ANO VI - EDIÇÃO No 362 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 4 de novembro de 2014
CONSUMO
FOTO: ONU/AMANDA VOISARD
Pense duas vezes antes de comprar! FOTO: DIVULGAÇÃO
É possível trazer mais sustentabilidade para a sua vida e para dentro de sua casa. MUDANÇAS CLIMÁTICAS Saiba como as atitudes simples ajudam na hora de consumir e podem contribuir Na corrida do para um meio ambiente mais saudável e sustentável. Páginas 5, 6 e 7
clima, o tempo não está do nosso lado
A influência humana sobre a temperatura do planeta é “clara e crescente”, alerta a ONU. Chega de retórica, a hora é de cortar 40% das emissões. Se a mudança climática não for controlada, os impactos mais severos, generalizados e irreversíveis irão aumentar sobre as pessoas e os ecossistemas. Página 3
TECNOLOGIA SOCIAL
Reconhecido Cabra Nossa de Cada Dia
Nascido “da cabeça” de um agricultor de comunidade rural São Francisco, em Sobral, projeto certificado pela Fundação BB, combate a pobreza, a miséria e a mortalidade infantil e já salvou milhares de crianças.
Páginas 9 e 10
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VERDE
Coluna Verde TARCILIA REGO tarcilia_rego@terra.com.br
MUDANÇA CLIMÁTICA E SEGURANÇA SANITÁRIA Segundo a ONU, a propagação, nos últimos anos, de doenças infecciosas como a malária, a chikungunya e mesmo o ebola são exemplos de como a mudança climática ameaça a segurança sanitária mundial. Para o diretor executivo do Conselho de Administração do Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, em muitas partes do mundo se verá a volta ou a chegada de doenças que, simplesmente, não tinham sido notificadas antes, devido às altas temperaturas. Steiner destacou que esse fato afetará a infraestrutura sanitária e o sistema de saúde e, em última instância, a saúde e o bem-estar de cada uma das populações do planeta. Steiner, disse ainda, outro efeito da mudança climática na saúde é a contaminação, uma vez que a emissão de dióxido de carbono e outros produtos causa, atualmente, a morte prematura de aproximadamente 7 milhões de pessoas a cada ano, no mundo. POBREZA A Oxfam – organização não governamental que desenvolve campanhas e programas de combate à pobreza em todo o mundo – acaba de divulgar relatório informando que, cada ano, cem milhões de pessoas são levadas à pobreza porque são obrigadas a pagar por serviços de saúde. O estudo sugere, para diminuir a distância entre os mais ricos e os mais pobres, investimento em serviços públicos gratuitos, principalmente, nas áreas de saúde e educação. PROIBIDO DESCARTAR LIXO NAS RUAS Tramita em fase conclusiva, na Câmara Federal, proposta que reforça a proibição de descarte de lixo em locais públicos. A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável aprovou texto original da deputada Liliam Sá (Pros-RJ), previa uma lei para proibir as pessoas de jogarem lixo em praias, rios, rodovias, ruas e praças. O texto também autorizava as prefeituras a estabelecerem multa para quem descumprisse a determinação. Parte dessa proposta já consta da lei que criou a PNRS ou Lei de Resíduos Sólidos. A Comissão alterou a legislação atual para reforçar a ideia de que é proibido o descarte de resíduos em ruas, praças, parques, áreas protegidas e demais logradouros públicos. A deputada Maria Lucia Prandi (PT-SP) votou contra, argumenta que as proibições já estão presentes na PNRS. Daqui pra frente basta campanhas de conscientização junto à população e mais rigor na fiscaliza-
Verde
ção por parte das prefeituras. Ela tem razão. ESTUDANTE EMPREENDEDOR Projeto de um aluno da Fanor | DeVry foi selecionado entre os 150 melhores dos mais de 20 mil projetos inscritos, na 10º edição do Prêmio Santander Empreendedorismo 2014. Eleandro da Silva Teixeira, que cursa o 4º semestre de Administração, desenvolveu o Projeto da Oportunidade Empreendedora, “Água salobra e a população do Semiárido brasileiro: uma solução ao alcance de todos”, com o auxilio do professor Silvio Norton. O mesmo projeto, que foca sustentabilidade e empreendedorismo, também foi selecionado pelo júri popular e ficou entre os 45 semifinalistas. Eleandro pretende tocar o projeto. PRÊMIO QUALIDADE DO AR 2014 Vem aí, o Prêmio Melhoria da Qualidade do Ar 2014. A Federação dos Transportes – Cepimar promove mais uma edição do Prêmio, dia 26/11, na Casa José de Alencar, em Fortaleza 28 empresas de transporte de passageiros e de cargas disputam o Qualidade do Ar. O Destaque Ambiental deste ano vai para a diretora de Controle e Proteção Ambiental, Magda Kokay Farias, da Semace, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados. Estarei lá.
AGENDA VERDE DE 6 A 7 DE NOVEMBRO IX SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE LOGÍSTICA
• Fortaleza vai receber o IX Seminário Internacional de Logística. O encontro, que será realizado de 6 a 7 de novembro, no Centro de Eventos, em Fortaleza, espera contribuir para expansão do comércio internacional. O encontro será voltado para profissionais, empresas, estudantes de Comércio Exterior, Logística e Administração.
DIA 09 DE NOVEMBRO IRONMAN BRASIL – FORTALEZA
• Fortaleza receberá a segunda edição do circuito Ironman no Brasil. Os atletas da modalidade de triathlon de longas distâncias enfrentarão percurso de 3.8 km de natação, 180.2 km de ciclismo e 42.2 km de corrida. O maior evento de triathlon do mundo acontecerá na Praia de Iracema, acesso pelo número 400 da Avenida Presidente Castelo Branco, com largada prevista para 06h00min.
