2
FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Sexta-feira, 23 de maio de 2014
EDITORIAL
CIPP induzirá o desenvolvimento do Estado O
Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) é um indutor do desenvolvimento do Ceará, uma vez que congrega diversas empresas de grande porte, dos mais variados segmentos, que promoverão - quando estiverem todas implantadas -, um impacto de 100% do nosso Produto Interno Bruto (PIB). Afinal, só os dois principais empreendimentos, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e a Refinaria Premium II da Petrobras, representam investimentos da ordem de R$ 36 bilhões, pois na primeira estão sendo aplicados US$ 5 bi e, na segunda, serão outros US$ 11 bi. A refinaria está com o seu cronograma muito atrasado, devido a algumas questões da petrolífera, que está buscando um parceiro para viabilizar o início de suas obras. E estas duas empresas, que podemos chamar de ‘âncoras’, atrairão outras de menor porte, fazendo do CIPP um importante polo metalomecânico e petroquímico. Obviamente que os investimentos nestas outras unidades serão menores, entretanto apenas a CSP e a Premium II
representam a oportunidade de trabalho para mais de 100 mil pessoas, no pico das obras e, quando estiverem em operação, serão cerca de 40 mil empregos diretos e indiretos. Apenas o município de São Gonçalo do Amarante, onde se situa grande parte das empresas que comporão o CIPP, deverá dobrar sua população nos próximos seis anos, chegando a 100 mil habitantes. Fenômeno semelhante deverá acontecer com Caucaia, que também possui uma parte do CIPP dentro de seu território. O Governo do Estado do Ceará tem buscado oferecer toda a infraestrutura necessária para que o complexo industrial desenvolva-se cada vez mais, juntamente com o Porto do Pecém, através de obras de duplicação e melhorias nas estradas, fornecimento de água bruta e energia elétrica, saneamento, além de estar concluindo um centro de qualificação profissional voltado, mais diretamente, para os setores petroquímico e metalomecânico. Tudo com o objetivo de garantir as condições para que as empresas possam atuar com o máximo de seus desempenhos, e a população residente no entorno
tenha oportunidade de trabalhar em cargos que exigem um nível mais elevado de conhecimento e, por conseguinte, representem a possibilidade de salários maiores. O Porto do Pecém, em torno do qual está sendo erguido o CIPP, também tem passado por um grande desenvolvimento nos últimos anos, especialmente com a movimentação de cargas gerais, como equipamentos para a CSP. E este crescimento deverá permanecer por muitos anos, uma vez que a siderúrgica será construída em duas etapas e, logo que for concluída a primeira, inicia-se a exportação de três milhões de toneladas de chapas de aço que ela irá produzir, anualmente, neste primeiro momento. Quando estiver totalmente pronta, serão seis milhões de toneladas de chapas anuais. E quando a refinaria começar a ser montada haverá novos picos de movimentação de cargas, representando inúmeras oportunidades de desenvolvimento para quem mora naquela área do Litoral Oeste do Ceará, bom como pessoas vindas de outras cidades, estados ou países.
Complexo Industrial e Portuário do Pecém mobiliza a administração pública O Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) mobiliza diversos setores da administração pública - do Estado e dos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, onde está inserido -, por conta da sua grandiosidade, promoção de desenvolvimento e uma série de demandas. Nesta entrevista ao jornal O Estado, o presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico (Cede), Alexandre Pereira, dá uma ideia da importância que o Complexo tem para a economia do Estado do Ceará e sua população.
também dispõe de diferimento do ICMS em até 75%, pontuação essa que é calculada de acordo com o projeto da empresa a se instalar. OE - Como está o projeto de instalação da fábrica de helicópteros da Citasa (Enstrom) em São Gonçalo? AP - A área já está definida e a empresa já assinou a escritura. O projeto está agora na fase de licenciamento ambiental da área e, tão logo se conclua, devem começar as obras. A estimativa é que num prazo de até seis meses tenha a licença ambiental e as obras comecem imediatamente. Após o início da construção, a fábrica deve estar pronta em cerca de 14 meses, num investimento de R$ 450 milhões, valor que inclui obras, capacitação e compra de tecnologia.
