam de nós e, como já perguntava São Paulo, como vão conhecer Jesus se não houver quem pregue, e como haverá quem pregue se não houver quem os envie? A comunidade tem essa missão missionária de formar e enviar os pregadores da Palavra de Deus Para debater: O Papa João Paulo II dizia que uma igreja que não é missionária é uma igreja doente. Assim, como está a “saúde missionária” de nossa comunidade? Temos nos preocupado em formar e enviar os missionários ao que estão distantes, abandonados e carentes da Palavra de Deus? De que forma o Dízimo pode nos ajudar a sermos uma igreja realmente missionária? 39


Caso 8

Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja

Muitas vezes brinco dizendo que quando falamos que somos da equipe do dízimo, tem gente que já segura a carteira e se afasta do grupo. Claro que é exagero, mas mostra que as pessoas, ainda hoje, não compreendem exatamente qual é o trabalho dessa pastoral. Na verdade, não é muito difícil encontrar paroquianos e, até mesmo lideranças, que não compreendem exatamente qual a missão dos agentes do dízimo. É comum relacionar o dízimo com a coleta ou a arrecadação de dinheiro. Mas, será que isso acontece somente em relação à pastoral do Dízimo? Será que as pessoas sabem exatamente quais são as funções do Ministro da Eucaristia, ou do Diácono Permanente? Depois de quase 25 anos de vida missionária, visitando tantas e tantas paróquias por todo o Brasil, tenho a convicção de que muitas secretárias paroquiais não tem a exata noção da importância do seu trabalho. Muitas não conhecem os limites, também! E são tantas as lideranças que precisamos formar. São tantas as pastorais e movimentos, alguns tão fundamentais como a catequese, a liturgia... Uma das maiores dores de cabeça dos padres quando iniciamos o trabalho de organização da pastoral do dízimo é exatamente a formação da equipe. “As pessoas não querem assumir compromissos”, dizem eles. “A gente convida, mas quase ninguém aceita, e o que aceitam, geralmente estão envolvidos com outros trabalhos”. Daí que vai se formando equipes com agentes “pegos no laço”. Joga-se o laço e o primeiro que for pego será o coordenador; o segundo será secretário e assim por diante. Que resultado podemos esperar de equipes assim? Quantas lideranças assumem a coordenação de pastorais ou movimentos sem o menor preparo para a missão e, depois, quando as coisas não dão certo, lá vem os que gostam de criticar para fazer o julgamento e condenar. Mas, e os investimentos na formação das lideranças, como é que fica? Para debater: De que forma estão sendo preparadas as lideranças e agentes dos diversos grupos de trabalho da nossa paróquia? Temos nos preocupado em dar boas condições de trabalho, como instalações adequadas, materiais e equipamentos apropriados, ou continuamos no tempo do banco de madeira, giz e quadro negro? De que forma o dízimo deve contribuir e garantir a formação das lideranças para que possamos ter melhores resultados? 40


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja Caso 9 Quando se vai ao cinema, ao teatro, ou a uma palestra esperamos contar com uma estrutura adequada para o evento. Afinal de contas, vamos passar um bom tempo lá, sentados e precisaremos ouvir com perfeição para não ficarmos perdidos em relação ao assunto tratado na peça, no filme ou na palestra. Portanto, cadeiras almofadadas, com espaço para esticar as pernas, local bem ventilado ou com ar condicionado, iluminação adequada e uma boa sonorização ambiente são requisitos técnicos mínimos que uma apresentação de qualidade deve reunir. Além disso, acreditamos que no ambiente seremos recepcionados por pessoas bem preparadas, que possam nos orientar em caso de dúvidas e educadas o suficiente para prestar um bom atendimento. O ambiente deve ser acolhedor, no mínimo com uma com boa pintura e que seja limpo, Claro, os banheiros precisam ser higienizados, sem dúvida. Além disso tudo, é certo que esperamos que o filme seja realmente bom, ou que os atores e a encenação nos cativem ou que a palestra seja ministrada por alguém extremamente comunicativo e que domine o conteúdo que também precisa ser de nível bom para excelente. Se contarmos com essas coisas, que são o mínimo desejável, sairemos contentes e realizados, mesmo que para isso tenhamos desembolsado um valor considerável na aquisição dos ingressos. Uma pergunta que não quer calar: nossas igrejas oferecem essas coisas que são consideradas minimamente necessárias pra agradar, cativar e valorizar nosso público? Ora, se na missa, por exemplo, ficaremos por uma hora ou mais e dependemos de ouvir com clareza para entender a mensagem, é claro que tudo o que não contribui para esse objetivo, atrapalha. Para debater: Como os paroquianos estão sendo tratados em nossas comunidades (matriz e capelas) e qual o nível de serviço que estamos oferecendo? As pessoas que devem “servir” estão preparadas e treinadas para realmente acolher e fazer com que os paroquianos se sintam à vontade e confortáveis em nossas igrejas? Temos investidos em materiais e equipamentos para garantir o conforto, tais como cadeiras,. ventiladores ou ar condicionado, aparelhagem de som? Comentaristas, leitores, Ministros e pregadores se preparam com antecedência para realizar com qualidade a parte que lhes cabe nas celebrações ou outros momentos de encontro? 41


