Verde
ANO VI - EDIÇÃO No 339 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 27 de maio de 2014
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Por que não conseguimos nos livrar dos maus hábitos? FOTO: TIAGO STILLE
Págs. 6, 7 e 8
MATA ATLÂNTICA
Hoje o dia é da grande Muralha verde Registros de remanescentes são encontrados no Nordeste, onde a floresta foi mais desmatada, restaram apenas, 19.427 km² do bioma na região - dos 255.245 km² originais. Pág. 10 e 11
ARVORECÍDIO Um frondoso Angelim Marighella Artigo de Júlia Manta, do Movimento Pró-Árvore, revelanos que “dentro da violência sumária e descabida contra as árvores em Fortaleza, foi encontrada uma resistente e bela espécie, a Andira surinamensis. Pág. 12
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VERDE
Coluna Verde TARCILIA REGO
tarcilia_rego@terra.com.br
77 ESPÉCIES ANIMAIS FORA DO RISCO DE EXTINÇÃO
O Ministério do Meio Ambiente acaba de anunciar a saída de 77 espécies de animais da fauna brasileira do risco de extinção. A lista foi entregue pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) à pasta, mas somente no segundo semestre deverá ser oficializada por meio da publicação de portaria no “Diário Oficial da União”. De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, será montada uma “força-tarefa” para aumentar o combate a crimes cometidos contra animais ameaçados de extinção. O Brasil é o lar de quase metade da biodiversidade do mundo, por isso esta é uma boa notícia. ENQUANTO ISSO Nos Estados Unidos, Governo reconhece que abelhas estão morrendo a uma taxa alarmante segundo um novo relatório do Departamento de Agricultura daquele país. O documento apontou que o atual ritmo de mortes de abelhas durante o inverno é preocupante e está insustentável economicamente para os apicultores. Além de ser um problema para os apicultores, o desaparecimento das abelhas significa uma grave crise ambiental e um problema para várias culturas agrícolas, que precisam delas como agentes polinizadores. DIA DA MATA ATLÂNTICA Quando o assunto é Mata Atlântica, a situação é crítica no Nordeste. Infelizmente, 92% da floresta foram desmatadas na região, e hoje, restam apenas, 19.427 km² do bioma - dos 255.245 km² originais - e dezenas de espécies que vivem no local já estão, oficialmente, ameaçadas de extinção, dando à Mata Atlântica nordestina o título de uma das regiões mais degradadas do bioma. Quem informou foi a WWF. HAITI Por ocasião do Dia Internacional dos Trabalhadores das Forças de Paz e para comemorar os 10 anos da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), a Marinha do Brasil, por meio do Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, em parceria com a ONU e a PUC do Rio de Janeiro, convida para o seminário “A MINUSTAH e o Brasil – Dez anos pela paz no Haiti”. Acontece dia 30 de maio, na Escola de Guerra Naval no Rio de Janeiro.
Verde
RECICLÁVEIS O Centro Vocacional Tecnológico (CVT) do Instituto Centec, em Fortaleza, abre inscrições para o curso “Reciclar para Decorar” que tem o objetivo de difundir técnicas de reutilização de diversos materiais recicláveis na criação de objetos de decoração em geral, como: vidro, plástico, metal, papelão, madeira ou cerâmica. Para inscrever-se basta ser maior de 16 anos. Mais informações através do telefone (85) 32261843 e do e-mail cvt_fortaleza@centec. com.br ou visite a página do Instituto Centec no Facebook: www.facebook. com/InstitutoCentecCeara. ZARA Quase três anos depois de ter sido denunciada por trabalho análogo à escravidão em oficinas de costura subcontratadas no Brasil, a varejista espanhola Zara garante ter enterrado esse problema. De 2011 para cá, a marca investiu R$ 14 milhões em ações de responsabilidade social no país – mais que o dobro do que foi investido pela empresa nos oito anos anteriores à denúncia. Para à Zara é uma medida de transparência perante os clientes. Eu considero mais do que obrigação, pois boa parte das medidas adotadas faz parte do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com o Ministério Público do Trabalho (MPT) em 2012. Reflexão: “Um bom chefe faz com que homens comuns façam coisas incomuns”. (Peter Drucker).
AGENDA VERDE 27 DE MAIO DIA NACIONAL DA MATA ATLÂNTICA
• Bioma reconhecido pela Constituição de 1988, a Mata Atlântica é formada por um conjunto de formações florestais e ecossistemas associados como as restingas, manguezais e campos de altitude, que se estendiam originalmente por aproximadamente 1.300.000 km2 em 17 estados do território brasileiro. Hoje os remanescentes de vegetação nativa estão reduzidos a 22% de sua cobertura original e encontram-se em diferentes estágios de regeneração. Apenas cerca de 7% estão bem conservados em fragmentos acima de 100 hectares.
29 DE MAIO DIA DO GEÓGRAFO DIA DO GEÓLOGO 31 DE MAIO DIA MUNDIAL SEM TABACO
• Em 31 de maio é celebrado o Dia Mundial Sem Tabaco, data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1987. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tabagismo é responsável por 80% das mortes por câncer de pulmão. Mas além dos danos à saúde (como diferentes tipos de câncer, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, dentre mais de 50 doenças diretamente relacionadas ao tabagismo), ao longo da cadeia de produção do tabaco há fatores que afetam o meio ambiente e toda a sociedade: desmatamento, uso de agrotóxicos, agricultores doentes, incêndios e poluição do ar, das ruas e das águas.
