ANO VI - EDIÇÃO No 353 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 2 de setembro de 2014
Tião Santos EXCLUSIVA
conversa com o Estado Verde Em Fortaleza, protagonista do premiado filme Lixo Extraordinário, fala sobre meio ambiente, educação e o lixão de Gramacho. Ele está na Cidade para participar do Limpa Brasil! Págs. 5 e 6
PESCA ESPORTIVA
BIODIVERSIDADE
CSP: Os números são para comemorar
De US$ 4,86 bilhões do investimento total na obra da Companhia Siderúrgica do Pecém, um bi é para compensação ambiental. Págs. 7 e 8
Amiga do meio ambiente? Grupo vê que a prática do esporte, mesmo não parecendo, contribui com o meio ambiente.
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VERDE
Coluna Verde TARCILIA REGO
tarcilia_rego@terra.com.br
BIOCOMBUSTÍVEIS
A produção global aumentou quase 7% em 2013. Embora com as taxas menores do que a eletricidade renovável, o consumo de biocombustíveis nos transportes está aumentando e deve continuar crescendo pelos próximos cinco anos e serão 4% da energia dos transportes até 2019. No entanto, a incerteza sobre o apoio político para os biocombustíveis está aumentando tanto na União Europeia como nos Estados Unidos, diminuindo, assim, as expectativas para o crescimento da produção e de certa forma ameaçando o desenvolvimento da indústria de biocombustíveis. As projeções estão no relatório Medium-Term Renewable Energy Market Report 2013 que acompanha as tendências de médio prazo para o setor de energias renováveis publicado dia 28 de agosto pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). PIB: MARÉ NÃO TÁ PRA PEIXE Em relação ao 1O tri de 2014, indústria e serviços tiveram quedas. O PIB a preços de mercado apresentou queda de 0,6% na comparação do segundo trimestre de 2014 contra o primeiro trimestre do ano, na série com ajuste sazonal. A agropecuária teve variação de +0,2%, enquanto que a indústria (-1,5%) e os serviços (-0,5%) sofreram quedas no período. Dentre os subsetores que formam a Indústria, apenas a Extrativa mineral (ligada à cadeia de petróleo) registrou expansão: 3,2%. Indústria de Transformação (-2,4%), Construção civil (-2,9%) e Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-1,0%) apresentaram queda em relação ao trimestre anterior. RECESSÃO TÉCNICA Economistas já avaliam que o resultado configura-se como recessão técnica, afinal a economia está andando devagar. Contudo, o IBGE não concorda com o quadro. Para o instituto, a recessão se deve a uma sequência de dois trimestres seguidos de queda acima de 0,5%. Quando há dois trimestres com resultado negativo a leitura do mercado é de recessão técnica. No caso de três períodos consecutivos, aí é considerada recessão no sentido pleno. EDUCAÇÃO: CUIDAR DE QUEM CUIDA DA IMAGEM DO CANDIDATO Os candidatos devem ficar atentos ao contratar serviços e pessoas para as campanhas eleitorais. Na manhã do
Verde
dia 17/08, uma moto fazia propaganda eleitoral para um candidato ao governo do Estado e ao mesmo tempo causava tumulto no trânsito da Avenida Rui Barbosa ao trafegar lentamente, de forma incômoda, na faixa da esquerda. No cruzamento com a Avenida Antônio Sales, o farol fechou e ao ficar lado a lado com o motoqueiro, gentilmente, pedi que ele trafegasse na faixa da direita, pois estava atrapalhando o trânsito. Simplesmente ele me respondeu com um gesto obsceno. Ao meu lado, estava uma senhora de 89 anos. Restou-me seguir meu caminho, virei à esquerda na Antônio Sales e ele, seguiu em frente pela Rui Barbosa, fazendo, em minha opinião, exatamente o contrário daquilo para o qual fora contratado. Sexta (29/08) presenciei cena similar. Uma camionete fazendo propaganda política para um deputado federal, simplesmente, ficou na contramão para “furar a fila” dos veículos e entrar à direita na Rua Senador Almino, Praia de Iracema. Causou um tremendo tumulto e pouco se importou com as buzinas e xingamentos. Nessas horas quem sai perdendo é o candidato. Paga pela propaganda e perde pela falta de cidadania. É preciso treinar aqueles que divulgam a imagem dos candidatos. Reflexão: “É preciso entender que para se ter mais saúde e mais justiça, é preciso se ter um setor educacional forte. Uma educação forte, com um atendimento de saúde digno, mudam a face da cidade”. Antônio Ermírio de Moraes.
AGENDA VERDE DE 3 DE SETEMBRO DIA DO BIÓLOGO: SHOPPING CELEBRA O PROFISSIONAL
• Amanhã é o Dia do Biólogo, mas as comemorações já começaram hoje. O profissional que estuda todos os organismos vivos, analisa seres nos seus mais variados níveis de organização está sendo homenageado em evento no Shopping Benfica. O curso de Ciências Biológicas da UFC e o Núcleo de Regional de Ofiologia da UFC (Nurof/UFC) apresentam no centro de compras, hoje (02/09) e dia 03, exposição comemorativa ao profissional. A profissão foi regulamentada no País em 03 de setembro de 1979 (Lei 6.684), o que explica celebrar o profissional, neste dia. A pesquisa básica na área das Ciências Biológicas, atualmente, é realizada em grande parte por biólogos. Isso inclui técnicas aplicadas na medicina, no controle de pragas, e na preservação ambiental. Muitas universidades (federais, estaduais, particulares) e faculdades oferecem cursos de biologia em todo o Brasil. No evento que acontece no horário das 10h às 22h, serão exibidos materiais como esquemas dos crânios de serpentes, animais conservados em álcool, animais taxidermizados (processo antes conhecido empalhamento) e esqueletos. Os profissionais e alunos do curso, presentes à exposição, farão apresentação de equipamentos de manejos e irão informar as áreas de atuação do biólogo. O evento é gratuito. Mais informações: 3243-1000.
05 DE SETEMBRO DIA DA AMAZÔNIA
• A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e merece um dia em sua homenagem. A data é uma referência à criação da província do Amazonas em 05/09/1850, por Dom Pedro I. É um voltado para a conscientização da sociedade sobre a importância do bioma para o equilíbrio do meio ambiente no Brasil e do mundo. Detentora de ainda incalculável biodiversidade, a exploração dos recursos da Amazônia deve ser feita de forma sustentável, garantido o usufruto de todas as suas riquezas e belezas naturais não apenas para as gerações presentes, mas às futuras, também.
