O Estado Verde - Edição 22478 - 31de março de 2015

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Insegurança alimentar mata cerca de dois milhões de pessoas por ano

O ESTADO Ano VI Edição No 382 Fortaleza, Terça-feira, 31 de Ceará, Brasil março de 2015

FOTO DIVULGAÇÃO

O que está na sua refeição? No Dia Mundial da Saúde 2015, a Organização Mundial de Saúde vai colocar a alimentação no centro das discussões. PÁGINA 3

11ª edição do Prêmio Fiec por Desempenho Ambiental será hoje

FOTO NAYANA MELO

Maior premiação da área ambiental do Ceará prestigiará projetos e ações das indústrias, voltados ao meio ambiente. PÁGINA 10

Criação do parque não pode estar condicionada às questões fundiárias

Procurador da República defende a imediata criação da UC e legalidade para proteger tanto o poder público e o privado. PÁGINA 9

RESÍDUOS

“Nós ainda estamos na Pré-História” O Ceará tem apenas cinco aterros sanitários licenciados. Esforços estão sendo realizados para resolver um dos maiores problemas da gestão pública do Estado. Páginas 6 e 7


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PEC- 00504/2010

Vem aí mais um Dia Nacional da Caatinga. Desde agosto de 2003, o então presidente Lula da Silva instituiu, por meio de decreto não numerado, 28 de abril, como o Dia Nacional da Caatinga. Por trás do decreto, estava a intenção de fazer com que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e outras instituições, governamentais ou não, promovessem campanhas de valorização e conservação do bioma. De lá até aqui, pouca coisa aconteceu. Por exemplo, a PEC- 00504/2010, do Senado, que altera o § 4º do art. 225 da Constituição Federal, para incluir o Cerrado e a Caatinga entre os biomas considerados patrimônio nacional, a matéria, mais uma vez, no último dia 25, como vem acontecendo há anos, “deixou de ser apreciada em face do encerramento da sessão”. Os dois biomas, em especial a Caatinga, precisam da aprovação da PEC, proposta poderá contribuir para a utilização dos mesmos, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida da população, além de ajudar na captação de recursos. Atualmente, a Constituição considera patrimônio nacional: a Amazônia, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal e a Zona Costeira. A Caatinga e o Cerrado estão precisando de parlamentares que votem a PEC. Será que é tão difícil, assim, mobilizar a bancada nordestina e do Centro Oeste, para encaminhar o assunto? Parlamentar nordestino, não deixe passar mais um aniversário da Caatinga sem a aprovação da PEC.

Projeto Pesca Solidária,

patrocinado pela Petrobras por meio do programa Petrobras Socioambiental, editará uma cartilha que trará histórias e tradições de pesca de comunidades do Ceará e do Piauí. Para isso, já foi iniciado um trabalho de coleta de histórias dos pescadores que vivem na região do estuário dos rios Timonha e Ubatuba, na divisa entre os dois estados. A ideia é reunir dados da vida dos pescadores e, também, de suas experiências no mar.

Os campos de força comumente vistos em filmes de ficção científica, podem tornar-se reais. A Boeing registrou, recentemente, uma patente nos Estados Unidos, com algo que lembra muito o conceito. O nome usado para registro de patente é “método e sistema para atenuação de ondas de choque através de arco eletromagnético”. É um sistema capaz de proteger estruturas de onda de choque que pode ser causada por

explosão. A patente está idealizada para a proteção de veículos, porém, pode ser usada, também, para proteger aviões, navios, submarinos, prédios e até soldados a pé.

Uma aldeia indiana, em Rajastão, tem um jeito especial de celebrar o nascimento de meninas. A cada bebê do sexo feminino que nasce, são plantadas 111 árvores. A tradição começou há oito anos e já resultou no plantio de mais de 286 mil árvores. A iniciativa faz parte de um pacote de medidas criadas pelas autoridades governamentais, para reduzir a quantidade de abortos de bebês do sexo feminino. Devido a alguns dogmas religiosos, a mulher tende a tornar-se um fardo para algumas famílias. Reflexão: “A Lava Jato transformou a corrupção em um modelo de negócio, no qual todo mundo só queria ganhar.” Delton Dallagnol, procurador da República.

31de março Golpe Militar de 1964 Tanques nas ruas, população dividida e um presidente da República acuado e sem apoio. Nesse cenário, há 51 anos, começava no Brasil o mais longo e duro período de ditadura do país, que perduraria 21 anos. Nas primeiras horas do dia 31 de março de 1964, tropas comandadas pelo general Olímpio Mourão partiram de Juiz de Fora (MG) em direção ao Rio de Janeiro consumando um golpe há muito tempo planejado pelas forças militares. Fonte EBC. 31de março Dia da Integração Nacional Integração nacional é o conjunto de políticas de desenvolvimento nacional, para permitir o desenvolvimento sustentável das economias regionais do país. 1º de abril Dia da Mentira Ao implantar o novo calendário gregoriano, o rei da França, Carlos IX, instituiu 1º de janeiro para ser o início do ano. Como naquela época, as notícias demoravam muito para chegar às pessoas, a adoção das mudanças por todos, demorou, também. Antes da alteração, a festa de ano novo era comemorada no dia 25 de março e terminava no dia primeiro de abril. Algumas pessoas, mais tradicionais gostaram da mudança no calendário e continuaram fazer a comemoração na data antiga. Isso virou gozação, por parte das pessoas que concordaram com a adoção da nova data, e passaram a fazer brincadeiras com os radicais, enviando-lhes presentes estranhos ou convites de festas que não existiam. Daí o surgimento do

dia 1º de abril como Dia da Mentira. Inscrições Abertas Medalha Joaquim Feitosa Estão abertas inscrições para o Prêmio Ambientalista Joaquim Feitosa. Na 10ª edição, uma pessoa física será agraciada pelos trabalhos e ações relevantes desenvolvidos em prol do Bioma Caatinga. A cerimônia de entrega ocorrerá no Dia Nacional da Caatinga, 28 de abril, na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (AL-CE). Na ocasião, será comemorado também o centenário do engenheiro agrônomo, professor e ambientalista Joaquim Feitosa. As inscrições abertas dia 24/03, terminarão dia 15/04, juntamente com a entrega das comprovações pelos participantes. Os documentos deverão ser enviados digitalmente para: monica.carvalho@conpam.ce.gov.br e renata.bezerra@conpam.ce.gov.br. O Prêmio é destinado a homenagear pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, que no desempenho de suas ações tenham contribuído de forma relevante para o desenvolvimento sustentável do Bioma Caatinga.