DIA 03 DE MAIO ANIVERSÁRIO DA ECO92
• A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992, também conhecido como Cúpula da Terra, reuniu mais de 100 chefes de Estado para debater formas de desenvolvimento sustentável, um conceito relativamente novo à época.
5 DE JUNHO DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE
DE 4 A 5 DE JUNHO 5O FÓRUM MUNDIAL DE MEIO AMBIENTE
• Promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) o 5º Fórum Mundial acontece entre 5 e 6 de junho no Hotel Mabu, em Foz do Iguaçu, no Paraná, contará com a participação de cerca de 250 lideranças empresariais, políticas, pesquisadores e organizações socioambientais trocarão experiências de gestão tendo como tema central “Sustentabilidade e Desenvolvimento: qual agenda possível?”, fortalecendo o objetivo de debater e propor a inserção de novas práticas sustentáveis no País.
GESTORA E EDUCADORA AMBIENTAL
O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Wevertghom B. Bastos. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Sheryda Lopes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873
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PROTESTO
Ativistas americanos reagem contra madeira ilegal da Amazônia
Greenpeace bloqueia sede de empresa nos EUA que tem ligações com exploração florestal irregular na região amazônica
A
mbientalistas do Greenpeace bloquearam estradas que dão acesso à sede da empresa Lumber Liquidators, uma das maiores varejistas de produtos de madeira, no estado de Virgínia, Estados Unidos. A ação aconteceu na manhã do dia 23 de maio, durante a assembleia geral anual da empresa. Os ativistas estão protestando contra as ligações da companhia com a madeira proveniente de áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia brasileira. Na semana passada, o Greenpeace divulgou os resultados de uma investigação de dois anos sobre a indústria da madeira brasileira no estado do Pará. O resultado revelou que o atual sistema de controle de madeira não é apenas falho, mas alimenta a degradação florestal e o desmatamento. Frequentemente, em
vez de conter o crime, ele é usado para “lavar” madeira produzida de forma ilegal e predatória que, mais tarde, será vendida a consumidores no Brasil e no mundo como se fosse legal. “A Amazônia está enfrentando uma crise silenciosa, resultante da exploração madeireira ilegal e do descontrole do setor. Sem garantias reais de origem, a grande demanda por espécies raras e valiosas de madeira brasileira por parte de empresas como a Lumber Liquidators está alimentando ainda mais esta grave situação”, disse Daniel Brindis, da Campanha de Florestas do Greenpeace. “Os acionistas da empresa precisam saber que sua política florestal não tem critérios que realmente impeçam a madeira ilegal vinda do Brasil de entrar em sua cadeia de suprimentos. Eles estão Manifestantes protestam nos Estados Unidos contra a exportação de madeira ilegal fazendo negócios com empresas brasileiras que têm milhões de dólares em multas por crimes ambientais, em uma região onde grande parte da exploração madeireira é feita sem autorização e, portanto, de forma ilegal”.
Ativistas ocupam a madeireira Pampa Exportações. Em Icoaraci, próximo a Belém, Pará, para expor a fragilidade do sistema de controle da madeira na Amazônia
OCUPAÇÃO EM BELÉM Na última semana, ativistas do Greenpeace ocuparam a madeireira Pampa Exportações Ltda., próximo à cidade de Belém, no Pará, com o objetivo de chamar atenção para o descontrole no setor. Em poucos dias, mais de 22 mil brasileiros enviaram e-mails aos principais pré-candidatos à presidência, exigindo que se posicionem sobre o problema e apresentem soluções. Nos EUA, mais de 40 mil pessoas já pediram o mesmo à Lumber Liquidators. Os protestos também se espalharam por outros países que estão comercializando madeira brasileira sem garantias
de sua legalidade, como Itália, Espanha, Inglaterra e Israel. Como resposta, o ministro italiano de Agricultura e Florestas, Maurizio Martina, anunciou a aprovação de decreto que regulamenta a aplicação da legislação europeia de combate à madeira ilegal. Na França, semana passada, ativistas embargaram simbolicamente, um carregamento de madeira vindo da Amazônia brasileira, com indícios de irregularidades. O Greenpeace exige que o governo brasileiro reveja todos os planos de manejo aprovados na Amazônia desde 2006, implemente regras mais consistentes para controle do setor, torne esses processos públicos, e aumente a governança na região, dando maior capacidade e infraestrutura aos órgãos ambientais federais e estaduais. Com informações da Organização Greenpeace.
