ANO VI - EDIÇÃO No 355 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 16 de setembro de 2014
RESPONSABILIDADE SOCIAL
No Ceará, empresas já são consideradas socialmente responsáveis Preocupação com os aspectos sociais e ambientais está cada vez mais presente na agenda das organizações que visam a lucros. Reflete, também, boa governança organizacional.
Págs. 6, 7 e 8
OPINIÃO
BIOTECNOLOGIA
A Arborização de Fortaleza
Evento apresentará projetos inovadores para investidores nas áreas de fitoterápicos, alimentos funcionais e agricultura. Págs. 9 e 10
DIVULGAÇÃO
Fórum destaca oportunidades de negócios
Para o ambientalista Antônio Sérgio, a Cidade é “péssima” nesse quesito. “Aqui, árvores e verde são destratados há várias décadas, desde o fim da Belle Époque Pág. 12 pelos anos 30 do século passado.”
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VERDE
Coluna Verde TARCILIA REGO
tarcilia_rego@terra.com.br
SEM PRECEDENTES
Na próxima semana, as negociações globais sobre desenvolvimento sustentável contarão com um encontro estratégico, quando chefes de Estado e de Governo de todo o planeta assumirão os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) em debate geral na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque. A luta contra a pobreza extrema teve um grande progresso em função dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM), no entanto, mais de um bilhão de pessoas continuam a viver em situação de pobreza extrema e a desigualdade e exclusão social vêm se ampliando na maioria dos países. A estimativa é que em 2050 a população mundial chegue a nove bilhões de pessoas e o GDP global (sigla em inglês para “Global Gross Domestic Product”) a mais de 200 trilhões de dólares e por isso esta é mais uma razão para a urgência de o planeta atingir os ODS’s – dentre os quais acabar com a miséria, aumentar a inclusão social e sustentar o planeta, ações que exigem boa governança, pública e privada. ODM e os ODS A diferença principal entre os ODM’s e os ODS’s é que os primeiros objetivos foram estabelecidos de cima para baixo. No caso dos ODS’s, a proposta sempre foi chegar num processo muito mais participativo e no qual todos devem avançar nos processos de desenvolvimento sustentável, não só os países pobres, mas os países ricos também. São metas que vão além e estabelecem uma associação direta entre a preservação dos recursos naturais e o avanço na redução da pobreza e ou na manutenção de riquezas. Os ODS’s são metas para serem cumpridas após 2015, depois do cumprimento das ODMs, previstas para dezembro de 2015. As novas metas são definidas pela ONU, em parceria com governos de vários países. O objetivo é estabelecer diálogos diretamente com a sociedade, poder ouvi-la para saber os anseios e opiniões sobre as principais prioridades para o mundo. A ONU oferece um site no qual todos podem votar nas suas questões prioritárias e ajudar na construção dessa nova agenda e saber mais sobre o tema: http://bit.ly/pos2015. HOJE A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apresenta em Brasília, DF, estudo sobre a insegurança alimentar e nutricional no Brasil e nos demais países da América Latina e Caribe. O relatório tem como ob-
Verde
jetivo apresentar de maneira atualizada a situação de má alimentação no mundo e os progressos realizados para o cumprimento das metas relacionadas à fome e fixadas no primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e na Cúpula Mundial sobre Alimentação (CMA). IBS 2014 O evento, “16th International Biotechnology Symposium and Exhibition” (IBS 2014) que começou domingo (14), no Centro de Eventos em Fortaleza, é destaque na Agenda do Itamaraty. Pela primeira vez, o simpósio – considerado o maior do mundo no segmento – acontece no Brasil., A frente do IBS 2014, o professor e pesquisador cearense, Osvaldo Carioca, da UFC. Não deixe de ler sobre o assunto na edição de hoje d’O Estado Verde. KIT EDUCAÇÃO O Ministério da Educação (MEC) deve começar a distribuir, a partir de 2015, kits didáticos às escolas públicas do ensino médio na tentativa de estimular a educação científica em sala de aula. Inicialmente, os kits atendem às áreas de biologia, física, matemática e química. Reflexão: “A sustentabilidade não é uma ideia nova, nem é uma fórmula mágica capaz de reverter a destruição das florestas, a poluição das águas, o aquecimento global ou a deterioração da qualidade de vida das futuras gerações.” Advogado Curt Trennepohl, ex-presidente do Ibama.
AGENDA VERDE 16 DE SETEMBRO •DIA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO
• A data surgiu com o “Protocolo de Montreal” assinado por 46 países em 16/09/1987 na cidade canadense que deu nome ao documento. As nações comprometeram-se a parar de produzir o gás clorofluorcarbono (CFC), apontado como o maior responsável pela destruição da fina camada de gás ozônio (O3) localizada na estratosfera que protege a Terra dos raios ultravioleta. Diariamente, a Nasa mede as alterações na camada e publica na página www.ozonewatch.gsfc.nasa.gov/.
•DIA INTERNACIONAL PARA A PREVENÇÃO DE DESASTRES NATURAIS
• Mais de 90% das catástrofes que ocorrem atualmente no mundo estão ligadas à Água: ou porque falta, no caso das secas, ou porque há demasiada, no caso das cheias, ciclones, furacões e tufões. Segundo a Estratégia Internacional para a Redução dos Desastres das Nações Unidas, “durante a última década: 4777 desastres naturais fizeram 880 mil mortes, afetaram a vida a 1880 milhões de pessoas”.
19 DE SETEMBRO DIA MUNDIAL PELA LIMPEZA DA ÁGUA
• Instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) data propõe a melhor compreensão das necessidades de preservação da qualidade e limpeza da água dos lagos e rios.
