O Estado Verde - Edição 22468 - 17 de março de 2015

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O ESTADO Ano VI Edição No 380 Fortaleza, Terça-feira, 17 de Ceará, Brasil março de 2015

Mais uma vez, no próximo 22 de Março, a água é celebrada

FOTO DIVULGAÇÃO

“Água e Desenvolvimento Sustentável” é o tema, mas poluição, falta de investimento e desperdícios pressionam o recurso.

Dia Mundial da Água EDIÇÃO ESPECIAL


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EDITORIAL

Menu de sobras

Além do Noma, considerado o melhor restaurante do mundo, agora, é possível encontrar em Copenhagen, o Rub & Stub. O restaurante dinamarquês só cozinha com sobras de comida que são doadas por agricultores, cooperativas, lojas, padarias, e do Banco de Alimentos de Copenhagen. As doações são geralmente de frutas e legumes com tamanhos, cores ou formas considerados “errados” pelo mercado – uma banana fora do cacho, pepinos curvos, alho-poró pequenos, batatas com grumos ou até alimentos típicos do Natal que são jogados fora logo após o Ano Novo – mas todos em boas condições de consumo. Sem previsão do que será doado, o cardápio é criado diariamente, conforme a disponibilidade. Outro diferencial: apenas o gerente e o chef são profissionais contratados. “São voluntários que servem as mesas e atendem o bar. Por isso, o atendimento é bem informal, mas atencioso – antes de servir qualquer coisa, os voluntários explicam mesa a mesa o conceito do restaurante.” Após um ano e meio de inauguração, já serviu 3,5 toneladas de comida que teriam ido para o lixo.

Água é um bem essencial

para que o planeta enfrente os desafios das próximas décadas. Com o aquecimento global, os recursos hídricos serão ainda mais fundamentais para que a produção de alimentos possa atender a população global, que deverá chegar a 9 bilhões de habitantes.

Oportunamente escutei

empresários da indústria, filiados à Fiec, falarem para o atual secretário de Meio ambiente do Estado, Artur Bruno, sobre a urgência de programas de educação ambiental. Concordo. Mas esta não é uma tarefa apenas do poder público. Sugiro à indústria local, usar e abusar das embalagens de seus produtos, e informar e educar o consumidor no campo da responsabilidade socioambiental.

Merece! O Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) será homenageado, no próximo dia 22, com a Comenda Ambiental das Águas 2015, em Minas Gerais. O Cempre, sediado na Capital paulista, é um modelo de organização, sem fins lucrativos, dedica-se a orientar a sociedade para a prática da segregação de

resíduos para a reciclagem. Pioneira, produtora e disseminadora de conhecimentos, a instituição é competente, apresenta resultados, e conta com o trabalho do diretor executivo, André Vilhena, talvez o mais renomado profissional do País, no setor. Todo e qualquer reconhecimento ao Cempre, não me surpreende.

Criatividade é pouco! A Prefeitura de São Paulo está testando o projeto piloto “Árvore no Asfalto”. Na zona leste da Cidade, já plantou 70 mudas no asfalto, entre as duas mãos de circulação de veículos e em ilhas, no cruzamento das vias. Segundo prefeito Haddad é um teste. A metodologia do projeto, que está sendo supervisionado por agrônomos e engenheiros da Companhia de Engenharia de Tráfego, considera as calças estreitas para dividir espaço com pedestres, cadeirantes e árvores. Bom, o que vale é o verde, vamos aguardar o resultado. Reflexão: “A ecologia é uma

ocasião magnífica, talvez a última ocasião, de devolver sentido ao progresso”. Nicolas Hulot, jornalista e escritor francês.

Água: crise sempre encerra oportunidades

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róximo 22 de março, celebramos o Dia Mundial da Água. Recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1992, com o objetivo de convidar países a tomarem medidas de uso racional do recurso, a nível global. “Água e Desenvolvimento Sustentável” é o tema escolhido pela ONU para debater a questão que vive em 2015, o encerramento da Década Internacional para Ação, “Água para a Vida” 2005-2015. Passados dez anos, decisões concretas para lidar com o manejo sustentável do precioso recurso, ainda não foram efetivadas, e a água, em todo o planeta, continua sob forte pressão, tanto pelo rápido crescimento das demandas, como pelos impactos das mudanças climáticas, além da má distribuição, falta de investimentos e desperdício. No Brasil, o desperdício de água tratada é grande e está ligado à questão de operacionalização. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), de toda a água tratada no País, 36,9% não chegam às torneiras dos consumidores. Especialistas dão como admissível, um percentual de perda em torno de 15% e colocam na lista dos responsáveis por tal desperdício, vazamentos,

defeitos nas redes, fraudes e ligações clandestinas. Na minha lista, os grandes vilões somos nós que usamos e abusamos da água, enquanto milhões sofrem com a escassez. Nós que não cobramos ações concretas do poder público, que não concertamos canos furados, fazemos ligações clandestinas, ficamos inertes diante dos desperdícios nas redes e o pior, poluímos a água, como se ela fosse um recurso infinito. Os mananciais não precisam somente de água limpa, mas de usuários conscientes e racionais. É evidente que não há no Brasil, uma cultura da racionalização como no Japão (taxa de 3% de perdas) e na Inglaterra (20%), o desempenho por aqui, não é nada bom. O Nordeste, região com déficit hídrico histórico, tem perda média maior que a média nacional. Entre os mais relapsos — Sergipe (60%) e o Rio Grande do Norte (55%). No Ceará, a coisa melhora: 36,52%. Não é animadora, mas de acordo com a Cagece, é a segunda menor da Região. Pensando sob a perspectiva de que crise sempre encerra oportunidades, façamos uma reflexão: água é essencial, sem ela não há vida.

