O Estado Verde - Edição 22318 - 12 de agosto de 2014

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ANO VI - EDIÇÃO No 350 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 12 de agosto de 2014

POLUIÇÃO

Terceiro componente da Política Ambiental é apresentado O instrumento deve orientar ações integradas entre os órgãos da Prefeitura para combater poluentes e construir uma cidade sustentável. Págs. 6 e 7

INDÍGENAS Eles já foram mais de dois milhões; hoje, não chegam a 900 mil

A boa notícia: pela primeira vez, instrumentos legais favorecem a criação de um sistema de educação próprio, respeitando crenças e modos de organização social dos índios. Págs. 9 e 10

INSUSTENTÁVEL

Poluição do ar matará até 256 mil pessoas

No dia de combate aos poluentes, estudo da USP traz preocupação maior. Projeta a internação de mais de um milhão de pessoas em São Paulo. Pág. 12


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VERDE

Coluna Verde TARCILIA REGO

tarcilia_rego@terra.com.br

CURSOS E ABELHAS

Inscrições reabertas. Os cursos de especialização em Apicultura e Saúde e Segurança Alimentar da Faculdade de Tecnologia Centec (Fatec) Sertão Central estão com inscrições abertas até 29 de agosto. O objetivo é atualizar e aperfeiçoar profissionais envolvidos nas áreas de ciências agrárias da região, aprimorando seus conhecimentos, no intuito de aumentar a quantidade, qualidade e a eficiência na produção apícola. As aulas do curso de Apicultura acontecerão em Fortaleza, no Centro Vocacional Tecnológico (CVT) e a turma de Saúde e Segurança acontecerá na própria faculdade, em Quixeramobim. Mais informações em www.centec.org.br. No momento em que as abelhas estão sumindo do mundo, as especializações chegam em boa hora. As abelhas de 10 países, com um comportamento muito estranho apresentaram a síndrome batizada de colony collapse disorder (“desordem de colapso de colônia”, em inglês). Só nos EUA, o lugar mais afetado pela doença, 50 bilhões de abelhas sumiram, esvaziando 40% das colmeias daquele país. Para a pesquisadora May Berenbaum, da Universidade de Illinois “é uma infecção por vírus, que danifica o código genético dos insetos”. Causa modificações em 65 genes das abelhas – e isso é que estaria provocando o comportamento bizarro dos doces insetos (surtam e simplesmente abandonam a colmeia). Tal desaparecimento pode ter consequências muito mais graves do que a falta de mel. O nosso futuro pode ficar seriamente ameaçado sem as abelhas, além de garantir a diversidade e o equilíbrio dos ecossistemas, cerca de 80% do alimento que consumimos são polinizados pelas abelhas. COELCE ENTRE AS MAIS SUSTENTÁVEIS De acordo com a Revista Imprensa, a Coelce está entre as 100 empresas mais sustentáveis segundo a mídia. O levantamento de auditoria de imagem foi realizado pela PR Newswire, empresa especializada em distribuição de notícias, targeting, monitoramento e soluções de marketing. Foram pesquisadas matérias publicadas no período de 1O de janeiro a 31 de dezembro de 2013 em 10 revistas de circulação nacional (Veja e Exame, por exemplo), além de outros cinco jornais, como O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo. A pesquisa teve como critérios transparência, consciência ambiental, bem-estar dos funcionários, entre outros aspectos.

não aconteceu semana passada, agora, só quando setembro vier e se votarem. No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (Abes), só o estado de Santa Catarina acabou com os lixões. Um bom exemplo para todo o País, significa que o prazo estabelecido para erradicar lixões era cabível.

LIXÃO De cada dez municípios brasileiros, seis ainda têm lixões. Os prefeitos correm o risco de responder por crime ambiental e de pagar multas milionárias. A votação que prorroga o prazo até 2022,

Reflexão: De acordo com a FAO/ ONU, com apenas 1,6% do gasto mundial com o setor militar, seria possível acabar com a fome no planeta, mas o pior é que a fome está aumentando e a guerra, também.

Verde

MEMÓRIA HÍDRICA Projeto de Lei, de autoria do vereador Ricardo Young (PPS), que determina a inclusão nas placas de todas as avenidas e ruas públicas da cidade de São Paulo, o nome da bacia hidrográfica que está ali submersa. “A ideia do projeto é fazer com que as pessoas resgatem a memória hídrica da cidade”.

AGENDA VERDE 12 DE AGOSTO DIA NACIONAL DAS ARTES

• A arte uma das formas mais importante de comunicação. Usando diversas e variadas maneiras de expressões, os artistas [fazedores de artes], através de música, escultura, pintura, cinema, teatro, dança e etc., levam com incontáveis particularidades, emoção, aos também, incontáveis, e diversos públicos apreciadores das artes.

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14 DE AGOSTO DIA DO COMBATE À POLUIÇÃO

• Poluição ou degradação ambiental é qualquer alteração das qualidades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente que ameaça a saúde das pessoas e dos ecossistemas, além de criar condições adversas às atividades sociais e econômicas. O problema decorre dos poluentes – qualquer forma de matéria ou energia que interfira prejudicialmente aos usos preponderantes das águas, do ar e do solo, previamente definidos. A fonte de poluição pode ser qualquer atividade, sistema, processo, operação maquinaria, equipamento ou dispositivo, móvel ou não, que induza, produza ou possa produzir poluentes. A poluição é essencialmente produzida pelo homem e está diretamente relacionada com os processos de industrialização e a consequente urbanização, e todo agente poluidor é aquela a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, pela fonte de poluição.

17 DE AGOSTO DIA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO

• Patrimônio Histórico pode ser definido como um bem material, natural ou imóvel que possui significado e importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética para a sociedade. Estes patrimônios foram construídos ou produzidos pelas sociedades passadas, por isso representam uma importante fonte de pesquisa e preservação cultural.