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SEMANA DO MEIO AMBIENTE 2014
PROGRAMAÇÃO
O
Dia Mundial do Meio Ambiente é comemorado em 5 de junho. A data foi recomendada pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia. Em decorrência da data, o governo brasileiro, através do decreto 86.028, de 27/05/1981, criou a Semana Nacional do Meio Ambiente, este ano comemorada de 4 a 9 de junho, de acordo com o calendário do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Escolas Participantes Herbe Teixeira Augusto César Caucaia Marieta Mota Goes Antônio Dias Macedo Saul Gomes de Matos Paulo Ferreira da Rocha Edite Alcântara Mota Alba Herculano Poetisa Abigail Sampaio
CONPAM No Ceará, com o objetivo de atrair a população para os debates sobre a temática ambiental, a coordenadora de Educação Ambiental e Articulação Social (Coeas), Nancy Mireya Sierra, do Conselho de Política e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), informa que o órgão programou para a Semana do Meio Ambiente 2014 atividades de palestras, oficinas, apresentação de trabalhos, visita de campo às Unidades de Conservação e festa de encerramento, envolvendo a participação de alunos de escolas públicas nos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante. A realização das atividades acontece, através da Coordenadoria de Biodiversidade e das Unidades de Conservação APA do Estuário do Rio Ceará, Parque Botânico do Ceará, APA do Lagamar do Cauípe, Estação Ecológica do Pecém e APA do Pecém, em parceria com a Prefeitura de Caucaia, através do Instituto de Meio Ambiente de Caucaia (Imac) e da Secretaria de Educação daquele município, Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), Energia Pecém e Eneva, Prefeitura de São Gonçalo do Amarante e Cogerh. Localização Caucaia - Iparana Rua 15 de Novembro Caucaia - Pirapora Caucaia - Coqueiro Caucaia - Planalto Cauípe Caucaia - Matões São Gonçalo do Amarante – Pecém São Gonçalo do Amarante - Pecém São Gonçalo do Amarante - Pecém
SELFIE COM O MEIO AMBIENTE
A Energia Pecém parceira do Conpam nas comemorações da Semana do Meio Ambiente 2014, está mobilizando a sociedade local para participar do Concurso Cultural “Selfie com o Meio Ambiente”, com a criação de uma foto e de uma mensagem sobre o tema “Educação Ambiental para a Sustentabilidade – A cidade que vivemos. A cidade que queremos”. O público-alvo são alunos e professores de escolas públicas próximas às unidades de conservação dos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante.
O MEIO AMBIENTE NAS DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL São muitas as decisões tomadas jurisprudencialmente pelo Supremo Tribunal Federal no exercício das funções constitucionais de guardar a pureza da Magna Carta brasileira quanto aos ditames referentes à defesa e preservação do meio ambiente (Art. 225 da CF). Uma dessas decisões foi lavrada em face de relatório assinado pelo Ministro Ayres Brito, em julgamento de 19 de março de 2009 e publicado no Diário da Justiça Eletrônico (STF), de 1o de julho de 2010. Para dirimir conflito entre direitos de populações autóctones e preservação ambiental, o ministro assentou: “Há perfeita compatibilidade entre meio ambiente e terras indígenas, ainda que estas envolvam áreas de ‘conservação’ e ‘preservação’ ambiental. Essa compatibilidade é que autoriza a dupla afetação, sob a administração do competente órgão de defesa ambiental.” Reciclagem de pneus Em outro julgado, também de 2009, a ministra Cármen Lúcia reconhece que a importação e reciclagem de pneus usados importados “demonstraram as graves consequências geradas por estes na saúde das populações e nas condições ambientais, em absoluto desatendimento às diretrizes constitucionais que se voltam exatamente ao contrário, ou seja, ao direito à saúde e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.” Afronta a preceitos No Relatório à ADPF nº 101 (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), julgamento em 11 de março de 2009, a Ministra Cármen Lúcia conclui que “apesar da complexidade e dos direitos envolvidos, a ponderação dos princípios constitucionais revelaria que as decisões que autorizaram a importação de pneus usados ou remoldados teriam afrontado os preceitos constitucionais da saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado e, especificamente, os princípios que se expressam nos arts. 170, I e VI, e seu parágrafo único; 196 e 225, todos da CF.” Integridade ambiental Em Mandado de Segurança julgado em 30 de outubro de 1995, o ministro Celso de Melo assim se manifesta: JORNALISTA E ESCRITOR
“O direito à integridade do meio ambiente – típico direito da terceira geração – constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação dos direitos humanos a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, à própria coletividade social.” Direitos inexauríveis O ministro Celso de Melo alarga suas explicações de forma didática: “Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) - que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais, - realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) – que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam direitos de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem num momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.”
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SEMANA DO MEIO AMBIENTE 2014 SEMANA DO MEIO AMBIENTE 2014
PROGRAMAÇÃO - FORTALEZA 03 de junho Terça-feira, das 8h às 18h
Abertura na Praça do Ferreira com ação de meio ambiente para comunidade em parceria com Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental - CIEA (Governo do Estado, Coelce, GIA, Rede de Catadores, Secretaria de Saúde). Seis tendas com serviços diversos estarão disponíveis, além de troca de mudas por recicláveis e exposição da nave Coelce.
04 de junho Quarta-feira, às 8h30
Início do Plano de Arborização, plantio de mudas de Ipê roxo na Rua Tristão Gonçalves, em parceria com a Secretaria Regional do Centro e Movimento Pró-Árvore.
04 de junho Quarta-feira, às 10 horas
Palestra Agenda Ambiental na Administração Pública - A3P para funcionários do Instituto Dr. José Frota (IJF) – Gerente da Célula de Educação Ambiental da Seuma, Edilene Oliveira.
04 de junho Quarta-feira, às 15 horas
Palestra no CREA. Tema: Política Ambiental – Secretária Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente, Águeda Muniz
05 de junho Quarta-feira, às 8 horas
Ação do Plano de Arborização com o plantio de mudas de Ipê Roxo na Avenida Imperador em parceria com a Secretaria Regional do Centro e Movimento Pró-Árvore.
05 de junho Quinta-feira, das 9h às 11h
Capacitação em “Educação e Cidadania Ambiental” dos 100 catadores cadastrados do projeto para a coleta seletiva na Copa do Mundo FIFA 2014 (entorno da Arena Castelão e Fifa Fan Fest na Praia de Iracema). Local: Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Avenida Deputado Paulino Rocha, 1343 - Cajazeiras).
