O Estado Verde 14/07/2015

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O ESTADO Ano VI Edição No 397 Fortaleza, Terça-feira, 14 de Ceará, Brasil julho de 2015

Relatório ODM 2015 traz boas e más notícias Tirou milhões da pobreza, mas as desigualdades persistem e o progresso tem sido desigual. PÁGINA 3

Leia o Artigo Estudando a seca do Nordeste O fenômeno está relacionado com a diminuição de 30 segundos da obliquidade da eclíptica da Terra. PÁGINA 8

A poda, nas cidades, é diferente das florestas

Imponente e impactante Inicialmente, orçado em R$ 298,6 milhões, o projeto sobre o Rio Cocó, divide opiniões. Prevê 850 metros de extensão, será sustentado por cabos de aço que utilizará dois pilares. Páginas 6, 7 e 8

FOTO NAYANA MELO

Aqui as árvores têm que adaptarse aos espaços urbanos, interagindo com praças, ruas, edificações e fiações. PÁGINA 12

PONTE ESTAIADA


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Não queira ser peixe no Brasil

A Justiça Federal suspendeu a Portaria nº 445 do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que proíbe a captura, o transporte, o manejo, armazenamento e comercialização de 475 peixes ameaçados de extinção no país. O desembargador Jirais Aram Meguerian, do Tribunal Regional da Primeira Região, deu ganho de causa para o Conselho Nacional de Pesca e Aquicultura e suspendeu a portaria dos peixes e invertebrados aquáticos. O magistrado entendeu que a norma não deveria ter sido editada unilateralmente pelo MMA, sem a colaboração do Ministério da Pesca. A decisão, de caráter preliminar, motivou a união de diferentes entidades da sociedade civil e pesquisadores a lançar um manifesto pela manutenção da portaria do Ministério. O que existe mesmo, e é consenso entre ambientalistas, é o forte lobby do setor pesqueiro para que a portaria caia, mostrando mais uma vez a triste realidade da péssima gestão da pesca e do estado da conservação do ecossistema aquático no Brasil. Para especialistas como o coordenador da campanha Divers for Sharks, José Truda, a suspensão da portaria é uma decisão judicial vergonhosa mais um ataque contra a tentativa de proteger integralmente os peixes ameaçados no Brasil. Para o coordenador da campanha Divers for Sharks, José Trudda, “o artigo 225 da Constituição é letra morta, assim como o resto da gestão ambiental no País”. Aos meus olhos, é mais um exemplo da má gestão do governo Dilma.

Água. Segundo a Organização para

a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), embora a maioria das metrópoles tenha sistemas que garantam a distribuição de água, estas grandes cidades não estão prontas para lidar com os desafios que virão, como a incerteza em relação à disponibilidade de água, em decorrência da competição por acesso com produtores rurais, indústria e meio ambiente.

Enquanto os EUA têm oito mil cargos de confiança, o Brasil tem 24 mil. A isso chamamos de aparelhamento de Estado, moeda de troca, incompetência, roubalheira ou sei lá mais o quê. Estudo do Banco Mundial,

“Trabalhando para acabar com a pobreza na América Latina e no Caribe (Alca): trabalhadores, empregos e salários”, apontam que o crescimento econômico gerado pelas commodities impulsionou setores como agricultura e serviços, na Alca e contribuiu para aumentar o percentual de profissionais pouco

qualificados contratados por grandes empresas, com acesso a diversos benefícios trabalhistas: só no Brasil, em 2013, chegou a 27,6%. Mas, segundo o próprio estudo, o fim do boom das commodities, leva a uma grande preocupação: destino desses trabalhadores.

Na tarde de hoje, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) será homenageada pelos seus 65 anos em Sessão Solene na Assembleia Legislativa (AL). A homenagem, requerida, foi prontamente atendida pelo presidente da AL, deputado José Albuquerque (Pros). Eu vi. Estão começando a carpir o matagal nas vias públicas Eduardo Girão e da Costa Barros. Carpir Fortaleza, também, faz parte dos deveres da gestão pública.

Reflexão:

“Aquilo que você realmente irradia ou deliberadamente alimenta em sua mente, você, ininterruptamente, atrai.” Catherine Ponder, escritora.

#Cearáemférias Quer saber quais os melhores trechos para condições de banho de mar em Fortaleza? Quer dar umas pedaladas de bike? Não? Ah, então quer atualizar a vacina das crianças? Saiba que tudo é possível nas férias em Fortaleza. O Governo do Estado disponibiliza desde a última sexta-feira (10), o especial #cearáemférias, uma nova ferramenta virtual para cearenses e turistas. Em um calendário no portal do Governo, secretarias e órgãos, o internauta pode ter acesso a toda a programação de atividades realizadas neste mês de julho. Ao clicar na data de preferência, a pessoa terá acesso a uma série de sugestões. Na página, será possível verificar horários, valores (ou gratuidade) e localização. Siga o link do calendário http:// www.ceara.gov.br/ceara-em-ferias e boas férias. 14 de Julho Dia Universal da Liberdade de Pensamento No dia 14 de julho o mundo celebra o direito que cada um tem de manifestar as suas opiniões e ideias de forma livre, um conceito essencial nas democracias. Não por acaso, neste dia, comemora-se, a Queda da Bastilha, que marcou o início da Revolução Francesa. 16 de Julho Dia do Comerciante Considerado um dos profissionais mais antigos do mundo, o comerciante também tem a sua data especial, 16 de julho. Quem duvida da importância do comerciante e do comércio? O setor de comercialização de produtos exerce relevante e estratégico papel no desenvolvimento socioeconômico do Estado e do País. Cumpre relevante função social ao atuar como importante elo entre a produção das riquezas e o mercado consumidor, gerando empregos, renda e tributos. 17 de Julho Dia de Proteção às Florestas Um dia para que todos lembrem que os ecossistemas florestais são responsáveis pela manutenção do clima, das chuvas, além de ser o habitat natu-

ral de inúmeros espécimes. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o conceito de floresta é: “área medindo mais de 0,5 ha com árvores maiores que 5 m de altura e cobertura de copa superior a 10%, ou árvores capazes de alcançar estes parâmetros in situ. Isso não inclui terra que está predominantemente sob uso agrícola ou urbano.” Não apenas dia 16/7, mas todos os dias é preciso recordar que o desmatamento das florestas causa inúmeros problemas como a erosão do solo, a perda de biodiversidade e perda da vida animal, visto que sua casa é destruída, entre outros tantos. A perda da cobertura vegetal do solo, ainda pode levar a desertificação. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), nos últimos 40 anos a média global per capita de florestas caiu de 1,2 hectares para apenas 0,6 hectares por pessoa. O que é um dado alarmante.