O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873


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NOVO ESTUDO

Vapor de água é confirmado como um amplificador do aquecimento global Estudo dos cientistas da University of Miami Rosenstiel School of Marine Atmospheric Science é o primeiro a confirmar que as atividades humanas umedecem, mas também, aquecem o planeta Terra

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planeta está ficando mais quente. Dessa vez o calor não vem diretamente da poluição. Um novo estudo dos cientistas da University of Miami Rosenstiel School of Marine Atmospheric Science confirma que o aumento dos níveis de vapor de água na troposfera superior – um amplificador do aquecimento global - vai intensificar impactos das mudanças climáticas nas próximas décadas. O documento pioneiro mostra que o acréscimo de vapor na troposfera, vai ter um papel cada vez maior nas projeções do clima e é um resultado direto da atividade humana. Segundo o professor de ciências atmosféricas, Brian Soden, da Escola Rosenstiel, “o estudo é o primeiro a confirmar que as atividades humanas têm aumentado o vapor de água na troposfera superior – camada da atmosfera mais próxima da superfície da Terra, entre 5 e 20 km de altitude”. Soden é coautor do estudo publicado ao lado do pesquisador Eui-Seok Chung. Para investigar o que estava causando uma tendência de 30 anos de mais vapor de água na troposfera, os cientistas coletaram dados de satélites da Admi-

nistração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa) e os compararam a mo-

delos do clima que preveem a circulação de água entre o oceano e a atmosfe-

DIVULGAÇÃO/NASA

POR TARCILIA REGO tarciliarego@oestadoce.com.br

Imagem de satélite de cor melhorada de vapor de água na troposfera superior

ra. Isto permitiu a eles determinar se as mudanças observadas no vapor eram ou não consequência de atividade humana. Usando o conjunto de experiências de modelos climáticos, os pesquisadores mostraram que o aumento do vapor de água na troposfera superior não pode ser explicada por forças naturais, como vulcões e mudanças na atividade solar, mas pode ser explicado pelo aumento da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), como o CO2. Os modelos climáticos preveem que como o clima se aquece a partir da queima de combustíveis fósseis, as concentrações de vapor de água também irão aumentar em resposta ao aquecimento. Este umedecimento da atmosfera, por sua vez, absorve o calor e aumenta, ainda mais, a temperatura da terra. GEE Os GEE elevam as temperaturas, prendendo o calor radiante da Terra dentro da atmosfera. Este aquecimento, também aumenta o acúmulo de vapor de água na atmosfera, o mais abundante gás de efeito estufa. As armadilhas umedecimento atmosféricas temperaturas de calor e aumenta ainda mais radiantes adicionais. *Com informações de: http://phys.org/news


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ARTIGO

Sustentabilidade também para a vida do empreendedor *MARCUS NAKAGAWA A sustentabilidade está em pauta nas grandes empresas com os seus relatórios GRI (Global Reporting Initiative), departamentos responsáveis pelo relacionamento com cada stakeholder, investimento social privado, projetos de eco eficiência, construções com certificação LEED e AQUA etc. Nas pequenas e médias empresas, o movimento vem começando, principalmente orientado e solicitado pelas grandes empresas que precisam ter a sua cadeia de fornecedores e distribuidores cada vez mais de acordo com o desenvolvimento sustentável. Porém, para estas empresas pequenas e médias, que geralmente são geridas por empreendedores ávidos por novidades e desafios, acaba sendo mais uma tarefa dentre tantas a se fazer num dia de somente 24 horas. Peter Drucker, um dos papas da gestão, coloca que qualquer indivíduo que tenha à frente uma decisão a tomar pode aprender a ser um empreendedor e se comportar como tal. Diz ainda que o empreendimento é um comportamento, e não um traço de personalidade. E suas bases são o conceito e a teoria, e não a intuição. O que mostra que em mais esta decisão o empreendedor terá que entender, estudar e ir atrás do verdadeiro sentido da sustentabilidade. Mas a ideia deste texto não é falar do conceito do tripé da sustentabilidade baseado nos fatores econômicos, sociais e ambientais em uma empresa, seja ela grande ou pequena. Ou então, dizer do entendimento do assunto pelas PME´s que, segundo a pesquisa do SEBRAE de 2012, 65% destas empresas entendem medianamente sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade. Na verdade, estou questionando a sustentabilidade do empreendedor que trabalha mais do que as 40 horas semanais oficiais da sua empresa em busca de cumprir suas entregas e alcançar o seu sonho de liberdade na gestão e do chefe; e de como é mais difícil falar em sustentabilidade em uma pequena e média empresa se o próprio empreendedor não entende isso dentro da sua vida pessoal. Isso é vida real, não sonhos que são vendidos em jornais, revistas, vídeos e casos lindos de sucesso! Acompan-

ho diversos estilos de vida de empreendedores que misturam toda a sua vida pessoal com o seu negócio, inclusive, contas a pagar, sócios, empregados, família, conversas com amigos e assim por diante. A mistura é quase que insustentável financeiramente, imagina então ambiental e socialmente. Para isso, primeiramente, se você é um empreendedor ou está pensando em ser, tem que entender o estilo de vida que você quer levar. Pensar no estilo de vida é fundamental, pois para termos muitas posses monetárias precisamos trabalhar muito e investir muitas horas trabalho. Se você quer uma vida mais simples, não estou dizendo simplória, a ideia é ter menos bens materiais e mais tempo para fazer o que você gosta. Pensar no financeiro e separar sempre a empresa do pessoal é fundamental. Ter clientes, vendas e entregas é a base de qualquer negócio lucrativo e para a sustentabilidade do empreendedor esta também é o básico. Sei que já é difícil ter este básico, mas muitas vezes é porque não temos alinhados os outros fatores pessoais como saúde, família, gestão do conhecimento, espiritualidade, lazer, esporte etc. E isso faz com que atrase ou atrapalhe os negócios. Ficamos presos tentando fazer tudo mais ou menos. O ideal é ir acertando cada um, passo a passo, de uma forma planejada para que, de forma equilibrada todos sejam bem feitos. Para ter a sustentabilidade na vida do empreendedor não há uma receita única, pois varia caso a caso, mas para sustentar um estilo de vida e um negócio (ou vários) precisamos ter equilíbrio em todos os principais pontos da nossa vida (saúde, lazer, amor, espiritualidade etc.) e fazer uma boa gestão de stakeholders (públicos de interesse) tais como os nossos filhos, amigos, esposas, maridos, parentes, sócios etc. Não podemos perder o foco do sonho a perseguir, caso contrário será o fim do empreendedorismo.

*Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor; professor da ESPM; idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade e estilo de vida.

POLÍTICA PARA COMBATER A DESERTIFICAÇÃO E EFEITOS DA SECA Há sete anos o senador Inácio Arruda apresentou o Projeto de Lei nº 2447/07, o qual cria a Política Nacional de Combate e Prevenção à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. A propositura constitui iniciativa da maior relevância para o País, especialmente para o Nordeste brasileiro onde se concentram as áreas semiáridas, define os objetivos, os princípios e as ações que o poder público deverá executar. Segundo o projeto que ainda tramita indolentemente pela burocracia imposta ao processo legislativo do Congresso Nacional, deverá ser instituído um Sistema de Informações sobre o Combate e Prevenção à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, que será um dos instrumentos para fazer valer a política pertinente ao problema. Em relação à agricultura irrigada, o Estado deverá promover, nas áreas suscetíveis à desertificação, o levantamento das áreas com potencial irrigável, entre outras ações. Objetivos Entre os objetivos para prevenir, combater a desertificação e recuperar as áreas afetadas, a política nacional de combate à seca visa apoiar o desenvolvimento sustentável nas áreas suscetíveis à desertificação; instituir mecanismos de proteção, conservação e recuperação de mananciais, vegetações e solos degradados; e integrar a gestão de recursos hídricos com as ações de prevenção e combate à desertificação. Princípios O projeto do senador cearense lista uma série de princípios que devem nortear a política de combate à seca, tais como a democratização do acesso à terra e à água; a participação das comunidades no processo de elaboração e de implantação das ações de combate à desertificação; e a incorporação do conhecimento tradicional sobre uso sustentável dos recursos locais. Pontos básicos A propositura define alguns pontos básicos, além dos já expostos, tais como o planejamento e a integração entre ações locais, regionais e nacionais; a cooperação entre todos os níveis de governo; a articulação com os programas dos diversos ministérios que tenham ações afins; e a harmonização da política com a Convenção das Nações JORNALISTA E ESCRITOR

Unidas de Combate à Desertificação (CCD), com a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e com a Convenção sobre Mudança do Clima. Equívocos O senador Inácio Arruda entende que há alguns erros que devem ser exterminados quando se trata de combate à desertificação que se verifica nas regiões semiáridas, sobretudo no que diz respeito aos cruéis efeitos das longas estiagens. Segundo o parlamentar, apesar dos recursos financeiros para o combate à seca, as políticas públicas “têm se mostrado pouco eficientes para mudar a realidade da sofrida população nordestina e um dos principais erros é considerar a seca um problema, buscando-se soluções somente quando ela já está instalada”. Ações sistemáticas O parlamentar cearense ressalta que a definição de uma política de combate e prevenção aos efeitos da seca é importante por tornar sistemáticas as ações que visem o enfrentamento do problema, muitas vezes tratado apenas de forma pontual. Com efeito, a seca é um fator climático natural das regiões semiáridas e, portanto, deve ser considerado na elaboração de todas as políticas públicas agrícolas, de preservação ambiental, macroeconômicas e de expansão urbana.


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VERDE

ARQUITETURA E MOBILIDADE

Bicicletas marcam presença no Casa Cor 2014

As bikes marcaram presença na edição anterior, mas este ano, vão brilhar como joias na mostra de arquitetura. Quem chegar pedalando vai ganhar desconto na entrada

SHERYDA LOPES oev@oestadoce.com.br

ÁREA EXTERNA A arquiteta Laura Rios é uma das idealizadoras do Projeto Estar Urbano, que instalou o parklet no evento do ano passado e o levou à Avenida Beira

DIVULGAÇÃO

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s temas ligados à mobilidade urbana ganham cada vez mais força, entre eles, o uso das bicicletas. Mas quem pedala também quer casa, e uma que garanta um lugar especial ao veículo companheiro. Segundo a organização da 16ª Edição da Casa Cor Ceará, este ano, o evento não vai apenas inserir a bicicleta no lar, vai além, chamará a atenção para a importância do uso desse modal, que tanto contribui para a melhoria da qualidade ambiental. As bikes já apareceram na edição do ano passado em um parklet – estrutura móvel que ocupa a vaga de um ou dois carros, proporcionando um ponto de apoio e descanso – , além de espaço de convivência no ambiente público. “Este ano, queremos trazer esse tema com ainda mais força, para, entre outros objetivos, chamar a atenção do poder público para que ofereça segurança para quem usa a bicicleta em Fortaleza”, afirmou a diretora da Casa Cor Ceará, Neuma Figueiredo, durante reunião operacional do evento no Hotel Gran Marquise, na semana passada. O arquiteto, empresário e ciclista urbano Paulo Angelim foi convidado para realizar a consultoria da edição 2014 e acredita que o estímulo às pedaladas é benéfico em vários sentidos. “As pessoas ganham com saúde e se tornam mais responsáveis pela cidade, porque interagem com ela. Carros isolam as pessoas, já as bicicletas, aproximam”, declarou.