07 DE SETEMBRO INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
• No dia 7 de setembro de 1822, o príncipe regente dom Pedro, irritado com as exigências da corte, declarou oficialmente a separação política entre a colônia que governava e Portugal, proclamando assim, a Independência do Brasil.
5 DE SETEMBRO DIA INTERNACIONAL DA CARIDADE
• Proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2012. Segundo o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, “um dia para encorajar a caridade, nomeadamente através da educação e de atividades que contribuam para a sensibilização da sociedade”. O objetivo do dia é mobilizar a sociedade global para o papel da caridade no alívio às crises humanitárias e ao sofrimento humano em todo o mundo.
O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873
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VERDE
ENERGIA
Incerteza política ameaça desacelerar energia renovável “A entanto, quando elas estão se tornando uma opção com custo competitivo em um número crescente de casos, a política e as incertezas regulatórias crescem em alguns mercados-chaves. “Isto decorre de preocupações em torno dos custos de implantação das mesmas “, disse a diretora executiva da IEA, Maria van der Hoeven, para quem os governos devem estabelecer uma “distinção mais clara entre o passado, presente e futuro, como a queda dos custos ao longo do tempo”. “Muitas das energias limpas já não necessitam de altos níveis de incentivos. Em vez disso, dada a sua natureza de capital intensivo, as renováveis exigem um contexto de mercado que garante um retorno razoável e previsível para os investidores. Isto exige uma reflexão séria sobre projeto de mercado, necessário para alcançar um mix energético mundial mais sustentável”. O relatório observou que políticas e mercado de riscos ameaçam retardar o impulso de implantação. Por exemplo, em muitos mercados fora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), incluindo a China, as restrições incluem barreiras não econômicas, a ausência de medidas de integração de rede necessários, bem como o custo e a disponibilidade de financiamento. Na União Europeia (UE), as incertezas permanecem sobre a natureza exata do quadro político renováveis pós-2020 e da acumulação de fora de uma grade pan-
-europeu para facilitar a integração das energias renováveis variáveis. Pela primeira vez, o relatório anual fornece uma perspectiva de investimento de energia renovável. Até 2020, o investimento em nova capacidade de energia limpa é visto com média de mais de US$ 230 bilhões, anualmente. Isso é mais baixo do que a de cerca de USD 250 bilhões investidos em 2013. Segundo o documento, a queda decorre das expectativas de que os custos de investimento de unidade para algumas tecnologias, vão cair e que o crescimento da capacidade mundial vai desacelerar. “Com custos decrescentes, oportunidades competitivas estão se expandindo para algumas energias renováveis sob algumas condições específicas de cada país e quadros políticos”. O Brasil é citado como exemplo, no caso as plantas de gás natural, e o Chile que com os altos preços da eletricidade no atacado e altos níveis de irradiação abriram um novo mercado de energia solar não subsidiado.
BIOCOMBUSTÍVEIS A participação dos biocombustíveis nos transportes também está aumentando, embora a taxas menores do que a eletricidade proveniente das renováveis. No entanto incerteza sobre o apoio político para os biocombustíveis está aumentando na União Europeia e nos Estados Unidos, diminuindo as expectativas para o crescimento da produção e ameaçando o desenvolvimento da indústria de biocombustíveis avançados num momento em que as primeiras plantas comerciais estão apenas chegando online. SERVIÇO O download do resumo executivo do Medium – Term Renewable Energy Marker Report pode ser feito em: http:// www.iea.org/ Textbase/npsum/MTrenew2014SUM.pdf. IMAGENS: DIVULGAÇÃO
expansão das energias renováveis irá diminuir ao longo dos próximos cinco anos, a menos que a incerteza política diminua”. A Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) fez a afirmação dia 28 de agosto quando do lançamento da terceira edição anual do Medium – Term Renewable Energy Marker Report (Relatório do Mercado de Energia). De acordo com o relatório, a geração de energia a partir de fontes renováveis, como eólica, solar e hídrica cresceu fortemente em 2013, chegando a quase 22% da geração global, e foi a par com eletricidade a partir de gás, cuja geração manteve-se relativamente estável. A geração de energia renovável global vem subindo 45% e representará quase 26% da geração mundial de eletricidade até 2020, mas o crescimento anual no entanto, das novas energias pode abrandar e estabilizar a partir de 2014, “colocando as renováveis em risco de ficar aquém dos níveis absolutos de geração necessários para atender aos objetivos de mudanças climáticas globais”. O Medium – Term Renewable Energy Marker Report é parte de uma série de relatórios anuais que a AIE dedica a cada uma das principais fontes de energias primárias: petróleo, gás, carvão, energia renovável e - desde o ano passado - a eficiência energética. A energia renovável é uma parte necessária da segurança energética. No
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VERDE
MOBILIDADE HUMANA Candidatos debaterão o assunto hoje, na UFC
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o mês da mobilidade sociedade civil organizada mobiliza políticos para discutir o assunto. Candidatos aos cargos de deputado estadual, deputado federal e senador debaterão sobre suas propostas na área de Mobilidade Humana. O debate acontece hoje, terça-feira (2), às 19h, no Auditório da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC). O evento será conduzido pela Associação Ciclovida e marcará a abertura do Mês da Mobilidade de Fortaleza. O debate será composto por cinco blocos: O papel das instituições democráticas e dos mandatos na construção da mobilidade humana; As atuais políticas públicas de mobilidade; A participação popular na política de mobilidade; Bloco extra, para temas que surgirem no decorrer do debate; e Considerações finais. Quatro candidatos estão confirmados: João Alfredo (PSOL), Geovana Cartaxo (PSB), Arruda Bastos (PCdoB) e Júlio Brizzi (PDT).
Na ocasião, os candidatos formalizarão apoio à Carta de Compromisso com a Mobilidade Ciclística. O documento foi elaborado pela União de Ciclistas do Brasil (UCB) e é direcionada aos candidatos à Presidência da República. A entidade já conseguiu a assinatura do candidato Eduardo Jorge (PV). Para pressionar os demais candidatos à Presidência a aderir à Carta de Compromisso, a UCB busca o apoio de candidatos ao legislativo. O documento pode ser lido em: www. uniaodeciclistas.org.br/eleicoes2014/ MÊS DA MOBILIDADE Com o tema “Conviver: uma cidade para todos”, Fortaleza celebra durante setembro, o Mês da Mobilidade e contará com diversas atividades, gratuitas e distribuídas em diversas áreas da Cidade. O vídeo promocional do Mês da Mobilidade está disponível em: https://vimeo.com/104070782
CONFIRA PROGRAMAÇÃO DO MÊS DA MOBILIDADE Dia 02: Debate entre Candidatos, às 19h, no auditório da Reitoria da UFC. Dia 04: Dia de Bike ao Trabalho. Exibição de filmes, às 19h, no Porto Iracema. Dia 05: Exibição de filmes, às 19h, no Porto Iracema. Dia 06: Multa Moral, às 9h, concentração na Praça da Igreja Nossa Senhora da Aparecida. Dia 08: Sinalização das paradas de ônibus, às 15h, concentração no Shopping Varanda Mall. Dia 10: Bike Blitz, às 17h, na ciclovida da Av. Bezerra de Menezes. Dia 11: Dia de Bike ao Trabalho. Dia 13: Caminhada Lerha-Unifor, às 8h, concentração no estacionamento do Parque Rio Branco. Roda de Conversa com Renata Falzoni, João Paulo Amaral e Zé Lobo, às 18h, no auditório da Livraria Cultura. Dia 14: Escola Bike Anjo, às 8h30, na Praça Luiza Távora Oficina de Ideias Praça Itinerante, às 16h30, no Parklet Beira-Mar. Dia 17: Mostra Ladrilho sobre a história da Ciclovida, às 19h, no Ladrilho (Rua Torres Câmara, 770).