O Estado - Quantas empresas e qual o valor total de investimento das empresas que já estão instaladas no CIPP? Alexandre Pereira - Atualmente, temos 15 empresas instaladas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém e entorno, com um investimento superior a R$ 1,8 bilhão, já realizado, fora os aportes da CSP, gerando cerca de 20 mil empregos diretos. OE - Quantas estão em processo de entendimento com o Governo do Estado para iniciar suas instalações? E quanto devem investir? AP - Temos outras dez empresas em implantação no CIPP, nas áreas de industrialização e beneficiamento de produtos alimentícios; beneficiamento de minério de ferro; fabricação de peças e acessórios para veículos automotores; armazenagem e terminal retroportuário de cargas; transporte de cargas e aluguel de máquinas e equipamentos. Somente em 2013 foram aprovados protocolos de intenção no valor de R$ 344 milhões para a região do CIPP. OE - Qual a importância do CIPP para o desenvolvimento econômico do Estado? AP - O CIPP é a região que terá o maior desenvolvimento do Ceará nos próximos anos. Os empreendimentos no Complexo vão duplicar o PIB do Estado. O Governo trabalha para a consolidação do polo metalomecânico e, com a refinaria, devemos ter, também, um polo petroquímico, o que vai gerar um impacto direto no crescimento do PIB, atrair ainda mais empreendimentos e melhorar a realidade do Ceará
Expediente
Alexandre Pereira destaca a importância e grandiosidade dos empreendimentos que estão se instalando na região do CIIP
como um todo. OE - Quais as principais demandas que o Conselho Gestor do CIPP identificou como mais preocupantes? E já foram apontadas soluções? AP - Entre os principais desafios da região, estão a elaboração de um plano de gestão ambiental integrado e participativo, que assegure a sustentabilidade do CIPP e do seu entorno; adequação das políticas sociais à dinâmica populacional da área; complementar a infraestrutura básica em toda a área de influência do Complexo e integrar o planejamento dos municípios de São Gonçalo do Amarante, Caucaia e localidades vizinhas. A partir dessa necessidade, vamos implementar uma agenda propositiva, para consolidar o planejamento estratégico na região e fortalecer o desenvolvimento sustentável do Complexo do Pecém e seu entorno, com benefícios que alcancem todo o Ceará.
a implantação dessas empresas estão oferecendo aos dois municípios do entorno do CIPP?
AP - O Governo do Estado tem investido fortemente em infraestruturas para suprir o Complexo Industrial do Pecém, como
OE - O que o Cede tem feito no sentido de viabilizar a vinda de novas empresas? AP - O Cede e a nossa agência de desenvolvimento (Adece) têm promovido constantemente a divulgação do CIPP, através de material institucional, participando de feiras e missões empresariais em outros estados e países, e mantendo contato permanente com empresários interessados em se instalar na região, com o intuito de fortalecer a cadeia produtiva do Complexo.
Helicópteros da empresa norte-americana Enstrom serão fabricados em São Gonçalo do Amarante
OE - Que benefícios diretos
REPÓRTER: Marcelo Cabral • COORDENAÇÃO GERAL: Glauber Luna e Ricardo Dreher • FOTOGRAFIA: Tiago Stille • DIAGRAMAÇÃO E ARTE FINAL: J. Júnior.
FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Sexta-feira, 23 de maio de 2014
3
4
FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Sexta-feira, 23 de maio de 2014
EFEITO DIRETO
São Gonçalo do Amarante passa por uma revolução no desenvolvimento Empresas dos mais variados segmentos estão se instalando naquela região, mas a CSP representa o maior investimento privado do Norte/Nordeste, num total de R$ 11 bilhões
O
município de São Gonçalo do Amarante tem passado por uma verdadeira revolução no seu desenvolvimento, nos últimos anos, devido aos impactos provocados pelo crescimento da movimentação de cargas no Porto do Pecém, além da instalação de diversas empresas na região do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). Isso porque, até o momento já foram assinados contratos de implantação de pelo menos 17 empresas - dos mais variados segmentos de atuação, a maioria delas com suas obras já iniciadas e algumas em funcionamento -, representando um total de investimentos superior a R$ 20 bilhões, em São Gonçalo, bem como em Caucaia. Ou seja, representa um salto na arrecadação do município, que deverá ser revertido em uma série de melhorias para as pessoas ali residentes. De acordo com o prefeito Cláudio Pinho, a sua gestão tem trabalhado fortemente no sentido de facilitar o ingresso de outras empresas naquele complexo industrial, bem como expandir este desenvolvimento para outras localidades, fora do distrito do Pecém. Um bom exemplo disso é o caso da sede e do distrito de Croatá - nos quais estão sendo implantados dois distritos industriais -, além de Siupé, na Taíba, onde foi inaugurada, recentemente, a fábrica de sardinha e atum enlatados da Crusoe Foods. “Afinal, queremos que o crescimento econômico que estamos enfrentando seja disseminado pela maior
Loteamentos e distritos industriais foram lançados em São Gonçalo, diz o prefeito Cláudio Pinho (detalhe) parte do município de São Gonçalo do Amarante, e não fique concentrado apenas em uma determinada região. Queremos garantir a melhoria de vida da grande maioria de nossos munícipes”, destacou. Mas tudo está sendo feito de maneira pensada, organizada, a fim de que este crescimento acelerado acabe trazendo transtornos para quem estava acostumado com a tranquilidade de morar numa praia que, há pouco mais de seis anos, tinha a sua economia focada na pesca artesanal, agricultura de subsistência e turismo. “O que a gente tem feito, primeiramente, nos preocupamos em fazer o Plano Diretor do município. Dentro dele criamos dois Distritos Industriais e de Serviços, um na sede e outro em Croatá, porque dentro da filosofia do Plano Diretor, as residências têm de estar próximas do emprego, das empresas, porque assim facilita tanto para a comunidade, quanto para a empresa, que passa a ser do bairro, integrante da comunidade. Com isso, vamos facilitar a questão da mobilidade ur-
bana, pois imagine se estivéssemos concentrando tudo no Pecém. Todo mundo saindo para trabalhar no início da manhã, cerca de 20 mil pessoas daqui há alguns anos, e voltando no final da tarde”, disse. DESCENTRALIZANDO Ele afirmou, ainda, que dentro da filosofia da sua administração, o objetivo principal é fazer com que as pessoas morem próximo de onde irão trabalhar. Por isso, estão sendo montandos dois distritos industriais no município. “Então, na sede temos com 13 empresas com protocolos de intenção assinados e outras seis no distrito de Croatá. E já iniciamos uma empresa no distrito do Siupé, a Crusoe Foods, que vai gerar 400 empregos, sendo que 90% é de mão-de-obra feminina. É uma fábrica de enlatados, onde serão envasados o atum e a sardinha, sendo consumidos, diariamente, cinco toneladas do primeiro pescado e 20 toneladas do segundo. Então, o esforço do município é para fazer com que a gente
possa deslocar este desenvolvimento que está consolidado no Pecém com o maior investimento privado
do Norte/Nordeste, a CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém), a Zona de Processamento de Exportação (ZPE), a única em funcionamento em todo o Brasil e o porto a pleno vapor, mas o município é grande e precisamos levar este desenvolvimento aos demais recantos e assim tem sido feito o trabalho da gestão, para que possamos enriquecer os outros distritos de São Gonçalo do Amarante”, asseverou Cláudio Pinho. Ele destacou que educação e trabalho mudam a vida das pessoas, então se elas são qualificadas, têm educação e a oportunidade de emprego, que é renda, começara a haver uma melhoria na qualidade de vida de todos. “Então, o nosso trabalho tem sido feito dessa forma, realizando esta distribuição de renda, facilitando também a vida do empresário e do trabalhador, porque a gente quer colocar as empresas próximas das residências das famílias de São Gonçalo. Estamos com 494 casas construídas na sede, aguardando sorteio, para que possamos entregá-las. E estamos com um projeto já aprovado, no bairro Violete, em Croatá, levando 498 residências para próximo das empresas que ali se instalarão. Queremos entregar estas quase mil casas até o final deste ano e iniciar mais mil, ou seja, duas mil para que a gente possa melhorar a qualidade de vida das pessoas em nosso município”, completou Cláudio Pinho.