O Estado Verde (OeV) é uma iniciativa do Instituto Venelouis Xavier Pereira, com o apoio do jornal O Estado, para fomentar o desenvolvimento sustentável no Ceará. EDITORA Tarcilia Rego CONTEÚDO Equipe OeV. JORNALISTA Katy Araújo DIAGRAMAÇÃO E DESIGN Rafael F.Gomes TELEFONES (85) 3033.7500/3033 7505 E (85) 8844.6873 ENDEREÇO Rua Barão de Aracati, 1320 — Aldeota, Fortaleza, CE — CEP 60.115-081. www.oestadoce.com.br/o-estado-verde


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SUSTENTABILIDADE GLOBAL Relatório revela 15 anos de esforços. Tirou milhões de pessoas da pobreza, mas as emissões globais de CO2 aumentaram mais de 50% desde 1990 e a escassez de água ainda é problema

ONU apresenta Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de 2015

Há duas décadas

Confirma que o estabelecimento de objetivos tirou milhões de pessoas da pobreza, empoderou mulheres e meninas, melhorou a saúde e bem-estar, e forneceu vastas novas oportunidades para uma vida melhor. Há apenas duas décadas, quase metade do mundo, em desenvolvimento, vivia em extrema pobreza. O número de pessoas vivendo em extrema pobreza passou de 1,9 bilhão

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mobilização global por trás dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) produziu o movimento antipobreza de maior sucesso da história.” É o que revela o Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2015 ou último balanço dos ODM, que a Organização das Nações Unidas (ONU), acaba de apresentar. “Após ganhos profundos e consistentes, agora sabemos que a extrema pobreza pode ser erradicada dentro de uma geração”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. “Os ODMs têm contribuído grandemente para esse progresso e nos ensinaram como os governos, empresas e sociedade civil podem trabalhar juntos para conseguir avanços transformacionais”. Em setembro de 2000, 189 nações firmaram um compromisso para combater a extrema pobreza e outros males da sociedade. Esta promessa acabou se concretizando em oito metas a serem ser alcançados até 2015. Em setembro de 2010, o mundo renovou o compromisso para acelerar o progresso em direção ao cumprimento desses objetivos. O relatório revela que os 15 anos de esforços para alcançar os oito objetivos estabelecidos na Declaração do Milênio, em 2000, foram bem-sucedidos em todo o mundo, embora existam deficiências. Os dados e análise apresentados no relatório mostram que, com intervenções específicas, estratégias sólidas, recursos adequados e vontade política, até mesmo os países mais pobres fizeram progressos.

Ban Ki-moon : “Estou profundamente consciente de que as desigualdades persistem e que o progresso tem sido desigual” em 1990, para 836 milhões em 2015. A taxa de crianças que morrem antes do seu quinto aniversário diminuiu em mais da metade, caindo de 90 para 43 mortes por mil nascidos vivos desde 1990. Os números relativos à mortalidade materna mostram um declínio de 45% em todo o mundo, com a maior parte da redução ocorrendo desde 2000. Em todo o mundo, 2,1 bilhões ganharam acesso a um melhor saneamento e a proporção de pessoas que praticam a defecação a céu aberto caiu quase pela metade desde 1990. Ajuda pública ao desenvolvimento dos países desenvolvidos viu um aumento de 66% em termos reais entre 2000 e 2014, chegando a 135,2 bilhões de dólares.

Desigualdades persistem

O relatório destaca que os ganhos significativos foram feitos em várias metas dos ODM em todo o mundo, mas o progresso tem sido desigual entre regiões e países, deixando lacunas significativas. No entanto, para o secretário-geral da ONU, nem tudo são flores. “Apesar de todos os ganhos notáveis, estou profunda-

mente consciente de que as desigualdades persistem e que o progresso tem sido desigual”, afirmou Ki-moon, a imprensa, dia 6 de julho, durante a apresentação do relatório. Apesar do enorme progresso impulsionado pelos ODM, cerca de 800 milhões de pessoas ainda vivem em extrema pobreza e sofrem de fome. Crianças pertencentes a 20% das famílias mais pobres têm duas vezes mais chances de ter problemas de crescimento do que as

das 20% mais ricas e são também quatro vezes mais suscetíveis a estar fora da escola. Em países afetados por conflitos, a proporção de crianças fora da escola aumentou de 30% em 1999 para 36% em 2012. No contexto do meio ambiente, as emissões globais de dióxido de carbono aumentaram mais de 50% desde 1990 e a escassez de água afeta agora 40% das pessoas no mundo; a estimativa é que esta proporção aumente.


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barrosalvesdireito@gmail.com

Guardar o meio ambiente é princípio determinado pelo criador

Preservar o ambiente e o ecossistema em que habitamos é imprescindível para a nossa sobrevivência e dos demais seres vivos com os quais convivemos, quer sejam animais, quer sejam vegetais. Protegê-los e guardá-los, como manda o Criador, desde o princípio do mundo é uma tarefa intransferível do ser humano. A Constituição Brasileira, ao reconhecer paradigmaticamente essa necessidade de cuidar do meio ambiente, expressou em seu texto claramente os lineamentos para a tutela ambiental, o que está contido no artigo 225, o qual dispõe sobre o reconhecimento do direito a um meio ambiente sadio como uma extensão ao direito à vida, seja pelo aspecto da própria existência física e saúde dos seres humanos, seja quanto à dignidade desta existência, medida pela qualidade de vida. Este reconhecimento ditado pela Lei Maior do País impõe ao Poder Público e à coletividade a responsabilidade pela proteção ambiental.

Lei importante

O Brasil tem sido useiro e vezeiro em desrespeitar as normas legais que consideram crime as violações do fundamental direito a um meio ambiente sadio. A Lei nº 9.605, de 13 de fevereiro de 1998, também chamada Lei de Crimes Ambientais, constitui, sem dúvida, um dos diplomas mais importantes do ordenamento jurídico brasileiro, no respeitante a questão ambiental. Esta lei considera crime ambiental todo e qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o ambiente: flora, fauna, recursos naturais e o patrimônio cultural. Por violar direito protegido, todo crime é passível de sanção (penalização), que é regulado por lei.