Elas já apareceram na edição do ano passado e agora voltam com força total Mar este ano. A ideia em 2014 é incrementar a área externa do prédio onde ocorre a mostra, instalando ciclofaixas na calçada, praça no jardim e bicicletário, entre outros itens. “Investe-se muito na estrutura para os carros, mas as pessoas precisam caminhar e pedalar mais, pois assim elas conhecem de verdade a cidade onde vivem e assim, podem fazer mais por ela”, defendeu. SALA DO CICLISTA Além do espaço externo citado, a Casa terá um espaço denominado “Sala do Ciclista”, idealizado e realizado pelo designer Ramiro Mendes. Essa é a primeira vez que o profissional participa do evento. “Espero apresentar um espaço que atenda não apenas à demanda do ciclista urbano, mas também a dos atle-

tas profissionais. A sala terá as roupas, ferramentas e até o isotônico que o atleta vai tomar antes dos treinos”, disse. Mas como guardar a bicicleta em espaços pequenos, por exemplo? Segundo Ramiro, um de seus objetivos é encontrar soluções para questões como essa, que fazem parte da realidade de quem mora nas grandes cidades. “Uma certeza que tenho é que tratarei a bicicleta como uma joia, porque ela merece esse reconhecimento”, prometeu. O EVENTO A 16ª edição da Casa Cor Ceará é uma mostra de arquitetura, decoração e paisagismo, ocorre de 30 de outubro a 9 de dezembro no antigo prédio da Adece (Agência de Desenvolvimento do Ceará) onde já funcionou, também, a vice go-

vernadoria do Estado, na Avenida Barão de Studart, 598, em frente ao Palácio da Abolição. Com o tema “Um olhar sobre o Ceará”, a edição 2014 homenageia o pesquisador e especialista em Música Brasileira, Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, e o empresário Beto Studart, atual presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e do grupo BSPar. Os ingressos da mostra variam de R$ 19 a R$ 78. Quem pedalar até o evento, postar a foto no Instagram com a hashtag #casacorceara2014 e mostrar na bilheteria, ganha 50% de desconto na entrada. O evento será lançada com um Ciclo Tour no dia 24 de agosto e qualquer pessoa pode participar. “Basta seguir as informações que serão divulgadas ainda esta semana na página do evento no Facebook”, informa Neuma Figueiredo.


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COMPONENTE 3

Política Ambiental de Fortaleza está completa BETH DREHER

A etapa Controle da Poluição, foi apresentado pela Seuma. Para a titular do órgão, os desafios são muitos e Fortaleza já não suporta tanta agressão

Águeda Muniz, da Seuma apresentou a terceira etapa da Política Ambiental de Fortaleza

POR SHERYDA LOPES oev@oestadoce.com.br

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o próximo dia 14 de agosto comemora-se o Dia de Combate à Poluição. Coincidência ou não, mas a titular da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), Águeda Muniz, apresentou a terceira etapa da Política Ambiental de Fortaleza (28/07), que trata do componente Controle da Poluição e contempla, entre outras, a poluição atmosférica. A etapa apresentada junta-se a outras duas – Áreas Verdes e Água –, anunciadas no início do ano e deve nortear ações de outras secretarias e órgãos da atual gestão e também das próximas. Uma das ações anunciadas para 2015 é a instalação de 12 estações de monitoramento do ar nos corredores do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), a fim de averiguar a qualidade do mesmo e direcionar políticas públicas. A medida ainda está em fase de planejamento, com a contratação de uma consultoria que estuda qual é a estrutura necessária

para ser implementada. Embora tenha exposto os resultados e ações que já estão em curso atendendo ao que é previsto na Política, Águeda reconheceu que as legislações são os instrumentos iniciais de uma longa caminhada. Outro instrumento em construção é o relatório que apresenta o diagnóstico das emissões de carbono de Fortaleza, entre eles o Inventário dos Gases de Efeito Estufa com previsão de ser apresentado em agosto de 2014. Atualmente, 341 estabelecimentos na Capital são monitorados de forma continuada. A Prefeitura também realiza blitz, vistorias e fiscalizações em garagens de ônibus e caminhões; além da realização de palestras sobre poluição atmosférica em escolas públicas. RESÍDUOS SÓLIDOS Entre os problemas que a cidade enfrenta relacionado à poluição ambiental está a reciclagem de resíduos sólidos, que ocorre de forma “ínfima” em Fortaleza, conforme a própria gestora. “Apenas 5% do nosso lixo é reciclado, mas isso não acontece apenas aqui. Infelizmente, é uma realidade das grandes cidades do Brasil”, afirmou. A questão é um dos focos do terceiro

componente, que atua no fortalecimento da rede de reciclagem da Cidade. Segundo Águeda, essa é uma forma de preparar a Cidade para quando a gestão integrada de gerenciamento de resíduos for estabelecida, efetivamente. Entre as ações e resultados relacionados ao tema, estão a atuação dos 20 Ecopontos distribuídos em regiões de Fortaleza, que coletam e destinam seis mil litros de Óleos e Gorduras Residuais (OGR) por mês para reciclagem; além da coleta seletiva em grandes eventos, como a Copa das Confederações e o Mundial da Fifa. DESCASO NO PARQUE Mesmo reconhecendo que é preciso tempo para as medidas planejadas pelo executivo, resultarem em benefícios, a sociedade se angustia ao ver que muitas políticas demoram para acontecer, ou ainda, não saem do papel. O integrante do Movimento Proparque, Ademir Costa, denuncia que após seis meses da regulamentação o Rio Branco ainda sofre com o descaso. O parque é um dos contemplados com a Política na Componente Áreas


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VERDE “O Movimento, que há 20 anos milita em prol da revitalização e preservação da área, ainda não foi chamado para construir o Plano de Manejo do Parque, previsto no decreto”, afirma o ambientalista, que reclama o fato de os funcionários que realizam os serviços de poda, capinação e regas, não o fazem da forma adequada. “Essas pessoas não têm conhecimento técnico sobre as espécies. Não sabem se estão cortando uma erva daninha ou uma muda nativa, por exemplo. Eles precisam ser treinados”, diz. Outra reclamação é relativa à insegurança do local, que afasta possíveis frequentadores. A assessoria de imprensa da Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb) informou que a empresa mantém uma equipe de limpeza, atuan-

do na localidade. São 10 garis que realizam serviços de varrição e respondem pela limpeza e manutenção da área e não executam serviços de jardinagem. No entanto, periodicamente equipes de podas realizem o serviço no local, seguindo orientações de técnicos e de um agrônomo que acompanha a tarefa. CONSELHO DOS PARQUES Já a assessoria de imprensa da Seuma afirmou que “o Plano de Manejo dos Parques será elaborado após a formação do Conselho dos Parques, prevista para setembro. No momento, a secretaria está preparando o edital para formação deste Conselho, cujo lançamento está previsto ainda para agosto. Atualmente, o Parque está em manutenção pela Secretaria Regional II e recebe limpeza da Emlurb”.

