O Estado Verde - Edição 22393- 25 de novembro de 2014

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ANO VI - EDIÇÃO No 365 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 25 de novembro de 2014

ALERTA

Não tem volta, o planeta está aquecendo

O mundo encaminha-se para um aumento médio de temperatura de quase 1,5 graus Celsius. “Simplesmente inevitável” é o que diz relatório do Banco Mundial sobre o aquecimento global. Página 3

RESÍDUOS SÓLIDOS Por que Fortaleza não tem Programa de Coleta Seletiva? O Município gera cerca de 170 mil toneladas/mês e descarta maior parte dessa montanha de lixo no Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia, inclusive, os recicláveis. A prática é um grande desafio. Páginas 6 e 7


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Coluna Verde TARCILIA REGO tarcilia_rego@terra.com.br

O ETERNO CASO ETERNIT O julgamento contra a Eternit na Corte Suprema di Cassazione, em Roma, na Itália, dia 19/11, não deu em nada. A justiça italiana analisava o recurso que condenou o filantropo e milionário italiano, Stephan Schmidheiny, e seu ex-dirigente, o barão belga Jean-Louis Marie Ghislain de Cartier de Marchienne, a 18 anos de prisão pela morte de três mil pessoas. Julgamento anterior condenou os empresários por crime de desastre doloso, após ter sido comprovado que eles sabiam do potencial cancerígeno do amianto. A justiça avaliou que ambos foram omissos, pois mantiveram indústrias abertas e ignoraram medidas sérias de proteção aos empregados. Os réus também foram obrigados a pagar cerca de 95 milhões de euros em indenizações. Agora, o crime deixa de existir. O crime ambiental, consequente do uso do amianto, fica impune, a sentença de 18 anos de prisão para o único réu que foi condenado pelo Tribunal de Recurso Turim, 03 de junho de 2013, é anulada. O fato está levando os italianos a discutir o tema da prescrição de crimes, sinônimo de impunidade por lá e por aqui, também. Conhecemos bem, a tal da impunidade. Procuradores brasileiros participaram do julgamento na Itália. O caso serviu como um dos principais fundamentos para a promoção de duas ações civis públicas ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra fábricas da Eternit em São Paulo e Rio de Janeiro. Apesar da reconhecida patogenicidade do amianto, não havendo limite seguro para seu uso, a crisotila ainda é utilizada em muitos países. No Brasil, é proibido apenas em seis estados (Rio Grande do Sul, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Minas Gerais). Por aqui, é muito comum encontrar amianto nas coberturas de casas e no armazenamento de água. Quem produz, comercializa e utiliza amianto, produz morte, o produto é considerado cancerígeno pela organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1977. Paira sobre o suíço Schmidheiny, da Eternit que os mais de 120.000 hectares de terras de florestas adquiridas por ele, no sul do Chile em 1982, pertencem aos Mapuche, povo que reivindica e afirma que parte das terras compradas pelo italiano lhe foi tirada através de intimidação, tortura e assassinato, durante a ditadura de Augusto Pinochet. O empresário, considerado um grande filantropo, é conhecido por fomentar liderança e inovação e dedicar tempo e dinheiro às atividades de educação ambiental e redução do aquecimento global. Nos anos 1990 criou a conhecida Fundação Avina, fomentadora de desenvolvimento sustentável na América Latina. POPULAÇÃO MUNDIAL O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) divulga, hoje, o mais novo relatório sobre a “Situação da População Mundial”. Nesta edição, o documento traz dados globais inéditos sobre a população jovem – 10 a 24 anos – e revela que o mundo está vivendo um momento único, com a maior população de jovens da história. No entanto, cerca de um terço dessa população está em situação de vulnerabilidade social e vive abaixo da linha da pobreza, com menos de dois dólares por dia. O relatório indica que os países, especialmente aqueles em desenvolvimento, podem alcançar avanços econômicos e sociais expressivos se investirem nos direitos e no potencial produtivo de suas populações jovens; caso isso não ocorra a tempo, esta oportunidade única poderá ser perdida. No Brasil, o relatório será apresentado na Casa da ONU, em Brasília. OS 7 CEARA’S Parodiando o ditado; “atrás de um grande homem, tem uma grande mulher”, eu digo, atrás de

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um governador tem um grande pai e um grande planejador. Parabenizo o estrategista Eudoro Santana pelo brilhante trabalho que resultou no relatório “Os 7 Ceara’s”. Estou lendo com afinco o “Documento Síntese do Processo de Planejamento Participativo” do Governo Camilo e gostando muito. CONTRIBUIÇÃO DA INDÚSTRIA A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) entregará ao governador eleito, Camilo Santana, a Agenda da Indústria, quinta-feira (27), durante evento na Fiec. O documento é uma contribuição da indústria cearense, por meio dos setores representados nos 39 sindicatos filiados a Federação, ao recém-eleito, Santana. Contém proposições que, segundo a Fiec, se “acatadas, contribuirão para a superação de obstáculos ao desenvolvimento econômico estadual”.

AGENDA VERDE 25 DE NOVEMBRO DE 2014 Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher

• Desde 1999, a ONU designa, oficialmente, 25 de novembro, como Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres. A data é uma homenagem as presas, Tereza, Mirabal-Patrícia e Minerva, torturadas e assassinadas em 1960, a mando do ditador da República Dominicana, Rafael Trujillo. • Dia Nacional do Doador de Sangue Hoje é dia de celebrar os milhares de brasileiros que são doadores voluntários de sangue. Atualmente, são coletadas no Brasil, 3,6 milhões de bolsas por ano, o que corresponde ao índice de 1,8%. Embora o percentual esteja dentro dos parâmetros da Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde trabalha para chegar ao índice de 3%.

27 DE NOVEMBRO DE 2014 Dia do Técnico da Segurança do Trabalho

• O profissional de Segurança do Trabalho, conforme formação, atua em um campo profissional muito vasto em ambiente empresarial, organiza programas de prevenção de acidentes, orienta os trabalhadores quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), elaborando planos de prevenção de riscos ambientais, fazendo inspeção de segurança, laudos técnicos e ainda, organizando e dando treinamentos, palestras e orientando a CIPA. Muitas vezes, é o profissional responsável pela implementação de programas de meio ambiente, ecologia e até mesmo, educação ambiental, nas empresas.