Desafio

Antes da criação da Lei 9.605, constituía enorme desafio a proteção ao meio ambiente, posto que havia apenas leis esparsas, o que causava dificuldade na aplicação das mesmas: havia muitos conflitos entre essas leis, como, por exemplo, a garantia de acesso livre às praias, sem que houvesse, no entanto, previsão para a devida punição criminal a quem o impedisse. Havia também inconsistências na aplicação das penalidades, que não estavam bem

claras. Matar um animal da fauna silvestre, mesmo para se alimentar era crime inafiançável, enquanto maus tratos a animais e desmatamento eram simples contravenções punidas com multa.

Centralidade

Com a edição da Lei de Crimes Ambientais, conseguiu-se dar centralidade à legislação ambiental no tocante à proteção ao meio ambiente. Desde a sanção da lei as penalidades foram uniformizadas e definiu-se a devida gradação, sendo também as infrações objetivamente definidas. Ao contrário do que ocorria anteriormente, a lei define a responsabilidade das pessoas jurídicas, permitindo que grandes empresas sejam responsabilizadas criminalmente pelos danos que seus empreendimentos possam causar à natureza. Permitindo, inclusive da desconsideração da personalidade jurídica de uma empresa poluidora, por exemplo. Pela lei, matar animais continua sendo crime, exceto para saciar a fome do agente ou da sua família; mas, também os maus tratos, as experiências dolorosas ou cruéis, o desmatamento não autorizado, a fabricação, venda, transporte ou soltura de balões, hoje são crimes que sujeitam o infrator à prisão.

CIDADANIA

Ciclovida lança campanha de financiamento para o Mês da Mobilidade 2015, na Capital locomoção. Tem como missão o aperfeiçoamento da mobilidade urbana de Fortaleza, através do desenvolvimento de melhores alternativas de deslocamento para o cidadão.

A Associação dos Ciclistas Urbanos de Fortaleza (Ciclovida) lança campanha de financiamento coletivo para realizar as atividades programadas para o Mês da Mobilidade 2015. O evento aconteceu na manhã do último domingo (12) , durante a Escola Bike Anjo (EBA), na Praça Luiza Távora. Bater de porta em porta ou participar de eventos diversos já não são mais as estratégias preferidas das ONGs no que diz respeito à busca por recursos para os seus projetos. Por isso, a Ciclovida buscou mais uma vez, o financiamento coletivo que será realizado através da plataforma Catarse. A meta é arrecadar R$ 6.000,00 até o dia 07 de agosto. As contribuições podem ser realizadas por cartão ou boleto através do endereço catarse.me/mobilidade2015.

A Escola Bike Anjo oferece aulas gratuitas para crianças, adultos e idosos realizarem o sonho de aprender a pedalar em um ambiente seguro e controlado. A iniciativa do projeto Bike Anjo acontece em 24 cidades brasileiras. Em Fortaleza, é realizada todo segundo domingo do mês na Praça Luiza Távora, ensinando por volta de 40 alunos a pedalar a cada edição. O grupo começou em São Paulo e hoje, conta com quase2 mil Bike Anjos cadastrados em mais de 250 cidades, incluindo Fortaleza.

Semana 2015

Participe da campanha

Com o tema Educação: O segredo para uma mobilidade mais humana, a semana organizada pela Ciclovida, contará com diversas atividades gratuitas, destinadas a promover o debate sobre mobilidade em Fortaleza. Realizado desde 2013 pela Ciclovida, a semana fomenta o Poder Público e a Sociedade Civil com informações relevantes para a construção de uma cidade com mais mobilidade e mais humanizada.

Ciclovida

A Ciclovida, presidida pelo ciclista Celso Sakuraba, é formada por cidadãos que utilizam a bicicleta como meio de

Bike anjo

Saiba como participar da campanha Mês da Mobilidade 2015 da Associação dos Ciclistas Urbanos de Fortaleza (Ciclovida) no Catarse acessando o link abaixo. Os participantes ganham recompensas especiais. https://www.catarse.me/mobilidade2015. SERVIÇO

Campanha de Arrecadação para o Mês da Mobilidade + Escola Bike Anjo ciclovidafortaleza@gmail.com http://facebook.com/CiclovidaFortaleza “Bicicleta é veículo e tem direito à faixa. Mude de faixa para ultrapassar.”


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Garrafa feita de plástico 100% da cana-de-açúcar Uma garrafa verde. A nova embalagem , feita de plástico 100% de cana-de-açúcar, foi anunciada pela Coca-Cola. E o melhor, a “inovação pode representar em um futuro próximo o fim da utilização do petróleo como matéria-prima para a produção de polímeros”. A “PlantBottle” foi anunciada em junho na Expo Milano 2015. De acordo com a empresa, a embalagem parece com as tradicionais. O sistema de reciclagem, por exemplo, é o mesmo,. Mas com um plástico feito a partir da cana e não do petróleo, a “pegada ambiental” deixada no planeta é muito menor. Em 2009 a Coca-Cola já havia desenvolvido uma garrafa com 30% de plástico à base de planta. Essa versão já foi distribuída em 40 países nos últimos anos, em um total de 35 bilhões de embalagens, e em todo o mundo, representa 7% produção. Calcula-se que, assim, 315 mil toneladas métricas de dióxido de carbono (CO2) anuais foram poupadas à atmosfera. Essa quantidade de gases poluentes seria o equivalente a queimar 36 milhões de galões de gasolina (ou 743 mil barris). O desenvolvimento das PlantBottles tem tudo para contribuir com a economia brasileira, uma vez que a Coca-Cola já adiantou que a maior parte da cana-de-açúcar usada nessas novas garrafas vem do Brasil.

