ANO VI - EDIÇÃO No 348 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 29 de julho de 2014
TIAGO STILLE
Agência Nacional de Águas publicará laudos dos rios na Internet
DIVULGAÇÃO
INFORMAÇÃO AMBIENTAL
SEGURANÇA HÍDRICA Retirar o sal da água é uma alternativa
No Ceará, o processo já ocorre em poços onde a água é salobra. Em São Paulo, filtro separa o sal da água do mar. Págs. 9 e 10
Relatórios serão acessados com a mesma facilidade que ocorre com o de balneabilidade das praias, afirma Semace. Págs. 6 e 7
OCEANO
Encontrado “o ‘coração’ dos recifes de coral do Brasil”
Por anos despercebida, formação foi encontrada por acaso em imagens de satélite durante estudos para o mapeamento físico de recifes do Parque Municipal Marinho da Coroa Pág. 12 Alta, em Santa Cruz Cabrália.
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VERDE
Coluna Verde TARCILIA REGO
tarcilia_rego@terra.com.br
AQUECIMENTO GLOBAL
O State of the Climate 2013, relatório feito por 425 cientistas de 57 países, afirma que 2013 foi um dos dez anos mais quentes já registrados, e os dados mostram um aumento contínuo nas temperaturas atmosféricas e oceânicas e na elevação do nível do mar. Segundo a Sociedade Meteorológica Americana e da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA), o quadro de aquecimento impacta na formação de gelo no Ártico e na Antártida, e essas tendências, por sua vez, influem na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos. Derretimento do gelo do mar expõe a superfície escura do oceano que em vez de refletir 70% da luz solar, absorve 90 % da luz solar, como consequência, o oceano se aquece e as temperaturas do Ártico sobem, ainda mais, derretendo, ainda mais, o gelo. Em contraste com as temperaturas de 2012, quando os Estados Unidos, em particular, observou recordes de temperaturas altas anuais, o calor em 2013 foi mais extrema do outro lado do mundo, na Austrália. O relatório mostra, também, que para todos os anos de 1976 até 2013, a temperatura média global ficou acima da média de longo prazo. As temperaturas terrestres aumentaram em cerca de 0,28 graus Celsius a cada dez anos. Para os que não acreditam no fenômeno do aquecimento é preciso atentar para o fato de que, muitas vezes, as alterações ambientais que ocorrem no planeta não se dão de um dia para o outro, e são sutis o suficiente para que algumas pessoas duvidem das mudanças climáticas em curso, destaca o estudo. O fato é que a grande maioria dos cientistas e estudos já reconhece a existência de um processo de aquecimento na Terra. SEM FUTURO Para Cristóvam Buarque (PDT), “está faltando o futuro nos discursos dos nossos candidatos ao cargo de presidente”. Ele declarou, recentemente, no Senado, que o Brasil está perdendo seu futuro e cobra dos presidenciáveis melhorias na qualidade de vida em longo prazo. O senador espera que os candidatos apresentem propostas que melhorem a vida dos brasileiros no presente e no futuro, aponta que o caminho é a valorização do homem e da natureza. MARINA Qualquer utilização de fotos de Marina Silva - ou do logo da Rede - em materiais de comunicação ou quaisquer outras atividades de campanha em 13 Estados, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, dois dos três principais colégios eleitorais do País, constitui-se uso indevido da imagem da Marina. O uso está restrito às candidaturas estaduais majoritárias apoiadas, formalmente, pela Rede que apoia o mesmo candidato que o PSB.
Verde
MAIS R$ 700 MI PARA BELO MONTE O consórcio construtor de Belo Monte deve receber cerca de R$ 700 milhões a mais do que o previsto no contrato com a Norte Energia para a construção da usina no Pará. O contrato para a realização das obras era de R$ 13,8 bilhões. Segundo apurado pela Folha de São Paulo, um aditivo ao contrato original deve ser assinado nas próximas semanas. Alguns detalhes ainda estão sendo discutidos, mas a Norte Energia já concordou com o pagamento. BOA Participantes de audiência pública na Câmara Federal criticaram a isenção tributária para agrotóxicos. Na opinião de pesquisadores e até da Receita Federal, os tributos devem ser utilizados como instrumento para estimular práticas ambientalmente corretas e controlar o consumo de produtos prejudicais a saúde. REFLEXÃO: “Os recursos naturais têm que ser protegidos para servir também ao futuro”. Senador Cristóvam Buarque (PDT, Distrito Federal).
AGENDA VERDE 03 DE AGOSTO CIRCUITO DE CORRIDAS CAIXA - ETAPA FORTALEZA
• Um dos principais circuitos de corridas de rua do País e que acontece em algumas das principais cidades brasileiras chega à Fortaleza. Os atletas de elite melhor classificados na etapa Fortaleza, assim como os que participarão dos demais circuitos, somarão pontos para o “Ranking Nacional de Corredores de Rua CAIXA-CBAt”, os 10 melhores colocados em cada categoria (masculino e feminino) receberão ajuda financeira mensal da Caixa.
05 DE AGOSTO DIA NACIONAL DA SAÚDE
• O Brasil celebra a “Saúde” neste dia em homenagem ao médico sanitarista, Oswaldo Cruz, nascido em 05 de agosto de 1872 e o pioneiro nos estudos das doenças tropicais e da medicina experimental no País. A Lei No 5.352, 8/11/1967 criou a data que convida a uma reflexão de como estamos cuidando da nossa saúde. Ser saudável não é apenas não estar doente, é um estado que deve ser mantido dia a dia através do equilíbrio orgânico, físico e mental, decorrente de alimentação saudável, boas atividades físicas, cuidados com a higiene pessoal e descanso.
06 DE AGOSTO DIA DE HIROSHIMA
• O dia para nunca ser esquecido. A primeira explosão da primeira bomba atômica na história da humanidade aconteceu no dia 6 de agosto de 1945, quando, às 8h15m da manhã, o bombardeiro americano Enola Gay, um avião B29, lançou uma bomba apelidada de “Little Boy” (Garotinho), contendo 50 quilos de urânio 235, com potencial destrutivo equivalente a 12,5 mil toneladas de TNT, sobre a cidade de Hiroshima no Japão que resultou destruída. Nos 20 primeiros segundos morreram 70 mil pessoas, número que chegaria a 210 mil nas semanas seguintes. A população local era de aproximadamente 300.000 mil pessoas.