20 DE SETEMBRO DIA MUNDIAL PELA LIMPEZA DAS PRAIAS - CLEAN UP DAY
• Acontece todo terceiro sábado de setembro, desde 1989. Os primeiros esforços para realização dessa iniciativa aconteceram na Austrália, mas logo encontraram apoio nos Estados Unidos e hoje, ocorre em quase todos os países do mundo. O fundador da iniciativa foi o ambientalista Ian Kiernan, que durante uma volta ao mundo em um iate ficou horrorizado com a quantidade de lixo sufocando os oceanos do mundo.
DE 21 A 26 DE SETEMBRO SEMANA DA ÁRVORE NO SUL DO BRASIL
•No hemisfério sul, o dia 21/09 marca a chegada da Primavera, estação onde a natureza parece recuperar toda a vida que estava adormecida pelos dias frios de inverno. O Decreto Federal nº 55.795 de 24/021965, institui em todo território nacional a Festa Anual das Árvores, em substituição ao chamado Dia da Árvore na época comemorado no dia 21 de setembro.
DE 22 A 27 DE SETEMBRO CURSO GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS (CGGRSI)
• Ministrado por Francisco Alexandre Rocha Pinto, o tem número limitado de vagas e acontece no período de 22 a 27 de setembro, das 17:30 horas às 21:30 na Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), Rua Padre Luís Figueira, 659, Aldeota. Dia 27, o curso encerra com visita técnica a uma indústria que realiza Gestão dos Resíduos Sólidos Industriais. Mais Informações com Geovar, telefones (85) 8786 5017, e.mail: abes-ce@abes-dn.org.br.
O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873
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VERDE
ECONOMIA GLOBAL
ONU lança no Rio relatório sobre tendências econômicas mundiais POR TARCILIA REGO tarciliarego@oestadoce.com.br
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mais importante publicação anual da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) foi lançada no Rio. O Relatório sobre Comércio e Desenvolvimento 2014 (TDR, na sigla em inglês), que analisa as atuais tendências econômicas mundiais foi lançado dia 10 de setembro, no Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) e destaca o papel que as políticas comerciais e industriais proativas podem desempenhar na agenda de desenvolvimento pós-2015. Aponta para várias políticas que, na dinâmica de mudança da economia mundial, podem ajudar a alcançar um crescimento sustentável de renda, pleno emprego, redução da pobreza e outros resultados socialmente desejáveis. Segundo o documento, o resultado da economia global esperado para 2014 é “uma melhoria modesta” em relação à expansão de 2,3% averiguada em 2012 e 2013. O documento classifica as políticas promovidas para a recuperação global até aqui como “não só inadequadas, como inconsistentes”. A Ásia e África Subsaariana são regiões com maior crescimento previsto em 2014 – acima de 5,5% -, enquanto países desenvolvidos mantinham uma previsão de crescer em torno de 1,8%.
Já o crescimento na América Latina e no Caribe foi previsto em torno de 2%. Para o Brasil, a previsão de crescimento em 2014 foi de 1,3%. Segundo a entidade, economias em transição devem ter o pior desempenho, com crescimento estimado em 1% em 2014. Responsável por divulgar o relatório em coletiva no Rio, Antonio Carlos Macedo e Silva, professor do Instituto de Economia da Unicamp e ex-pesquisador da Unctad, frisou que as projeções de crescimento, compiladas em julho, devem ser revistas para baixo. A entidade critica o que chamou de continuidade do domínio financeiro sobre a economia real e afirma que para romper com o período prolongado de baixo crescimento é necessário fortalecer a demanda agregada através do crescimento real dos salários e uma distribuição mais igualitária da renda. “O problema é que estamos crescendo com base nas mesmas políticas dos países cen-
trais, que jogam lenha na mesma fogueira que deu na crise de 2008”, disse Macedo, durante lançamento. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Enquanto a comunidade internacional começa a definir um novo conjunto de objetivos de desenvolvimento, é fundam e n t a l que os países tenham autonomia política suficiente para fazer frente às ambições ainda maiores de qualquer nova agenda, enfatiza a UNCTAD em seu Relatório. Com um novo conjunto de amplos objetivos de desenvolvimento sustentável já proposto em Nova York, uma agenda de desenvolvimento pós-2015 não será factível sem a disponibilidade de mais instrumentos e maior flexibilidade na definição de políticas. Segundo o documento, quatro elementos de uma abordagem mais flexível para a escolha, de-
sign e implementação de políticas, são necessárias para atingir o novo conjunto de metas de desenvolvimento: - Em primeiro lugar, as questões de política industrial; mesmo os países desenvolvidos estão novamente reconhecendo seu papel na promoção do crescimento da produtividade, incentivar a inovação e criação de empregos decentes. - Em segundo lugar, nas economias dependentes de commodities, como é o caso do Brasil, a conversão dos rendimentos dos recursos naturais em crescimento sustentado e a transformação estrutural, exigirá acelerar a industrialização através de um alto nível de investimento bem como incentivar uma ligação virtuosa entre o comércio e a acumulação de capital. - Em terceiro lugar, as cadeias de valores globais estão se espalhando e podem abrir novas oportunidades para o desenvolvimento industrial e criação de emprego -, mas isso não deve significar simplesmente alinhar as medidas de políticas para atender aos interesses das empresas. - Por fim, os efeitos sobre o desenvolvimento de estratégias de crescimento liderado pelas exportações de modo mais geral parecem estar perdendo força desde a Grande Recessão, devido à desaceleração do crescimento nos países desenvolvidos e uma menor elasticidade da sua demanda por importações de países em desenvolvimento.
