Reflexões

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Obrigação, compromisso, comprometimento, dever... Todas essas palavras bem que podem ser utilizadas para definir os motivos pelos quais alguém deva ser dizimista. Neste livro você as encontrará. tambem, mas sempre como resposta de amor e de fé. Aprendi que a melhor maneira de se falar de dízimo é deixar claro que ele sai do coração de Deus como ensinamento de um pai amoroso aos seus filhos, mosrando um caminho seguro a seguir. Sim, pois também aprendi que o dízimo é um mecanismo importante que, quando praticado, auxilia a colocar as coisas no seu devido lugar: Deus em primeiro, todo o resto depois d'Ele. Assim como nos ensina Mateus ao dizer que devemos buscar, em primeiro lugar o Reino e a justiça de Deus e as demais coisas serão dadas por acréscimo, também o próprio Cristo deixou claro que não se pode servir a dois senhores: a Deus e ao dinheiro. Ou se serve a Deus vivendo o amor, a partilha, a solidadriedade, amando o outro como amamos a nós mesmos, ou se serve à riqueza material que nos leva a ter uma vida egoísta, voltada para nós mesmos na qual colocamos nossas esperanças todas no "poder" do dinheiro e o que ele pode comprar. E isso não tem nada a ver com ter mais ou ter menos riquezas materiais. Dízimo é canal de graças e bênçãos de Deus, pois funciona como uma chave que abre nosso coração para receber Jesus e sua mensagem de vida. Por isso, este livro é, acima de tudo, voltado a falar sobre o amor. O amor de Deus por nós, dando do seu melhor para que cada filho d'Ele tenha tudo o que é necessário para viver com abundância e amor nosso por Deus e pelos irmãos, contribuindo com um pouco do que recebemos gratuitamente de Deus para que sua Palavra de vida continue sendo anunciada a todos os povos, até os confins da terra. Boa leitura!


A novidade do dízimo O ano era 1974 e CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) lançava o livro “Estudos da CNBB”, número 8 – Pastoral do Dízimo no qual fincava os alicerces de um maravilhoso trabalho pastoral que surgia na Igreja em nosso País. Quarenta anos se passaram e podemos dizer que estamos ainda no começo de uma caminhada, mas, também podemos dizer que já avançamos muito. A desconfiança do começo, o medo de substituir taxas e festas, tradicionais modelos de arrecadação financeira, por uma pastoral desafiadora foi, aos poucos, dando lugar a uma certeza: o dízimo é bíblico e, portanto, libertador, revelador e conduz a uma verdadeira conversão. A experiência de algumas paróquias, ou de algumas comunidades isoladas, foi servindo de exemplo para outras. Interior, sertão, pampa, caatinga, cerrado, florestas, litoral, grandes ou pequenas cidades, independente de onde estavam localizadas, as comunidades católicas passaram a conviver com uma nova realidade que a pastoral do dízimo ajudava a construir. Ela – a pastoral do dízimo – continua sendo desafiadora, mas não é mais uma novidade, uma desconhecida. Agora, são inúmeras as paróquias, dioceses inteiras que dão testemunho da sua importância na transformação da realidade. São inúmeras as comunidades que passaram a contar com os recursos necessários para sua manutenção e seu trabalho de evangelização tendo como única fonte o dízimo. As que não conseguiram, ainda, o sucesso desejado estão revendo suas ações, estudando as orientações e subsídios existentes e disponíveis a fim de dar o norte devido à atuação da pastoral do dízimo, afinal quanto mais se estuda a Palavra, mais se descobre a riqueza do ensinamento lá contido sobre o dízimo. E o dízimo, enquanto pastoral, é riquíssimo de ensinamentos que levam a todos uma proposta concreta de conversão e pertença à comunidade. Assim, a mudança de comportamento das pessoas que assumem o dízimo em suas vidas e passam a se comprometer com a proposta do Evangelho, é o resultado que se alcança com a evangelização realizada pela Pastoral do Dízimo. Hoje, graças aos modernos meios de comunicação (e a Internet é um deles), podemos avançar ainda mais e mais rapidamente. A troca de informações vai,


certamente, nos ajudar nessa missão. Ainda podemos ouvir o Cristo dizendo: “O que vos digo na escuridão, dizei-o às claras. O que vos é dito ao ouvido, publicai-o de cima dos telhados.” (Mt 10, 27). Que ferramenta preciosa temos à nossa disposição! Por isso, daqui por diante devemos nos esforçar, cada vez mais, para que por meio dessas novas tecnologias possamos chegar a todos os lares levando aos corações esta novidade tão antiga: o dízimo revela nosso ser cristão na medida em que nos comprometemos com o sustento da Igreja para a construção do Reino ___________________________________ O tal dos 10% Em relação ao dízimo, talvez nenhum outro ponto gere tanta controvérsia como a questão dos dez porcento. Há quem afirme, baseado na Escritura, que o dízimo deve ser a devolução de 10% de tudo o que se ganha, uma vez que Abrão entregou essa quantia ao sacerdote Melquisedec. Outros, ainda, vão além lembrando que a lei no Antigo Testamento estabeleceu prontamente que a contribuição de cada uma das 11 tribos seria de 10% para o sustento da tribo dos Levitas que não tinham outra fonte de sustento que não fosse essa contribuição, já que se dedicavam exclusivamente aos cuidados do Templo e das coisas sagradas. O assunto exigiria algumas páginas para uma reflexão mais arrazoada, mas também não é possível deixar sem um breve comentário que possa ser esclarecedor. Portanto, em primeiro lugar é preciso perceber que Abrão não entregou o dízimo, pois dízimo se devolve a Deus, por meio da comunidade e para o sustento desta, daquilo que é da sua propriedade, fruto do seu ganho. Abrão devolver uma parte daquilo que era dos outros, do povo, dos despojos da guerra. E olha que já havia acontecido duas guerras. A primeira quando o povo foi subjugado e muitas pessoas levadas para servirem como escravos dos vencedores; a segunda, quando Abrão e seu pequeno "exército" derrotou os reis invasores e trouxe aquelas pessoas de volta ao lar. Também é preciso ver que Abrão devolve uma parte pequena dos bens que ali se encontravam, naquele ambiente de devastação causada pela guerra, mas dois reis tinham ido ao encontro dele e das pessoas que retornavam. Sim, ofertou somente a um deles, Melquisedec, porque este era também o "sacerdote do Deus altíssimo". Assim, não pagou tributo ao rei, mas deu algo, uma parte do que era


do povo para que o sacerdote pudesse manter o culto ao Deus altíssimo, orientando aquele povo a não se afastar mais de Deus para se tornar, novamente, presa fácil do inimigo maior: o pecado. Também devemos compreender que a Bíblia, não sendo um livro de História, nem de contabilidade, quando fala na "décima parte" dos bens está se referindo a uma pequena parte do todo, já que, naquela momento, naquele ambiente, naquela confusão toda seria impossível determinar com precisão matemática dez porcento de cada bem a ser devolvido ao sacerdote. Quanto ao dízimo da Lei, devido pelas demais tribos ao sustento daqueles que trabalhavam no templo, também podemos lembrar que houve momentos em que o povo foi autorizado a não levar mais nada, pois os depósitos estavam abarrotados. Fácil de compreender se pensarmos que os dízimos, sendo para o sustento dos que lá trabalhavam, era entregue em espécie. Quem plantava, levava daquilo que colhia. Quem criava animais, levada parte daquilo que criava. Quem produzia alguma coisa (equipamentos, roupas, materiais de uso diário), levava daquilo que produzia. Algo simplesmente inimaginável nos dias de hoje. Mas, de quanto, então deve ser o dízimo hoje? Ora, a Sagrada Escritura nos mostra, a partir de Abrão, que é um dever de cada membro da comunidade contribuir com parte do que é seu para o sustento daqueles que trabalham no templo e do próprio templo em si. Esse fundamento é perfeitamente compreensível, embora a forma de colocá-lo em prática possa variar dependendo do momento histórico vivido. Basta lembrar que na época de Cristo o templo era mantido, não só pelo dízimo, mas também pelo imposto cobrado de todos. Jesus, inclusive, pagou o imposto como era o costume da época. (Mt 17, 23-26). Hoje, a Igreja não quer resgatar o costume daquela época em que Cristo viveu entre nós. Nem tampouco que reativar uma exigência por Lei como era na época das 12 tribos de Israel. Tais mecanismos se justificaram em cada época, devido às necessidades próprias daquelas comunidades. O que a Igreja Católica no Brasil deseja é que cada católico assuma a sua parte de responsabilidade pelo sustento da própria Igreja, tendo como base o dízimo. Primeiro porque é um ensinamento bíblico, que esclarece como deve ser mantido o culto a Deus; segundo, porque é um canal de benção para vida de cada um que o pratica. E não vamos confundir "canal de benção" com "compra de favores". As bênçãos de Deus acontecem na medida em que nosso coração se abre a Ele. E nessa mesma medida, compreendemos sua Palavra que nos ensina e orienta, inclusive em relação ao sustento da casa do Pai. Por amor e por fé nesse Deus da


Providência, aceitamos e colocamos em prática esse ensinamento, aceitamos o caminho indicado pelo Senhor e assim, permitimos que Ele caminhe conosco. "Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo". (Apocalipse 3, 20) O dízimo de hoje, portanto, segue o mesmo ensinamento, com o mesmo objetivo. O quantum será aquilo que o coração de cada um determinar, pois aí está a medida da fé e do amor. E esta medida determina o grau de comprometimento de cada um com o projeto de Deus. "Dê cada um conforme o impulso do seu coração, sem tristeza nem constrangimento. Deus ama o que dá com alegria.Poderoso é Deus para cumular-vos com toda a espécie de benefícios, para que tendo sempre e em todas as coisas o necessário, vos sobre ainda muito para toda espécie de boas obras". (II Cor 9, 7,8) Que cada um aprenda a dar o máximo que pode, com alegria no coração. Se não for o máximo que posso, estarei ficando um uma parte que não me pertence. Se não for com alegria, torna-se um gesto vazio que em nada me aproxima de Deus, dos irmãos e nem proporciona amadurecimento na fé. Um olhar para o alto Dias desses um sacerdote usou a seguinte expressão: “Os filhos das trevas são como as mariposas. Eles não se manifestam se você está na escuridão, mas quando sua luz brilha diante dos homens, lá estão eles fazendo de tudo para chamar sua atenção”. As mariposas, certamente, são criaturas amadas do Pai, mas a analogia usada pelo sacerdote é sábia. “Cuidado com o fermento dos fariseus”, disse Jesus. O mundo nem toma conhecimento da sua existência se você é um daqueles que simplesmente existem. Mas, por outro lado, quando você começa a se tornar luz para a vida dos outros, isso incomoda terrivelmente às forças das trevas que não suportam a claridade, a transparência, a luz. “Eu sou a luz do mundo”, declarou Jesus e quanto mais procuramos essa Luz, quanto mais nos aproximamos dessa Luz e deixamos que ela invada nosso ser, ilumine nosso espírito e nossa mente, mais no assemelhamos a ela e passamos a ser transmissores dessa mesma Luz. É como a lâmpada que, ao receber o impulso elétrico transmitido pela fonte geradora passa a emitir luz e clareia o ambiente para todos os que estão na sala.


Assim como as lâmpadas iluminam todos os ambientes para que ninguém se machuque na casa, também a Sagrada Escritura tem pontos de luz espalhados ao longo dos livros que a compõem. Algumas dessas lâmpadas clareiam o ensinamento sobre o dízimo, deixam tão claro que não há como não entender, não há como não aceitar que o dízimo é libertador, um gesto de amor recíproco entre Deus e a humanidade. Na sociedade de consumo, nossos olhos, nossa razão, nosso senso crítico, nossa capacidade de discernimento é, cada vez mais, escurecida pela propaganda de um mundo cheio de prazeres, de necessidades imediatas que devem ser rapidamente saciadas. Quem se deixa levar por essa proposta consumista, já não consegue mais reparar na necessidade do outro, já não vê mais as graças de Deus em sua vida e sempre quer mais para consumir mais. Acredita que sua felicidade está sempre em ter mais, comprar mais, consumir mais e, assim, entra numa roda viva que leva à morte. Morte em vida e morte eterna. Devemos olhar para o alto, para a luz que brilhou no alto daquela cruz e de lá redimiu o mundo. Se esse exemplo não for suficiente para nos fazer parar e pensar seriamente na nossa relação com Deus é porque estamos gravemente cegos de Espírito. Em Ageu 1, 9, o Senhor chama a atenção do povo ao dizer que “minha casa está em ruínas, enquanto cada um de vós só tem cuidado da sua”. Cuidemos da casa do Pai, a casa de todos nós, onde o próprio Cristo se faz refeição, onde somos animados e iluminados por sua Palavra. Nossa presença na Casa do Pai é primordial e, para isso, é preciso que cuidemos dela. Não só para nós, mas para todos, principalmente os que não têm uma condição financeira equivalente à nossa, por isso, o dízimo é, também, expressão do amor comunitário, da caridade fraterna, da pertença à comunidade, Igreja corpo do Cristo. ___________________________________ Ensinamentos da Encruzilhada Era domingo e eu cumpria o compromisso de pregar sobre Dízimo numa comunidade rural chamada Encruzilhada. Iniciei a pregação dizendo que falaria sobre a construção da comunidade cristã e perguntei: o que acontece quando a gente chega à encruzilhada? Alguém respondeu:


- A gente fica perdido! E foi uma gargalhada geral. Aproveitei para emendar: É verdade, pois encruzilhada não é somente o nome desta comunidade. Encruzilhada é quando a gente vem por uma estrada e, de repente, uma outra estrada corta aquela e fica aquele formato de cruz. Então, quando chegamos a uma encruzilhada, o que acontece é que temos que tomar uma decisão. Podemos ir para a direita, à esquerda, seguir em frente ou, ainda, voltar. Nas estradas rurais é comum a encruzilhada não ter qualquer tipo de indicação do caminho a seguir e quem não conhece a região corre sério risco de se perder. Assim também acontece com os caminhos da vida. A toda hora temos que decidir que vida queremos ter, que caminhos vamos seguir. Só que, quando estamos decididos a trilhar os caminhos de Deus, nunca ficamos sem uma placa indicativa a mostrar o caminho, e as placas estão todas na Palavra de Deus, na Bíblia. Só que, nas encruzilhadas da vida, precisamos de duas ferramentas fundamentais para que possamos escolher por onde continuar: a liberdade e a responsabilidade. Temos a liberdade de escolher o caminho que desejarmos, mas também a responsabilidade pelo caminho que vamos seguir. E não dá para a gente ficar a toda hora indo e voltando; indo e voltando, ou não sairemos do lugar. Claro que, depois de decidir por um caminho, sempre poderemos voltar e retomar a caminhada se percebermos que a escolha foi errada. Na pregação, afirmei que mostraria duas placas indicativas para a construção de uma verdadeira comunidade. Essas placas ensinariam o caminho para se manter comunidades fiéis ao ensinamento de Deus. A primeira delas está em Levítico 27, 30: “Todos os dízimos da terra, tomados das sementes do solo ou dos frutos das árvores, são propriedade do Senhor, são coisas consagradas ao Senhor”. Essa placa nos deixa claro uma coisa: dízimo não é propriedade minha, sua. Se sou cristão, se aceito a Palavra de Deus como norte da minha vida, então não posso dizer: Ah, isso não me interessa! Esse texto bíblico, Palavra de Deus não deixa dúvidas, o dízimo é de Deus e a Ele deve ser devolvido. Quando o cristão amadurece na fé, quando compreende a Palavra e assume seu compromisso como membro da comunidade, na qual tem direitos e deveres, ele precisa tomar uma decisão: de quanto deve ser o meu dízimo? Aí podemos ver na beira do caminho a segunda placa que está em 2ª Cor 9,7:


“Dê cada um conforme o impulso do seu coração. Não dê de má vontade ou constrangido, pois Deus ama quem dá com alegria”. Portanto, quem decide de quanto será meu dízimo não é outro, senão o meu próprio coração. De tudo o que Deus me dá, uma parte decido, espontânea e alegremente devolver a Ele, por meio da comunidade, para que a Igreja continue realizando a sua missão salvadora, não só para mim, mas para todos. E algo também importante é perceber que nenhum cristão se salva sozinho. Quem busca somente a própria salvação, cada dia mais se aproxima do inferno. Cristo não morreu para se salvar, mas para salvar a humanidade toda. Eu me salvo na medida em que me preocupo e trabalho para a salvação do outro. E nesse sentido, podemos dizer que o dízimo, além de um extraordinário canal de benção e graças para a minha vida terrena, também me ajuda a me aproximar cada dia mais do Céu. ___________________________________ Os ramos e a cruz (texto escrito por ocasião da Páscoa) Como colocar nossa confiança nas coisas terrenas? Como confiar plenamente nas manifestações do homem e acreditar que a humanidade será fiel ao que promete? Olhemos para o exemplo de dois domingos: o de Ramos e o da Páscoa. Quanta diferença! No primeiro Jesus é recebido como rei, saudado pelo povo que faz das ruas de Jerusalém um verdadeiro tapete de ramos para a passagem do Libertador. Dali a uma semana, grande parte daquelas mesmas pessoas está numa praça gritando: “Crucifica-o”. Quanta mudança em tão pouco tempo! A realidade mundana é assim. Ela varia de acordo com a situação, com os interesses do momento. E são muitos os fatores que interferem na “vontade” do povo. Muitas vezes, as pessoas nem mesmo exercem a sua vontade, a sua liberdade, pois são manipuladas. Assim como muitas daquelas que pediram a crucificação do Cristo, o fizeram porque foram induzidas pelas lideranças da comunidade. Podemos, então, refletir sobre muitas coisas, mas basicamente podemos notar


que:

1) A Palavra de Deus alerta: “infeliz o homem que confia no homem”. Nossa confiança plena só pode ser depositada em Deus. 2) Lideranças terrenas são limitadas e falham, podem induzir a erros. 3) Cada um é responsável pelos seus atos, por suas escolhas e tem, da parte de Deus, total liberdade para escolher o caminho que considerar melhor. Prestando atenção aos textos evangélicos, percebemos como as pessoas foram “usadas” nos acontecimentos que antecederam à crucificação. Mas também não podemos deixar de refletir que, muitas vezes, as pessoas realmente são enganadas, outras vezes, permitem serem “usadas” por conveniência própria. Incrível perceber como, em nossa vida, muitas vezes estendemos tapetes, construímos altares para o Cristo e, logo depois, o crucificamos sem dó, nem piedade. Um exemplo? Aqui vai: quando alguém está desempregado, reza, faz novenas, promessas, confiando na Providência e na Misericórdia de Deus. Quando está trabalhando e recebendo o seu salário, torna-se um miserável, avarento e serve a Deus migalhas do que recebe.. quando serve! Deixa de colocar sua confiança em Deus, para colocar sua confiança no dinheiro... ou nos homens. Diz um ditado popular que “Quando não nos ajoelhamos diante de Deus é porque estamos curvados diante do homem”. E quantas vezes não acreditamos que o político, o patrão, o colega, o chefe, alguém enfim, vai garantir o nosso emprego, o nosso salário, a nossa vida futura? Mas, quando a nuvem negra dos problemas se abate sobre nós percebemos que somente Deus permanece ao nosso lado, que somente Ele “tem palavras de vida eterna”, luz para nossas vidas. Portanto, devemos perguntar a nós mesmos: sou dizimista de verdade, tenho consciência do que estou fazendo ou, com gestos mecânicos estou jogando migalhas a Deus enquanto minha confiança permanece no mundo? Feliz Páscoa! ___________________________________ Enviados pelo Filho A escala de Ministros da comunidade apontava meu nome como dirigente do culto naquele final de semana. Sim, porque minha paróquia tem 50 comunidades, mas, à época, somente dois padres. Por isso, os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão presidem cultos na maioria dos domingos.