05 de junho Quinta-feira, das 8h às 17h
Exposição da nave Coelce no estacionamento da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente. (Avenida Deputado Paulino Rocha, 1343 - Cajazeiras).
06 de junho Sexta-feira, das 8h às 17h
Exposição da nave Coelce no estacionamento da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente. (Avenida Deputado Paulino Rocha, 1343 - Cajazeiras).
06 de junho Sexta-feira, das 10h às 12h
Palestra Tema: “Participação Popular na Gestão Ambiental com Apresentação do Parque das Iguanas”. Palestrante: Coordenadora da Coordenadoria de Políticas Ambientais, Magda Maia; e responsáveis pelo Parque das Iguanas. Local: Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Avenida Deputado Paulino Rocha, 1343 - Cajazeiras).
PROGRAMAÇÃO
SEMACE
Realiza o primeiro passeio ciclístico PedalAr, no Parque do Cocó Com o tema – “É com educação que se muda uma nação” – definido para a Semana Nacional do Meio Ambiente 2014, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), em parceria com o Conselho de Política e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), realiza no dia 1o de junho (domingo) a primeira edição do passeio ciclístico PedalAr, no Parque do Cocó. A atividade tem como objetivo conscientizar e incentivar o cidadão à utilização de meios alternativos e sustentáveis de transporte. A concentração do PedalAr será no Anfiteatro do Parque do Cocó, na avenida Padre Antônio Tomaz, onde será dada a largada às 7h30. O evento deve se encerrar às 9h30, após um percurso de aproximadamente 12 km. O passeio é aberto ao público, sendo necessária autorização do responsável para menores de 18 anos. Crianças menores de 14 anos podem participar desde que sejam acompanhadas por responsável também inscrito e presente no passeio ciclístico.
A inscrição deve ser feita através do site da Semace (http://www.semace. ce.gov.br/2014/05/semace-realiza-o-primeiro-passeio-ciclistico-pedalar-no-parque-do-coco/?pai=20) e apresentada junto a um documento de identidade e uma lata de leite em pó (para doação) à comissão instalada no local do evento.
Saiba mais: O 1o PedalAr é uma realização da Semace sob a responsabilidade de Comissão composta por membros da Diretoria Administrativo–Financeira (Diafi), Gerencia de Recursos Humanos (Gereh) e Assessoria de Comunicação (Ascom). SERVIÇO: Primeiro Passeio Ciclístico PedalAr Concentração: Anfiteatro do Parque do Cocó na Avenida Padre Antônio Tomaz Data: 01/06/2014 Horário: 7h30 Mais informações: (85) 3101 5573
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EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Um dos desafios da Sustentabilidade
Por que jogamos lixo no chão e não economizamos água e energia elétrica? Especialistas explicam porque ainda é tão difícil incorporar bons hábitos ao cotidiano
POR: SHERYDA LOPES oev@oestadoce.com.br
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ona Enedna Lima, 66, não aguenta mais. O lixo jogado no açude João Lopes, no Monte Castelo, atrai mosquitos e mau cheiro para a casa da aposentada. Ela conta que pessoas de outros bairros chegam ao local com carrinhos cheios de resíduos, e os despejam dentro ou às margens do recurso hídrico, que fica atrás de sua residência. Além da preocupação com a saúde da mãe, que tem 94 anos, ela não se conforma por pessoas prejudicarem o meio ambiente, que é de todos. “Até sofá já jogaram na água, minha filha. Vê se pode”, lamenta a idosa. A dona de casa Ana Carolina da Silva, 23, afirma que num desses episódios reclamou, e obteve uma resposta nada agradável: “Estou jogando dentro da sua casa, por acaso?”, ouviu. Segundo Ana, a comunidade se sente ameaçada por quem comete esses crimes ambientais. As re-
clamações também incluem o mato alto no local, que atrai até cobra, e falta de fiscalização e manutenção do ambiente por parte da Prefeitura. Mesmo cobrando os serviços do poder público, Ana e dona Enedna clamam por consciência da comunidade e não compreendem o que leva as pessoas a sujarem o que é do coletivo. FRAGILIDADE Para especialistas no assunto, a razão para o problema está em diversos fatores, entre eles: falta de infraestrutura, consciência ambiental, sistema educacional deficiente no que diz respeito à educação ambiental e até mesmo o não reconhecimento do ser humano como parte de algo maior: o meio ambiente. Por lei, a educação ambiental deve ser discutida dentro da escola. Porém, ao invés de ser tratado numa matéria específica do programa escolar, o tema deve ser transversal em todas as disciplinas, inclusive exatas e humanas. “O professor pode trabalhar questões do meio ambiente por meio de um pro-
Carroceiros despejam os resíduos à margem de canal na SER I blema a ser resolvido, como calcular áreas de desmatamento ou ler textos sobre isso, nas aulas de português, por exemplo”, analisa a coordenadora da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental e orientadora da Célula de Educação Ambiental do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam) Maria José Holanda. O problema é que nem mesmo os professores estão preparados para falar dessas questões. “Fiquei sabendo de um curso de pedagogia que começou há pouco tempo a ofertar uma disciplina opcional sobre educação ambiental. Ou seja: os professores não trazem isso no currículo”, avalia. Ela ministra oficinas sobre o
tema para docentes e diz que a sociedade precisa cobrar investimentos estatais para que a educação ambiental seja efetiva e não apenas motivo de ações pontuais dentro ou fora das escolas. Se por um lado a transversalidade deveria fortalecer e legitimar as discussões sobre o meio ambiente, na prática acaba enfraquecendo. É o que afirma a professora e pesquisadora do departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará, Diva Nojosa. Para ela, sem centralizar o conteúdo em momentos específicos, ele pode acabar “passando batido” no cronograma escolar, pois é desvalorizado enquanto conteúdo de ensino.