O Estado Verde (OeV) é uma iniciativa do Instituto Venelouis Xavier Pereira, com o apoio do jornal O Estado, para fomentar o desenvolvimento sustentável no Ceará. EDITORA Tarcilia Rego CONTEÚDO Equipe OeV. JORNALISTA Elisângela Alves DIAGRAMAÇÃO E DESIGN Rafael F.Gomes TELEFONES (85) 3033.7500/3033 7505 E (85) 8844.6873 ENDEREÇO Rua Barão de Aracati, 1320 — Aldeota, Fortaleza,


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DIA MUNDIAL DA SAÚDE Comemorar o quê? Certamente, em 7 de abril, o mundo estará mais propenso à tristeza do que a alegria

Insegurança alimentar mata cerca de 2 milhões de pessoas por ano comerciantes, consumidores, todas as partes interessadas do mundo todo para promover no Dia Mundial da Saúde, a segurança alimentar. A agência da ONU ressalta o papel que cada um pode desempenhar para garantir que todos possam sentir-se confiantes, quanto à comida que está sendo colocada no prato nosso de cada dia. De acordo com a OMS, alimentos não seguros cria um ciclo vicioso de doença e desnutrição, e particularmente, afeta crianças, idosos e doentes.

POR TARCILIA REGO Da Redação O Estado Verde

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que está na sua refeição? De onde é que os ingredientes vêm? Foram manuseados corretamente e com segurança em todas as fases, desde a produção agrícola até o prato? No próximo 7 de abril, Dia Mundial da Saúde 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS) coloca no centro das discussões a segurança alimentar. Segundo a OMS, os alimentos não seguros estão ligados à morte de cerca de 2 milhões de pessoas por ano, em todo o mundo, incluindo muitas crianças. E os alimentos que contêm bactérias nocivas, vírus, parasitas ou substâncias químicas são responsáveis por mais de 200 doenças, que vão desde diarreia ao câncer. Outro ponto importante é a relação entre nutrição e segurança alimentar: são indissociáveis, principalmente para a promoção da saúde. De acordo com o diretor do Departamento de Segurança dos Alimentos e Zoonoses, Kazuaki Miyagishima, da OMS, “a melhoria da segurança alimentar e conteúdo nutricional dos alimentos para garantir a saúde de todas as pessoas em um mundo globalizado continua a ser um desafio para todos os governos ao redor do mundo”.

Ameaças

Estudo recente alerta que nos Estados Unidos, a cada ano, um em cada seis americanos (ou 48 milhões de pessoas) fica doente, 128 mil são hospitalizadas e três mil morrem em decorrência de doenças associadas à origem

alimentar e com um custo total de 77,7 bilhões de dólares. Por isso, a data é muito mais um alerta da OMS que está mobilizando produtores, formuladores de políticas públicas, sociedade civil organizada,

Alterações na produção de alimentos, distribuição e consumo; alterações no ambiente; novos e emergentes agentes patógenos; bactérias e micróbios resistentes são aspectos que estão colocando mais e mais desafios aos sistemas nacionais e internacionais, de segurança alimentar, especialmente com o abastecimento alimentar cada vez mais globalizado. A situação exige a necessidade de reforçar os sistemas de segurança dos alimentos. Entre, todos os países, está se tornando cada vez mais evidente a concentração de esforços no controle ao longo de toda a cadeia alimentar – da produção ao transporte, da preparação ao consumo – com o objetivo de monitorar possíveis ameaças.


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VERDE barrosalvesdireito@gmail.com

AUmRica sinonímia do Direito Ambiental dos mais importantes ramos do Direito que se tem sobrelevado sobre outros ra-

mos dessa ciência em razão, sobretudo, dos descaminhos que o homem-predador tem imposto ao planeta, o Direito Ambiental é rico em sinonímias, embora uma apenas tenha se fixado na doutrina e na lei. Todavia, o Direito Ambiental é também denominado de Direito Ecológico; Direito de Proteção da Natureza; Direito Verde; Direito do Entorno; Direito da Biosfera; Direito do Desenvolvimento Sustentável; Direito do Meio Ambiente; Direito do Ambiente; Direito Ambiental. O Direito Ambiental é assim nomeado por estabelecer e sistematizar o estudo dos conceitos, das normas e doutrina em que se assentam o cuidado do meio ambiente. Em face disto é-lhe necessário, mesmo imprescindível, recorrer às ciências que estudam o meio ambiente, tais como, entre outras, à Biologia, à Geografia, à Agronomia, Engenharia Florestal, Biotecnologia, Ecologia. Essa transversalidade de conhecimentos faz do Direito Ambiental um repositório ímpar onde se desvendam os caminhos para se encontrar soluções com vistas à melhoria da vida no planeta.

Comportamento No Direito

brasileiro encontramos muitos estudiosos que se têm firmado como doutrinadores na área do Direito Ambiental, os quais têm emitido seus conceitos sobre este ramo da ciência do Direito. Sérgio Ferraz é um deles. Segundo este eminente professor, o direito Ambiental e “O conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos organicamente estruturados para assegurar um comportamento que não atente contra a sanidade mínima do meio ambiente”.

Equilíbrio De igual modo, para o

professor Diogo Figueiredo Neto, o Direito Ambiental constitui um “Conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos sistematizados e informados por princípios apropriados que tenham por fim a disciplina do comportamento relacionado ao meio ambiente.” Tycho Brahe Fernando Neto, por seu turno, entende que esse ramo do Direito é o “Conjunto de normas e princípios editados objetivando a manutenção do perfeito equilíbrio nas relações do homem com o meio ambiente.”

Proteção O professor Carlos Gomes de Carvalho entende ser o Direito Ambiental o “Conjunto de princípios e regras destinados à proteção do meio ambiente, compreendendo medidas administrativas e judiciais, com a reparação econômica e financeira dos danos causados ao meio ambiente e aos ecossistemas de uma maneira geral.” E, de modo simples, o professor Alexandre Kiss descreve o Direito do Ambiente como sendo “um direito à conservação do meio ambiente.”