O Estado Verde (OeV) é uma iniciativa do Instituto Venelouis Xavier Pereira, com o apoio do jornal O Estado, para fomentar o desenvolvimento sustentável no Ceará. EDITORA Tarcilia Rego CONTEÚDO Equipe OeV. JORNALISTA Elisângela Alves DIAGRAMAÇÃO E DESIGN Rafael F.Gomes TELEFONES (85) 3033.7500/3033 7505 E (85) 8844.6873 ENDEREÇO Rua Barão de Aracati, 1320 — Aldeota, Fortaleza, CE — CEP 60.115-081. www.oestadoce.com.br/o-estado-verde


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40 ANOS DEPOIS Pela primeira vez, as emissões de gases de efeito estufa estão se dissociando do crescimento econômico

As emissões de dióxido de carbono param de subir pela primeira vez

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edição é sobre água, mas como deixar de dar esta notícia? As emissões globais de dióxido de carbono (CO2) do setor de energia pararam de subir em 2014, ao mesmo tempo em que a economia do planeta cresceu 3%. O ano de 2014 foi o primeiro em que as emissões de CO2 ficaram estáveis desde 1971, excetuando anos de crise financeira, como 1980, 1992 e 2009 Relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) revelou, na sexta-feira (13), que as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) não cresceram em

2014. De acordo com a entidade, é a primeira vez, em 44 anos, que as taxas de emissões permaneceram estáveis sem uma recessão econômica mundial - descontados anos de crise econômica global, como 1980 e 2009. A AIE afirmou que as emissões de carbono estão estagnando ou caíram apenas três vezes desde que começou a coleta de dados há 40 anos, sendo anteriormente ligada a

quedas econômicas – no início dos anos 1980, em 1992 e 2009. Em 2014, no entanto, a economia global cresceu 3%. Em 2014, foram emitidos 32,3 bilhões de toneladas de gás carbônico no planeta, exatamente a mesma quantidade registrada em 2013. “Esses números mostram que o crescimento verde é viável não apenas para a Grã-Bretanha, mas para o mundo”, disse o secretário de Energia e Mudança Climática britânico, Ed Davey. “No entanto, não podemos ser complacentes, precisamos cortar drasticamente as emissões, não apenas conter o seu crescimento.” A AIE atribui a estagnação aos esforços mundiais de mitigação de emissões, especialmente na China e em países como Estados Unidos e Canadá. Na Europa Ocidental, houve mudanças nos padrões de consumo de energia, destacou a AIE. Para o economista-chefe da AIE, Fatih Birol , isso é mais uma esperança de

que a humanidade será capaz de trabalhar unida para combater o fenômeno. “ As mudanças climáticas são a mais importante ameaça que enfrentamos atualmente”, disse o recém indicado para ser o próximo diretor executivo da agência com sede em Paris.

Acordo em Paris

Birol disse que os dados fornecem “uma força muito necessária aos negociadores que se preparam para alcançar um acordo climático global em Paris em dezembro: pela primeira vez, as emissões de gases de efeito estufa estão se dissociando do crescimento econômico”. A COP 21, cúpula das Nações Unidas que deve acontecer em Paris, tem o objetivo de obter um acordo para limitar as emissões globais que, segundo um painel internacional de cientistas, o IPCC, são responsáveis por provocar mais ondas de calor, inundações e ele-

Faltam nove meses para chegar a um acordo climático comum O secretário de Estado americano, John Kerry, fez um novo apelo aos países para que definam metas ambiciosas e reduzam a emissão de gases de efeito estufa. Dia 12 de março , ele advertiu sobre as mudanças climáticas e afirmou que brincar com o futuro do planeta é perigoso. “Temos nove meses para chegar a um

acordo comum que nos leve pelo caminho certo”, disse Kerry em vista da conferência da ONU sobre o clima, a ser realizada em Paris, em dezembro. No fim do ano passado, o secretário já havia discursado sobre o tema em Lima, no Peru, durante a conferência climática das Nações Unidas, a COP 20.

Os países têm até 31 de março para anunciar os seus compromissos para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. As metas têm o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 2°C acima da era pré-industrial, Os Estados Unidos, que geram 12% das emissões globais, anunciaram planos

para reduzi-las entre 26 e 28% até 2025, em comparação com os níveis de 2005. “Se falharmos, as gerações futuras não vão nos perdoar, e nem deveriam perdoar aqueles que ignoraram este momento, não importa suas razões”, disse Kerry, acrescentando que “há décadas a ciência tem nos alertado”.


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19 de Março Dia de São José

Agrotóxicos os maiores poluidores da água

Questões ambientais, apesar de relevantes não têm sido objeto do necessário cuidado por parte dos legisladores cearenses. Debates sobre o tema não passam das quatro paredes da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário. Na verdade, poucas têm sido as provocações da sociedade neste sentido, apesar de, paradoxalmente, serem inúmeras as demandas de populações afetadas pelos problemas de poluição, sobretudo aquelas causadas por agrotóxicos, essa praga que a tecnologia colocou nas mãos de irresponsáveis e que têm causado e vai continuar causando muitos malefícios às pessoas, caso não se adotem medidas urgentes e punição rigorosas para quantos usam do expediente altamente poluidor do agrotóxico. O cientista José Júlio da Ponte, de saudosa memória, já advertia para o fato de que o Brasil – e o Ceará em particular – são campeões no uso de agrotóxicos, contaminando os mananciais e as lavouras. E levantava um questionamento por demais pertinente, qual seja o de que o elevado índice de cânceres que estão a afetar a saúde de pessoas jovens provém da ingestão de agrotóxicos contidos nas verduras e frutas. Claro está que uma pessoa que ingere esse veneno desde tenra idade, não alcançará a idade madura sem graves sequelas.

Legislação cearense Foi inserto

no ordenamento legal do Ceará, há mais de 20 anos, uma lei que regula o uso de agrotóxicos. Trata-se da Lei 12.228, publicada no Diário Oficial de 14 de dezembro de 1993. Referida lei “dispõe sobre o uso, a produção, o consumo, o comércio e o armazenamento dos agrotóxicos, seus componentes e afins bem como sobre a fiscalização do uso de consumo do comércio, do armazenamento e do transporte interno desses produtos.” A lei é benéfica para a sociedade, o que não tem prestado é a ação governamental no estabelecimento dos mecanismos gerenciais para a implementação do diploma.

Emendando a lei

O deputado Renato Roseno, promissor parlamentar que assume em primeiro mandato e tem uma vida dedicada às causas sociais, de logo intentou aperfeiçoar a Lei 12.228, apresentando à apreciação de seus pares um projeto de lei – o de número 18/2015 – em que corretamente corta o mal pela raiz. Segundo a propositura do deputado Renato Roseno, em seu artigo 1º, fica “vedada a pulverização aérea de agrotóxicos na agricultura no Estado do Ceará”. O necessário complemento está no parágrafo único do citado artigo: “A infração ao artigo anterior sujeita o infrator ao pagamento de multa de 15 mil (quinze mil) UFIR’s.”

Malefícios

Arrimado em irrefutáveis argumentos sócio-jurídicos, o deputado Renato Roseno assenta sua iniciativa legiferante em alentada justificativa, na qual firma as bases constitucionais da sua proposta, além de chamar a atenção, com dados, para os imensuráveis malefícios que causam os agrotóxicos, sobretudo aos nossos já parcos recursos hídricos.