DE 06 A 08 DE AGOSTO FENACOCO 2014
• A Feira Nacional do Coco é o maior e mais importante evento sobre a cadeia produtiva de coco do Brasil, este ano acontecerá em Salvador, Bahia e receberá empresários de todo o país para reciclagem, obtenção de novos conhecimentos tecnológicos e realização de negócios. Durante a Fenacoco 2014 acontecerá o 1o Seminário Internacional sobre o Amarelecimento Letal do Coco e o 1o Encontro Brasileiro de Pequenos Produtores de Coco. Mais informações: http://www.fenacoco.com.br/2014
O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873
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VERDE
PLANETA AQUECIDO
Dados climáticos refletem as tendências de aquecimento
Relatório da Sociedade Meteorológica Americana sinaliza que o mundo continua esquentando cada vez mais. Estudo foi compilado por 425 cientistas de 57 países
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temperatura continua subindo. O ano de 2013 foi um dos anos mais quentes, já registrado, conforme relatório State of the Climate 2013. O documento avalia as variáveis que indicam o estado climático do planeta e aponta o que os eventos climáticos de 2013 refletem e o que os pesquisadores, há décadas, vêm falando: a Terra está ficando um lugar cada dia mais quente. O relatório foi divulgado, este mês, pela Sociedade Meteorológica Americana e da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, sigla em inglês). Cientistas do NOAA em Asheville, Carolina do Norte (EUA), serviram como porta vozes do estudo que foi compilado por 425 cientistas de 57 países. O documento fornece uma atualização detalhada dos indicadores globais do clima, eventos climáticos extremos e outros dados mais, coletados nas estações de monitoramento ambiental e instrumentos no ar, terra, mar e gelo, ao redor do mundo. “Estes resultados reforçam o que os cientistas há décadas têm observado: que o nosso planeta está se tornando um lugar bem mais quente”, destacou a administradora do NOAA, Kathryn Sullivan, durante a apresentação do estudo. “Este relatório fornece as informa-
As temperaturas terrestres aumentaram 0,28 graus Celsius a cada dez anos ções fundamentais que precisamos para desenvolver ferramentas e serviços para as comunidades, empresas e nações, prepararem-se e, consequentemente, aumentar a capacidade de adaptação às mudanças climáticas”. O relatório usa dezenas de indicadores para rastrear padrões, alterações e tendências do sistema climático global, incluindo Gases de Efeito Estufa (GEE); temperaturas ao longo da atmosfera, oceano e da terra; cobertura de nuvens; nível do mar; salinidade oceânica; extensão do gelo do mar; e cobertura de neve. Os indicadores refletem muitas vezes milhares de medições a partir de vários conjuntos de dados independentes. O relatório também detalha os
casos de eventos regionais incomuns e extremos, como o super tufão Haiyan , que devastou partes do sudeste da Ásia (Pacífico Norte), em novembro de 2013. DESTAQUES DO RELATÓRIO O State of the Climate mostra que, para todos os anos de 1976 até 2013, a temperatura média global ficou acima da média de longo prazo. As temperaturas terrestres aumentaram 0,28 graus Celsius a cada dez anos. Os oceanos também estão aquecendo, e, embora algumas regiões tenham se apresentado mais frias do que o normal, principalmente na costa oeste da América do Sul por causa de fenômenos como o El Niño, as temperaturas da superfície
do oceano subiram em média 0,11 graus Celsius por década durante os 37 anos compreendidos pelo trabalho. E não é apenas a temperatura da superfície oceânica que sobe, o calor, também chega às partes mais profundas das águas marinhas. Os dados mostram um aumento de locais abaixo dos 700 metros de profundidade que apresentaram elevação da temperatura média. Além disso, o nível do mar continua a subir a uma média de 3,2 milímetros por ano nas últimas duas décadas. Outras informações preocupantes referem-se à extensão de gelo nos polos. Em setembro de 2012, a extensão de gelo no Ártico atingiu seu menor valor já registrado, e em 2013, embora não tenha atingido o recorde de baixa, teve o sexto menor nível desde que iniciaram as medições, indicando uma tendência contínua de redução do gelo naquele Polo. Também, grandes concentrações de GEE, incluindo o dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso, continuaram aumentando ano passado, atingindo valores históricos elevados. As concentrações atmosféricas de CO2 cresceram 2,8 ppm em 2013, atingindo uma média global de 395,3 ppm para o ano. *Com informações da National Oceanic and Atmospheric Administration
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VERDE
CAPACITAÇÃO
Escola de Artes e Ofícios abrirá inscrições para novos cursos gratuitos
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Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho (EAOTPS), dentro do Programa de Formação Básica nas áreas de conservação e restauração do patrimônio cultural e valorização do patrimônio imaterial, abre inscrições para os cursos de Conservação, Restauração e Organização de Acervos Museológicos (CRAM); Aperfeiçoamento em Contexto de Trabalho de CRAM; Artefatos em Couro; Artefatos em Madeira; Artefatos em Cerâmica; Bordado e Xilogravura. Poderão concorrer às vagas, jovens na faixa etária de 18 a 29 anos, que tenham habilidades artísticas e/ou manuais que serão comprovadas através de atividades específicas durante o processo de
SOBRE A ESCOLA
• A Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho tem como missão realizar atividades de capacitação profissional em restauração e conservação do patrimônio cultural material, bem como de valorização e recuperação do patrimônio cultural imaterial do Estado do Ceará, ressaltando sua importância e relevo histórico e cultural. Por meio do Instituto de Arte e Cultura do Ceará, com recursos do Fundo de Combate à Pobreza, a Secretaria da Cultura criou este projeto, voltado para formação profissional de jovens identificados com habilidades
seleção. Candidatos aos cursos de Conservação, Restauração e Organização de Acervos Museológicos (CRAM) e Aperfeiçoamento em Contexto de Trabalho em CRAM devem ter concluído o ensino médio ou estar cursando o 3º ano. E quanto aos candidatos aos cursos de Artefatos em Couro, Artefatos em Madeira, Artefatos em Cerâmica, Xilogravura e Bordado, ter concluído ou estar cursando o Ensino Fundamental. As inscrições dos cursos ofertados são presenciais e gratuitas, o período de inscrição é de 1 a 14 de agosto, de segunda a sexta-feira, no horário de 8h às 12h e 14h às 17h , na sede da EAOTPS, na Av. Francisco Sá, 1801 - Jacarecanga. Mais informações: (85) 3238.1244.