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VERDE
MOBILIDADE
AMAZÔNIA LEGAL
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O desmatamento volta a crescer na Amazônia, a boa notícia é que foi pequeno. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) o mapeamento e o cálculo da taxa de derrubada de floresta na Amazônia Legal para o período agosto/2012 a julho/2013, de acordo com as atividades realizadas no âmbito do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (Prodes), computou uma taxa de 5.891 km2/ano. Representa a segunda menor taxa de desflorestamento registrado na região desde que o Instituto começou a medi-la, em 1988. O valor da taxa consolidada, obtida após o mapeamento de 216 cenas do satélite americano Landsat 8/OLI, é aproximadamente 1% acima d estimado pelo Inpe (www.inpe.br) em dezembro de 2013, que foi de 5.843 km2, cálculo gerado com base em 86 imagens do mesmo satélite e que cobriram a área em que foram registrados mais de 90% do desmatamento no período anterior (agosto/2011 a julho/2012) e também os 43 municípios referidos no Decreto Federal 6.321/2007 e atualizado em 2009. De acordo com o noticiado no site do Ministério do Meio Ambiente (MMA), a partir do número consolidado pelo Prodes, o Comitê Técnico Científico do Fundo Amazônia (CTFA) validou na última quarta-feira (10/09) o cálculo das reduções de emissões de CO2 oriundas do desmatamento, que ficou na ordem de 516 milhões de toneladas de CO2 –
Fórum abre Semana O desmatamento cresceu, mas foi o menor em 25 anos Municipal 2014
Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), realiza, hoje (16/09), às 9 horas, no auditório do órgão, o Fórum Mensal de Urbanismo e Meio Ambiente, abrindo a Semana Municipal da Mobilidade 2014. A titular da Seuma, Águeda Muniz, o secretário de Conservação e Serviços Públicos, Luiz Alberto Sabóia, e o secretário de Infraestrutura, Samuel Dias, irão expor as ações da gestão municipal relacionadas ao tema. O Fórum é gratuito e aberto a toda a população, sendo um espaço de debate sobre os mais importantes assuntos que permeiam Fortaleza. Durante a Semana, outras atividades serão realizadas em parceria com diversos órgãos municipais, a exemplo da inauguração do prolongamento da ciclofaixa da Avenida Santos Dumont (entre as ruas Nogueira Acioly e Nunes Valente), que ocorrerá em 22 de setembro, Dia Mundial Sem Carro. A iniciativa é uma das ações do Plano de Ações Imediatas para Transporte e Trânsito de Fortaleza (PAITT) proposto pela gestão municipal. Ainda dentro da programação, ocorrerá o I Passeio Ciclístico “Paz no Trânsito”, promovido pela Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC), no domingo (21/09), às 7h30min, com percurso de 12 quilômetros; o credenciamento de deficientes físicos e idosos por meio da unidade móvel da AMC, que estará na
Avenida Beira-Mar; e uma ação educativa nos terminais de ônibus pela Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), na quarta-feira (17/09). SERVIÇO Fórum Mensal de Urbanismo e Meio Ambiente e Abertura da Semana da Mobilidade 2014 Data: 16.09.2014 (terça-feira) Horário: 9 horas Local: auditório da Seuma Av. Deputado Paulino Rocha, 1343, Cajazeiras Confira Programação da Semana da Mobilidade 2014 no site: http://www.oestadoce.com.br/o-estado-verde/
uma redução de 64% em relação ao referencial adotado. O CTFA é formado por cientistas de notório saber.
EMISSÕES Com o resultado, o Brasil poderá receber até 2,5 bilhões de dólares em pagamentos por redução de emissões de desmatamento alcançados na região da Amazônia Legal, baseado em dados do Fundo Amazônia, que adota o valor de US$ 5,00 por tonelada de CO2 para captação de recursos de doações junto aos governos estrangeiros, empresas, instituições multilaterais, organizações não governamentais e pessoas físicas. O cálculo das emissões provenientes do desmatamento pelo Fundo Amazônia toma como base a média de carbono na biomassa de 132,3 tC/ha. Quem mais desmatou foi o estado do Pará. A tabela abaixo apresenta a distribuição da taxa de desmatamento nos estados que compõem a Amazônia Legal: ESTADO ACRE AMAZONAS AMAPÁ MARANHÃO MATO GROSSO PARÁ RONDÔNIA RORAIMA TOCANTINS AMAZÔNIA LEGAL
DESMATAMENTO (KM2) 221 583 23 403 1.139 2.346 932 170 74 5.891
Desflorestamento ou desmatamento é o processo de destruição das florestas através da ação do homem. Ocorre, geralmente, para a exploração de madeira, abertura de áreas para a agricultura ou pastagem para o gado. A queimada ilegal é o processo mais utilizado para o desflorestamento. Fontes: Inpe e MMA
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VERDE
OPINIÃO
*MARCUS NAKAGAWA
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tualmente as questões sociais estão tendo relevância cada vez maior no Brasil. As manifestações em 2013 em prol da saúde, educação, transporte e mobilidade, moradia, entre outros, acabaram se chocando com a realidade do padrão FIFA de qualidade da Copa do Mundo de 2014. Muitos achavam que não era possível realizar um evento deste porte envolvendo tantos recursos e cidades do país. A ideia aqui não é discutir este confronto, mas sim a grande mobilização e a visibilidade dos temas sociais do nosso país, seja de uma forma pejorativa ou construtiva. A resolução destes temas está criando novas oportunidades de negócios e carreiras para aqueles empreendedores que querem realizar algo inovador e que tenha a ver com os seus valores pessoais. Um destes caminhos é desenvolver empresas ou organizações que façam negócios com impacto social. Este tipo de negócio somado com o tema das finanças sociais foram debatidos durante dois dias em maio deste ano, durante o primeiro Fórum Brasileiro de Finanças Sociais e Negócios de Impacto, realizado na cidade de São Paulo. Com o principal objetivo de fortalecer o ecossistema destas atividades no Brasil, o evento trouxe muitos exemplos, casos de sucesso e pensadores sobre o tema. É um movimento que está em constante crescimento e já existem muitos empreendedores neste estilo de vida, uma mescla de técnicas de negócios com melhorias sociais e valores pessoais. Segundo Janelle Kerlin, professora da Universidade do estado da Geórgia, o conceito de negócio com impacto social incluiria qualquer atividade empresarial que tenha impacto social dentro de sua ação de negócios. Eles podem assumir diferentes formas jurídicas: corporações, empresas limitadas e organizações sem fins lucrativos.