Segundo o Novo Testamento, São José foi o esposo de Maria e pai de Jesus. Como foi um homem sincero e fiel a esposa, bom pai, é também o “Padroeiro das Famílias”. Mas no Ceará, ele é o nosso padroeiro. A parceria entre o santo e o Estado começou a mais de 300 anos quando pescadores encontraram uma imagem dele, no litoral cearense. Desde então, o sertanejo deposita em São José as esperanças de boa estação chuvosa. Reza a tradição se chover no dia 19 de março, dia do santo, vai ter inverno.

florestais do planeta, a Amazônia.

22 de Março Dia Mundial da Água Celebrado, mundialmente, desde 22 de março de 1993, o Dia foi recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, durante a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro (Eco 92), conhecido como Eco-92, quando os países foram convidados a celebrar o Dia Mundial da Água e a implementar medidas de uso racional do precioso recurso.

Garantia para o futuro

Com efeito, medidas duras para coibir esses crimes contra o ambiente devem ser adotadas pelas autoridades, com base na legislação ao dispor da sociedade. Lembre-se que a maior parte dos agrotóxicos não atinge a praga alvo, contamina as águas subterrâneas e superficiais e traz graves riscos à saúde. O Dr. Mauro Banderali, especialista em instrumentação ambiental e hidrológica, assevera que “embora a disponibilidade de água no Brasil seja imensa, é preciso garantir sua qualidade para as gerações futuras. Por isso, ao detectar o aparecimento de resíduos de agrotóxicos nas reservas de água subterrânea e superficial, é necessário tomar medidas rigorosas para evitar o agravamento do problema. Quando a água é contaminada por defensivos agrícolas, sua detecção e descontaminação é mais difícil e custosa”.

21 de Março Dia Mundial da Floresta Em 1971 foi estabelecido o Dia Mundial da Floresta com o objetivo é sensibilizar as populações para a importância da floresta na manutenção da vida na Terra. Resultado de um longo processo evolutivo de milhões de anos, as florestas constituem um valioso estoque de biodiversidade gerador de múltiplos bens e serviços para o meio ambiente, para a economia e para o equilíbrio da vida no planeta, constituindo-se um dos principais reservatórios de carbono da biosfera. O Brasil é o dono de um dos maiores estoques

23 de Março Dia do Meteorologista O meteorologista é o profissional que estuda as ciências atmosféricas e aplica a meteorologia às diversas outras ciências e as situações do cotidiano. É responsável pelo estudo das condições climáticas e análise de dados como chuvas, umidade, ventos, correntes de ar e marítimas, mudanças de clima, movimentos atmosféricos, amplitudes térmicas, etc. Com tais informações ele pode prever as condições climáticas em todas as regiões do País. No Ceará, contamos com os meteorologistas da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) que prestam relevantes serviços à população cearense, fornecendo informações sobre clima e tempo.


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MEIO AMBIENTE

Recursos hídricos também preocupam o novo secretário

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secretário do Meio Ambiente do Estado, Artur Bruno, reuniu-se com membros do Conselho Temático de Meio ambiente (Cotema) da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) dia 12. Além de expor seus planos , o secretário ouviu sugestões dos representantes da indústria que integram o Cotema , presidido pelo empresário Marcos Albuquerque e ainda conversou com a redação do Estado Verde. O secretário disse à nossa reportagem que a reunião foi muito importante. Através da mesma, foi possível ouvir o Conselho Temático da Fiec além dos empresários, cujas atividades são voltadas ao meio ambiente. “Nesse sentido, a troca de informações foi fundamental para as decisões que tomaremos ao longo desses quatro anos de gestão”, disse. Artur Bruno frisou que a sua gestão vai facilitar o trabalho de quem dedica-se às atividades sustentáveis. “O nosso maior objetivo é o desenvolvimento sustentável do Estado e foi isso que tratamos aqui”.

SEMA

No último dia 10, o Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam) deixou de existir, tomando lugar no cenário ambiental do Estado a nova Secretaria de Meio Ambiente (Sema). “Agora há mais clareza, embora o Conpam tenha feito o seu papel”, destaca Artur Bruno. “Agora, a Sema vai facilitar o nosso

FOTO ASSESSORIA/DIVULGAÇÃO

Secretário do Meio Ambiente do Estado, Artur Bruno conversa com representantes da indústria na Fiec trabalho, inclusive em Brasília, com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e as diversas outras secretarias e órgãos. Formamos uma equipe competente com vários técnicos cedidos pela Superintendência Estadual de Meio ambiente (Semace), o que possibilita a realização de um bom trabalho”.

Orçamento

Agora, o meio ambiente vai ter um orçamento? Perguntei. “Sim”, respondeu o secretário. “Buscaremos os maiores orçamentos, já dispomos dos recursos próprios, temos as anuências, faremos parcerias com o Ministério do Meio

Ambiente, buscaremos, inclusive, recursos internacionais, para garantir que a política ambiental seja bem desenvolvida em nosso Estado.”

Dia Mundial da Água

Artur Bruno falou ao Estado Verde sobre sua preocupação com a questão da água e quanto é necessária a humanidade. Lembrou que o Brasil “tem 16% da água doce do planeta” e que , nenhum país tem tanta água, no entanto, poucos países usam tão mal esse recurso” , ressalta. Para o titular da Sema há urgência de um trabalho na perspectiva de desenvolvimento de políticas de educação

ambiental. “Precisamos mudar a cultura e isto só é possível com muito esforço de todos os envolvidos nas causas ambientais. As campanhas são fundamentais nesse processo de conscientização da população.” Na ocasião, ele destacou a audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, que discutiu ontem (16), a importância da preservação da mata ciliar. “É ela que protege os rios, evita a erosão. Buscamos refletir sobre as constantes mudanças climáticas que atingem toda a humanidade. Esse foi o dia da conscientização sobre tais mudanças e seus profundos impactos.”