manuais e residentes em comunidades carentes na capital e interior do Estado. • A escola é um braço técnico da Secretaria de Cultura do Estado que através do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Ceará realiza as restaurações dos bens tombados em todo o Estado. O primeiro trabalho de restauro foi o Palacete Thomaz Pompeu Sobrinho, sede da escola. O Conselho possibilita que o Ceará exerça, de fato, a preservação dos seus bens patrimoniais de caráter material e imaterial. Fonte: http://www.secult.ce.gov.br/
ERRATA O nome do consultor do Ministério do Meio Ambiente (MMA) responsável por orientar e reverter os dados de Fortaleza para as ações do Projeto PNUD/BRA/12/019 - Gestão de Emissão de GEE das Copas chama-se João Carlos Nascimento Alcântara, e não José Carlos de Alcântara, como foi publicado na edição do dia 22 de julho no Caderno O Estado Verde.
O JUIZ E A ÉTICA DA PROTEÇÃO AMBIENTAL O desembargador José Renato Nalini tem um longo histórico acadêmico e forense nas lides de defesa do meio ambiente. Foi corregedor e presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. A bibliografia jurídica que assina é rica e qualificada, especialmente no tocante às questões ambientais. Há algum tempo fez publicar na Revista de Direito Ambiental (Editora Revista dos Tribunais, Ano I, nº 3, julho/setembro, 1996) um excelente estudo subordinado ao título “O juiz e a ética da proteção ambiental”. Neste artigo discorre sobre a pretensa imparcialidade do magistrado e sua função docente, bem como sobre a ética da proteção ao meio ambiente em face do ordenamento legal de que dispõe para julgar as demandas. Nalini reconhece as dificuldades de um magistrado na condução de processos que lhes chegam às mãos, em razão de que “Ainda não existe consciência de que o Judiciário é também destinatário do comando contido no art. 225 e seus incisos, da Lei Fundamental” brasileira. E o mais doloroso é constatar que passados quase vinte anos da publicação deste texto, a situação não mudou muito. Mito da imparcialidade O desembargador Nalini observa com a sabença e acuidade que o fez um dos mais respeitados magistrados do Brasil, que “O mito da imparcialidade, já atenuado no concernente à atuação do juiz moderno, vem a ser bastante questionado na tutela ambiental. Acima das disputas oferecidas à discussão no foro está o mandamento da preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações.” Força opressora Em razão do poderio econômico que se abate sobre o cotidiano das pessoas em demandas ambientais, eis que Nalini constata: “A força opressora dos interesses materiais é bastante convincente e sabe seduzir por meios aparentemente racionais. Agressões ao ambiente se legitimam quando revestidas de justificativas científicas bem elaboradas. As grandes empresas podem recorrer a especialistas capazes de oferecer estudos alentados. O juiz deve estar atento a recordar que a natureza é inerte e morre silente, desatentos os surdos morais ao seu clamor inaudível.” Vê-se daí quantos sofismas não engolimos diariamente para aceitarmos pacificamente agressões ao meio ambiente. JORNALISTA E ESCRITOR
Função docente Diante dos desmandos cometidos contra o meio ambiente e dos desrespeitos à Lex Magna do País, o professor Nalini lembra a função docente do magistrado ao registrar: “Com o objetivo de assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, incumbe ao poder público ‘promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a concientização pública para a preservação do meio ambiente”, consoante o mandamento constitucional inscrito no art. 225, VI. Responsabilidade do Judiciário Depois de inúmeras considerações que merecem ser do conhecimento de todos, o desembargador Nalini, entre outros itens de sua conclusão, observa: “A legislação brasileira sobre o meio ambiente é das mais avançadas (...) Entretanto, ao judiciário se atribui considerável parcela de responsabilidade pela inadequada implementação de tão avançada realidade normativa. Parece ainda não existir consciência plena de que ao Judiciário também se destina o preceitocontido no art. 225 e seus incisos da Lei Fundamental”. É a sensação que ainda hoje temos, passados quase vinte anos da publicação do texto assinado pelo desembargador Nalini.
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VERDE
ELEIÇÃO 2014
Conversa pra lá de verde, com Geovana Cartaxo do PSB
Alinhada às questões socioambientais, a candidata ao Senado Federal falou com conhecimento de causa. Na pauta, política e sustentabilidade ANDERSON SANTIAGO
POR TARCILIA REGO tarciliarego@oestadoce.com.br
A
mbientalista, advogada, professora e candidata ao cargo de senadora do Ceará pelo Partido Social Brasileiro (PSB), Geovana Cartaxo conversou com “O Estado Verde”. Ficou claro que o foco da candidata que, pela primeira vez disputa uma eleição, é a temática socioambiental. O verde, então, caracteriza a plataforma da mesma. Cartaxo visitou a nossa redação, na tarde do último dia 23, e uma coisa ficou clara: é uma candidata comprometida com a sustentabilidade. Não poderia ser diferente, ela está alinhada, assim como o seu partido, em cinco grandes eixos com foco na educação e no desenvolvimento sustentável. O programa de governo do presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE) e da ex-ministra Marina Silva, da Rede, vice na chapa, está comprometido, também, com o investimento de 10% do Produto Interno Bruto, em educação. E falar em educação, é o mesmo que falar em meio ambiente e desenvolvimento com sustentabilidade. “Estou muito tranquila”, respondeu quando questionei o grande desafio de enfrentar candidatos ao Senado com larga vivencia no poder, como o ex- secretário Mauro Filho e o ex- governador Tasso Jereissati. “Acho que sou a única candidata que traz propostas inovadoras, que tem propostas fundamentadas em busca de políticas públicas mais adequadas ao nosso Estado, aos nossos desafios que são, sem dúvida, ambientais, como a convivência com o semiárido, com o Oceano, com a falta da água, com a adaptação às mudanças climáticas”, disse com firmeza. Para ela os dois candidatos contribuíram muito com o Ceará, mas estão envolvidos, ou melhor, têm como característica principal a velha e tradicional política tra-