Quanto às informações sobre capacitação de funcionários para a manutenção das plantas no local, as informações restringem-se ao serviço de poda: “O curso Técnicas de Poda é voltado para aquelas pessoas que executam esse trabalho, como a equipe da Companhia Energética do Ceará (Coelce). O curso será ministrado segundo as orientações contidas no Manual de Arborização de Fortaleza, elaborado pela Seuma, e disponível a todos no site da Secretaria”, informa. A previsão é que o curso seja realizado em setembro. Quanto à questão da segurança no local, a Secretaria afirmou que atua em articulação com a Secretaria Municipal de Segurança Cidadã e que “está trabalhando para que a segurança nos parques de Fortaleza seja realizada da melhor maneira”.

POLÍTICA AMBIENTAL DE FORTALEZA Entende-se por política pública ambiental o conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação, que o poder público dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente natural e o ambiente construído.

• Envolveu a assinatura dos decretos de regulamentação dos Parques Municipais Rachel de Queiroz, Rio Branco, Parreão, Adahil Barreto, Guararapes, Parque da Liberdade (Cidade da Criança), Parque das Lagoas de Fortaleza, Pajeú, Parque das Iguanas e Parque Riacho Maceió, dentre outras ações como o Plano de Arborização.

Águas • Componente Águas, ligado ao Programa Águas da Cidade, objetiva recuperar a qualidade dos bens hídricos e prevê atividades que visam melhores índices de balneabilidade das praias e águas continentais de Fortaleza. Entre as ações realizadas ou em andamento da Política estão o diagnóstico das 11 lagoas regulamentadas como Parques, monitoramento e controle de efluentes, ações de educação ambiental, tamponamento de redes clandestinas de esgoto, entre outras. Todas as medidas ocorrem de forma integrada e por meio de convênios com outras secretarias e órgãos do estado e município. O investimento é da ordem de R$ 200 milhões.

Controle de Poluição • As ações e investimentos deste componente são direcionados ao combate à emissão de efluentes, poluição atmosférica, sonora, visual, infrações ambientais ligadas ao Código de Obras e Posturas e à gestão de resíduos.

“SE FOR NECESSÁRIO, VAMOS À DELEGACIA” Embora a conscientização paute, prioritariamente, as medidas da Política Ambiental de Fortaleza, a coerção não é descartada. “O principal objetivo não é punir, e sim promover a conscientização, mas Fortaleza não suporta mais agressões ambientais”, declarou à secretária do Meio Ambiente e Urbanismo, Águeda Muniz, quando questionada sobre infrações como a cometida pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Ca-

gece), que desmatou uma área de 5,9 mil metros quadrados sem autorização da Seuma no Dias Macedo, e o caso da lagoa da Laura, no bairro José de Alencar, que mesmo após ações de fiscalização, continua a ser aterrada pela construção civil. “Nós não estamos alheios a esses casos. O que for construído de forma irregular será demolido e se for necessário levar os casos à delegacia nós levaremos”, declarou.

FOTO: BETH DREHER

Áreas Verdes


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PETROBRAS

Empresa produz biolubrificantes em planta piloto no Ceará Com o desenvolvimento do novo produto, companhia investe na agregação de valor à cadeia do biodiesel

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s biolubrificantes ganham cada vez mais espaço no mercado nacional e internacional e apresentam uma projeção de crescimento de até 10% ao ano impulsionada pelos benefícios ambientais. Este potencial de mercado tem levado pesquisadores da Petrobras a incrementar o desenvolvimento de um novo produto - biodegradável e obtido a partir de fontes renováveis - em uma planta piloto do Núcleo Experimental de Fortaleza do Centro de Pesquisas (Cenpes), localizado na Refinaria Lubrificantes

e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), em Fortaleza (CE). As primeiras cargas experimentais, usando novas matérias-primas, resultaram em três biolubrificantes básicos obtidos a partir de óleos vegetais e biodiesel. O projeto avalia também novas aplicações para estes produtos conforme a demanda do mercado consumidor que, dentre as aplicações industriais e marítimas, destacam-se os fluidos hidráulicos, graxas, óleos de corte e de motores de dois tempos. A tecnologia desenvolvida já rendeu cin-

co pedidos de depósitos de patentes nos últimos quatro anos. A Petrobras Biocombustível e a Petrobras Distribuidora apoiam as pesquisas voltadas para a produção de biolubrificantes. As duas subsidiárias planejam testes em campo da primeira geração de lubrificantes biodegradáveis de tecnologia Petrobras. Estes testes, com previsão de conclusão em 2015, irão auxiliar na definição da estratégia a ser adotada pelas empresas no que se refere à oportunidade de agregar valor à cadeia de produção de biodiesel.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Olimpíada premia estudantes em gincana sobre coleta seletiva em Barreira Cerca de 180 alunos correram contra o tempo nas disputas da Olimpíada Ecoelce de Sustentabilidade, realizada em parceria com a Prefeitura Municipal de Barreira. Estudantes de duas escolas públicas de Barreira se aventuraram na gincana em busca de resíduos que rendem pontos e bônus para as escolas. As atividades começaram no dia 15 de maio e seguiram até 8 de agosto. Os ganhadores serão premiados no próximo dia 13 de agosto (quarta-feira), no Centro Educacional 15 de Abril. A ideia da Olimpíada foi estimular a coleta seletiva e apresentar a utilidade do projeto Ecoelce, que troca resíduos devidamente separados por bônus na conta de energia. Para que os estudantes conhecessem a importância da coleta seletiva, os professores foram capacitados para orientar os adolescentes