Dia Estadual de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas Ontem, no Complexo de Comissões Técnicas da Assembleia Legislativa, aconteceu Audiência Pública para debater sobre o Dia Estadual de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. A audiência foi conduzida pela deputada Dra. Silvana (PMDB), presidente do Colegiado, e contou com a participação dos secretários de Estado Artur Bruno (Secretaria de Meio Ambiente), Inácio Arruda (Secretaria de Ciência, Tecnologia e

Ensino Superior) e Dedé Teixeira (Secretaria de Desenvolvimento Agrário) e do deputado Elmano Freitas (PT), autor do requerimento para o debate. O pesquisador Marcos Sanches, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que apresentou o tema e disse que se nenhuma providência for tomada pelos dirigentes do País e pela população em relação às mudanças climáticas, o Brasil poderá perder cerca de R$

3,6 trilhões do PIB, entre 2010 e 2050. Ele destacou que o Sudeste do Brasil está precisando aprender como se comportar diante das adversidades do tempo com o Nordeste, região que convive com intempéries climáticas desde sempre. “Nós temos de decidir o quanto queremos deixar de crescer nos próximos 30 anos, para reduzir os desastres ambientais”, frisou Sanches. Destacou ainda que é preciso fazer muito em termos de educa-

ção ambiental no País. Para o secretário Artur Bruno, é preciso fazer a sociedade entender o que está em jogo quando se fala em mudanças climáticas. “É necessário que sejam adotadas ações concretas, com uma parceria entre o Executivo e o Legislativo.” Artur Bruno assegurou que todos os projetos de indicação visando à defesa do meio ambiente serão amplamente avaliados por sua Secretaria.


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REÚSO Na agricultura, na indústria ou em casa, está é uma boa maneira para amenizar a crise hídrica

Uma alternativa viável: economia com consciência ambiental TARCILIA REGO da redação do Estado Verde

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esmo ocupando 70% da superfície do planeta a escassez de água já é uma realidade bem próxima a todos nós. Portanto, o uso racional da água tem que ser visto como fator urgente e prioritário. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), atualmente, apenas 20% das águas residuais do planeta, por exemplo, são tratadas, deixando populações de países como o Brasil, mais vulneráveis a contaminação e doenças por veiculação hídrica. Para o mestre, em saneamento básico, Olívio Brito Junior, professor do IFCE Maracanaú, o reaproveitamento de águas residuais além de uma alternativa economicamente viável, pode amenizar a crise, principalmente, no Semiárido. “Região com histórico de déficit hídrico, a situação se agrava. Um levantamento de 2012, realizado junto a 100 comunidades do Sisar Sobral - Sistema Integrado de Saneamento Rural (veja quadro) mostrou um desperdício de 100 milhões de litros de água”, disse. A lógica do especialista, quanto ao reúso, é a mesma de Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Brito Júnior defende o reaproveitamento, seja de águas de chuvas ou de esgotamentos sanitários, entre outros. “A técnica reduz a pressão sobre os mananciais, evita o uso de água potável para consumos inferiores, como processos de limpeza irrigação de jardins”, explica.

Agricultura

A utilização de águas residuárias

FOTO IGUATEMI/DIVULGAÇÃO

tem sido praticada em todo o mundo, vem ganhando importância com a redução da disponibilidade de recursos hídricos de boa qualidade. Para a agricultura, o uso dessas águas é uma alternativa importante, pois permite o aproveitamento potencial das águas e dos nutrientes nelas contidos para o crescimento de plantas. Como exemplo, Brito Junior cita o uso de água residuária, que apresenta uma carga orgânica elevada e é rica em fósforo e nitrogênio, na produção de tomates verdes hidropônicas. “Através do tratamento dos esgotos, além do reaproveitamento do recurso para irrigação, é possível o reaproveitamento dos nutrientes que podem ser usados em processos de adubação. A irrigação com águas residuais pode ser feita sem problemas”, encerra.

Iguatemi

No Brasil, a água de reúso não é usada para beber, mas para processos como limpeza de calçadas, irrigação de jardins e na produção industrial. Um bom exemplo vem do Shopping Iguatemi, em Fortaleza. O centro comercial dispõe de programa próprio que trata todo o esgoto que produz, além de utilizar um sistema que promove o reúso da água servida para jardins e resfriamento de máquinas de ar-condicionado. Segundo o gerente de manutenção, Paulo Bandeira, o shopping já iniciou as operações, no início da década de 80, com o pleno funcionamento da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). “Em 1994, após o racionamento de água que o Estado sofreu em 1993, a empresa implantou um programa inteligente de reúso que lhe garantiu parte

Shopping Iguatemi: quase autossuficiente em consumo e reutilização de água do abastecimento e como resultado, reduziu os custos condominiais para lojistas e para a comunidade, além de minimizar o impacto no sistema administrado pela concessionária do

serviço público”, conta.

100%: sustentabilidade

Cerca de 75% da água que o shopping utiliza são provenientes de reúso,


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O que é Sisar?

O Sistema Integrado de Saneamento Rural (Sisar) surgiu, em 1996, como uma alternativa de gestão para garantir a continuidade e a qualidade dos sistemas de abastecimento de água em localidades rurais do Estado do Ceará. Tem como público alvo a população residente em comunidades rurais. Atualmente, o Estado conta com oito Sisar distribuídos entre as onze bacias hidrográficas. Todos juridicamente independentes, compartilhando da mesma filosofia. Mais informação: www.sisarceará.org

Águas residuais ou residuárias

São aquelas descartadas após utilização em diversos processos, por exemplo: Águas residuais domésticas: provenientes de banhos; provenientes de cozinhas; provenientes de lavagens de pavimentos domésticos. Águas residuais industriais: resultantes de processos de fabricação. Águas de infiltração: resultam da infiltração nos coletores de água existente nos terrenos. Águas urbanas: resultam de chuvas, lavagem de pavimentos, regas, etc.

As regiões Norte e Nordeste apresentam a maior taxa de desperdício de água O desperdício entre o tratamento e a distribuição de toda a água consumida no País, em 2013, ficou em 37%. Os dados constam de um relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), ligado ao Ministério das Cidades. O percentual ficou estável em relação ao verificado em 2012, quando o levantamento mostrou que, de toda a água tratada no período, 36,9% não chegavam às torneiras dos consumidores. Os números, que são os mais recentes, indicam que o desperdício permanece acima do percentual indicado pelo Snis, que é abaixo de 20%. Entre as principais causas apontadas para o desperdício estão os vazamentos em adutoras, nas redes, nos ramais, em conexões e nos reservatórios das prestadoras de serviço responsáveis pelo abastecimento. O presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, explicou à redação de O Estado Verde, que num momento de forte escassez hídrica, como estamos vivendo agora, todo litro de água conta. “Se não há coleta e tratamento dos esgotos esses resíduos poluem a pouca água existente, de tal forma, que fica inviável tratá-la. É fundamental, portanto, ampliar os sistemas de coleta e tratamento dos esgotos para que mais água chegue à natureza a