Fiquei feliz ao saber que a liturgia seria preparada pela equipe da Pastoral do Dízimo. O Evangelho era o de São João, 20, 19-31 que descreve a aparição de Jesus aos apóstolos trancados e amedrontados, já que o Mestre havia sido crucificado dias antes. Por três vezes Jesus diz: “A paz esteja convosco”. Fica claro, portanto, a vontade de Jesus ao perceber que o desespero tomara conta dos discípulos após sua morte. Ele próprio traz a paz, a paz que somente Ele pode dar. Em seguida, Cristo determina: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. Aí está, numa simples frase, bem ao estilo de Jesus, a missão que Ele deixa a todos os que, depois dEle, assumiriam a tarefa de levar Sua Palavra a todos os povos. Assim como o Pai me enviou, eu agora envio vocês! Pense nisso! Feche os seus olhos e veja Jesus na sua frente, apontando em sua direção e dizendo: “Assim como o Pai me enviou, agora eu envio você”. O que você sente? Que missão você acha que Jesus está dando a você? Veja só que missão maravilhosa, pois é exatamente a mesma que Ele recebeu do Pai. Entenda o quanto Jesus confia em você, a ponto de entregar em suas mãos a mesma missão que Ele recebeu de Deus. Portanto, se vamos dizer sim a esse chamamento de Jesus, precisamos nos preparar para bem cumprir a tarefa. É certo que somos somente os instrumentos pelos quais Ele vai agir na vida das pessoas, pois a conversão, a salvação de cada um é dom de Deus. Eu não salvo ninguém, mas sou responsável por levar aos outros a Palavra que salva. Eu não converto quem quer que seja, mas sou responsável por levar aos outros a Palavra que toca o coração e transforma vidas. E não nos esqueçamos que devemos anunciar a Palavra com nossas palavras, mas também com nossas ações. Discursos sem a correspondência de uma vida fiel a Deus, não atraem ninguém para o Cristo. Ao contrário, tornam-se antitestemunhos que afastam ainda mais pelo péssimo exemplo de quem fala, mas não cumpre. Assim, também em relação ao dízimo, devo me esforçar para, primeiro, aprender e colocar em prática. Depois, testemunhar e anunciar. No mesmo Evangelho, Cristo chama a atenção de Tomé que não acreditou na ressurreição a partir do testemunho dos seus colegas. Precisou ver para crer. A Palavra nos indica que o dízimo é propriedade de Deus e que a Ele deve ser


destinado, por meio da comunidade que dele se utilizará para tornar o próprio Cristo, cada vez mais, conhecido e amado. Também nos revela que o dízimo é canal de bênçãos e graças. Acredite, pois, no que nos revelam as Escrituras porque “bem-aventurados são os que creram sem ter visto”. Em resumo, essa foi a pregação daquele domingo. E que bom ver que as pessoas entenderam o quanto é importante não só ouvir a Palavra, mas se esforçar para colocá-la em prática. E que o dízimo, uma vez pregado com o coração convertido leva também muitos irmãos a entenderem o quanto essa prática é fundamental para o desapego das coisas materiais e para colocar Deus, sempre, em primeiro lugar. ___________________________________ O ouro do coração É possível que você já conheça essa parábola, mas vale a pena repetir para auxiliar na reflexão que se segue. Um mendigo caminhava por uma estrada. Cansado, com fome, trazia na sacola somente um pão endurecido de vários dias. De repente, viu aproximar-se uma carruagem. Alegrou-se com a possibilidade de ganhar algo para saciar a fome. Qual não foi sua alegria a perceber que a carruagem era, justamente, a do príncipe daquele país, que vinha com sua comitiva. O coração do mendigo bateu forte, colocou-se à margem do caminho, estendeu sua mão aberta e pediu: - Dá-me um auxílio, por misericórdia! O príncipe parou a carruagem e disse ao mendigo: - Eu é que lhe peço um pedaço de pão! E o mendigo, sem entender nada do que estava acontecendo, mas temeroso que pudesse ser castigado se não repartisse, enfiou a mão na sacola, quebrou um pedacinho daquele pão velho e o deu ao príncipe. O príncipe seguiu seu caminho e o mendigo, chateado, colocou a mão na sacola disposto a dar uma mordida no pão duro antes que mais alguém pedisse um pedaço. Que surpresa! Encontrou na sacola um pedacinho de ouro, precisamente do tamanho do pedaço de pão que havia dado ao príncipe. Ao perceber o que acontecera, lamentou-se: - Que tolo fui eu. Deveria ter dado não só um pedaço, mas o pão todo. Quantas vezes fechamos nosso coração para a grandiosidade do que Deus nos


proporciona, preocupados que estamos com nossas próprias necessidades. E claro que o mundo consumista nos chama à satisfação de todas as necessidades... e cada dia a mídia cria mais e mais necessidades que precisam ser satisfeitas. Se não exercermos nossa liberdade e capacidade de escolha, como verdadeiros robôs nos deixaremos programar. Aceitaremos costumes, ideologias, vontades. Perderemos nossa própria identidade e nos tornaremos simplesmente seres de consumo. Passaremos a valer o quanto consumirmos. Nessa roda vida, se não tivermos a coragem de parar e dizer: não, agora chega!, e retornar ao caminho do Pai, vai nos restar somente a opção de continuar sendo um eterno consumidor, cada vez mais voltado para nosso próprio umbigo e a satisfação de nossas necessidades materiais. Mas, o material não preenche o vazio do espírito. Diferente do mendigo tenhamos coragem de repartir. Paremos de pedir e comeemos a agradecer. O dar já é uma dádiva em si mesmo, pois se damos é porque temos, porque recebemos gratuitamente de Deus. Pensemos nisso na próxima vez em que estivermos separando o pequeno pedaço do pão material que chamamos dízimo para repartir com a comunidade. Lembremos que Cristo é o Príncipe e que Ele mesmo afirmou: Eu sou o pão da vida! Você não se sente chamado a ter, cada vez mais, desse pão maravilhoso em sua vida? ___________________________________ Freguês de caderno Há um antigo ditado que diz: “Recordar o passado é sofrer duas vezes”, mas também pode ser diferente. Depende das lembranças evocadas. Dias desses me peguei lembrando das tantas vezes que minha mãe me ordenava que fosse ao mercadinho próximo fazer compras. “Manda marcar”, dizia ela. Naquela época, a gente era “freguês de caderno”. Quando meu pai chegava com o salário lá ia um dos filhos perguntar de quanto era a conta do mês. O dono do mercado ficava tranquilo ao vender, pois sabia que receberia o que era devido. Meus pais também, pois sabiam que o vendedor não cobraria a mais. Assim, na base da confiança funcionava essa transação de crédito. Aliás,


podemos dizer que era uma transação que funcionava mesmo na base do crédito. Crédito do vendedor na pessoa de meus pais tendo-os como bons pagadores. Crédito de meus pais na pessoa do vendedor como comerciante honesto. Fiquei meditando e lembrei que em Malaquias 3, 10, o Senhor ordena que paguemos "integralmente os dízimos ao Templo". Já na segunda Carta aos Coríntios 9,7 Ele nos ordena que entreguemos nossas ofertas de acordo com o que mandar o coração, ou seja, na medida do nosso amor. Vemos, então, que o Senhor abre para nós um crédito, um “caderno” e nos orienta a pagar conforme determinar nossa consciência. A pergunta que fica é: está havendo de nossa parte também o devido crédito, sabendo que Ele não nos cobra a mais do que devemos dar? Somos merecedores do crédito que recebemos de Deus e capazes de saldar nosso compromisso com a mesma confiança? Aqui pode aparecer a dúvida: quanto entregar? Não devemos ficar preocupados com um quantum financeiro, mas sim com o quantum do coração. Também não precisamos recorrer à orientação dos dez por cento, pois isso seria entender a mensagem bíblica com estreiteza de coração, sob o jugo da lei e não sob a liberdade do amor. O dízimo, um tanto por cento é uma parcela de amor, fé, confiança e agradecimento a Deus na forma de devolução de um pouco do muito que dEle recebemos. Quero dizer que a Lei de Deus se submete ao Amor de Deus, pois o próprio Cristo disse que a lei existe para o homem e não o homem para a lei. Seja você também um “freguês de caderno”, Deus lhe dá um crédito infinito. Mas seja merecedor desse crédito, afinal, quem é fiel no pouco deve ser fiel também no muito. ___________________________________ Vivendo a partilha Na paróquia São Francisco de Assis, em Toledo, uma das comunidades viveria uma experiência ímpar naquela noite. Pela primeira vez a celebração aconteceria no salão recém construído e que, havia poucos dias, recebera o piso e a cobertura. Dia 28 de junho e um frio intenso. Quando chegamos lá, entendi porque uma das lideranças havia dito: “tomara que não chova”. É que o barracão ainda não tinha as paredes: havia os pilares, o teto e o piso.


O vento soprava por todos os lados. Sequer as velas conseguiam ficar acesas. Calculei que cerca de 300 pessoas já estavam no local e muitas ainda estavam chegando. Grande parte delas trazendo as próprias cadeiras. Crianças, jovens, adultos e idosos mostravam uma satisfação imensa em estar “inaugurando” a sede nova da comunidade. O padre André “batizou” de Centro Comunitário Nossa Senhora Aparecida. A missa iniciou com a entrada da imagem de Nossa Senhora. Do altar, podia observar as pessoas se protegendo como podiam do vento gelado. Ao final da missa, o padre André fez uma brincadeira com o povo. Disse que não mandara fechar as janelas porque antes precisava construir as paredes. Aproveitou e perguntou se havia dinheiro para isso. Todos responderam ao mesmo tempo que não. Padre André insistiu: - Não mesmo? E todos, já rindo, reafirmaram que não. O padre, então, disse que havia sim e perguntou: - Sabem onde está o dinheiro? Está no nosso bolso, no bolso de cada um de nós. Se fizermos como ouvimos nesta celebração, cada um partilhando e assumindo uma parte da responsabilidade, em pouco tempo teremos pagado as contas, construído as paredes e já estaremos fazendo coisas maiores que isso. Enquanto o padre falava, podia-se perceber pelo semblante das pessoas, e pelo balançar das cabeças que elas estavam entendendo muito bem o sentido do dízimo. Quando se partilha, mesmo do pouco, conseguimos o suficiente e ainda sobra para novas e boas obras em nome de Deus. Aquela noite não foi igual a outras. Era o início de uma vida nova para aquelas pessoas. Ali não havia ainda uma igreja templo construída, mas, havia sim, uma igreja comunidade, povo de Deus, corpo de Cristo. Lembrei da frase de um bispo gaúcho que dizia: construir um templo é muito fácil, mas construir uma comunidade é que é difícil. Quando começamos a entender verdadeiramente o sentido do dízimo, começamos a compreender, também, que ser Igreja é muito mais do que simplesmente ir à igreja. ___________________________________ Salmo 146 Muito possivelmente você já ouviu expressões como: “fazer o pé-de-meia”, ou:


“garantir o futuro”. Expressões que demonstram a preocupação saudável de se planejar o futuro com o intuito de que ele seja melhor que o passado ou o presente. Quando alguém se vê diante da necessidade de fazer o seu pé-de-meia para garantir o futuro, é porque está preocupado fator financeiro. Esse futuro fica na dependência de um emprego melhor, de um curso a ser concluído, de um negócio a ser realizado e, sempre, de recursos financeiros a serem gerados e aplicados para serem utilizados quando esse futuro chegar. É comum, e recomenda-se que seja assim, que nessas horas se faça planos de curto, médio e longo prazos com suas respectivas metas. Há quem ensine a responder às perguntas do tipo: o que desejo para mim no prazo de tantos e tantos anos? Estabelecidas as metas, fruto do desejo de uma vida melhor, parte-se para a conclusão das estratégias estabelecidas a fim de se chegar ao fim desejado. Quando se faz esses planos, geralmente as pessoas não deixam margens para os imprevistos, para os acidentes de percurso. A frustração pode estar em qualquer esquina, pois nem sempre as coisas andam no ritmo que planejamos. Muitas vezes, a concretização de nossas metas e objetivos não depende somente de nós, mas fica na dependência de encontrarmos o apoio necessário para termos sucesso nos empreendimentos. Só que o comportamento das pessoas também não é tão previsível assim. E aí, mais brechas para os imprevistos que, se têm esse nome é porque não podem ser, mesmo, previstos, calculados com total margem de acertos. Lendo o Salmo 146 me veio à lembrança essas situações. Planejamos e sonhamos com nosso futuro a ponto de não nos darmos contas de que o único dia que temos de verdade é o hoje. O ontem é um tempo que já se foi, não retornará. O futuro é um tempo que nunca chegará, pois sempre estaremos vivendo o presente. Mateus, no capítulo 6, versículo 34 recorda que não devemos nos preocupar com o amanhã, pois ele certamente chegará e trará seus próprios problemas. Já o Salmo 146 alerta para não depositarmos nossa confiança na ação dos homens, pois esses são limitados, morrem e com eles toda a possibilidade de fazerem qualquer coisa em nosso favor. Só Deus é Rei para sempre, só Deus reinará eternamente, diz o Salmista. Que assim também aprendamos a confiar plenamente na Providência Divina,


entendendo que Deus é a fonte de tudo e que nosso dízimo é somente nossa demonstração desse reconhecimento e do agradecimento por tantas bênçãos por Ele derramadas sobre nós. ___________________________________ Os riscos do Dízimo Historicamente, o sistema do dízimo nas comunidades cristãs sofreu três riscos fundamentais e, por muitas vezes, incorreu em alguns deles: 1) A rotina e a perda do seu sentido verdadeiro; 2) Os abusos em sua aplicação; 3) A criação de uma mentalidade farisaica. 1) 1) A História nos mostra que, tanto nas comunidades hebraicas quanto nas cristãs, o sistema do dízimo se manteve vivo em períodos e ambientes de fervor religioso. Quando o dízimo não era vivido como intensa expressão da fé e do relacionamento das pessoas com Deus, só se mantinha em pé graças ao rigor da Lei, das sanções e do medo que as pessoas tinham em serem castigadas pelo próprio Deus. Fica claro, portanto, que o que mantém o dízimo é o seu sentido original, ou seja, a formação e a vivência do espírito comunitário. Isso mantém a pureza do sistema e leva os responsáveis a estarem sempre alertas para a preservação desse sentido original. Isto significa dizer que “a conscientização para o dízimo não é uma simples etapa anterior à sua implantação, mas um trabalho constante da comunidade junto a seus membros”. A conscientização é algo que deve estar sempre sendo buscado, deve ser uma meta a ser atingida, sabendo-se que jamais se atingirá plenamente e que, por isso mesmo, sua busca deve ser renovada a cada dia. 2) No livro Estudos da CNBB N.º 8 – Pastoral do Dízimo, os Bispos do Brasil recomendam que a administração do dízimo não seja delegada ao Padre ou a alguém de sua confiança, mas que essa seja uma responsabilidade de um grupo de leigos eleitos pela própria comunidade. Mas também advertem: “é preciso que esses mesmos representantes constantemente ponham a comunidade a par do movimento do dízimo”. Mesmo que o dízimo seja bem administrado, o simples fato de ter uma administração pessoal, sem que a comunidade tenha conhecimento dos pormenores da arrecadação e da sua aplicação, “criaria uma suspeição maléfica e danosa para o próprio sistema e para a Igreja em geral”.


3) O terceiro risco é o menos exterior, mas talvez o mais sério. É que quando as pessoas cumprem religiosamente seus compromissos econômicos, facilmente se sentem donos da estrutura para a qual contribuíram. Em relação ao dízimo, as pessoas poderão ficar com a falsa noção de dever cumprido, de estar quites com Deus e com a Igreja e, com isso, sentirem-se no direito de exigir aquilo que consideram terem pago. Ora, nada mais anti-evangélico que isso. “Seria negar a própria atitude religiosa, toda ela impregnada de busca humilde de Deus e de serviço aos irmãos”. A idéia do dever cumprido pode levar as pessoas a exigir privilégios em relação a quem “não pagou” o dízimo. É preciso que se observe que o dízimo não é dever, mas um privilégio em si mesmo, uma graça obtida, pois se o praticamos é porque recebemos bênçãos materiais de Deus. Portanto, antes de distinguir alguém perante os demais, o dízimo faz dos dizimistas servidores agradecidos que nada mais têm a pedir, pelo contrário, devem agradecer e anunciar a Graça do Senhor contida nele. Ao dizimista cabe, isto sim, uma efetiva participação na equipe da Pastoral do Dízimo, no anúncio da Palavra, na difusão do sentido comunitário do dízimo e, até mesmo, na cobrança efetiva de uma clara prestação de contas da sua utilização a toda a comunidade. Aos líderes comunitários e membros da Pastoral do Dízimo, compete atentar para esses riscos elencados e, à luz do Espírito Santo, tomar as atitudes necessárias para evitá-los e criar um ambiente propício à sua difusão. ___________________________________ Que tipo de dizimista sou eu? Logo no início da minha caminhada missionária, quando passei a viajar por este Brasil sem fim, perguntava a mim mesmo qual seria o motivo que levava as pessoas a serem dizimistas. Sim, porque não se trata de um compromisso obrigatório, mas espontâneo. A Bíblia não obriga, só orienta. A Igreja não obriga, só conscientiza a respeito. Claro que, após um intenso trabalho de evangelização, o que se espera é mesmo essa tomada de atitude por parte dos católicos, assumindo e vivendo o dízimo. Mas, naqueles tempos, esse processo de evangelização estava ainda iniciando. Comecei a perceber que existem muitos motivos que levam as pessoas ao dízimo.