05 DE NOVEMBRO DIA DA CULTURA E DA CIÊNCIA
• Inspirando-se no nascimento do abolicionista Ruy Barbosa, o Brasil comemora o Dia da Cultura e da Ciência. A data foi institucionalizada em 15 de maio de 1970 com a Lei nº 5.579 e tem como objetivo estimular a produção de conhecimento científico e expressões culturais em todo o país. Cultura é o conjunto de costumes, tradições, conhecimentos, instituições e valores partilhados por determinado grupo social que seguem um padrão. Ciência (do latim scientia, significando “conhecimento”) refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemática.
06 DE NOVEMBRO DIA INTERNACIONAL PARA A PREVENÇÃO DA EXPLORAÇÃO DO MEIO AMBIENTE EM TEMPOS DE GUERRA E CONFLITO ARMADO 08 DE NOVEMBRO DIA MUNDIAL DO URBANISMO
• O Urbanismo é um campo do conhecimento que têm como objetivo criar condições satisfatórias e ordenadas de vida nos centros urbanos, de acordo com as necessidades humanas, como: meios de locomoção, moradias, lazer, criação de áreas verdes, dentre outras. O termo surgiu no final do século XIX em consequência da Revolução Industrial que levou as cidades a ficarem saturadas e insalubres, fazendo surgir as demandas de intervenções, o que resultou no surgimento do campo de estudo do Urbanismo. A data foi decretada pela Organización Internacional Del dia Mundial Del Urbanismo, fundada em 1949, em Buenos Aires – Argentina, pelo professor Carlos Maria Della Paolera, da Universidade de Buenos Aires.
Reflexão: É preciso repensar os hábitos de consumo e de descarte. Lixo na rua entope bueiro, reciclado movimenta a economia.
O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Rafael F. Gomes. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Jessica Fortes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873
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VERDE
IRREVERSÍVEL
Chega de retórica a hora é de cortar 40% das emissões
Se a mudança climática não for controlada, a probabilidade de impactos severos, generalizados e irreversíveis vai aumentar. “Tempo não está do nosso lado” POR TARCILIA REGO
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elatório Síntese (SYR, sigla em inglês) fica pronto e Organização das Nações Unidas (ONU) avisa que mudança climática pode ser “irreversível” em curto prazo. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) esteve reunido, entre os dias 27 e 31 de outubro em Copenhague, na Dinamarca, para a elaboração do relatório-síntese do Quinto Relatório de Avaliação, também conhecido abreviadamente como 5º Relatório do IPCC. O Painel elaborou o resumo, divulgado dia 2 (domingo), para formuladores de políticas e que servirá como norte para as discussões em torno de um novo plano global para cortar emissões de gases, responsáveis pela elevação da temperatura do planeta. A influência humana sobre o clima é “clara e crescente”, alerta a ONU. Chega de retórica, a hora é de cortar 40% das emissões, e se a mudança climática não for controlada, os impactos, mais severos, generalizados e irreversíveis irão aumentar sobre as pessoas e os ecossistemas. Para o secretário geral das Nações Unidas Ban Ki-moon, se o mundo mantiver a atitude de previlegiar os “business as usual” ou os negócios de sempre,
em detrimento das mudanças climáticas, a oportunidade de mantermos o aumento da temperatura abaixo de 2 graus Celsius, até a próxima década, não será possível. “Com este último relatório, a ciência fala mais uma vez e com muito mais clareza. O tempo não está do nosso lado... os líderes devem agir”, disse o chefe Ban Ki-moon, em visita oficial à Dinamarca e que incluiu uma conferência de imprensa para o lançamento do capítulo final 5º Relatório, considerado a mais recente atualização das atividades do IPCC, compilando e sintetizando os estudos de milhares de cientistas de todo o mundo sobre aquecimento global. De acordo com um comunicado de imprensa do painel, o chamado “Relatório Síntese” confirma que a mudança climática está sendo registrada em todo o planeta e o aquecimento global é uma certeza. “São sem precedentes, ao longo de décadas e milênios, muitas das alterações que estão sendo observadas a partir da década de 1950”. “Nossa avaliação considera que a atmosfera e os oceanos estão aquecidos, a quantidade de neve e gelo está diminuíndo, o nível do mar subindo e a concentração de dióxido de carbono aumentando para níveis sem precedentes, em pelo menos
FOTO ONU/AMANDA VOISARD
Conferência de imprensa para lançamento do relatório de síntese do IPCC. No centro, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, e o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri
os últimos 800 mil anos”, disse o co-presidente do Grupo de Trabalho I do IPCC, Thomas Stocker, que participou da elaboração do relatório final, juntamente com dois outros grupos de trabalho de peritos. Levando em conta as conclusões do SYR e chamando o relatório de a “avaliação mais abrangente sobre mudanças climáticas” já realizada, até hoje, o secretário geral da ONU pediu uma ação efi-
caz em todo o mundo, dizendo “Mesmo que as emissões parem amanhã, nós ainda viveremos com o fenômeno por um longo e duradouro tempo”. Para Ki-moon, o relatório constatou que o mundo, em grande parte, está muito despreparado para enfrentar os riscos traídos pelas mudanças climáticas, especialmente os pobres e mais vulneráveis, que menos contribuíram para o problema.
