O Estado Verde - Edição 22463 - 10 de março de 2015

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Em 10 anos, demanda por água no planeta será maior que o recurso existente

O ESTADO Ano VI Edição No 379 Fortaleza, Terça-feira, 10 de Ceará, Brasil março de 2015

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Relatório lançado pela ONU afirma que o fornecimento de água será insuficiente para suprir as necessidades da população. PÁGINA 3

É uma insanidade engarrafar a natureza, por mais que o governo queira

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Empreendimento beira a insanidade. O Estado iniciou o projeto em 2010 com uma previsão de gastos de 250 milhões. PÁGINA 4

Nos dias 25, 26 e 27 de março acontece, em Brasília, a Conferência sobre Solo

33% das terras do planeta são considerados como tendo alto ou médio grau de degradação, devido à erosão e compactação. PÁGINA 12

PRESERVAÇÃO

Cultura da carnaúba enfrenta maior desmatamento de todos os tempos Em três anos, foram derrubadas mais de 5 milhões de carnaubeiras. A espécie que gera, aproximadamente, 100.000 empregos no Ceará, pode desaparecer. Páginas 6 e 7


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Água de chuva Nada me admirou mais, ou talvez, espantou mais, do que a observar a quan-

tidade de água que caia das biqueiras de muitas casas nos bairros Praia de Iracema, Meireles, Aldeota e Dionísio Torres. Na manhã do último domingo, chovia copiosamente e eu sentia alegria pela chuva que caia, mas também tristeza pelo desperdício... tanta água desperdiçada. Quando vamos levar para o encanamento a água que cai do telhado? São milhares de litros de água que se perdem nos asfaltos da cidade. A água da chuva pode ser usada para limpar áreas externas, regar o jardim, ser usada para a descarga nos banheiros ou por que não, para ser poupada e guardada para períodos de longas estiagens, tão comum no nosso clima?

Há mais de 50 anos, Hong Kong, por extrema necessidade, utiliza água do mar para dar descarga nos banheiros de 80% da população. Em números, isto significa que quase seis milhões de pessoas despejam água retirada do oceano em seus vasos sanitários todos os dias. Na ilha onde está Hong Kong, as chuvas sempre foram insuficientes para o abastecimento. Em 1958, o governo resolveu investir na água do mar. Foram construídas 35 estações de captação e transmissão, além de 1,5 mil quilômetros de tubulações para que a água chegue à população. O novo Código da Mineração

(PL5807/13), que inclui a proposta de abrir até 10% das áreas protegidas para a prospecção e extração de minérios, está entre as pautas parlamentares. Espero que os nossos legisladores tenham juízo e não permitam tal barbaridade.

PEC 504 ou PEC da Caatinga

que altera o § 4º do art. 225 da Constituição Federal, para incluir o Cerrado e a Caatinga entre os biomas considerados patrimônio nacional, mais uma vez, a matéria não foi apreciada em face do encerramento da Sessão. Até quando os políticos nordestinos vão deixar esta PEC “bolando” no Congresso? O bioma precisa dessa PEC, o Semiárido e o nordestino, também.

Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, aponta que “as mudanças climáticas vão impactar sobre a atividade econômica, e as atividades agropecuárias devem enfrentar tais efeitos de forma mais intensa, uma vez que o setor tem seu desempenho intrinsecamente dependente dos recursos naturais e das condições climáticas”. Até quando vamos aguentar os abusos dos caminhões fazendo entregas nas ruas de Fortaleza, quando bem entendem e na hora em que bem entendem, sob a vista grossa do poder público? E os caminhões circulando livremente na Avenida Raimundo Girão, transportando imensos containers no horário de pico? Por que não se cria uma lei proibindo entregas nos horários de 7 da manhã às 8 da noite, como fazem os grandes centros? Afinal, somos ou não somos uma grande Cidade? Por que quase sempre não agimos como tal? Reflexão: Prevê-se que, em duas

décadas (2010 e 2020), 2,8 bilhões de indivíduos viverão em países com água insuficiente para todos os seus habitantes. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente informa que, no mesmo período, 48 países estarão na linha da escassez ou falta extrema desse recurso natural.