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FOTOS: TIAGO STILLE
“Até sofá já jogaram na água”, denuncia Enedna Lima, 66 anos
MOSTRA ESCOLAR A responsável pela área de educação ambiental da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) Lindalva Cruz, afirma que desde 2001 a Secretaria tenta levar o tema para a sala de aula por meio de programas e mostras escolares, além de formações de professores. Em setembro, por exemplo, a 4a mostra de Educação Ambiental da Rede Estadual de Ensino promoverá a exposição de trabalhos científicos e culturais de estudantes da rede estadual. “Não é uma competição, trata-se de uma troca de conhecimentos”, afirma. Ela reconhece que inserir a educação ambiental é um desafio, e afirma que a cultura do consumismo na sociedade dificulta o processo, pois causa inversão de valores entre a juventude. “Precisamos trabalhar o tema na forma que está prevista na lei, e capacitar os professores para isso”, afirma. QUEM NÃO AMA NÃO CUIDA Partindo do princípio de que o meio ambiente é fundamental para todas as espécies, inclusive a humana, não preservar a natureza parece uma ati-
tude suicida. O mais contraditório é que os únicos animais considerados racionais pela ciência, e que detêm recursos para ajudar os ecossistemas, são os mais destrutivos. Qual seria a explicação? Para Karla Martins, que é psicóloga com mestrado e doutorado em educação ambiental, uma das principais razões para essa atitude é a não apropriação da população de determinados espaços. “As políticas públicas às vezes não levam em conta a ligação afetiva da comunidade com certos ambientes. Isso faz com que ela se comprometa menos. Se eu não me identifico, é menor a possibilidade de tratar aquilo com carinho”, explica. A degradação também pode ser sinal de revolta por parte de quem se sente excluído. Mais que isso: pode ser ferramenta de apropriação de espaços. “Ainda que da forma errada, a pichação, por exemplo, é uma maneira de deixar a marca, de tornar aquilo seu também. Até porque a cidade é cheia de muros subjetivos, por onde não podemos circular”, considera. AÇUDE JOÃO LOPES A respeito da denúncia de dona En-
edna, no início desta reportagem, o Caderno O estado Verde entrou em contato com a Secretaria Executiva Regional I (SER I), para falar sobre o açude João Lopes, no Monte Castelo. Segundo o coordenador de serviços públicos e limpeza urbana da SER I, Francisco Carlos de Santana, o açude passou por uma limpeza recentemente, assim como outros recursos hídricos da região. Devido às chuvas recentes em Fortaleza, porém, o mato cresce mais depressa e é difícil mantê-lo baixo. Segundo ele, há dois fiscais que fazem rondas na área e um processo de limpeza será realizado amanhã, pois os mesmos já teriam informado a Secretaria sobre a situação da área. “Sabemos da existência de carroceiros que fazem os despejos, por isso realizamos ações de apreensão dos carrinhos e multas para quem os paga para retirar o lixo de sua calçada e jogá-lo em qualquer lugar”, diz. O valor das multas varia entre R$ 64 e R$ 1200. O coordenador afirmou ainda que a SER I realiza ações de educação ambiental, com palestras, distribuição de panfletos e sacos plásticos para conscientizar a população dos bairros.
COMUNIDADE DEVE ESVAZIAR LIXEIRAS DA PRAÇA, AFIRMA SER I A reportagem verificou que há diversas lixeiras próximas ao canal e que elas aparentemente não são esvaziadas há bastante tempo. Sobre isso, Francisco afirma que não concorda com a colocação de lixeiras em praças e que, quando isso ocorre, uma pessoa da comunidade é responsabilizada para retirar o saco e colocá-lo no local por onde o caminhão de lixo passa. “Vamos verificar quem é essa pessoa e porque ela não está fazendo isso”, afirma. De acordo com a SER I, é mais “prático” promover a parceria do que colocar garis para varrer a área diariamente. “Nem sempre está sujo, então, para que eu vou colocar um trabalhador ali, todo dia”? questiona. Segundo ele, nas praças de Fortaleza onde ocorre varrição diariamente, o tráfego de pedestres é maior. O coordenador afirma ainda que, embora a comunidade alegue que não coloca os resíduos nos locais inapropriados, isso ocorre. “Temos muita experiência nisso, às vezes quando estamos andando pela região vemos os moradores pondo os sacos na calçada na hora em que o lixo não passa”, afirma.