Projeto O deputado Moisés Braz apresentou à Assembleia Legislativa do Ceará, Projeto de Indicação 39/2015, o qual institui a política estadual de fortalecimento da agroindústria familiar no Estado do Ceará e dá outras providências”, entre as quais destacamse a inclusão e inserção dos agricultores e agricultoras familiares, pequenos produtores, empreendedores individuais e cooperativas de agricultores familiares, no processo de agroindustrialização e comercialização da sua produção, visando à agregação de valor, geração de renda e oportunidades de trabalho no meio rural, com consequente melhoria das condições de vida das populações beneficiadas direta e indiretamente pela Política. Licenciamento O projeto de autoria do deputado Moisés Braz contempla a questão ambiental, fixada no Capítulo III, - Do Licenciamento Ambiental – em cujo artigo 16 define ipsis verbis: “Para fins de implementação da Política Estadual de Fortalecimento da Agroindústria Familiar no Estado do Ceará ficam autorizadas parcerias com órgãos ambientais federais, estaduais e municipais com o objetivo de se estabelecer o Registro Ambiental Simplificado de Pequenas Agroindústrias de Baixo Impacto Ambiental, através da implantação de uma única licença para sua operação, bem como fortalecer a divulgação das informações sobre as legislações existentes acerca do meio ambiente, gestão ambiental, agroecologia e seus conceitos, através de uma proposta de capacitação quanto ao cumprimento dessas legislações nas concepções dos projetos agroindustriais.”

RioMar Fortaleza realizará ação “Dedique Um Livro” para incentivar a leitura

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ada como a surpresa de um bom livro e com dedicatória, então, pode ser melhor ainda. Acontece até o dia 06 de abril, no RioMar Fortaleza, ação “Dedique Um Livro”, uma parceria com a Loja Cecilia Dale e a Livraria Leitura que doará parte dos livros para a ação de responsabilidade social que busca estimular o intercâmbio do conhecimento e incentivar a leitura. Qualquer pessoa pode participar, é bem simples: a pessoa traz um livro, troca por outro e leva para casa uma nova história. Só pode levar um livro quem trouxer outro. Mas não basta trocar um livro por outro, é preciso fazer uma breve dedicatória, assim quem recebe poderá ter uma grata satisfação com o conteúdo da dedicatória. O espaço da ação contará com um lounge e prateleiras e ficará situado no shopping RioMar Fortaleza, em frente à Livraria Leitura, no Piso L2. O funcionamento será de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 12h às 21h.

Ação Social

Todos os livros que restarem no espaço, no dia 06 de abril, serão doados

a uma instituição. A doação ficará sob a responsabilidade do Instituto JCPM, braço social do Grupo Paes Mendonça, que desenvolve ações de Responsabilidade Social, junto à comunidade do entorno do RioMar, como capacitação de jovens.

SERVIÇO

Dedique Um Livro Data: de 28/03 (sábado) a 06/04 (segunda) Local: Piso L2 – Em frente à Livraria Leitura (RioMar Fortaleza) Horário: de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 12h às 21h.

A comenda será entregue no Dia Nacional da Caatinga As inscrições para o Prêmio Ambientalista Joaquim Feitosa estão abertas. Nesta 10ª edição, uma pessoa física será agraciada pelos trabalhos e ações relevantes desenvolvidos em prol do Bioma Caatinga. A cerimônia de entrega ocorrerá no Dia Nacional da Caatinga, 28 de abril, na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. A decisão foi tomada na reunião do dia 24 de março, no auditório da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), pelos membros do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga. Na ocasião, será comemorado, também, o centenário do engenheiro agrônomo, professor e ambientalista Joaquim Feitosa que inspi-

rou a criação da comenda. As inscrições iniciadas dia 24, terminarão no dia 15 de abril, juntamente com a entrega das comprovações pelos participantes. Os documentos deverão ser enviados digitalmente para os e-mails: monica.carvalho@ conpam.ce.gov.br e renata. bezerra@conpam.ce.gov. br. As propostas recebidas, após o prazo estabelecido, não estarão aptas a concorrer. O Prêmio Ambientalista Joaquim Feitosa é destinado a homenagear pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, que no desempenho de suas ações tenham contribuído de forma relevante para o desenvolvimento sustentável do Bioma Caatinga. As pessoas físicas e jurídicas concorrem isoladamente em anos alternados.


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OPINIÃO formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e sócio-fundador da SBAC (http:// www.sbac.com.br/), escritório especializado em atendimento jurídico para startups e PMEs.

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As empresas estão preparadas para um racionamento?

a base de uma relação formal entre empresas, estão em jogo direitos e deveres entre as partes. Cabe à parte contratada, por exemplo, entregar um serviço ou produto dentro de prazos estabelecidos, para receber do contratante o acordado pagamento. Em caso de atraso ou falha na entrega, o bom vínculo prevê multas e outros dispositivos de modo a reequilibrar a relação, resguardando a parte lesada. Tudo o que é óbvio, até aqui pode ganhar uma boa dose de complexidade caso a atividade das empresas venha a ser impactada pela restrição ou falta de recursos básicos como a água e a energia. Eis a pergunta: o que vai acontecer com o empresário que perder dinheiro ao não conseguir honrar seus contratos, devido à escassez desses recursos? Serviços considerados essenciais, como o fornecimento de água, gás e energia elétrica, consoante aos princípios constitucionais e ao Código de Defesa do Consumidor, devem ser contínuos. Caso isso não aconteça, quem for prejudicado terá pela frente um caminho seguro para receber uma indenização, tanto material, quanto moral. Consideremos como exemplo uma startup que vende soluções digitais e não consegue entregar ao cliente um serviço em tempo hábil porque alguns equipamentos essenciais para a produção ficaram inoperantes por conta de sucessivas quedas de energia. Se o contrato estabelece uma multa de 50% pelo descumprimento do prazo e, se houve o recebimento de metade do valor de forma antecipada, o empresário não receberá a segunda parte quando for feita a entrega. Para remediar esse prejuízo que não foi de sua responsabilidade, a empresa deve entrar na Justiça e solicitar a reparação de suas perdas à concessionária responsável pelo serviço. Esse é um processo considerado de “causa ganha”, ou