De 9 a 13 de março Decon realiza Semana do Consumidor 2015 Esta semana será toda dedicada aos consumidores. Mutirão de audiências de conciliação, palestras, orientações jurídicas, apresentações artísticas e distribuição de lanches estão programados para a Semana do Consumidor 2015. Com o tema “A Internet como ferramenta de proteção e defesa do consumidor”, o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon) busca sensibilizar a população sobre a importância do meio eletrônico. As atividades começam na próxima segunda-feira (9) e seguem até o dia 16. Entre os dias 9 e 13 de março, ocorre o mutirão de audiências de conciliação na sede do Decon (Rua Barão de Aratanha, nº 100 – Centro). No sábado (14) tem a festa do Dia Internacional do Consumidor, na Praça do Ferreira, com uma intensa programação das 9h às 14 horas. A festa contará ainda com grupo de dança, show de humor e uma palestra do Corpo de Bombeiros e da Mecrel Extintores dando dicas de segurança contra incêndio e de manuseio de extintores. 12 de março Dia da Biblioteca e do Bibliotecário No Brasil, o Dia do Bibliotecário é comemorado em 12 de março desde 1958, é uma menção ao aniversário de nascimento do poeta Manoel Bastos Tigre, considerado o verdadeiro pilar da Biblioteconomia brasileira. Ele exerceu a profissão de bibliotecário por 40 anos, e é considerado o primeiro bibliotecário por concurso, no Brasil.

A data só foi regulamentada pelo Decreto nº 84.631de 12 de abril de 1980. O bibliotecário é o profissional que possibilita agilizar a busca, e, principalmente, que facilita o encontro ao que está sendo pesquisado, ele está apto para interpretar o que o usuário precisa, seu auxilio é fundamental para promover o incentivo a leitura e a informação.

15 de março Dia da Escola A preparação da criança começa em casa, com a família, mas é na escola que a criança ou o jovem, além de um espaço de treinamento e aprendizado, encontra, também, um local de convivência, onde conhecem outras pessoas e fazem muitas amizades. Não por acaso, a palavra “Escola” vem do grego skholê, que significava precisamente “descanso, repouso, lazer, tempo livre”. Na Grécia antiga, só quem não tinha obrigações com o trabalho braçal, tinha tempo livre e podia dedicar-se aos exercícios físicos e mentais.

O Estado Verde (OeV) é uma iniciativa do Instituto Venelouis Xavier Pereira, com o apoio do jornal O Estado, para fomentar o desenvolvimento sustentável no Ceará. EDITORA Tarcilia Rego CONTEÚDO Equipe OeV. JORNALISTA Elisângela Alves DIAGRAMAÇÃO E DESIGN Rafael F.Gomes TELEFONES (85) 3033.7500/3033 7505 E (85) 8844.6873 ENDEREÇO Rua Barão de Aracati, 1320 — Aldeota, Fortaleza, CE — CEP 60.115-081. www.oestadoce.com.br/o-estado-verde


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VISÃO GLOBAL Em 10 anos, demanda por água será maior que a quantidade de água existente em 48 países

Para evitar conflitos, o mundo deve buscar atingir metas globais

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rganização das Nações Unidas (ONU) alerta que “o mundo deve alcançar as metas internacionais sobre a água para evitar conflitos que possam surgir do desespero”. Relatório lançado pela Universidade da ONU e pelo Escritório das Nações Unidas para Desenvolvimento Sustentável, afirma que o fornecimento de água para 2,9 bilhões de pessoas em 48 países será insuficiente para suprir as necessidades da população em 10 anos.