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Empreendedor de negócios com impacto social
Diferentemente da ideia de negócios sociais do Nobel da Paz Muhammad Yunus, que considera que existem dois tipos de empresas sociais: o primeiro é o de empresas cujo foco é proporcionar um benefício social, em vez da maximização dos lucros para os proprietários. O segundo tipo de empresa social funciona de modo bem diferente: são as que visam a maximização dos lucros e pertencem a pessoas pobres ou desprovidas de recursos. Nos dois casos são empresas necessariamente com fins de lucro. Mais do que os conceitos e terminologias, esta nova forma de se lidar com a gestão e o empreendedorismo pensando em resolver problemas do mundo é a grande mudança. O que gera nos
líderes, gestores e empreendedores a oportunidade de realizar algo com as competências técnicas aprendidas na Academia, juntamente com a sua crença e valores pessoais. Um ótimo exemplo também é a marca de tênis Vert que, além de bonitos e confortáveis, são desenvolvidos em Paris e fabricados no Brasil, como diz na própria etiqueta. A sua preocupação com o meio ambiente na fabricação, no material, no ponto de venda, e a aposta no comércio justo já rendeu um faturamento de mais de R$ 18 milhões por ano. A empresa criada por dois franceses lançada na Europa em 2004, possui uma fábrica em Novo Hamburgo (RS). Apesar de vários anos no mercado só passou a ser vendido no Brasil em outubro de 2013. Os tênis tem como base o algodão orgânico do semiárido nordestino e a borracha da região amazônica do Acre. A compra é feita diretamente com os produtores, fazendo com que estes recebam até 65% acima do valor de mercado por não ter intermediários. Este é um dos exemplos dos processos sustentáveis na empresa e que ajudam os problemas sociais realizando o desenvolvimento territorial real diretamente com a sua população.
Atualmente, a empresa já possui um portifólio de 42 calçados e a produção anual em 100 mil pares no ano de 2013. Isso é aliar negócios com questões sociais e ambientais. Para reforçar ainda mais esta tendência, temos ações de grandes empresas como a Unilever que fez recentemente uma chamada parao Prêmio Unilever de Sustentabilidade, voltado para Jovens Empreendedores, para incentivar jovens a buscar soluções inovadoras por meio de produtos, serviços ou aplicações sustentáveis e com potencial para ganhar escala, que tenham o objetivo de reduzir impactos ambientais, melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas ou melhorar suas condições de vida e trabalho, considerando a de mudanças em seus hábitos ou práticas. É isso aí, vamos juntar cada vez mais empreendedorismo, negócios e impacto social. E você, qual problema do mundo vai ajudar a resolver? *Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor; professor da ESPM; idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade e estilo de vida. www.marcusnakagawa.com
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RESPONSABILIDADE SOCIAL
No Ceará, empresas já são responsáveis socialmente
Organizações cearenses administram os impactos de suas decisões e atividades, levando em conta a expectativa das partes interessadas e o meio ambiente
ASSISTENCIALISMO OU RESPONSABILIDADE SOCIAL De acordo com a doutora Célia Braga, professora do curso de economia da UFC, quando a empresa faz essa perspectiva, ela passa a respeitar seus colaboradores e a mostrar que não tem compromisso apenas com o lucro. Ela explica a diferença entre assistencia-
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reocupação com os aspectos sociais e ambientais estão cada vez mais presentes na agenda das organizações que visam lucros. A mudança teve que acontecer, já que os cuidados na hora de fechar negócios passaram a ser outros e o desempenho da empresa em relação à sociedade em que opera e o impacto que a mesma causa ao meio ambiente tornou-se uma parte crucial na avaliação do desempenho geral e da capacidade empresarial de continuar a operar de forma eficaz. No Ceará, algumas empresas já são consideradas responsáveis socialmente e isso não tem a ver apenas com projetos de educação e de saúde, mas com transparência na administração, preocupação com os funcionários, cuidado com o meio ambiente e respeito à diversidade étnica e de gênero, reflete o reconhecimento, cada vez maior, da necessidade de assegurar ecossistemas saudáveis, igualdade social e boa governança organizacional. A filantropia de antes foi substituída pela Responsabilidade Social (RS), entendida como um o compromisso ético que algumas organizações têm com seus stakeholder ou partes interessadas (clientes, fornecedores, sindicatos, ONG’s, toda parte que se relacione com a empresa), esse compromisso é introduzido no modelo de estratégias empresariais e passa a fazer parte de todas as ações de negócio a partir desse conceito.
lismo e RS, afirmando que são níveis diferenciados de ações dentro das empresas. “No assistencialismo e na filantropia, a empresa faz alguma benfeitoria, em determinado momento, mas não se preocupa com o futuro desta pessoa, ou deste grupo. A filantropia é ultrapassada e perigosa. Uma empresa pode ser boa para a comunidade, mas péssima com seus funcionários e acionistas.”
Já a visão de responsabilidade social empresária é diferente. A organização, não dá apenas uma ajuda, mas desenvolve esta pessoa para que ela adquira cidadania e se construa sozinha. “Ou seja, a RS é um agente de transformação do ser humano, enquanto o assistencialismo pode ser visto como uma ajuda financeira, apenas”, explica. Ela lembra que a RS não exime as em-
presas de fazerem atividades filantrópicas, pois estas atividades são necessárias em determinadas comunidades. As ações de responsabilidade social são feitas objetivando resultados, mudanças na vida dos envolvidos, geram impactos sociais e econômicos na vida destas pessoas. Se uma empresa quer se tornar competitiva nacionalmente ou globalmente, tem de pensar em tudo isso.