28 DE NOVEMBRO DE 2014 Dia Mundial de Ação de Graças

• A ideia de transformar o “Dia de Ação de Graças” em acontecimento universal nasceu de um brasileiro, Joaquim Nabuco, quando Embaixador do Brasil em Washington. Em 1909, na Catedral de São Patrício, ao final da primeira Missa Pan-Americana, que celebrava o “Dia de Ação de Graças”, o Embaixador brasileiro formulou publicamente o seguinte voto: “Eu quisera que toda a humanidade se unisse, no mesmo dia, para um agradecimento universal a Deus.”

30 DE NOVEMBRO DE 2014 Dia do Estatuto da Terra

• Em pleno período militar, o então presidente Castelo Branco sancionou, dia 30 de novembro de 1964, a Lei 4.504, o atual Estatuto da Terra, que regula direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, visando à execução da Reforma Agrária e a promoção da Política Agrícola do País.

30 DE NOVEMBRO DE 2014 Dia da Reforma Agrária

• O Estatuto da Terra considera Reforma Agrária o conjunto de medidas que vise promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento da produtividade.

Reflexão: “Uma cidade precisa ser organizada e limpa. O oposto promove o crime.” Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York.

O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Rafael F. Gomes. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Jessica Fortes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873


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AQUECIMENTO GLOBAL

“Diminuam o Calor – Confrontando a Nova Normalidade Climática”

Banco Mundial adverte que impactos da mudança climática serão inevitáveis. Segundo relatório da instituição, as emissões de gás de efeito estufa, poderiam ser evitadas POR TARCILIA REGO tarciliarego@oestadoce.com.br

DIVULGAÇÃO

ximos dois mil anos, disse o relatório. Apesar das informações alarmantes, Kim defendeu as políticas do Banco que permitem investimentos em combustíveis fósseis em países em desenvolvimentos em casos raros, argumentando que muitas vezes servem para abastecer usinas cuja energia é vital para ajudar a acabar com a pobreza. O executivo justificou exemplificando com o caso da África subsaariana “tem um total de cerca de 80 giga watts de capacidade instalada (de geração de energia), o que é menos que a Espanha”.

no qual a comunidade internacional não atingirá seu objetivo de limitar o aumento das temperaturas no mundo a 2ºC, em relação à era pré-industrial, frente a um aumento de 0,8ºC nos dias de hoje. De acordo com a instituição financeira, na hipótese extrema de um aumento de 4ºC, os acontecimentos climáticos “extremos” que aparecem, no pior dos casos, “uma vez por século”, poderão se transformar na “ nova norma climática” . O nível dos mares deve continuar a subir durante séculos, porque as vastas camadas de gelo na Groenlândia e na Antártica só derretem lentamente. Se as temperaturas permanecessem nos níveis atuais, os mares aumentariam 2,3 metros nos pró-

COP 20 As autoridades de quase 200 nações se reunirão no Peru entre os dias 1º e 12 de dezembro para trabalhar em um acordo que deve ser firmado em Paris no final de 2015 que almeja desacelerar a mudança climática. A expectativa é de que a 20ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 20), esclareça quais são os principais desafios, bloqueios e possibilidades existentes na trajetória desse complexo processo de negociação, o qual, se chegar a bom termo, poderá levar à concretização de um acordo global com respostas à crise climática.

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lerta! “Sem uma ação forte e rápida, o aquecimento global e suas consequências poderão agravar significativamente a pobreza em várias regiões do globo” é a alarmante informação que traz mais um relatório do Banco Mundial. Alguns impactos futuros da mudança climática, como calor mais extremo e a elevação no nível dos mares, serão inevitáveis mesmo se os governos agirem rápido para diminuir as emissões de gases de efeito estufa. De acordo com o documento, “Diminuam o Calor – Confrontando a Nova Normalidade Climática”, lançado no último domingo (23), o aquecimento do planeta poderá agravar “significativamente” a pobreza no mundo, ao afetar os cultivos agrícolas e ameaçar a segurança alimentar de “milhões” de pessoas. “As temperaturas médias já aumentaram em torno de 0,8 grau Celsius desde a Revolução Industrial”, informa. SIMPLESMENTE INEVITÁVEIS Por causa das emissões de gases anteriores e as que estão previstas, provenientes de usinas de energia, fábricas e carros, o mundo se encaminha para um

aumento médio de temperatura de quase 1,5 grau Celsius acima dos tempos pré-industriais até 2050. “Isso significa que os impactos das mudanças climáticas, como ondas de calor extremas, agora podem ser simplesmente inevitáveis”, disse o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, em uma coletiva de imprensa por telefone e divulgada pela Reuters. “Mudanças climáticas dramáticas e eventos climáticos extremos já estão afetando milhões de pessoas em todo o mundo, danificando colheitas e litorais e colocado em risco à segurança da água”, escreveu Kim no relatório. Secas, ondas de calor, acidificação dos oceanos: o Banco Mundial visualiza um cenário,


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OPORTUNIDADE

UTD oferece 693 vagas para cursos gratuitos de TIC São 11 cursos disponíveis, com início já em janeiro de 2015. Para se inscrever, o candidato precisa ter a partir de 16 anos e ser alfabetizado

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ara quem quer começar 2015 adquirindo conhecimentos na área de Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC), a Universidade do Trabalho Digital (UTD) está com 693 vagas em aberto para 11 cursos gratuitos de capacitação. A oportunidade já é para o primeiro ciclo de cursos do ano, com início no dia 12 de janeiro. A carga horária varia entre 60 e 120 horas/ aula e as turmas serão distribuídas nos três turnos (manhã, tarde e noite) para que o estudante possa escolher o horário que melhor se encaixa com sua rotina. As 693 vagas são para os seguintes cursos: Iniciação Digital (300 vagas), Aperfeiçoamento Digital (150 vagas), Suporte e Manutenção de Computadores (45 vagas), Java com Banco de Dados (36 vagas), PHP com Banco de Dados (18 vagas), Web Design (25 vagas), Design Gráfico (25 vagas), Iniciação à Programação (36 vagas), Conectividade e Segurança da Informação (20 vagas), Administração de Sistema Linux (18 vagas) e Formação Empreendedora (20 vagas). Para se inscrever, o candidato precisa ter idade a partir de 16 anos e ser alfabetizado. As inscrições são feitas na própria sede da

UTD (Rua Major Facundo, 500, 10º andar – Centro | prédio do Cine São Luiz), de segunda a quarta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. O candidato deve portar RG, CPF e comprovante de endereço. A Universidade do Trabalho Digital é uma iniciativa do Governo do Estado, através da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece). As atividades estão sendo executadas através de parceria com o Centro de Treinamento e Desenvolvimento (Cetrede), instituição vinculada à Universidade Federal do Ceará. Todos os cursos são voltados para o mercado de trabalho. Atualmente, existem 639 alunos participando dos cursos na UTD.