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VERDE
DAVID HARVEY NO CEARÁ
Pensador discutirá resistência e direito à cidade DIVULGAÇÃO
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ela primeira vez na capital cearense, um dos marxistas mais influentes da atualidade, David Harvey. O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (ADUFC – Sindicato) e o LEHAB-DAU-UFC, em parceria com a Editora Boitempo, realizam no próximo dia 17 de novembro, 18h, no Anfiteatro do Dragão do Mar, a Conferência “Direito à cidade e resistências urbanas” com o geógrafo e pensador marxista, que chega ao Brasil para o lançamento da mais recente obra “Para entender o Capital: Livros II e III”. A conferência será seguida de sessão de autógrafos. Para auxiliar o diálogo com Harvey, o evento contará com as participações de representantes de movimentos sociais de Fortaleza. Os convidados relatarão ao público experiências adquiridas em manifestações como “Ocupe Cocó”, resistência dos moradores do Alto da Paz, movimentos urbanos pelo direito à moradia e mobilidade urbana. Antes da fala dos convidados, o público poderá conferir a apresentação do grupo Tambor de Crioula Filhos do Sol. Após atrair milhares de pessoas em sua última visita ao Brasil, Harvey retorna ao País, entre 14 e 19 de novembro de 2014, para participar de debates e conferências gratuitos nas cidades de Brasília (14), Recife (17), Fortaleza (17), Curitiba (18) e São Paulo (19). As inscrições já estão abertas desde o dia 1º/11 e podem ser realizadas pelo site da ADUFC (adufc.org), obedecendo ao limite de 450 vagas.
A atividade é uma realização da ADUFC Sindicato, Laboratório de Estudos da Habitação (LEHAB – UFC) e Editora Boitempo, com apoio do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU- UFC), Universidade Federal do Ceará e Instituto Dragão do Mar. SOBRE DAVID HARVEY David Harvey é reconhecido internacionalmente por seu trabalho de vanguarda na análise geográfica das dinâmicas do capital. É professor de antropologia da pós-graduação da Universidade da Cidade de Nova York (The City University of New York – Cuny) na qual leciona desde 2001. Foi também professor de geografia nas universidades Johns Hopkins e Oxford. Sua obra foi apontada pelo periódico britânico, The Independent, como uma das mais importantes de não ficção publicadas desde a Segunda Guerra Mundial. Dele, a Boitempo publicou O enigma do capital (2011), Para entender ‘O capital’ e publicará, ainda este ano, Os limites ao capital.
SERVIÇO Conferência “Direito à cidade e resistências urbanas” Dia17 de novembro, de 18h às 21h30h, no Anfiteatro do Dragão do Mar Mais informações: www.adufc.org.br ou (85) 3066.1818
OPINIÃO
Consciência e cidadania para um Brasil mais limpo Por Ariovaldo Caodaglio* A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída em agosto de 2010 (Lei nº 12.305), tem dois eixos principais, que são o fim dos lixões e a implantação da Logística Reversa, esta voltada a equacionar o destino final dos restos do consumo, incluindo eletrônicos, lâmpadas, pneus e baterias. Independentemente do atraso no cronograma de implementação dos projetos, que precisam ser agilizados, há algo crucial, mais importante até mesmo do que as ações do poder público: a consciência da sociedade quanto à atitude de cada indivíduo, família, condomínio e empresa para a consolidação de uma nova cultura no trato da questão dos resíduos sólidos. É premente que todos entendam, como princípio fundamental, a necessidade de, por um lado, não sujar o ambiente urbano e, de outro, dispor todo o lixo produzido de modo ambientalmente correto. Esse avanço implica mudança de hábitos de todas as pessoas, em casa, na escola e no trabalho. Tais posturas cívicas e comportamentais são decisivas para que nossas cidades fiquem mais limpas. Em primeiro lugar, é necessário rever o anacrônico conceito de que a sociedade paga impostos ao setor público para que este limpe as ruas e as cidades e se encarregue de coletar, transportar e dar destino final aos resíduos sólidos. Já passou da hora de avançarmos para um conceito mais contemporâneo de que é responsabilidade de cada um não sujar as ruas nas quais transita e a cidade na qual vive. Do mesmo modo, efetuar corretamente a deposição do lixo para a coleta é um compromisso de cada residência, condomínio, empresa, escola e instituição pública ou privada. Cada pessoa deve ser um agente proativo do processo e não mais um usuário reativo do trabalho dos serviços de limpeza, varrição e coleta do lixo produzido pela sociedade. Todos devem comprometer-se com a meta de que o Brasil tenha cidades mais limpas e um habitat humano mais saudável e agradável. Qualidade ambiental é uma responsabilidade de todos. O mesmo raciocínio aplica-se à ques-
tão da logística reversa, que objetiva dar solução adequada aos produtos no final de sua vida útil. Esse item da Política Nacional de Resíduos Sólidos é o que define a responsabilidade compartilhada das distintas cadeias de suprimentos e da sociedade quanto à restituição, reaproveitamento, reciclagem ou destinação final ecologicamente correta dos bens de consumo e suas embalagens. Porém, por mais eficazes que sejam as estruturas de coleta seletiva, estratégias e programas de devolução em pontos de venda e centros de recepção das indústrias e importadores, nada será viável sem a participação e engajamento da população. Isso é fundamental para o Brasil vencer o grande desafio da salubridade ambiental e qualidade da vida. No enfrentamento desse problema urbano, é necessária sinergia entre indústrias/importadores, distribuidores, comércio e consumidores brasileiros. Todo cidadão deve sentir-se participante e responsável. Cabe ao Ministério do Meio Ambiente e ao de Cidades coordenar os Grupos Técnicos Temáticos encarregados de desenvolver modelos, normas e procedimentos para a logística reversa, para que se costurem acordos setoriais e se cumpra a legislação. Nada, contudo, será factível se cada cidadão não participar, com adequado comportamento quanto à coleta seletiva, ou na devolução dos rejeitos nos postos de coleta das respectivas cadeias produtivas. Como se observa, civismo e educação ambiental são elementos imprescindíveis para que a Política Nacional de Resíduos Sólidos tenha êxito. Ao fazer a sua parte e dar o exemplo, a sociedade também ganha mais força política para cobrar o poder público municipal, estadual e federal quanto à execução dos projetos e recuperação dos atrasos. Consciência, portanto, é o paradigma basilar da salubridade ambiental urbana! *Cientista social, biólogo, estatístico e pós-graduado em meio ambiente, é presidente do SELUR (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo).