na questão da separação de resíduos e foram realizada oficinas de eficiência energética com a comunidade. Após o lançamento da Olimpíada, houve aumento de 200% na coleta de resíduos, em relação a média de janeiro a abril (De janeiro a abril foram 3.356,70 kg e de maio ao início de agosto foram 8.764,31 kg). Houve aumento também de 40% no número de clientes praticando a coleta seletiva no município de Barreira. Cerca de 50 alunos das escolas Antônio Julião Neto e Centro Educacional 15 de Abril. Para o vencedora inclui um passeio para o Beach Park e 1 MP3. O segundo lugar leva um passeio para o Beach Park, 1 MP3 e 1 Pen Drive, enquanto o terceiro leva um passeio para o Beach Park. Além deles, Passeio para o Pesque e Pague de Chorozinho, Pas-

seio para o Centro Agroecológico de Barreira, aparelho de DVD, MP3, Bola de volley, 1 camisa da Seleção Brasileira, bola de futebol, pen drive e outros brindes serão distribuídos com vencedores da gincana. Além da premiação, durante o evento da próxima quarta-feira (13), haverá palestra sobre eficiência energética, apresentação do teatro da Turma do Lampinha e entrega do Troféu Akaiuti, que anualmente é concedido pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (COMDEMA) à instituições e/ou personalidades que contribuíram com o meio ambiente no município. COMO PARTICIPAR Para participar, os alunos se cadastraram no programa Ecoelce e levavam os resíduos para o ponto do Ecoelce no

município. O Ecoelce é um programa implantado desde janeiro de 2007 que propõe a troca de material reciclável por bônus na fatura de energia. O projeto conta atualmente com 97 Postos de Entrega Voluntária (PEV), entre capital e interior do Ceará. SERVIÇO Evento: Premiação da Olimpíada Ecoelce de Sustentabilidade em Barreira Quando: 13 de agosto Onde: Centro Educacional 15 de Abril Horário: 14h Endereço: Rua Maria do Carmo Oliveira, 325 – Centro, Barreira, Ceará


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IDENTIDADE

Mais brasileiros se assumem índios, afirma antropólogo Eles já foram 2 milhões, mas o País ainda não aprendeu a conhecer a cultura dos habitantes que estavam aqui quando os portugueses chegaram. O contexto atual favorece a caminhada DIVULGAÇÃO/FUNAI

POR SHERYDA LOPES oev@oestadoce.com.br

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á se passaram 514 anos desde que a esquadra de naus portuguesas comandadas por Pedro Álvares Cabral aportou nas areias da grande ilha à qual deu o nome de Vera Cruz, hoje, Brasil. Embora nas escolas seja ensinado que o País foi “descoberto”, naquele 22 de abril, a verdade é que aqui já viviam os indígenas. Durante séculos de colonização e mudanças políticas, esses indivíduos viram sua população de 2 milhões de habitantes ser praticamente dizimada pelas ambições do “homem branco”. Cinco séculos depois, os povos seguem lutando pela sobrevivência e reconhecimento, num contexto que ainda é crítico, mas pode ser o melhor desde 1500. “Estamos vivendo o momento de inversão da curva. Desde a colonização até os anos 80, a quantidade de índios no Brasil apenas diminuiu, e agora ela está aumentando”, analisa o antropólogo e coordenador geral do Curso de Magistério Indígena Tremembé Superior (MITS) em Almofala, Babi Fonteles. O Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, aponta que há quase 818 mil indígenas no País, dos quais, 503 mil vivem na zona rural, e mais de 315 mil nas zonas urbanas. O último dado chama atenção, já que em 1991, por volta de 70 mil habitantes de áreas urbanas declararam-se indígenas. O aumento nas estatísticas, na análise do especialista, não é apenas uma questão de “reprodução humana”. Trata-se de um sintoma de um contexto legal favorável à valorização e autorreconhecimento da sociedade enquanto indivíduo indígena, além de consequência do êxodo rural. Os índios já estavam aqui, mas agora eles se reconhecem como tal.

Índios Tapeba, no Ceará “Desde a Constituição de 1988, o brasileiro tem o direito, por lei, de ser índio e, além disso, no começo do ano 2000, o Governo proporcionou mudanças positivas para os indígenas. Isso resulta num contexto favorável para que o cidadão reivindique essa identidade, mesmo que ele não saiba a que etnia pertença exatamente”, declara, ao mesmo tempo defendendo que esse avanço deve-se às lutas do movimento indígena e seus parceiros e que ainda há muitas fragilidades nas estruturas oferecidas a esses povos.

EDUCAÇÃO Um dos avanços apontados por Babi refere-se à educação, que tem aberto oportunidades para a entrada dos indígenas na universidade e também favorece a criação de um sistema de educação próprio dos povos, respeitando suas crenças e modos de organização social. Uma dessas experiências ocorre no Ceará: no ano passado, 36 alunos Tremembés do MITS colaram grau na Concha Acústica da UFC -Universidade Federal do Ceará. Segundo a UFC, tratou-se de um re-

torno, já que a última vez em que os índios estiveram no local, antes da cerimônia, foi em agosto de 1965, quando da conquista do primeiro lugar em um festival nacional de folclore. O MITS foi criado, em parceria com a UFC, em 2006. Aprovado pelo Ministério da Educação (MEC), em 2008, passou a receber recursos por meio do Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indígenas (Prolind), sendo o primeiro curso da UFC específico para indígenas.