dicional. “Sinto que eles não têm a visão de mundo que neste momento considero necessária ao Estado para enfrentar os novos desafios, os novos paradigmas, como a questão da valorização do clima, do aprofundamento da democracia e do diálogo com a sociedade. São dois candidatos muito semelhantes nas suas visões desenvolvimentistas, economicistas e cobradora de impostos”, completa. BIODIVERSIDADE A candidata tem um foco na valorização da biodiversidade, mas nesse sentido, ela traz junto, a questão econômica, social, cultural e também, a tributária. De acordo com ela, a reforma tributária verde “pode ser um instrumento jurídico”. “Há uma injustiça tributária no Brasil e também uma falta de visão para incentivar a economia verde, a energia limpa e a repartição de benefícios advindos do uso da biodiversidade (da riqueza dos ecossistemas naturais), com os povos que resguardam essa biodiversidade”, explicou, destacando a importância
dos serviços ambientais prestados pelos os povos que resguardam essa biodiversidade. Quem protege o meio ambiente natural deve ser remunerado [princípio protetor – recebedor]. Ainda no campo da biodiversidade ela mostrou-se frustrada com o fato de o Brasil não ter ratificado o Protocolo de Nagoya. “O País mais megabiodiverso do planeta, está apenas como ouvinte nesta grande e global discussão. Temos grande interesse em relação à Convenção da Biodiversidade e estamos fora dessa reunião porque o Congresso não aprovou, não discutiu o Protocolo”. Para a candidata, mais uma demonstração de que nós não temos parlamentares sensíveis à questão ambiental, “daí explica-se o retrocesso do Código Florestal que também, é um reflexo dessa questão, assim como o aumento de quase 30% do desmatamento”. CAATINGA Com relação ao bioma Caatinga, a candidata considera fundamental além de estratégico. Mesmo sendo o
bioma menos protegido do País [menos de 2%], 92% do Estado estão inserido no Semiárido, “que está virando lenha, carvão, vivendo um processo rápido de desmatamento e degradação”. Disse ainda, que não temos um controle do desmatamento da Caatinga como temos da Mata Atlântica, da Amazônia, está completamente vulnerável, “e tudo, resultado da falta de valorização da nossa biodiversidade por parte, principalmente, dos nossos atuais políticos”, desabafa. Geovana Cartaxo afirma que o bioma sempre foi usada como um desastre, para servir como uma moeda de troca. “É preciso que se diga o Ceará ainda vive da moeda de troca da seca, por carros-pipas, perfuração de poços. Não podemos tratar a seca somente como um desastre, a seca sempre vai acontecer no Semiárido e com as Mudanças Climáticas só tende a se agravar. É preciso valorizar o ecossistema a partir de uma boa convivência com o Semiárido, lembrando que a região Nordeste é a que mais sofrerá os impactos das alterações de clima”, alerta, lembrando que temos que pensar nessa fragilidade. DEBATE POLÍTICO A candidata tem uma expectativa em relação ao debate político. Espera que o mesmo seja de qualidade, rico e de alto nível, de modo a despertar ainda mais, a sociedade para o tema político e outros mais. “Creio que represento a esperança de mudança neste atual cenário, represento a esperança de transformação, outra visão, que não é tratada na política tradicional e é o que eu quero fazer. Trago uma visão mais feminina, de sensibilidade, inerente à nossa condição e visão. Espero mobilizar as pessoas para essa nova proposta política”.
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VERDE
NA INTERNET
Agência Nacional das Águas publicará laudos dos rios
No Ceará, os dados serão colhidos pela Semace por meio de 78 pontos. A divulgação faz parte do Projeto Qualiágua, publicado, no Diário Oficial da União, semana passada
FOTOS: TIAGO STILLE
O monitoramento vai ocorrer seguindo parâmetros definidos pela Agência Nacional das Águas
POR SHERYDA LOPES oev@oestadoce.com.br
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esquisadores interessados em informações sobre rios do Ceará podem comemorar. Uma das maiores queixas desses cientistas, que é a dificuldade de conseguir dados concretos e de forma rápida junto ao Governo caminha para ser resolvida. É o que afirma a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), que a partir de agosto começa a colher dados em 78 pontos de rios espalhados pelo Estado e que serão disponibilizados pela Internet. O monitoramento faz parte do Programa de Estímulo à Divulgação de Dados de Qualidade de Água (Qualiágua), da Agência Nacional das Águas (Ana), que foi publicado, no Diário Oficial da União, semana passada. Segundo a Semace, a expectativa é que as informações sejam acessadas com a mesma facilidade que ocorre com o relatório de balneabilidade das praias atualmente. “A população vai ter um meio de cobrar as informações e acessá-las de forma mais ágil”, comemora o gerente de análise e monitoramento da Semace, Lincoln Mendes, que ressaltou que já é possível acessar laudos da Semace, mas que isso ainda ocorre de forma mais lenta e burocratizada. A expectativa é que os dados sejam disponibilizados de forma “traduzida”, critério que está previsto na Resolução 903/2013, que cria a Rede Nacio-
nal de Monitoramento da Qualidade das Águas Superficiais (RNQA). Segundo Mendes, os pontos de monitoramento foram escolhidos de forma a comparar os níveis de poluição em áreas diferentes dos mesmos rios, permitindo que o órgão avalie o quanto a interferência do homem influencia na qualidade do recurso hídrico. As ações também vão ajudar na apuração de denúncias ambientais, pois permitem identificar a presença de esgotos clandestinos, por exemplo. Os locais de monitoramento foram definidos pela Semace da seguinte forma: 10% deles são pontos de referência, ou seja, locais que mantêm baixíssimos ou nenhum índice de poluição. 30% são pontos estratégicos, localizados em fronteiras interestaduais e que vão permitir comparar de que forma o mesmo rio se comporta em estados diferentes. Já a maior parte dos pontos, 60% deles, serão distribuídos em locais onde os índices de poluição são mais altos. Esses são nomeados pontos de impacto. “Foi a Ana quem definiu os parâmetros das análises, mas nos deixou à vontade para definir quais seriam os pontos de monitoramento, o que é bom, pois permite que nossas ações ocorram de acordo com nosso contexto” disse Mendes, que não soube especificar a quantidade de rios contemplados no projeto, mas disse que o Cocó com certeza está entre aqueles que serão analisados.