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VERDE
PENSE ANTES DE COMPRAR
Consuma, mas sem destruir o planeta Contribuições simples e voluntárias podem garantir impactos positivos na preservação do meio ambiente. É possível ser consumidor consciente DIVULGAÇÃO
POR JESSICA FORTES
Q
uantos pares de sapato você tem no armário? Cinco, sete, dez? De quantos pares de sapato você realmente precisa? Um! A cada dia, o consumo exacerbado vem crescendo mais e mais e como consequência, causa impactos, muitas vezes irreversíveis ao meio ambiente. Com atitudes simples na hora da comprar e ou consumir alguns produtos e recursos naturais, é possível trazer mais sustentabilidade para sua vida e para dentro da sua casa. A ordem do dia é ser um consumidor consciente. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA) o consumidor consciente é aquele que sabe que pode ser um agente transformador da sociedade por meio do seu ato de consumo ao levar em conta, na hora de comprar, além do preço e da marca, produtos que consideram as variáveis ambientais, a saúde humana e animal e as relações justas de trabalho. “O consumidor consciente sabe que, mesmo um único indivíduo, ao longo de sua vida, produzirá um impacto significativo na sociedade e no meio ambiente”. É uma contribuição voluntária, cotidiana e solidária. O gerente de Conteúdo e Metodologias do Instituto Akatu, Dalberto Adulis, segue a mesma linha de pensamento do MMA e afirma que todo tipo de consumo provoca impactos ambientais e sociais. Isso significa que, antes de qualquer compra, descarte e demais atividades relativas à utilização dos recursos naturais, o consumidor deve estar ciente de sua responsabilidade junto à natureza. O Akatu, Organização Não Governamental (ONG), que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para o consumo consciente, entende
consumo não apenas como um ato pontual, mas como um processo que começa antes da compra e termina depois do uso, envolvendo escolhas como: Por que comprar? De quem comprar? O que comprar? Como comprar? Como usar? Como descartar? Adulis explica que o ato de consumir de forma consciente implica avaliar, em cada uma destas escolhas, que impactos estão sendo gerados e como eles podem ser minimizados ou potencializados na direção de uma sociedade mais sustentável. É consumir de forma diferente, tendo no consumo um ins-
trumento de bem-estar, não somente para si mesmo, mas de modo a deixar um mundo melhor para as próximas gerações. “O que nós promovemos é um esforço de conscientização para que as pessoas vejam que, além de movimentar a economia, nós estamos também afetando o meio ambiente com nossas decisões. Não é apenas pegar o dinheiro e comprar a conscientização, é um processo contínuo em que as pessoas passam a refletir mais sobre os impactos positivos e negativos e passam a fazer as melhores escolhas”, explica.
NOVA TENDÊNCIA Mas isso não significa que, consumir com consciência é ter que privar-se do conforto e “das boas coisas da vida”, mas recusar, reduzir, reutilizar e reciclar tudo o que for possível, lembrando que a biocapacidade do planeta, ou seja, a capacidade de o mesmo absorver os resíduos gerados e produzir novos recursos naturais úteis, está limitada, afinal já “gastamos” o dobro da quantidade de recursos que o planeta é capaz de oferecer e temos um mercado gigantesco, crescente e voraz. Mas é possível conciliar, desenvolvimento e consumo consciente. “Basta que o consumo seja pensado em outro patamar, tanto quanto à produção, consumo e descarte”, orienta Adulis. Daí, a importância estratégica da inovação tecnológica. O surgimento de novas indústrias como a da reciclagem tem crescido, as tecnologias limpas a exemplo o reúso da água, o reaproveitamento dos recursos naturais e a adoção de energia renovável, são formas de mitigar os impactos. É o mercado se adequando e buscando a sustentabilidade. “Somos mais de sete bilhões de habitantes e vamos para nove bilhões, então para alimentar, oferecer vestimenta, transporte e educação, para tantas pessoas, temos que mudar os padrões, o mercado vai continuar crescendo, só que os produtos serão de outra natureza, serão mais sustentáveis. As indústrias poluentes, que são péssimas para a nossa vida, ou elas se ajustam ou não vão mais poder funcionar no mercado. Essa nova economia é uma tendência”, lembra. ECONOMIZAR PARA NÃO FALTAR Sejam os alimentos, a água ou a energia, tudo deve ser consumido de forma racional. Incentivar as pessoas à reflexão para o consumo consciente já é um grande passo. Com este objetivo, a
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VERDE Companhia Energética do Ceará (Coelce), visa expandir a sua atuação e levar desenvolvimento socioeconômico a todo o Estado causando o mínimo impacto ao meio ambiente. A empresa tem incentivado o consumo consciente por meio de uma gama de ferramentas didático-pedagógicas, projetos e ações. A Nave Coelce – Planeta Futuro, por exemplo, é uma plataforma móvel, com acessibilidade para cadeirantes, que percorre escolas, praças, eventos e a sede da empresa, levando informações sobre ações de prevenção de acidentes com energia elétrica e preservação ambiental para a comunidade, funcionários e parceiros. Há também o programa Troca Eficiente, onde a companhia substitui geladeiras e lâmpadas com elevado consumo de energia, por geladeiras e lâmpadas eficientes e ainda utiliza o processo de logística reversa, que recicla plástico, vidro, metal, gás e óleo dos equipamentos trocados nos programas Troca Eficiente e Luz Solidária. Esse último estimula o uso de eletrodomésticos eficientes, respeitando o meio ambiente por meio da troca de eletrodomésticos velhos por equipamentos novos e econômicos. Além disso, tem o intuito de gerar renda nas comunidades com projetos beneficiados com as doações dos clientes comprado-
res dos eletroeletrônicos eficientes. Na perspectiva de ações de sensibilização com foco nos colaboradores, a Coelce realiza palestras e campanhas internas sobre consumo consciente. Essa metodologia de palestra também é usada para conscientizar a sociedade em eventos com foco ambiental e no programa Coelce nos Bairros. A companhia promove, ainda, treinamentos para colaboradores e fornecedores sobre os requisitos da norma ambiental ISO 14001 e a descontaminação de
lâmpadas trocadas no programa de eficiência energética, de iluminação pública e dos prédios próprios. “Assumimos, desde o início, um compromisso permanente com o desenvolvimento do Ceará e do povo cearense e isso passa, impreterivelmente, pelas muitas ações, projetos próprios e incentivados que promovemos todos os dias com foco em geração de renda, educação para o consumo consciente e o uso seguro da energia elétrica, valorização da cultu-
ra local e do meio ambiente”, acrescenta o responsável pela área de Meio Ambiente da Coelce, Sérgio Araújo. Em 2014, a Coelce implantou o projeto Conta Verde cujo objetivo é incentivar a população cearense e as empresas, a compensarem suas emissões de CO2 por meio da reciclagem de resíduos trocados por bônus na conta de luz no Ecoelce, programa considerado o mais relevante em termos de resultados e sensibilização de clientes para o uso consciente da energia e o respeito ao meio ambiente. Desde 2007, quando foi criado, até setembro de 2014, já beneficiou 427 mil clientes cadastrados, contabilizou mais de 17 mil toneladas de resíduos e concedeu R$ 2,26 milhões em bônus na conta de luz. O projeto conta atualmente com 99 postos, entre capital e interior do Ceará. Além disso, em agosto de 2014, o projeto alcançou a marca de uma tonelada de pilhas e baterias arrecadadas.