SERVIÇO

Cursos gratuitos com 693 vagas disponíveis na Universidade do Trabalho Digital Cursos: Iniciação Digital | Aperfeiçoamento Digital | Suporte e Manutenção de Computadores | Java com Banco de Dados | PHP com Banco de Dados | Web Design | Design Gráfico | Iniciação à Programação | Conectividade e Segurança da Informação | Administração de Sistema Linux | Formação Empreendedora Inscrições: De segunda a quarta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h, na sede da UTD. O candidato deve portar RG, CPF e comprovante de endereço. Endereço: Rua Major Facundo, 500, 10º andar – Centro de Fortaleza (prédio do Cine São Luiz). Informações: (85) 3454-1257 | 3454-1987 | 3454-1969 Fonte: Assessoria Secitece

PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO

Dando continuidade aos breves comentários sobre os princípios referenciais nos quais se devem assentar as decisões de natureza jurídica que visem a defesa ambiental, constitui relevante levar em conta o Princípio da Indisponibilidade do Interesse na Proteção do Meio Ambiente. Este princípio, cuja ideia originária está contida no caput do art. 225 da Carta de 1988, assenta que o meio ambiente deve ser equilibrado exatamente porque é um bem de uso comum e, portanto, pertence à coletividade, não sendo, destarte, disponível por parte do Estado, que deve tudo fazer para preservá-lo sob todos os aspectos, uma vez que as gerações atuais obrigam-se a transferir este patrimônio ambiental às pósteras gerações. INDISPONIBILIDADE PERMANENTE Consoante a Constituição de 1988, no já citado art. 225, não apenas para o Poder Público, mas também para os particulares, o meio ambiente é sempre um patrimônio indisponível. Conforme leciona o professor Álvaro Luiz Valéry Mirra, juiz e ambientalista de nomeada, a transmissão desse patrimônio ambiental às gerações futuras é não apenas um dever moral, mas também jurídico, de natureza constitucional, para que as vindouras gerações recebam esse patrimônio nas melhores condições do ponto de vista ecológico. POLÍTICA PÚBLICA OBRIGATÓRIA Ao indicar o dever do Estado e dos particulares de não só preservar o meio ambiente, mas de compreender a sua característica de indisponibilidade, o princípio em tela, consoante a providente admoestação do desembargador Renato Nalini, atual presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo e um doutrinador em Direito Ambiental, “o governo não tem mera discricionariedade, ou seja, não lhe é dado optar entre defender ou não o ambiente: a Constituição lhe impõe essa obrigatória política pública.” COMPLEXO CONJUNTO DE CONDIÇÕES Diante da complexidade JORNALISTA E ESCRITOR

das

questões ambientais que têm dado inúmeras dores de cabeça a doutrinadores e operadores do Direito, vale ressaltar o ensinamento do professor Álvaro Mirra: “O meio ambiente, em termos amplos, ao contrário do que se pensa frequentemente, não é aquele conjunto de bens formado pela água, pelo ar, pelo solo, pela fauna, pela flora. Diversamente, o meio ambiente, inclusive para a nossa legislação (art. 3º, inc. I, da Lei 6.938/81), é, na verdade, um conjunto de condições, leis, influências e interações, de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. É, portanto, um bem essencialmente incorpóreo e imaterial. E é esse bem imaterial que se considera insuscetível de apropriação.” EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA O professor Mirra observa com proficiência: “o que pode ser eventualmente apropriado, o que pode ser eventualmente utilizado, sobretudo para fins econômicos, são os elementos corpóreos que compõem o meio ambiente (como as florestas, os solos, as águas, em certos casos a fauna) e mesmo assim de acordo com limitações e critérios previstos em lei e desde que essa utilização não leve à apropriação individual (exclusiva) do meio ambiente, como bem imaterial.”


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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Além de recursos financeiros, falta engajamento

III Encontro Cearense reúne educadores focados na dimensão ecológica. Palestrante faz uma diagnose da desarticulação no País das políticas ambientais e cita a Agenda 21 POR TARCILIA REGO tarciliarego@oestadoce.com.br

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spaços de educação ambiental estão no superficial e fragilizados. É o que está acontecendo no Brasil, segundo a educadora Jaqueline Guerreiro, uma das palestrantes do III Encontro Cearense de Educação Ambiental, evento que reuniu no último dia 20, no Auditório João Frederico Ferreira Gomes, na Assembleia Legislativa, 150 especialistas na área, tendo como tema central, os “Desafios da Educação Ambiental”. Mesmo com a “falta de recursos humanos, financeiros e engajamento”, a responsável pela Rede Brasileira de Educação Ambiental (Rebea), integrante do Comitê Assessor da Política Nacional de Educação Ambiental, consultora e uma das responsáveis pela construção do Programa de Educação Ambiental do Estado do Rio de Janeiro, é otimista, “pontualmente, temos problemas, mas o nosso lado lúdico nos ajuda na superação”, disse Jaqueline. DIAGNOSE Mais do que uma palestra, a educadora

faz uma diagnose da situação de desarticulação, no País, das políticas ambientais. Destaca o exemplo da Agenda 21, antes considerada planejamento estratégico do território, hoje relegada. Mas de acordo com a palestrante, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) convocou uma reunião e a expectativa é a retomada do tema. Jaqueline também destaca o fato de que poucos conselhos de meio ambiente têm câmara técnica. “Cadê a educação ambiental do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)? Há três anos que o Comitê Assessor da Rede não se reúne”, interroga. O Conama é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). Como exemplo positivo, a

educadora ressalta o papel dos jovens nesses espaços de participação. PÚBLICO O III Encontro recebeu um público selecionado, 150 participantes. Porém, a coordenadora do evento, Maria José Holanda, criticou a falta de cumplicidade de centenas de inscritos que deixaram de comparecer ao evento promovido pela Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental (Ciea), presidida por Maria José, que também coordena a área de Educação Ambiental do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), órgão que preside a Ciea. “Todos os participantes da Ciea fizeram-se presentes. De imediato identificamos