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COELCE Com mais de dez projetos sociais, a Coelce, também é considerada uma
empresa responsável socialmente. A terceira maior distribuidora de energia do Nordeste trabalha o tema como política, dentro do seu plano estratégico desde 2004. Uma perspercitva de longo
da Coelce, Débora Pinho, as ações dos projetos são desenvolvidas em três vertentes: educação, cultura e acesso a energia, pois entendem que esses são fatores de inclusão e desenvolvimento social. “Estimulamos o consumo seguro e inteligente de energia para evitar o desperdício”. Prova disso, é o Projeto Troca Eficiente, focado no uso conscien-
te de energia elétrica que troca geladeiras da população inserida no Programa Baixa Renda. Com três anos de existência, a Coelce já beneficiou comunidades de 63 municípios cearenses, trocando mais de 55 mil geladeiras. Além disso, a empresa também investe acima de 10 milhões por ano em projetos culturais, por entender que cultura é um fator de desenvolvimento. Débora explica que pesquisas são realizadas junto aos consumidores, para mensurar a colaboração da empresa para o desenvolvimento da região. “Temos uma pesquisa anual feito pela Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação (ABRAT), que contempla 12 indicadores sociais. Temos também indicadores de imagem, junto a líderes de opinião (líderes comunitários, políticos, imprensa e grandes clientes) que dentro do conjunto de perguntas tem perguntas relacionadas ao posicionamento em relação à responsabilidade social da empresa e os resultados são sempre satisfatórios”, comenta.
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GRUPO AÇO CEARENSE Uma das empresas que se destacam em projetos sociais e de meio ambiente é o Grupo Aço Cearense. Assumindo um compromisso com o desenvolvimento sustentável, por meio do alinhamento dos seus negócios e de uma gestão socialmente responsável, a empresa vem contribuindo para o desenvolvimento do Brasil nas regiões onde atua. Criado em março de 2010, o Instituto WMA é responsável por todas as ações de cunho social, educacional, esportivo e ambiental do Grupo. A presidente do instituto, Rosemeire Matos, vê inúmeras vantagens em monitorar permanentemente os impactos econômicos, sociais e ambientais das atividades da companhia e comemora os resultados. “Com aproximadamente 4 milhões investidos nos últimos anos, mais de 100 instituições foram atendidas, totalizando 32 mil pessoas beneficiadas. Entre as ações do Instituto, destacamos a recuperação de dependentes químicos, assistência a pessoas em situação de risco, garantia e defesa dos direitos da criança, do adolescente e do idoso, formação p r o f i s sional e inserção no mercado de trabalho, geração de renda e oportunidade de trabalho, recuperação social do preso e na promoção da saúde integral do ser humano”, destaca. Nesse contexto, um dos projetos é o Reforma Solidária, que envolve obras de construção civil, doação de mobílias e eletrodomésticos e outras ações para proporcionar moradia digna a famílias de Fortaleza e região metropolitana. Orientado pelos Oito Objetivos do Milênio (ODM), da Organização das Nações Unidas (ONU), o Instituto WMA também participa de iniciativas de preservação ambiental e incentiva o voluntariado e as parcerias para o pleno exercício da cidadania.
prazo que envolve não só os aspectos econômicos e financeiros, mas também os sociais e ambientais. A Companhia leva energia a 99,9% da população do Ceará e entende que seu négocio está atrelado ao desenvolvimento. De acordo com a especilista em sustentabilidade
A norma ABNT ISO 26000 propõe sete princípios, que procuram sintetizar as orientações básicas de gestão e conduta para que as organizações consigam alcançar seus objetivos de negócios com responsabilidade social. Por esse motivo, são abrangentes e respondem às demandas de diversos segmentos da sociedade, a fim de potencializar a organização como promotora de uma nova economia, inclusiva, verde e responsável. São eles: 1. Accountability (Prestação de contas) 2. Transparência 3. Comportamento ético 4. Respeito aos interesses das partes interessadas 5. Respeito pelo estado de direito. 6. Respeito às normas internacionais de comportamento 7. Respeito pelos direitos humanos
Fonte: ABNT ISO 26000
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VERDE C. ROLIM ENGENHARIA Outra empresa que vê a dimensão da RS como um dever inerente a toda instituição e algo que vai além do assistencialismo, é a C. Rolim Engenharia. Agraciada com o Prêmio CBIC de Responsabilidade Social – Categoria Empresa, a construtora insere a RS no seu dia-a-dia visando promover o bemestar geral e a melhoria da qualidade de vida da população. Segundo a diretora comercial e de marketing da empresa, Ticiana Rolim, além de inserir itens de sustentabilidade em cada um dos seus projetos, a C. Rolim Engenharia, não abre mão do lado humano, de preservar o meio ambiente, cuidar da conservação da cidade, proporcionando bem-estar às partes interessadas. “Acreditamos que o compromisso socioambiental estende-se numa dimensão macro, que vai desde a rua, o bairro em que o empreendimento está localizado à própria cidade em que constrói”. Ela lembra que a empresa também faz questão de investir no desenvolvimento profissional dos colaboradores e realiza um intenso trabalho social. Um dos projetos da construtora é o Mutirão do Bem, cujo maior objetivo é valorizar o local onde seus colabora-
dores moram, com ações que promovam um ambiente mais agradável e que estimulem e deem suporte ao indivíduo. “Entre as diversas ações, a empresa disponibiliza auxílio financeiro para reforma da casa dos colaboradores participantes do programa. O Mutirão do Bem, inclusive, conferiu neste ano o Prêmio de Responsabilidade Social – categoria Empresa à C. Rolim Engenharia da CBIC, recebido pelo diretor técnico da construtora, Alexandre Mourão, das mãos da presidente Dilma Rousseff”, comenta. DISSEMINAÇÃO A professora Célia Braga ressalta que as empresas precisam disseminar essa cultura de responsabilidade social, internamente, pois quem primeiro tem que comprar a proposta são os colaboradores. “Responsabilidade social não é apenas contratar uma consultoria e coloca-la dentro da empresa, não funciona dessa forma. Ela tem que ser uma realidade, um compromisso entre os gestores e os funcionários, todos precisam acreditar nesta política. Se isso não acontecer, os resultados podem ser insatisfatórios e respingar negativamente na empresa. É uma faca de dois gumes” acrescenta.