Alguns são dizimistas por acreditarem no dízimo como uma varinha mágica, usada por Deus para transformar a vida das pessoas da noite para o dia, acabando com os problemas, enchendo os bolsos de dinheiro. Infelizmente, há gente que acredita nisso, porque algumas pessoas insistem em pregar o “dízimo do permuta”, ou seja, Deus lhe dá as riquezas em troca da generosidade na sua oferta material. Outros são dizimistas por tradição. Sabe aquela coisa de avô para pai e de pai para filho? Pois é! É uma tradição de família e, por isso, deve continuar sendo feito e pronto! Não se sabe bem por quê, mas vai se fazendo. Outros o fazem por medo. É isso mesmo! Medo! E não é difícil compreender a origem desse medo. Há gente que se baseia somente na legislação sobre o dízimo, aquela que encontramos no Antigo Testamento e, lá, “que pisa fora da linha, é punido”. Uma figura que não consigo entender é o dizimista temporário. Aquele que se torna dizimista porque precisa batizar um filho ou solicitar um serviço da comunidade. Após receber o que quer, no entanto, deixa de ser dizimista. Mas também percebi que existe o dizimista de verdade. É aquele que sabe o quanto Deus é maravilhoso, que lhe deu tudo de graça e sem a Graça de Deus não sobrevive. Então, como uma resposta de amor a Deus, assume o seu papel de filho desse Pai amoroso, de membro da Igreja e, fazendo a sua parte, ajuda a construir o Reino de Deus. Simplesmente para que muitos outros também possam conhecer Deus através da Evangelização. Existem outros tipos, basta a gente prestar atenção nos comportamentos. Mas, melhor do que ficar reparando nos outros, é a gente fazer a pergunta para nós mesmos: que tipo de dizimista sou eu? ___________________________________

Razões para entregar o dízimo Às vezes, procuramos motivos para não entregar o dízimo quando deveríamos procurar as razões que possam iluminar nossa compreensão e nos orientar a fazer essa entrega verdadeiramente de coração. Por causa disso é que os motivos para não entregar normalmente estão relacionados à falta de uma fé esclarecida, falta de conhecimento de Deus e, por conseguinte, falta de vivência da fé. E veja que, um dos elementos de vivência da


fé é, justamente, a entrega do dízimo como prova de confiança plena em Deus e compromisso com a comunidade que anuncia esse mesmo Deus a todos. Veja que, pertencer a uma comunidade de fé é muito mais do que simplesmente morar na área geográfica dela ou participar de uma ou outra atividade proporcionada por aquela comunidade. É ser responsável por ela, por aqueles que já são membros integrantes da comunidade ou que devem ser buscados, tal qual a “ovelha desgarrada”. Meditando a Palavra segundo a carta ao Gálatas, no capítulo 3, chamou a atenção o fato de não ser por força da lei que Deus cumpre suas promessas, mas pela fé demonstrada pelo Seu povo. A fé é a chave que abre as portas do nosso coração e de nossa vida para Deus. Portanto, a entrega do dízimo não deve ser questionada a partir da lei, de uma obrigatoriedade, mas deve ser observada a partir da fé. Se buscarmos argumentos na Lei, ou seja, no antigo testamento, veremos que o fundamento legal do dízimo é de se entregar dez por cento. Mas se observarmos que foi um ato de fé que levou Abraão a destinar uma determinada parte das riquezas do povo que havia acabado de ser liberto da escravidão iminente, entregando-a ao sacerdote, vamos perceber que o “quantum”, a quantia, o valor em si não é o que realmente importa. Ficar discutindo o dízimo a partir de uma ordem legal, de uma obrigatoriedade ou ver o dízimo como um imposto a ser pago é o mesmo que alguém apontar para uma paisagem maravilhosa e eu ficar olhando para o dedo de quem aponta. A atitude de Abraão está inserida num contexto cultural de um momento muito remoto da história da humanidade. Não pode ser observado a não ser dessa forma. Se ele estivesse hoje, aqui, certamente sua atitude de fé o levaria também a fazer a entrega de bens materiais para manter o culto a Deus, manter a pregação da Palavra que salva, mas o faria dentro dos conceitos atuais. Assim como Jesus fez na sua época, ensinando Pedro a pescar a moeda na boca do peixe para entregar como “imposto ao templo”, ou seja, dar a cota de participação de cada um de acordo com a realidade vivida naquele momento histórico e cultural. Jesus não ficou questionando: “Mas, não é dez por cento? Pode ser um por cento?.” Nem ficou buscando motivos para não contribuir. Ao contrário, ensinou que é com o fruto de trabalho de cada um, com as bênçãos e graças recebidas de Deus que devemos dar nossa parte para a sustentação da Igreja de Deus atuante no mundo.


Assim sendo, veremos que o dízimo é, então, uma atitude madura de fé. Fora disso, qualquer argumento legal é descabido. Então, não estou preso a uma obrigatoriedade de pagar o dízimo, mas posso devolvê-lo numa atitude de fé quando confio de verdade no Deus da Providência que tudo me dá. Não estou preso a obrigatoriedade de um percentual (10%), mas posso flexibilizar a minha entrega de acordo com o que me permite a minha fé, o meu amor. ___________________________________ A diversidade dos dons Na primeira carta aos Coríntios, capítulo 12, São Paulo nos lembra que a verdadeira comunidade se faz quando a diferença não é empecilho, mas complemento. Fica fácil de entendermos a proposta quando reconhecemos que não somos perfeitos. Assim, vamos entender que precisamos dos outros para realizar a missão que nos cabe como Igreja. Se não somos perfeitos, precisamos do outro para nos complementar. E se não somos perfeitos, por mais que nos esforcemos o resultado de nossas ações também não será perfeito, mas se aproximará mais e mais da perfeição quanto mais pudermos contar com a ajuda, com o complemento que os outros podem dar. Aliás, o texto de São Paulo deixa claro que essas diferenças fazem parte do “Plano de Deus” para a humanidade. Quando Ele não dá tudo para alguns, mas reparte um pouco para cada um, está indicando o caminho do diálogo, da ajuda mútua, da partilha. Que bonito isso, não? Nosso Deus se preocupou em nos deixar incompletos para que nos completássemos a partir daquilo que os outros podem nos dar. Bom, então é preciso que haja humildade a cada um para reconhecer que nossos talentos são limitados e, assim, pedir ao outro aquilo que não temos. Mas é preciso, também, a cada um de nós, o generoso gesto da partilha, da doação. E esse gesto se torna tão natural quando percebemos que doar, partilhar daquilo que Deus nos deu não é nenhum favor, mas um gesto de amor, de fé, de compromisso e de comprometimento com a construção do Reino de Deus. Fica muito fácil e gostoso partilhar quando compreendemos essa proposta do Pai.


Assim, também o dízimo se torna algo natural, gostoso de praticar quando compreendo que ninguém pode fazer tudo sozinho. Não é essa a proposta de Deus. A proposta é a da partilha, da solidariedade, da correponsabilidade. Pense nisso! Nem eu, nem você, nem ninguém tem a responsabilidade de sustentar sozinho a “Casa do Pai”, a comunidade. E quando falo sustentar, falo de sustentar mesmo, dar a sustentação, o suporte necessário para que ela sobreviva, se mantenha em pé, firme e atuante na vida das pessoas, conduzindo todos a Deus. E para que isso aconteça, será preciso repartir, partilhar nossos dons, colocar as nossas capacidades a serviço de todos, pois também estaremos recebendo um pouco daquilo que os outros disponibilizam. Também falo da sustentação física, material, financeira, pois, como bem sabemos, sem ela a estrutura necessária para que a evangelização aconteça, não se mantém em pé. Ela rui, desaba. Lembremos o que nos adverte o profeta Ageu, no capítulo 1, versículo 9: Esperastes uma abundante colheita e esta foi magra; dissipei com um sopro o que queríeis armazenar. Por quê? - oráculo do Senhor. Porque minha casa está em ruínas, enquanto cada um de vós só tem cuidado da sua. O que de graça recebemos, de graça devemos repartir e quando assim o fazemos, abrimos também nossos corações e nossa vida para que o próprio Deus continue a partilhar conosco suas bênçãos maravilhosas. Afinal, Ele é ou não é o Deus da Graça? E o maravilhoso disso é que a Graça de Deus é mesmo de graça a todos que aprendem a partilhar. ___________________________________ Dízimo e as festas juninas Viva São Pedro! Via Santo Antônio! E Viva São João! Segundo muitos historiados, as chamadas festas juninas tiveram sua origem na devoção católica a São João e teriam sido trazidas ao Brasil pelos portugueses, durante o período colonial. A essa tradição, foram sendo incorporados outros elementos das diversas culturas, como a dança (típica das festas francesas) e a queima de fogos de artifício oriunda da China. A dança de fitas é herança cultural da península ibérica (Espanha e Portugal). Com o passar do tempo, também elementos das culturas afro e indígena foram sendo incorporadas. Acontecendo no mês de junho, passou-se a homenagear também santo Antônio


e São Pedro. Em algumas regiões do País, como no Nordeste, eram uma forma de agradecer a Deus pelas chuvas e pela colheita. Como festa reúne muita gente, passaram a ter, cada vez mais, um peso importante para a economia da região, fortalecendo o comércio nas localidades onde eram realizadas. Mas festa boa precisa de muita comida e bebida, não é mesmo? Então, aproveitando o principal produto agrícola da época: o milho, eram feitos os principais pratos e doces servidos nas festas juninas, acompanhados do tradicional quentão, já que se trata do período mais frio do ano. Atualmente, as festas juninas são utilizadas por escolas, entidades assistenciais e clubes como forma de reunir público e auferir lucro. Algumas cidades, principalmente na região nordeste, tem as festas juninas no calendário festivo para reforçar a economia local. Então, o que sobrou da tradição cristã católica? Na verdade, nada! No mês de junho a Igreja celebra as festas dos Santos Antônio, Pedro e João o que nos dá excelente oportunidade para voltarmos nossos olhares à vida desses santos e buscar neles a inspiração para nossa própria vida. Cristo contou com João que, antes dEle, veio para anunciar a chegada do Cordeiro conclamando todos à conversão. Cristo contou com Pedro para edificar a sua Igreja, dando-lhe a missão de apascentar as ovelhas. Cristo contou com Antônio, um dos mais célebres pregadores da Palavra de Deus já no seio desta Igreja erigida sobre o mandato de Pedro. Hoje Cristo conta com você, com cada um de nós. Como católicos podemos, portanto, participar das festas juninas que serão, certamente, realizadas em nossas cidades. O que não devemos, é reduzir a essas meras atividades a celebração da vida desses grandiosos anunciadores do Reino. Cada qual, no seu momento histórico, João, Pedro e Antônio cumpriram a missão a eles designada e que aceitaram com fé e amor. É importante olharmos para eles buscando iluminar a nossa caminhada, e eles nos ajudarão a sermos também luz no caminho de nossos irmãos. E para bem cumprimos a nossa missão, não podemos esquecer que temos um compromisso muito importante com nossa comunidade. Ela precisa de nós para se manter viva e atuante. Portanto, nossa contribuição na vida da Igreja e na construção do Reino se dá com nossa participação atuante, com nossas orações e com nossa contribuição material. O dízimo é o caminho pelo qual o Senhor nos orienta a dar do que dEle recebemos para que a Igreja tenha o necessário sustento e caminhe


pela Terra pregando a Palavra, mostrando o caminho da salvação. Seja um dizimista fiel para que, com essa atitude, a comemoração das festas juninas seja, em sua vida, uma verdadeira celebração da fé e do amor a Deus que nos ama e conta conosco. ___________________________________ Recadinhos de Deus Deus está presente em nossa vida e nos manda recados constantemente. Pena que muitas vezes não os percebemos. Lembro de uma oportunidade, ainda este ano, quando estava em missão numa das Dioceses do Paraná, e fazia a pregação da Celebração da Partilha na catedral da cidade. Igreja muito bonita e sempre cheia de gente. Cada missa sempre com mais de duas mil pessoas. Percebia o interesse pelo assunto através do silêncio, da atenção, do respeito, da participação com sorrisos por causa de determinados comentários e, até, algumas lágrimas num momento de maior emoção. Numa das missas, logo nos primeiros assentos, um casal me chamou a atenção desde o início. O homem não parecia muito à vontade. Sequer acompanhava as leituras pelo folheto. Não demorou para começar a fazer comentários com a mulher ao seu lado (provavelmente esposa). Mais alguns minutos e ele passou a olhar ostensivamente para o relógio, balançando a cabeça negativamente, fazendo questão que eu percebesse sua indignação. O tema “Dízimo e Oferta” não era confortável para aquele senhor. Eu dirigia meu olhar a todas aquelas quase duas mil pessoas, mas era justamente aquele senhor que prendia minha atenção. Nessa hora, muitos pensamentos passam pela cabeça de quem está à frente, pregando. Alguns são bem desagradáveis. Aquele senhor permaneceu assim até o final da missa. Rezei muito por ele e o entreguei ao Senhor no momento do Ofertório. Pouco mais tarde, em outra missa naquele mesmo domingo, repeti toda a pregação e, após a reflexão sobre o sentido do Ofertório, como é de costume nessas celebrações, convidei o povo para fazer suas ofertas no altar, em procissão. Também eu fui em procissão fazer minha oferta. Um senhor, de idade avançada, mostrando ser uma pessoa simples pelos trajes e, pelos calos da mão, um trabalhador, chamou-me. Aproximei-me dele e estendi a mão para cumprimentá-lo. Ele, então, me puxou, fazendo-me abaixar, chegou


sua boca próxima de meu ouvido e disse: - “Muito obrigado, missionário. Que Deus sempre lhe abençoe para que você continue firme com essa linda missão”. E deu-me um suave beijo no rosto, como um pai faz ao filho. Lágrimas verteram em meus olhos. Apertei sua mão e ambos voltamos aos nossos lugares. Naquele final de semana, Deus mandou-me lindos recados do seu amor. No primeiro, mostrou-me o quanto preciso ser humilde e reconhecer que somente Ele pode tocar os corações. Nosso discurso, por melhor que seja, pode chegar aos ouvidos, mas para tocar o coração, somente o Espírito Santo. Deus age assim porque Ele quer a colaboração, a aceitação do outro que deve acolher a Palavra proclamada. No segundo caso, Ele me revelou o seu contentamento e me incentivou a persistir evangelizando. Sim, pois a Palavra, uma vez semeada, jamais volta sem ter cumprido a sua missão. Ao semeador cabe semear confiante de que o Espírito realizará o bem no tempo certo. Duas atitudes simples, mas tão diferentes. Duas respostas diversas ao mesmo convite de Deus. Tudo depende do coração de quem ouve. Um final de semana rico em ensinamento e questionamentos. Lembrei-me, depois, de uma passagem bíblica que sempre foi importante em minha vida. Se desejar conhecê-la, leia Mateus, cap.6 versículos 25,33. Quando nosso coração está voltado a Deus e buscamos verdadeiramente viver seus ensinamentos, permitimos ao Senhor agir livremente em nossa vida. Seremos portadores da graça, anunciadores da Boa Nova. Que este chamado do Cristo nos acompanhe por todo o ano. Que aprendamos a “buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça e todas as coisas nos serão dadas em acréscimo". ___________________________________ A caridade no dízimo Há poucos dias recebi e-mail de um querido amigo, padre Augusto, falando sobre o amor que devemos devotar aos animais. Belos textos e imagens mais belas ainda. Dentre todas as mensagens, uma me chamou mais a atenção e dizia assim: “De todos os animais da criação, o homem é o único que bebe sem ter sede, come sem ter fome e fala sem ter nada que dizer” e vem assinado por John Steinbeck. Isso me fez lembrar que o ser humano desenvolveu muito mais a habilidade de


usar a boca que o ouvido. É verdade, pois como diz o pensamento citado acima, comemos e bebemos além da necessidade e falamos mais do que deveríamos. Temos capacidade enorme para discursar, para apontar erros, cobrar dos outros. No entanto, quantos de nós temos desenvolvido a capacidade de ouvir? Ouvir para aprender. Ouvir para conhecer o outro. Ouvir para deixar que o outro desabafe. Fazer de nosso silêncio uma oração, uma oferta a Deus e uma oferta generosa ao irmão. Quantos de nós aprenderam a recolher e língua e abrir os ouvidos? Há poucos dias, também, as leituras diárias nos faziam refletir que na ótica do evangelho, além de não ofender o irmão e não causar-lhe danos, é preciso amá-lo como Jesus o ama, já que nem o próprio culto a Deus pode substituir a caridade, pois neste caso, tal culto seria vazio. E aí, buscando na Palavra de Deus encontrei o texto de Mateus onde o próprio Cristo puxa a orelha daqueles que cumprem alguns princípios, algumas regras e costumes, mas não abrem o coração para que Deus e os irmãos façam nele morada: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar o restante”. Podemos perceber, então, que a prática do dízimo é responsabilidade de todos, mas não nos isenta da prática da caridade fraterna. Ao contrário, a caridade fraterna é que deve nos levar a sermos dizimistas conscientes de que só a partilha é capaz de suprir todas as necessidades, tanto as materiais quanto as afetivas e espirituais. Pense nisso! Seja caridoso e justo, misericordioso e fiel. Praticando a caridade com quem dela necessita e sendo obediente à Palavra do Senhor que nos ensina que o dízimo é fruto da obediência aos preceitos de Deus: justiça, misericórdia e fidelidade. ___________________________________ Castelos na areia Certamente você já ouviu a expressão: “Não devemos construir castelos de areia”. E certamente você já teve a oportunidade de brincar na areia da praia, construindo castelos que, em pouco tempo, a onda destrói sem deixar marca


alguma que lembre o fruto daquele trabalho. Pois é! Todos sabemos que qualquer edificação, que tudo aquilo que desejarmos construir ao longo de nossa vida, deve estar com seus alicerces muito firmes, colocados em solo confiável para que resista às intempéries. Quando lemos o trecho do evangelista São Mateus, no capítulo 7, versículos de 24 a 27, temos essa lição de Jesus: "Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína". Já São Lucas, no capítulo 12, 20-21, adverte ao homem que pensa em construir celeiros para guardar as provisões somente para si: “Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão?”. Lembro de um sacerdote que, durante sua homilia, explicava a Palavra ouvida naquele final de semana e comentava que durante os últimos dias tinha encontrado muitas pessoas chorando a perda de seus entes queridos. Alguns por acidente, outros por doença, outros por morte natural. E dizia ele: “Que bom que choramos. E que bom que chorem um dia por nós. Isso mostra que amávamos aqueles que se foram e também mostrará que fomos amados por aqueles que ficaram, pois de tudo o que vivemos neste mundo, só nos restará mesmo o fruto das nossas relações humanas... o amor que conseguimos dividir, partilhar...”. Que mensagem bonita! Seu ensinamento estava ajudando as pessoas a pensarem sobre algo fundamental: construir suas vidas sobre a rocha firme. Não depositar sonhos e ilusões à beira da praia. Fazia as pessoas lembrarem o quanto a vida é fugaz, como o tempo de nossa existência terrena passa rápido e, assim, chamava para que as pessoas não se apegassem às coisas materiais, mas mirassem o céu e aprendessem a usar os bens materiais de forma cristã, para construir o bem. Ele ensinava que não devemos construir celeiros para entesourar coisas materiais, mas um coração enorme, onde possamos semear o amor mais puro, aquele que vem de Jesus Cristo. E quanto mais semearmos esse amor, mais ele