Investimentos

O documento diz que “sem grandes investimentos no setor de infraestrutura da água, muitas sociedades vão, em breve, confrontar desespero e conflitos sobre o recurso natural mais essencial para a vida humana”. O autor do estudo, Bob Sandford, da Iniciativa de Parceria Canadense, afirmou que “a consequência pelo não cumprimento dos objetivos será uma insegurança generalizada que levará a mais tensões e conflitos”. A publicação fornece uma análise detalhada de 10 países para mostrar como atingir as metas de desenvolvimento sustentável relacionadas à água e ao saneamento podem oferecer uma forma rápida e barata de se alcançar esses objetivos. Entre os países pesquisados estão, Bolívia, Canadá, Indonésia, Paquistão, Uganda e Vietnã.

do dinheiro que deveria ser usado para melhorias no setor são desviados. Os especialistas afirmam a necessidade de criação de protocolos contra a corrupção e que penas rigorosas sejam aplicadas para os que cometerem o crime. Calculam que o custo global para se atingir as metas de desenvolvimento sustentável pós-2015 deve girar entre US$ 1,2 trilhão e US$ 2,2 trilhões por ano pelas próximas duas décadas. Os autores do estudo disseram que em 10 anos, 48 países com uma população de 2,9 bilhões de pessoas, serão classificados como “em escassez de água” ou com “falta d’água”.

Demanda x Oferta

Combater a corrupção e fundamental no setor de fornecimento de água

Corrupção

Para os especialistas, os governos devem exigir uma prestação de contas dos setores de agricultura, que é responsável por 70% do uso das reservas de água, e o

de energia, com 15%. Combater a corrupção é fundamental no setor de fornecimento de água, principalmente nos países em desenvolvimento. Segundo o relatório, 30%

Em 2030, a expectativa é a de que a demanda global por água será 40% superior a oferta. Os países que mais vão sofrer com essa situação são os que estão em regiões mais quentes e os mais pobres com uma população jovem crescente. O relatório calcula que 25% das bacias hidrográficas dos principais rios do mundo vão secar durante vários meses do ano. Os especialistas recomendam que os governos realizem avanços nos setores de controle da água, de saneamento e para evitar o desperdício. O mundo deve, segundo o relatório, identificar, reconhecer e prestar contas sobre todas as necessidades de água para a biodiversidade do planeta.


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barrosalvesdireito@gmail.com

A insanidade de engarrafar a Natureza

Por mais que o governo do Estado queira vender à opinião pública que a construção de um Acquario oceânico no Ceará é um projeto de extraordinária validade, custa a crer às pessoas mais atentas a esses acessos de megalomania de governantes, que os resultados sejam benéficos para o povo. A obra é uma iniciativa que beira a insanidade, para usar palavras reiteradamente denunciadoras do deputado Heitor Férrer. O Estado iniciou o projeto em 2010 com uma previsão de gastos de R$ 250 milhões, assegurando à sociedade que entregaria a obra em 2012. Depois adiou a entrega para 2013, em seguida para 2015 e agora, depois de uma inexplicável paralisação em que emergiram várias dúvidas sobre a obra, a promessa de conclusão foi jogada para 2017. Diante de tantos adiamentos e controvérsias, não há o mínimo motivo para se acreditar nas informações governamentais. Ao contrário, vem-nos à mente com maior segurança a afirmação do jornalista Isaac Feinstein Stone: “Todo governo é mentiroso.”

Mundos e fundos O movimento de cidadania denominado “Quem dera ser um peixe”, formado por ecologistas e ambientalistas contrários ao projeto, insiste em denunciar as muitas artimanhas governamentais e falácias do discurso oficial em relação ao projeto do Acquario, bem como os quase certos danos que causará ao ambiente e à comunidade em que está. Lembro-me que na primeira audiência pública ocorrida há 5 anos, na Assembleia Legislativa, em razão de requerimento de Heitor Férrer, uma jovem moradora do Poço da Draga, comunidade localizada nas imediações da área em que está sendo construído o monstrengo, lembrou que ao tempo em que foi construído o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, o governo prometeu-lhes que obras complementares iriam minorar os problemas locais. “Prometeramnos mundos e fundos, mas até agora não nos deram nem os fundos”, disse a jovem para riso dos presentes. Vai ocorrer o mesmo em relação ao Acquario. Serão todos engambelados. Melhor ser peixe Diante dos descalabros governamentais em nível federal e em nosso próprio Estado, onde milhares de cearenses não dispõem de assistência médica digna; não têm um sistema educacional que sequer atenda elementares necessidades intelectuais; onde milhares de pessoas bebem água poluída entregue em carros-pipa porque o governo não dispõe de