ponto de poder ser usada”, disse. “Em várias partes do mundo se usam tecnologias adequadas para transformar a água proveniente do esgoto tratado como fonte para abastecimento, mas mesmo que esta água não seja utilizada para esse fim ela deve ser devolvida mais limpa à natureza para futuramente poder ser reutilizada.” Segundo dados do Instituto Trata Brasil, 70% das casas estão ligadas às redes de esgoto no Sudeste, enquanto no Nordeste este número cai para 29% e para 3,5% na Região Norte. As regiões Norte e Nordeste apresentam a maior taxa de desperdício, com 50,8% e 45%, respectivamente, seguidas do Sul (35,1%), do Centro-Oeste (33,4%) e do Sudeste (33,4%). FOTO TRATA BRASIL/DIVULGAÇÃO

após tratamento ou poços. Isso significa que, da nossa demanda, apenas 25% vêm da Cagece. A maior parte dessa demanda vai para o resfriamento das máquinas do ar-condicionado e para

jardinagem. “A água para essas duas finalidades é toda proveniente do reúso, ou seja, é produto da ETE”, esclarece. Em 2002, o empreendimento comercial fez novo investimento, “ampliou a ETE em 40%, passando a transformar todos os resíduos líquidos produzidos pelo shopping, em água tratada. Desde então, 100% do nosso esgoto é tratado e reutilizado.”, esclarece Bandeira. O tratamento de esgotos consiste na remoção de poluentes, o método a ser utilizado depende das características físicas, químicas e biológicas. Para finalizar Bandeira destaca aspectos, econômico, ambiental e social, do sistema, ou seja, a sustentabilidade: “somos quase autossuficientes em consumo e reúso de água. A segunda, é que estamos fazendo um trabalho ambientalmente correto, pois não despejamos esgoto na rede pública. Por último, ao utilizarmos menos água da concessionária do serviço, a comunidade tem maior oferta do recurso”.

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Nos últimos cinco meses tivemos um pequeno distanciamento da previsão climática

Dia de São José não tem uma relação direta com a qualidade da estação chuvosa principal.

A precisão que a Funceme faz, é de dois tipos: uma de curto período e outra de período mais longo.

Raul Fritz B. Teixeira, metereorologista

Raul Fritz B. Teixeira, metereorologista

Glossário Zona de Convergência Intertropical: É principal

sistema meteorológico que traz chuvas de uma forma mais regular para o Ceará.

Equinócio: Momento em que

o sol incide com maior intensidade sobre as regiões que estão localizadas próximas à linha do equador. Quando ocorre o equinócio, o dia e a noite tem igual duração (exatamente 12 horas).

Célula de Convecção: Fenômeno de dinâmica dos fluídos que ocorre em situações onde existem diferenças de temperatura dentro de um corpo líquido ou gasoso.


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Microgeração e Minigeração

Faz parte da agenda positiva do Sindienergia atrair investidores

A Resolução 482 O mercado de permite ainda que renovável precisa o cidadão gere energia do incentivo excedente. governamental. Wilmar Pereira, Sindienergia

Wilmar Pereira, Sindienergia

A micro e a minigeração distribuída consistem na produção de energia elétrica a partir de pequenas centrais geradoras que utilizam fontes com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada, conectadas à rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. Para efeitos de diferenciação, a microgeração distribuída refere-se a uma central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 100 quilowatts (kW), enquanto que a minigeração distribuída diz respeito às centrais geradoras com potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 megawatt (MW). A fim de que a central geradora seja caracterizada como micro ou minigeração distribuída, são obrigatórias as etapas de solicitação e de parecer de acesso. A solicitação de acesso é o requerimento formulado pelo acessante (consumidor), e que, uma vez entregue à acessada (distribuidora), implica em prioridade de atendimento, de acordo com a ordem cronológica de protocolo. Nessa solicitação de acesso deve constar o projeto das instalações de conexão (memorial descritivo, localização, arranjo físico, diagramas), além de outros documentos e informações eventualmente solicitados pela distribuidora.


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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Dicionário O Estado Verde da Água

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ssencial para a vida, a Água, é uma forma líquida do composto químico H2O. Com relação à etimologia, a palavra água tem origem no latim aqua, significa líquido incolor, inodoro, insípido, e essencial à vida. Durante o sécu-

lo XIII a palavra foi escrita de diversas formas como agoa, auga, augua... Por conta da expressão água, muitas outras expressões surgiram. Por isso, em especial, o Estado Verde publica, hoje, um pequeno glossário da água que pode ser muito útil ao leitor.

AGUACEIRO: Chuva pesada e inten-

com sais minerais dissolvidos, geralmente carbonato de cálcio (ou uma combinação de cálcio e magnésio). Á água dura não espuma bem com sabão, forma depósitos (escama, CaCO3 ou MgCO3) em chaleiras e tanques de água quente, e, em casos mais extremos, pode entupir as tubulações, formando depósitos de cálcio nos canos.

sa que cai repentinamente. Associada ao verão e aos cúmulos-nimbos.

ÁGUA DE CAPTAÇÃO:

Qualquer rio, lago ou oceano em que a água servida, tratada ou não tratada é finalmente descarregada.

ÁGUA DE ESGOTO:

Corrente de água servida que é drenada de um pátio de fazenda, de um monte de escória ou de uma rua.

ÁGUA DE MINERAÇÃO:

1) Água salgada ou pasta aquosa contendo os materiais minerais dissolvidos ou sólidos que são extraídos durante o processo de mineração fluida. 2) Água retirada de recursos subterrâneos.

ÁGUA DE REPOSIÇÃO:

Água requerida para substituir a usada num sistema ou perdida por ele. A água de reposição inclui a usada para substituir a água que escoa de um sistema de irrigação e, mais comumente, aquela perdida numa torre de refrigeração usada na geração de energia.

ÁGUA DE SUPERFÍCIE: Ocorrên-

cia de água na superfície da terra. Cf. ÁGUA SUBSUPERFICIAL.

ÁGUA DO MAR

a água salina do oceano. Os componentes dissolvidos da água do mar montam a uma média de 34 partes por mil medidas por peso.

ÁGUA DOCE:

Água que contém muito pouco sal (menos de 0,05 por cento), em comparação com a água salobra (que tem entre 0,05 e 3 por cento), como a dos rios, lagos e lagoas.

ÁGUA DOMÉSTICA: Fonte de água disponível para uso doméstico.