Características essenciais de Responsabilidade Social Incorporação por parte da organização de considerações sociais e ambientais nas suas decisões tornando-se responsável pelos impactos e decisões de suas atividades na sociedade e meio ambiente. Responsabilidade Social envolve uma compreensão das expectativas amplas da sociedade. Expectativas da sociedade: valores éticos amplamente compartilhados através do respeito às normas internacionais de comportamento (Declaração Universal dos Direitos Humanos; Convenções e Tratados da OIT, Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; Declaração de Desenvolvimento Sustentável de Johannesburg). Engajamento com partes interessadas é fundamental para Responsabilidade Social.
Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social Desenvolvimento Sustentável é um conceito amplamente aceito que ganhou reconhecimento internacional através da publicação em 1987 do relatório da Comissão das Nações Unidas em Desenvolvimento e Meio Ambiente: Nosso Futuro Comum. Desenvolvimento Sustentável significa atender a necessidade das sociedades vivendo no limite ecológico do planeta sem ameaçar a habilidade da geração futura em atender nas suas necessidades. Através de três dimensões interdependentes: econômica, social e ambiental. Conceito reflete as expectativas amplas da sociedade Responsabilidade Social tem a organização como foco e diz respeito à responsabilidade da empresa com a sociedade e o meio ambiente. O objetivo final da atuação socialmente responsável é contribuir para o desenvolvimento sustentável. Fonte: ABNT ISO 26000
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BIOTECNOLOGIA
Fórum de negócios destaca oportunidades de investimento
Evento apresentará projetos inovadores e tecnologias de ponta para investidores, nas áreas de fitoterápicos, alimentos funcionais e agricultura
POR JESSICA FORTES oev@oestadoce.com.br
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romover o intercâmbio e a transferência de tecnologias entre os ofertantes de soluções tecnológicas, empresas, startups e investidores, para aumentar a competitividade dos setores produtivos impactados pela Biotecnologia. Esses são os principais objetivos do BioBusiness Forum, fórum de negócios em biotecnologia, que iniciou ontem (15), em Fortaleza, e vai até o dia 19 de setembro, no Centro de Eventos do Ceará, durante o 16o Simpósio Internacional de Biotecnologia – IBS 2014, maior evento do mundo no segmento. O evento foi programado com diversas palestras que estão acontecendo no auditório principal e dois encontros de negócios: Biobusiness Meeting e Demo Day. O Biobusiness Meeting constará de reuniões temáticas de negócios, que serão realizadas simultaneamente, amanhã (17), das 9h40 às 12h30, nas seguintes áreas: fibras naturais e ceras, floricultura, fruticultura, leite e derivados, apicultura, aquicultura, trigo, ovino e caprinocultura, química verde, saúde e bioinformática. Durante o fórum, as empresas terão a oportunidade de descobrir que a solução para alguns dos seus problemas pode se encontrar bem perto, em outras empresas ou grupos de pesquisa que dificilmente tem a oportunidade de estabelecer relações e, por outro lado, investidores terão acesso a oportunidades de negócio nascentes de incubadoras de empresas. Segundo Fátima Ludovico, organizadora do Fórum, “será muito interessante à participação das empresas cearenses nestes eventos para que haja trocas
O 16o Simpósio Internacional de Biotecnologia – IBS 2014 foi aberto no domingo (14), para cerca de 400 convidados e prossegue até o dia (19) de setembro, com a participação de mais de mil conferencistas, no Centro de Eventos do Ceará de experiências, problemas e soluções. E elas não devem perder esta oportunidade, já que este evento tão importante acontece aqui”, ressalta. NEGÓCIOS INOVADORES No dia 18, a partir das 8h30, será o Demo Day, com apresentações de dez oportunidades de negócios inovadores ligados à Biotecnologia e que podem representar oportunidade de investimentos no setor. São tecnologias de ponta, principalmente, na área de saúde, fitoterápicos, alimentos funcionais
e agricultura. Praticamente todas com patentes depositadas e maduras para serem lançadas no mercado, algumas já estabelecidas, mas buscando financiamento para crescer. O Fórum será um passo importante para dinamizar o bionegócio no Ceará. Durante o Demo Day, haverá, ainda, palestra da Gestora Regional do BNDES, Roberta Mota, sobre as oportunidades de investimento em biotecnologia e em startups, com destaque sobre linhas específicas de apoio para esse tipo de investimento.
Renata Crespo, coordenadora do Demo Day, acredita que muitos ficarão surpresos com a qualidade e criatividade dos negócios que verão durante o evento. Uma das responsáveis pela seleção dos projetos, Renata ressalta que os produtos e serviços que serão apresentados são inéditos e diferenciados. “A maioria não possui concorrente no mercado nacional e alguns são inéditos a nível internacional, possuem um claro diferencial tecnológico e mercadológico. Foram selecionados por serem realmente bons negócios”, conclui.