Fábrica da Crusoe Foods vai gerar quase 400 empregos para mulheres
OBJETIVO É LEVAR A RIQUEZA PARA O SERTÃO Como existem os dois distritos industriais de São Gonçalo, que estão iniciando suas obras sem falar na Crusoe Foods, em Siupé, e a Regaf, na localidade de Parada, que fez a correia transportadora do Porto do Pecém -, tem gerado a presença empresarial e industrial em quase todo o município. Mas o grande desafio é fazer com que a riqueza também chegue ao sertão. “Somos banhos em quase 20 quilômetros pelo rio Curu, mas estamos com dificuldade de água para levar também a agroindústria para São Gonçalo. E isso fazendo com que seja levada tecnologia e o pequeno agricultor possa produzir e vender para os empresários, e eles possam exportar. E a gente vai incentivar o atendimento da
população local”, ressaltou o prefeito Cláudio Pinho. Isso porque existe a previsão que a população daquele município do Litoral Oeste do Ceará chegue, a 100 mil habitantes em 2020, ou seja, em seis anos sairá de 45 mil pessoas, para mais que o dobro, necessitando de habitação, alimento e água, daí a preocupação da administração em melhorar a infraestrutura da região. “Com isso, aumento a demanda por postos de saúde, hospital, já temos uma UPA (Unidade de ProntoAtendimento) funcionando, também vai demandar transporte, vias, um desafio enorme ser gestor de uma cidade em pleno crescimento, onde a iniciativa privada anda muito mais
rápido que o serviço público. O Governo do Estado tem dado um apoio na questão das rodovias da região, inclusive com duplicações; a água já chegou no Pecém, mas na cidade temos problemas e está sendo feito um projeto para captar direto do Eixão das Águas para chegar às casas das pessoas; temos aprovados R$ 21 milhões para o saneamento do Croatá, com uma pequena contrapartida do município”, lembrou. A alta tecnologia também está chegando à região de São Gonçalo do Amarante, com a instalação da Citasa, montadora dos helicópteros da norte-americana Enstrom, que dará um forte impulso no sentido de mudar a economia do município.
A Prefeitura doou um terreno de 30 hectares, na sede do município, no qual a empresa investirá R$ 450 milhões e deverá gerar 900 empregos especializados. “A gente vem com uma montadora de helicópteros e o Governo do Estado nos dá total apoio, na questão dos incentivos fiscais, para que as empresas fiquem aqui no Ceará. A escritura do terreno já foi feita e acredito que dentro de 60 dias devem iniciar as obras, pois estão solicitando o licenciamento ambiental. Será de fundamental importância pois eles terão, dentro da fábrica, uma escola para preparar pilotos e mecânicos para realizar a manutenção de aeronaves, e o interesse é trabalhar com mão-de-obra local.
Empresas recebem áreas nos distritos industriais O administrador de empresas e diretor industrial da Matrix, Samuel Fiúza, que fabrica portas de segurança blindadas, corta-fogo, dentre outros produtos, é um entusiasta pelos distritos industriais que estão sendo instalados em São Gonçalo do Amarante. Ele também trabalha com a Mecanidráulica, do empresário português Joaquim Gomes, que produz vasos de pressão, torres para aerogeradores de energia eólica, pontes, viadutos
e outras estruturas metálicas de grande porte, como a Estátua do Cristo de Palmas (TO) e a cruz do Santuário de Fátima, em Portugal, cujos projetos estão prontos e aguardando as licenças ambientais para iniciar o trabalho de terraplanagem, de uma área total de oito hectares (sendo dois da Matrix e seis da Mecanidráulica). Desta última serão 4.000 metros quadrados (m²) de área construída para a instalação das par-
tes de escritório e operacionais, formando o primeiro módulo, que posteriormente será ampliado para até 12.000 m². Localizada no distrito de Croatá, às margens da BR-222, próximo à entrada para Paracuru, os empresários já estão recebendo a posse do terreno, para dar início à montagem das estruturas da empresa. No mesmo distrito industrial também serão instaladas outras duas fábricas: a Euro Esquadrias Brasil
e a Alltex. “A Matrix e a Mecanidráulica fabricarão as estruturas de novas empresas que serão instaladas na região do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). Queremos dar treinamentos para as pessoas residentes na região, para evitar o transporte de funcionários de um lado para o outro”, disse. Ele ressaltou, ainda, que as empresas desejam fidelizar estes funcionários, para que eles per-
maneçam em seus quadros, inclusive com a oferta de uma série de benefícios, pois é muito ruim dar um treinamento especializado e, quando ele está qualificado, acaba indo para outra fábrica. “Também é importante que a Prefeitura de São Gonçalo realize a construção de conjuntos habitacionais para atender a estas pessoas que trabalharão nos distritos industriais que estão sendo implantados”, completou Samuel Fiuza.
FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Sexta-feira, 23 de maio de 2014
5
6
FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Sexta-feira, 23 de maio de 2014
DESENVOLVIMENTO
CSP é o maior investimento privado do NE
Vista aérea da planta da CSP onde já estão sendo construídos o Alto Forno (1) e a Coqueria (2) com toneladas de equipamentos que chegaram através do Porto do Pecém
Neste momento da obra, 8.189 trabalhadores estão participando da construção da siderúrgica. Desse total, 91% da mão-de-obra são formados por operários, técnicos e engenheiros brasileiros
C
onsiderada o maior investimento privado em execução na região Nordeste e o maior empreendimento estruturante, em construção, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), atingiu, este mês, 55% de execução – incluindo compra de material, engenharia e obras propriamente ditas. Resultado de uma joint
venture formada pela brasileira Vale (50%) e pelas sul-coreanas Dongkuk (30%) e Posco (20%), dos quase US$ 5 bilhões que serão aportados no projeto, US$ 1,7 bilhão já foi investido entre os anos de 2012 e 2013 e outros US$ 2 bi estão programados para este ano. No fim do mês passado foi iniciada a construção da bateria, que contou com a presença dos presidentes da Posco E&C Brasil e do CEO da CSP, Kyu Young Ahn e Sérgio Leite, respectivamente. A obra, de responsabilidade da Posco Engenharia e Construção do Brasil (PEC), fruto do contrato Engineering, Procurement and Construction (EPC), emprega atualmente, no seu canteiro, 8.189 trabalhadores - sendo 7.416 brasileiros, 746 coreanos e 27 de outras nacionalidades. Nesta fase de construção estão previstos 23 mil empregos diretos e indiretos no pico da obra, posteriormente chegando a 4 mil contratações diretas e outros 10 mil postos de trabalho indiretos durante a operação, prevista para o final do ano que vem. Toda a produção da siderúrgica nesta primeira fase de instalação - 3 milhões de toneladas de placas de aço/ano -, será rateada
entre os sócios por um período de 15 anos. E, num segundo momento, a planta será ampliada, dobrando sua capacidade produtiva. Instalada dentro da Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE Ceará), a CSP já recebeu um volume de 678.47m3 de cargas soltas (equipamentos de grande porte) e 4.757 contêineres (contendo maquinários e outros itens, como parafusos para fixação/ancoragem, entre outros). Neste ano de 2014 chegam, também via ZPE Ceará, parte da unidade funcional do lingotamento contínuo, do alto-forno, da coqueria, da preparação do carvão e da purificação do gás do forne coke, além de componentes metálicos em aço. O material virá da Coreia, China, Alemanha, Itália, França, Estados Unidos, Bélgica, Tailândia e Malásia. Paralelamente à construção da siderúrgica, a CSP vem realizando ações e desenvolvendo projetos que demonstram o compromisso da empresa com as questões ambientais. Entre os meses de dezembro de 2009 e abril 2010 elas foram voltadas para o resgate da fauna e da flora no terreno de 980 hectares, dos quais 498 hectares destinados para
a construção do empreendimento. A partir de 2012, a CSP iniciou diagnósticos no entorno do Pecém para conhecer as necessidades do território e, assim, poder desenvolver projetos na região. Durante o processo de supressão vegetal, foram selecionadas árvores matrizes para a coleta de sementes, priorizando as espécies raras, endêmicas, ameaçadas de extinção e de elevado interesse ecológico. As sementes coletadas na primeira etapa levaram à produção de 150.000 mudas no viveiro florestal da CSP, sendo utilizadas na recuperação de uma área degradada da Estação Ecológica do Pecém (EEP), equivalente a 206 hectares (há). Já as sementes recolhidas na segunda fase de trabalho foram enviadas para a reposição florestal da área interna da CSP, com um plantio de 148.000 mudas, objetivando a recomposição de 183 ha de áreas degradadas e 15 ha de Área de Proteção Permanente (APP) da Lagoa do Bolso, através de um plantio de 22.000 mudas nativas. O excedente das sementes coletadas foi enviado para o banco de sementes de espécies nativas, financiado pela CSP, que fica no Parque Botânico do