ÁGUA DURA:

Água subterrânea

ÁGUA FREÁTICA: Água que ocupa

os vãos dentro de uma rocha ou solo num nível abaixo do lençol freático. O mesmo que água vadosa.

ÁGUA POTÁVEL:

Termo que descreve a água que é segura e palatável para consumo humano.

ÁGUA RECEPTORA: Qualquer rio,

lago ou oceano em que a água servida tratada ou não tratada é descarregada.

ÁGUA SALGADA:

Água que contém concentrações significativas de sal (acima de três por cento), como a encontrada nos oceanos. Cf. ÁGUA DOCE, SALOBRA.

ÁGUA SERVIDA IN NATURA: Lixo aquoso civil ou industrial que não passou por purificação ou tratamento.

ÁGUA SERVIDA:

1) Termo geral aplicado ao vazamento de água de um reservatório. 2) Termo geral para o efluente de um sistema de esgoto residencial ou municipal.

ÁGUA SUBTERRÂNEA:

Toda a água que está contida nos espaços porosos de rochas e no solo abaixo da elevação do lençol freático.

ÁGUAS INTERESTADUAIS:

Termo aplicado a rios e vertentes ou bacias de captação que se situam dentro de dois ou mais limites políticos estaduais.

FOTO DIVULGAÇÃO

CHUVA DE CONDENSAÇÃO: Forma de deposição úmida na qual, particulados atmosféricos servem como núcleos de condensação, produzindo finalmente a chuva que carrega os particulados para fora da atmosfera e para a superfície da Terra. CICLO HIDROLÓGICO: Ciclo natural, dirigido pelo sol, de evapotranspiração, condensação, precipitação e escoamento. O ciclo hidrológico controla o movimento da água entre a atmosfera, os oceanos e os ambientes aquáticos e terrestres.

EVAPORAÇÃO:

Processo de transformação de um líquido, abaixo de seu ponto de ebulição, em gás (como a ebulição, é uma mudança de fase do líquido para o gás).

EVAPOTRANSPIRAÇÃO:

Perda de água combinada de uma comunidade biótica ou ecossistema na atmosfera, causada por evaporação da água do solo mais a transpiração das plantas. Ver EVAPORAÇÃO.

GELEIRA: 1) Geleira continental rela-

tivamente grande que ocupa uma área de terra maior que 50.000 quilômetros quadrados. 2) Massa limitada por terra de gelo glacial movente formada pela acumulação, compactação e recristalização da neve. As geleiras se movem através de paisagem sob seu próprio peso por deslizamento e flutuação plástica, geralmente distribuída por um sis-

tema de tubulações.

JUSANTE: Direção de um fluxo de rio que procede de um ponto de energia potencial mais alto para um ponto de energia potencial mais baixo.

LAGO: Corpo de água doce suficiente-

mente fundo para que plantas com raízes não cresçam em todo o fundo.

LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO: Lagoa de controle que retém água servida para sedimentação, apodrecimento anaeróbico ou aeróbico, ou redução do nível de odores inconvenientes.

LAGOA: Lago pequeno. Porção de água

estagnada ou pantanosa, ou charco. O mesmo que laguna

LAGUNA: Corpo de água marinha rasa, que se conecta ao oceano por um canal estreito. Uma laguna é geralmente formada pelo crescimento de um recife circundante. TROMBA D`ÁGUA: Coluna de água provocada por um tornado sobre o oceano. Quando as trombas d`águas oceânicas se movem sobre terra, liberam com frequência chuva de água salgada (e às vezes até peixes!). TSUNAMI: Grande onda de maré causada por terremoto submarino ou erupção vulcânica, ou por soerguimento tectônico do fundo do oceano.

Fontes: Ibama; MMA; Dicionário de Ecologia e Ciências Sociais da Unesp-SP


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DESSALINIZAÇÃO Os convênios estão estruturados em três fases: diagnósticos técnico, social e ambiental

Reunião em Fortaleza define as metas para os próximos dois anos

O

FOTO MMA/DIVULGAÇÃO

s nove Estados do Semiárido conveniados com o Programa Água Doce (PAD) - Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, se comprometeram a entregar, até o final do ano, 438 sistemas de dessalinização. Ao cumprir a meta, cerca de 200 mil pessoas que sofrem com a escassez de água potável serão beneficiadas. O coordenador Nacional do Programa Água Doce do Ministério do Meio ambiente, Renato Ferreira, fez questão de lembrar que a água é um bem público e um direito humano: “Uma importante resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o acesso à água limpa e segura e o saneamento como um direito humano essencial para a vida e todos os outros direitos humanos”, declarou.

Interesse

Os nove Estados assinaram, dia 10, em Fortaleza, o III Pacto Nacional de Execução do Programa Água Doce. “Dos nove Estados que atuamos, em sete houve mudança de governo e, portanto, de secretários e alguns coordenadores estaduais do programa”, disse Ferreira. “Por isso, é tão importante esse encontro, essa reafirmação do interesse e do empenho em concluir essa segunda fase, as obras do programa.” No pacto assinado, o Água Doce assume a meta de aplicar sua metodologia na recuperação, implantação e gestão de 1.200 sistemas de dessalinização até o final de 2016, com investimentos de R$ 240 milhões, beneficiando 500 mil pessoas que sofrem com a falta de água potável. Mais de 90% dos recursos já foram repassados.

Três fases

Os convênios estão estruturados em três fases: diagnósticos técnico, social e ambiental; recuperação e implantação dos sistemas de dessalinização e acompanhamento e monitoramento dos sistemas implantados. Em 2013 e 2014, os

O Ceará, anfitrião do encontro, garante a entrega de 137 dos 222 sistemas até o final de 2015 Estados realizaram diagnóstico de 2.947 comunidades rurais em 232 dos municípios mais críticos da região semiárida. “Um trabalho detalhado que nos permite ter hoje o primeiro raios-X dessa região tão carente”, acrescentou o coordenador do PAD. “Essas informações coletadas nos diagnósticos serão de extrema importância para orientação das políticas públicas que atenderão essa região.” Alagoas entregará, até o final de 2015, 30 dos 101 sistemas que serão instalados no Estado. Pernambuco se comprometeu com 40 dos 170 sistemas previstos. O Piauí pretende entregar 15, enquanto Minas Gerais está na fase de diagnós-

ticos. Sergipe construirá 25 sistemas dos 75 previstos, e a Paraíba 40 dos 93. O Rio Grande do Norte entregará pelo menos 51 sistemas, mas garante que no primeiro semestre de 2016 concluirá os 17 restantes. Com um detalhe: um dos dessalinizadores utilizará energia solar, o primeiro do programa, segundo o secretário estadual de Recursos Hídricos, Mairton França. A Bahia, com um convênio de R$ 63 milhões, colocará em funcionamento ainda este ano 100 dos 385 sistemas previstos. “O Programa Água Doce é inclusão social. Água é vida. A gente precisa de água para dignificar, para oportunizar.