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ARTIGO

Meio ambiente: um grande desafio

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s grandes catásregos e rios, ouve som em trofes naturais volume alto e por aí vai. em nosso planeMuito vem sendo feito ta, como secas, pelas ONG´s, ambientaenchentes e terremotos, listas e, a própria Orgamuitas vezes são consequnização das Nações Uniências da atividade poluidas (ONU), no sentido dora do homem. O equilíde mudar esta realidade. brio ambiental é vital, no Ocorre que a situação replaneta e, para nós seres quer atitude pró-ativa de humanos. Precisamos de todos nós a começar pear puro, água limpa, temlos nossos lares, empreperaturas suportáveis a sas, cidades e países, onde cada estação climática, áro cidadão deve cobrar do vores, animais e ecossistepoder público, a limpeza AUGUSTO LIMA ma equilibrado. urbana, fiscalização e puADVOGADO A importância com o nição de quem danifica o meio ambiente é nossa e, meio ambiente. a Constituição, em seu Além de a Constituição artigo 225, se preocupa Federal dedicar o Capítuem garantir este direito a todos e, tam- lo VI ao meio ambiente, ainda temos as bém, impor ao poder público, o dever Leis Nº 7.802-89 que trata do dano ao de protegê-lo. Infelizmente, a cada dia meio ambiente e a de Nº 9.605-98 que nos deparamos com agressões ao meio dispõe sobre os crimes ambientais. Por ambiente, sejam por poluidores que in- se tratar de um ramo emergente da adsistem em jogar toneladas de CO² na vocacia, o direito ambiental se relaciona atmosfera causando o efeito estufa que com os demais ramos das ciências juaumenta a temperatura no planeta, e, rídicas. Já o direito tributário colabora até mesmo, por quem joga lixo nos cór- para a preservação do meio ambiente,

através da tributação ambiental extrafiscal. Podemos citar como exemplo, a redução de impostos para automóveis flex (álcool e gasolina) que emitem menos poluentes na atmosfera. Fontes alternativas de energia limpa, reciclagem de resíduos, aproveitamento dos recursos naturais e mudança de hábitos, diários, como: usar o transporte coletivo, reduzir o desperdício de água e evitar o consumo de produtos que gerem muito lixo são formas que contribuem com a preservação do habitat em que vivemos. Recentemente, o Vaticano divulgou a Encíclica Laudato Si, onde o Papa Francisco demonstra preocupação com o meio ambiente e pede que todos cuidem do planeta, chamado por ele de “nossa casa”. Mesmo que as mudanças climáticas já sejam consideradas, uma realidade em nossas vidas, podemos, ainda, reverter a atual situação. Isto será possível a partir da mudança de comportamento dos cidadãos, das empresas e do poder público. Só assim ainda será possível garantir às futuras gerações um meio ambiente saudável, próspero e harmonioso. Tudo é possível, basta querer.

Alterações na base de cálculo do ICMS da Indústria Recicladora FOTO DIVULGAÇÃO

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e a Assembleia Legislativa (AL) aprovou, dia 9, mensagem do governo estadual elevando em dois pontos percentuais o ICMS de determinados produtos, em outros setores, a situação é diferente. A indústria de reciclagem e transformação de materiais reuniu-se, na manhã de ontem, com o secretário estadual de

Meio Ambiente (Sema), Artur Bruno, e com representantes da Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz), para discutir a redução do citado imposto. Para o presidente do Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do Estado do Ceará (Sindiverde), Marcos Albuquerque, a expectativa de avan-

ço da questão, com a reunião, não foi atendida. “No próximo dia 20, acontecerá uma nova reunião”, segundo Albuquerque. O Sindiverde é filiado à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Falta ainda uma regulamentação que será redigida pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Estado do Ceará (Semace), listando as condicionantes para que cada empresa adeque-se ao Selo Verde. E ainda será definido qual o órgão, entre Nutec e Senai que emitirá a certificação. O desconto do ICMS está condicionado à obtenção de um selo de acordo com o percentual de material reciclado usado no produto. Até o fechamento desta edição a reportagem não conseguiu falar com representantes da Sema e nem com representantes da Semace. A Sefaz não se pronunciou sobre o assunto.

Entenda a notícia A indústria recicladora poderá ter um “alívio” na alíquota do ICMS. O imposto sofrerá redução em até 10 pontos percentuais. A AL aprovou, dia 2 de julho, sem alterações, Projeto de Lei que modifica dispositivos da Lei 15.086, de 28/12/ 2011, que criou o Selo Verde, um timbre para certificar bens de consumo produzidos a partir de matéria prima reciclada. O projeto foi enviado pelo Governo do Estado, através das secretarias de Meio Ambiente e da Fazenda e Semace. A condição para a redução da base de cálculo dos produtos resultantes da industrialização de plástico, papelão e papel que tenham em sua composição matéria-prima oriunda de reciclagem.


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PONTE ESTAIADA Os 850 metros de extensão da ponte serão sustentados por cabos de aço e dois pilares. Para alguns, o projeto vai ligar o nada a lugar nenhum.

Impactos positivos e negativos sobre áreas do Rio Cocó

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em previsão para ser construída, a Ponte Estaiada sobre o Rio Cocó, gera discussões e divergências entre defensores do meio ambiente. A proposta é fazer da mesma, um meio para melhorar o fluxo do tráfego na região das avenidas Washington Soares e Sebastião de Abreu, integrando um conjunto de intervenções viárias, feitas pela Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra). Além disso, a área ganhará ainda o Complexo de Cultura e Lazer Mirante de Fortaleza, que será uma estrutura em forma de torre onde possibilitará uma visão panorâmica da Cidade. A obra deve impactar áreas de manguezal, de dunas e da faixa marginal do curso d’água. Segundo a Seinfra, pasta responsável pela obra, esse tipo de projeto minimiza as interferências no meio ambiente desde a sua construção. De acordo com o planejado, em seus 850 metros de extensão, a ponte será sustentada por cabos de aço que utilizarão apenas dois pilares em forma da letra grega lambda, no trecho estaiado ou sustentado por estais, cabos – que compreende 500 metros – evitando contato com o leito do rio. Para alguns geógrafos e ambientalistas, a colocação dos pilares e construção das vias de acesso à ponte, e alguns trechos de áreas verdes serão retirados e manguezais aterrados. Segundo o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles, a ponte estaiada vai ocupar a unidade de proteção integral, as dunas da Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) do Cocó. “Além disso, vai ocupar seto-

res de nascentes que alimenta o ecossistema manguezal de águas rústicas, quando o lençol freático aflora formando pequenas lagoas”, explica. Meireles, disse, ainda, que vai acontecer também o soterramento de vegetação do mangue, tanto de um lado da margem, quanto da outra, até mesmo para colocar o mirante. O impacto sobre o sistema de manguezal, também preocupa o ambientalista Leonardo Jales, membro do movimento Pró – Árvore, como por exemplo, a diminuição do espaço do parque. “Eu não sei precisar quantos hectares, mais são alguns e tem também o efeito de borda, que é todo o efeito negativo, que aquela ocupação humana vai fazer ao redor daquela intervenção”, esclarece. Para Leonardo, “a ponte vai ligar o nada a lugar nenhum”. “A obra não é apenas a ponte, mas tem também os eixos de acesso, que são a construção de avenidas para interligar lugares até essa ponte porque como a gente bem sabe a