Ceará, no município de Caucaia. O trabalho de manejo e resgate de fauna visa à execução de ações de resgate, manejo e monitoramento das espécies ali existentes, incluindo a proteção e soltura de animais feridos e recuperados na área da EEP. O salvamento da fauna teve início antes da operação de supressão, logo ao iniciar o processo de abertura das estradas e/ou picadas que cortam os talhões, sendo acompanhado durante todo o processo de remoção da cobertura vegetal e encerrando-se somente depois de concluída a limpeza total da área da CSP. Identificou-se um total de 5.092 animais, dentre estes cinco espécies de artrópodes, 19 anfíbios, 14 aves, 40 répteis e 11 mamíferos, totalizando 89 espécies capturadas, desde o sagui, o tatu peba, o gato-do-mato (ou maracajá), o cassaco (também chamado de sarigué ou saruê), a raposa e o preá. Os lagartos foram a principal espécie encontrada na área de supressão vegetal: camaleões, iguanas, tejus, tijubinas e calangos mostraram as suas cores. As serpentes, como a cobra verde, a cobra cipó, a caninana, a jiboia e a coral verdadeira, também ocorreram em grande quantidade.
PROJETOS VOLTADOS AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Com a instalação de grandes empresas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), a região de Caucaia e São Gonçalo do Amarante sentirá um rápido crescimento econômico. Isto representa a criação de diversas novas oportunidades, em especial, para micro e pequenos
produtores. Neste contexto, o Projeto Território Empreendedor objetiva fomentar junto aos jovens uma cultura de organização de novos negócios na região, com sensibilização para uma perspectiva profissional. Os cursos iniciaram em abril e esperase que, ao longo do projeto, sejam
criados 120 novos negócios rurais e 300 jovens capacitados em educação financeira, com apoio técnico para elaboração de planos de negócios e concessão de microcrédito para iniciar um empreendimento. Já o Projeto de Formação de Lideranças tem o objetivo de desenvolver
habilidades em pessoas chave, reconhecidas como lideranças em suas comunidades para atuarem com mais rigor técnico nos fóruns populares e conselhos municipais. Serão capacitadas em política e cidadania cerca de 60 pessoas das comunidades de Caucaia e São Gonçalo do Amarante.
Restaurante fornece 2,4 mil refeições diárias Mas não são apenas empresas, de todos os portes, que estão ganhando com o desenvolvimento que o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), tem levado para aquela região do Ceará. Outros negócios, dos mais variados segmentos já se instalaram no distrito do Pecém, movimentando a economia como um todo. Um deles diz respeito à questão da gastronomia, pois milhares de operários que trabalham nos canteiros de obras, no Porto do Pecém, ou nas empresas que já estão funcionando, precisam de uma alimentação adequada para exercer as suas funções. Um bom exemplo disso é o restaurante e self-service Bom de Garfo, instalado há um ano na ex-casa de veraneio de uma família que tinha restaurante em Itapajé. O imóvel foi reformado e adequado para atender a milhares de clientes, todos os dias. Isto porque são fornecidos mil cafés da manhã, mil almoços e 400 jantares, principalmente aos funcionários da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), que chegam em ônibus fretados para fazer as suas refeições. “Tão logo abrimos o restaurante, o
pessoal da CSP nos procurou e fechamos um contrato para fornecer a alimentação de grande parte dos operários que ali trabalham. E já estamos ampliando para a casa ao lado, pois nosso espaço está pequeno para atender à demanda”, disse Samara Brasil, uma das proprietárias do estabelecimento. Ela afirmou que esta ampliação foi necessária, porque a demanda é crescente. Hoje, são 40 mesas no local e, com a abertura do imóvel ao lado, será mais 80. E o número de funcionários, atualmente 19, deverá ser ampliado em 50%, para dar conta do serviço. “Graças a Deus, com estas obras que estão ocorrendo aqui na região do Pecém, melhorou muito para a maioria dos comerciantes, e ainda tem muito o que crescer. Hoje temos UPA 24 horas, hospitais do HapVida e Unimed, uma grande farmácia Pague Menos, entre muitos outros comércios. E o nosso restaurante, apesar do pouco tempo aqui no Pecém, já é bastante conhecido pela qualidade das refeições, tanto que já recusei novos contratos com empresas que estão se instalando aqui”, completou Samara.