Dia 18: Dia de Bike ao Trabalho Exibição de filmes, às 13h, na Biblioteca do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Dia 20: Caminhada Lerha-Unifor, às 8h, concentração no Centro Cultural do BNB. Seminário Direitos Urbanos, às 14h30, no anfiteatro da Faculdade de Direito da UFC. Dia 21: Rua do Lazer, em local a ser definido. Dia 22: Dia Fortaleza Sem Carro Seminário Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gestão Pública e Desenvolvimento Urbano (NEPE-GPDU), às 9h, no Auditório Central da Uece. Dia 24: Bike Blitz, às 17h, na ciclovia da Av. Bezerra de Menezes.
Dia 23: Seminário Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gestão Pública e Desenvolvimento Urbano (NEPE-GPDU), às 9h, no Auditório Central da Uece. Desafio Intermodal, às 18h, concentração na Praça da Imprensa. Dia 25: Dia de Bike ao Trabalho. Dia 26: Projeto Fortaleza Acessível, às 14h30, no auditório da Faculdade de Arquitetura da UFC. Massa Crítica Fortaleza, às 18h30, concentração na Praça da Gentilândia. Dia 27: Projeto Walk Fortaleza, às 8h, concentração no Mercado dos Pinhões; I Papo Ciclovida, às 15h, no Centro Acadêmico Clóvis Beviláqua (CACB). Dia 28: Rota Turística de bicicleta, às 9h, concentração no Teatro José de Alencar Ciclo chique, às 16h30, em local a ser definido. Encerramento com samba, às 18h, no Parklet Beira-Mar.
PATRIMÔNIO JURÍDICO-AMBIENTAL DO BRASIL
Apesar da leniência dos brasileiros no cumprimento dos dispositivos contidos em nosso ordenamento legal, temos uma das melhores legislações ambientais do mundo. Se tivéssemos uma cultura de obediência às leis, certamente os problemas nessa área seriam muito poucos. Apresentamos a seguir algumas das leis mais importantes que garantem ao cidadão brasileiro um inestimável patrimônio jurídico que dá sustentação às ações de guarda e preservação de um dos mais ricos e exuberantes ecossistemas do planeta Terra.
Lei da Ação Civil Pública Lei no 7.347 de 24/07/1985. Lei de interesses difusos trata da ação civil publica de responsabilidades por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor e ao patrimônio artístico, turístico ou paisagístico. Já a lei no 7.802 de 10/07/1989 (Lei dos Agrotóxicos), regulamenta desde a pesquisa e fabricação dos agrotóxicos até sua comercialização, aplicação, controle, fiscalização e também o destino da embalagem. Exigências Impostas: Obrigatoriedade do receituário agronômico para venda de agrotóxicos ao consumidor; Registro de produtos nos Ministérios da Agricultura e da Saúde; Registro no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O descumprimento desta lei pode acarretar multas e reclusão.
relacionados com as atividades nucleares. Classifica como crime produzir, processar, fornecer, usar, importar ou exportar material sem autorização legal, extrair e comercializar ilegalmente minério nuclear, transmitir informações sigilosas neste setor, ou deixar de seguir normas de segurança relativas à instalação nuclear. Determina que se houver um acidente nuclear, a instituição autorizada a operar a instalação tem a responsabilidade civil pelo dano, independente da existência de culpa. Em caso de acidente nuclear não relacionado a qualquer operador, os danos serão assumidos pela União.
Lei da Área de Proteção Ambiental Lei no 6.902 de 27/04/1981. Esta importante lei criou as ‘Estações Ecológicas’, áreas representativas de ecossistemas brasileiros, sendo que 90% delas devem permanecer intocadas e 10% podem sofrer alterações para fins científicos. Foram criadas também as ‘Áreas de Proteção Ambiental’ ou APAS, áreas que podem conter propriedades privadas e onde o poder público limita as atividades econômicas para fins de proteção ambiental.
Lei de Crimes Ambientais A Lei no 9.605 de 12/02/1998 é uma diploma de suma importância para os brasileiros, sobretudo, feliz ou infelizmente, pelo viés penal que contém. Reordena a legislação ambiental brasileira no que se refere às infrações e punições. A pessoa jurídica, autora ou coautora da infração ambiental, pode ser apenada, chegando à liquidação da empresa, se ela tiver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. A punição pode ser extinta caso se comprove a recuperação do dano ambiental. As multas variam de R$ 50,00 (cinquenta reais) a R$ 50 milhões de reais. Para saber mais: www.ibama.gov.br
Lei das Atividades Nucleares Lei no 6.453 de 17/10/1977. Diploma legal que tem importância não apenas em nível nacional, mas tem repercussão internacional em razão do tema objeto da lei. Dispõe sobre a responsabilidade civil por danos nucleares e a responsabilidade criminal por atos
Lei da Engenharia Genética Lei no 8.974 de 05/01/1995. Diploma legal que estabelece normas para aplicação da engenharia genética, desde o cultivo, manipulação e transporte de organismos modificados (OGM), até a comercialização, consumo e liberação no meio ambiente. (Fonte: www.movieco.org.br)
JORNALISTA E ESCRITOR
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VERDE
ENTREVISTA
Tião Santos: maquiavélico do bem
[OeV] Toda essa visibilidade às questões ambientais e esse interesse em ser (ou parecer) “ecologicamente correto” traz benefícios para os catadores? [TS] Olha, traz benefícios para toda a sociedade. Cada garrafa PET coletada deixa de gerar impacto e passa a gerar emprego, trabalho, renda e economia, além de trazer benefícios ambientais e ajudar a promover uma sociedade mais sustentável. Um simples gesto pode trazer muita diferença. Quem separa o material reciclável, está reconhecendo a importância do trabalho do catador, que durante muito tempo foi deixado à margem da sociedade.