crescerá, porque o que faz o amor crescer e se multiplicar é a partilha, a caridade fraterna. Portanto, se queremos ser cristãos autênticos, verdadeiramente cristãos católicos, precisamos buscar com todas as forças, e apesar de todas as nossas limitações, amar sem medida. Amar sempre, perdoar sempre, partilhar sempre. Um amor transformado em ação concreta, em vida nova. Nada disso é fácil, e muitas nem é prazeroso, mas é maravilhoso aprender a amar, perdoando e partilhando não só o amor que recebemos de Deus, mas também os dons e os bens materiais que d´Ele ganhamos a cada dia. Seu dízimo, praticado de forma consciente, livre e responsável é um dos alicerces dessa edificação à qual São Paulo se referiu quando disse: “não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós?”. Então, se você também deseja que seu corpo seja realmente um templo onde habita Deus, sobre qual alicerce você está construindo? ___________________________________ Tire o sapo de você Para muitos poderá parecer estranho um título como esse para um artigo que se propõe tratar do dízimo, mas acabo de me lembrar de uma observação feita, certa vez, por um palestrante. Ele falava sobre a acomodação e mostrava que, com o passar do tempo, as pessoas tendem a se acomodar numa determinação posição, numa determinada situação que lhes ofereça algum conforto e perspectiva de continuidade sem a necessidade de mudanças, de tomada de novas atitudes. Com essa reflexão, ele procurava mostrar à platéia que esse tipo de atitude é perigoso no mundo dos negócios e no mercado de trabalho, porque as inovações acontecem a cada dia. Produtos novos são lançados, surgem novas tecnologias e novas técnicas operacionais e, além disso, o próprio consumidor também muda constantemente. Mudam suas necessidades, seus hábitos, suas expectativas e, com isso as empresas, seus dirigentes e funcionários precisam estar atentos às mudanças para não perder clientes correndo o risco do fracasso. Bom, mas voltemos ao sapo... isto é, ao dízimo. O que uma coisa tem a ver com a outra. O palestrante usou um exemplo. Ele comentou que se alguém coloca um sapo


numa panela com água fria, e depois coloca essa panela ao fogo para aquecer, o animal não percebe o perigo a que está sendo submetido. Ele vai se acomodando ao aumento gradativo da temperatura até que acaba por morrer cozido. Já, ao contrário, se você jogar um sapo numa panela de água quente, imediatamente ele salta fora e foge. O exemplo reforçou a idéia apresentada por aquele profissional de que as adversidades, as exigências de estar cotidianamente disposto a enfrentar desafios não é um problema. Ao contrário, é a solução, o caminho que nos ajuda a nos manter vivos, atualizados, empolgados e em busca de novos conhecimentos que nos farão crescer e nos darão condições de melhor ajudar os outros que precisam de nossa assessoria profissional. E isso se aplica a todas as funções, em todas as situações. Assim, fiquei pensando na vida de Igreja. Isso mesmo, vida de Igreja, nas nossas atividades enquanto Igreja, povo de Deus organizado e a caminho do Reino. A cada mês o magistério da Igreja propõe um tema forte de reflexão e de vivência. O mês de setembro, por exemplo, é o mês da Bíblia no qual somos convidados a nos voltarmos com mais atenção e carinho ao estudo da Palavra de Deus. Daí que me lembrei, também, de um outro artigo escrito alguns anos atrás no qual comentava que as pessoas tem dificuldades em compreender e praticar o dízimo pelo desconhecimento das orientações sobre esse tema contidas na Sagrada Escritura. Pergunta que tenho feito em algumas pregações: quantos de vocês aqui estudaram sobre dízimo na catequese? Ninguém levanta a mão. E nos movimentos e pastorais dos quais vocês tem participado, que tipo de estudo sobre o dízimo vocês tem feito? Ninguém se manifesta. Pois é! Enquanto o dízimo continuar parecendo algo inventado pelos homens, continuará sendo compreendido como uma atitude de reciprocidade financeira em troca de favores prestados pela instituição chamada igreja. E para que isso não perdure uma coisa é necessária e fundamental: a evangelização sobre o assunto precisa ser feita como catequese permanente e, também, já a partir da catequese. Precisamos partir para “águas mais profundas” que, nesse caso, seriam como água fervente que nos desinstalaria, nos colocaria de prontidão para o serviço ao nosso Deus. Catequese que nos daria maior conhecimento dos ensinamentos bíblicos sobre dízimo e oferta e nos tornariam mais capacitados não só para a


prática regular e fiel do dízimo, mas também para dar o testemunho e ajudar tantos outros irmãos de caminhada a descobrirem a riqueza enorme de benção e graças que essa prática amorosa traz a cada um de nós. ___________________________________ Moçambique: uma missão que ensina Há alguns anos realizei um sonho há muito esperado: visitei um país africano onde trabalhei missionariamente. Fui a Moçambique onde algumas Dioceses iniciam uma experiência maravilhosa de estudo e aprofundamento da Palavra de Deus com a implantação da pastoral do dízimo. Moçambique é um país que já viveu dias de prosperidade, mas encontra-se, hoje, devastado pelos anos seguidos de guerra. Com a expulsão dos portugueses que dominavam o País, os moçambicanos experimentam a sensação de ser livres, de não ter que se dobrar às ordens emanadas de outro país. Mas, como para se viver plenamente em liberdade requer também assumir responsabilidades, aquele povo ainda paga um preço alto por isso. Sem o capital financeiro que sustentava o desenvolvimento e sem o capital humano que detinha o conhecimento, já que isso tudo estava em poder dos portugueses, Moçambique é um país extremamente pobre. Para se ter uma idéia, o interior moçambicano é, basicamente, formado por distritos e vilas que lembram aldeias indígenas. Toscas moradias feitas de bambu entrelaçado, recobertas com barro (pau-a-pique) e cobertas de capim. Naqueles vilarejos as famílias não tem camas, mesa, cozinha, banheiro. Não se tem esgoto, água encanada nem energia elétrica. Vive-se com séculos de atraso. A realidade social é triste. A mulher é extremamente onerada e sobre ela recai basicamente todo o trabalho do cotidiano, desde os cuidados com os filhos, a alimentação, a roça e o abastecimento de água, que é feito a partir de longas caminhadas, com latas na cabeça, para buscar o “precioso líquido” nos poços disponíveis nas vilas. Não há empregos, pois não há indústrias nem comércio. A agricultura não existe, pois as roças são feitas à base da enxada, o que garante somente a subsistência de quem planta. Diante desse cenário, não se pode deixar de questionar, como muitos o fazem: implantar o dízimo num lugar tão pobre assim, onde as pessoas mal tem para se


alimentar? Outros, menos espiritualizados, olham com desdém e deixam escapar que tal atitude se aproxima muito de um ato de apropriação indevida, um roubo. Foi também com esse tipo de questionamento que pedi a inspiração do Espírito Santo para discernir a importância daquela missão. Compreendi, então, o que Cristo ensinou quando disse que a mensagem do Evangelho é para todos, mas de forma especial aos pequenos e pobres. Lembrei que, nessa experiência de anos de caminhada missionária com o Dízimo por todo o Brasil, sempre vi o dízimo ser vivido com maior intensidade e fidelidade pela grande maioria dos fiéis mais pobres. Lembrei que o Dízimo não é invenção humana, mas orientação divina que conduz para mais perto do Pai, pois nos convida a viver como irmãos a partir da partilha e do cuidado com a comunidade. E se o dízimo faz parte do plano de Deus para toda a humanidade, como pode um povo ser excluído? É por isso que pregamos que o dízimo não é dever, mas direito. Temos o direito de optar por sermos dizimistas e, assim, colocar Deus em primeiro lugar, santificando nosso trabalho e nosso salário. Ao fazer essa experiência de doação, fé e amor transformamos nossa vida e nossa realidade social a partir de nós mesmos, de uma mudança interior. É essa a proposta que está sendo levada aos católicos de Moçambique: estudar, conhecer e viver o ensinamento dizimal contido na Sagrada Escritura. E com que alegria o povo recebe esse ensinamento!!! Questiona profundamente nossa fé. Entre outras coisas nessa viagem, com a convivência com aquele povo e com o trabalho lá realizado, aprendi que quem vai trabalhar em missão na África, não vai para ensinar, mas para aprender. Aprender a dar valor às pequenas coisas, a ser feliz com pouco, a ser solidário com o sofrimento humano e, acima de tudo, confiar plenamente em Deus. Missão em África é, na verdade, uma lição de vida para quem vai. ___________________________________ E o Natal, acabou? Quando menos se espera, as festas ficaram para trás e lá se foram os primeiros dias do ano novo! Daí, podemos nos perguntar: o que mudou em nossa vida


desde que festejamos a passagem do ano velho para o novo? É claro que essas comemorações são importantes ritos sociais, momentos de encontro de pessoas que se utilizam deles para a descontração, o lazer, etc. Mas, não há como negar que muita gente vive esse período com uma expectativa mágica, como se realmente o fato dos ponteiros do relógio apontarem o surgimento de um novo dia tivesse a mesma capacidade de transformação que o beijo da bela princesa no sapo. Puft! Eis o novo, o belo, a felicidade plena e permanente! Claro que não! Esse novo, esse belo serão resultados da transformação interior que cada um se propuser a fazer. Sim, porque nada se transforma externamente na vida das pessoas se, antes, não houver uma mudança interior. Mesmo que tudo mude ao nosso redor, se continuamos a mesma pessoa velha por dentro não conseguiremos perceber, valorizar e desfrutar dessas transformações exteriores. A natureza é algo em constante mutação e, o ser humano, como parte integrante da natureza, também está em permanente mudança. Para alguns, o tempo que passa representa crescimento, amadurecimento; para outros representa um fardo a ser carregado. E você, como costuma se comportar no início de cada ano? Se você ficar somente esperando pelas transformações naturais proporcionadas pelo tempo, talvez o máximo que consiga serão rugas na pele e uma natural dificuldade de locomoção, visão e audição, advindas do desgaste do corpo. É preciso praticar o exercício interior em busca da mudança que leva ao crescimento, ao amadurecimento intelectual, psicológico, afetivo e espiritual. Isso tudo fará com que passemos a nos preocupar também com a saúde de nosso corpo físico. Quando, depois de ter voltado à Galiléia, Jesus foi à sinagoga, fez a leitura do trecho de Isaías e proclamou: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabaste de ouvir”, Ele disse que vinha ao mundo para libertar o ser humano de todas as amarras e cadeias: anunciar a Boa Nova aos pobres; proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; libertar os oprimidos e proclamar um ano da graça do Senhor. Portanto, é missão de cada cristão também lutar por essa transformação social, proporcionando condições de uma vida mais plena para todos. Mas, para que possamos exercer de forma plena e coerente essa luta pela transformação do


mundo, devemos observar que o texto proclamado pelo Cristo começa com a seguinte frase: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para...”. É esta unção do Espírito Santo, é permitir-se ser morada do Espírito de Deus que proporcionará a mudança interior tão necessária. Afinal, se Natal é o anúncio de uma nova vida, é necessário que essa vida não se torne velha, desgastada, desacreditada ou inútil. Ela precisa ser renovada a cada dia, a cada novo amanhecer, assim como faz a própria natureza que nos brinda com suas cores e perfumes a cada manhã. Assim também o conhecimento da Palavra de Deus naquilo que nos orienta sobre o dízimo e a oferta deve ser buscado. Esse conhecimento nos levará à prática e a prática do dízimo desembocará no amadurecimento de nossa fé, nosso relacionamento com Deus e com os irmãos. Eu costumo dizer em minhas pregações que o dízimo é fruto da nossa fé, mas, ao mesmo tempo, nos faz amadurecer na fé. O dízimo, portanto, é um ato de amor a Deus e de um amoroso compromisso com a construção de uma nova vida a todos na comunidade. Inclusive a nós mesmos. ___________________________________ Novas notícias, velhas manchetes Diz a sabedoria popular que colhemos daquilo que plantamos, portanto, se desejo colher cereais de nada adianta plantar verduras. Assim, quando um novo ano se inicia nos deparemos com as “velhas” manchetes de enchentes e desmoronamentos em diversas cidades brasileiras, dos acidentes de trânsito no feriado, as previsões políticas e econômicas, etc. Ao ver os noticiários, chegamos mesmo a ter a impressão de que nos encontramos diante de velhas notícias, pois as situações relatadas são idênticas. Chuvas em demasia, atingem locais onde o homem devastou a cobertura vegetal e ali construiu residências sem nenhuma precaução nem a supervisão dos órgãos governamentais que deveriam evitar tais obras: os chamados locais de risco. O resultado: destruição, prejuízos incalculáveis, perdas de toda espécie e mortes. Mas, e o que tem sido feito efetivamente para que essa rotina seja quebrada? Ao que se vê, nada, ou muito pouco. É verdade que em determinadas regiões o problema é quase insolúvel, tal a gravidade que atingiu. O fato é que, alguns dias


depois o sol volta a brilhar e, aí, o inevitável retomar a vida e continuar. Mas, continuar como? Quase sempre continua-se do mesmo jeito, com os mesmos riscos até que o próximo verão chegue com suas chuvas torrenciais e aí, de novo as velhas manchetes das novas notícias. Será que o ser humano está fadado, inevitavelmente, a viver assim, na corda bamba, na beira do precipício, sempre com o perigo rondando? Ou será que isso tudo é mesmo fruto de uma sociedade injusta, desigual que empurra para esses locais de risco aqueles que não têm condições de construir em locais sólidos? Como diz a Palavra, não é só de pão que vive o homem. Ao olharmos a irresponsabilidade e a falta de planejamento dos governantes, veremos que esse comportamento se repete também em muitos de nós em relação à nossa alma, às coisas espirituais. Se não, vejamos: posso culpar as lideranças da Igreja pelo fato de alguém ser condenado ao inferno? Pode ser que alguns (ou até mesmo muitos) da hierarquia falhem em seus compromissos com o ensinamento e o acompanhamento de suas ovelhas, mas, certamente, não é essa a razão única da perdição de alguém. Quem se perde, perde-se por si também. Perde-se por permitir viver despreocupadamente como se o futuro não dependesse do hoje, como se os atos cotidianos do agora não tivessem conseqüências no amanhã. Por menor conhecimento que alguém tenha de engenharia, é fácil perceber que uma construção não suportará a força da investida da natureza em seus temporais. Principalmente quando esse fato se repete ano após ano. Assim, também, por menos instrução na fé que se tenha recebido, o exemplo dos demais cristãos e a sorte dos ímpios revela que Jesus é o portador da verdade, é o caminho e a vida. Por isso, quando as velhas manchetes da Boa Nova anunciam que os ensinamentos cristãos nos revelam o dízimo como fonte de graças, instrumento de Deus no fortalecimento da nossa fé, compromisso consciente de construção e sustentação do Reino, que mais eu preciso para buscar, ao menos por precaução, construir minha casa espiritual em terreno seguro? Pena que ainda são muitos os que torcem o nariz como a dizer: uhm, balela! Não há dúvidas de que muitos continuarão a morrer soterrados pela própria falta de cuidado, pela falta de ouvidos para ouvir. E você, em que terreno prefere construir? ___________________________________


Onde nasce o dízimo? Chego ao escritório e, como de costume, vou ao computador, abro a página da internet onde encontro a liturgia do dia. Salta aos olhos a mensagem do profeta Isaías 58, 7-10. “Assim diz o Senhor: 7Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. 8Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. 9Então invocarás o Senhor e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: 'Eis-me aqui'. Se destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; 10se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia”. Percebo algumas palavras chaves da mensagem: reparte, acolhe, cobre, não desprezes. Chamados fortes de Deus a uma mudança de vida e ponho-me a pensar em como seria minha vida se eu me dispusesse a realmente colocar isso tudo em prática. Revejo, por instantes, muitas ocasiões nas quais eu encontrei pessoas em situações que me levaram a pensar: “poxa, que vida dura dessa pessoa”. Lembro que, naquelas ocasiões, geralmente rezei pedindo a intervenção divina na vida daqueles irmãos retirantes que ficaram ao longo das estradas; dos que recolhiam alimentos nos restos jogados em lixos, dos que empurravam seus carrinhos de material reciclável sob frio e chuva nas grandes cidades... Repartir com aqueles, mas também acolher os que padecem de outros sofrimentos como a doença, a solidão, a incompreensão da sociedade. E me lembro de uma frase que usei em muitas preleções nos meus tempos de grupo de jovens: “Ser cristão é a coisa mais fácil do mundo, porque basta seguir Jesus Cristo, mas, ser cristão de verdade é a coisa mais difícil do mundo, porque é preciso seguir Jesus Cristo”. O que faz a diferença entre uma coisa e outra é como eu conjugo na vida esse verbo “seguir” Jesus Cristo. E me pergunto: como acolher a todos, repartir com todos? Tenho aprendido que amor não é sentimento, mas atitude. O amor existe quando eu ajo com amor, e não quando eu somente digo que amo. O amor é como a moeda de um País: para ter valor é preciso ter lastro, algo que dê garantia daquele valor. O lastro do amor, aquilo que o torna verdadeiro, são nossas atitudes de amor.