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Durante o fórum, as empresas terão a oportunidade de descobrir que a solução para alguns dos seus problemas pode estar bem perto e, por outro lado, investidores terão acesso a oportunidades de negócio nascentes de incubadoras de empresas O investimento em inovação tecnológica tem se mostrado mundialmente um caminho para acentuado crescimento e valorização de empresas, pois lhes confere vantagem competitiva, facilitando a rápida conquista de grandes fatias do mercado. Renata lança um convite “aos investidores cansados de colocar seu dinheiro em imóveis e fundos, para conhecer dez oportunidades de negócio totalmente inovadoras e instigantes”. O BioBusiness Forum tem o apoio da Confederação Nacional da Indústria - CNI, do Sistema Fiec e da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará – Adece. ABERTURA DO EVENTO O 16o Simpósio Internacional de Biotecnologia – IBS 2014 foi aberto no domingo (14), para cerca de 400 convidados e prossegue até o dia 19 de setembro, com a participação de mais de mil conferencistas, no Centro de Eventos do Ceará. A solenidade de abertura contou com a presença do pró-reitor de Pesquisa e Graduação da UFC, Gil Aquino; do assessor especial para Assuntos Internacionais do Governo do Estado do Ceará, Hélio Leitão; do presidente do Subcomitê de Biotecnologia da IUPAC, Francesco Nicotra; do sena-
dor Inácio Arruda; do coordenador geral de Biotecnologia e Saúde do Ministério, da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luis Henrique Mourão; do superintendente da Sudene, José Márcio de Medeiros Moua; do presidente da Fiec, Roberto Macêdo; do editor-chefe do journal Biotechnology Advances, Murray Moo-Young e do chairman do IBS, professor José Osvaldo Bezerra Carioca. O pesquisador Francesco Nicotra, da IUPAC, relembrou o histórico do IBS, realizado pela primeira vez em Kyoto, no Japão, em 1972 e agradeceu aos colegas brasileiros por assumirem o trabalho árduo de organizar esse Simpósio. “Temos o objetivo de difundir a biotecnologia pelo mundo”, afirmou ao lembrar que o evento já passou por cidades como Berlim, Londres, Nova Deli, Paris, Sidney e Santiago do Chile e agora, em sua 16a edição, acontece pela primeira vez no Brasil, em Fortaleza. Representando o governo do Estado do Ceará, Hélio Leitão assegurou que o governo do Ceará irá “viabilizar as ideias, planos e projetos que serão discutidos nos próximos dias, na certeza de que os trabalhos resultarão em grandes avanços e benefícios para o Ceará, para o Brasil e para todos os países representados”.
IBS 2014 O evento já realizado em países como Canadá, Estados Unidos, França, Itália e China, ocorre pela primeira vez no Brasil e reunirá mais de mil pesquisadores de 80 países para discutir assuntos relacionados à “Biotecnologia para o Desenvolvimento da Economia Verde”. Pesquisadores e convidados irão trocar experiências, conhecer mais sobre tendências de mercados e inovações em diversas áreas como: Biologia Molecular e Bioinformática; Agronegócios (animal, agricultura e aquicultura); Industrial e Biotecnologia Ambiental; Produtos Farmacêuticos e Biotecnologia; Economia Verde: Bioprocessos e Bioprodutos – Biocombustíveis; Cooperação Internacional e Biodireito; e Projetos de Inovação e Empreendedorismo. O IBS 2014 é promovido pela Universidade Federal do Ceará e IUPAC, com o apoio da Confederação Nacional da Indústria, Confederação Nacional da Agricultura, ADECE, Centro Internacional de Negócios e FIEC. O evento foi aberto oficialmente no domingo (14) e vai até o dia 19, no Centro de Eventos do Ceará.
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL O cultivo de plantas que melhoram a qualidade do ar POR TARCILIA REGO tarciliarego@oestadoce.com.br
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esmo dentro de casa não estamos livres da poluição. Mas as plantas podem ajudar a minimizar o problema, filtrando as partículas perigosas que flutuam no ar. Afinal, elas não servem apenas para decorar as divisões da casa, mais do que isso, conseguem converter o dióxido de carbono em oxigênio e remover da atmosfera elementos prejudiciais como o ozônio, o benzeno e o formaldeído. A capacidade de absorção dos poluentes é tão eficaz que até a agência espacial americana estuda o assunto. Antes de começar a comprar plantas para tornar mais saudável o ambiente da sua casa, convém verificar quais as que mais se adequam ao seu espaço: se for um fumante, uma dracena ou um clorofito são as opções certas. Caso seja um colecionador de artes e tenha quadros em casa, o ideal é decora-la com gérberas ou crisântemos. Se por outro lado for um maníaco pelas limpezas, os antúrios vão ajudar a manter o ar livre dos químicos dos detergentes. Confira abaixo algumas dicas de espécies que podem melhorar a qualidade do ar da sua residência: Gérbera: eficiente na remoção de tricloroetileno, substância cancerígena utilizada como solvente nos processos de lavagem a seco. Ela também pode ser usada para reduzir a concentração do benzeno, que pode aumentar os riscos de desenvolvimento de leucemia. Coloque um vaso dessa planta no seu quarto ou na sua lavanderia, desde que esses cômodos sejam bastante iluminados. Dracena-de-Madagascar: além de fácil de manutenção, a dracena pode ser utilizada para
a remoção de tricloroetileno, xileno e formaldeído, substância que pode causar irritação dos olhos, nariz, garganta e pele. Pesquisas recentes relacionam a longa exposição a esse composto com o aumento da chance de desenvolvimento de esclerose múltipla. Lírio da Paz: tudo o que essa planta precisa para florescer é de um local com pouca ventilação e de uma boa sombra. De acordo com um estudo da Nasa, os lírios da paz são muito eficientes na eliminação dos três gases voláteis mais comuns – formaldeído, benzeno e tricloroetileno – e também combatem o tolueno, que quando inalado em pequenas quantidades pode causar cansaço, confusão mental, debilidade, perda da memória e náusea, e o xileno.