SHERYDA LOPES
oev@oestadoce.com.br
C
atador desde os 11 anos de idade, Tião Santos ganhou visibilidade após servir de modelo para uma das obras de Vik Muniz e protagonizar o documentário Lixo Extraordinário, também produzido pelo artista plástico. Atualmente, é presidente da Associação de Catadores de Material Reciclável do Jardim Gramacho (Rio de Janeiro), representante do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e coordenador Nacional de Logística do movimento Limpa Brasil Let’s do it! Hoje ele desembarca em Fortaleza para a divulgação do Limpa Brasil na Capital, movimento que propõe a participação direta da sociedade no processo de coleta seletiva. Em conversa com o Caderno O Estado Verde, Tião fala de questões ambientais e sobre lembranças de Gramacho, lixão onde trabalhou durante a maior parte da vida e onde batalhou junto aos colegas catadores por direitos e dignidade. [O ESTADO VERDE] Atualmente, muitos falam em questões ambientais. São empresas, candidatos… Como você vê essas posturas? Há sinceridade, na sua opinião? [TIÃO SANTOS] O que me deixa feliz é que há uma pressão da sociedade. Ela tem que fazer papel de fiscalizador para trazer ações concretas, porque há muito lobby e marketing envolvido. Discutir sustentabilidade é discutir a própria sobrevivência humana. É algo próximo de nós, que reflete diretamente o que fazemos. As pessoas não
percebem que está tudo interligado: a empresa que produz o frasco tem que se responsabilizar pelo impacto de seu produto, tem que saber onde aquele
frasco vai parar e tem que dar um destino adequado a ele. Enquanto não for assim, não vai passar de marketing ou de fala de deputado.
[OeV] Você comentou numa entrevista que o fechamento de Gramacho assustava, pois tinha dúvida a respeito da inclusão social dos catadores. Como estão os seus colegas, agora? [TS] Como a qualidade de vida dos catadores vai melhorar se nem a Coleta Seletiva é uma realidade? Se os galpões que deveriam ter sido construídos ainda não foram terminados? E mesmo que tivessem sido, a coleta seletiva não atinge nem 5% dos municípios do Brasil. Nem mesmo o Rio de Janeiro, que é a cidade maravilhosa, tem sistema de coleta seletiva. Tínhamos o lixão como nossa fonte de renda, mas hoje os resíduos estão sendo enterrado no aterro sanitário de Seropédica. Para ele chegar aos galpões de Gramacho é preciso que haja um planejamento que envolve tanto educação ambiental quanto logística reversa. É preciso educar crianças e adultos e tirar impostos que as cooperativas pagam. Brasileiro não gosta de planejamento, mas é preciso. A responsabilidade é do Governo, das empresas que geram resíduos... de todos. Todos nós somos responsáveis.
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VERDE trabalhando e que ficaram inválidos. Se não fosse a mobilização, não teríamos conseguido. O documentário Lixo Extraordinário e a influência do Vik também ajudaram muito. Viramos modelo para o Brasil todo, e agora todos os catadores de lixões querem indenização. Mas ainda não acabou. Ainda queremos creche, fábrica de beneficiamento entre outros direitos. E vamos conseguir. Nem que demore mais dez anos, mas nós vamos.
[OeV] Por que é importante que os catadores sejam ligados a associações e cooperativas? [TS] Porque só através da organização é que os trabalhadores conseguem alguma coisa. Com o fechamento de Gramacho, cada catador recebeu R$13.850. A indenização também contemplou catadores que tinham sofrido acidentes
[OeV] Teve algo que você encontrou no lixão e nunca esqueceu? [TS] Tive uma experiência boa e outra ruim. A ruim foi quando tinha uns 20 anos (estou com 35). Tinha acabado de ganhar minha primeira filha, estava no auge de ser pai, aquela alegria toda, sabe? Aí encontrei um menino, na verdade um recém-nascido morto no lixão.
DIVULGAÇÃO
Eram 1.707 catadores em Gramacho. Quando foi feito o diagnóstico antes do fechamento, 550 pessoas em idade produtiva disseram que queriam continuar na coleta seletiva. Foi construído um plano arquitetônico super bem-feito de quatro módulos de produção, mas hoje o que a gente recebe só dá para ocupar um. O que chega hoje para o pessoal trabalhar não é nem 1% do 1% de Gramacho. A grande maioria dos catadores está desempregada.
Obra de Vik Muniz produzida com material reciclável como matéria prima e Tião Santos como modelo
Aquilo me chocou muito. Já a boa foi quando encontrei um livro que mudou minha vida: O Príncipe, de Maquiavel. Eu tinha feito um curso de liderança numa ONG e estava super empolgado, querendo mudar o mundo. Aí, um dia, estava catando papel branco quando encontrei o volume. Sabe, eu acho uma grande injustiça dizer que Maquiavel é mau. Acho que o que ele ensina pode ser usado para o mal ou para o bem. Por exemplo: ele fala que para se voltar contra um rei ou uma situação é preciso esperar que o povo esteja insatisfeito, ou você vai lutar sozinho. Naquela época eu estava sozinho, mas esperei o momento certo e ele chegou. Considero-me um maquiavélico do bem. [OeV] Qual é o seu papel no movimento Limpa Brasil?
[TS] Além de ser porta voz dessa mensagem, sou organizador do movimento, cuido da logística reversa, sou mestre de cerimônia, garoto propaganda… Basicamente sou fundador e articulador do movimento aqui no Brasil. [OeV] Por que é importante a sociedade participar dessa limpeza? [TS] A população é fundamental. Do que adianta o município criar leis, proibir sujeira nas ruas, se a população não for educada? Para eu poder separar, tenho que ser educado. Tenho que participar. A ideia é que a cidade sinta que faz parte do ambiente. Ela tem que gostar tanto da cidade, do planeta, que vai cuidar deles. É como o que Vik fez comigo: hoje eu ando em museu, mas jamais gostaria de arte se não tivesse experimentado arte.
Limpa Brasil - Let’s do it! Chega a Fortaleza no dia 06 de setembro O movimento Limpa Brasil - Let’s do it! chega a Fortaleza no próximo dia 06 (sábado). É um movimento mundial de cidadania e cuidado com o meio ambiente, cujo objetivo é a conscientização em relação ao descarte correto do lixo. A iniciativa que começou no Brasil em 2010 e já passou por 19 cidades, Fortaleza é a 20a a receber o mutirão de recolhimento de material reciclável que acontece, das 8 horas
às 13 horas, em 36 locais, entre áreas públicas, escolas e supermercados. Os interessados poderão participar de duas formas: entregando o material reciclável de sua casa em qualquer ponto de entrega ou retirando num desses pontos um kit contendo um saco de 100 litros e luvas para coletar o material reciclável que estiver descartado incorretamente, na região da cidade que preferir.