Vocês, do Ministério do Meio Ambiente, com esse programa, estão fazendo história”, ressaltou a representante do governo da Bahia, Cibele Carvalho. O Ceará, anfitrião do encontro, garante a entrega de 137 dos 222 sistemas até o final de 2015. “O Água Doce vem se somar as iniciativas desenvolvidas pelo Ceará para atender as comunidades rurais que são comumente as mais carentes. As comunidades atendidas pelo programa são justamente as mais vulneráveis”, declarou o secretário de Recursos Hídricos do Ceará, Francisco Teixeira. Fontes: MMA


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ÁGUA NAS ESCOLAS O trabalho das secretarias deve ser focado numa busca ativa que atenda a todas as famílias do semiárido

MDS investe R$ 9,6 milhões para instalação de 725 cisternas

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FOTO DIVULGAÇÃO

meta é universalizar o acesso à água nas escolas rurais do Ceará até o próximo ano, além de garantir que as políticas públicas alcancem as populações das regiões mais afetadas pela estiagem. Estes foram os principais motivos que trouxeram ao Ceará o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Arnoldo de Campos. Na quinta-feira, 12, ele se reuniu com o secretário adjunto de desenvolvimento agrário do estado do Ceará, Wilson Brandão, para reafirmar a parceria que garante ações integradas no combate à seca. Nesse contexto, as escolas públicas do Estado vão receber um importante instrumento para garantir a segurança alimentar das crianças. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e o governo do Ceará, pretendem universalizar o acesso à água em escolas das áreas rurais até 2016. Para isso, já conta com recursos da ordem de R$ 9,6 milhões para a instalação de 725 cisternas. Dentro do programa cisternas, o secretário destaca que o trabalho agora é de busca ativa, ou seja, localizar todas as famílias do semiárido, que ainda não receberam o equipamento para que possam receber. “Precisamos fortalecer o processo de inclusão produtiva rural e garantir que as famílias agricultoras já atendidas

FOTO NAYANA MELO

Secretario Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Arnoldo de Campos reúne as várias coordenadorias tenham acesso ao conjunto de políticas públicas. Assim, vamos potencializar os resultados”, destacou. De acordo com Arnoldo, atualmente, existem mais de 31 mil famílias incluídas na estratégia. Para o cumprimento da meta, resta incluir 8 mil, o que implica em recursos da ordem de R$ 19,5 milhões, já comprometidos no orçamento 2015. Para o secretário adjunto de desenvolvimento agrário do estado do Ceará, Wilson Brandão, o encontro foi oportuno e as várias secretarias estão empenhadas no desenvolvimento de ações integradas, só assim, garantimos que as políticas públicas federais cheguem à

população do Estado. Também está prevista a implantação de 114 bancos comunitários de sementes no Estado, em parceria com a ASA, que beneficiarão 2.280 famílias agricultoras inscritas no cadastro único para programas sociais do governo federal. O objetivo é desenvolver projetos de resgate, preservação, multiplicação, estoque e distribuição de sementes crioulas e varietais, por meio da estruturação de bancos comunitários de sementes e da mobilização e capacitação de agricultores familiares. De 2011 a janeiro de 2015, já foram entregues pelo Programa Cisternas no Ceará mais de 116 mil cisternas de água

para consumo e 15 mil tecnologias sociais de água para produção. Até 2016 está prevista a construção de mais 21 mil cisternas de consumo e 7,3 mil de água para produção. As ações de acesso à água previstas no Ceará para 2015/2016 envolvem instrumentos vigentes, firmados desde 2009, que totalizam recursos de R$ 339 milhões. Esse valor considera entregas já feitas e o que será entregue a partir deste ano. No caso do PAA, cerca de R$ 20 milhões em recursos para aquisição de alimentos da agricultura familiar serão investidos no Ceará, envolvendo 5,7 mil famílias agricultoras.

Município de Barreira realiza 11a Semana das Águas

A abertura oficial da ”11ª Semana das Águas” ocorreu, ontem (16) às 14h, no auditório da Obas. O evento contou com a presença do prof. dr. Levi Furtado Sampaio (Geografia - UFC) e a profa. dra. Maria Ivanilda de Aguiar (Agronomia - Unilab) que participaram da mesa-debate “Água e Solos – Um mapeamento do Maciço de Baturité e os 100 anos da “Seca do 15’”. A Noite Cultural encerrou o dia de abertura com a apresentação do músico Edilson do Acordeom, de Limoeiro do Norte. Hoje acontece a Trilha das

Águas, com a presença do agroecologista Francisco Saldanha. No percurso, que seguirá até a localidade de Lagoa do Barro, os participantes terão acesso a informações sobre os solos e a flora do município. A quarta-feira, 18, será dedicada as crianças e jovens das escolas municipais, que receberão atividades diversas alusivas ao evento. No Dia 19 de Março, feriado de São José, haverá a “Pedalada das Águas” e a Procissão de São José. Uma mobilização sobre o sobre uso e cuidado com as cisternas será a atividade da sexta-

-feira, que irá mobilizar três comunidades do município. Já no sábado, começa com o “Cortejo das Águas”, numa das praças centrais da cidade, e contará com a distribuição de mudas e entrega de material informativo sobre a Obas e consumo consciente. A 11ª Semana das Águas se encerrará no domingo, 22 de março, Missa das Águas, na Paróquia São Pedro. Logo após a missa, será servido um Café Solidário, ao som da Orquestra Municipal Poeta Raimundo Cesário (de Barreira).


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VOCÊ SABIA

ÁGUA VIRTUAL

Você sabe quanta água os produtos que consumimos incorporam?