Caso 10

Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja

O caso que vou relatar agora aconteceu numa paróquia em Curitiba, mas não citarei qual por questões éticas. Era o mês de julho e, como vocês já devem estar imaginando, fazia bastante frio. A sensação térmica piorava por conta de um vento congelante que insistia em soprar sem intervalo. Fazíamos a reunião com as lideranças do dízimo na qual eu explicava como era o sistema que adotamos na implantação da Pastoral e algo me chamou a atenção. Olhando pela janela de uma das paredes, eu podia ver o pátio e uma das construções que mais parecia um barracão com uma soleira cobrindo parte da varanda. Naquela varanda, um grupo de crianças sentadas em bancos e cadeiras, participavam da catequese ao ar livre, naquelas condições climáticas. Aproveitando a deixa, expliquei a importância do dízimo como fonte permanente e confiável de recursos que permitem um planejamento de trabalho. Citei o caso da catequese que, durante todo o ano, trabalha com as crianças e demanda de materiais, equipamento e locais apropriados para essa missão. Daí, pedi a todos que se levantassem e olhassem para aquela cena que me chamara a atenção. Daí perguntei: será que se a catequista estiver dizendo àquelas crianças que Jesus as ama, que as criancinhas são as suas preferidas, elas acreditarão, já que dá para ver que todas estão tremendo de frio? Aquilo nos ajudou a refletir bastante naquele encontro. Eles começaram a entender, na prática, que o dízimo é bem mais do que simplesmente arrecadar dinheiro. O dízimo traz em si o sentido da partilha dos bens para o bem de todos. Quando cada um doa um pouco do que tem, todos poderão desfrutar dos bens necessários ao seu desenvolvimento como filhos de Deus, na dignidade de seres humanos formados à imagem e semelhança do Pai. Isso é amor, portanto, dízimo é um ato de amor. Para debater: A cada geração, as crianças, adolescentes e jovens exigem de nós posturas diferentes das que nós tivemos em nossa infância ou adolescência. Hoje, desde pequenos, eles convivem num mundo em que a tecnologia faz parte do cotidiano. Então, que instrumentos estamos utilizando para transmitir o conhecimento sobre Deus e a Igreja aos catequizandos? Que formação e preparo oferecemos aos catequistas para que eles saibam trabalhar com as crianças e adolescentes numa linguagem que os cative e atraia? 42


Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja Caso 11 Vou tratar agora de um assunto que já foi abordado neste livro, mas que deve ser tratado com muita atenção e urgência nas paróquias em todo o Brasil. Por profissão, sou jornalista e minha esposa, Psicóloga e, há tempos, pensávamos em desenvolver literatura de formação cristã para adolescentes e jovens. Isto porque, em nossas viagens missionárias, normalmente eram questionados sobre a existência ou não de materiais para implantação do dízimo na catequese. A resposta era, invariavelmente, não, pois não conhecíamos nenhum material específico para essa missão. Sabíamos da existência de literatura sobre dízimo para crianças, mas nenhum material didático para os encontros de catequese sobre esse tema. Daí que surgiu o desafio: preparar uma cartilha com alguns encontros didaticamente preparados para que os catequistas pudessem inserir no ensino dos catequizandos, o tema dízimo. Então, fomos pesquisar com nosso próprios filhos adolescentes, que haviam passado pela catequese para Primeira Comunhão e Crisma, para saber o que é que eles haviam estudado sobre dízimo. Surpresa! Não havia uma linha sequer sobre o assunto. Na pesquisa com padres e coordenadores de catequese em diversas paróquias, percebemos que havia diversas experiências sendo colocadas em prática, mesmo sem um suporte didático. Alguns problemas apareceram logo de cara. 1- Catequistas que nada conhecem sobre dízimo. 2- Catequistas que não são dizimistas ou que , mesmo sem entender do assunto, são contrários ao dízimo. 3- Aplicação do ensino sobre dízimo mesmo sem material didático. 4- O dízimo na catequese virando dízimo da catequese, ou seja, caixinha, caixa dois, etc. 5- Cobrança de dízimo como obrigatoriedade para que a criança participe da catequese. 6- Exigência do dízimo por parte das crianças nos mesmos moldes do dízimo de seus pais. 7- O dízimo mirim ser implantado sem planejamento prévio, sem formação dos catequistas; 8- Utilização de materiais ou dinâmicas retiradas da internet sem observação da fonte e com orientações de outras denominações religiosas contrárias aos ensinamentos católicos; 9- O trabalho ser feito somente pela Catequese sem envolvimento da 43


Pastoral do Dízimo

Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja

Para debater: O tema dízimo já faz parte dos encontros de catequese na paróquia? Os catequistas da paróquia estudaram o tema dízimo, são dizimistas também? O que fazer para que esse assunto seja ensinado corretamente às nossas crianças e possamos implantar o Dízimo Mirim na paróquia? Atualmente disponibilizamos material apropriado aos catequistas, além de encontros de formação sobre o tema dízimo e como utilizar o material adequadamente. Contatos pelo site www.cefasformacao.com ou pelo email: cefasformacao@gmail.com.

FIM

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A família é ambiente de missão, é terreno apropriado para a prática do que o Evangelho denomina amor. E o conceito de família se amplia. A comunidade formada por aqueles “que fazem a vontade do meu Pai que está nos céus” são a minha família, também. os ensinamentos bíblicos não deixam dúvida ao mostrar que o caminho do céu passa pelo caminho que nos leva ao encontro do outro, principalmente do outro que sofre, que está abandonado, ferido, enfraquecido, esquecido nas “periferias existenciais”, como nos mostra do Papa Francisco. Dízimo e família tem tudo a ver, pois como você verá nessa breve reflexão, família bem que pode ser chamada de “lugar de partilhar”.

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Dízimo, o jeito cristão de ser Igreja Outras obras deste autor: Nesta obra, o missionário Odilmar Franco sintetiza seu trabalho e seu ideal pelo dízimo. Ao abordar, com linguagem direta e objetiva os mais diversos aspectos desse ensinamento divino, leva os leitores a uma compreensão plena de como o dízimo está inserido no Plano da Salvação. A leitura leva a aprofundar o conhecimento sobre a espiritualidade do dízimo, pois sua fundamentação baseia-se, primeiro, na Sagrada Escritura, mas também na sua experiência de mais de duas décadas atuando como missionários que tabalha diretamente com este tema. Experiência esta colhida de depoimentos de tantos dizimistas nos mais diversos rincões deste Brasil.

Com este livro “Dízimo Mirim - da catequese ao dízimo” os autores Rosana e Odilmar Franco trazem quatro encontros dinâmicos que ajudarão na abordagem do tema Dízimo na catequese e na implantação do dízimo mirim na paróquia. Vivemos um novo momento: levar o conhecimento e a prática do dízimo para nossas crianças através da catequese. Desta forma estaremos formando adultos esclarecidos, conscientes e comprometidos com a construção e a sustentação do Reino de Deus. A cartilha deve ser utilizada na catequese e o DVD serve para orientar aos catequistas como preparar e ministrar os encontros. Um trabalho a ser realizado em parceria com a Pastoral do Dízimo. PEDIDOS: www.cefasformacao.com.br 45



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