recursos para adotar medidas que minorem esse sofrimento; onde falta recursos para conclusão de obras importantes para a população como o Veículo Leve sobre Trilhos-VLT, prometido para antes da Copa do Mundo de Futebol; além de inúmeros outros atropelos de toda natureza... Como, então, este governo, de forma irresponsável, continua a dar prioridade a uma “mansão pra peixe”, enquanto deveria cuidar das pessoas? Daí a perfeita ironia na nominação do movimento “Quem dera ser um peixe.” No Ceará é melhor ser peixe do que ser gente.

Águas turvas Mas, enquanto o

governo do Ceará insiste em construir essa casa de luxo para colocar várias espécies de peixes, inclusive tubarões, os tubarões do governo nadam em águas turvas. Ao que parece têm muito a esconder ou nada a dizer. O secretário de Turismo, Arialdo Pinho, antes supersecretário na gestão anterior, foge do Parlamento para dar explicações, como o diabo foge da cruz. E, infelizmente, tem para blindálo na Assembleia Legislativa uma bancada governista que ainda detém maioria. Causa surpresa até mesmo figuras como o deputado petista Elmano Freitas, ligado à ex-prefeita Luizianne Lins, que se fez advogado entusiasmado de defesa do titular da Pasta do Turismo. Lembre-se que, no governo passado, Arialdo Pinho tratava Luizianne Lins a pedradas. A política é mesmo dinâmica...

OPINIÃO Dhanilo Ramalho, jornalista e mestrando em gestão

Carreira profissional: Uma nova senha para o mercado

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e o primeiro pensamento do empresário é puxar o freio de mão dos investimentos, em tempos de crise, o pensamento – na verdade a atitude! – de quem busca o mercado de trabalho deve ser francamente o oposto, ou seja, pisar no acelerador da qualificação. Sim, pois é nestes momentos sombrios, economicamente, que os profissionais de valor se sobressaem aos iguais. Já foi o tempo em que ter um diploma de nível superior garantia algo em termos de futuro. Uma ou duas geração atrás, o canudo era mesmo o mapa da mina de carreiras promissoras. Entrava-se naquela grande empresa, desempenhava-se, por anos, um bom trabalho: postura correta para com os amigos, atenção para com o chefe, zelo para com o serviço e tudo ia bem. Era assim, até chegar à aposentadoria. Era assim! Em nossa sociedade pós-moderna não são apenas as marcas que se digladiam numa concorrência cada vez mais selvagem. Profissionais de todas as áreas do conhecimento tomaram emprestado – para o bem e para o mal – este ritmo alucinante de disputa e, sem muita escolha, buscam se reinventar. MBA’s à parte, chegamos a uma encruzilhada: não basta ter todo conhecimento que hoje se dispõe nas prateleiras de universidades, de escolas profissionalizantes e afins. É necessário ir além, e esta passagem conceitual tem um nome, aliás, dois: Gestão de Carreiras. Nunca se viu tantas possibilidades de estudo, de qualificação profissional, de cursos, formatos de aulas, preços e fi-

Quem busca o mercado de trabalho deve pisar no acelerador da qualificação. Já foi o tempo em que ter um diploma de nível superior garantia algo em termos de futuro. nanciamentos que se tem hoje. Em cada esquina surge uma faculdade se oferecendo ao mercado. Todas prometem a passagem para o bom emprego, bons salários e estabilidade – e olhe que não falo aqui dos preparatórios para concursos! – mas, e depois, o que fazer com todo este conhecimento? Ensinam a pescar, mas e quando chegar o momento de vender o peixe? É aí que entra a necessidade da gestão de carreiras, afinal, o candidato a emprego deve dar a empresa vários motivos para que ele seja contratado e não o seu concorrente. Coisas como comunicação pessoal, figurino, network, redes sociais e, claro, um currículo bem formatado recheado de estudo, muito estudo acadêmico mesmo, fazem parte da necessidade de um mercado profissional que pouco ou nada tem haver com um passado relativamente recente onde quem tinha um diploma era detentor da senha para o sucesso.