O

consumo de água no planeta está ligado às diversas funções do recurso, tanto no cotidiano das pessoas, como na produção de roupas, papel e, principalmente, nos alimentos. Se, como afirma a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), existem 7 bilhões de pessoas para alimentar no

planeta e outros 2 bilhões são esperados para participar em 2050, será preciso muita água para alimentar toda a população do planeta. Muitas vezes, a quantidade de água usada para produzir os alimentos é enorme e até desproporcional. Dados da Water Footprint, organização internacional sem fins lucrativos que

promove estudos relacionados ao consumo do recurso, para produzir um quilo de carne bovina, por exemplo, são gastos 15,5 mil litros de água, um pouco mais que os dez mil litros gastos para fazer um quilo de algodão ou para produzir um quilo de trigo, que demanda 1,5 mil litros. Uma vez que o produto é recolhido e disponibilizado

para o mercado, a água que ele incorporou, muda de estado: de água “real” para água “virtual”. Ou seja, a quantidade incorporada é reconhecida como “água virtual” que tem sido uma solução parcial para os problemas de escassez de água. Veja alguns exemplos de água incorporada aos alimentos:

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A UN-WATER WORLD WATER DAY

SALADA 200 gramas de vegetais Total: incorpora 40 litros de água.

JANTA 50 gramas de vegetais: 10 litros de água 1 sanduíche: 40 litros de água 150 gramas de frango: 615 litros Total: incorpora 665 litros de água.

ALMOÇO 100 gramas de vegetais: 20 litros 150 gramas de carne de porco: 690 litros. Total: Incorpora 710 litros de água.

LANCHE 2 fatias de pão: 80 litros 1 tomate: 8 litros 25 gramas de alface: 3 litros 50 gramas de legumes: 10 litros Total: Incorpora 101 litros de água.

PEGADA HÍDRICA

O consumo de água ao longo da cadeia produtiva A pegada hídrica é definida como o volume de água total usada durante a produção e consumo de bens e serviços, bem como o consumo direto e indireto no processo de produção. O uso de água ocorre, em sua maioria, na produção agrícola, destacando também um número significativo de volume de água consumida e poluída, derivada dos setores industriais e domésticos. Determinar a Pegada Hídrica é tornar possível a quantificação do consumo de água total ao longo de sua cadeia produtiva. O conceito tem sido introduzido como importante indicador do consumo de água humano, na tentativa

de minimizar os impactos ambientais. No início de 1990, o conceito foi introduzido, como uma medida da apropriação humana das áreas biologicamente produtivas. Cerca de doze anos depois, foi lançado, na Holanda, um conceito similar denominado de Pegada Hídrica (PH) para medir a apropriação humana da água doce no globo na reunião de peritos sobre comércio internacional de água virtual. Muito embora ambos os conceitos tenham raízes e métodos de medição diferentes, em alguns aspectos os dois conceitos têm em comum o fato de traduzirem o uso de recursos naturais pela humanidade.

A Natura foi a primeira empresa de cosméticos a aplicar a metodologia da pegada hídrica incluindo a fase final do ciclo de vida no levantamento.

SAIBA MAIS QUANTO SE GASTA, PARA PRODUZIR OUTROS ITENS DE GRANDE CIRCULAÇÃO UMA TAÇA DE VINHO: 120 litros. XÍCARA DE CAFÉ: 140 litros. 1KG DE AÇUCAR REFINADO: 1.500 litros. 1 CAMISERA DE ALGODÃO: 2.700 litros. Fonte: Water Footprint


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OPINIÃO Por Júlia Manta* - Integrante do Movimento Pró-Árvore

Onde tem árvore tem água “A água, assim, é o olhar da terra, Seu aparelho de olhar o tempo” Paul Claudel

L

agos, rios e mares seriam então as janelas da alma do planeta? Essa substância que pulsa em nossas veias, que mata a sede dos seres vivos, ora sólida e gelada, branca paisagem, ora quente, que flutua em vapores, que forma desenhos no céu, que traz sons às paisagens, que leva, que une. Imensas, profundas, cristalinas, negras, verdes, azuis – olhos a contemplar o universo. E as árvores são os cílios desses grandiosos olhos, que assim como os pelos do nosso corpo, tem a função de proteger. Suas raízes, além de nutridas pela água, também seguram a terra das margens dos rios, impedindo o assoreamento e também mantendo-a limpa. Mas além de protetoras das águas,

as árvores participam de seu ciclo. Da chuva, parte escoa pela árvore e pode chegar aos cursos d’água. Outra parte dessa água retorna à atmosfera, pela evapotranspiração, o que garante novas chuvas. A floresta amazônica, por exemplo, produz o fenômeno chamado de rio voador. A mata puxa como uma bomba grandes quantidades de vapor d’água do Oceano Atlântico. Essa massa de ar e pura poesia que corre por cima de nós, em condições propícias, leva chuva pro oeste, sudeste e sul do País. Mais umidade retorna a esses “cursos d’água suspensos”, pela evapotranspiração da floresta. Seguindo o fluxo rumo ao oeste, os rios voadores podem chegar até a Cordilheira dos Andes, precipitarem-se alimentando a nascente do rio Amazonas ou seguir espalhando-se pelo sul do continente.

Lágrimas que caem dos céus, que escorrem por cílios verdes, alimentando os olhos da Terra. Olhos da Terra, que contemplam o universo, emocionados, e vertem lágrimas pelos cílios verdes, flutuando nos céus. Assim, onde tem verde, sempre terá água, pois as árvores integram esse sistema autopoético, pensante, porém, infelizmente, finito. É certa a capacidade extraordinária da Natureza de se regenerar e reengajar no fluxo da vida. Mas, a força das perturbações causadas pelo homem, intensificadas há quase trezentos anos e seguindo num ritmo vertiginoso, voraz, a consumir todas as riquezas do planeta, tem causado muitos estragos no planeta, como o aquecimento global e a escassez de água. Adormecido, em algum recanto de nosso inconsciente coletivo, está a imemorial e sagrada conexão com a teia da vida, onde temos a percepção de

que “o que fizer à teia, fará a si mesmo”, como disse, em 1852, o chefe Seattle. Apesar da catástrofe anunciada, intuo que uma vivência respeitosa se faz no agora, silenciosa, como um rizoma que se expande. Se cresce na mesma velocidade com que se destrói, não sabemos. Aguardemos. Mas não numa espera vã, e sim num tempo de que fazer, como na “Canção Óbvia”, de Paulo Freire. Esperemos nos insurgindo contra os abusos do uso da água nas termelétricas, contra gestores que não preservam os rios e as matas que nos restam, contra o consumismo desenfreado. Esperemos, fazendo nosso trabalho de formiguinha, ou do beija-flor da fábula, que apaga o incêndio, cuidando do nosso próprio lixo orgânico, reflorestando as matas ciliares, participando de mutirões de limpeza nas margens dos rios e do mar, plantando em calçadas, resistindo.


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