Todo material reciclável recolhido será doado às cooperativas da cidade. Segundo a assessoria do Movimento na Capital, o material será entregue na sede da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Fortaleza e Região Metropolitana, que agrega 17 associações e aproximadamente 300 famílias. SERVIÇO: Limpa Brasil: www.limpabrasil.net
GRAMACHO
Antigo aterro tem projeto de aproveitamento energético do biogás Oficialmente, o Aterro Metropolitano de Gramacho mais conhecido como o “Lixão de Gramacho” foi definitivamente fechado em 2012. No dia 3 de junho, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, colocou o cadeado na entrada do complexo e anunciou o desafio da instalação no local de uma Usina de Biogás para transformar o lixo em energia limpa. O desafio virou realidade com o início das atividades da Usina de Biogás do aterro, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em junho de 2013. Instalada no antigo lixão, o maior da América Latina, a primeira usina de gás verde
do País vai atender à Refinaria Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras. Segundo matéria publicada dia 8 de junho de 2013, pela Agência Brasil, a usina tem capacidade para suprir 10% da demanda energética da Reduc, com uma produção anual de 70 milhões de metros cúbicos (m³) de gás verde. A obra durou quatro anos e teve investimentos de R$ 240 milhões, com parceria da Prefeitura do Rio e apoio da Petrobras. O biogás é gerado a partir da decomposição da matéria orgânica do aterro e em seguida é captado por 301 poços de coleta distribuídos na região. Depois, o
produto é transportado por tubulações até a usina de coleta e processamento, onde passa por várias etapas de purificação até atingir o padrão de qualidade exigido pelas especificações técnicas da Petrobras. Entre as vantagens do biogás estão a inibição de gás carbônico na natureza, as receitas geradas com créditos de carbono, além de benefícios para os municípios do Rio e de Duque de Caxias. O projeto de aproveitamento energético do biogás do Aterro Gramacho foi aprovado recentemente pela United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) e registrado em maio de 2013 para fins de cer-
tificação de créditos de carbono, que serão comercializadas no futuro. Durante 35 anos, Gramacho foi o principal destino de cerca de 80 milhões de toneladas de lixo do Rio de Janeiro e de municípios vizinhos. Às margens de um manguezal na Baía de Guanabara, o local foi uma fonte de trabalho para centenas de catadores. A partir do fechamento do lixão, os resíduos passaram a ser levados para a Central de Tratamento de Resíduos de Seropédica, na região metropolitana do Rio. Fontes: Agencia Brasil; Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro.
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VERDE
CSP: Os números são para comemorar
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BIODIVERSIDADE
Do investimento total na obra da Companhia Siderúrgica do Pecém, da ordem de US$ 4,86 bilhões, 25% dos recursos, um bi, está direcionado para questões ambientais POR TARCILIA REGO tarciliarego@oestadoce.com.br
em uma confraternização interna, dia 27 de agosto, no Pecém.
ssim como o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) de atividades potencialmente poluidoras são premissas para o licenciamento de um empreendimento, as ações mitigadoras ou compensatórias, também são. Por isso, o compromisso da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) na recuperação de 206 hectares da Estação Ecológica do Pecém, 191 hectares da área interna do site e mais 15 hectares da Lagoa do Bolso, totalizando 412 hectares resultou em números grandiosos e
RESULTADOS O trabalho e os resultados alcançados, foram reconhecidos com a entrega de diplomas aos envolvidos no projeto. A CSP entregou 20 certificados nominais, sendo 13 para colaboradores e sete para técnicos da Verde Vida Engenharia Ambiental, pela participação de cada um no plantio de enriquecimento da flora. O balanço final das atividades de compensação ambiental, aponta 89 espécies da fauna e 90 da flora identificadas, 320.969 mudas de espécies nativas plantadas, 640.199 sementes de 43 espécies coletadas e 5.254 ani-
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mais resgatados durante o processo de supressão vegetal na área em que está sendo construída a usina, além de treinamento sobre educação ambiental para 1.056 estudantes de 103 turmas de universidades e escolas da região. De acordo com a assessoria da CSP, com relação ao resgate dos animais, o processo “foi feito com absoluto cuidado por um biólogo da equipe de especialistas que esteve à frente dos trabalhos” e após avaliações médicas, identificações taxonômicas, elaboração de um banco de dados e coletas de dados biométricos e microchipagem, os animais foram devolvidos à natureza na Unidade de Conservação (UC) Estação Ecológica do Pecém, a fim de evitar a superpopulação
de animais. A captura deu-se a partir das características e hábitos de cada espécie. ESPÉCIES Dentre as avaliações destaque para a microchipagem. “Esta medida foi importantíssima por armazenar informações como peso, estado clínico e sexo de cada espécie, vindo a contribuir posteriormente, caso o animal seja recapturado em seu novo habitat”, conforme o livro, “Fazendo o certo da maneira certa”, a obra publicada pela CSP que registra o resultado das ações mitigadoras conforme o EIA/Rima. “Na relação dos animais resgatados estão o felino gato do mato, jiboia, s lacraias, escorpiões, jacu, rolinha, raposa, tejuaçu, iguana e cassaco”.
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1 BILHÃO PARA O MEIO AMBIENTE Do investimento total na obra da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), da ordem de US$ 4,86 bilhões, 25% dos recursos, ou seja um bilhão, está direcionado para questões ambientais, que também incluem equipamentos para controle e monitoramento das emissões atmosféricas, lançamentos de efluentes e gerenciamento de resíduos. Quando em funcionamento, a CSP trará aumento de 48% no PIB industrial no Estado.