SERVIÇOS Consumir com consciência é consumir diferente, tendo no consumo um instrumento de bem-estar e não um fim em si mesmo. Você é um consumidor consciente? Não sabe? Faça o teste do Instituto Akatu: http://www. akatu.org.br/.
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INSTITUTO AKATU LANÇA CAMPANHA PELO CONSUMO CONSCIENTE E TRANSFORMADOR
No dia 15 de outubro, foi comemorado o Dia do Consumo Consciente. A data, instituída pelo MMA, tem o objetivo de despertar a consciência das pessoas sobre o poder de suas escolhas na hora da compra e o impacto que esta pode ter sobre nossa sociedade. Para marcar o mês, o Instituto Akatu lançou a Campanha #SigaOs10Caminhos, que lista dez valores necessários para tornar mais sustentável a produção de bens e o consumo.
DICIONÁRIO O ESTADO VERDE
ISO 14001: A ISO 14001 é uma norma internacionalmente reconhecida que define o que deve ser feito para estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) efetivo. A norma é desenvolvida com objetivo de criar o equilíbrio entre a manutenção da rentabilidade e a redução do impacto ambiental; com o comprometimento de toda a organização. Com ela é possível que sejam atingidos ambos objetivos. Fonte: http://www.bsibrasil.com.br/. LOGÍSTICA REVERSA: É um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação”. Fonte: MMA. PEGADA ECOLÓGICA: A Pegada Ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa, corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar, necessárias para gerar produtos, bens e serviços que sustentam determinados estilos de vida. Em outras palavras, a Pegada Ecológica é uma forma de traduzir, em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza” , em média, para se sustentar. Fonte: http://www.wwf. org.br/ .
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VERDE
ENERGIA
Cresce no Brasil o número de microgeradores POR TARCILIA REGO
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icro e mini geração de energia deixou de ser uma atividade centralizada e de exclusividade de médios e grandes empresários. “É uma atividade cada vez mais democrática em que indivíduos podem assumir o papel de microgerador”, disse o especialista em regulação da Superintendência de Regulação de Serviços da Aneel, David Rabelo Viana Leite , durante o I Seminário sobre Micro e Minigeração Distribuída, dia 29 de outubro na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Mas nem sempre os ventos sopram favoráveis aos empreendedores, para alguns, o incentivo é de menos e o imposto pode ser demais. As condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuídas aos sistemas distribuidores de energia elétrica e o sistema de compensação, estão estabelecidas na Resolução Normativa, 482 de 17/04/2012 ou RN 482, da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel). De acordo com a resolução, micro geradores são aqueles com potência instalada menor ou igual a 100 quilowatts (kW), e os minigeradores, aqueles cujas centrais geradoras possuem de 101 kW a 1 megawatt (MW). “O Brasil é o terceiro País com maior insolação entre os desenvolvidos e em desenvolvimento”, destaca Viana . Informa ainda que desde a assinatura da RN 482, já foram registrados na Agência, até o último dia 15 de outubro, 251 microgeradores de energia, instalados, sendo 228 só de painéis solares. O Estado com o maior número de instalações é Minas Gerais, com 39, o Ceará fica em segundo, com 25. Dois terços dos consumidores são residenciais. “A expectativa é chegarmos, até o final do ano, com 250 empreendimentos”, disse, otimista, o especialista da Aneel. Para o empresário cearense, Luís Carlos Gadelha de Queiroz, da B&Q Renováveis, e diretor de Microgeração do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Ceará (Sindienergia), o número é insignificante e rebate afirmando que os Estados Unidos, já contam com 440 mil instalações, em apenas 2 anos. “Está faltando uma agenda positiva, aqui, para acabar com os gargalos. Se não é a Aneel a fazer isso, quem fará? Perdemos a vanguarda, fomos o primeiro a colocar um parque eólico, mas estamos ficando míope. Esse esforço
todo para apenas 251 instalações?”, questiona Queiroz. Segundo Viana, a Aneel tem atuado para quebrar barreiras, inclusive a mais difícil de ser aceita e entendida, a cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).”Não procede a essa cobrança de ICMS. A distribuidora está prestando um serviço ao consumidor e não tem mercadoria no processo”, explica. Minas Gerais isentou a cobrança de ICMS, Mato Grosso está a caminho. O presidente do Sindienergia, Elias do Carmo, vai buscar negociar com o Governo do Estado, isenção de ICMS para a energia extra, produzida. A energia gerada é contabilizada (em kWh) no medidor. A fatura representará a diferença entre a geração e o consumo do microgerador. Saldo positivo vira crédito de energia. “O cidadão tem o direito de gerar sua própria energia. No entanto se gera mais do que consome, não pode vender. O excedente vira crédito que vai sendo abatido, conforme a Resolução 482”, disse o dirigente. “O ICMS é indevido”, afirma o empresário, Eduardo Frota da Ziatech. “Simplesmente, existe uma troca de energia. O relógio só indica crédito em energia, é uma troca em quilowatts, além do mais, o microgerador não pode vender, ou seja, não existe troca financeira. É só energia!”, ressalta Frota. Os consumidores produzem energia e repassam para a Companhia Energética do Ceará (Coelce) que é transformado em crédito. Na visão do cearense, Clayton Barreto de Melo, consumidor residencial com microgeração eólica e solar, a cobrança de ICMS é abusiva. “Em linhas gerais, estou produzindo energia e estou sendo cobrado. O meu crédito não é em dinheiro, mas em quilowatts”, disse. Motivado para a instalação de um sistema de energia limpa e com a possibilidade de reduzir o valor da “conta de luz” em função da geração própria, que