É por isso que o dízimo é uma atitude de amor. O dízimo nasce no coração de Deus que, por amor, dá tudo e também se dá completamente, inteiramente. A gestação do dízimo começa em meu coração quando compreendo e aceito essa verdade: tudo é de Deus e Ele tudo me deu somente por amor. A cruz é o espelho onde vejo refletida toda a grandiosidade do amor de Deus pela humanidade. E, a partir da cruz, inicio minha caminhada de amor... amor atitude, gesto de fé, de compromisso, de também doar-me inteiramente. Assim, meu amor se transforma em compromisso com Deus e com a minha comunidade, pois, quando aprendo a amar Deus começo a amar meus irmãos, já que é assim que Ele próprio nos ensina: “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos tenho amado”. Dízimo, atitude de amor para com Deus, a comunidade, os irmãos. Gesto concreto de fé, de pertença à família de Deus. ___________________________________ Como um grão de areia Tenho por costume, ao chegar ao escritório para mais um dia de trabalho, tirar alguns minutos para a oração matutina e, geralmente, faço a leitura de um trecho da Bíblia ou do evangelho do dia. Naquele dia, abri a Palavra e, no salmo 91, a maravilhosa apresentação de um Deus Pai, amoroso, protetor. Um Deus que está comigo em todos os momentos, em todas as situações como somente um Pai de amor perfeito pode estar. “Deus livrará você de perigos escondidos e de doenças mortais. Ele o cobrirá com suas asas, e debaixo delas você estará seguro. A fidelidade de Deus o protegerá como um escudo”. Fico a meditar naquelas palavras... deliciosas palavras! Lembro a promessa de Deus a Abraão: sua descendência será maior que os grãos de areia da praia e, então, compreendo que eu sou um desses grãos de areia. Eu sou um infinitamente pequeno e insignificante grão de areia perante toda a grandiosidade da Criação. O universo é muito grande. E recordo um email que recebi a poucos dias no qual são mostrados os demais planetas em relação à Terra. Como somos pequenos. Quando mostra os outros sistemas e galáxias o planeta Terra simplesmente some diante da magnitude de tanta grandeza. E eu então, que proporção tenho eu diante de tudo isso? Fico a pensar que realmente sou um grão de areia.


E aí, percebo o quanto é grande o amor de Deus e o quanto é perfeito o Seu amor. Somente Deus para ser capaz de amar e se preocupar com um ínfimo grão de areia. Fico me imaginando a caminhar pela praia... uma praia infinita, e são milhões, bilhões, trilhões de trilhões de grãos de areia. Como posso me preocupar com cada um deles? Mas Deus se preocupa comigo. “Ele o cobrirá com suas asas...”, diz o salmo e ali estarei seguro. Releio, então, o verso 1: “A pessoa que procura a segurança no Deus Altíssimo e se abriga na sombra protetora do Todo-Poderoso pode dizer a Ele: Ó Senhor Deus, tu és o meu defensor e o meu protetor. Tu és o meu Deus; eu confio em Ti”. Com o coração transbordante de alegria, parto para mais um dia de trabalho, abençoado dia de trabalho. Sob a proteção de Deus labutarei. Vou tentar ser melhor que ontem, porque minha vida não é minha... é de Deus. Nada que tenho é meu, mas tudo é instrumento que o Senhor me emprestou para que eu, um insignificante grão de areia, seja também construtor do Reino. E, mais do que nunca, agradeço a Deus por ter deixado na Sua Palavra o ensinamento do DÍZIMO, uma das formas mais perfeitas de demonstrar minha gratidão por tudo o que ele me dá. Com o dízimo não dou esmola, mas ajudo um trabalho sério de ação social na minha comunidade. Com o dízimo não dou dinheiro ao padre, mas ajudo a sustentar minha comunidade. Com o dízimo, não deixo para os outros fazerem o que eu preciso fazer, mas ajudo na formação das lideranças, de mais padres e pregadores da Palavra. Com o dízimo não entesouro para mim, mas reparto e aprendo que a partilha verdadeira só se faz com amor, assim como Deus partilha com os homens e mulheres de todos os lugares, em todos os tempos, o seu Amor de Pai. Louvado seja Deus porque posso dizer como São Lucas, sou um servo inútil, sou somente um grãozinho de areia caído numa praia infinita, mas o Senhor me ama, o Senhor está comigo e Ele é o meu refúgio, o meu amparo. “A pessoa que procura a segurança no Deus Altíssimo...”, ressoa em meu coração a Palavra do Salmo e, então, eu penso em você, grão de areia como eu e me pergunto: onde será que meus irmãos estão depositando a sua confiança, a sua vida? Você tem pensado sobre isso?


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A importância da diferença Sabe o que eu mais gosto nas viagens que faço por tantas cidades e Estados, pregando a Palavra de Deus? É a oportunidade que tenho de conviver com pessoas diferentes, que pensam coisas que eu nunca tinha imaginado, que vivem de certas maneiras que eu nunca tinha visto acontecer. E isso tudo enriquece demais a gente! Há pouco tempo, no Rio Grande do Sul, conheci o costume de gente descendente de alemães que tem no dízimo uma forma de manter viva a tradição vinda com aqueles que fundaram a cidade. Lá, para muitos deles o dízimo é entregue na Igreja para ser ter o direito a enterro no cemitério católico. E os evangélicos? Fazem a mesma coisa, pois têm o seu próprio campo santo. Errado? Não, diferente. E quando a gente faz a viagem de ônibus, por exemplo, se a cidade de destino fica longe temos tem mais tempo para pensar, para observar. Numa dessas, eu fiquei meditando sobre a importância da diferença. Lembrei um dito popular da minha época de infância: “o que seria do vermelho, se todos gostassem do preto”? Assim, ficava claro que “gosto não se discute”. Na verdade, dá até para discutir, mas o que vale mesmo é que a diferença é importante demais, só que às vezes as pessoas se atrapalham com ela. Algumas vezes por não a suportarem; outras, por não a entenderem. Veja bem! Seria fácil criticar, por exemplo, os “alemães gaúchos” que citei acima, mas quando a gente ouve toda a história deles, como foi que seus antepassados chegaram ao Brasil, as dificuldades que encontraram desde a saída na terra natal a gente começa a entender que algumas coisas, por mais estranhas que pareçam, elas fazem sentido para eles e é por isso que permanecem vivas ainda. Respeitar o jeito de ser de algumas comunidades, mas conseguir despertar nas pessoas outros valores, outras formas de encarar o cotidiano e dar a oportunidade de uma mudança é fundamental. Isso faz parte do trabalho missionário inculturado, ou seja, a partir da cultura do povo para quem se prega a Palavra. Vemos, por exemplo, outras questões, como: “o dízimo só funciona bem se for com carnê, com envelope, não dá certo”! Não é verdade, tudo depende da organização que for dada. Também tem aquela: “Dízimo para ser dízimo de


verdade, tem que ser 10 porcento”! Não, dízimo é amor e partilha e cada um tem maneiras diferentes de viver a própria fé, o amor, a partilha. Importante mesmo que seja fruto da fé e do amor, doado na dimensão da mesma fé e mesmo amor. Ainda tem: “o dízimo de certa religião é mais verdadeiro que de outra”. Nada disso! O Deus é o mesmo, o que pode estar acontecendo é a forma como ele é interpretado. Bom, a lista é grande, mas os exemplos acima já ajudam a gente a perceber que para sermos verdadeiramente cristãos não podemos rejeitar os que são ou pensam diferente de nós. Nem por isso temos que nos acovardar e rejeitar as verdades da nossa fé ou da nossa cultura. Também podemos perceber que o dízimo precisa ser, antes de tudo, uma demonstração de maturidade na fé. Quanto mais conheço a Palavra, mais vou amar a Deus. Quanto mais amo, mais quero viver conforme sua Palavra. As atitudes, como a de ser dizimista, por exemplo, são consequências dessa vivência com Deus. Que as diferenças não sirvam para nos desunir, mas sejam aprendizado para ambas as partes. E que o nosso dízimo seja, de verdade, a expressão da nossa fé e do nosso amor a esse Deus maravilhoso que, diga-se de passagem, sempre faz tudo de forma bem diferente do que nós costumamos fazer. E nem por isso ele se afasta de nós, não é mesmo? Então, que o dízimo nos una e nos faça verdadeiro povo de Deus. ___________________________________ Diante do altar do Senhor Você deve ter tido a oportunidade de participar da missa em diversas comunidades e, assim, deve ter percebido comportamentos diferentes em alguns momentos da celebração. No Ofertório, por exemplo, existem paróquias nas quais uma cestinha é entregue a quem está sentado no primeiro banco, que vai passando aos demais e, depois, uma pessoa se encarrega de retomá-la quando o último depositar a sua oferta. A cesta é, então, levada aos pés do altar. Esse é um comportamento bastante comum. Há paróquias, no entanto, que fazem diferente. No momento do Ofertório, as pessoas se levantam e se dirigem até diante do altar para ali depositar suas oferendas a Deus. Há um simbolismo maravilhoso nessa ação.


O Ofertório é o momento em que, após termos ouvido a Palavra de Deus, de termos sido orientados por ela, o próprio Deus nos convida a nos alimentarmos de Sua presença viva na Eucaristia. A Eucaristia é a presença do Deus Vivo no Santíssimo Sacramento. É o próprio Deus que se faz presença no pão e no vinho consagrados: “Fazei isso em memória de mim”. “Quem comer deste pão, viverá eternamente”. O Ofertório, por sua vez, é quando se revive o sacrifício da redenção da humanidade. Sacrifício do próprio Deus, feito homem na pessoa de Jesus Cristo, para resgatar do pecado cada filho de Deus. No Ofertório, portanto, é o próprio Cristo que se faz vítima mais uma vez. Nossa participação é de quem recebe a maior das ofertas, o maior dos presentes: a salvação e a vida! Por isso, no Ofertório nos colocamos diante do altar para reconhecer que aquele é o verdadeiro e único sacrifício que salva; ali se encontra a vítima imolada que por amor resgatou a todos para a vida plena em Deus. E assim, em reconhecimento de que é o nosso Deus que se entrega por nós, também nós nos entregamos a Ele. Aqui talvez resida a grande diferença entre um comportamento e outro. Quando a pessoas ficam sentadas e simplesmente depositam (ou não) uma quantia em dinheiro numa cestinha, tem-se a impressão de uma esmola. É muito difícil (se não impossível), compreender e participar do sacrifício que se renova no altar com essa atitude, esse comportamento. Por outro lado, ao caminhar até o altar, o participante reflete em seu ato, ora, coloca-se em ação e pensa sobre o que vai colocar como oferta. É como se, num instante, revivêssemos a caminhada do povo de Deus no deserto rumo à terra prometida, a uma vida nova. O Ofertório nos permite caminhar para o altar onde o Cristo se imola e promete uma nova vida, da qual basta nos apropriarmos. O Ofertório nos permite buscar no coração (e não no bolso) a oferenda preciosa que será depositada no altar do sacrifício divino. Cristo se entrega na cruz e morre por nós; nós nos entregamos ao Cristo no altar e morremos para este mundo, pois Ele é a garantia de uma vida nova. E é essa vida que queremos. Uma vida em Cristo, com Cristo e por Cristo. Agora, fazemos parte do Ofertório ao Pai. A vida que o Cristo entregou ao Pai leva, agora, a nossa vida também. E isso é feito por amor, por fé e livre opção de cada um que crê que no altar realmente renovamos o sacrifício da salvação. Portanto, participando do sacrifício salvífico do Cristo também podemos


participar da sua Ressurreição, e é o que fazemos quando, logo em seguida, novamente nos dirigimos ao altar. Desta vez não para entregar, mas para receber. Receber a vida plena no Cristo que venceu a morte e se faz presença na hóstia consagrada. No Ofertório o Cristo nos revela o Seu mais sublime ato de amor pela humanidade ao entregar-se na cruz. Na Eucaristia, Ele mesmo nos revela seu mais sublime ato de partilha, quando se dá por inteiro a cada um que se propõe a um encontro verdadeiro com o Cristo Sacramentado. Na próxima missa, não importa em qual paróquia ou comunidade esteja, viva assim o Ofertório, reconhecendo o sacrifício que salva e fazendo também da oferta da sua vida a mais preciosa oferenda a Deus. ___________________________________ Deixar-se conduzir pelo Espírito Na sua carta aos Romanos, 8,14, São Paulo afirma que “Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”. Ora, logicamente podemos entender que os que não se deixam conduzir por esse mesmo Espírito não são filhos de Deus. Permanecem no mundo como criaturas belíssimas do Criador, mas que não aceitaram a adoção de Deus como Pai. Estava refletindo sobre essa passagem quando observei um fenômeno interessante. O jardim da minha casa andava precisando dos serviços de um jardineiro. Com tempo chuvoso e muito calor, tanto a grama quanto toda sorte de pragas haviam crescido desordenadamente. Algumas plantas estavam já enormes, derramando suas sementes que, sem dúvida, floresceriam em pouco tempo e acabariam por tomar conta do jardim. Um belo dia, lá veio o jardineiro e realizou o seu trabalho. Poda aqui, arranca ali, coloca terra acolá... Ao final da tarde, quando retornei do trabalho, quanta diferença! O jardim estava todo arrumado. A grama parecia mais verde, mais bonita; as flores pareciam ter suas cores realçadas, havia uma harmonia incrível que embelezava a casa toda. Eu e minha esposa comentamos sobre o novo aspecto. “É, às vezes é preciso podar para descobrir a beleza escondida no meio do mato e das pragas”, comentou minha esposa. É verdade! Sem podas, sem cortes, sem limites tudo cresce desordenadamente.


Assim como a natureza precisa de um direcionamento, a natureza humana também. E aí vem a importância das podas, dos limites. Coisas que os pais de hoje não estão percebendo e, no afã de serem muito “amigos” dos filhos, estão deixando de serem pais. Vendo o resultado do trabalho em meu jardim, pensei: “Pai, de verdade, é aquele que poda, que corta quando e onde for preciso para que toda a planta não morra, não seja sufocada pelas pragas e mostre toda sua beleza e formosura”. Há poucos dias, eu e minha esposa passamos por uma experiência de poda. Num relacionamento em grupo fomos podados nas nossas aspirações, nas nossas vontades e desejos. Planejávamos certas ações com vistas à melhoria de nosso futuro, mas outros que caminham conosco nos podaram. Fizeram-nos ver que nem tudo o que queremos, é o que realmente precisamos. Tivemos que abrir mão de coisas que nos pareciam, naquele momento, muito importante, fundamentais mesmo para nossa vida. Aceitamos a poda, porque entendemos que Deus se utilizava de “instrumentos humanos” para afastar de perto de nós o perigo da ganância, do individualismo, do egoísmo, da falta da partilha. Hoje, percebemos que, as podas que Deus realiza em nossa vida, na verdade não doem. O que dói é ter que aceitar sermos podados. Curvar nossa vontade à vontade de Deus. Dizer, como disse Maria: “Seja feita a Vossa vontade”, e permitir que essa vontade divina se realize. Então, comecei a entender que “aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus” não são só filhos de Deus, são morada do Pai e também se tornam instrumentos valiosos nas mãos do Criador. Deixar-se conduzir pelo Espírito, mesmo que seja para aceitar algumas podas que limpem nosso jardim interior, para que ali brotem as verdadeiras flores, os verdadeiros frutos da Palavra de Deus. Quando a Palavra diz que “todos os dízimos da terra, tomados das sementes do solo ou dos frutos das árvores, são propriedade do Senhor, são coisas consagradas ao Senhor”, (Lev 27,30), devemos entender que aí está uma poda programada por Deus em nossa ânsia de nos assenhorarmos de tudo, de enriquecermos a qualquer custo, de guardarmos cada vez mais para nós mesmos, quando devemos repartir, partilhar. Devolver a Deus aquilo que a Deus pertence, por meio da comunidade da qual faço parte. Não só porque é um “mandamento”, mas porque aceito essa orientação paterna. Entendo que com essas palavras, o Pai que ama está


orientando o filho e, por isso, por confiar e amar o Pai, aceito e coloco em prática. Mesmo que minha vontade seja diferente, pois “todos os que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus”. Pense nisso! Releia Levítico capítulo 27, 30 e medite essa palavra. Deixe-se conduzir pelo Espírito e seja um dizimista consciente. Revele ao mundo a beleza interior que brota de um coração que se deixa conduzir pela orientação do Pai. ___________________________________ Quanto devo dar no ofertório? Você vai participar da festa de final de ano da sua empresa, ou da sua família, na qual será relevado o “amigo secreto”, com a troca de presentes. Você então se esmera e procura levar um presente que possa, de fato, agradar a pessoa cujo nome você tirou no sorteio. E quando você entrega o presente, há uma dupla alegria: a alegria de quem recebe algo de bom gosto, algo que agrada e a alegria de quem entrega por ver a felicidade estampada no rosto de quem recebe. No entanto, no momento de receber o seu presente, se aquele que tirou seu nome não teve a mesma sensibilidade e lhe traz “aquele presente sem graça”, de mal gosto, como um par de meias, por exemplo... que decepção!!! Você até tenta disfarçar para não criar um clima ruim, mas todo mundo percebe e, é claro, condena o desleixo daquele que, num momento importante não soube dar valor ao outro, não soube corresponder àquilo que se esperava dele, não teve uma atitude digna daquele momento, à altura daquela celebração. Assim também acontece no Ofertório da Santa Missa. Naquele momento da celebração eucarística, revivemos o sacrifício do Cristo e o oferecemos ao Pai, reconhecendo que é aquele o único sacrifício que salva, que dá a vida eterna, pois é sacrifício do próprio Deus, feito homem que se entregou por amor na cruz. É, portanto, momento de íntima comunhão com o Cristo Eucarístico, pois participando do seu calvário e morte na cruz que revivemos no altar, também nos preparamos para participar da grande festa da Ressurreição que se renova no mesmo altar quando Cristo se faz presente na Eucaristia e se entrega a cada um de nós na hóstia consagrada. No Ofertório, portanto, somos chamados a imitar o Cristo. Mas, como fazemos isso? Tendo a certeza de que Ele se entregou por amor, com o propósito de salvação da humanidade, vamos nos aproximar do altar para demonstrar essa


convicção e também nossa gratidão, nosso reconhecimento a Ele por aquele gesto extremo de amor. Assim, também nos entregamos a Ele. Confiantes, colocamos nossa vida, tudo o que temos e o que somos em Suas mãos. Participamos do sacrifício do Cristo nos despojando de nós mesmos e colocamos diante do altar do sacrifício nossas vontades, nossos pecados, nossos dons, enfim, nossa vida por inteiro. E se nesse momento, nosso coração nos manda partilhar também de nossos dons materiais, então fazemos o gesto concreto da doação de algo que gratuitamente recebemos de Deus e repartimos com a comunidade um pouco do muito que Ele nos dá. A oferta material, portanto, deve ser fruto da oferta espiritual. O valor material que podemos (isso não quer dizer que devemos) depositar diante do altar, precisa ser resultado de uma atitude antes interior, e não simplesmente um gesto mecânico de depositar qualquer quantia como se fosse uma esmola, uma ajuda para a Igreja. Assim como nosso Dízimo, também nossa Oferta não pode estar resumida a uma quantia em dinheiro. Deve ser ação consciente de doação, partilha, generosidade, agradecimento, reconhecimento a Deus por tudo que dEle recebemos. Quando nos esvaziamos de nós diante do altar do sacrifício, no momento do Ofertório, abrimos espaço em nosso coração para ser preenchido pela presença salvadora de um Deus maravilhoso, de amor pleno e verdadeiro que não se cansa de se entregar a nós na Eucaristia. Vivamos assim o Ofertório. Esvaziando-nos de nós mesmos, entregando confiante nossa vida nas mãos de Deus e nos preparando dignamente para participarmos da comunhão com o Cristo que nos espera sorrindo na hóstia consagrada. ___________________________________ Queremos festas de Igreja Certa vez ouvi dizer que do povo não se pode retirar a fé e a festa e, realmente, um povo que não festeja, que não celebra, que não se reúne festivamente é um povo triste, deprimido. Faz parte da natureza humana a celebração, a demonstração de alegria, de júbilo e faz muito bem para o corpo e para a alma o convívio fraterno, em ambientes alegres. Um ambiente onde reina um clima de