LUCAS COLFERAI ADVOGADO

Tudo o que é óbvio, até aqui, pode ganhar uma boa dose de complexidade, caso a atividade das empresas venha a ser impactada pela restrição ou falta de recursos básicos, como a água e a energia. seja, dificilmente um juiz não concederá a indenização. O que vai mudar é o valor da indenização arbitrado pelo juiz e isso vai depender muito

do conjunto de provas produzido pelas partes. Acontece que uma empresa de pequeno porte quase nunca está preparada para, em primeiro lugar, absorver o prejuízo e, posteriormente, ainda ter fôlego para encarar a maratona jurídica. Em média, serão necessários cinco anos, com otimismo, até o fim dessa história. E quem garante que até lá o caixa da empresa vai aguentar a pressão? Também não é descartável a possibilidade de, em caso de confirmação das previsões mais pessimistas que apontam para uma completa escassez de água nas regiões Sul e Sudeste até meados do segundo se-

mestre deste ano, no auge do período da estiagem, que o judiciário passe a ser amplamente demandado por processos como o aqui exemplificado. Naturalmente, o tempo até uma decisão final tende a aumentar consideravelmente. Além de torcer para as chuvas e por ações competentes dos governos na gestão dos recursos naturais, cabe ao empresário adotar caminhos preventivos. Desde já, aqueles que se sentem ameaçados pela crise hídrica e energética devem pleitear acordos com seus clientes de modo a acrescentar uma cláusula nos contratos, inclusive aqueles que estão em vigência, especificando alternativas para minimizar esses impactos. Ou seja, se faltar energia, um gerador será alugado para que o trabalho não seja interrompido. Para cobrir eventual falta de água, caso o bem seja imprescindível para atividade da empresa, um caminhão pipa será solicitado. Se esses dispositivos forem acionados, obviamente, é preciso deixar claro para o cliente que o custo do produto ou serviço ficará um pouco maior e o contrato precisará ser reequilibrado. O empresário ainda pode optar por incluir uma cláusula que prevê a ampliação do prazo de entrega em vez de aumentar o custo de sua operação. Neste caso, o desafio é deixar claro para os dois lados sobre como será determinado e aplicado o prazo extra. Por fim, não cubra a cabeça sem descobrir os pés. Na clara tendência de ampliar as políticas de home office a fim de reduzir a demanda de energia e água dentro das empresas, os empresários ainda devem estar atentos com seus funcionários. Adotar soluções para mensurar a efetividade do trabalho realizado de casa e o controle de horas é fundamental para evitar passivos trabalhistas e, assim, atravessar uma eventual crise sob alguma tranquilidade.


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VERDE FOTO CONPAM/DIVULGAÇÃO

Promovido pela Sema, Seminário Estadual de Cenários para Gestão de Residuos Sólidos do Ceará, reuniu mais de 250 pessoas e representantes de 80 municípios

RESÍDUOS SÓLIDOS Apesar das dificuldades, esforços estão sendo realizados por parte dos gestores municipais

Um dos maiores problemas da gestão pública do Estado POR TARCILIA REGO Da Redação O Estado Verde

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Ceará conta, apenas, com cinco aterros sanitários licenciados, em um universo de 184 municípios e população estimada em quase 8.800.000 habitantes. O problema de tal magnitude, justifica as palavras do titular da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), Artur Bruno ao afirmar que “hoje, um dos maiores problemas da gestão pública do Estado é, justamente, a questão dos resíduos sólidos”. Bruno falou durante o Seminário

Estadual de Cenários para Gestão de Resíduos Sólidos do Ceará, promovido pela Sema, no Auditório do Centro Espiritual Uirapuru (CEU), no último dia 26. O evento reuniu mais de 250 participantes, entre prefeitos, secretários, estaduais e municipais, representantes do Terceiro Setor, servidores públicos, empresários e interessados, que discutiram o panorama e os cenários para a formulação e elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS). O documento será construído a “partir dos anseios da sociedade, através do diálogo”, como orienta Camilo Santana.

“Asseguro que a gestão será participativa e no que diz respeito aos resíduos, o governador conhece bem a questão. Ele já foi secretário das Cidades e do Desenvolvimento Agrário, portanto, sabe bem, de todos os problemas, que vocês [municípios] estão passando. Mas com parcerias, nós vamos encontrar as melhores soluções,” esclarece o titular que já está agendado com governador para tratar do assunto. “Posso observar que a sociedade está bem consciente desse momento de discussão e de grande valia para a condução da gestão estadual dos resí-

duos, disse o presidente do Conselho Diretor da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (Arce).

PERS

A proposta do Seminário foi dar continuidade à elaboração do PERS, o qual abrangerá todo o território do Estado, para um período de 20 anos com revisões a cada quatro anos, observando o conteúdo mínimo definido pelo artigo 17 da Lei no 12.305/2010. “Um encontro para subsidiar diretrizes, estratégias, metas no encaminhamento da nossa po-


VERDE lítica”, destacou o presidente do Conselho da Agência Reguladora do Ceará (Arce), Adriano Costa. Sem dúvidas uma matéria polêmica e complexa, como afirma o superintendente da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), Regino Gomes Filho. Segundo ele, “já estamos passando do tempo e já chegou o momento de pensarmos, repensarmos, muito bem pensado, o nosso plano de trabalho e projetar melhorias nessa área, para os próximos anos.”. O representante da Secretária das Cidades, Alceu Galvão, atual coordenador de saneamento da pasta, disse compreender os “desafios e angústias dos municípios” decorrentes das pressões ambientais e do Ministério Público (MP). “Mas sei, também, que de certa forma, há um desconfiança por que estamos discutindo o assunto há cerca de 6, 8 anos. Precisamos fazer isso acontecer”, frisou. “A gestão integrada é um desafio enorme, aqui no Ceará. E essa é uma das prioridades da nossa secretaria. E nós, não podemos fazer isso acontecer, sozinhos, mas em parceria com as demais secretarias e instituições, pois o assunto é transdisciplinar, envolve um conjunto de parceiros”. Nos próximos quatro anos a politica será tratada na Sema, no que cabe ao meio ambiente. Na Secretaria das Cidades no que concerne o trabalho de desenvolvimento social e da política “aí entra a questão dos catadores”, e a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) tratará das definições. Desconhecimento da “lentidão do Estado”, no tratamento da questão, a representante do Fórum Lixo e Cidadania, Ana Maria de Freitas, contou que desde o ano de 2000, a entidade “vem nesse trabalho de articulação e de preocupação” com o tema. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) tem ajudado a atuação do Fórum. “A nossa atuação é no sentido de inclusão dos grupos, associações e cooperativas de catadores de recicláveis. Estas pessoas, até hoje, fazem a coleta seletiva sem muito apoio governamental.” Ana destacou que muitas vezes a organização quer discutir o assunto com os municípios, mas percebe certo desconhecimento da PNRS por parte dos mesmos. O Decreto 5.940/06 determina que os resíduos dos órgãos federais sejam destinados a grupos de catadores; a Lei no 11.445/07 dispensa os municípios de licitação na contratação de serviços das organizações. O presidente da Associação dos Prefeitos do Estado do Ceará (Aprece), Expedito José Nascimento, falou em nome dos municípios. Ele “considera a situação