DIVULGAÇÃO / CSP
BANCO DE SEMENTES Nos últimos três anos, a equipe de técnicos da CSP realizou ainda atividades como a coleta e beneficiamento de sementes, produção de mudas no viveiro, preparo de área no campo, plantio de mudas no campo, tratos silviculturais, educação ambiental, conscientização junto à população do entorno, principalmente proprietários vizinhos da Estação Ecológica do Pecém, entre outras. “O trabalho minucioso possibilitou também identificar várias espécies raras, endêmicas e consideradas ameaçadas de extinção da flora, a exemplo da Gonçalo Alves (Astronium fraxinifolium), Oiticica-brava (Parinari campestris), Batiputa (Ourateafieldingiana), Cajarana-brava (Ormosia fastigiata), Mangue-bravo (Humiria balsamifera) e Embiridiba
(Buchenavia tetraphylla)”. A Companhia Siderúrgica, entregou ao Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam) um Banco de Sementes, que segundo o biólogo, Carlos Henrique do Conpam, do Parque Botânico de Caucaia não chega a ser um Banco de Germoplasma , mas é “um excelente trabalho, muito bom e importante, pois as sementes coletadas no campo duram pouco, com o banco, terão mais durabilidade e vão servir como fonte de regeneração de áreas degradadas”, explica o biólogo. A CSP mantém uma área verde dentro da planta da siderúrgica com manutenção de espécies in situ. “É uma área que não será utilizada no curto prazo, está sendo preservada. Temos identificadas 56 matrizes ‘porta sementes’ de 28 espécies nativas da região de tabuleiros e que podem fornecer sementes para projetos de recuperação de áreas que necessitem de recuperação”, esclarece a assessoria do complexo siderúrgico.
Marcelo Baltazar (CSP) e Raimundo Gonçalves (Verde Vida) cercam Antonio Marques Correia, que recebeu certificado pela participação no plantio de enriquecimento da flora. A confraternização interna, reunindo colaboradores da CSP e técnicos envolvidos nas atividades aconteceu na última quarta, no Pecém
5.254 animais foram resgatados no processo de supressão vegetal na área DIVULGAÇÃO / CSP
Com a implantação do empreendimento, por um curto período de tempo houve redução do habitat natural de espécies, mas que logo foi evitada, devido à três fatores de mitigação prontamente aplicados pelos técnicos da empresa: monitoramento de fauna; destinação dos animais a áreas preservadas e rápido início da reposição florestal. “O projeto apresentado pela Companhia, é uma exigência da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e contemplou o monitoramento, com medições e acompanhamento de animais com chip. Desde o início do trabalho, em 2010, não há registro de perecimento da fauna local” esclareceu a assessoria de comunicação.
DIVULGAÇÃO / CSP
VERDE
1.056 estudantes participaram de ações de eduação ambiental
DICIONÁRIO ESTADO VERDE Estação Ecológica do Pecém: É um laboratório vivo para pesquisas científicas onde poderão ser encontradas espécies bioindicadoras do estado vital do ecossistema e como uma área de interfase do desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém e de corredor ecológico para as Unidades de Conservação Apa do Lagamar do Cauípe e Apa do Pecém, considerando sua situação geográfica entre essas duas Apas’s. Declarada área de utilidade pública para fins de desapropriação pelo Decreto Estadual nº 25.708, de 17/12/1999, faz parte do Plano Diretor do Complexo Industrial – Portuário do Pecém (CIPP). Gato do mato (Leopardus Tigrinus): Segundo o ICMBio tem ocorrência ampla no Brasil, e é a menor espécie de
felino encontrada em terras brasileiras, além de uma das mais conhecidas. Com porte semelhante ao gato doméstico, tem tamanho médio de 49,1 cm , pesa de 1,5 a 3,5 kg e tem cauda longa. Impacto ambiental: Segundo legislação brasileira considera-se “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e V - a qualidade dos recursos ambientais”. *Com informações da CSP.
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PESCA ESPORTIVA
Prática contribui com o meio ambiente, afirma Apeece
No esporte, a captura é feita para a fotografia. Em seguida, o animal é devolvido à água. Movimento acredita que trata-se de uma forma de combater a pesca predatória
Associação tem levantado pautas ambientais em suas reuniões
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nquanto ambientalistas lutam para que a pesca predatória acabe, cessando assim os impactos que essa prática causa, um grupo que vê na pesca um esporte, busca associar à prática um modo que acredita ser mais sustentável de vivenciá-la. Trata-se de pescar, fotografar e em seguida, libertar o peixe em perfeito estado de sobrevivência, evitando a matança. É o que defende o presidente da Associação de Pesca Esportiva do Estado do Ceará (Apeece), Daniel Coêlho. Segundo Coêlho, a preservação das espécies é o principal objetivo da Apeece. “Trabalhamos na educação e no respeito com a natureza e a pesca esportiva preserva o peixe dando assim oportunidade de outro pescador em outra oportunidade fazer o mesmo. Com isso, a espécie procria”, afirma. Além da questão ambiental que diz respeito à preservação dos peixes, dar visibilidade e preservar o açude Castanhão, o maior do Ceará, também está entre os objetivos da pesca esportiva realizada pelos associados pela Apeece.
“Temos o exemplo do tucunaré, no Açude Castanhão, em Jaguaribara. Lá já foi pegue um exemplar recorde do estado, pesando 11 quilos e 800 gramas, pelo associado Rômulo Patrick, em 2012. Com a pesca predatória, dificilmente pegamos peixes acima de 7 quilos, pois a matança acaba tanto com o pequeno peixe quanto com os maiores”, diz. Segundo Coêlho, a pesca predatória levou o tucunaré a sumir dos açudes de Orós e Banabuiú, e se a fiscalização não for eficiente para impedir a pesca predatória, o mesmo pode acontecer no Castanhão. ECONOMIA Para Coêlho, a movimentação em torno da prática da pesca esportiva contribui para movimentar a economia dos municípios onde ocorre, pois envolve a utilização de recursos turísticos como a rede hoteleira local, bares e restaurantes, além de dar visibilidade aos locais visitados pelos pescadores. Os praticantes também costumam alugar barcos e comprar equipamentos de pesca, injetando mais dinheiro no comércio local.
Mucuripe. O próximo encontro está marcado para hoje, às 19h. No dia 23 de agosto a Apeece realizou o V Circuito Apeece de Pesca Esportiva do Ceará, no município de Fortim, no Rio Pirangi. O evento teve a participação de 11 equipes, compostas por até três pescadores cada, totalizando 33 pescadores esportivos no evento. Cada equipe recebeu uma tábua de medição para verificar o tamanho dos peixes capturados. Cada centímetro dos animais valem um ponto e são verificados os tamanhos dos cinco maiores peixes em toda a prova. A equipe que acumular a maior quantidade de pontos vence. Também há uma bonificação para quem capturar os três maiores peixes.