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SOBREVIVÊNCIA Impedidos de pescar em virtude da seca, trabalhadores estão sem receber o seguro-defeso

Pescadores lotam o auditório da Assembleia Legislativa do Ceará

A

s condições de sobrevivência dos pescadores artesanais de águas continentais que vivem na região dos Inhamuns foi objeto de discussão de uma Audiência Pública, realizada dia 05 de março, na Comissão de Desenvolvimento Regional, Recursos Hídricos, Minas e Pesca, da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (AL-CE). O fato é que esses trabalhadores estão impedidos de exercer as atividades em virtude da seca no Estado e também, não estão recebendo o seguro-defeso. O benefício é uma assistência financeira temporária, um tipo de seguro -desemprego concedido ao pescador profissional que exerce sua atividade de forma artesanal, individualmente ou em regime de economia familiar, garantindo ao mesmo, o recebimento de um salário mínimo no período em que as atividades forem suspensas em decorrência do período de defeso que se estende até abril.

Defeso

Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) o defeso é uma medida que visa proteger os organismos aquáticos durante as fases mais críticas de seus ciclos de vida, como a época de sua reprodução ou ainda de seu maior crescimento. Dessa forma, “o período de defeso favorece a sustentabilidade do uso dos estoques pesqueiros e evita a pesca quando os peixes estão mais vulneráveis à captura, por estarem reunidos em cardumes”. No caso dos pescadores dos Inhamuns, eles não estão tendo acesso ao seguro-desemprego Pescador Artesanal porque a lei exige um ano de ati-

FOTO ELISANGELA ALVES

Para deputado Odilon Aguiar (Pros), a questão dos pescadores é social e de sobrevivência

Os mais de 250 pescadores que participavam da audiência, visivelmente inquietos, decidiram levar as reivindicações da categoria para um movimento que acontece, hoje e amanhã (10 e 11), em Brasília. vidade contínua e há um entendimento oficial de que a seca, que alcança o quarto ano consecutivo no Nordeste, encerrou as atividades de pesca. Não choveu, não houve recargas nos reservatórios hídricos, consequentemente, não têm peixes e nem pesca. Para o deputado Odilon Aguiar (Pros), que requereu a audiência, o assunto é “uma questão social e de sobrevivência” e para o presidente da Colônia de Pescadores de Tauá, Antônio

SAIBA MAIS O SEGURO-DEFESO: implica que o pescador receberá o número de parcelas equivalente aos meses de duração do defeso, conforme portaria fixada pelo Ibama. O valor de cada parcela é de um salário mínimo. PARA TANTO: é preciso comprovar o exercício profissional da atividade de pesca artesanal objeto do defeso e que se dedicou exclusivamente à pesca, em caráter ininterrupto, durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso. Entre outras exigências, não deve ter vínculo de emprego ou outra relação de trabalho, tampouco outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira.

Cícero Lima, a busca de uma solução e a definição de prazos são fundamentais. “Só sairemos daqui com prazos estabelecidos” , afirmou Lima.

Legislativa

Os representantes da lei, presentes à Audiência, explicavam que a questão iria ser resolvida, mas que não dependia somente do poder estadual e exigia intervenções na esfera federal. De acordo com o superintendente Regional do Trabalho no Ceará (SRTE) Francisco Ibiapina, a solução deve ser legislativa, explicando que, talvez, seja o caso de uma alteração legislativa que se adapte a realidade local. “Deixem bem claro que deve receber seguro o pescador atingido pelo fenômeno natural da seca e que, por isso, não conseguiu pescar”, opinou. O procurador regional do Trabalho, Nicodemos Fabrício Maia, trouxe luz a discussão e explicou que é preciso uma portaria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), reconhecendo a seca no Ceará. O parecer técnico já existe, e será encaminhado aos representantes políticos em Brasília, para assinatura dos ministros.