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VERDE
FOTOS: TIAGO STILLE
dos quais 1.758 já estão em operação. Em 2013, a Ana investiu R$ 9,54 milhões em equipamentos de campo que foram cedidos a 15 estados e ao DF. Os parâmetros mínimos a serem coletados nos pontos de monitoramento envolvem aspectos físico-químicos (transparência, temperatura da água, oxigênio dissolvido, pH e Demanda Bioquímica de Oxigênio, por exemplo), microbiológicos (coliformes), biológicos (clorofila e fitoplâncton) e de nutrientes (relacionados a fósforo e nitrogênio). Todos os dados obtidos pela RNQA serão armazenados no Sistema de Informações Hidrológicas (HidroWeb), da ANA, e serão integrados ao Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos (SNIRH).
SERVIÇO
Acompanhe os dados sobre os recursos hídricos do Brasil
Segundo o gerente de monitoramento da Semace, o acesso de laudos de rios ficará mais fácil TECNOLOGIA Antes de ir a campo, os técnicos da Semace passarão por dois treinamentos, sendo um deles realizado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). O objetivo é conhecer os equipamentos a serem utilizados nas análises. Entre eles estão as sondas multiparamétricas, que vão gerar os dados de forma digitalizada, além de equipamentos de segurança, medidores portáteis, máquinas de gelo, entre outros. Um veículo utilitário que faz parte do projeto já se encontra no estacionamento da Superintendência. Todo o material foi fornecido pela Ana, que também patrocina os treinamentos. “Se tudo ocorrer conforme o previsto, até maio de 2015 os dados de todos os pontos do Ceará já terão sido coletados”, especula Lincoln. QUALIÁGUA Publicado no Diário Oficial da União, na última quarta-feira, 23, o Qualiágua busca promover a implementação da Rede Nacional de Monitoramento da Qualidade da Água (RNQA) e estimular a padronização – em escala nacional – dos métodos de coleta das amostras, dos parâmetros verificados, da frequência das análises e da divulgação dos dados, que são importantes para diversos públicos,
como: gestores públicos, pesquisadores, estudantes e empresas. A adesão ao Programa é voluntária e cada contrato terá duração de cinco anos. Segundo informações da Ana, atualmente, nem todas as unidades da Federação (UF) monitoram a qualidade de suas águas. Nas que realizam o monitoramento, os dados são coletados seguindo parâmetros diferentes, sem uma frequência padronizada, e as informações nem sempre são acessíveis ao público. O Programa tem o objetivo de mudar essa realidade e destina cerca de R$ 15 milhões para instituições públicas que monitoram os aspectos qualitativos da água nos estados e no Distrito Federal. REDE NACIONAL DE MONITORAMENTO DE QUALIDADE DE ÁGUAS Lançada em março deste ano, a Rede Nacional de Monitoramento de Qualidade de Águas (RNQA) vai monitorar, padronizar e disponibilizar informações sobre a qualidade das águas superficiais e gerar conhecimento para subsidiar a gestão hídrica do Brasil. A proposta é a padronização dos dados coletados, dos procedimentos de coleta e da análise laboratorial dos parâmetros qualitativos para que seja possível comparar as informações obtidas nas diferentes unidades da Federação. A
meta é que até dezembro de 2020 todos os estados e o DF contém um total de 4.452 pontos de monitoramento,
Sistema de Informações Hidrológicas (HidroWeb): http://hidroweb.ana.gov.br Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos (SNIRH): http://www2.snirh.gov.br Rede Nacional de Monitoramento de Qualidade de Águas (RNQA): http://www2.ana.gov.br/ Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace): www.semace.ce.gov.br
O veículo que será utilizado nas coletas já está na Semace
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VERDE
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Empresa do Ceará conquista primeiro lugar no Prêmio Abradee 2014 Uma empresa que investe em RSE entende que os negócios não são separados da sociedade. A Coelce investiu R$ 19,6 milhões em projetos socioambientais DIVULGAÇÃO/COELCE
POR TARCILIA REGO tarciliarego@oestadoce.com.br
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Coelce, empresa do Grupo Endesa Brasil, acaba de conquistar o Prêmio Abradee. Pelo terceiro ano consecutivo, a companhia é a melhor distribuidora de energia na categoria Responsabilidade Social do Brasil, junto com a Elektro. O anúncio foi feito dia 17, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, durante solenidade de entrega da 16a edição do prêmio, que a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) promove anualmente. Hoje, empresas de sucesso possuem muito mais valores intangíveis do que tangíveis. “Estar mais uma vez nesta premiação só vem confirmar nosso compromisso com o nosso cliente e com a sociedade. A hora também é de agradecer a todos os nossos colaboradores e clientes, que são os reais responsáveis por nos colocar no ranking da Abradee”, disse Abel Rochinha, presidente da Coelce, durante a premiação. INVESTIMENTO NO SOCIAL A Coelce investiu R$ 19,6 milhões em projetos sociais e ambientais, que atenderam 1,5 milhões de pessoas em 2013. O valor total incluiu R$ 8,4 milhões destinados a iniciativas de eficiência energética, beneficiando 46.667 famílias com troca de geladeiras e lâmpadas por equipamentos eficientes e educação para o consumo racional e seguro de energia. Os principais projetos foram direcionados a comunidades de baixa renda e tiveram foco em serviços e atividades educativas. Algumas empresas confundem Responsabilidade Social com Filantropia. Segundo artigo da pesquisadora, Fernanda Gabriela Borger, professora da FIA (USP), publicado no site do Insti-
Presidente da Coelce, Abel Rochinha, e colaboradores na cerimônia do Prêmio Abradee tuto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (http://www3.ethos.org.br/ cedoc/) , “o modelo da sustentabilidade é uma nova forma de fazer negócios, que tem como pressuposto o novo papel da empresa na sociedade. Sustentabilidade e responsabilidade social trazem para o modelo de negócios a perspectiva de longo prazo, a inclusão sistemática da visão e das demandas das partes interessadas, e a transição para um modelo em que os princípios, a ética e a transparência precedem a implementação de processos, produtos e serviços”. Uma empresa que investe em Responsabilidade Social Empresarial (RSE) entende que os negócios não são separados da sociedade. No Brasil observa-se uma tendência crescente das empresas em vincular a imagem à noção de RSE. Um indicador é o número de organizações empresariais, associadas ao Instituto Ethos. Até ontem (28/7) no site da
entidade (http://fenix.ethos.org.br/ListaAssociadasPorPorteEstado.aspx) 691 empresas estavam listadas como associadas. Só no estado de São Paulo, 368, em Fortaleza, apenas oito. O Ethos é uma Oscip com sede na Capital paulista. Tem como missão, “mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável”. As empresas associadas participam de uma série de atividades que as ajudam a compreender e incorporar a responsabilidade social no seu dia a dia. O instituto brasileiro é uma referência mundial em RSE. PRÊMIO ABRADEE “A premiação anual não é um fim, mas um meio de se estimular a cooperação e a melhoria da gestão das empresas associadas, através do reconhecimento de
seus esforços em várias categorias, que se estendem da Gestão Econômico-Financeira e Gestão Operacional à Responsabilidade Social”, segundo a Abradee. Dados da 16a Pesquisa de Satisfação do Cliente Residencial revelam um crescimento gradual e sustentado, a cada ano, da melhoria da qualidade na prestação dos serviços das distribuidoras. A Abradee realiza estudos com consumidores de todo o Brasil desde 1999, partindo de um questionário com cerca de 70 perguntas utilizadas no cálculo do Índice de Satisfação com a Qualidade Percebida (ISQP) e demais indicadores da pesquisa. O levantamento é feito anualmente para medir a percepção do cidadão em relação ao serviço prestado pelas distribuidoras de energia elétrica. O reflexo, segundo mostram os números, é um crescimento sustentado de 66,2% em 1999 para os atuais 78,9%. *Com informações da Gerência de Comunicação da Coelce.