FOTO: TIAGO STILLE
Restaurantes e outros estabelecimentos comerciais são favorecidos com a alta demanda de serviços
FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Sexta-feira, 23 de maio de 2014
7
8
FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Sexta-feira, 23 de maio de 2014
MOVIMENTAÇÃO
Porto do Pecém dá início ao crescimento da região
FOTOS: TIAGO STILLE
Hoje, o Pecém já é considerado o maior exportador de frutas frescas do Brasil, com apenas 12 anos de inauguração, superando portos com mais de 100 anos de história
O
Porto do Pecém se mostra como a grande mola propulsora do desenvolvimento da região onde está situado, bom como do Estado do Ceará, e, também foi o pontapé inicial do CIPP, afinal este último só existe, devido à infraestrutura portuária que está nas proximidades. Isso porque mais de 90% do comércio internacional, acontece através dos portos espalhados pelo mundo todo. Então, uma unidade portuária como é a do Pecém, que possui uma profundidade média acima de 17 metros, com fundo de rocha (o
que dispensa a necessidade de constantes operações de dragagem, que encarecem o custo operacional), além da proximidade com os dois maiores mercados consumidores do mundo - Estados Unidos e União Europeia -, fazem daquele terminal um grande portão de entrada e saída das mais variadas mercadorias. Hoje, ele já é considerado o maior exportador de frutas frescas do Brasil, com apenas 12 anos de inauguração, superando portos com mais de 100 anos de história, como é o caso do de Santos, em São Paulo, ou o de Paranaguá, no Paraná. Já na remessa para o exterior de calçados, polainas, artefatos semelhantes e suas partes, aparece na terceira colocação, logo atrás do de Santos e o de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. E pela sua posição estratégica, atualmente vem liderando as importações de ferro fundido, ferro e aço, além de cimentos não pulverizados (clinkers) e escória, demonstrando toda a pujança que a sua atuação alcança, mesmo tendo iniciado suas operações há pouco mais de uma década. De acordo com Francisco Gomes Oliveira, diretor de Desenvolvimento Comercial da CearáPortos, que administra o Porto do Pecém, a elevação no movimento de cargas diversas mostra um potencial daquela unidade. “Atualmente, o porto vem
“A tendência é que o Pecém se torne um hub port, ou seja, um porto com centrador de cargas, pois passaremos a receber aqui grandes navios, por conta das nossas excelentes condições de profundidade.”
experimentando um crescimento muito significativo. A relação entre 2012 e 2013 foi de 40% e esta tendência deve permanecer neste nível, este ano também. Isto porque temos recebido muitas cargas de carvão para abastecer a termelétrica; muita importação de produtos para a fabricação de cimento; tem crescido também a importação de ferro e aço para as indústrias cearenses e do Piauí, enfim, o porto recebe os mais diversos tipos de cargas. Ultimamente, temos verificado também uma maior movimentação de cargas em contêineres, que tinha dado uma arrefecida, mas já voltou a crescer.