MP 665/2014

Em apoio à causa dos trabalhadores, o deputado federal Domingos Neto (Pros/CE), participou da audiência, di-

reto de Brasília. Ele lembrou à necessidade de regulamentar a lei que prevê o pagamento do seguro-desemprego em caso de catástrofes ou fenômenos naturais, o que contemplaria os pescadores prejudicados pela seca consecutiva. Entretanto, não podemos esperar essa regulamentação com toda a demora que sabemos acontecer nestes casos. O parlamentar de Tauá abordou o encontro que teve com a presidente Dilma Rousseff para tratar da Medida Provisória (MP) 665/2014, que traz novas regras para o seguro-desemprego.

Denúncias

Vem ocorrendo uma série de denúncias em diversos estados brasileiros, envolvendo pescadores em fraudes. Para o presidente da Federação das Colônias de Pescadores do Ceará, Raimundo Félix, as fraudes apuradas aconteceram em outros estados, mas acabou prejudicando todo mundo. Segundo ele, em 2010, no Ceará, 5.500 pescadores receberam o benefício, em 2014, o número caiu para 4.500. “Atualmente, são 7.000 cadastrados, destes, apenas a metade está recebendo o benefício”, explica. O titular da Secretária da Pesca e Aquicultura do Estado do Ceará (SPA), Osmar Baquit, mostrou-se solidário à questão e disse compreender as dificuldades que todos eles enfrentam na luta pela sobrevivência. Pede que os pescadores denunciem se houver entre eles, alguém agindo ilegalmente e recebendo o benefício, quando na verdade nunca foi pescador. “Se vocês não denunciam o prejuízo é de todos. Precisamos trabalhar dentro da lei”, disse o secretário.

Brasília

Os mais de 250 pescadores que participavam da audiência, visivelmente inquietos, decidiram levar as reivindicações da categoria para um movimento que acontece, hoje e amanhã (10 e 11), em Brasília. O parlamentar Aguiar vai acompanhar os pescadores na viagem à Capital Federal.


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PRESERVAÇÃO O desmatamento é uma preocupação para manutenção da espécie tipicamente nordestina

Cultura da carnaúba responde pela geração de 100.000 empregos

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cultura da carnaúba pode desparecer. Em três anos, foram derrubadas mais de 5 milhões de pés da espécie Copernicia prunifera ou carnaubeira, planta que gera, aproximadamente, 100.000 empregos no Ceará. Conhecida como a árvore da vida, possuí múltiplas aplicações, desde a construção civil, até o artesanato, porém é a extração, refino e comercialização da cera de carnaúba, que se constituem na principal atividade econômica. E esta é uma das razões para a existência do Memorial da Carnaúba. Trata-se do primeiro do mundo. Fica na cidade de Jaguaruana, a 186km da capital Fortaleza e tem como objetivo principal, desenvolver políticas de sustentabilidade e para a proteção da árvore símbolo do Ceará. O idealizador do Memorial, Afro Negrão, estuda a carnaúba há onze anos. “Mesmo sem o apoio da gestão municipal devido ao processo político partidário, conseguimos manter de pé um grande projeto com recursos próprios que resgata a cultura mais importante do homem nordestino”, declara.

Desmatamento

Uma das preocupações de Afro diz respeito ao desmatamento e a degradação ambiental. Segundo o idealizador do memorial, estudos estão sendo realizados para a obtenção de um diagnóstico sobre as áreas e as regiões aonde, ainda, existem carnaubais nativos. “Enfrentamos, hoje, o maior desmatamento criminoso de todos os tempos de existência da espécie no mundo. Em 3 anos, foram derrubadas mais de 5 milhões de carnaúbas”, denuncia.

“Principalmente por interesses econômicos. O desmatamento ocorre para favorecer a implantação de outras culturas, como o arroz, camarão, fruticultura, outros empreendimentos como loteamentos e condomínios residenciais, dentre outras atividades. E o mais grave, sem o consentimento e autorização dos órgãos de fiscalização competentes”. O pesquisador garante que através do projeto de Arranjo Produtivo Local (APL) da carnaúba do baixo Jaguaribe, a causa ganhou mais visibilidade. “É preciso conhecer a real situação para que possamos realizar ações que garantam a continuidade da espécie. Há 55 anos, não eram realizadas ações, pesquisas aprofundadas, sobre a carnaubeira no Ceará”, ressalta Afro.