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FOTOS: TIAGO STILLE
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MUDANÇA DE HÁBITO
Quando o meio ambiente entra na escola Além de falar sobre meio ambiente e anotar as orientações dos professores na sala de aula, os alunos da Escola Municipal Professora Fernanda Maria de Alencar Colares, na Lagoa Redonda, colocam a mão na massa. Ou melhor, na terra. Eles cultivam uma horta escolar por meio do projeto Mais Educação e vão arborizar a escola durante a semana do meio ambiente, de 2 a 7 de junho. Os alunos também são estimulados a usarem a bicicleta para ir às aulas e participam todos os anos de um grande passeio ciclístico. As lixeiras para coleta seletiva, que estão espalhadas pela escola, foram confeccionadas pelos próprios estudantes. O projeto Espirais da Sustentabilidade engloba as ações ambientais na Instituição, segundo a diretora Hadassa Barros. Para ela, esse envolvimento é benéfico não somente para os estudan-
tes, mas também para os professores e toda a comunidade da região. “Eu acredito que estamos plantando boas sementes aqui”, diz. Participar das atividades contribuiu para ampliar a visão de mundo de Jéssica de Castro, que cursa o 9º ano e participa do projeto. “Eu aprendi que o meio ambiente está ao nosso redor, e a cada destruição que ocorre, perdemos pelo menos uma vida”, conta. A adolescente foi eleita delegada escolar e representou a Instituição de ensino na Conferência Infanto Juvenil do Meio Ambiente, ano passado. Outra jovem que contribui para a preservação é Nataniele de Oliveira, também do 9o ano. “Antes eu não importava muito com essas questões, mas hoje sempre participo de palestras e das atividades. Também levo conhecimento à minha família, que passou a cultivar diversas árvores frutíferas”, diz.
Você já deve ter visto estas regras antes, mas não custa nada relembrar, elas ajudam a mudarmos nossos hábitos com relação ao meio ambiente e amar, cada vez mais, o planeta. Sempre jogue resíduo no cesto, nunca no chão; -Preferencialmente, separe os resíduos em seco e úmido; - Coloque os sacos no local correto e num horário próximo àquele em que o
caminhão de coleta passa; -Um litro de óleo pode contaminar milhares de litros de água. Não derrame óleo usado no ralo da pia. Coe o resíduo em garrafas pet e leve até um ponto de coleta; - Não descarte pilhas e baterias no lixo comum. Existem pontos apropriados para isso. Visite o blog da Ecoletas e saiba como fazer: http://ecoletas.blogspot.com.br/p/servicos.html
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FESTA DA VIDA
Evento no Parque Rio Branco chega à sua 16ª edição DIVULGAÇÃO/PROPARQUE
Realizada pelo Movimento Proparque, festa convida a celebrar o meio ambiente e lutar pela preservação das áreas verdes na cidade SHERYDA LOPES
oev@oestadoce.com.br
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A Cocobra, personagem usada pelos ambientalistas do movimento em manifestações, marcou presença em uma das edições do evento entorno tivesse uma relação amigável com o logradouro. O primeiro evento aconteceu em 1998, na abertura da Semana do Meio Ambiente. Segundo Ademir, divulgar o trabalho das organizações que se envolvem no evento é importante, e a Festa da Vida acaba trazendo um espaço para DIVULGAÇÃO/PROPARQUE
m plena adolescência, a Festa da Vida, que ocorre todos os anos no Parque Rio Branco, na Avenida Pontes Vieira, prepara- se para a 16a edição. O evento será realizado dia 8 de junho de 2013, domingo, no Parque Ecológico Rio Branco, das 16h às 19h. O tema deste ano é “Terra, estão te maltratando por dinheiro”, extraído da música O Sal da Terra, de Beto Guedes. Na Festa da Vida as entidades que participam mostram o que fazem pela vida com exposição de cartazes, fotos e documentos, números artísticos, canto, dança, poesia, distribuição de brindes e manifestações outras. A partir das 18h, o evento, que é realizado pelo Movimento Pró-Parque, terá atração musical. O jornalista Ademir Costa, um dos organizadores, conta que a ideia surgiu há 17 anos (em 1999, a festa não ocorreu) para chamar a atenção para a situação do Parque Rio Branco, trazer as pessoas de outros locais da cidade, e, principalmente, estimular que a população no
essa divulgação, e a cada edição, a quantidade de entidades participantes e de público varia. “Já tivemos festa com 20 expositores e com oito. Em 2010 fomos surpreendidos por umas mil pessoas no parque, mas já tivemos edições com 150, 200 e com 80 pessoas”, conta. A divulgação ocorre por meio de apoiadores que ajudam pregando cartazes e expondo faixas em universidades, escolas, farmácias, mercearias, igrejas e outros pontos. LEMBRANÇAS Entre as muitas recordações que o evento lhe traz, o jornalista conta, emocionado, sobre uma. “Em 2008, houve algo inusitado: a Festa começou e pouco
tempo depois, começou a chover. De repente, uma dançarina que estava na plateia subiu ao palco dançando e fazendo evoluções incríveis, ao som de flauta e debaixo de chuva”, recorda. Quem também traz marcas desses anos é o assessor legislativo e morador do bairro São João do Tauape, Jorge Eleutério. Durante muito tempo ele participou do Movimento Proparque e contribuiu com a organização. Afastado por causa da rotina de trabalho e faculdade, continua frequentando a festa e contribuindo como pode. “Sempre que vou, ajudo o pessoal a distribuir panfletos, organizar o evento”, conta. Para ele, a festa além de levantar a discussão sobre educação ambiental, reúne famílias e socializa os espaços. DA SALA DE AULA PARA O PARQUE Escolas que desejem levar os estudantes para participar do evento estão convidadas. Uma delas é o Espaço Infantil Maria Ferreira de Araújo, cuja diretora, Maria Ilná da Silva tem levado os alunos em todas as edições. “É um evento maravilhoso! Os meninos voltam para a escola mais cuidadosos com nossos jardins. A gente, realmente, vê a diferença”. A gestora afirma ainda que a Festa continua em sala de aula, por meio de atividades interativas com os alunos. A pequena Íris Gisele, de 10 anos, já foi ao evento várias vezes, e já se prepara para o próximo: “É muito divertido ir ao parque. A gente aprende a reciclar, cuidar das árvores e ainda brinca de esconde-esconde!”