Primeiro Passo

De acordo com o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do projeto – que inclui também um mirante e acessos viários entre os litorais norte e leste e a zona sul de Fortaleza -, áreas de manguezal, de dunas e da faixa marginal do curso d´água sofrerão intervenção da obra. Será, diretamente, afetada a vegetação em uma área aproximada de 9,5 hectares (1,47 ha em manguezal e 8,09 ha em dunas).

ponte liga o nada a lugar nenhum”. No entanto, segundo alguns geógrafos e ambientalistas,

Especulação imobiliária

Como justificativa para o empreendimento, a Seinfra explica que a Ponte Estaiada faz parte do projeto de melhoria do transporte e da mobilidade em Fortaleza, desenvolvido pelo Governo do Estado. No entanto, o geógrafo e o ambientalista escutados pelo O Estado Verde apontam que o maior objetivo da obra é a especulação imobiliária. “Na realidade essa ponte, não facilita o trânsito, ela simplesmente será construída para valorizar a especulação imobiliária tanto de um lado da ponte quanto de outro”, enfatizou Jeovah Meireles. “O objetivo dela é só especulação imobiliária em terrenos de grandes empresários. Esses eixos vão ocupar espaço de área verde, vão ocupar espaço de área de preservação. A ponte vai está aterrando e destruindo área de mangue,

Relevo e solo sofrerão alterações, máquinas e trabalhadores provocarão “instabilidade ambiental e desorganização da dinâmica do ecossistema”, pontua o relatório. “Em relação ao meio biológico, o projeto trará interferências em alguns setores do manguezal do rio Cocó, onde exemplares de mangue terão que ser removidos, e em setores onde há vegetação fixadora de dunas”, completa o prognóstico, que foi aprovado pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema), em 2013.

A Ponte Estaiada trará mobilidade urbana deverá ser uma opção de acesso entre o litoral norte e leste e a zona sul área de dunas vegetadas e áreas de matas de tabuleiros”, reforçou Leonardo.

Desafogar o tráfego

Através de uma nota enviada ao O Estado Verde, a Seinfra justificou que Fortaleza tem registrado aumento considerável do tráfego e a obra é voltada a desafogar o tráfego de veículos. “Área em franco crescimento essa região da capital tem registrado aumento considerável do tráfego, problema típico das grandes cidades. A principal via de ligação para essa “nova Fortaleza” é a Avenida Washington Soares, que já se mostra sobrecarregada no chamado horário de pico. Tendo em vista a situação, os investimentos estaduais no projeto se justificam pelo fato da região necessitar de imediata melhoria na acessibilidade aos grandes polos geradores de tráfego como o Fórum, o Centro de Eventos do Ceará”. Atualmente, os recursos para a efeti-


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FOTO GOVERNO DO ESTADO

vação do projeto estão em fase de avaliação junto ao Governo Federal. Uma vez resolvida essa fase, segue-se os demais processos.

Nem todos são contra

A nossa reportagem foi até o bairro Sapiranga – área que será impactada com a construção da Ponte-, conversar com a população sobre o que ela pensa sobre o empreendimento. O Sapiranga deverá sofrer uma “lotação” após a ponte ficar pronta, impactando diretamente no dia a dia dos moradores, além disso, o bairro abriga uma grande área verde do Parque do Cocó, o que torna a região uma das mais ecológicas de Fortaleza. Apesar de muitos moradores desconhecerem o projeto, muitos enxergam o empreendimento como sinal de desenvolvimento, não somente para o bairro, como também, para os bairros vizinhos. Marcelo Teixeira, apontado por alguns moradores como um líder ambientalista da região, coloca-se favorável à obra, e justifica que “a ligação trará desenvolvimento e consequente-

R$ 298,6 milhões

A Ponte Estaiada terá 850 metros de comprimento, devendo ser implantada entre o bairro Cidade 2.000 e o Centro de Eventos do Ceará (CEC).A estrutura da ponte será suportada por dois mastros distantes 500 metros um do outro, de forma a intervir o mínimo possível na área de preservação do rio. De arquitetura diferenciada a ponte terá dois trechos de acesso em laje de concreto, sendo do lado sul com 250 metros de extensão e do lado norte 100 metros; trecho estaiado – seguro por cabos - com 500 metros sendo o vão central de 250 metros e dois adjacentes com 125 metros; quatro faixas de 3,60 metros de mente uma maior renda para a região”, gerando emprego e consequentemente educação, saúde e moradia digna e também favorecerá a mobilidade. “A ponte estaiada trará desenvolvi-

largura; quatro faixas de segurança e barreiras de concreto lateral e central; dois mastros com 64 metros de altura. O acesso será facilitado mediante a construção de uma rótula na confluência da Avenida Padre Antônio Tomás com a Rua Magistrado Pompeu, na entrada da Cidade 2.000 e o alargamento da Rua Magistrado Pompeu e da Avenida das Adenanteras, contornando aquela área residencial. Os equipamentos [ponte e mirante] serão construídos mediante uma Parceria Público Privada (PPP), estando orçados inicialmente em R$ 298,6 milhões, ficando a empresa ganhadora da licitação com a concessão dos serviços de manutenção e conservação por um prazo de 8 anos. mento, trará mobilidade urbana, para que as pessoas possam se deslocar. Atualmente, Fortaleza é uma cidade parada, todo mundo muito estressado. O que deve ser preservado é o mangue,

uma Área de Preservação Permanente (APP). As autoridades deveriam se preocupar com isso porque ali é uma reserva florestal”, enfatizou Marcelo. Marcelo disse que tem grande preocupação com o bairro Sapiranga: “uma pequena comunidade que se formou em cima do mangue”. Ele conta que “essa” comunidade agride muito mais o mangue, do quê a construção da ponte. “Ali, os barrancos tem uma faixa de 7 metros de altura, pessoas moram no nível do mangue, não têm condição de se fazer uma fossa, então, apara onde vão os dejetos?”, pergunta. Responde: “Para dentro do mangue. Ali, eles não têm nem água encanada, eles vivem sem o mínimo de dignidade. Isso é muito mais preocupante do que a construção da ponte que pode até agredir o mangue, mas não chega nem perto da agressão que ele já vem sofrendo em decorrência dessa comunidade. Então, ao invés de o povo preocupar-se com a ponte estaiada, deveria preocupar-se com a realocação dessas pessoas”, encerra.