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DIVULGAÇÃO/FUNAI

VERDE

Pela primeira vez na história, população indígena em território brasileiro apresenta aumento verdade, se for feito de forma apropriada ele pode trazer benefícios. “As pessoas devem conhecer os índios, mas esse contato tem que acontecer com respeito à autonomia desses povos. P o d e ha-

RECONHECIMENTO DE TERRITÓRIO Entre os inúmeros desafios enfrentados pelos povos indígenas atualmente, Babi destaca a questão da demarcação do território como o mais sério deles. A invasão das terras indígenas pela especulação imobiliária, indústria madeireira e setor ruralista, entre outros, tira dos índios um fator fundamental para a qualidade de vida e provoca a morte de muitos, seja por meio de assassinatos ou ainda, por suicídios. A ligação desses povos com a terra é marcada pelo sagrado, que vai desde seus rituais religiosos e os locais onde estão enterrados seus mortos, até o manejo para a alimentação e prática da medicina tradicional. “Não existe saúde indígena sem demarcação de território e nesse sentido o Governo Federal retrocedeu muito em comparação à gestão anterior. A própria base aliada desse governo é a ruralista, o setor que é o maior adversário da causa indígena”, critica o estudioso. ÍNDIOS ISOLADOS No final de junho, duas tribos isoladas fizeram o suposto primeiro contato entre elas. O encontro aconteceu na região da fronteira entre Brasil e Peru, quando

um p o v o indígena isolado estabeleceu contato com indígenas Ashaninka e servidores da Funai, na Aldeia Simpatia, na Terra Indígena Kampa e Isolados do Alto Rio Envira, no estado do Acre. Segundo as informações do órgão, o contato ocorreu com a equipe da Frente de Proteção Etnoambiental Envira e o sertanista José Carlos Meirelles, da Assessoria Indígena do Governo do Estado do Acre. Devido ao contato com objetos contaminados, alguns índios contraíram gripe, mas já receberam tratamento e estão bem. A Funai estima que há 69 povos indígenas ainda não foram contatados, além de existirem grupos que estão requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão. CONHECER DE PERTO Se por um lado o encontro das tribos com a sociedade que conhecemos não tem sido positivo para eles, para Babi, esse contato não é necessariamente nocivo para nenhuma das partes. Na

ver, inclusive, uma troca cultural muito rica, pois da mesma forma que nós temos interesses em conhecer os modos de cura tradicionais indígenas, eles também podem aprender sobre nossa tecnologia”, afirma. A recomendação do professor é que as pessoas procurem aldeias em seus estados e marquem visitas, como uma forma de conhecer de perto suas culturas, ao invés de se limitar ao imaginário popular. “São seres humanos como nós. Eles apenas seguem um modo de vida entre milhares possíveis”, defende.

Os índios no Brasil

Em 1500 havia 2 milhões de índios no Brasil. A atual população indígena brasileira, segundo o Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, é de 817.963 indígenas. A pesquisa revelou ainda que há índios em todos os Estados da Federação, inclusive no Distrito Federal. Os povos que vivem nas savanas e florestas atlânticas do sul, como os Guarani e os Kaingang, e o interior seco do Nordeste, como os Pataxó Ha Ha Hãe e os Tupinambá, estavam entre os primeiros que foram contatados pelos

colonizadores europeus quando eles desembarcaram no Brasil em 1500. O Nordeste é a segunda região com maior incidência indígena, sendo o Ceará o quarto Estado desta região em número de índios. No Estado, segundo a Funai, há registro de dez etnias com processos de demarcação de território concluídos ou em andamento, entre elas os Anacés e Tabepas, em Caucaia, e os Tremembés de Almofala, Mundaú e Queimadas.

Fonte: Funai


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VERDE

INÉDITO

Oito tendências de sustentabilidade para micro e pequenas empresas Estudo aponta o caminho das pedras para as MPE inserirem a sustentabilidade em suas práticas e estratégias. O objetivo do estudo é apresentar os desafios

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consultoria Ideia Sustentável acaba de lançar o segundo de uma série de quatro estudos da iniciativa NEXT - Observatório de Tendências em Sustentabilidade. Com o tema “8 Tendências de Sustentabilidade para Pequenas e Microempresas”, a consultoria ouviu 54 organizações internacionais, 28 nacionais, 28 especialistas nacionais, 45 internacionais e 26 líderes entre presidentes e executivos. O objetivo do estudo é apresentar os desafios de sustentabilidade relacionados ao negócio das micro e pequenas empresas (MPE) que, segundo os pesquisadores, se mostraram os mais atuais. Dessa forma, pretende-se criar um conhecimento que possa ser aplicado no dia-a-dia das MPE, provocando reflexão e inspire novas escolhas e decisões estratégicas. Todos os temas da iniciativa NEXT são definidos em conjunto com a Fundação Espaço ECO®, seguindo dois critérios básicos: a relevância do público-alvo principal (e a sua capacidade de produzir mudanças) e o potencial para gerar transformação em um determinado setor. Neste caso, o tema das MPE foi abordado, pois elas representam 99% do universo dos 6,3 milhões de empresas brasileiras e empregam mais de 16 milhões de pessoas (quase metade do total de empregos do Brasil). O estudo pode ser acessado na íntegra em www.ideiasustentavel.com.br. “Nossa experiência mostra que a falta de apoio, conhecimento e recursos são alguns dos principais desafios que impedem as PME de investirem em sustentabilidade. Isso é comprovado nas oito tendências. Agora, internalizando o conhecimento, cada gestor consegue definir prioridades e perceber que com pequenas medidas, e sem a necessidade de altos investimentos,

podem tornar-se mais competitivos e lucrativos. A sustentabilidade precisa deixar de ser vista como custo e sim como um investimento, a fim de alavancar os resultados e a dar longevidade aos negócios”, afirma Roberto Araújo, diretor-presidente da Fundação Espaço ECO®. Sendo assim, entre as tendências mapeadas estão: integrar a sustentabilidade como proposição de valor no plano de negócio; sustentabilidade como fator fundamental de inovação; sustentabilidade como fonte de novas e crescentes oportunidades para pequenos negócios; o poder da colaboração para

o crescimento dos pequenos negócios sustentáveis; enxergar a sustentabilidade como vantagem competitiva na cadeia de valor; a ascensão de uma liderança cada vez mais sustentável; a pequena empresa como ferramenta para a promoção da diversidade; e o crescente interesse de financiamento público e privado por pequenos negócios mais sustentáveis. GESTÃO SUSTENTÁVEL “Não haverá mudança possível na direção de um modelo de negócio mais sustentável se ela não ocorrer também nas MPE”, afirma Ricardo