Entidades que desejem participar do evento com exposições ou apresentações culturais devem entrar em contato por e-mail ou telefone. As inscrições são gratuitas. E-mail: vocefazoproparque@gmail.com Telefones: 3254 1203 e 8838.1203 Crianças aprendem no ambiente arborizado do Parque Rio Branco
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VERDE
MATA ATLÂNTICA
27 de Maio: Dia do Bioma A cada ano a Mata Atlântica perde mais espaço para o desmatamento. No Ceará, as áreas do bioma são raras e importantes para a segurança hídrica do Estado
“Para isso, o governo federal está trabalhando para garantir a implementação da Lei da Proteção da Vegetação Nativa (Lei n° 12.651/2012), promovendo a recuperação de áreas de APP e RL degradadas, além de promover outras ações destinadas à definição de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e em propostas de criação de novas UCs na Mata Atlântica”, informa a Assessoria de Comunicação do Ministério.
SHERYDA LOPES E TARCILIA REGO
oev@oestadoce.com.br
A
Mata Atlântica (MA), bioma que abriga uma rica biodiversidade e que inicialmente cobriu uma extensa área do país, infelizmente, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), tem apenas 22% de sua cobertura original. Os dados são de 2008 e o relatório referente a 2009 e 2010 será publicado em junho deste ano, informa a assessoria de imprensa do MMA. Atualmente há 1.010 Unidades de Conservação de Proteção Integral (PI) e de Uso Sustentável (US) na Mata Atlântica, totalizando uma área de 102.793 km², isto é, 9,3% do bioma. Anualmente, a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) publicam o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, que, por fotos de satélite, monitora a área desmatada a cada ano. Hoje, dia da MA, a Fundação divulgará os dados levantados no ano passado. Em 2013, os resultados apontaram uma supressão de vegetação nativa do ecossistema de 235 Km², a maior taxa de desmatamento desde 2008, representando um aumento de 29% relativo aos dados do período anterior. Segundo a diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, embora o desmatamento continue, o 27 de maio é sempre comemorado porque o bioma é extremamente importante para a população brasileira, além de um dos mais ameaçados. “Nesse sentido continuamos comemorando e clamando pelo esforço da sociedade”, afirma. META É PRESERVAR 17% ATÉ 2020 Durante a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas em 2010, foi decidido que deverão ser protegidos ao menos 17% da Mata Atlântica até 2020, praticamente o dobro do que hoje é
abrigado em Unidades de Conservação (UCs). Segundo o MMA, para atingir a meta serão consideradas, além das UCs, outras categorias de áreas oficial-
mente protegidas, como Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reservas Legais (RLs) e Terras Indígenas com vegetação nativa conservada.
PODEMOS COMEMORAR Temos o que comemorar? “Claro”, é o que responde a coordenadora de Conservação do Programa Mata Atlântica, Anna Carolina Lobo, da WWF Brasil. Ela informa que apesar de ser o bioma mais ameaçado do país, a Mata Atlântica está entre os cinco maiores hotspots de biodiversidade do mundo. “O Pacto pela Restauração da Mata Atlântica (http://www.pactomataatlantica.org. br/index.aspx?lang=pt-br) é a maior iniciativa do mundo de restauração de um bioma e atualmente existem 80 projetos restaurando quase 60 mil hectares de mata (a meta é atingir a restauração de 15 milhões de ha até 2050)”. Segundo a WWF, registros de remanescente da floresta são encontrados no Nordeste. A Mata Atlântica da região é uma das quatro (entre cinco) onde mais se encontram espécies endêmicas e corresponde a 28,8% de todo o território do bioma. “Infelizmente, 92% da Mata Atlântica do Nordeste foi desmatada, e hoje restam apenas, 19.427 km² do bioma na região - dos 255.245 km² originais - e dezenas de espécies que vivem no local já estão, oficialmente, ameaçadas de extinção, dando à Mata Atlântica nordestina o título de uma das regiões mais degradadas do bioma”, esclarece Anna Carolina. Na área do Corredor de Biodiversidade do Nordeste existem 71 UCs que protegem mais de 685 mil hectares de Mata Atlântica.