de certa forma desoneraria o orçamento (compensação energética) e a partir da indicação de um amigo, Melo realizou um levantamento de dados e informações para avaliação da viabilidade econômica, em dezembro de 2011, definiu e instalou o equipamento. Durante o “Seminário Micro e Minigeração Distribuída – Impactos da Resolução Normativa nº 482/12”, em abril desse ano, em Brasília, o empreendedor disse que sob a visão financeira, “o investimento, até o momento, não está sendo viável” e ele aponta razões: “geração energética abaixo da previsão inicial; não existência de linhas de créditos específicas e atrativas para a microgeração de energia voltadas para pessoa física e a forma atual de compensação da energia pelas distribuidoras são desanimadoras”. Do ponto de vista da sustentabilidade, o “investimento é ecologicamente correto”. O empresário Viana, também pesa a dimensão ecológica, além da econômica. e tem expectativa positivas para o setor, apesar de lamentar que o Ceará ainda não acordou para a energia renovável. “Sou um entusiasta e estou dizendo que não podemos fechar os olhos e como empresários, ainda estamos tímidos. A B&Q está gerando energia limpa há 20 anos, é a nossa contribuição. Que mundo estamos deixando para as gerações futuras?”, encerra. Frota, da Ziatech, também é otimista e observa que o mercado de micro geração é “super promissor”, apenas, passa por um período de ajustes, neste momento. “O mercado financeiro está se abrindo para os empreendimentos de microgeração”. Este é um tema que merece ser tratado em outra matéria, como talvez, o grande desafio dos micro geradores de energia renovável. Mais informações: www.aneel. gov.br/ ; www.beq.com.br ; www. ziatech.com.br .
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VERDE
TECNOLOGIA SOCIAL
Criação de caprinos transforma vida de moradores do sertão cearense Projeto que distribui cabras para agricultores da região de Sobral (CE) já atendeu 700 famílias e atuou no acompanhamento nutricional de mais de mil crianças
DIVULGAÇÃO
POR TARCILIA REGO
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Projeto “Cabra nossa de cada dia”, certificado como Tecnologia Social pela Fundação BB no ano passado, já atendeu mais de 700 famílias por meio da distribuição de 4,5 mil cabras para agricultores da região de Sobral (CE), município que fica a cerca de 230 quilômetros de Fortaleza. Nascido “da cabeça” do agricultor Antônio Mateus Alves Cavalcante, 65 anos, morador da comunidade rural São Francisco, em Sobral, o projeto tem como objetivo combater a pobreza, a miséria e a mortalidade infantil naquela região. A criação de cabras foi escolhida como solução porque é um animal dócil, de fácil manejo e que se adapta bem às condições climáticas no sertão nordestino. Segundo Antônio Mateus, em julho do ano de 1993, durante uma das reuniões que vinham acontecendo, há mais de dois meses, em busca de ideias para melhorar a vida dos agricultores na comunidade, “sugeri ao Padre Zé (veja o quadro ao final da matéria): porque não criar cabras? É mais fácil salvar a vida das crianças”. “Passados 21 anos, tenho orgulho e posso dizer tranquilo que sou um voluntário feliz e gosto de ajudar a minha comunidade, eles me procuram sempre para falar de suas coisas. Começamos com 12 cabras, atualmente, temos 100, só na nossa localidade. É uma grande ajuda! Aqui, somos agricultores, plantamos o nosso roçado e uma coisinha vai ajudando à outra”, conta. A doação das cabras, além de ajudar na alimentação, também une as comunidades, porque trabalha com o sistema de repasse. A família carente recebe a cabra prenha ou parida através do projeto e se compromete a assumir os cuidados pela criação do animal. Num período de até dois anos, cada família devolve para o projeto, duas crias [cabritas] para que outras famílias sejam beneficiadas. Segundo o coordenador do Projeto Cabra
Nossa de Cada Dia, Jorge Luís de Paula, que atua no município de Sobral, para participar do projeto, inicialmente, a situação das famílias é levantada e “através deste levantamento, as carências de cada núcleo familiar são avaliadas”. Atualmente, as carências são outras, questões como o índice de mortalidade infantil e a miséria estão sendo superadas. “Já estamos entrando em outra etapa, onde o foco é o desenvolvimento humano e o fortalecimento da autonomia dos agricultores. Em 2012, o projeto iniciou parceria com a Embrapa, visando novas estratégias para o desenvolvimento rural sustentável no Semiárido, dentro de um contexto de seca”, explica. Voltando à questão da união e do cooperativismo entre os agricultores que participam do projeto, o idealizador Mateus
relatou que “outro dia” foi procurado pelo “companheiro agricultor”, Luciano, e este lhe contou que venderia duas cabras do seu plantel de 20, “para comprar uma bicicleta e com esta, levar a filha à escola, pois São Francisco não tem serviço de transporte escolar e a menina estava com dificuldades de ir à aula”. Quarenta famílias já participaram da iniciativa na localidade São Francisco, atualmente, 18 continuam inseridas. O depoimento do agricultor Mateus confirma a informação do coordenador do projeto, sobre a superação de algumas carências, referente à autonomia, inclusão social e outras oportunidades para os participantes. “A criação de caprinos deixa de ser o principal meio de subsistência e os agricultores passam a desenvolver outras atividades como: piscicultura, apicultura, agricultura famil-
iar, construção de cisternas e etc.”, esclarece Luís de Paula. PROJETO CERTIFICADO O Cabra Nossa de Cada Dia é acreditado, informa o coordenador do projeto. “Somos certificados como Tecnologia Social pela Fundação Banco do Brasil e em 2012 recebemos a Placa ODM – Objetivos do Desenvolvimento do Milênio e em 2013 fomos reconhecidos como o 3º Melhor Projeto do Brasil em Inovação e Saúde Pública pela Sanofi Farmacêutica. A certificação nos respalda, abre portas, amplia nosso trabalho e nos traz credibilidade. É crédito, inclusive, para nos trazer mais recursos. E tudo isso por combater a mortalidade infantil, através do leite de cabra. Veja só, uma coisa tão simples”, encerra.