INDICAÇÃO DE LEITURA Livro questiona: Tempo livre pode ajudar a salvar o planeta? A bióloga, especialista em Administração de Empresas, Mônica Monteiro Klein, acaba de lançar o livro “Reduzir a jornada de trabalho para ajudar nosso planeta?” pela editora Matrix, no qual aborda a redução da jornada de trabalho, bem-estar social, consumismo e preservação ambiental. O tema faz parte de uma discussão latente no Brasil e despertou a atenção de Mônica Klein, quando ela entrou no site da New Economics Foundation e deparou com o artigo “21 hours: why a shorter working week can help us all to flourish in the 21st century”. Segundo a autora, que também é mestre pela Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (Escas), o “artigo trazia uma série de justificativas interessantes em defesa da redução da jornada de trabalho, tendo como base, principalmente, as experiências e dados obtidos de países desenvolvidos, especialmente o Reino Unido”. Através da obra, Mônica busca estabelecer um ponto de partida para as discussões no Brasil sobre a viabilidade e efetiva sustentabilidade das propostas de redução de carga horária – questionamento ainda sem resposta no País –, sugeridas por economistas ecológicos, uma vez que a maior parte das discussões considera apenas a realidade e as experiências de países desenvolvidos. Título: Reduzir a jornada de trabalho para ajudar nosso planeta? Autor: Mônica Monteiro Klein Editora: Matrix Páginas: 240 Edição: 1 Ano: 2014
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A Arborização de Fortaleza POR ANTÔNIO SÉRGIO FARIAS*
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inescapável - Uma cidade só pode ser boa de viver, morar, trabalhar, se divertir se for uma cidade onde o meio ambiente é respeitado, onde as atividades humanas busquem o menor dano possível à natureza, o que não é fácil, mas perfeitamente possível. A arborização urbana traz inúmeros bons serviços para nós de sangue quente, desde a sombra que ameniza significativamente o desconforto térmico, notadamente em terras equatoriais como a nossa, embeleza os logradouros, tranquiliza os ânimos acirrados, possibilita encontros, filtra o ar, o barulho, acolhe. Árvores abrigam pássaros e abelhas, alegram os dias modorrentos, mantém a biodiversidade – Árvore é vida em abundância. Fortaleza é simplesmente péssima no quesito arborização, aqui, árvores e verde são destratados há várias décadas, desde o fim da Belle Époque pelos anos 30 do século passado. Podas são feitas de qualquer modo, mutilando as plantas anos a fio até que morram. Esculturas secas, de árvores mortas jazem ainda em pé, podendo cair a qualquer momento sobre nossas cabeças. Boa parte das áreas verdes está ocupada ou invadida. Os grandes tocos de árvores outrora cortadas permanecem Ad infinitum, prejudicando a mobilidade de pedestres, oferecendo sérios riscos de acidentes, como por exemplo, no canteiro central da Avenida Duque de Caxias. Nossos parques e lagoas se encontram em geral sujos, abandonados. Vivemos a Moche Époque. Reformas nos canteiros centrais das avenidas ignoram a necessidade precípua de espaços/berços para as árvores, tendo sido em grande parte impermeabilizados, inclusive não havendo nem um trato nas árvores doentes ou a retirada dos tocos supra referidos, algo absurdo, considerando as equipes mobilizadas nessa reforma, mostrando claramente a total falta de sintonia e visão
de conjunto pelos “responsáveis” pelos serviços. Praças e avenidas situadas no entorno do Horto Municipal no Passaré, não possuem arborização ou a têm inteiramente inadequada. Não há integração entre os entes públicos municipais. Um total contrassenso. Predominam na arborização pública espécies exóticas com uma predileção por palmeiras, que não dão sombra, nem combinam com nossa paisagem. Algumas são espécies invasoras, comprovadamente uma séria ameaça à biodiversidade autóctone, como por exemplo o Nim (Azadirachta indica), a Castanhola (Terminalia catappa) e o Mata-fome (Pithecellobium dulce). Espécies nativas, recomendadas pelo Movimento Pró-Árvore como Oiti, Oiticica, Pau-Branco, Ingazeira, Trapiá, Sabonete, Peroba, Ipês, Jatobá, Frei-Jorge, Ubaia, Mirindiba estão entre as muitas possíveis para arborização de nossa cidade, vivemos no país da megadiversidade. O porte das árvores vai de acordo com
o espaço disponível, em geral, reduzido e agravado por uma fiação elétrica, telefônica e de TV a cabo absurda. Nas calçadas devem ser utilizadas espécies prioritariamente de pequeno porte (até 4m) ou, se possível, de médio porte (4 a 8m). As de grande porte devem ser plantadas nos parques e grandes áreas livres. Faltam compromisso, ética, amor às árvores, ao patrimônio natural, respeito à coisa pública. Predominam os interesses egocêntricos, capitalistas, a ambição desmedida, uma visão curta, míope, estulta. Não temos um órgão especifico com profissionais que tratem da parte viva da paisagem, e não se pode esperar alguma mudança de quadro. Palavras não arborizam. Não se conhece quais as espécies de árvores da cidade, nunca foi feito um inventário arbóreo, primeiro passo para um Plano de Arborização. É essencial a criação de um departamento de parques jardins e áreas verdes com no mínimo duas dezenas de profissionais das áreas de biologia, agronomia
e afins, capacitados, motivados e com orçamento compatível, com atividades voltadas aos parques, jardins, canteiros centrais, passeios, suas plantas, seus animais, bem como seu desenho paisagístico. Um órgão que planeje e execute os projetos de arborização e ajardinamento. Outro ponto importante é a exigência das compensações ambientais das inúmeras obras que foram e estão em curso na capital, com o plantio adequado de árvores e sua devida manutenção, bem como a adequação dos projetos construtivos no sentido do menor dano à cobertura vegetal existente. A cidade precisa finalmente acordar deste pesadelo da destruição de tudo o que é natural, somos natureza, o que significa que estamos destruindo a nós mesmos. Precisamos de cidadania, humanidade, harmonia, lutar pelo que nos é de direito, uma cidade verde, boa, uma Fortaleza definitivamente bela.
*Integrante do Movimento Pró-Árvore