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VERDE NO CEARÁ Embora a maior parte do território cearense seja de Caatinga, que recebe a maior atenção do Poder Público, as pequenas áreas de Mata Atlântica também precisam ser preservadas. É o que defende Ednaldo Vieira do Nascimento, integrante da Rede de ONG´s da Mata Atlântica (Roma) e da Fundação Mata Atlântica Ceará (FMAC). Entre os benefícios do território, o ambientalista aponta a proteção da água no estado, já que as nascentes de vários rios importantes estão na MA. Já os mangues, reconhecidos por lei como ecossistemas associados ao bioma, protegem o litoral da erosão e são ameaçados pela política de carcinicultura. “Não temos só Caatinga, há também MA e manchas de Cerrado no Ceará. Precisamos proteger todos os biomas”, defende. Isabela Matos, coordenadora de biodiversidade do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), afirma que não há um Plano específico para a MA cearense, mas que uma das
principais diretrizes do órgão é elevar as UCs em Baturité e na Serra de Aratanha, que atualmente são de uso sustentável, a áreas protegidas de qualquer tipo de exploração. Ela afirma ainda que a não qualificação de dados referentes a MA no Ceará prejudica a elaboração de planos e ações. O diretor florestal da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), Raimundo Costa, informou que o Inventário Florestal do Ceará, cuja elaboração teve início em setembro de 2013 e deve ser concluído em agosto próximo, não necessariamente vai fornecer dados sobre a MA no Estado. “Não se trata de um levantamento de ecossistema específico, e sim de um levantamento geral de florestas”, afirma. No Ceará, a área da Mata é de 865 mil e 242 ha, que corresponde a 6% da área total do Estado e inclui ecossistemas associados como mangues, restingas (vegetação rasteira litorânea) e encraves florestais. Os dados são de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Você sabia?
Sapinho, que só existe na Serra de Maranguape, está ameaçado de extinção
Adelophryne maranguapensis, o sapinho maranguapense, é um anfíbio diurno que atinge menos de 2 cm de comprimento e que só ocorre na floresta úmida da Serra de Maranguape, um remanescente da Mata Atlântica, no Estado do Ceará. Esta espécie reproduz-se em bromélias onde deposita ovos e nasce já formado, sem passar pelas fases de transformação dos sapos comuns.
Apesar de ter sido descoberto em 1994, o sapinho já consta na Lista Nacional de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, principalmente por causa da destruição da mata e sua substituição por cultivos. “Adelo, o sapinho maranguapense”, é a mascote da Fundação Mata Atlântica Cearense e é baseada na espécie. Fonte: Fundação Mata Atlântica Cearense. IGOR JOVENTINO ROBERTO
Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica publicado em 2013 mostra o que sobrou no Brasil
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VERDE
Um frondoso Angelim Marighella POR JÚLIA MANTA*
V
ivemos tempos hostis nesta cidade. Temos assistido na sequência dos dias a um escandaloso arvorecídio, a violência sumária e descabida contra seres tão essenciais à vida saudável neste planeta, personagens fundamentais, e porque não dizer protagonistas nos papéis da diminuição do calor, da melhoria da qualidade do ar, da redução dos ruídos, das enchentes, e da garantia de muitas espécies, inclusive a nossa. Mas todas essas benesses não são o suficiente para mantê-las de pé. No ano em que o golpe civil militar de 1964 completa 50 anos, Fortaleza comemora com o cheiro da seiva bruta escorrendo por todos os cantos, a emersão das sucursais do inferno. Os porões não se fazem mais necessários, pois a tortura, a execução criminosa se faz em pleno céu aberto. Presos políticos, contestadores do regime político em vigor? Não, as vítimas agora são as árvores. E na cidade árida de concreto recebemos a notícia de habitar, resistente, um frondoso Angelim (Andira surinamensis) em Fortaleza. “Puxa, um Angelim...”, pensei logo, com os olhos esticando na direção da utopia, como diria o poeta, “faz escuro, mas eu sonho”. Essas notícias vem daqueles cujos corações palpitam pelo verde, que andam por aí quase tropeçando nas pedras e esbarrando nos postes de tanto olhar pra cima, admirando as copas das árvores e os pássaros. Entre nosso grupo, o admirador deste Angelim nos revelou seu paradeiro e fui ao seu encontro para conhecê-lo. Enchi-me de surpresa ao me deparar com ele. Nossa, como ele é grande, quan-
ta beleza. Ali, tão desapercebido, tão integrado ao cotidiano daquela rua. Aproximei-me para tocá-lo. A alegria foi tanta que tive de compartilhar com um senhor que debaixo da árvore também se encontrava, sentado num simpático banquinho de madeira ao redor do tronco. “Que árvore linda, né?”, disse. O senhor olhou para cima e balançou a cabeça, afirmativo. Decerto que este Angelim persiste um tanto maltratado, bastante inclinado, mas lá está, pelo diâmetro de seu tronco, há mais de 100 anos. Fui até o meio da rua, acompanhando sua copa, depois procurei pelos cantos da calcada pelas sementes.
Não as encontrei, ainda não é chegado o tempo de seu plantio. O senhor, debaixo do Angelim, acompanhava-me com o olhar, como quem observa um bicho estranho, de hábitos esquisitos. E eis que no meio do deserto tinha um Angelim. Tinha um Angelim no meio do deserto. Confesso que tenho medo de informar aqui seu endereço, pois nesses tempos de chacina das árvores, sinto como se estivesse entregando o paradeiro de um guerrilheiro ao DOI-CODI. Fleurys de hoje nos observam sedentos? Árvores sobreviventes estão na mira dos “telefones”, “paus-de-arara” e mesmo
da morte, por uma prefeitura que, ao invés de protegê-las, as elimina como mártires, como símbolos da subversiva e verde cidade sonhada? É o que parece. Portanto, caros leitores, é fundamental que sejamos guardiões dos exemplares que ainda restam, que lutemos pela preservação dos Angelins Marighellas, dos Oitis de Alencar, das Caraúbas da Fonseca, dos Ipês Serra Azul, dos Araticuns Barroso, Jucás Lamarca, frente à ditadura do concreto, dos carros e dos pagamentos de campanha nesta cambaleante, porem resistente, Fortaleza. *Integrante do Movimento Pró-Árvore