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FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 4 de novembro de 2014
VERDE
TECNOLOGIA SOCIAL
Se levarmos em conta a definição de Tecnologia Social (TS) segundo a Fundação BB, com certeza pode-se dizer que TS é um incentivo à transformação social e que sempre leva em conta os saberes populares e a economia de recursos naturais. “TS compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis e desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social. É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras. As tecnologias sociais podem aliar saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Importa essencialmente que sejam efetivas e reaplicáveis, propiciando desenvolvimento social em escala. São exemplos de Tecnologia Social: o clássico soro caseiro (mistura de água, açúcar e sal que combate a desidratação e reduz a mortalidade infantil); as cisternas de placas pré-moldadas que atenuam os problemas de acesso a água de boa qualidade à população do semiárido, entre outros.” Saiba mais em: www.fbb.org.br.
PADRE CEARENSE JOÃO BATISTA FROTA O padre cearense João Batista Frota, da Paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio, em Sobral, zona Norte do Estado, é o idealizador do Projeto Cabra Nossa de Cada Dia e da ONG Construtores de Paz. O padre foi ordenado em 1966, em Roma, firmando-se no Brasil dois anos depois e atuando nas cidades de Santana, Massapê e Sobral, buscando sempre unir fé a realizações práticas. Em dezembro de 2011, foi agraciado com o Prêmio de Direitos Humanos, concedido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) .Já foram agraciados, nomes como o de Herbert de Souza, o Betinho, o cardeal emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns e o padre Júlio Lancelotti, dentre outros.
AGÊNCIA BRASIL
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VERDE
EVENTO
Fortaleza recebe Feira e Seminário Internacional de Logística
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ão apenas um mar de oportunidades, mas um porto seguro de conhecimentos sobre logística em um ambiente de comércio exterior. Fortaleza, uma das maiores cidades portuárias do Brasil, recebe entre os dias 6 e 7 de novembro um dos maiores eventos do País, na área de movimentação de cargas, é o IX Seminário Internacional de Logística e a EXPOLOG- Feira Nacional de Logística, que acontece no Centro de Eventos do Ceará. O objetivo principal do evento é mobilizar e reunir em um mesmo ambiente os principais atores do setor logístico, comércio exterior, transporte, exportadores e importadores que integram a cadeia produtiva da logística, interessados em mercados globais, objetivando a integração e geração de negócios entre os mesmos. A expectativa é de público alvo bem
diverso: companhias docas, portos e terminais; transportes: marítimo, aéreo, ferroviário e rodoviário; profissionais do setor de logística, transporte e comércio exterior; empresas exportadoras e importadoras; aduaneiras; hidrovias; empreiteiros; construtores; operadores de logística; seguradoras; equipamentos e tecnologias; Imprensa; instituições de ensino superior. O IX Seminário e V Expolog – Feira Nacional de Logística proporcionarão um ambiente de negócios privilegiado para a realização de debates sobre temas da mais alta relevância e interesses voltados para a melhoria dos modais logísticos, armazenagem e comércio exterior do País. Temas como qualidade da infraestrutura de transporte, de serviços e a eficiência do processo de liberação nas alfândegas, rastreamento de cargas, cumprimento dos prazos das entregas e facilidade de encon-
trar fretes com preços competitivos, serão tratados no encontro. Com o crescente desenvolvimento logístico, a realização de um evento desta natureza é uma grande ferramenta de consolidação das regiões Norte e Nordeste, em especial o Ceará, como um importante polo logístico do País. Tudo isso numa perspectiva de geração de negócios, intercâmbio de experiências e novas tecnologias, tendo como premissa a preservação das identidades regionais, porém proporcionando a aproximação das demais regiões do País. SAIBA MAIS O evento é uma promoção da Prática Eventos, a Fundação de Cultura e Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FUNCEPE e o Instituto Future de Juventude, Promoção, Turismo, Cultura e Desenvolvi-
mento Sustentável com o apoio Institucional da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR), da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA), da Companhia Docas do Ceará, da Secretaria de Turismo do Estado do Ceará, do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado do Ceará (CEDE), da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (ADECE), da ZPE Ceará e da Câmara Brasil Portugal no Ceará, realizam o “Seminário Internacional de Logística e EXPOLOG - Feira Nacional de Logística”. SERVIÇO IX Seminário Internacional de Logística e a EXPOLOG- Feira Nacional de Logística Data: 6 e 7 de novembro Local: Centro de Eventos do Ceará. Mais informações: www.seminariosep. com.br.