entre os presentes: Tiago Souza, de Itapipoca, Paulo, do Crato, Lívia de Sobral, Nelson, de São Benedito e Angélica de Piquet Carneiro, dentre outros de Várzea Alegre, Acaraú, Barreiras, Caucaia, Jardim. A ideia é fortalecer a educação ambiental no Estado”, disse a presidente da Comissão Interinstitucional. Enquanto o III Encontro acontecia em Fortaleza, a presidente do Conpam, Virgínia Carvalho, encontrava-se em Brasília participando da última reunião do ano do Conama. Aqui, ela foi representada pelo coordenador jurídico, Felipe Gomes que exaltou a necessidade do coletivo se impor, para dar voz às questões ambientais. “Infelizmente as causas ambientais só ganham força depois de situações de catástrofes”, ressalta, mostrando o quanto é importante a Política Nacional de Meio Ambiente ser colocada em prática. O evento foi encerrado com rodada de perguntas e respostas dirigidas à palestrante Jaqueline, e com as apresentações das experiências de Educação Ambiental no Ceará: Coletivo Jovem; GEA de Antônio Bezerra, de Barreira e dos Indígenas Pitaguary. *Com informações da assessoria.

Conpam participa da 116ª Reunião Ordinária do Conama A presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), Virgínia Carvalho, participou da última reunião do ano do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), dia 19, em Brasília. Na ocasião a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, apresentou um balanço das ações do Ministério e do Conama, nos últimos quatro anos. A titular do Conpam ficou surpresa com a quantidade de Unidades de Conservação (UCs) que foram criadas no período. “Nos últimos quatro anos foram entregues 60 Planos de Manejo – instrumentos que norteiam o uso das UCs – e até 2015 serão concluídos mais 51, totali-

zando 111 novos documentos”, disse. Além de proceder-se à votação de resoluções na pauta da 116ª Reunião Ordinária do Conama, foi aberto um espaço para diálogo entre os conselheiros representantes da sociedade civil, do setor empresarial e dos órgãos públicos. Utilizando-se deste espaço, um dos conselheiros destacou a necessidade de melhorar a atuação do Conama no tocante à gestão dos recursos hídricos e solicitou a inserção deste assunto na pauta do Conselho em 2015. O calendário de reuniões para o próximo ano também foi deliberado. Fonte: MMA


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COLETA SELETIVA

O que falta para Fortaleza ter uma política efetiva

Município gera cerca de 170 mil toneladas/mês de resíduos. Um bom caminho para a gestão dessa montanha de lixo, é a segregação dos materiais, mas na prática, ainda é um grande desafio

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ados do IBGE apontam que 84% da população brasileira vivem nas cidades, daí a urgência de pensar estrategicamente na gestão dos resíduos urbanos descartados, continuamente, pela população. Só o município de Fortaleza, conforme a Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), gera cerca de 170 mil toneladas/mês e descarta a maior parte dessa montanha de lixo, no Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia, inclusive, recicláveis. Segundo o Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2010), o País perde R$ 8 bilhões por ano quando deixa de reciclar todo resíduo reciclável que é encaminhado para aterros e lixões nas cidades brasileiras. Um bom caminho para a gestão dos resíduos sólidos urbanos passa pela Coleta Seletiva, a princípio pode parecer simples, mas o hábito de segregar lixo na fonte geradora, possibilitando melhor reaproveitamento dos recicláveis e da matéria orgânica, mostra-se difícil de ser praticado. Embora seja uma promessa antiga da Prefeitura, a prática ainda engatinha em Fortaleza. A maioria das ações de política ambiental da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), encontra-se em fase de implantação. Apesar de algumas experiências exitosas de coleta seletiva, como o Ecoelce, programa implantado com sucesso pela empresa Coelce e a coleta em grandes geradores, realizado pela Associação ASCAJAN, o Município, ainda não conseguiu implantar uma gestão integrada e efetiva de um plano para segregação de resíduos, limitando-se a realizar ações pontuais e alguns projetos isolados, que não tem previsão de ampliação. PROJETO AINDA NÃO SAIU DO PAPEL Segundo a Seuma, o Município já possui um projeto elaborado e tecnica-

mente atende à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), mas alega que o plano ainda não saiu do papel, pois a responsabilidade da coleta seletiva não é apenas do setor público, “haja vista, que qualquer sistema de logística reversa exige grandes volumes para que se alcance a sustentabilidade”. De acordo com a titular da Pasta, Águeda Muniz, “o município está implantando ações junto aos grandes geradores de resíduos, possibilitando fomentar o Programa de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Fortaleza, principal base técnica para que a Cidade inicie seu sistema de coleta seletiva de forma eficiente”. Dentro da política de acompanhamento dos resíduos sólidos, a Seuma atua em três frentes. A primeira diz respeito ao lixo gerado pela população, onde o órgão trabalha com ações educativas, além da capacitação profissional; depois, vem a fiscalização e orientação aos grandes geradores, e, por último, o monitoramento da logística de destinação dos resíduos, o que inclui a distribuição pelos Ecopontos da Capital. SEM PREVISÃO DE AMPLIAÇÃO Fortaleza tem mais de 2,5 milhões de habitantes, mas apenas, dois caminhões fazem a coleta seletiva domiciliar em quatro bairros: Fátima, Aldeota, Meireles e Dionísio Torres. O material é destinado para duas cooperativas, Bom Sucesso e Jangurussu. O programa, se é que pode ser chamado assim, atende apenas 1.600 domicílios (condomínios e residências) e a 35 grandes geradores e não tem previsão de ampliação. No momento, de acordo com Águeda, para possibilitar a im-

plantação da prática em toda a Cidade, a Prefeitura está efetuando ações mais urgentes e necessárias, como o recadastramento das transportadoras de resíduos de grandes geradores; fazer cumprir a Lei Municipal 8.408/99 – obriga empresas a realizarem Programas de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGRS) –; assumir os custos de coleta de transporte e destino final; coibir pontos de lixo; monitorar e fiscalizar o manejo de resíduos inertes entre outros. “Finalizando essas ações, podemos assumir a Logística Reversa da Cidade, porém em módulos, cujo início deverá ser o Centro da Cidade”, explica. Considerando, a logística atual e o ambiente informal existente na Capital, assim como, geração de resíduos, e o cenário social da atividade de reciclagem, Águeda acrescenta que, Fortaleza vem apontando um índice de Logística Reversa de 7,78% do total de resíduos gerados. “No entanto, depois do PGRS implantado, o índice pode alcançar 37,18% do total de resíduos gerados em ton./mês”.