alegria faz bem para o espírito, incentiva as pessoas às melhores práticas da gentileza, da educação, da partilha, etc. E um povo sem fé é um povo morto. A fé vivifica o corpo e dá sentido à existência, transforma a vida e leva as pessoas a também buscarem sempre uma vida plena das melhores experiências como a solidariedade, o perdão, a caridade. A fé faz a ponte entre o efêmero e o eterno, o passageiro e o duradouro. A fé nos permite viver no mundo sem, no entanto, nos apegarmos ao mundo; ao contrário, nos faz viver sempre na alegre certeza de que a vida humana não termina no curto espaço de tempo que temos para permanecer neste mundo, mas que aqui estamos para conhecer e nos prepararmos para uma vida em plenitude, junto de Deus, Pai e Criador. Fé e festa, duas realidades que combinam e que fazem parte da essência do ser humano. E é por isso que a Bíblia nos ensina no Salmo 150: “Aleluia. Louvai o Senhor em seu santuário, louvai-o em seu majestoso firmamento. Louvai-o por suas obras maravilhosas, louvai-o por sua majestade infinita. Louvai-o ao som da trombeta, louvai-o com a lira e a cítara. Louvai-o com tímpanos e danças, louvaio com a harpa e a flauta. Louvai-o com címbalos sonoros, louvai-o com címbalos retumbantes. Tudo o que respira louve o Senhor!” Vejamos, então, que a festa a que se refere a Bíblia não é exatamente o conceito de festa tão em moda nos dias atuais, onde o objetivo maior é obter lucro com o comércio para tapar o sol com a peneira de uma falha gritante na evangelização. Durante séculos nossa Igreja não pregou - e ainda continua a fazer com muita discrição -, a catequese do que a Palavra de Deus ensina sobre a prática do Dízimo. Daí as festas, quermesses, bingos, rifas, etc..., tudo com objetivo de arrecadar dinheiro para o sustento da Igreja. Percebemos que ao tomarmos um caminho que não conduz ao verdadeiro objetivo da comunidade cristã, ou seja, o de ensinar o caminho até o Pai, continuaremos a caminhar em lado oposto e nos distanciaremos cada vez mais desse objetivo. Vejamos: - A festa na Igreja com objetivo de lucro esconde a falta de evangelização sobre dízimo e a conseqüente falta de compromisso das pessoas com o sustento das obras para o Reino de Deus; - Por ter como objeto o lucro, exclui os mais pobres (já viu pobre dar lucro?), embora sejam os “preferidos” de Jesus e aqueles por quem a Igreja fez a sua opção preferencial; - Incentiva a prática do consumismo e exibicionismo, afinal, o que dizer daqueles que disputam entre si para comprar pelo preço de um carro um simples


bolo leiloado na festa, se não que estão se exibindo para mostrar seu poder de compra?; - Propicia inúmeras ocasiões de pecado com o consumo livre (e geralmente exagerado) de bebidas alcoólicas cujas consequências são imprevisíveis, mas sempre nefastas. - Propicia que crianças e adolescentes tenham o primeiro contato com o álcool da forma mais grave, ou seja, observando o exemplo de pais, padres, catequistas, ministros e outras lideranças bebendo, o que servirá de estímulo a que elas também passem a consumir a mesma droga. E quando isso acontecer, será a porta de entrada para outras drogas, para os atos de violência e vandalismo, acidentes, prostituição, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e tantos outros danos no seio da família. É por isso que muitos cristãos, conscientes da importância de se modificar o conceito e o tipo de festa que hoje as comunidades realizam, pedem que se intensifique a evangelização sobre o dízimo e a oferta para que possamos ter, de fato, muitas festas de Igreja e não mais festanças na igreja. ___________________________________

O Dízimo na Catequese Em todas as paróquias nas quais a pastoral do Dízimo está implantada e dando bons resultados, é comum que surja a preocupação em relação à implantação do chamado Dízimo Mirim, ou seja, levar a proposta do dízimo também para as crianças e adolescentes com intuito de não esperar que a pessoa chegue à idade adulta para conhecer e praticar o que a Palavra de Deus ensina sobre dízimo. Como forma de resolver essa questão, imediatamente vem sendo apresentada à Catequese a missão de instituir o Dízimo Mirim. Daí, inúmeras experiência temos visto nas mais diversas paróquias e Dioceses. No entanto, por não contar com um material didático de referência, cada equipe vai “se virando” como pode, com o que tem em mãos. Já vi paróquias onde o Dízimo Mirim se constitui tão somente na adoção de carnês ou envelopes através dos quais as crianças são convidadas a doarem pequenas quantias mensais. Nada mais. Em outros lugares, vi o padre sendo o evangelizador sobre dízimo para as crianças, o que não teria nada de mais não fosse o fato dos catequistas não conhecerem dízimo o suficiente para ministrar os encontros de formação para os catequizandos.


Outra experiência que vem sendo adotada largamente é a Catequese adotar o dízimo da catequese, e não o dízimo na catequese, no qual o dízimo mirim se torna caixinha da catequese, com total desvirtuamento da sua prática. Entendemos que é muito ruim para a Igreja e para a pessoa o fato de não termos o tema dízimo ensinado desde a catequese, pois quando já em idade adulta, a pessoa acaba tendo dificuldade para compreender o sentido desta prática tão recomendada pela Palavra de Deus. Afinal, se tem razão o ditado popular que ensina que “é de pequenino que se torce o pepino”, então é desde o início da catequese que se deve ensinar também o dízimo para abrir a consciência do que é Ser Igreja e não, simplesmente, ir à Igreja. Assim, na condição de missionários que trabalham justamente com a Pastoral do Dízimo, lançamos o livro didático Dízimo Mirim – da Catequese ao Dízimo, pela editora O Recado. São quatro encontros dinâmicos, com atividades e tarefas que levam a uma compreensão da mensagem e da prática do dízimo pelas crianças. Essas, por sua vez, de forma tão natural e peculiar à infância e adolescência, se tornam evangelizadores de suas famílias e outras pessoas com quem convivem. Mas, e a formação dos catequistas que, muitas vezes, não são dizimistas e quase nada conhecem sobre dízimo? Como fazer para que eles tenham um mínimo de formação para poderem ministrar os encontros e auxiliar os pequenos no início da caminhada como dizimistas mirins? O CEFAS disponibiliza um encontro de formação para os catequistas no qual repassa os fundamentos do dízimo, a história do dízimo, a espiritualidade do dízimo e ensina a melhor maneira de utilizar o material. Não é tudo, mas é o mínimo necessário para que os catequistas possam dar início ao trabalho, pois a formação deve ser continuada. Isso por ser feito com a presença do missionário na paróquia ou diocese, ou por meio de um DVD no qual discutimos encontro por encontro como proceder. Se na sua paróquia (ou Diocese) há interesse pela implantação do Dízimo Mirim com o tema dízimo sendo ensinado na catequese, entre em contato conosco e teremos o maior prazer em colaborar para que esse ensinamento e prática sejam adotados com material e preparo adequados. ___________________________________ O Capitalismo e o Dízimo É interessante prestar atenção na didática de Jesus ao ensinar os fundamentos da fé aos que se tornariam, depois, os primeiros cristãos. Ele jamais agiu como


professor, nunca deu aulas, nem proferiu conferências. Jesus não escreveu nada do que falou, não preparou discursos e nada deixou registrado para a posteridade. Pelo menos não fez nada disso da maneira como nós nos acostumados a fazer hoje. Jesus foi mais que professor, Ele foi o Mestre (e ainda o é) por excelência. Seus discursos eram maravilhosamente profundos, mas extremamente simples. Normalmente partia de uma estória, de uma parábola simples, singela, para ressaltar os valores mais importantes da vida. Atinha-se ao que de mais importante existia. Não ficava dando voltas, ia direto ao assunto e tocava fundo nas feridas... mas sempre para curá-las, jamais para acusar ou protestar contra o “atual estado das coisas”. Jesus nunca disse que “a Igreja” ou “o Governo” precisam fazer isso ou aquilo, como muitas vezes nós fazemos quando analisamos as dificuldades e problemas do cotidiano. Tanto que, diante dos apostos, assistia a procissão de ofertantes no templo e destacou a atitude daquela senhora idosa que fazia sua oferta depositando apenas moedinhas de pequeníssimo valor financeiro: “Ela deu a maior oferta”, arrematou Jesus, pois viu além das aparências daquele gesto simples, mas sincero e amoroso. Ela havia dado tudo o que tinha, tudo o que realmente podia, tudo o que seu coração amoroso determinava. Pena que muitas vezes nós fazemos exatamente o contrário de Jesus. Ao olhar para o “óbulo da viúva”, o tomamos como referência de valor e passamos a doar o mínimo possível. A poucos dias, em reunião com lideranças paroquiais na qual refletíamos sobre o tema Dízimo e Oferta, brinquei que jamais devemos dar uma referência de valor a quem quer que seja, pois a referência passa a ser a determinação. Assim, se você disser que cada um deve dar ao menos o mínimo possível, todos passarão a ter o mínimo possível como determinação. Se dissermos simplesmente que devemos doar o que o coração mandar, possivelmente nada será doado, pois um coração generoso se faz à medida que a mente se abre para a Palavra de Deus e o espírito faz a experiência da presença desse mesmo Deus em sua vida. Não sendo assim, o máximo que um coração fechado a Deus doará será sempre o mínimo possível. Nesses tempos de capitalismo globalizado, no qual nos vemos imersos numa vasta e poderosa rede de propaganda dos conceitos liberais e capitalistas de defesa do mercado e do lucro, doação e generosidade não são atitudes que mereçam ser incentivadas. Por isso, a proposta bíblica do dízimo e da oferta soa


tão estranha aos ouvidos e corações não “amolecidos” pela vivência dos valores evangélicos. Precisamos nos esforçar para entender os ensinamentos contidos na Palavra de Deus à maneira de Jesus e, assim, passar a ver nas singelas parábolas do Reino que Ele utilizava, os caminhos mais perfeitos para uma vida plena para nós e para todos. Partilha, doação, generosidade, corresponsabilidade são atitudes que constroem. Constroem um caráter firme e reto, constroem um mundo mais humano e melhor. ___________________________________ O dízimo e o sim Quando minha filha mais velha estava cursando o primeiro ano da faculdade de Pedagogia, conversávamos sobre a situação de muitas de suas colegas do Magistério que já tiveram filhos ou que se encontram grávidas. Fiquei avaliando que a gravidez precoce deixou de ser uma questão moral para se tornar um problema de saúde pública. Naquela época, notícias davam conta de que em 2009 haviam sido registrados 89.100 casos só em São Paulo, na faixa etária dos 15 aos 19 anos de idade. Na faixa dos 10 aos 14 anos foram 3.636 casos. Esses números eram bem menores que há uma década. A explicação para isso estava, principalmente, na implantação do serviço de atendimento às adolescentes com a distribuição de contraceptivos comuns e pílulas do dia seguinte em 20 unidades da Farmácia Dose Certa na capital paulista. A reflexão me levou a pensar em Maria, a mãe de Jesus. Naquela época a situação era bem diferente. Não havia serviço médico de atendimento, nem assistência psicológica, nem distribuição gratuita de preservativos. Pelo contrário, a mulher que aparecesse grávida fora do casamento corria o risco sério de morrer por apedrejamento. E essa era a situação de Maria. Ela, uma adolescente ainda, havia sido prometida em casamento a José, mas o filho que Maria trazia em seu ventre não era dele. Que situação difícil para os dois! Para muitos de nós, se estivéssemos no lugar de José, seria cômodo acusar Maria de adultério e deixa-la à sorte (ou má sorte) do julgamento popular e apedrejamento. Mas José, não! Ele decidiu fugir e não expor Maria. Assim, talvez ela pudesse acusá-lo de te-la abandonado e escapar do castigo. Mas um anjo o


visitou e trouxe a notícia: o filho é de Deus, obra do Espírito Santo. Aceite Maria e o filho, e José disse o seu SIM. Maria também viveu situação ainda mais delicada. O anjo trouxe-lhe uma missão grandiosa, mas exigente demais. Aceitando ser a mãe do Salvador, corria não só o risco de perder o noivo, a vida nova com a família que seria constituída no casamento, como poderia perder a própria vida pela intolerância do julgamento rigoroso e desigual. Mas, ela disse o seu SIM. Assim também os discípulos, os mártires da Igreja, muitos dos santos, cujo exemplo de vida nos fortalece na caminhada, e tantos outros seguidores do Cristo disseram o seu SIM. Hoje, vemos muitos cristãos dizendo também o seu SIM ao Cristo no trabalho dedicado aos irmãos menos favorecidos, na difusão da Palavra de Deus, no ensinamento do reto caminho e no compromisso de sustentar toda a obra da Igreja com seu trabalho e sua contribuição financeira: o dízimo. Pois é! O dízimo, uma palavra que ainda costuma ser entendida por muitos como uma relação financeira entre pessoas e a instituição, mas que, na verdade, significa a grande possibilidade de dizermos também o nosso SIM ao projeto de Deus. Com nosso dízimo saímos do cômodo lugar de platéia para nos tornamos agentes. Deixamos de ser meros assistentes para nos tornarmos atores na construção do Reino. Dízimo é SIM. Sim a um convite do Pai que nos chama de filhos, de herdeiros e esse sim nos dá o lugar na mesa, no banquete sagrado. Deixamos de ser os beneficiados pelo SIM dos outros para sermos beneficiadores de outros com uma ação concreta de amor, partilha e responsabilidade na sustentação da Casa do Pai. Que resposta você tem preferido dar: sim ou não? ___________________________________ Não seja um gambá Há algum tempo ouvi uma expressão interessante para se referir a certos incômodos da vida. Dizia: “O ruim não é ser um gambá. O ruim mesmo é ter que agüentar a vizinhança”. Hoje, refletindo sobre o dízimo como mecanismo de fortalecimento da fé, lembrei dessa frase e decidi usá-la. O gambá é um pequeno animal silvestre que não incomoda ninguém, a não ser no caso de se sentir acuado, ameaçado. Ele se alimenta, entre outras coisas, de ovos o que quer dizer que ele precisa roubar de


outros animais ou aves o seu alimento. Ao comer o ovo, não só se apropria do que não é seu como também impede o surgimento de uma nova vida que certamente seria gerada caso aquele ovo fosse chocado. Agora, o que incomoda mesmo no gambá é o seu cheiro. Quando importunado, ele expele um jato extremamente mal cheiroso com objetivo de afastar o invasor da sua privacidade. Bom, imagine só você ter que conviver com um bichinho desses. Daí, a expressão popular que citei no início. Só que o gambá não incomoda a si mesmo, ele incomoda os outros. Vejo que em nossa caminhada cristã, em muitos momentos corremos o risco de agir exatamente como o gambá. Nosso comportamento pode ser extremamente perturbador para os outros, mas nós mesmos não nos tocamos do quanto estamos sendo um peso para a comunidade. Nosso “cheiro” de pessimismo, de falta de colaboração, de falta de fé, de companheirismo, de ausência da responsabilidade pelo bem comum acaba por nos tornar um “gambá”, o que faz com que os outros sintam dificuldade em conviver conosco. E quando nos sentimos acuados, incomodados diante de um convite para assumir um trabalho na comunidade, para experimentarmos a graça da vivência do compromisso dizimal, imediatamente expelimos aquele desagradável odor da falta de tempo, da impossibilidade de condições financeiras, das desculpas esfarrapadas... Agindo assim, assumimos nosso gambá interior e o revelamos à comunidade. Fazemos com que toda a Igreja sinta o peso do nosso comodismo, individualismo e nos alimentamos, não do fruto do nosso próprio esforço, mas do fruto gerado pelos outros. Ao devorar o ovo prenhe de vida que a comunidade coloca em gestação, impedimos que uma nova vida brote dentro de nós mesmos. Sufocamos a vida nova que o próprio Senhor nos oferece no banquete da Palavra (para ser vivida) e da Eucaristia (para ser repartida). Sabemos que o dízimo é a semente das bênçãos de Deus que plantamos. Ora, se comemos a semente que deveria ser plantada e, se nada nos resta para plantar, também nada haverá a colher. Uma vida assim é pobre e se torna cada vez mais miserável da Graça de Deus. Portanto, repensemos nossas atitudes. Será importante para nós, e para todos, que não nos transformemos no gambá da comunidade. Xô gambá! ___________________________________