Voltolini, diretor-presidente da Ideia Sustentável ao falar sobre a relevância das micro e pequenas empresas para o cenário empresarial. Estas empresas estão em todo o Brasil e promovem a inclusão, oferecem espaço para empreendedores, atendem demandas das comunidades e funcionam como porta de entrada no mercado de trabalho para milhares de jovens de baixa renda. Além disso, as PME integram as cadeias de valor de grandes empresas que, por sua vez, exercem forte influencia em seus fornecedores e clientes. Entendemos que é papel das grandes empresas liderar este processo e refletir o que estão fazendo para acelerar a adoção de soluções mais sustentáveis pelos seus fornecedores e clientes. “Por meio do nosso programa Gestão Sustentável - ecoeficiência na cadeia de valor buscamos auxiliar grandes organizações na incorporação de soluções inovadoras e práticas mais sustentáveis em pequenas e médias empresas”, conclui Roberto Araújo. Em setembro e dezembro o NEXT apresentará os próximos dois estudos que abordarão a temática de saúde e sustentabilidade, e ferramentas de gestão. IDEIA SUSTENTÁVEL Ideia Sustentável é uma empresa especializada em estratégia e inteligência em sustentabilidade criada, em 1993, por Ricardo Voltolini, um dos primeiros especialistas no tema no Brasil. FUNDAÇÃO ESPAÇO ECO® Inaugurada em 2005, a Fundação Espaço ECO® foi instituída pela empresa química Basf com o apoio da GTZ, agência de cooperação técnica internacional do governo alemão. Mais informações sobre a Fundação Espaço ECO® estão disponíveis no endereço www.espacoeco.org.br.


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INSUSTENTÁVEL

Poluição do ar matará até 256 mil pessoas só em São Paulo

A concentração de material particulado suspenso ainda provocará a internação de um milhão de pessoas, segundo pesquisa.

O

próximo 14 de agosto é o Dia de Combate à Poluição. Infelizmente, será um dia para pensar com muita preocupação sobre o tema. De acordo com projeção inédita do Instituto Saúde e Sustentabilidade, realizada por pesquisadores da USP, a poluição atmosférica vai matar até 256 mil pessoas nos próximos 16 anos no Estado de São Paulo. A poluição é essencialmente produzida pelo homem e está diretamente relacionada ao desenvolvimento e uso abusivo de combustíveis fósseis. Poluição ou degradação ambiental é toda e qualquer alteração das qualidades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente que ameaça a saúde das pessoas e dos ecossistemas, além de criar condições adversas às atividades sociais e econômicas. A fonte de poluição pode ser qualquer atividade, sistema, processo, operação maquinaria, equipamento ou dispositivo, móvel ou não, que induza, produza ou possa produzir poluentes. Matéria publicada no portal da Revista Veja (http://veja.abril.com.br/ noticia) , sábado ( 9), informa que “ no atual cenário, a poluição pode matar até seis vezes mais do que a Aids ou três vezes mais do que acidentes de trânsito e câncer de mama”. A população de risco, ou seja, as pessoas que já sofrem com doenças circulatórias, respiratórias e do coração, serão as mais afetadas, assim como crianças com menos de 5 anos que têm infecção nas vias aéreas ou pneumonia.

Entre as causas mais prováveis de mortes provocadas pela poluição, o câncer poderá ser o responsável por quase 30 mil casos até 2030 em todos os municípios de São Paulo. Asma, bronquite e outras doenças respiratórias extremamente agravadas pela poluição podem representar outros 93 mil óbitos, já contando a estimativa de crianças atingidas no período A doutora em Patologia pela Faculdade de Medicina da USP e uma das autoras da pesquisa, Evangelina Vormittag afirma que a magnitude dos resultados obtidos pela projeção, que tem como base dados de 2011, comprova a necessidade de o poder público implementar medidas mais rigorosas para o controle da poluição do ar, especialmente. A questão ambiental ainda não é uma prioridade de políticas públicas. O atraso no estabelecimento de normas ambientais e agências especializadas no controle da poluição , pode agravar a situação. Poluição e os seus impactos, não é privilegio só de São Paulo, é um fenômeno comum nas grandes cidades que estão repletas de veículos automotores movidos a combustíveis fosseis geradores de gases poluentes como o CO2. Segundo a Companhia de Engenharia de Trafego ( CET) a frota paulistana em atividade é de aproximadamente 3,8 milhões de veículos. O número é calculado com base na contagem

de automóveis por agentes localizados em pontos específicos da cidade, como o topo de prédios e cruzamentos de grande movimentação. A frota da Capital cearense também apresenta números bem elevados, atingindo em maio último 921.544 veículos. Entre 2004 e 2014 a frota cresceu 108,52%, segundo os dados informados no portal do Detram-CE (http://www.detran. ce.gov.br/site/arquivos/estatisticas/ Ve%C3%ADculos/2014 ). POLÍTICA AMBIENTAL Entende-se por política pública ambiental o conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação, de que os poderes públicos dispõem para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente. A Prefeitura de Fortaleza lançou em julho ( 29), por intermédio da Se-

cretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), a última etapa da Política Ambiental de Fortaleza, que diz respeito ao Controle da Poluição Urbana. DIA INTERAMERICANO DE QUALIDADE DO AR Em 09 de agosto, o Dia Interamericano de Qualidade do Ar é lembrado. Imperativo para a saúde do planeta e para a vida dos que o habitam, o dia foi criado em 2002 pela Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental. O objetivo é conscientizar os cidadãos do mundo que é possível adotar medidas para melhoraria do ar que respiramos. O monitoramento da qualidade do ar tem como objetivo a quantificação de poluentes atmosféricos, bem como a avaliação da qualidade do ar em relação aos limites estabelecidos. Os principais poluentes atmosféricos são: partículas totais em suspensão (PTS) - partículas de até 100 µm de diâmetro; partículas inaláveis (PI) - partículas de até 10 µm de diâmetro; fumaça – parâmetro determinado pelo escurecimento de um filtro através da deposição de partículas em suspensão; dióxido de enxofre (SO2); monóxido de carbono (CO); dióxido de nitrogênio (NO2) e Ozônio (O3). Até o fechamento desta edição, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por motivo desconhecido, não respondeu mensagem enviada por esta editoria sobre questões de saúde pública e poluição na cidade de Fortaleza.


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