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VERDE
SEGURANÇA HÍDRICA
Retirar o sal da água do mar ainda é inviável no Brasil
No entanto, uma nova técnica pode tornar a alternativa mais próxima de se concretizar. No Ceará, a dessalinização ocorre em poços localizados em zonas cristalinas DIVULGAÇÃO/SOHIDRA
POR SHERYDA LOPES oev@oestadoce.com.br
Ministério do Meio Ambiente libera R$ 24 milhões para o Ceará
Presentes em vários municípios cearenses, os dessalinizadores são alternativas para a falta de água Segundo as informações da assessoria de comunicação da Sohidra, além de promover a sustentabilidade hídrica nas regiões que enfrentam problemas de abastecimento, os dessalinizadores beneficiam comunidades carentes com água de boa qualidade, ajudando a diminuir o índice de mortalidade e de doenças. A manutenção dos aparelhos ocorre em parceria com a comunidade, que entra em contato com a Superintendência quando surge algum problema. Em alguns casos, também é a população que se organiza para bancar os custos da energia do sistema. RESÍDUOS Ao recorrer à dessalinização para resolver a falta de água potável é preciso ter cuidado quanto ao destino do líquido concentrado que sobra do processo, o rejeito. “Se o sal for des-
Uma membrana semipermeável desenvolvida na USP pode ser utilizada para realizar a purificação cartado no solo, por exemplo, pode-se ocasionar a improdutividade daquele local. Outra possibilidade para os rejeitos é descartá-los no oceano, mas para isso é preciso estudar o comportamento das correntes marítimas, para não ocasionar impacto no ecossistema”, explica Francisco de Assis. No caso dos dessalinizadores da Sohidra, o rejeito é utilizado na criação do peixe Tilápia, na irrigação de coqueiros e para alimentar animais.
DIVULGAÇÃO/USP
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ma das alternativas para contornar a escassez de água potável é a dessalinização. A técnica, que retira o sal da água, é utilizada no Ceará, onde 80% do território é localizado sobre o embasamento cristalino, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Os poços localizados nessas zonas, em sua maioria, apresentam concentrações de sais que colocam em risco a saúde humana. Entre os principais desafios envolvidos na técnica, principalmente, no caso da água do mar, segundo especialistas, estão os altos custos financeiros e grande consumo de energia para realizá-lo. Segundo o professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universidade Federal do Ceará (UFC), Francisco de Assis Filho, a purificação da água do oceano, que é a mais cara e que demanda maior quantidade de energia, ainda não vale a pena no Brasil, devido aos grandes custos de energia envolvidos. “Para beneficiar uma comunidade afastada de qualquer rede de abastecimento, por exemplo, seria uma possibilidade”, avalia. O processo já ocorre com sucesso em Israel, que tem mais da metade de seu território localizado em áreas desérticas. O País encontrou na dessalinização da água do Mar Mediterrâneo uma alternativa de abastecimento. A Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), também afirma que utilizar o oceano para abastecer a população ainda não é uma alternativa viável para o Estado, por isso as atenções voltam-se aos poços de água salobra. Desde 2007 foram instalados 207 novos dessalinizadores no Ceará e 191 desses aparelhos foram revitalizados. A previsão é de que até o final da gestão Cid Gomes, mais 27 sistemas sejam instalados no Estado.