urgente”, disse que todos os prefeitos presentes e ausentes, “têm ciência da necessidade e urgência do assunto, mas falta recurso”. Oitenta representantes de municípios participaram do Seminário. Segundo Nascimento, “todos precisam ter consciência o quanto custa elaborar um plano dessa natureza, mas parcerias podem viabilizar algumas ações”. Ele citou o Instituto de Desenvolvimento de Consórcio (IDC) que vem colaborando com a Aprece. “Em regime de consórcios estamos com custo de R$ 19 mil. E todo o material que não vai para o aterro, é incinerado em Fortaleza”.

Quatro mãos

Para o engenheiro civil, Francisco Humberto Júnior, professor do IFCE, o “lixo” é um dos principais, senão o maior problema dos municípios e necessita de muito diálogo e vontade política para avançar. Destacou a responsabilidade do município sobre o tema. “O Estado está tentando fazer a parte dele, assim como o governo federal, mas mesmo assim precisamos trabalhar a quatro mãos: sociedade civil, empresários, catadores e poder público”. Humberto Júnior, um dos palestrantes do Seminário, fez questão de dizer que o

prazo para o fechamento dos lixões não foi prorrogado e que as responsabilidades dos municípios continuam, conforme Lei 12.305 de 2010 ou PNRS. “No Brasil, ainda estamos na pré- história, na Era dos Dinossauros, agora que estamos querendo o fim dos lixões, enquanto países como Alemanha, Japão Suíça, recicla 50% dos resíduos e incineram 50% do rejeitos.” Na Europa já não é permitido construir aterro de resíduos, somente de rejeitos. Ele explicou as diferenças entre gestão e gerenciamento de resíduos. O Plano Municipal de Gestão de Resíduos apresenta metas e o Plano de Gerenciamento como executar as ações e estratégias previstas. Para onde vão os resíduos, como vou tratar? É uma espécie de manual, o passo a passo de como tratar os resíduos e deve ser trabalhado com um horizonte de 20 anos . “O Município tem obrigação de fazer o Plano de Gestão. Tem obrigação de participar de consórcio se essa solução faz parte do plano de gestão.” A gestão adequada dos resíduos sólidos pressupõe a Educação Ambiental, a coleta seletiva, o estímulo à comercialização de materiais recicláveis, a compostagem, a inclusão de catadores e a adoção de sis-

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tema ambientalmente adequado para a disposição final de rejeitos.

Entenda a notícia

A criação do Plano Estadual de Resíduos Sólidos é a condição para que os Estados possam ter acesso aos recursos da União ou recebam os benefícios por incentivos e/ou financiamentos de entidades federais de crédito. Os documentos devem contemplar a coleta seletiva, inclusão de catadores, educação ambiental, mercado para recicláveis, respeito às normas ambientais e de sustentabilidade econômica. Em agosto de 2012 venceu o prazo para a entrega dos Planos Estaduais e Municipais de Resíduos Sólidos. A secretária executiva da Sema, Maria Dias, explicou que neste momento o Estado não está validando um plano. “O momento é de construção e discussão de cenários”. Não há sanção para o município que não entregar o plano. A cidade só não tem acesso a recursos. Após 2 de agosto de 2014, o município que não tiver aterro sanitário, responderá por crime ambiental, dependendo, claro, da gravidade da situação, de acordo com a Lei 12.305/2010.


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DESPEDIDA Educadora ambiental muito respeitada, servidora ficará em projeto estratégico: o Cadastro Ambiental Rural

Depois de sete anos, Maria José Holanda retorna para a Semace

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or ocasião do Seminário Estadual de Cenários para Gestão de Resíduos Sólidos do Ceará, dia 28, no Centro Espiritual Uirapuru (CEU), a educadora ambiental, Maria José Holanda, recebeu homenagem de colegas e do atual secretário de Meio Ambiente do Estado, Artur Bruno. Depois de alguns anos à frente da Coordenação de Educação Ambiental (CEA) do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), a servidora e também presidente da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental (Ciea), retorna para a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). Com a extinção do Conpam e a criação da nova Secretaria [Sema], a educadora disse que retorno para a Semace, “por motivos alheios à sua vontade”. Passa pela questão de melhoria das condições salariais que a Semace apresentou para os seus funcionários. “Então, eu retornei”. A Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental funcionou 13 anos sob a minha coordenação. “Eu comecei desde 1987, na Semace, com a criação da CEA. Em 2011 foi extinta a Coordenação, passando para o Conpam atual Sema, os programas de educação ambiental. Da Semace fui para o Conpam, hoje volto para a Se-

FOTO SEMA/DIVULGAÇÃO

nha ida para a Semace, não sei, estou aguardando”, disse. Ela integra o Comitê desde o ano de 2007. O novo coordenador de Educação Ambiental da Sema é o servidor Ulisses Rolim que integrou a equipe de Maria José. “O Ulisses ficará à frente e os programas continuarão, como a formação de educadores ambientais”. O Ulisses, assim como eu, é servidor da Semace e está neste momento à disposição da nova Secretaria. Mazé informou que na Semace, ela irá trabalhar no Cadastro Ambiental Rural (Car), considerado um programa estratégico para os governos estadual e federal.