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ARTIGO

Evandro Bezerra

V Área de Preservação Permanente (APP) As Áreas de Preservação Permanente (APPs) são espaços territoriais especialmente protegidos de acordo com o disposto no inciso III, § 1º, do art. 225 da Constituição Federal. O Código Florestal (Lei Federal no 4.771, de 1965 – e alterações posteriores) traz um detalhamento preciso das Áreas de Preservação Permanente (aplicável a áreas rurais e urbanas), da Reserva Legal (aplicável às áreas rurais) além de definir outros espaços de uso limitado. O conceito legal de APP relaciona tais áreas, independente da cobertura vegetal, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, como é o caso do manguezal. A grande importância do mesmo tem relação com o fato de o manguezal ser uma área de transição entre o mar e o continente.

Efeito de borda O efeito de borda sobre o ecossistema natural é caracterizado por mudanças abióticas (maior exposição a ventos, altas temperaturas e baixa umidade), biológicas diretas (mudanças na abundância e distribuição de espécies causadas diretamente por variações nas condições físicas das bordas) e biológicas indiretas (que envolvem mudanças nas interações ecológicas entre as espécies).

Agrônomo, diretor social da Associação dos Servidores do Dnocs (Assecas)

Estudando a Seca do Nordeste II

ários fatores podem ser elencados no estudo da seca no Nordeste Semiárido Equatorial. Além dos elementos climáticos e meteorológicos levamos em consideração: os oceanográficos, os geológicos, os desmatamentos, as trocas energéticas atmosfera-solo-água, os prognósticos do tempo e correntes aéreas, consignando as observações de técnicos estudiosos da quadra estacional da nossa região. É consenso ao longo do tempo que o calcanhar de Aquiles das nossas precipitações é a irregularidade das mesmas quando comparada às regiões semiáridas dos países temperados, que apesar de chover muito menos que a nossa, não apresentam o fenômeno da seca como acontece em muitos países da Europa. É que neles não existem as irregularidades das chuvas. Estudada de modo preventivo, um dos caminhos hoje é o da sua previsibilidade baseado no “Prognóstico do Tempo nas Correntes Aéreas”, lembrando Jorge Coelho no seu trabalho Indústria da Seca. Segundo o autor, o Prognóstico do Tempo tem como fundamento, uma série de dados históricos pesquisados no município de Fortaleza e circunvizinhos, levando em conta a mediana da capital cearense, correlacionando-a com as chuvas nos demais estados do Nordeste no período de 129 anos (1849-1978). Neste período as curvas senóides de 13 em 13 anos e de 26 em 26 anos assinalam uma seqüência de sete anos consecutivos de estiagem com queda de precipitações em Fortaleza abaixo de 1500 mm anuais. Esse aspecto consignava como de seca inclemente 7 anos que se repetiam com absoluta regularidade no período estudado. Este trabalho foi criticado como modelo matemático, mas vem se concretizando ao longo do tempo. As correntes aéreas são outro indicativo de seca no Nordeste brasileiro sendo necessário para isso que aconteça uma redução de poucos graus no percurso da Frente Intertropical (FIT) para o sul, o que é possível com a previsão de 3 a 6 meses da pressão na Ilha dos Açores. Se essa for elevada

Dizem que no caso presente, a seca está relacionada com a diminuição de 30 segundos da obliquidade da eclíptica da Terra que é o caminho descrito pela Terra no espaço.

em janeiro, teremos, então, a seca no Nordeste. Se for muito baixa, teremos muita chuva devido às invasões de ar frio do sul acompanhadas por outras frentes frias do Hemisfério Norte. Os desmatamentos são danosos. Afinal as florestas são condicionadoras dos regimes de chuvas, pois funcionam como termostatos naturais através da transpiração dos estômatos das folhas quando a planta perde água para o ar em forma de vapor. Aí está o motivo da nossa preocupação, principalmente, em área de Caatinga onde esse procedimento não deveria ocorrer porque, assim, estão contribuindo para o processo de desertificação, como, os Sertões de São Francisco, na Bahia e em Pernambuco, Irauçuba, no Ceará, e, Gilbués no Piauí. Entretanto, como não se pode viver sem o uso do solo para a produção de alimentos, que os desmatamentos sejam realizados com processos de manejos florestais alternados. Rebuscando os ensinamentos do ilustre cearense Dr. Theóphilo Ottoni em palestra realizada na Assembléia Legislativa do Estado ao referir-se a seca do Nordeste, estas podem,

também, sofrer fortes influências dos obstáculos que defletem e resfriam as massas de ar a níveis de condensação provenientes das áreas oceânicas impelidas pelos ventos alísios e pela falta de uma cobertura equilibradora das trocas energéticas atmosfera-solo-água que perturbam o mecanismo gerador das precipitações. Os elementos de oceanografia como a temperatura da superfície do mar, TSM, a complexa interação atmosfera-oceano e outros elementos de eustasia, aliados as variações da excentricidade e obliqüidade da eclíptica terrestre, podem ter relacionamento com a seca no Nordeste brasileiro e em outras regiões da Terra. A excentricidade fazendo com que a Terra em seu movimento de translação se aproxime do Sol (periélio) ou dele se afaste (afélio) e a obliqüidade da sua eclíptica com o seu aumento ou a sua redução ocasionando modificações no clima do planeta. Dizem que no caso presente, a seca está relacionada com a diminuição de 30 segundos da obliquidade da eclíptica da Terra que é o caminho descrito pela Terra no espaço.