A ação missionária na Pastoral do Dízimo Cheguei à cidade e procurei a igreja matriz, logo ali na praça central. Igrejinha típica das pequenas cidades do interior, pintura de alguns anos demonstrando os estragos causados pela ação do tempo. Demorei alguns segundos para acostumar os olhos à penumbra interior e, aos poucos, pude divisar os bancos de madeira, o altar bem cuidado, as flores, a Via Sacra ornamentando as paredes, a imagem de São Sebastião, padroeiro da paróquia, algumas pessoas sentadas em silêncio, uma ou duas se movimentando de lá para cá em preparação à santa Missa... Ali permaneci em oração. Aos poucos as pessoas foram chegando e lotando a igreja. A missa transcorreu normalmente e, ao final, reparei na mesinha ao lado da porta com um cartaz pendurado nela, onde se lia: Pastoral do Dízimo. Sobre a mesa, caneta, um fichário, alguns livrinhos. Atrás dela, duas pessoas sentadas nas cadeiras, conversando animadamente. As demais pessoas saíram, sem pressa, algumas se cumprimentado desejando um bom dia, a paz de Cristo. Fiz questão de me demorar um pouco mais. Alguém começa a fechar as portas, as duas pessoas da pastoral do dízimo recolhem os materiais, guardam numa caixa, encostam a mesa e as cadeiras num canto e se dirigem à sacristia. “Missão cumprida”, pensei em voz alta demais quando passavam por mim, tanto que uma delas se voltou a disse: -Ãnh? - “Ah, eu disse que já terminaram a missão de hoje”. E ela, balançando a cabeça em concordância seguiu em frente. Naquele dia fiquei pensando como existe diferença entre os que as pessoas fazem numa pastoral e o que deveriam fazer e isso me fez pensar: - a palavra “pastoral” não significa uma ação transformadora? Mas, como pode uma pastoral ser transformadora se as pessoas simplesmente se limitam a ficar sentadas, esperando que alguém se ofereça para ser atendida? Eu acho que o termo pastoral está sendo entendido por nós como “a ação de cuidar do rebanho que está no redil”. Esquecemos que a ovelha perdida da parábola não significa uma, mas muitas... na verdade, a maioria. E que é a elas que deve ser dirigir nossa ação, nosso pastoreio. Aí entra a ação missionária que deve animar a vida pastoral da Igreja e, por conseguinte, a vida das diversas pastorais existentes na nossa Igreja. Pastoral é a ação da Igreja no mundo e não a ação da Igreja dentro da Igreja! É


preciso sair, “jogar as redes em águas mais profundas” ir ao encontro de quem não veio, mas com “um renovado ardor missionário” para anunciar a Boa Nova, pois é pelo conhecimento de Jesus que as pessoas se voltarão à Igreja. É a partir do conhecimento do Cristo que as pessoas começarão a entender o que é ser Igreja e a diferença que existe entre “ser” e “ir à” Igreja. E será nesse contexto que as pessoas começarão a entender a importância de se tornarem dizimistas, pois esse testemunho é fundamental para reforçar a própria fé e servir de incentivo aos irmãos, além de ser a maneira bíblica indicada como fonte de sustentação da Igreja e dos trabalhos que ela deve realizar. Então, a missão evangelizadora que a Igreja deve realizar através das pastorais passa a ser fruto, mas também fonte do dízimo, pois é sustentada por ele, mas também é fundamentada pela consciência do “ser Igreja”. Pode parecer complicado, mas não é. A ação missionária da pastoral do dízimo vai em busca das pessoas afastadas, evangeliza e ajuda na tomada de consciência do que é ser Igreja. Daí, tendo essa consciência as pessoas assumem, entre outras coisas, o dízimo, que vai sustentar a Igreja e toda a sua ação evangelizadora, inclusive a pastoral do Dízimo. É como um “círculo virtuoso”, no qual uma atitude geral o bem e esse bem sustenta novas atitudes iguais... e assim por diante. Bom, diante disso tudo resta questionar: na sua paróquia a pastoral do dízimo é missionária ou podemos chama-la de “pastoral da mesinha e cadeira”? ___________________________________ As crises da falta de clareza na aplicação do dízimo Você já deve ter reparado que, durante as missas, as pessoas recebem todas as informações sem questionar. Mesmo que não estejam gostando, ou não estejam entendendo ou, ainda, mesmo que discordem do que está sendo pregado, as pessoas não reclamam, nem pedem direito à palavra para fazer um reparo, uma crítica ou solicitar um esclarecimento. Faz parte da cultura. Na missa se escuta, não se questiona. O problema é o depois... o depois da benção final quando, além das portas do “espaço sagrado”, finalmente as pessoas se manifestam. E, então, surgem os questionamentos, muitas vezes as críticas mais ácidas, as perguntas que não serão respondidas por quem estava pregando e já não se encontra mais presente. Em outras paróquias a prática desse monólogo acontece também no


relacionamento entre as lideranças. Fruto disso é o que tenho presenciado em muitas reuniões com agentes da pastoral do Dízimo em relação à aplicação do dinheiro da paróquia e da divisão das despesas ou da receita entre as comunidades e a matriz. Nesses momentos fica claro que não está havendo diálogo, conversa franca e nem esclarecimentos suficientes entre os que administram os bens paroquiais e o restante das lideranças. Há normas, regras a serem cumpridas, mas essas não estão sendo discutidas e as dúvidas permanecem causando mal-estar entre as pessoas, julgamentos sobre a lisura dos procedimentos, gerando mágoas naqueles que se sentem prejudicados. Pior quando é o padre que traz para si a responsabilidade de administrar diretamente os recursos financeiros, algo que tem ficado como atitude comum no passado, mas que perdeu força no presente. Principalmente pela determinação das Dioceses que incentivam a criação dos Conselhos Paroquiais de Administração e Economia e dos Conselhos Paroquiais de Pastoral, com participação ativa dos leigos. Esses Conselhos tem caráter deliberativo e, por isso, carregam a responsabilidade de examinar e decidir a melhor forma de administração dos recursos e bens paroquiais, bem como a caminhada pastoral. Como nós, missionários, não devemos entrar em debate sobre os detalhes próprios de administração de cada paróquia e nem mesmo questionar as decisões desses Conselhos, já que nosso trabalho é o da pregação da Palavra e ensinamento das técnicas para o bom andamento da Pastoral do Dízimo, temos nos limitado a sugerir que essas questões, todas as insatisfações, dúvidas ou críticas e sugestões sejam levadas ao fórum apropriado para sua discussão, ou seja: as questões financeiras e administrativas ao CAEP, ou CAP, em algumas dioceses. As questões pastorais, ao CPP. A sugestão que podemos deixar é que as coisas sejam feitas às claras, assim como insistimos para que as equipes da pastoral do Dízimo não negligenciem a devida prestação mensal de contas para a população, esclarecendo sobre todas as entradas e saídas de recursos financeiros. Até porque, a prestação de contas é um instrumento fundamental na educação das pessoas para a verdadeira realidade da paróquia. Conhecendo as necessidades da comunidade e conhecendo a Palavra que ensina o compromisso do dízimo, cada paroquiano terá as condições ideais para a livre decisão de qual será a sua parcela de contribuição na sustentação dos trabalhos e na construção do Reino. ___________________________________


Você não é dizimista por pretexto ou argumento? Quem trabalha com a pastoral do dízimo, ou quem se dispõe a discutir o assunto já deve ter ouvido inúmeros argumentos tanto contra quanto a favor do cumprimento deste que é um compromisso bíblico fundamental para a sustentação da comunidade de fé: o dízimo. Quem é a favor, geralmente utiliza justamente esse argumento, ou seja, que o dízimo é algo bíblico e fundamental para a manutenção da Igreja em todas as suas necessidades diárias. Por outro lado há aqueles que não gostam sequer de ouvir o tema dízimo que já se arrepiam, saem com pedras nas mãos e fogem do assunto afirmando que “não entrego meu dinheiro pra padre andar por aí de carro novo, ou ainda, A Igreja é rica. O Vaticano deveria vender todo o ouro que tem e dar para os pobres, etc... Por que essa diferença de posicionamento a respeito de algo que é inerente à religião, uma vez que consta em páginas e páginas da Bíblia, tida por todos os cristãos como a Sagrada Escritura ou a Palavra de Vida escrita por homens, mas inspirada por Deus? Tem a ver com outro assunto muito discutido em todas as comunidades: a formação das pessoas. Em minhas palestras sobre o assunto sempre digo que, em relação ao dízimo, temos um problema de raiz, afinal de contas, quantos de nós estudaram ou receberam instrução sobre dízimo na catequese? Quando faço essa pergunta, dificilmente algum braço se levanta. E depois, em nossa caminhada como membros da comunidade, na qual nos tornamos integrantes de pastorais e movimentos, nos tornamos Ministros da Sagrada Comunhão, catequistas, etc, quantas vezes recebemos formação sobre dízimo ou oferta? Esta falta de formação não é exclusiva quando o tema é dízimo. Claro que não! Mas em termos de dízimo e oferta temos muito ainda que estudar, meditar, rezar e praticar... acima de tudo praticar. Daí que, quando alguém tenta levantar o assunto para um aprofundamento, logo a conversa se torna um bate-boca, com alguns vociferando contra e outros se posicionando favoravelmente. O que vemos, então, é uma batalha entre argumentos de um lado e pretextos de outro. Pensando nisso, fui ao dicionário para esclarecer a diferença entre um e outro termo. Vamos a eles! Com mais ou menos explicações, os dicionários acabam por


elucidar que Argumento é “um raciocínio de onde se tira uma conclusão. Um arrazoamento, uma prova que serve para afirmar ou negar um fato”. Por outro lado, Pretexto é “razão inventada que se alega para ocultar o verdadeiro motivo pelo qual se faz ou deixa de fazer uma coisa; escusa, desculpa.” Então, veja a diferença isso faz! Quando o cristão vive a sua fé embasada no conhecimento da Palavra ele vai se utilizar de argumentos para explicar as razões, os motivos pelos quais devemos assumir o dízimo como compromisso e quais as conseqüências para a comunidade que não tem o dízimo como verdadeira Pastoral. Já, para os que não tem esse conhecimento, não resta outra coisa se não basear-se em pretextos, desculpas, coisas que ouviu dizer mas não conhece o fundamento. Como se diz popularmente: "ouviu o galo cantar, mas não sabe onde". E que conseqüência prática tem isso para a paróquia ou diocese? Bom, aqui está um tema bastante profundo e, certamente, gerador de outras inúmeras discussões, mas podemos afirmar que, quando a comunidade escolhe outros caminhos para sua sustentação, segue pelo caminho da não formação, no qual se desgastam suas lideranças com a promoção e venda de bingos, rifas, leilões, festanças cujo principal ingrediente (e o mais lucrativo), é a bebida alcoólica que deixa atrás de si um triste rastro de malefícios sociais, familiares e pessoais. Ora, que se esperar de uma comunidade que prefere seguir por este caminho? Em contrapartida, a comunidade que opta pelo Dízimo, assim como orienta a CNBB em seu livro Estudos da CNBB – número 8 – Pastoral do Dízimo, vai seguir pelo caminho da formação e da organização tendo como meta a implantação de uma verdadeira Pastoral do Dízimo que realizará o trabalho permanente de catequese. Não é difícil prever que futuro terá uma comunidade que segue por este caminho, não é mesmo? Bom, se é verdade que o dízimo que temos é espelho da comunidade que somos, então devemos questionar: estamos sendo comunidade de formação e argumentos, ou comunidade de não formação e pretextos? ___________________________________ A formação continuada na Pastoral do Dízimo Vamos falar de um tema de importância capital para o bom funcionamento da Pastoral do Dízimo: a formação continuada para os agentes. Por que abordo este assunto? É que temos visto os prejuízos causados pela falta de um planejamento a


longo prazo para a formação dos agentes da pastoral do dízimo. Claro que as reuniões mensais da equipe do dízimo são importantes, aliás, fundamentais. Se não houver um calendário de reuniões periódicas, nas quais os agentes do dízimo possam rezar juntos, avaliar a caminhada e fazer um planejamento mínimo das ações para os meses seguintes, nada vai para frente. A pastoral simplesmente se acaba. Mas, se as reuniões são importantes para avaliação e planejamento do trabalho, elas também devem ser encontros de formação. É comum as reuniões acabarem se tornando simples rodas de conversa, nas quais fala-se muito e estuda-se pouco. Também não é difícil encontrar pastorais que se reúnem muito e que rezam pouco. Oração e estudo são alicerces da caminhada e, por isso, devem ser profundos. Sabemos que é o bom alicerce que mantém a construção em pé, firme, que não desaba mesmo quando há tempestade e ventania. Assim também devem ser esses fundamentos da pastoral do dízimo. A oração pode ser praticada de diversas formas, com dinâmicas ou não. Importante que sejam momentos de profunda espiritualidade, de abertura e encontro com o Espírito Santo que deve ser o condutor da reunião. E que nada seja debatido ou decidido se não for pelo Espírito Santo que conduz! O estudo também pode ser realizado de diversas formas, contando com a criatividade do grupo que se deve organizar para trazer, em cada encontro, um tema que será aprofundado. Muitas vezes, temas bem corriqueiros, talvez até considerados banais por quem já tem mais tempo de caminhada, podem fazer toda a diferença. Algo que não deve ser descartado pelo padre e pelas lideranças é a busca de pessoas que tenham conhecimento e experiência na área para realizar palestras, dias de formação, etc. Esses momentos são importantíssimos para reavivar o grupo e manter a chama acesa. Portanto, não descuidemos a formação dos agentes que tem a missão de repassar informações aos paroquianos, afinal, como diz a sabedoria popular: “ninguém dá daquilo que não tem”, não é mesmo? ___________________________________ Para onde nos leva o Dízimo? Ainda hoje muito se discute sobre a origem do compromisso cristão de entregar


o dízimo na comunidade da qual participamos, cujo objetivo é a sustentação da própria comunidade para a realização dos benefícios (serviços) que esperamos receber dela, bem como sustento dos que vivem daqueles trabalhos. Está em Gênesis, no seu capítulo 14, o gesto de oferta realizado por Abrão, tido como o início deste costume que, depois se tornou lei para o sustento daqueles que trabalhavam no Templo. Os cristão aceitam e creem no texto bíblico como sendo a própria inspiração divina manifestada para orientar a caminhada dos homens rumo ao Reino definitivo. Assim, portanto, é que devemos tentar compreender a mensagem do dízimo. É nesse contexto que a Palavra de Deus servirá de alicerce e de luz para nossa caminhada neste mundo. Se aprofundarmos a reflexão sobre esse tema, veremos que o dízimo é algo que tem suas raízes muito além do texto bíblico, uma vez que está inserido na própria condição humana, quando a criatura busca, incessantemente, reconhecer e se relacionar com o seu Criador. Na atitude de Abrão encontramos um ensinamento. Ele entrega o dízimo, uma décima parte dos despojos da guerra ao sacerdote do Deus Altíssimo após conseguir a libertação do povo que seria levado ao cativeiro. Que necessidade ele teria para tomar essa atitude? Podemos ver nesse gesto um chamamento a viver com mais maturidade o relacionamento com Deus. Se Adão e Eva “conviviam” diretamente com Deus, uma vez que a barreira do pecado não impedia esse relacionamento, vemos que Abel e Caim já precisavam se valer de uma atitude intermediária, ou seja, da oferta das primícias (a primeira parte) das suas produções como diálogo de agradecimento e de pedido de bênçãos à Divindade. Muito tempo depois, encontramos Abrão vivendo num período em que as comunidades são formada não mais por poucos membros, mas por muitos. Organizada com seus governos, cidades, estados e também os serviços religiosos, a ponto de um deles se dedicar exclusivamente às coisas de Deus no meio do povo, como Melquisedeque. É o sentido de pertença à comunidade, de seus membros estarem unidos por um ideal que leva ao compromisso de um para com todos e de todos para com o indivíduo. A existência de um depende do todo, assim como o contrário também é verdadeiro. É a comunidade viva, na qual cada um, com suas particularidades e individualidade, contribuiu para formar o corpo na união com os demais. A sustentação desse corpo, no caso um corpo místico (hoje denominado Igreja) é, portanto, compromisso indelegável de cada um.


Abrão prova isso ao entregar ao chefe espiritual da comunidade uma parte daquilo que era de todos. Para enriquecer Melquisedec? Claro que não, para que ele fizesse bom uso dos bens materiais em proveito de todos. Neste momento em que a Igreja no Brasil trabalha para aprofundar as raízes da Pastoral do Dízimo como instrumento de evangelização e catequese, devemos meditar os ensinamentos bíblicos que tratam do dízimo não como uma Lei que aponta para castigos caso não seja cumprida, mas como orientação para uma vida de amor, partilha, igualdade e comprometimento com os demais na caminhada rumo à morada celeste. Em João, 14, Jesus aponta esse destino final ao garantir que “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais”. Que a prática do dízimo, gesto de fé e de amor, seja capaz de irmanar cada vez mais os cristãos para a caminhada rumo à morada definitiva junto ao Pai, que tudo nos dá somente por amor. ___________________________________ A mágica do Ano Novo Você acredita em mágica? Pois há um momento mágico que se repete uma vez por ano. E ele acontece exatamente no momento em que os ponteiros dos relógios se encontram, lá no alto, apontando exatamente zero hora do dia primeiro de janeiro de cada ano. Se, exatamente nessa fração infinitesimal de tempo; nessa fração milionésima de segundos você conseguir engolir sete uvas inteiras ou pular sete ondas do mar, você terá um ano maravilhoso pela frente. Bom, se você acredita em mágica, não custa tentar, não é mesmo. Mas, se você é daqueles que não acredita nessas coisas, poderá garantir um ano novo repleto de alegria, paz de espírito e prosperidade buscando “as coisas do alto”, ou seja, colocando seu espírito em sintonia com o Espírito de Deus, garantindo um espaço para Deus em seu coração e em sua vida cotidiana. É óbvio que você continuará tendo que enfrentar as dificuldades de cada dia, mas terá discernimento para encontrar o melhor caminho e força para seguir em frente. A alegria será permanente em sua vida, mesmo nos momentos mais difíceis, pois você estará sempre recebendo o consolo da presença de Jesus no seu coração. E naqueles momentos mais atribulados, quando tudo parecer estar uma confusão


interminável e que nada mais vai dar certo em sua vida, ainda assim você desfrutará de uma paz interior tão grande que rapidamente essas coisas todas se tornarão passado sem que você tenha caído em desespero. É isso, irmão e irmã! Na verdade, a grande mágica se repete a cada alvorecer. Repare bem! Quando você acorda e pode olhar o mundo à sua volta. Você está vivo, seu coração pulsa, você sente a vida em você e é dono do seu dia. Dependerá somente de você se terá um bom dia, ou não. É nesse momento mágico que você se torna participante da grande mágica da vida. É nessa hora que você se torna o ajudante do mágico maior, o Criador, e pode determinar que seu dia e o dia de todos os que conviverem com você será muito bom. Mesmo que tenha alguns momentos de dificuldades. E, ao final daquele dia, quando você voltar para o seu quarto, trancar a porta e se colocar a sós com o grande “Mágico do Universo”, você vai poder dizer, com alegria interior: “Pai, seja sempre feita a Sua vontade, pois ela é santa, verdadeira e me faz feliz”. Então, sempre os ponteiros se encontrarem lá no alto, os fogos de artifício iluminarem o céu, que você abra a sua alma a Deus e entregue a Ele toda sua vida, todos os novos dias de um ano novo que se inicia. E, nesse momento belíssimo, quase mágico, você possa enxergar diante de você o amor de Deus se materializando na presença do outro e assim, num abraço gostoso, enquanto deseja um Feliz Ano Novo, sussure aos ouvidos de Deus: “Amém. Seja feita a Vossa vontade!”. ___________________________________