Homenagem

mace”, explica a educadora. Ela, também, tinha assento no Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e acredita que, agora, “o Ceará poderá perder o cargo” para um representante do Estado do Pará, com larga atuação na área. “Eu acredito que por conta da identificação do representante paraense com a Educação Ambiental, ele venha a reivindicar essa vaga que hoje é do Ceará.“ “Precisa haver uma eleição”, esclarece. A Ciea não é uma comissão do

Conama ou de nenhuma instituição, ela é uma comissão de representatividade que hoje está composta de 20 instituições, entre governamentais e não governamentais. “Então, entre essas instituições, deverá sair o novo coordenador”. Maria José mantem uma relação muito próxima com órgãos e redes de educação ambiental, em todo o Brasil. “Até hoje, continuo assessora do Comitê Assessor da Política Nacional de Educação Ambiental, mas agora a mi-

Durante a homenagem e despedida de Mazé, como é conhecida por muitos, ela recebeu flores das mãos do secretário Artur Bruno que agradeceu os serviços prestado por ela e enalteceu o comprometimento da mesma com a educação ambiental. Os integrantes da Comissão compareceram em grande número para a distinta homenagem. Dentre os presentes, além de muitos servidores públicos, os representantes da Federação das Indústrias do estado do Ceará (Fiec), Renato Aragão e Elaine pereira, e também o responsável pelo Departamento de Gestão ambiental da Coelce, Sergio Araújo.

Energia Empreendedora capacita moradoras da periferia de Fortaleza O Projeto Energia Empreendedora, realizado pelo Grupo de Interesse Ambiental (G.I.A) em parceria com a Coelce, irá oferecer oportunidade, de emprego e geração de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade social dos bairros, Jardim Iracema, Centro, Jurema, Aracapé e Genibaú Mondubim e Caucaia. As 15 mulheres entre 40 e 60 anos inscritas no projeto participarão de um curso de capacitação e produção de materiais feitos com resíduos sólidos reci-

cláveis. Ao todo, serão produzidas 1.500 peças, que variam entre porta-cartões, mochilas esportivas, bolsas e pastas para eventos. As primeiras aulas do curso, que terá duração de seis meses, começaram dia 23. Na ocasião também será exibido um protótipo da loja “Pode crer”, onde as peças serão vendidas. O curso, que engloba aulas de corte e costura em maquinário industrial, acontecerá no período da tarde, das 14h às 17h, de segunda à sexta-feira, durante seis meses. Inicialmente, as partici-

pantes serão capacitadas por professor com vídeos educativos sobre o que os idealizadores da G.I.A chamam de 4 R’s (repensar, reduzir, reutilizar e reciclar). Além disso, serão oferecidas noções de educação ambiental, empreendedorismo e mercado verde. Antes de começarem as aulas de produção, as participantes conhecerão os resíduos sólidos que servirão de matéria-prima, como lona, caixa de tetra-pack e papel “line”. Após o curso, as mulheres receberão um certificado de

participação e três delas terão a chance de contratação no G.I.A.

Luz Solidária

O programa Luz Solidária tem o objetivo de estimular o uso de eletrodomésticos eficientes, respeitando o meio ambiente por meio da troca de eletrodomésticos velhos por equipamentos novos e econômicos. Além disso, tem o intuito de gerar renda nas comunidades por meio dos projetos beneficiados pelo programa.


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PARQUE DO COCÓ Procurador da República defende que legalidade protege tanto o poder público como o particular

Criação da UC não pode estar condicionada às questões fundiárias FOTO ELISANGELA ALVES

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efinição imediata da Unidade de Conservação (UC). Mais uma vez, o Fórum Permanente pela Implantação do Parque Ecológico do Cocó volta a se reunir para apresentar os resultados obtidos durante as reuniões já realizadas pelos subgrupos temáticos. O encontro aconteceu dia 26, na sede do Ministério Público Federal (MPF), no Centro da Capital. Para o procurador da República, Alessander Sales, que coordenou os trabalhos, a criação de UC independe de prévia regularização fundiária; criação imediata com a definição da poligonal e expedição de decreto de criação e não de desapropriação; além de abertura imediata de procedimento de regularização fundiária e defender “um valor de indenização justa em seu devido tempo”. “Ou adota-se o procedimento legítimo de autocomposição administrativa, após a criação da UC ou temo que não consigamos chegar a essa criação compondo com todos que tenham interesse na área”, afirma Sales, acrescentando que “a legalidade protege tanto o poder público como o particular”.

regulamentação do Parque do Cocó, a suspensão de licenças para obras na área da poligonal atualmente definida pelo então Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam).

Divergências

Os estudos sobre poligonal e tipologias provocaram divergências no próprio grupo que considerou pertinente, a criação de uma poligonal específica do Fórum Permanente. O ambientalista, Leonardo Jales, do Movimento Pro-Árvore, defende que conste na nova diagonal, a área de duna, com olho d’água, localizada nas proximidades do Clube dos Diários, dada a sua relevância. Jales disse à nossa reportagem que está otimista quanto à implantação do parque. “O atual governador, Camilo Santana, mostra-se mais comprometido com a causa, até porque, ele foi funcionário do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), possui mestrado em gestão ambiental, tem um histórico na área, e isso faz diferença.

Polêmica

Antes do início das apresentações, o procurador da República, Alessander Sales, colocou em votação a solicitação do Instituto de Arquitetos do Ceará (IAB), para fazer parte das discussões do fórum. Apenas o procurador discordou, alegando que as discussões já estão avançadas, além disso, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Ceará, já os representam. A proposta foi aceita por maioria dos votos.

Eixos

Dividido em quatro eixos, o encontro aprofundou as discussões e estudos restritos aos seguintes temas: “poligonal e tipologias”, “caracterização ambiental e urbanística”, “aspectos jurídicos” e “intervenções atuais e futuras”. No entanto, o grupo responsável pelo segundo tema não se apresentou, ficando para a próxima reunião. O grupo que tratou do tema “intervenções atuais e futuras”, representado pelo vereador João Alfredo (PSOL), destacou através de mapas, os desmatamentos, a poluição, os aterramentos de rios e lagoas, as construções irregulares, entre tantas outras agressões e propôs aos órgãos ambientais, até a

FOTO NAYANA MELO

DA REDAÇÃO O Estado Verde

SAIBA MAIS

Membros do Fórum Cocó apresentam resultados na sede do Ministério Público Federal

GRUPO RESPONSÁVEL: pela caracterização ambiental e urbanística do parque, não apresentou proposta, ficando para a próxima reunião, agendada, para 16 de abril. Por solicitação do secretário de Meio Ambiente do Estado, Artur Bruno no próximo encontro, será apresentada uma proposta baseada em estudos realizados pelos órgãos governamentais.