O Programa Água Doce (PDA), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), destinou recursos para a implantação, recuperação e gestão de 222 sistemas de dessalinização nos 48 municípios mais críticos do Ceará. Com isso, serão beneficiadas com água potável cerca de 89 mil pessoas residentes em comunidades rurais do semiárido cearense. “Esse programa demonstra o compromisso do Governo Federal, em parceria com o Governo do Ceará, de ampliar a segurança hídrica para a população rural do semiárido brasileiro, como medida de adaptação às mudanças climáticas, em face da seca que assola a região nos últimos três anos”, afirma a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Lançado em 2004, o PDA foi concebido e elaborado de forma participativa durante o ano de 2003, unindo a participação social, proteção ambiental, envolvimento institucional e gestão comunitária local. Possui como premissas básicas o compromisso do Governo Federal de garantir à população do Semiárido o acesso à água de boa qualidade, além de ser amparado por documentos importantes como a Declaração do Milênio, a Agenda 21 e deliberações da Conferência Nacional do Meio Ambiente. Fonte: MMA
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PESQUISADORES DESENVOLVEM TÉCNICAS MAIS BARATAS A busca por formas mais viáveis e simples de purificar a água salgada move pesquisadores pelo país. No Ceará, por exemplo, uma empresa apoiada pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), a Policlay, desenvolveu um produto capaz de abrandar a água salobra. Segundo a assessoria de comunicação da Funcap, o nome do produto é Acqua Soft e ele ajuda comunidades do Semiárido ao abrandar a salobridade do líquido. Trata-se de um pó ultrafino, de cor branca que ao ser misturado à água a torna livre de dureza. As pesquisas para a criação do produto começaram há 10 anos e o resultado foi uma argila transformada capaz de reter o cálcio e o magnésio da água, componentes responsáveis pela dureza e que podem impossibilitar seu consumo ou danificar equipamentos industriais. A empresa surgiu do resultado de pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Minerais não Metálicos (LabInova) da UFC. SÃO PAULO Já em São Paulo, a novidade é um filtro capaz de separar o sal da água do mar, que foi desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP). Trata-se de uma membrana semipermeável feita de folhas poliméricas com
DIVULGAÇÃO
poros minúsculos, com tamanho equivalente ao da molécula de água e gás carbônico, o que classifica a invenção como um nanofiltro. A motivação de um dos pesquisadores envolvidos, o professor do Departamento de Química da FFCLRP, Gregóire Jean-François Demets, foi justamente o paradoxo nordestino e os altos custos da dessalinização. “É insuportável saber que há água, mas que não pode ser usada do jeito que se encontra, e mais deprimente é ver famílias consumindo o líquido totalmente insalubre”, disse, por email, à reportagem do O Estado Verde. Segundo o pesquisador, um grande sonho seria desenvolver um filtro doméstico que pudesse ser utilizado nas casas para realizar a dessalinização, mas enquanto isso não é possível, o pesquisador considera o barateamento da técnica um grande passo. Outros usos possíveis da Membrana, teoricamente, seriam o tratamento de queimaduras, purificação do ar e até a filtragem de urina. O desenvolvimento do projeto levou seis anos e teve investimentos de 14 mil reais, recurso do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). A tecnologia já teve o seu processo de patente realizado pela Agência USP de Inovação e está disponível para licenciamento ou parceria com a Universidade para desenvolvimento industrial e comercialização. A Agência USP de Inovação é o Núcleo de Inovação Tecnológica da USP responsável por gerir a política de inovação da Universidade.
DICIONÁRIO ESTADO VERDE
Água salobra: Aquela que apresenta salinidade intermédia entre a água salgada (marinha) e a água doce, isto é, com salinidade entre 5‰ e 30‰. Pode ser encontrada , por exemplo, em um estuário. Estuário: ambiente aquático em que é feita a transição entre um rio e o mar. Essa região é influenciada pelas marés e conta com enormes gradientes ambientes como as águas doces que ficam próximas a cabeceira dos rios, as águas salobras e até mesmo a água salgada que está próxima a região de desembocadura do estuário.
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VERDE
AGRICULTURA FAMILIAR
Feira em Fortaleza reúne 300 expositores O Parque de Exposições Governador César Cals, no bairro São Gerardo, foi palco de concursos e negócios envolvendo diversas atividades do setor SHERYDA LOPES
oev@oestadode.com.br
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urante o último fim de semana, Fortaleza viveu o clima do campo. De 25 a 27 de agosto, o Parque de Exposições Governador César Cals, no São Gerardo, recebeu 300 expositores na VII Feira Cearense da Agricultura Familiar. O espaço ficou repleto de produtos agropecuários, com direito até a uma casa de farinha, um dos verdadeiros ícones cearenses, local onde se faz produtos derivados da mandioca como tapioca, bolos e claro, a própria farinha. O objetivo do evento, segundo o secretário de políticas agrícolas da Federação dos Trabalhadores e Tra-
balhadoras Rurais na Agricultura no Estado do Ceará (Fetraece), José Francisco Almeida, é fortalecer a Agricultura Familiar no Estado e promover a troca de experiência entre os produtores. “Temos sofrido com a seca, mas por meio da tecnologia e troca de experiências podemos aprender uns com os outros e desenvolver formas de conviver com ela”, disse Almeida, defendendo que as parcerias entre Governo, Universidades, Organizações Não Governamentais e os Agricultores continuem. “É isso que tem aliviado o sofrimento do povo do sertão”, afirmou, citando cisternas e valas subterrâneas como alguns dos exemplos de tecnologias utilizadas na convivência com a seca.
Para promover essa troca de experiências e compartilhar conhecimentos, houve demonstração de pelo menos 13 tecnologias desenvolvidas para fortalecer a produção. A programação da Feira teve ainda a realização de concursos, atrações culturais, compra e venda de produtos agropecuários, entre outros. Segundo a Fetraece, dos cerca de 1 milhão e 200 mil agricultores familiares do Ceará, 800 são ligados à Federação. A produção é responsável por 70% do que chega à mesa do cearense. ANO INTERNACIONAL DA AGRICULTURA FAMILIAR No ano passado, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou 2014
DICIONÁRIO VERDE
Agricultura Familiar
Segundo a Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006, o agricultor familiar é aquele que não detém área maior que quatro módulos fiscais, utiliza predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas, direção e produção de seu estabelecimento ou empreendimento, sendo tais atividades a principal fonte de renda. Estabelecimentos agropecuários também são contemplados no conceito de Agricultura Familiar, desde que sigam os critérios definidos por lei.
como o Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF), visando reposicionar a atividade no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais nas agendas nacionais, identificando lacunas e oportunidades para promover uma mudança rumo a um desenvolvimento mais equitativo e equilibrado.
FORTALEZA
Prefeitura apresenta nova etapa da Política Ambiental A Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) anuncia, hoje (29), às 10 horas, durante coletiva de imprensa, no Paço Municipal, mais um elemento da nova Política Ambiental da capital cearense. A titular Águeda Muniz, da Seuma, vai apresentar o Componente Controle da Poluição dessa nova política, que contempla os projetos presentes e futuros e as metodologias que serão utilizadas para controle e monitoramento dos índices de poluição urbana da Capital cearense. Serão expostos, ainda, os principais resultados das fiscalizações realizadas pela Seuma, além das ações integradas entre os setores do órgão como a Coordenadoria de Políticas Ambientais e a Coordenadoria de Fiscalização.