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CURTAS A

Foi lá e cancelou o Cartão Bolsa Família. “Se eu precisar de novo, as portas estarão abertas”

boa notícia que veio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS). Em Santa Rita do Araguaia (GO), a dona de casa Mabiane Alves Pereira, de 32 anos, surpreendeu a gestão do Bolsa Família ao fazer a devolução do benefício no início do mês de julho. Este foi o primeiro caso na cidade. O marido, Gelson de Oliveira Gomes, foi contratado recentemente como operador de caldeira júnior, com carteira assinada. Ela recebia R$ 182 por mês. “Eu devolvi porque minha renda deu uma melhorada. Se eu precisar de novo, acredito que as portas estarão abertas.” A segurança de Mabiane em fazer a devolução do cartão é mecanismo de desligamento voluntário, criado em 2011, com o Plano Brasil Sem Miséria. Durante três anos, ela pode retornar imediatamente a receber o Bolsa Família se precisar novamente. “Ela teve consciência diante da situação. Ela entendeu a importância da devolução”, conta a gestora do Bolsa Família no município, Walnice Maria de Lima. Mabiane é mãe de duas meninas e um menino.

30 devoluções voluntárias

Em Campo Maior (PI), a prefeitu-

DESLIGAMENTO VOLUNTÁRIO/RETORNO GARANTIDO O QUE É: O Desligamento Voluntário/Retorno Garantido possibilita que as famílias que tiveram aumento de renda solicitem o desligamento do programa, ato que lhes garante retorno facilitado ao programa caso percam a renda e voltem à situação de pobreza ou extrema pobreza. QUEM PODE USUFRUIR: Famílias que obtêm renda mensal por pessoa superior a meio salário mínimo (R$ 362, neste ano) e que solicitem o desligamento voluntário do Programa Bolsa Família. COMO PEDIR: O responsável familiar deve procurar a gestão do Bolsa Família em sua cidade e preencher declaração solicitando o desligamento voluntário. Com esta iniciativa, a família tem o direito de retornar automaticamente ao Bolsa Família, sem precisar passar pelo processo de reinclusão do benefício, por 36 meses, contados a partir da data de solicitação do desligamento. LEGISLACÃO: Implantado a partir do Plano Brasil Sem Miséria e regulamentado por meio da Instrução Operacional nº 48, de 13 de outubro de 2011.

ra municipal iniciou uma campanha de conscientização, em março, voltada principalmente para os beneficiários que se formalizaram no mercado de trabalho, a partir de profissionalização da população pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e formalização como microempreendedores individuais. Até o momento, já foram 30 devoluções voluntárias no município nordestino. A gestante Gardene Maria Soares dos Santos faz parte deste grupo. Mensalmente, a família recebia uma complementação de R$ 77. Durante uma das reuniões do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos do Centro de Referência da Assistência Social (Cras), ela entendeu as regras do programa e decidiu devolver o benefício antes da próxima revisão cadastral. O marido, Francisco das Chagas Sobrinho Júnior, passou em concurso público municipal para trabalhar como vigilante. Segundo Gardene, o dinheiro do Bolsa Família ajudava a pagar a água e a luz. “Embora eu precise, tem gente que precisa mais, por isso fui lá e cancelei”, disse. • Informações sobre os programas do MDS: 0800-707-2003 e mdspravoce.mds.gov.br.

Jogo para celular criado por estudantes Em agosto, no Rio de Janeiro, acontece brasileiras combate desperdício de água mais uma Sustainable Brands Rio 2015 Batizado de The Last Drop (A Última Gota, em tradução livre), o jogo busca despertar a consciência ambiental em crianças. Ao longo de diferentes fases, a personagem Vitória precisa fechar as torneiras antes que acabe a água no prédio onde mora. O aplicativo foi desenvolvido por cinco alunas de ensino médio da Escola Técnica Estadual Cícero Dias / NAVE Recife, da rede pública de Pernambuco. Elas se classificaram nas etapas regional e nacional do evento, que busca despertar interesse pela ciência da computação entre mulheres.

Cinco brasileiras

A premiação do Technovation Challenge 2015 ocorreu em 25 de junho, em São Francisco, na Califórnia, nos Estados Unidos. Na final da categoria para turmas de ensino médio, as cinco estudantes brasileiras – Gabrielle Lopes, Jacqueline Alves, Jaqueline Rodrigues, Leonor Vitória e Sâmara Beatriz – concorreram com outras cinco equipes de Estados Unidos, Índia e Nigéria. A equipe da Nigéria foi a vencedora, ficando com o prêmio de US$ 10 mil, o equivalente a cerca de R$ 30 mil.

Rio de Janeiro vai reunir a comunidade de líderes mundiais que querem repensar e transformar o mundo dos negócios por meio de soluções sustentáveis. De 25 a 27 de agosto de 2015, ocorre a Sustainable Brands 2015, organizada pela Report Sustentabilidade, da Sustainable Life Media e de uma ampla rede de patrocinadores e apoiadores. A terceira edição das conferências Sustainable Brands acontece no Rio e em mais outras oito cidades pelo mundo (Barcelona, Londres, Istambul, Bangkok, Kuala Lumpur, San Diego, Boston e Buenos Aires, simultaneamente). O tema deste ano

é “How Now” que apresenta “COMO a inovação em sustentabilidade gera escala na transformação dos negócios AGORA”. Para Álvaro Almeida, líder da plataforma Sustainable Brands, empresas que já fizeram progressos significativos ao posicionar a sustentabilidade no centro da sua estratégia de negócios mostrarão o que isso significa em termos de inovação. SERVIÇO

Evento: Sustainable Brands Rio 2015 Quando: 25 a 27 de agosto de 2015 Onde: Windsor Barra Hotel - Rio de Janeiro


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FORTALEZA Saber cuidar! Retratos de uma cidade... FOTOS TARCILIA REGO

Insustentável: Dia 16 de julho flagrei um carroceiro despejando lixo sobre a calçada da Rua Padre Luiz Figueira, esquina com a Barão de Aracati. Feia: Sob o poste, o mato cresce em uma das ruas mais movimentadas da Gentilândia. A fiação exposta, expõe os desmantelos que tomam conta da cidade.

Cidadã: Grupo musical tocando chorinho, em manhã de domingo, no Parque Rio Branco. Sustentável: Família curtindo uma ensolarada manhã de domingo, sob as sombras das árvores do Parque Rio Branco.