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SUSTENTABILIDADE Maior premiação da área ambiental do Ceará prestigiará projetos e ações das indústrias, voltados ao meio ambiente

11ª edição do Prêmio Fiec por desempenho ambiental será hoje FOTO DIVULGAÇÃO

POR TARCILIA REGO Da Redação O Estado Verde

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contece, hoje, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), a cerimônia de premiação da 11ª edição do Prêmio Fiec por Desempenho Ambiental. Reconhecer e premiar a atitude de empresas industriais que buscam, através de ações e projetos, a sustentabilidade ambiental, é o que está por trás da filosofia do certame. Este ano, 14 empresas estão na disputa das quatro modalidades: Produção mais limpa; Reúso de Água; Educação ambiental; e Integração com a sociedade. Segundo o coordenador do Núcleo de Meio Ambiente (Numa), da Fiec, Renato Aragão, o objetivo “é reconhecer aquelas empresas, filiadas aos sindicatos que integram o Sistema Fiec, destacam-se na conservação do meio ambiente e implementam atividades que resultam na melhoria da qualidade ambiental, de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável e de modo a servirem de modelo para outras, no setor industrial”. Em 2002, por sugestão do próprio Aragão, então assessor de Meio Ambiente da Presidência da Fiec, a Reso-

Já é vitória

lução 11/2002 foi assinada, “com o propósito de tornar a temática ambiental e o desenvolvimento sustentável, uma constância, no dia a dia das indústrias cearenses”. E foi esta mesma Resolução que contemplou a criação, do agora, consagrado Prêmio Fiec por Desempe-

Prêmio Fiec por Desempenho Ambiental Empresas finalistas e respectivas categorias PRODUÇÃO MAIS LIMPA

• Piscis Indústria e Comércio Ltda. • Grupo Tavares: Ceagra – Cerâmica Agrpecuária Assunção Ltda. • Cerâmica Torres • Esmaltec S/A • Aeris Energy EDUCAÇÃO AMBIENTAL

• Companhia Energética do Ceará (Coelce) • CoBAP • Amêndoas Brasil

ano, estamos participando com o Projeto Conta Verde. Eu diria, este é um projeto com altíssimo desempenho em educação ambiental”, vibra Araújo. “Sempre estamos participando! Já concorremos com o Ecoelce e com o Troca Geladeiras, dentre outros. Ganhar é consequência, o importante, mesmo , é desenvolver bons projetos, de forma a incentivar a sociedade a zelar cada vez mais pelo meio ambiente. Se estou confiante? Sim, espero e estou confiante e na torcida. Que a Coelce ganhe mais este prêmio , agora com o Conta Verde.”

REUSO DA ÁGUA

• Sanebras Projetos e Construções e Consultoria Ltda. • Sucos Jandaia

REUSO DA ÁGUA

• OCS Mineração e Empreendimentos • Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) • Alpha Metalúrgica

nho Ambiental.

Conformidade Ambiental

Cada empresa pôde concorrer com projetos referentes a qualquer uma das modalidades. Mas para participar, todas tiveram que apresentar conformidade ambiental. Ou seja, “estar em dia com as exigências da legislação ambiental vigente e apresentar documentação comprobatória’’, como explica Aragão. A Companhia Energética do Ceará (Coelce), mais uma vez, participa e mais uma vez, está entre as finalistas, podendo novamente, ganhar na categoria Educação ambiental. É oportuno indagar, qual a receita para a boa performance da Coelce quanto ao desempenho ambiental, afinal, a Companhia já participou, praticamente, de todas as edições e modalidades, tendo sido premiada oito vezes. De acordo com o coordenador da Área de Meio Ambiente, Sérgio Araújo, a Coelce tem um bom sistema de gestão ambiental e com este, o compromisso de sempre buscar novas soluções. “Este

Diferente da Coelce, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), segundo informação da assessoria de imprensa, concorre pela primeira vez. Para a CSP é relevante participar do certame, assim como receber o “reconhecimento” da Fiec. “É um respaldo ao nosso programa de educação socioambiental, que tem um viés muito importante para a Companhia: a integração com a sociedade”. A CSP inscreveu o Programa Educação para a Sustentabilidade e através do mesmo, “busca formar multiplicadores de temas e de soluções para suplantar os desafios socioambientais do território”. Quanto à expectativa de vitória, acredita que “apresentar o que faz e compartilhar isso com as demais indústrias, demostrando que a comunidade do entorno do empreendimento deve ser compreendida como parte do mesmo, já é vitória, por si só”. As empresas vencedoras receberão troféu e diploma alusivos ao prêmio. E as empresas que participaram do concurso, mesmo não tendo sido selecionadas, receberão diploma pela participação. SERVIÇO

Solenidade de Entrega: Prêmio Fiec por Desempenho Quando: 31/03/2015 (terça-feira), as 17h00 Local: Fiec - Av. Barão de Studart, 1980, Auditório Waldir Diogo - Térreo


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CURIOSIDADESIdeias Brilhantes As mudanças climáticas contadas em quadrinho

Uma mochila carrega celular e outra ilumina vidas e caminhos A ideia de ficar sem celular, seja por um dia, ou questão de horas não agrada a ninguém, ademais, atualmente, tudo que fazemos em nosso dia a dia passa pelo uso de tecnologias. O celular então, com suas múltiplas funções, passou a ser necessidade básica. Porém, o problema, é que o aparelho sempre descarrega quando mais precisamos dele, deixando usuários desapontados. A empresa, Project Solaire, da Califórnia (EUA), desenvolveu uma solução para este tipo de situação: todas as mochilas da marca vêm com sistema de captação de energia solar. As peças apresentam um painel resistente à água e removível , de 7 watts, mais uma bateria portátil. Em apenas dez minutos, o celular já estará com 30% da carga. As peças feitas de couro e lona, custam em torno de US$ 190. Mais informações: www.projectsolaire.com.