PESCA PREDATÓRIA DIVULGAÇÃO
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Questionado pela reportagem do Caderno O Estado Verde se o mais digno para o peixe não seria ser destinado para a alimentação ao invés de capturá-lo por esporte, Coêlho ressaltou que a principal vantagem da pesca esportiva é a preservação das espécies, ao contrário do que ocorre na pesca predatória. Ele defende ainda que a extinção das espécies pode, inclusive, prejudicar a economia dos municípios, já que os pescadores deixariam de utilizar os serviços locais. “Os associados da Apeece reúnem-se mensalmente para discutir pautas da Associação, inclusive, questões ambientais”, informa. As reuniões ocorrem na sede do Iate Clube, que fica na avenida Abolição, 4813, no bairro
A pesca predatória é aquela que retira do meio ambiente mais do que ele consegue repor. A pesca em larga escala, bem como a sobrepesca, causam a perda da capacidade de recuperação do estoque pesqueiro, afetando, não somente os animais que se reproduzem na fauna aquática, como também, as comunidades que dependem da pesca para a sobrevivência. A pesca predatória reduz o potencial pesqueiro impactando sobre as dimensões ecológicas, econômicas e sociais da atividade. Existem várias modalidades de pesca
predatória: pesca com bomba, com rede de malha fina, pesca de camarão com rede de arrasto, pesca de lagosta com redes, pesca com cloro, água sanitária ou venenos, pesca seletiva com descarte, de compressor, entre outras. É importante ter a consciência de que esse tipo de pesca além de prejudicial ao meio ambiente e proibida por lei. De acordo com o Instituto Chico Mendes (ICMBio), a multa para a exploração indevida na atividade pesqueira pode variar de acordo com a modalidade de pesca exercida, mas o valor vai de R$ 500,00 até R$ 100.000,00.
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TECNOLOGIA
Chega ao Brasil, máquina que transforma ar em água POR TARCILIA REGO
tarciliarego@oestadoce.com.br
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m tempos de escassez de água, até mesmo em São Paulo, a tecnologia parece muito boa. A Ecomart apresentou, na Expo Arquitetura Sustentável, que aconteceu de 26 a 28 de agosto em São Paulo, a Aozow, máquina que produz água potável a partir da atmosfera por meio do processo de condensação. Na prática, a Aozow precisa apenas de energia elétrica para gerar água potável fria ou quente (80ºC) para consumo imediato. A água é produzida, armazenada e purificada por filtros, que esterilizam e eliminam impurezas nocivas à saúde. Fabricada na China onde já é muito conhecida e faz sucesso, como em vários outros lugares mundo afora, a máquina consegue produzir até 12 litros de água em 24 horas com uma umidade relativa do ar de apenas 40%. Com 90% de umidade o índice chega a 34 litros. Segundo o Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef), menos da metade da população mundial tem acesso à água potável. Segundo o técnico de engenharia do Grupo Inbrasmec , Ricardo Biffe, a empresa responsável por trazer a tecnologia para o Brasil, “de 500 pessoas que mostraram interesse pela máquina durante a Expo Arquitetura Sustentável, 99% estão interessadas na funcionalidade da mesma e desejam comprar a nova máquina que estará sendo comercializada no mercado brasileiro a partir de dezembro deste ano”. Ainda estão sendo tratadas alguns itens pertinentes à questões de licenciamento ambiental. A Ecomart é responsável pela comercialização do novo produto http://www.ecomart.com.br/. De acordo com Biffe, a tecnologia tem um uso bem amplo, podendo ser útil em residências ou em locais com maior
demanda. Mas, principalmente, “o sistema é ideal para áreas que enfrentam problemas com o fornecimento de água. Fortaleza, por exemplo, que apesar da pouca precipitação de chuva, apresenta umidade relativa do ar, alta”, explica. A máquina necessita apenas de eletricidade para gerar água potável fria ou quente, em temperatura que vai até 80ºC. A produção é automática e feita através de um microcomputador interno. O sistema calcula a umidade do ar, a temperatura e então produz água. Toda a produção é filtrada, para que sejam retiradas todas as impurezas. “Com relação à filtragem, passa por três etapas: filtragem do ar; separação do ar e da água e o processo de filtragem da água”, esclarece o técnico. De acordo com a empresa, a capacidade varia de acordo com os níveis de umidade do ar. Assim sendo, com a umidade relativa em 40%, a Aozow con-
segue produzir 12 litros de água potável em 24 horas. Quando a umidade sobre para 90%, a máquina chega a produzir diariamente 34 litros. UM EXEMPLO DA ITÁLIA O arquiteto italiano Arturo Vittori
criou a WarkaWater, uma torre que capta o vapor de água atmosférico e o transforma em água própria para o consumo. A ideia deu tão certo, que ele já desenvolveu uma versão melhorada do modelo. O sistema não consiste em alta tecnologia. Pelo contrário, ele é tão simples que pode ser replicado em qualquer lugar. O melhor é que, além de ser eficiente, o WarkaWater, nas duas versões, é bonito, assemelhando-se a uma grande escultura. O projeto foi pensado para ajudar comunidades que sofrem com a falta de água na Etiópia. Apesar de ainda não terem sido instalados no continente africano, os arquitetos já providenciaram a construção de um protótipo do WarkaWater2 no Instituto Italiano de Cultura e pretendem levá-lo para a Etiópia já em 2015. A base da torre é modular, feita em bambu ou talos de juncus. Internamente elas são forradas com uma malha plástica, semelhante aos sacos usados no transporte de frutas e legumes. As fibras de nylon e polipropileno ajudam a captar as gotículas do orvalho e quando a água escorre, fica armazenada em uma bacia, instalada na parte inferior da torre. DIVULGAÇÃO
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Na China ela já é uma velha conhecida, mas por aqui é novidade pura. A Aozow poderá ser muito útil em tempos de seca precisa apenas de ar e energia
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JOGUE LIMPO
INDICAÇÃO DE LEITURA
Ritmos da natureza
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Programa implanta logística reversa de embalagens plásticas de lubrificantes no Ceará
H