ENTRAVES A política de reciclagem do Município é composta pelo Projeto Reciclando Atitudes, uma parceria com a Rede de Catadores e pelo apoio ao funcionamento dos Centros de Triagem. O percentual de reciclagem do lixo, entretanto, ainda é considerado mínimo pela representante da Seuma. Para ela, a dificuldade está em acompanhar as diferentes cadeias dos resíduos, conforme o destino dado para cada material, entre óleos e gorduras residuais,


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VERDE pilhas e baterias, lâmpadas, eletrônicos, lâmpadas, entre outros. Para a professora do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade de Fortaleza, Lamarka Lopes, implantar um plano de coleta seletiva em Fortaleza é um grande desafio. A primeira coisa a se pensar é em educação ambiental e a segunda, na destinação correta de cada resíduo, pois não adianta recolher, separar e dar uma destinação igual a todos os tipos de materiais coletados. “A alternativa para os problemas com o lixo só virá através de estudos. Para um projeto de coleta seletiva acontecer, é necessário um trabalho de equipe e uma conscientização da sociedade em todas as etapas do processo. A população precisa participar e a Prefeitura precisa investir em tecnologia e em estudos, pois enquanto não souber o que

fazer com os resíduos domiciliares coletados, ou não tiver acesso a algumas tecnologias, torna-se inviável uma política

efetiva de coleta seletiva”, defende. No entanto, ela lembra que apesar dos poucos resultados, a coleta seletiva dos re-

síduos é ainda muito importante e precisa ser feita por cada um. “As pessoas precisam fazer sua parte separando seu lixo, isso ajuda bastante, pois já temos atores principais nesse trabalho, que são os catadores. Eles estão por aí, trabalhando silenciosamente e fazendo um trabalho muito importante e essencial para todos”, conclui. Sem coleta seletiva, não tem reciclagem, muito menos logística reversa, mas sem a indústria de transformação, que compra os recicláveis e processa industrialmente os mesmos, transformando-os em novos produtos, o ciclo não fecha. Até o encerramento desta edição, não obtivemos retorno do Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do Estado do Ceará (Sindiverde), filiado a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), para falar sobre o assunto.

FIQUE SABENDO • A Seuma promove o recolhimento de pilhas, baterias e pequenos equipamentos eletrônicos em alguns pontos da Cidade, como na Seuma (Av. Dep. Paulino Rocha, 1343, Cajazeiras). O destino é a empresa de reciclagem de eletrônicos licenciada: Ecoleta Ambiental. • A coleta de Óleos e Gorduras Residuais (OGRs) é feita em 20 pontos espalhados pela cidade. O material recolhido é encaminhado à Usina dos Catadores e, posteriormente, à Usina da Petrobras, em Quixadá, para a geração de biodiesel. Veja os ecopontos de OGRs no site da Seuma: http://www.fortaleza.ce.gov.br/seuma/reciclando-atitudes.

LOGÍSTICA REVERSA

Empresas instalaram, em 96 municípios, 836 Pontos PEVs A Lei 12.305/2010 ou Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) trouxe conceitos, considerados fundamentais para a boa gestão dos resíduos: Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos – “Conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas (fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos), para minimizar volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei.” Logística Reversa – “Conjunto de ações, procedimentos e meios destina-

dos a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação.” A PNRS, dedicou especial atenção à este item e definiu três diferentes instrumentos que poderão ser usados para a sua implantação: regulamento, acordo setorial e termo de compromisso. O acordo setorial é um contrato “firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo Ciclo de Vida do Produto.” O Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), ONG promotora do gerenciamento integrado do lixo, acaba de apresentar o primeiro relató-

rio preliminar de resultados do acordo setorial para logística reversa de embalagens. Um plano de ação assinado por 22 associações e mais de 500 empresas para ampliar a capacidade do Brasil na destinação adequada das embalagens pós-consumo. Os números são positivos, cumprindo e, em alguns casos, ultrapassando, já no meio deste ano, as metas definidas para o fim de 2015. Entre janeiro de 2012 e junho de 2014, as empresas da coalizão instalaram, em 96 municípios, 836 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) ou “ecopontos”, locais estrategicamente definidos, de fácil acesso e grande fluxo de pessoas para depósito de material reciclável. O número está 29% acima da meta estipulada para o fim de 2015. A Fase 1 do acordo com o objetivo

final de desviar para reciclagem 22% da fração seca dos resíduos destinados a aterros (média de 3.294 tons/ dia) dia, abrange o período de 2012 a 2015 e consiste em ações de incentivo à logística reversa de embalagens pelas empresas, tendo como prioridade as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, suas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, totalizando 258 municípios. Para o presidente do Cempre, Victor Bicca, os números mostram o resultado do comprometimento das empresas com a logística reversa e a produção sustentável. “Vamos continuar trabalhando para cumprir as metas e conscientizar a população, pois ainda temos um caminho longo a percorrer”, disse.


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VERDE

ITATAIA

Ibama promove audiências públicas para o Projeto Santa Quitéria

Foram três, as oportunidades de debater os estudos dos impactos ambientais relativos a jazida de urânio. O Consórcio apresentou o EIA e espera receber a Licença Ambiental

DIVULGAÇÃO

POR JESSICA FORTES jessicafortes@oestadoce.com.br

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om o objetivo de discutir o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), referentes ao Projeto de Santa Quitéria, o Ibama promoveu, no último final de semana, três audiências públicas. Os encontros ocorreram, respectivamente, nos municípios de Santa Quitéria, Itatira e Lagoa do Mato, nos dias 20, 21 e 22 e contou com a presença de diversas instituições. O Projeto Santa Quitéria consiste na instalação de um complexo mínero-industrial na Fazenda Itataia, que produzirá fertilizantes fosfatados, fosfato bi-cálcico (produto usado na nutrição animal) e concentrado de urânio. O empreendimento está sob a responsabilidade do Consórcio Santa Quitéria, formado pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) – responsável pela produção do combustível que gera energia elétrica nas usinas nucleares brasileiras – e o Grupo Galvani, que atua no mercado de fertilizantes fosfatados (mineração, beneficiamento, produção e distribuição). Em visita ao Jornal O Estado, dia 19 de novembro, o gerente, Ronaldo Galvani Junior, da empresa Galvani, explicou que durante as audiências a empresa contratada para fazer o estudo dos impactos ambientais, apresentaria o empreendimento, o projeto, quais os objetivos do mesmo, as ações e as propostas pra mitigar alguns potenciais impactos. “Essa audiência servirá para que todos os presentes entendam o projeto e as ações propostas no empreendimento, com o foco nas questões ambientais”, comenta. OPOSIÇÃO Membros do Grupo de Pesquisa Tramas, vinculado ao curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC),