Dízimo: uma solução vitoriosa! Nos últimos 40 anos, a Igreja católica no Brasil tem trabalhado com afinco na implantação e na animação da pastoral do Dízimo. Atualmente, muitas paróquias já conseguem se manter totalmente com o dízimo de seus paroquianos. Temos visto, também, atitudes corajosas e totalmente inspiradas pelo Espírito Santo de dioceses que decidiram proibir a venda e o consumo de bebidas alcoólicas nas festas paroquiais, incentivando a realização de festas verdadeiramente comunitárias, com prioridade na reunião das famílias, no lazer saudável, no congraçamento e na oração que fortalece a vida em comunidade. Apesar disso, ainda encontramos outras realidades, onde paróquias e até dioceses inteiras, continuam vivendo a mendicância de brindes (ou prendas) para


seus bingos, que são proibidos pelo Código Civil Brasileiro, mas disfarçados como Festivais de Prêmios, Ação entre Amigos, etc. Claro que a realidade não se transforma rapidamente. Bem sabemos as dificuldades para se modificar uma cultura, com crenças enraizadas em décadas e décadas de costumes que perpassam gerações e gerações. Justamente por isso, temos que louvar e valorizar atitudes como a dos Bispos do Paraná que, reunidos em assembléia nos dias 16 a 18 de março, redigiram uma carta aos padres de todo o Estado na qual recomendam que não sejam mais comercializadas bebidas alcoólicas nas festas da Igreja. Mas, porque essa realidade ainda subsiste em algumas paróquias e dioceses? Por que não foi modificada com a implantação do dízimo e todos os seus benefícios em termos de evangelização e arrecadação financeira? A resposta está justamente no que abordamos antes: o costume que perpassa gerações é cultura local difícil de ser modificada. E isso acontece porque não tivemos no passado, e ainda hoje de forma incipiente, uma catequese voltada ao dízimo. Você, caro leitor, estudou sobre dízimo na sua catequese? E nos movimentos, pastorais, retiros, encontros, momentos de oração e missas dos quais tenha participado ao longo de sua vida, quando teve uma verdadeira catequese sobre o dízimo? Nossa Igreja ainda não facilita aos seus paroquianos momentos de formação sobre esse tema tão crucial, tão importante. Isso é fruto, também, da falta de formação sobre dízimo nos seminários. Os padres (e isso eles mesmo confessam), saem dos seminários, muitas vezes para assumir a administração de uma paróquia, sem ter tido noções de administração e, muito menos, sobre dízimo durante toda a sua formação teológica. Daí que muitos se sentem mais confortáveis em manter a situação do jeito que encontram na paróquia, onde as lideranças (principalmente as mais antigas) tem dificuldades em deixar o velho jeito de fazer as coisas e "arriscar tudo" naquilo que a própria Igreja, por meio de seus Bispos tem orientado, ou seja, que cada diocese e cada paróquia faça todo esforço para que a pastoral do dizimo seja implantada e animada constantemente para suprir o sustento da Casa do Pai conforme os ensinamentos da Sagrada Escritura. É claro que se pode continuar insistindo nos tradicionais meios de arrecadação de dinheiro para o sustento da Igreja, como festas, bingos, rifas, etc..., mas nenhum deles chega sequer aos pés do resultado que se pode obter com a implantação do dízimo como pastoral, como trabalho catequético, evangelizador.


Isto porque, o dízimo alimenta e fortalece a fé, cria o espírito de pertença à comunidade, cria um sistema de contribuição sistemática e periódica com o que se pode realmente contar, promove a inclusão de todos, dos mais pobres aos mais ricos. O que precisa é que o padre confie plenamente que o dízimo dá certo... se for encarado como pastoral, como catequese permanente e que o resultado financeiro virá como consequência da evangelização e dos demais trabalhos que a pastoral deverá realizar. ___________________________________ Dízimo se aprende em casa A reflexão de hoje está baseada numa experiência que vivemos em casa. Um dia, eu e minha esposa conversávamos com os nossos filhos Isabela e Rodrigo, que são gêmeos, e que haviam completado a catequese de preparação para a Crisma. Em determinado momento o assunto passou a ser o dízimo. Nos interessamos, então, em saber o que havia sido ensinado sobre esse tema na catequese e, para nossa surpresa, eles disseram que nada havia sido ensinado. A resposta deles acendeu a luz vermelha e nós ficamos pensando: "será que eles não prestaram atenção nos assuntos tratados na catequese. Como será que eles se comportaram todo esse tempo?". Pedimos para ver os livros utilizados pela paróquia, mas nada encontramos sobre o assunto dízimo. Nossos filhos, no entanto, conseguiram responder várias perguntas que fizemos sobre o tema, mas disseram que haviam aprendido isso participando dos trabalhos missionários, nas pregações que temos feito por todo Brasil. O que era uma vontade, passou a ser, então, uma responsabilidade, uma missão e decidimos elaborar um materiais específico para o ensino deste tema na catequese com a posterior implantação do dízimo mirim. Ao discutir o assunto com os padres e as pessoas que trabalham na pastoral do dízimo, temos visto um desejo crescente de que esse assunto seja tema dos encontros da catequese, mas também temos visto que há algumas dificuldades a serem superadas. A primeira delas é de ordem interna na catequese: muitos catequistas nada conhecem sobre o dízimo e, alguns até se colocam contrários a ele, o que revela que também eles não tiveram catequese sobre esse ensinamento bíblico. A segunda barreira está nas famílias, de forma especial no pais.


Os catequistas revelam que não se sentem à vontade para tratar do tema porque temem a reação dos pais que podem acusá-los de estar de olho no dinheiro ou instituindo a cobrança de uma taxa disfarçada de dízimo. Tal situação é reveladora e mostra uma face da Igreja (que somos todos nós) que desconhece totalmente aquilo que a própria Palavra de Deus ensina e orienta sobre a prática do dízimo como sendo o instrumento bíblico e adequado ao sustento da comunidade em todas as suas necessidades. Outras questões que temos observado em relação ao ensino do dízimo na catequese e que precisam ser resolvidos antes de se iniciar o trabalho, são: - catequistas que nada conhecem sobre o dízimo; - catequistas que se posicionam contrários ao dízimo; - o dízimo mirim ser implantado sem planejamento prévio, sem formação dos catequistas; - utilização de materiais ou dinâmicas retiradas da internet sem observação da fonte e com orientações de outras denominações religiosas contrárias aos ensinamentos católicos; - obrigatoriedade da entrega do dízimo mirim como condição para a criança participar da catequese; - o dízimo na catequese, se transformar em dízimo da catequese, ou seja, um antipático caixinha que é rapidamente esquecido quando a criança termina o ciclo de encontros; - o trabalho ser feito somente pela Catequese sem envolvimento da Pastoral do Dízimo. É com esse retrato servindo como pano de fundo que os Bispos, reunidos na Assembléia anual que realizaram em Aparecida (SP) este ano, decidiram compor uma equipe episcopal que já está trabalhando na coleta de materiais e experiências em todas as dioceses e paróquias do Brasil. Esse trabalho deverá resultar em novas orientações sobre o dízimo e, certamente, virão mais detalhadas as orientações de como colocar em prática esse compromisso cristão de responsabilidade comunitária e de partilha, de solidariedade cristã. Fica evidente, portanto, que assim como qualquer outro assunto relacionado à nossa espiritualidade, ao nosso crescimento na fé e à vivência da religião o entendimento sobre o dízimo precisa vir de casa. Os filhos precisam aprender com os pais, pois aquilo que é aprendido em casa, já na primeira infância, se torna os mais firmes pilares de formação da personalidade, do caráter da pessoa. Com o exemplo dos pais os filhos se tornarão cristãos conscientes,


participativos e responsáveis na comunidade da qual participarem. Essa missão não se restringe a catequese, assim como a educação não está restrita ao que as crianças aprenderão na escola. É aqui que entra a importância da Catequese e a Pastoral do Dízimo trabalharem juntas, pois o dízimo não pode ficar restrito a alguns encontros da catequese que terá, além desse assunto, tantos outros a tratar durante o período de formação das crianças e adolescentes. Para que esse conhecimento seja transformado em prática é preciso que os catequizandos sejam acolhidos pela Pastoral do Dízimo e passem a ser dizimistas também. Claro que o dízimo na catequese não tem como objetivo arrecadar dinheiro, mas levar ensinamento, pois a responsabilidade de sustento da paróquia é dos adultos que tem renda, e não das crianças e adolescentes. Daí que o pessoal do dízimo precisa se preparar para saber trabalhar com essa nova parcela da comunidade que vai entregar dízimos simbólicos, espirituais, pois se trata de um período de amadurecimento na féO dízimo infantil pode e deve ser tratado diferentemente do dízimo exigido dos adultos, mas isso é assunto para ser detalhado em outro momento. Fica, porém, uma sugestão ao padres e lideranças: ao decidir pelo dízimo na catequese, seria importante realizar um encontro de orientação aos pais, já que muitos desses também precisam de catequese para que os filhos passem a trazer esse conhecimento do berço. ___________________________________ A conversão é certa, quando chega ao bolso Em algum momento você deve ter ouvido que a conversão acontece quando a Palavra entra pelo ouvido, passa pelo coração e, finalmente, chega ao bolso. É verdade, porque o Evangelho exige de nós a prática da partilha, da caridade, do compromisso com os outros, do desapego dos bens materiais e de colocarmos Deus acima de todas as coisas. Em uma de suas homilias na Casa Santa Marta, o Papa Francisco advertiu os fiéis para não se tornarem "cristãos mornos, acomodados ou de aparência". Alertou para o perigo da "espiritualidade da comodidade", aquela que nos faz pensar que está tudo bem, pois vamos à missa aos domingos e rezamos de vez em quando. O Papa usou uma expressão ainda mais forte. Disse que quem vive assim pensa


estar vivo, mas na verdade está morto, pois são cristãos de aparência e, segundo ele, "a aparência é o sudário desses cristãos que estão mortos". Francisco citou Zaqueu, que após o encontro com Jesus se propõe a devolver quatro vezes mais a quem tenha defraudado para afirmar que “quando a conversão chega até o bolso, é certa, pois cristãos de coração, de alma, há muitos, mas cristãos de bolso, poucos". O ano 2014 marcou 40 anos de uma caminhada importante da Igreja Católica no Brasil. Em 1974, os Bispos se reuniram em Itaici e, entre outros assuntos, aprofundaram o debate sobre as formas de sustentação da Igreja e suas obras. Esse tema já estava sendo estudado exaustivamente por uma comissão que reuniu as diversas experiências vividas pela Igreja em todos os cantos do País. Daquele debate saiu o livro "Estudos da CNBB -Nº 8 - Pastoral do Dízimo", com as diretrizes para a implantação e animação do dízimo em todas as dioceses, paróquias e comunidades. Após esses 40 anos os Bispos retornaram ao tema, formaram uma nova comissão de estudo e prometeram novas diretrizes para 2015. Temos, aqui, uma caminhada de Igreja. São milhões de brasileiros vivendo uma nova experiência em suas vidas: a experiência da partilha, da responsabilidade solidária no sustento da Igreja e de todas as suas obras, do comprometimento com o Reino de Deus. São Tiago chama nossa atenção para a vivência da fé quando diz que "Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma." Fica, portanto, uma reflexão: a fé precisa se comprovar por atitudes de amor, uma vez que sem as obras que lhe deem vida, é morta. São Paulo usa a figura do corpo para lembrar que somos muitos membros, mas um único corpo. Isso nos torna corresponsáveis uns para com os outros. Nosso dízimo é fundamental para alicerçar nossa fé e, ao mesmo tempo, manter vivo e sustentar o corpo (Igreja) para cumprir sua missão no mundo. O Papa nos convoca para que deixemos, portanto, as aparências de bom cristão de lado e busquemos, com a orientação do Espírito Santo, evitar as situações de morte, assumindo nosso compromisso com a sustentação da Igreja, a propagação do Evangelho e colocando em prática nossa fé nas obras de amor e misericórdia para com os outros.


___________________________________ Um dízimo consciente Um dia, ao abrir meus e-mails recebi uma mensagem do frei Pedro, pároco da paróquia Nossa Senhora das Mercês, em Curitiba. Perguntava seu eu podia ministrar um seminário para as lideranças da paróquia com os temas “Vida em Comunidade e Experiência de Deus”. Com alegria aceitei e marcamos a data. O tema Vida em comunidade me levou a abordar a velha questão: “o que é ser Igreja”. Sim, porque a comunidade paroquial é muito mais do que um simples agrupamento de pessoas e também é diferente de outras comunidades, como uma comunidade religiosa (congregações), ou uma comunidade terapêutica (clínicas de recuperação), ou, ainda, uma comunidade de moradores (vila, bairro). Várias coisas fazem a distinção entre uma e outra comunidade, mas um dos principais diferenciais é o objetivo de cada uma delas. A comunidade religiosa, expressa através da paróquia na qual estou inserido, tem o objetivo claro e específico de evangelizar. Mas, evangelizar também é mais do que simples falar de Deus, catequizar. A comunidade serve para ajudar cada um de seus membros a conhecer a Verdade e vivê-la para que seja liberto e salvo por ela. Então, ser “Igreja” é muito mais do que simplesmente “ir à Igreja”. Posso ir ao mercado, sem ser mercado. Posso ir ao clube, sem ser clube e também posso ir à Igreja, sem ser Igreja. O “ser” exige comprometimento com a Palavra de Deus que deve modificar para melhor o meu jeito de viver. Espera-se de alguém comprometido com a Palavra o compromisso de também anunciar essa Boa Nova. Ao assumir esse compromisso aceito fazer um dos serviços que a comunidade disponibiliza: catequese, pastorais, ministro, etc. Envolvo-me numa das equipes de trabalho e faço minha parte na evangelização. E quando integro uma dessas equipes, começo a perceber a necessidade da estrutura para trabalhar: materiais, equipamentos, formação, equipe, ambiente apropriado, etc. Aí, vejo claramente o quanto o dízimo é santo! Sem sacrifício de ninguém, mas contando com a disponibilidade de cada um que dá de acordo com as necessidades da comunidade e em relação às suas possibilidades, o dízimo sustenta a estrutura da paróquia, realiza a missão, forma pregadores, atende aos mais necessitados. E aí também posso falar de uma “experiência da presença de Deus” em minha vida. O dízimo me ensina muito. Ajuda-me a reconhecer que tudo é de Deus e eu


sou um administrador. Posso ser bom e fiel, ou não, depende somente de mim essa escolha. ___________________________________ Dízimo Mirim: uma missão catequética Quando a pastoral do dízimo atinge certa maturidade, é comum os agentes questionarem sobre o ensino do dízimo para as crianças, afinal, ao ensinar a criança evitaremos ter que ensinar o adulto. E este tem sido um desejo crescente em todo o Brasil, apesar das muitas dificuldades que aparecem e que precisam ser superadas. Em primeiro lugar aparece o pouco (ou nenhum) conhecimento sobre dízimo por parte dos catequistas. Alguns são até contra o dízimo porque não tiveram catequese sobre esse ensinamento bíblico. A segunda barreira está nas famílias, de forma especial no pais. Muitos catequistas não querem trabalhar esse tema por medo da reação dos pais. E ainda tem outras questões: - Em algumas paróquias, vimos o dízimo mirim ser implantado sem planejamento prévio, sem formação dos catequistas e, em consequência, sem ensinamento aos catequizandos; - Utilização de materiais ou dinâmicas retiradas da internet sem observação da fonte e com orientações de outras denominações religiosas contrárias aos ensinamentos católicos; - Obrigatoriedade da entrega do dízimo mirim como condição para a criança participar da catequese; - o dízimo na catequese, se transformar em dízimo da catequese, ou seja, um antipático caixinha que é rapidamente esquecido quando a criança termina o ciclo de encontros; - o trabalho ser feito somente pela Catequese sem envolvimento da Pastoral do Dízimo. Entendemos que o dízimo deve mesmo ser ensinado já na catequese, mas como tal, não terá a função de contribuição para o sustento da paróquia. Será um aprendizado para que, na idade adulta, ao ter renda própria, seja um dizimista fiel e consciente. Para isso, claro que os catequistas precisam contar com o apoio dos pais. Sabemos que os valores aprendidos com os pais se tornam os mais firmes pilares de formação da personalidade, do caráter da pessoa. Com o exemplo dos pais os


filhos se tornarão cristãos conscientes, participativos e responsáveis na comunidade. Essa missão não se restringe a catequese, assim como a educação não está restrita ao que as crianças aprenderão na escola. É por isso que esse trabalho inicia na catequese, mas não se encerra ali. Precisa ter seguimento no trabalho permanente que a Pastoral do Dízimo deverá realizar depois, continuando a orientação dos pequenos dizimistas, lembrando sempre que o objetivo do dízimo na catequese é a formação cristão, preparando a criança e o adolescente para assumir, conscientemente, suas responsabilidades no futuro. Portanto, a equipe do dízimo terá que contar com pessoas para cuidar do dízimo infantil, pois o trabalho com as crianças é radicalmente diferente do trabalho com os adultos. Fica, ainda, uma sugestão ao padres e lideranças: ao decidir pelo dízimo na catequese, além da formação aos catequistas é importante realizar um encontro de orientação aos pais, já que muitos deles também precisam de catequese para que os filhos passem a trazer esse conhecimento do berço. ___________________________________ A nobreza do dízimo

Você já ouviu falar de uma localidade chamada Guabiruba? Trata-se de uma pequena cidade praticamente colada ao município de Brusque, em Santa Catarina. Não me esquecerei dessa cidade não só pela beleza incomparável da geografia daquele lugar onde as serras, os vales, o verde formoso e seus rios de águas cristalinas nos dão uma rápida visão do paraíso. Vou me lembrar sempre de Guabiruba por causa de um senhor chamado Manoel. Estávamos lá para o trabalho de implantação do dízimo na paróquia e, após a reunião com as lideranças, nos demoramos um pouco conversando com um ou com outro convidado. Seu Manoel se apresentou e iniciamos a conversa. Lá pelas tantas ele, do alto dos seus 70 anos de idade, com a sabedoria do homem simples que já “rodou o mundo” e viveu muita coisa me disse: - Sabe missionário, as pessoas precisam aprender a desejar que o mês passe rápido, só para poder levar o seu dízimo na Igreja, porque não existe oração mais gostosa de fazer do que entregar nosso dízimo a Deus”. Que singeleza! Que profundidade nessa observação! A partir daquele dia, me lembro sempre daquele homem simples, que


poderia ter passado despercebido por mim no meio de tanta gente, mas que foi missionário também e me ensinou mais um pouquinho sobre a nobreza da qual deve se vestir o ato de entrega do nosso dízimo. E não posso deixar de me lembrar também do ensinamento do evangelista Mateus, quando no capítulo 6, versículo 33 nos desafia afirmando “buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas as outras coisas vos serão dadas em acréscimo”. Dízimo, humano gesto, nobre por reconhecer a nobreza maior da qual se reveste o amor de Deus que tudo nos dá... somente por amor!





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