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CIDADANIA Em Hong Kong, combinações digitais ajudam a descobrir pessoas que jogam lixo no chão

Sequenciamento genético identifica “sujismundos” através do DNA

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Sequenciamento genético consegue determinar traços físicos referentes ao DNA coletado

m Hong Kong, o “Desafio Limpeza de Hong Kong”, uma organização não governamental, e a Ogilvy & Mather, agência de publicidade de atuação global, transformaram a vida dos cidadãos em uma espécie de Big Brother, desencadeando ondas de constrangimentos naqueles que não respeitam a limpeza urbana. Cidadãos comuns tiveram o rosto estampado em outdoors. E não foi nada agradável o motivo que os levou às ruas , afinal, todo mundo ficou sa-

bendo que eles são tremendos “sujismundos” e têm o péssimo hábito de jogar lixo no chão. A Ogilvy recolheu lixo de locais ao redor de Hong Kong e enviou amostras para um laboratório nos Estados Unidos, o Parabon Nanolabs, especializado em sequenciamento de DNA. O Parabon analisou o material e criou combinações digitais de como seria a aparência daquelas pessoas. As imagens finalizadas estamparam os outdoors pela cidade.

CURIOSIDADES

Reciclar é preciso, é possível e com estilo Com novos produtos provenientes da reciclagem inundando o mercado, a cada dia, tanto no escritório como em casa, torna-se necessário, reduzir as pegadas de carbono deixadas pelos confortos da vida moderna, fazendo-se necessário a segregação dos resíduos que produzimos. Embora não pareça muito agradá-

e-Bin

O designer baseado em Londres, Baharash Bagherian criou uma lixeira eletrônica inteligente, móvel e versátil, que pode ser programado para comunicar informações relevantes tanto com o usuário como com a empresa de reciclagem, graças à Tecnologia Touch Screen, integrado.

vel ter uma lixeira em casa, e muitas vezes considerando o recipiente que recebe a infinita quantidade de dejetos que produzimos diariamente, um incomodo, é possível encontrar modelos diferentes e “bacanas” de lixeiras. Mas isso só é possível, graças à criatividade de designers espalhados pelo mundo.

Ovetto Caixote de Reciclagem Projetado por Gianluca Sólidos, o termo Ovetto significa reciclagem de ovo. Ostentando uma forma simples, mas elegante, esta lixeira tem dois compartimentos para cuidar do lixo no estilo bem verde. De forma oval é elegante o suficiente para ostentá-la em qualquer canto da casa, nunca atrás das portas.

Neo lixeira (Neo trash) Concebido pelo designer indonésio Ingrid Njono, a “Neo” é um conceito lixeira que segrega lixo em quatro categorias diferentes: eletrônico; lixo seco e compostagem. Separa de tal forma que não suja o material reciclável.


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OPINIÃO Por Ângela Costa e Júlia Manta*

A questão das podas N

as cidades, diferente das florestas, árvores têm que conviver se adaptando aos espaços urbanos, interagindo com passeios, praças, ruas, edificações e fiações. A essa adaptação das árvores nas cidades, acrescenta-se a intervenção do homem sobre elas, que varia de acordo com o amor, respeito e o conhecimento que se tem sobre a sua importância. Das intervenções, a que ora iremos tratar, é a questão das podas. Inicialmente é importante refletir sobre o fato de que cada planta possui sua própria arquitetura. Há árvores com copas mais redondas, outras se alongam na horizontal, outras na vertical. Algumas têm raízes superficiais, outras profundas, ou ainda formando divisões tabulares em torno do tronco, os sapopemas. Assim, antes de mais nada, é importante a escolha da árvore mais apropriada pro local onde irá crescer, dar sombra e embelezar. Os tipos de podas mais indicados são a de formação e a fitossanitária, que venham junto com um planejamento e cuidado das áreas verdes. A poda de formação é aquela que vai cerceando de acordo com a tendência da árvore, preservando as características de cada espécie. Desde a planta muito jovem, esta poda vai guiando a muda no espaço em que se encontra, sem deformá-la e permitindo que a árvore se revele em sua potência. Já a poda fitossanitária, trata-se de uma intervenção que visa proteger a árvore de alguma doença, ou de infestação de algum parasita que esteja pondo em risco sua sobrevivência. Em qualquer lugar civilizado, quando uma árvore já se encontra em determinado lugar onde haverá uma intervenção urbana, respeita-se a árvore. Qual estatuto que determina que as vias devem ser retas, ao invés de outros desenhos diferentes, que preservem árvores que ali já

estavam? No entanto, fruto de um mau planejamento e escolhas equivocadas, quando não suprimidas, a poda mais comum é aquela em função dos espaços

urbanos. Mas, ainda assim, esse tipo de intervenção pode variar, como dito acima, de acordo com o grau de amor, respeito e conhecimento que se tem sobre

a importância das árvores nos centros urbanos. Infelizmente, podas drásticas e sem conhecimento técnico é o que mais vemos na nossa cidade. A tirar pelo resultado das podas em Fortaleza, a impressão que nos causa é que qualquer indivíduo capaz de manejar um facão ou serra elétrica está apto a executar esta tarefa, na visão dos contratantes. Mas o despreparo dos encarregados resultam em podas mau feitas, que são a semente da maioria de futuros problemas, tais como doenças, apodrecimento de galhos e troncos inclinados que podem cair sobre as vias. Isso sem falar na mutilação causada às árvores e o aspecto horrível que deixam. No caso da fiação elétrica, por exemplo, há meios de interferir na copa da planta minimamente, sem comprometer sua saúde e convivendo com os fios. Existem técnicas que envolvem desde o período mais propício à poda, o local correto para o corte até a proteção do local cortado, como um curativo, para evitar infestação de organismos que possam causar doenças no futuro, comprometendo sua saúde. Mas o que tempos visto é algo próximo do caos total, responsáveis pelas autorizações deliberando na maioria a favor de cortes e podas sem critério, empresas terceirizadas executando a tarefa como se fossem lucrar com o quilo da copa eliminada. Árvores não nascem e crescem para serem vendidas em retalhos a granel, nem viver como zumbis esquartejadas, resistindo e morrendo, morrendo e resistindo. Árvores estas que muitas vezes fazem parte da memória paisagística da cidade, que tanto quanto bens arquitetônicos, se inscrevem na história de Fortaleza. Por isso saímos em sua defesa, para que a cidade reconheça a importância de suas áreas verdes bonitas, e que sejam respeitadas e bem-cuidadas.


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