também participaram das audiências. Na semana passada, o Grupo entrou com representação no Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União e Escritório Frei Tito de Alencar, pois verificou que o EIA do projeto da mineradora possui várias irregularidades, o que preocupa em relação ao real dimensionamento dos riscos para a saúde e contaminação do ambiente em decorrência do projeto. AUDIÊNCIA De acordo com a advogada Talita Furtado, do Tramas, as audiências foram

bem extensas e proveitosas. “Todos tiveram espaço para falar e muitos foram os questionamentos e posicionamentos contra”. Ele conta que vários movimentos sociais, comunidades, posicionaram-se e alguns pontos foram destacados, como a ausência de viabilidade hídrica. “O Consórcio diz que a questão hídrica está assegurada, mas não diz de onde vem essa água. O Açude Edson Queiroz que aparece no EIA, não tem capacidade para atender a demanda da mineradora e isso preocupa as comunidades mais próximas. Além disso, tem a questão da saúde dos moradores da região, o perigo

com a radiação, o contato com os rejeitos, ou seja, os riscos de adoecimento da comunidade é muito grande e foi colocado durante a audiência”, explica. Ainda de acordo com a advogada, o Ibama informou que ainda não havia analisado o Estudo de Impactos Ambientais. “A nossa expectativa é que o estudo seja analisado e que o Instituto tome as medidas cabíveis com relação a mineradora e os impactos que ela pode provocar na região”, defende. Até o fechamento desta edição os representantes do Consócio Santa Quitéria não se manifestaram sobre a audiência dos.


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VERDE ASPECTOS ECONÔMICOS Quando estiver em operação, o Projeto Santa Quitéria irá gerar cerca de mil postos de trabalhos diretos e dois mil indiretos. Serão produzidos, por ano, um milhão e cinquenta mil toneladas de produtos fosfatados e mil e seiscentas toneladas de concentrado de urânio. Na jazida de Itataia existe uma reserva de 80 mil toneladas de urânio e de quase 66 milhões de toneladas de fosfato, ou seja, uma quantidade 800 vezes maior de fosfato, que de urânio. Para transformar esse recurso natural em emprego e renda para o Ceará, serão investidos 380 milhões de dólares com a implantação do com-

plexo minero-industrial, constituído por uma mina e duas unidades industriais: uma para o processamento do fosfato e outra para a produção de concentrado de urânio. No processo industrial, para a fabricação do fertilizante, está prevista, ainda, a produção de ácido sulfúrico. Segundo Galvani Junior, o projeto esta sendo licenciado pelo Ibama e atualmente o objetivo do Consórcio é obter a Licença Prévia. “O EIA foi entregue no início deste ano, estas audiências públicas fazem parte do processo de licenciamento e é uma fase necessária que antecede a emissão da Licença Prévia, depois de obtida, se-

rão iniciados os trabalhos para a expedição da Licença de Instalação, fase que nos permite iniciar as obras e de fato dar início ao projeto”, explica. CONSÓRCIO SANTA QUITÉRIA A INB é a empresa estatal responsável pela produção do combustível que gera energia elétrica nas usinas nucleares brasileiras. Ela atua nas diversas fases do ciclo do combustível nuclear: mineração, produção do concentrado de urânio, enriquecimento, conversão, produção de pastilhas e a fabricação do elemento combustível que aciona os reatores das usinas. Vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e

Inovação, a empresa está presente nos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Minas Gerais e São Paulo. O Grupo Galvani tem sua origem na década de 1930, em São João da Boa Vista, interior de São Paulo. Na década de 1970, iniciou a atuação no mercado de fertilizantes. E a partir de 1983, instalou sua sede em Paulínia (SP), com a implantação de um grande complexo industrial de produção de fertilizantes. Atualmente, atua em toda a cadeia de produção do fertilizante fosfatado: mineração, beneficiamento, produção e distribuição. Possui unidades nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e Ceará.

SAIBA MAIS - O urânio é um mineral radioativo, denso, inflamável, flexível e maleável. É encontrado em rochas sedimentares na crosta terrestre. É muito utilizado em fotografia e nas indústrias de cabedal (couro) e de madeira. No entanto, a aplicação mais importante do urânio é a energética (fonte de energia para usinas nucleares). -Segundo a INB (www.inb.gov. br) o Brasil é dono da quinta maior reserva de urânio do mundo, de aproximadamente 300 mil toneladas. Essas reservas distribuem-se entre as jazidas de Itataia, Ceará (142 mil toneladas), onde o mineral está associado ao fosfato e a rochas ornamentais economicamente exploráveis; Lagoa Rela, na Bahia; e outras jazidas menores, como Gandarela, Minas Gerais, onde há ouro associado ao Urânio; Rio Cristalino, no Pará; e Figueira, Paraná. “Isto confere ao País segurança estratégica, no que diz respeito ao suprimento de energia por via nuclear”. - Atua na cadeia produtiva do urânio, da mineração à fabricação do combustível que gera energia elétrica nas usinas nucleares. Vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a INB está sediada na cidade do Rio de Janeiro e presente nos estados da Bahia, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.