TIAGO SITLLE
Hoje, a titular da Seuma, Águeda Muniz, apresenta o componente Controle da Poluição, da nova Política Ambiental do Município, no Paço Municipal
A Política Ambiental de Fortaleza também contempla outros dois componentes, Áreas Verdes e Águas, que já foram anunciados pela Prefeitura. O primeiro envolveu a assinatura dos decretos de regulamentação dos Parques Municipais Rachel de Queiroz, Rio Branco, Parreão, Adahil Barreto, Guararapes, Parque da Liberdade (Cidade da Criança), Parque das Lagoas de Fortaleza, Pajeú, Parque das Iguanas e Parque Riacho Maceió, dentre outras ações como o Plano de Arborização. O segundo componente da Política Ambiental de Fortaleza está ligado ao Programa Águas da Cidade, que objetiva, em especial, recuperar a qualidade dos bens hídricos e prevê atividades que possibilitarão a conquista de melhores índices de balneabilidade das praias e
águas continentais de Fortaleza. Toda essa política ambiental tenta garantir à cidade de Fortaleza, as condições necessárias para vencer um dos maiores desafios das grandes cidades que é manter o meio ambiente adequado para as pessoas viverem. E isso depende de medidas eficazes no controle da emissão de gases que provocam o efeito estufa e também o lançamento de esgoto sem nenhum tipo de tratamento nas ruas, córregos, riachos, rios, lagoas e no mar. SERVIÇO Lançamento Política Ambiental Componente Controle da Poluição Data: 29.07.2014 (terça-feira) Horário: 10 horas Local: Auditório do Paço Municipal Rua São José, Nº 1 - Centro
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VERDE
BIODIVERSIDADE MARINHA
Coral Vivo descobre formação recifal parecida com coração
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ncontrado “o ‘coração’ dos recifes de coral do Brasil”. Assim define em tom de brincadeira, o biólogo marinho e coordenador executivo do Projeto Coral Vivo, Gustavo Duarte, a descoberta de uma formação recifal no Sul da Bahia, com formato de coração e voltada para o mar aberto. Por anos despercebida, a formação foi encontrada quando o biólogo avaliava imagens de satélite durante estudos preliminares para o mapeamento físico de recifes do Parque Municipal Marinho da Coroa Alta, em Santa Cruz Cabrália. Mas como explicar o fato de tão precioso ecossistema só ter sido descoberto agora? Segundo Duarte, a formação tem em torno de 350 metros na sua porção maior. “Com isso, quando navegamos sobre a mesma, não é possível visualizar sua forma”, esclarece. A descoberta só foi possível, graças a tecnologia, como os satélites que possuem a capacidade de adquirir imagens de alta resolução, mesmo sob a água. “Tínhamos comprado essa imagem para o início do mapeamento físico do complexo da Coroa Alta quando descobrimos o recife, em detalhes”. A formação fica ao sul do Parque de Coroa Alta, na região conhecida como Alagados. Nos paredões têm grandes colônias do coral casca-de-jaca (Montastraea cavernosa), e eles são recobertos de algas calcárias, que têm a coloração rosada. Para o geólogo e coordenador do mapeamento, José Carlos Seoane, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador associado do projeto , “a inclinação desses paredões é praticamente vertical, muito diferente das encontradas nos demais recifes de coral da região”.
Nesta fase atual de levantamento batimétrico (investigação de áreas submersas visando a representação da mesma em uma carta), os pesquisadores avaliaram que a parte mais profunda da piscina tem mais de dez metros e a mais rasa tem no máximo três metros. De acordo com Seoane, o Parque Municipal Marinho da Coroa Alta possui três grupos de recifes e cada um deles tem o tamanho do Parque Municipal Marinho do Recife de Fora, então serão mapeados desta vez aproximadamente 75 km². O estudo faz parte da Rede de Pesquisas Coral Vivo. IMPORTÂNCIA Com relação à importância do local recém-descoberto, via imagem de satélite, o coordenador executivo Gustavo Duarte, explica que foi realizada uma
exploratória até agora, não sendo possível, neste momento, avaliações detalhadas sobre a importância da descoberta para a região. Entretanto, ele destaca que os recifes de coral são oásis de biodiversidade, conferindo estruturas tridimensionais para abrigar e servir de substrato para diversos animais e algas. “São berçários para várias espécies e local de alimentação de tantas outras”. “Apesar dos recifes de coral do planeta representarem menos de 2% da superfície total dos oceanos, estes ambientes abrigam mais de 20% de todas as espécies de peixes marinhos conhecidos. São, portanto, muito importantes para a teia trófica marinha, com produtividade por metro quadrado equivalente às taxas das florestas equatoriais. Cabe destacar que o Sul da Bahia é reconhecidamente a região de maior importância para recifes de coral no Atlântico Sul”. A lancha Iamanny - que significa Senhora das Águas na língua Pataxó - foi construída pelo estaleiro Mastro D’Ascia, de Santa Catarina, com adaptações para facilitar as pesquisas no mar. Segundo os pesquisadores, como a estrutura dela fica pouco dentro d’água, é possível passar mais perto dos recifes para maior precisão do levantamento batimétrico e garantir segurança para todos. Estão sendo usados ecossonda, que é um equipamento de sonar, e o Strata Scan, que registra o fundo como se fosse um scanner diferenciando onde fica areia, lama, corais e rochas, por exemplo. PRÓXIMOS PASSOS DO MAPEAMENTO Para 2015, está prevista a publicação desse mapeamento físico do complexo de recifes da Coroa Alta para distribui-
ção nas prefeituras próximas à região, a pessoas que trabalham na área e disponibilizada no site www.coralvivo.org. br, assim como está o “Atlas do Parque Municipal Marinho do Recife de Fora”. Como se trata de uma área ainda desconhecida, essa é a primeira etapa do trabalho e servirá de base para outros estudos, já que ela irá trazer um panorama sobre como são os recifes e o que está exatamente em cada ponto. A maioria das espécies de corais formadoras de recifes é endêmica de águas brasileiras, ou seja, só ocorrem aqui, onde contribuem na formação de estruturas que não são encontradas em nenhuma parte do mundo.
PROJETO CORAL VIVO O Coral Vivo faz parte da Rede Biomar (Rede de Projetos de Biodiversidade Marinha), que reúne também os projetos Tamar, Baleia Jubarte, Golfinho Rotador e Albatroz. Todos patrocinados pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, eles atuam de forma complementar na conservação da biodiversidade marinha do Brasil, trabalhando nas áreas de proteção e pesquisa das espécies e dos habitats relacionados. Mais informações na página www.facebook.com/CoralVivo e no site www.coralvivo.org.br.