Só neste primeiro quadrimestre tivemos uma alta de 32% nas cargas conteneirizadas e estamos muito otimistas para os resultados deste ano”, disse. OPERACIONALIZAÇÃO Ele lembrou que toda a fábrica da CSP está sendo trazida da Coreia do Sul, a princípio, em 160 navios, inclusive as 35.500 estacas das fundações. Este material vem chegando regularmente, abarrotando o porto com suas cargas, pois ele funciona 24 horas por dia e a siderúrgica no horário comercial, sendo que a retirada não acompanha o ritmo de des-
Ampliação terá nova ponte e três berços
Sobre a ampliação do porto, já está aprovada a licitação para a construção de uma nova ponte entre o continente e o Terminal de Múltiplo Uso (Tmut) e as obras já iniciaram. “Ela atenderá às necessidades da CSP e ainda teremos três novos berços de atracação, sendo que o primeiro deve estar concluído no final deste ano, e os outros dois no ano que vem, somando-se aos seis que
já possuímos, visando atender, principalmente, à siderúrgica. E teremos, até o fim deste ano, dois guindastes do tipo porteinerer, que irá duplicar a nossa capacidade de carga e descarga de um navio”, destacou Oliveira. E com o alargamento do Canal do Panamá, o Porto do Pecém ocupará posição de estaque, pois devido à sua localização estratégica, representará uma
das principais portas de entrada para o País de mercadorias procedentes da região asiática. “A tendência é que o Pecém se torne um hub port, ou seja, um porto concentrador de cargas, pois passaremos a receber aqui grandes navios, por conta das nossas excelentes condições de profundidade e aproximação de navios, pois estamos em mar aberto, facilitando a atracação e, a partir
daqui, são distribuídas estas cargas para navios menores, que seguirão para os diversos estados do Brasil. E com a construção da refinaria, devido à sua produção estimada de 300 mil barris por dia está prevista a construção de mais oito berços de atracação e, até o final de 2018 deveremos ter 17 berços, para atender à refinaria e à Transnordestina”, finalizou Francisco Oliveira.
carregamento dos navios. “Então, estamos com nosso pátio bastante ocupado com cargas da siderúrgica, cerca de um terço de nossa área de armazenagem, ou 130 mil metros quadrados (m²). Isso nos fez até atrasar um pouco a atracação de navios com cargas da CSP. Houve casos de dois navios que aguardaram três meses, mas o tempo médio é de um mês. A operação de descarga leva, em média, uma semana, pois são cargas muito pesadas e volumosas”, advertiu o diretor. O Porto do Pecém está funcionando com déficit na relação entre importações e exportações, mas isso tem ocorrido, principalmente, por causa da montagem de diversas empresas, em especial a CSP. “Hoje a relação é de 26% de exportação e 74% de importação, mas é exatamente por isso. No final do ano que vem a siderúrgica começa a operar, porque a exportação vai ser de três milhões de toneladas de placas de aço e aí tende a um equilíbrio. Temos a Silat, que venderá chapas de aço para a linha branca e indústria automotiva. No ano passado o Porto do Pecém movimentou - chegando e saindo -, 6,3 milhões de toneladas de cargas e este ano, somente no primeiro quadrimestre, movimentamos 2,6 milhões de toneladas, ou um aumento de 88% em relação a igual período de 2013”, explicou.
Valorização dos imóveis chega a superar 1.300%
De acordo com o corretor de imóveis Evaristo Neto, que trabalha na região do Pecém há vários anos, desde 2010 houve um aumento nos valores de imóveis - tanto para venda, como para locação. Mas a partir de 2012, ocorreu um verdadeiro salto, superior a 1.300%, no caso de imóveis comerciais situados na avenida principal do distrito. “Só para você ter uma ideia, o metro quadrado custava em torno de R$ 70,00 em 2009 e, hoje, chega a R$ 1.000,00 para venda. Ou seja, foi uma valorização muito grande. E os percentuais também subiram, mas em menor escala, no caso de imóveis industriais e residenciais”, afirmou. É a velha questão de oferta e procura, pois com a chegada de muitas empresas naquela área do Litoral Oeste cearense, as pessoas passaram a vislumbrar um rendimento maior nos imóveis que possuem. E, até mesmo, chegaram a transformar casas de veraneio em estabelecimentos comerciais, como restaurantes, lanchonetes e até mesmo pousadas. “E a tendência e que os preços mantenham-se elevados, pois ainda existe muita procura por imóveis e terrenos, tanto para compra, quanto para locação, aqui na região do distrito do Pecém”, completou Evaristo Neto.