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VERDE

AGROTÓXICOS

Abobrinha ultrapassa o Limite Máximo de Resíduos

Anvisa divulga resultado de monitoramento de seis alimentos. Os dados divulgados compõem a segunda parte de um levantamento iniciado em 2012

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legume da vez é a abobrinha. Relatório Final do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), referente ao ano de 2012, que acaba de ser lançado e aponta que 1,9% das amostras coletadas naquele ano apresentaram quantidade de agrotóxico acima do Limite Máximo de Resíduos (LMR). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de um total de seis alimentos monitorados – abobrinha, alface, feijão, fubá de milho, tomate e uva – o resultado das análises apontam a abobrinha como a campeã em quantidade de agrotóxicos acima do limite permitido. Do total de amostras coletadas em supermercados e feiras, 25% apresentaram irregularidades. Os resultados insatisfatórios são divididos em duas categorias: LMR e presença de agrotóxico não autorizado, para a cultura analisada. A situação é preocupante, já que os técnicos da Anvisa descobriram que 1,9% dos alimentos têm uma quantidade de agrotóxico acima do limite e em 45% das unidades foram encontrados resíduos classificados na segunda categoria. Ao todo foram analisadas 1.397 amostras, coletadas em quatro momentos distintos do ano de 2012. O PARA faz a análise de amostras de alimentos in natura ano a ano e busca orientar políticas de redução de risco que devem se adotadas em conjunto entre as autoridades e produtores da cadeia de alimentos. O programa foi iniciado em 2001 fortalecendo a capacidade do Governo em atender a segurança alimentar, evitando assim, possíveis agravos à saúde da população. AGROTÓXICOS E RISCOS A “Lei dos Agrotóxicos” nº 7.802, de 11 de julho de 1989, estabelece que os agrotóxicos somente podem ser utilizados no País se forem registrados em órgão federal competente, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura. O

Brasil é considerado o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. No Brasil, o registro de agrotóxicos é realizado pelo Ministério da Agricultura, porém, a anuência da Anvisa e do Ibama é requisito obrigatório para que o agrotóxico seja registrado. A Vigilância Sanitária realiza avaliação toxicológica dos produtos quanto ao impacto na saúde da população. Já o Ibama observa os riscos que essas substâncias oferecem ao meio ambiente. Diferentes pesquisas apontam a relação de produtos com agrotóxicos e a saúde reprodutiva e o surgimento de diversos tipos de câncer. Os trabalhadores rurais são as principais vítimas do uso indevido de agrotóxicos. Para o consumidor final os riscos estão mais relacionados ao consumo crônico, já que algumas substâncias têm efeito cumulativo no organismo e podem vir a desencadear problemas de saúde no futuro. FÓRUM CEARENSE Para a promotora de Justiça, Socorro Brilhante, coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Proteção à Ecologia, Meio Ambiente, Urbanismo, Paisagismo e Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Caomace), procurada pelo “O Estado Verde” para falar sobre o assunto, destacou a importância do controle social e a falta de informação sobre a agroquímica. “Exatamente por isso, acabamos de criar o Fórum Cearense de Combate aos Impactos do uso de Agrotóxicos na sede da Procuradoria-Geral de Justiça”, disse. “O problema é muito mais complexo e a informação muito importante. O cidadão precisa ter o direito de conhecer os impactos destes produtos. Qual o papel do Estado na disseminação da informação sobre assunto tão urgente? O Fórum vai integrar órgãos de controle, pesquisadores, e vai possibilitar avanços em várias ações, como monitoramento e rastreabilidade.” O Fórum, “um espaço permanente, plural,

aberto e diversificado de debate de questões relacionadas aos impactos negativos dos agrotóxicos na saúde do trabalhador, do consumidor, da população e do ambiente”, foi lançado dia 21, na sede da Procuradoria-Geral de Justiça. Um dos objetivos Fórum é possibilitar a troca livre de experiências e a articulação em rede da sociedade civil, instituições e o Ministério Público. ORGÂNICOS A procura por produtos orgânicos tem crescido consideravelmente. E por consequência disso, atualmente, todas as grandes cadeias de supermercados e muitos dos médios e pequenos, possuem prateleiras exclusivas para esses alimentos que são produzidos livres de agrotóxicos, hormônios ou qualquer outra substância nociva à saúde. Também, vem aumentando o número de feiras e cooperativas que comercializam produtos orgânicos para suprir a demanda. Os brasileiros têm mudado alguns hábitos na busca de consumir alimentos mais saudáveis, a opção tem sido os orgânicos, termo rotulado para definir produtos cultivados sem agrotóxicos. Desde 2003 foi regulamentada Lei Federal nº 10.831, para agricultura orgânica, que visa à produção de frutas, legumes e verduras sem adição de adubos químicos ou que contenha o percentual insignificante de

pesticidas, com finalidade de aumentar a transição ecológica que é a desintoxicação gradual do solo, água e dos alimentos. FIQUE SABENDO - Diversos agrotóxicos aplicados nos alimentos agrícolas e no solo têm a capacidade de penetrar no interior de folhas e polpas, de modo que os procedimentos de lavagem dos alimentos em água corrente e a retirada de cascas e folhas externas dos mesmos contribuem para a redução dos resíduos de agrotóxicos, ainda que sejam incapazes de eliminar aqueles contidos em suas partes internas. - Soluções de hipoclorito de sódio (água sanitária ou solução de Milton) devem ser usadas para a higienização dos alimentos na proporção de uma colher de sopa para um litro de água, com o objetivo apenas de matar agentes microbiológicos que possam estar presentes nos alimentos, e não de remover ou eliminar os resíduos de agrotóxicos. Saiba mais em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home.


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VERDE

PRESENTE SUSTENTÁVEL

Refil de perfume com frasco 100% reciclado pós-consumo

Reduz em 72% a emissão de carbono durante processo produtivo e geram menos resíduos. Os refis incentivam o consumo responsável e compromisso com meio ambiente

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mantra da sustentabilidade parece que já está bem estabelecido no nosso dia a dia. E neste período de festas natalinas e de muito consumo, nada mais sustentável do que buscarmos produtos que adotam princípios ecológicos. A partir de hoje, até a edição do dia 23 de dezembro, vamos apresentar sugestões de presentes “verdes e sustentáveis”. Incentivando o consumo responsável, começamos com produtos Natura que acaba de lançar o refil dos frescores de Natura Ekos que chega com frasco de PET 100% reciclado pós-consumo e reduz em 72% a emissão de carbono durante processo produtivo. Os refis geram menos resíduos para o meio ambiente, pois são feitos de material que foi descartado,

recuperado e reciclado, além de trazer mais economia já que são mais baratos que os regulares e são práticos e fáceis de usar graças a tampa em formato de funil que facilita a refilagem. Segundo a diretora de marketing da Natura, Andrea Eboli , a linha inaugurou um modelo pioneiro de fazer negócio de forma sustentável, promovendo as dimensões sociais, ambientais e econômicas . “Mais que um desafio, ser sustentável é inspiração para a marca desde a extração e uso responsável dos ativos da biodiversidade amazônica, até o design de embalagens que privilegiam a refilagem e o uso de materiais reciclados”, destaca. Mais informações , acesse: www.naturaekos.com.br Com informações da Assessoria de Imprensa.