África

Dignidade, mais horas de estudo, segurança e visibilidade para os estudantes africanos. É o resultado de um projeto parecido, desenvolvido na África , porém muito mais inovador e inspirador. Um grupo de mulheres sul-africanas, o Rethaka, criou mochilas com uma placa solar acoplada que durante o dia carrega e garante luz na casa da criança à noite. É uma proposta que busca mudar a realidade local a partir de mochilas es-

colares inovadoras. As peças, também brilham no escuro, graças a material retrorrefletor que garante a visibilidade do estudante na estrada, ajudando a combater uma triste estatística daquele país: todos os dias, três crianças morrem atropeladas nas rodovias da África do Sul, de acordo com a Agência Nacional Sul-Africana de Estradas. “Queríamos criar uma mochila que ficasse ao lado de uma criança que desbrava a escuridão e o frio das 5h da manhã em seu caminho para a escola”, contam as criadoras no site do projeto (www.repurposeschoolbags.com). Só na África do Sul 11,4 milhões de estudantes percorrem longas distâncias todos os dias para estudar. Batizadas de Repurpose, as mochilas são feitas a partir da reciclagem de sacolas plásticas de supermercado.

De forma simples, publicação apoiada pelo Pacto Global, chama atenção para as consequências do aquecimento global. Este ano, líderes mundiais reúnem-se em Paris, na Conferência das Partes (COP21), para estabelecer um novo acordo climático capaz de promover a mitigação e a adaptação ao aquecimento global. E como principal rede de diálogo da Organização das Nações Unidas (ONU), com o setor privado, o Pacto Global tem liderado as discussões internacionais sobre a responsabilidade das empresas diante desse grande desafio planetário. Nesse contexto, a Rede Brasileira do Pacto Global desenvolveu uma reflexão criativa e descomplicada sobre o tema, através de uma história em quadrinhos (HQ), intitulada Heróis do Clima – A aventura e a ciência por trás das mudanças climáticas, dese-

nhada pelo a pelo Caco Galhardo.

Sobre a publicação

Com 52 páginas, Heróis do Clima conta a história da ciência do clima por meio de dois personagens que vivem em Marte, no ano de 2072. Um avô e seu neto conversam sobre a Terra e sobre como pesquisadores, líderes mundiais e cidadãos comuns constataram a realidade e as consequências do aquecimento global, abordando termos e conceitos como efeito estufa, concentração de emissões de gases atmosféricos, dentre eles o CO2, e Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). Faça o download da HQ: http:// www.pactoglobal.org.br/Public/ upload/ckfinder/files/HQ_HEROIS_ PACTOGLOBAL_ESP_BXok.pdf Fontes: PNUD e Rede Brasileira do Pacto Global.


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VERDE FOTO ANTONIO SÉRGIO

OPINIÃO Marcos Chastinet Júnior, bacharel em direito, historiador e membro do Movimento Pró-Árvore

A mediocridade, o espaço público e o meio ambiente Não é o mal que arruína a terra, mas a mediocridade.” Ned Rorem

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uma de suas inúmeras crônicas políticas, Arnaldo Jabor afirma que a fonte primária dos males do país é a burrice. Segundo este jornalista, ela seria a rocha máter da sociedade brasileira, o que equivale dizer um fator que embasaria toda a cultura e práticas sociais. Particularmente, discordo desta afirmação. Comparando as práticas culturais e políticas atuais, com as práticas constatadas na história mais remota do país, conclui-se que por aqui pouco se sofre de burrice. Nem os cidadãos, nem os seus representantes sofrem deste mal. O caso particular do país cabe bem na frase de Ned Rorem, quando aponta que a causa da ruína de uma terra é a mediocridade de seus moradores. O próprio Mário de Andrade, em sua

argúcia inata, criou o personagem-síntese da alma do brasileiro, Macunaíma, um “herói sem caráter”: capaz de grandes feitos, mas por vezes se dá mal por conta de sua preguiça e malandragem. É também um personagem que se maravilha com o progresso da cidade grande apesar de constatar de perto suas contradições. Pode-se dizer que uma das características da mediocridade arraigada na cultura brasileira é a de fabricar atalhos, ou escolher o caminho mais fácil (e pior) para se fazer as coisas. Compreende uma postura em que o interesse próprio é sempre superior ao da coletividade. Desta postura egocêntrica nasce o desrespeito à lei e aos direitos alheios. Exemplificando: é medíocre o motorista que, apesar de ser condutor de um automóvel de última tecnologia, não hesita em jogar embalagens e outros detritos pela janela do carro, pouco

se preocupando com a poluição na via pública, que entope bueiros e propicia o surgimento de doenças. Também é medíocre o morador que corta árvores situadas nas calçadas e canteiros centrais das vias públicas sob a alegação de que suas folhas sujam as calçadas (este mesmo cidadão quando estaciona seu automóvel na via pública vai à procura de uma sombra para abrigar seu carro do sol escaldante). Da mesma forma medíocre é o gestor público que em seus planos de urbanização gestam vias áridas, sem verde, praças desoladas e, na maior parte das vezes, sem qualquer projeto de paisagismo o que se traduz num urbanismo pobre de natureza e ausente de beleza. Até onde se sabe, o município de Fortaleza padece do fato de não contar com uma política de arborização de seus espaços públicos. Enfim, medíocre é o fascinado com a tecnologia humana, o mesmo mal sofri-

do por Macunaíma, e que por isso não sabe enxergar que o gênio do homem tem suas bases materiais enraizadas na natureza, na terra. Não percebe que a separação entre a natureza e a civilização é algo artificial e ultrapassada. Que o homem dela precisa para sobreviver, viver e criar. E que, numa última instância, ele próprio é fruto do pó da terra ao qual voltará, como muito bem disse há milênios o texto bíblico. Como forma de superar a mediocridade humana que atinge o meio ambiente e faz os cidadãos sofrerem com a poluição, com o calor crescente dos espaços públicos, e com a feiura de um urbanismo sem vida, recomenda-se um olhar mais benevolente para com a natureza, como uma mãe de uma família da qual há muito nos distanciamos e da qual precisamos, com urgência, nos reaproximar. Porque, ainda que não se admita, dela dependemos em tudo.


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