INDICAÇÃO DE LEITURA LEITURA
A transição para a sustentabilidade A transição para a sustentabilidade. Esse é o título do segundo livro de Luiz Fernando Krieger Merico. Na obra, o autor defende a ideia de que a transição para a sustentabilidade consiste em promover uma reorganização de nosso sistema sociológico, compatibilizando a presença humana com as leis da biosfera. A publicação lançada em outubro, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, é uma parceria da Editora Loyola com o Instituto Humanitas Unicap. Krieger propõe aos leitores uma reflexão aberta sobre os macrocaminhos que nos são apresentados e a busca de consensos mínimos para um
processo de transição: a transição para a sustentabilidade. Segundo o autor, o ponto de partida é que o atual sentido de direção da sociedade e da economia está nos levando para “um profundo penhasco”, mas se apoia na convicção de “que é possível corrigir rumos, protegendo a nossa e as futuras gerações”. O desafio é gerar na sociedade humana e em seus indivíduos um sentido de urgência para promover a inserção humana nas leis da natureza. O autor encerra o livro deixando interrogações como: Estamos dispostos a evitar a grande ruptura e
construir a grande transição? Vale a pena a leitura, rápida e boa. SOBRE O AUTOR Luiz Fernando Krieger Merico é geólogo, mestre em Análises Ambiental e doutor em Geografia. Lecionou em diversas universidades no Brasil e exterior. Possui mais de 12 anos de experiência em Gestão Ambiental Pública e, desde 2010, coordena no Brasil a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Título: A transição para a sustentabilidade Autor: Luiz Fernando Krieger Merico Editora: Loyola Preço: R$ 13,0
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VERDE
ARQUITETURA, MOBILIDADE E SUSTENTABILIDADE
Casa Cor 2014 traz proposta de um novo olhar para o Ceará POR JESSICA FORTES
NAYANA MELO
A
Casa Cor Ceará abriu, na última quinta-feira (30), sua 16ª edição. Este ano, volta a homenagear a cultura e a diversidade do Estado com o tema: “Um novo olhar para o Ceará”. A inspiração está presente em todos os ambientes em referências de design e arquitetura criadas pelos 51 profissionais responsáveis pelos 36 ambientes da mostra. Nesta edição, a diretoria do evento resolveu ampliar o conceito da mostra para o seu público, principalmente, no que se refere à mobilidade e sustentabilidade. Antenados as novas tendências, o mercado tem se adequado para atender as ascendentes necessidades de quem pedala, por exemplo. Com empreendimentos cada vez mais compactos, a Casa Cor Ceará 2014 trouxe lugares e propostas especiais para o veículo companheiro. Segundo a diretora do evento, Neuma Figueiredo, a 16ª Edição da Casa Cor Ceará, além de inserir a bicicleta no lar, também chamará a atenção para a importância do uso desse modal, que tanto contribui para a melhoria da qualidade ambiental. “Este ano, queremos trazer essa discussão com mais força, para, entre outros objetivos, chamar a atenção do poder público para que ofereça segurança para quem usa a bicicleta em Fortaleza”, afirmou a diretora. STUDIO DO CICLISTA O evento que acontecerá até 10 de dezembro, contou com a consultoria do empresário e ciclista urbano Paulo Angelim, que inspirou a elaboração
do “Studio do Ciclista”. Um espaço de muito bom gosto reservado para quem utiliza o modal como meio de transporte e quer um lugar bacana para guardar a bike. O espaço foi assinado pelo arquiteto Ramiro Mendes e, segundo ele a proposta surgiu após observação da demanda da cidade que tem debatido e incentivado bastante o uso da bicicleta. “Pensamos nas pessoas que trabalham e utilizam a bicicleta para se locomover seja para ir ao trabalho ou apenas para o lazer. Vários países já incentivam a
utilização de bicicletas e ciclovias e em cima disso eu tentei criar este espaço, além de guardar a bike, é um local para ver televisão, descansar e até fazer reparos na bicicleta”, explica. O inspirador do projeto, Paulo Angelim, que tem levantado bastante à bandeira do ciclismo em Fortaleza, se diz grato pelo apoio ao tema. “Entendo que cumpro um papel importante, pois saio um pouco do estigma do que é um ciclista normal, que é visto apenas como um trabalhador, ou alguém alternativo. Meu perfil é de uma pes-
soa que tem seu carro e que o deixa em casa, por uma questão de consciência ecológica e por uma questão de racionalidade do ponto de vista do deslocamento da cidade” explica. Com relação à temática da mobilidade urbana ser colocada em pauta nos projetos da Casa Cor, Angelim comemora. “Acho muito importante esse olhar. A bicicleta é sustentável, econômica, democrática, saudável e ocupa muito menos espaço, ou seja, é econômica não só para quem usa como é econômica para a cidade, pois o investimento necessário é baixíssimo. Ver a Casa Cor trazendo este tema, é um sinal de que está antenada com o que de mais moderno está acontecendo no mundo, em termos de busca por soluções para a mobilidade urbana”, comemora o empresário. ÁREA EXTERNA Com a temática do novo olhar sobre o Estado, a organização do evento também priorizou a colocação de plantas nativas no jardim do prédio da mostra. Utilizando espécies da nossa região, foram colocadas cactáceas e os ananás, no “Jardim do Nordeste”, pois elas precisam de menos água, pensando na falta de água que vem afetando várias regiões do País. “A nossa intensão é diminuir o consumo de água, já que os extensos gramados precisam de muito sol e rega todos os dias. Outra intensão é mostrar para o público é que dá para fazer um jardim bonito e bem elaborado com as nossas espécies, que, muitas vezes, são recusados pelos clientes. A Embrapa ajudou na escolha das cactáceas, pois estudou e desenvolveu as espécies”, explica a arquiteta Luciana Mota.