oje (02), a partir das 10h, no posto JG da Av. Engenheiro Antônio Ferreira Antero, nº 455, bairro Cocó – Fortaleza, ocorrerá o Lançamento das Operações do Jogue Limpo no Ceará. A ação é decorrente da assinatura do Termo de Compromisso Estadual para a Logística Reversa de Embalagens Plásticas de Lubrificantes no Estado, firmado entre a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e o Programa Jogue Limpo, em novembro de 2013. Com a homologação do termo, a Semace, órgão ambiental estadual que licencia atividades de postos de revenda de combustíveis e derivados de petróleo, irá monitorar a efetivação do sistema em municípios do Estado atingidos pelo Programa, que tem como objetivo implantar a logística reversa nas empresas do setor de lubrificantes. Fabricantes, importadores e distribuidores de lubrificantes passarão a assumir responsabilidade compartilhada pelo recolhimento e destinação final dos resíduos de seus produtos, independente dos sistemas públicos de limpeza urbana. O Jogue Limpo é um sistema de logística reversa de embalagens plásticas de lubrificantes usadas disponibilizadas pelos fabricantes de lubrificantes. O recebimento é feito, sem ônus para os pontos cadastrados, postos de combustíveis e concessionárias de veículos, e as embalagens são destinadas de forma ambientalmente correta para recicladoras licenciadas e aprovadas pelo Jogue Limpo. O segmento de lubrificantes foi o primeiro a assinar o Acordo Setorial com o Ministério do
Meio Ambiente (MMA) para atendimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos. No Ceará, a homologação do termo entre a Semace e o Jogue Limpo tem como objetivo contribuir para a redução de resíduos sólidos e perigosos no Estado. O documento foi assinado com o Sindicato da Revenda de Combustíveis do Ceará, parceiro do Jogue Limpo. “Estamos iniciando nossas operações através da nossa central na região metropolitana de Fortaleza, e a previsão é atender ainda em 2014 o mínimo de 46 municípios conforme compromisso assinado com a Semace. A expectativa é de receber até o final do ano cinco toneladas de plástico o que equivale a 100.000 embalagens a serem recicladas”, disse o consultor do Programa Jogue Limpo, Mauricio Séllos. Ainda de acordo com o consultor, desde o início do Programa em 2005, já foram encaminhadas à reciclagem mais 300.000.000 embalagens equivalentes de um litro. “Esta marca excepcional foi atingida em agosto deste ano e que equivale ter sido retirado do meio ambiente a área de 20 Baías da Guanabara”, destaca Séllos. Saiba mais sobre o Programa Jogue Limpo: www.programajoguelimpo.com.br SERVIÇO: Lançamento das Operações do Jogue Limpo no Ceará com participação da Semace Local: Posto JG da Av. Engenheiro Antônio Ferreira Antero, nO 455, Bairro Cocó Data: 02 de setembro de 2014, (terça-feira), Horário: 10 horas
Nos dias de hoje, problemas como poluição e escassez de recursos naturais essenciais, o aquecimento global e suas consequências já são uma realidade na consciência da maior parte das pessoas. O paradigma moderno de consumo e competição aprisionou a sociedade humana o que torna difícil pensar soluções. Mas através de sua obra, lançada no último dia 29 de agosto, na Livraria da Travessa, em Ipanema, Rio de Janeiro, Marcelo Savi ajudará o leitor a compreender essa e outras propriedades de muitos sistemas e ritmos que fazem parte do nosso quotidiano. “Este texto pretende se aventurar a apresentar uma maneira de ver a natureza, inserindo nossas vidas como uma parte dela”. SOBRE O AUTOR Marcelo Amorim Savi é doutor em engenharia mecânica. Atualmente, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Departamento de Engenharia Mecânica, Coppe/ Escola Politécnica) onde desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão. Título: Ritmos da natureza Autor: Marcelo Amorim Savi Editora: E-papers Páginas: 76 Ano: 2014 1a edição
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Sobre vampiros e angelins-pedra POR JÚLIA MANTA*
O
espaço neste caderno não é destinado à críticas de cinema. Mas outro dia fui assistir um filme de Jim Jarmusch, Amantes Eternos, que de alguma maneira me tocou, reverberou em mim. Os protagonistas são um casal de vampiros, cujo amor um pelo outro perpassa as eras, pois como todos sabem, vampiros vivem muito. Embalado por uma trilha sonora hipnotizante, o filme trata do momento atual da vida desse casal de vampiros, apreciadores e conhecedores da arte através dos tempos. Existencialistas, seguem, ela mais otimista e ele mais melancólico, questionando os percursos do mundo, da cultura, e dos seres humanos, por eles denominados de zumbis. Adam e Eve, o casal de vampiros, tratam as plantas por suas alcunhas taxonômicas, admiram-nas, conversam com elas. Um bocado de Amanita muscaria, cogumelos vermelhos, chamam a atenção de Eve, por estarem brotando fora da época. Fruto das mudanças climáticas, constatam. “Já começaram a guerra pela água?”, Adam pergunta a Eve. “Estão começando agora”, ela responde. Zumbis, salvo raras exceções, só destroem, não tem senso do belo, usurpam o planeta. O filme me fez pensar no amor, nas distâncias e nas árvores. Saindo do cinema, ao som dos assobios dos ventos de agosto, meus pensamentos seguiram voando pela cidade, refletindo, em livres associações. Admirei a bela oiticica (Licania tomentosa) do estacionamento do Dragão, de como há um ano atrás ela era perfeita, e agora estava meio castigada. Reportei-me às frondosas oiticicas da Av. Barão de Studart, tão belas. Lembrei do Cocó, da luta em prol
do mangue, da violência descomunal à resistência; das ninféias, tão lindas na trilha, que foram retiradas do lago sem razão; da área de relevante interesse ecológico, sob a espreita e violação constan-
te das sedentas construtoras. E ainda a ponte estaiada, o que dizer mais? Lembrei-me da tarde azul na Praça do Ferreira, dos pau-brancos (Cordia oncocalyx), caraúbas (Tabebuia áurea) e ipês
roxos (Handroanthus impetiginosus) floridos. Nesse vai e vem cotidiano, as pessoas notam as estações na cidade? Tentei mais uma vez entender o descaso, o ódio, dos “zumbis”, principalmente os que detém o poder público, pelas árvores. Como é possível estarmos sob o mesmo teto de ozônio e alguns agirem de forma tão gananciosa e inconsequente, prejudicando todos os demais seres vivos do planeta? Quanta inocência a minha. Senti doer o peito ao lembrar dos transplantes das árvores das avenidas Dom Luis e Santos Dumont, das árvores da Bezerra de Menezes, que serão cortadas. Meus olhos se encheram de lágrimas só de pensar em algum dia, por uma estúpida empreitada urbanística qualquer, sob a máscara de benfeitoria na mobilidade urbana da cidade, inventarem de cortar os oitis que restam da Dom Manoel, Santos Dumont, Monsenhor Bruno, cujas copas que balançam mansas, tanto me embalam a vista e a alma. Voei então mais longe, foi ao coração da mata, de quando conhecemos um angelim-pedra (Hymenolobium petraeum Ducke) na floresta amazônica. Majestoso, ali fincado como uma rocha, tão poderoso e ao mesmo tempo tão vulnerável ao vil metal. Este exemplar de porte gigantesco, quantas mudanças no clima e na história já não presenciou, ali permanecendo generosamente, silenciosamente? A noite estava tranquila na desértica Fortaleza e eu a me perguntar até quando a vertiginosa batalha anti-natureza daria lugar à lenta serenidade que respeita e acolhe o tempo dos cios, dos ciclos e regalos do planeta. *Integrante do Movimento Pró-Árvore