SAIBA MAIS SOBRE OS LANÇAMENTOS

Natura Ekos Refil Desodorante Colônia Frescor de Maracujá, 150ml –Frescor de Maracujá, frasco em PET 100% reciclado. Caminho Olfativo: Frutal Envolvente. Preço sugerido: R$ 58,30. Natura Ekos Refil Desodorante Colônia Frescor de Pitanga, 150ml –Frescor de Pitanga , frasco em PET 100% reciclado. Caminho olfativo: Frutal refrescante. Preço sugerido: R$ 58,30. Natura Ekos Refil Desodorante Colônia Frescor de Castanha, 150ml –Frescor de Castanha , frasco em PET 100% reciclado. Caminho olfativo: Adocicado Sensual. Preço sugerido: R$ 58,30. Natura Ekos Refil Desodo-

rante Colônia Frescor de Açaí, 150ml – Frescor de Açaí de frasco em PET 100% reciclado combina notas verdes e frescas com toques de frutas vermelhas e arroxeadas que prolongam o bem estar do banho por todo o dia. Caminho olfativo: frutal adocicado. Preço sugerido: R$ 58,30. Natura Ekos Refil Desodorante Colônia Frescor de Buriti, 150ml –Frescor de Buriti, frasco em PET 100% reciclado, traz a fragrância que combina notas amendoadas com óleos essenciais de Bergamota, Laranja Brasileira e Ylang Ylang.Caminho olfativo: Floral refrescante. Preço sugerido: R$ 58,30.

INDICAÇÃO DE LEITURA LEITURA

De Áreas Degradadas a Espaços Vegetados Se existe um déficit de áreas verdes, observa-se também um número crescente de áreas degradadas, sejam abandonadas, ociosas, subutilizadas ou residuais e que encontram-se em estado de deterioração do ponto de vista ambiental, sociocultural e econômico. Essas áreas possuem grande potencial para serem reutilizadas e reintegradas à cidade, por meio da criação de novos espaços livres, principalmente áreas verdes públicas, como parques, praças, corredores eco-

lógicos e caminhos verdes, revitalizando e requalificando “áreas mortas e desvalorizadas” das cidades, que resultam em melhoria urbanística e da qualidade de vida da população. De autoria da arquiteta Patrícia Sanches, formada e mestre na área de Paisagem e Ambiente pela Faculdade de Urbanismo da USP (FAU), a obra busca discutir como as áreas degradadas podem ser recuperadas de forma a melhorar as condições do ambiente e revitali-

zar a paisagem urbana, os critérios para definição de prioridades para o melhor uso dos recursos disponíveis, como tomar decisões apropriadas no trato dos espaços livres urbanos, entre outros temas. Traz, também, diversos exemplos de sucesso no mundo todo nesta temática. Título: De Áreas Degradadas a Espaços Vegetados Autora: Patrícia Mara Sanches Editora: Editora Senac, São Paulo Preço: R$ 59,00


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Como se compensa uma Árvore de 100 anos? Por Maria Emilia Schettini*

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As áreas urbanas têm se expandido mais que as populações urbanas. Entre os anos 2000 e 2030 a expectativa é que as áreas urbanas sejam triplicadas, enquanto a população urbana dobrará. Essa expansão exercerá forte pressão sobre os recursos naturais em escala global, através do aumento das áreas agrícolas e terão efeito sobre a biodiversidade e os serviços ambientais. Até o ano 2050, estima-se que 70% da população mundial viverão em áreas urbanas, com aumento do consumo de energia em 80% e da demanda por água em 55%. EM QUE ISSO NOS TOCA? Segundo o Inventário Ambiental, entre os anos de 1965 e 2003, Fortaleza perdeu quase 90% de sua cobertura vegetal. Vemos dia após dia a destruição do pouco que resta, sob as mais diversas justificativas e sempre em nome do progresso. O que antes era considerado essencial tornou-se empecilho e, ao lado desse fenômeno, vemos crescer um “mal” que se disseminou nos projetos arquitetônicos. Onde foram parar as árvores? Condomínio após condomínio, de prédios ou casas, varridas como se nunca tivessem existido, dão lugar a palmeiras e à praga exótica, tóxica e abortiva para a fauna chamada Nim. Surgem jardins assépticos como um shopping e com um consumo altíssimo de água tratada. Consumimos mais energia, geramos mais resíduos, aumentamos nossas emissões e destruímos o meio-ambiente. Árvores dão sombra, retêm água no solo, protegem os mananciais, favore-

cem a biodiversidade, sequestram carbono e tornam a cidade mais bonita. Existem movimentos mundiais, respaldados por estudos científicos, no sentido de proteger o que resta e restaurar o que foi destruído dos ecossistemas urbanos, em virtude das graves consequências percebidas e sofridas por causa de sua destruição, como enchentes, poluição atmosférica, aquecimento urbano, perda da qualidade de vida, doenças relacionadas ao estresse, entre outras. E que geram prejuízos financeiros altíssimos. A percepção das complexas relações entre economia, natureza e sociedade fez surgir no início dos anos 80 o conceito de desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento Sustentável é “aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade

das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” (Our Common Future, Gros Brundtland – 1987) e deve ser economicamente viável, socialmente justo, ambientalmente responsável e culturalmente aceito. Grandes metrópoles pelo mundo e no Brasil tomam iniciativas na direção do desenvolvimento sustentável e já colhem os frutos: diminuição das enxurradas, melhoria da qualidade urbana, da qualidade de vida da população, retorno da biodiversidade, alta valorização econômica do entorno das áreas verdes. Estamos caminhando na contramão do movimento mundial para detenção e reversão no processo de destruição global. Desprezamos nosso patrimônio ambiental como se preservação fosse assunto alheio, criamos leis que não só ratificam

como favorecem essa atitude. A compensação ambiental é a rota de fuga dos destruidores do meio-ambiente, sob as vistas grossas dos órgãos que deveriam determinar, cobrar e fiscalizar as ações. Plantam mudinhas de dois palmos, tiram a foto, dão as costas e vão embora. Como se compensa uma árvore de 100 anos? Rapidamente, nossas áreas verdes e arborização urbana vêm sendo devoradas pelo apetite voraz do que alguns chamam progresso. “O fascínio pelo progresso nos faz cegos para o apocalipse.” (Gunther Anders, filósofo alemão, 1957) * Maria Emilia Schettini é arquiteta, especialista em construções Sustentáveis e integrante do Movimento Pró-Árvore.


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