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Economia

Cultura centenária, é responsável por um dos principais produtos da pauta de exportações cearense, onde ocupa a quarta posição. Além disso, emprega mais de 100.000 pessoas na cadeia extrativista e produtiva, representando, trabalho, renda e melhoria da qualidade de vida das comunidades envolvidas. O artesanato cearense, conhecido mundialmente, tem uma grande parcela de importância nesse processo, pois, há anos, emprega a mão de obra artesanal e estimula a comercialização dos produtos feitos a partir da espécie. São bolsas, chapéus, entre tantos adereços que enfeitam os turistas e viajam continente afora, deixando na economia do Estado, um resultado positivo.

Privilégio

A cultura é privilégio da região Nordeste, especialmente, os Estados do Ce-

A cultura da carnaúba é um privilégio da região Nordeste, principalmente no Ceará


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ará, Piauí e Rio Grande do Norte a presença desta palmeira representa geração de emprego e renda durante todo o ano. Em algumas localidades, é a única atividade. A safra se estende do mês de agosto a dezembro, quando acontece o corte e suas palhas, a consequente secagem com a obtenção do pó cerífero. Nos meses seguintes, acontece o cozimento do pó e a fabricação da cera de origem. Por caraterísticas próprias, esta é a única parte da terra onde essa palmeira produz o pó e, consequentemente a cera. Países como Alemanha, Índia, Japão e Estados Unidos têm investido, sem sucesso, na tentativa de cultivar a Copernicia Cerífera em virtude da importância da cera extraída de suas folhas. Solos argilosos e margens de rios, salinidade alta são algumas das característi-

cas suportáveis pela carnaúba, que, mesmo sofrendo estresse hídrico, consegue resistir às adversidades do Semiárido.

Utilização

A cera da carnaúba é utilizada adicionalmente em doces, polimentos, vernizes, produtos de cosméticos e muitos outros. A palha pode ser utilizada para fins agrícolas e artesanais. O talo também pode ser usado no artesanato. Recentemente, pesquisadores italianos estão obtendo resultados positivos na utilização do fruto para produção de biodiesel. A espécie multiuso não é perecível, e sua retirada ocorre para a fabricação de plásticos, papel carbono, tintas, chips, códigos de barra, assim como era muito utilizada na produção de discos de vinil

e baterias. Produtos como lubrificantes, impermeabilizantes e vernizes também são feitos a partir de cera de carnaúba. Além disso, a cera também pode ser utilizada para a manufatura de um álcool denominado alifático, que é útil em plantios e horticultura. Produz um fruto comestível, do qual pode ser extraído óleo, palmito do caule e as raízes são usados com finalidades medicinais. A madeira pode ser utilizada na construção civil e de mobiliários e as fibras vão para a fabricação de redes, chapéus, cestos e diversos outros artesanatos.

ribe. É um espaço criado para a divulgação de fatos relacionados à cultura da cadeia produtiva da carnaúba no Ceará. - Instalado no local conhecido como Armazém das Artes., funciona, também, como espaço para exposições de fotos e apresentações de vídeos, livros, estudos e filmes. Com área de 500 metros quadrados, fica na Avenida Antônio José de Freitas, 1.216, no centro de Jaguaruana, onde funcionou um antigo galpão que, no século passado, serviu como depósito para comercializar a cera e o pó da carnaúba.

Saiba mais

- O Memorial da Carnaúba foi inaugurado em 14 de maio de 2011, na cidade de Jaguaruana, na região do Baixo Jagua-

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Memorial da Carnaúba - Av. Cel. Antônio José de Freitas, 1216, Centro. Agendamento para visitação escolar. Telefone: (88) 9282.5566 / 9970.2509 http://memorialdacarnauba.blogspot.com.br/


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AMAZÔNIA Além do corte raso, Inpe detectou, cerca de 70 km² de florestas degradadas

Em três meses, 219 km² de florestas foram devastadas

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ntre novembro de 2014 e janeiro de 2015, a Amazônia teve 219 km² de florestas completamente devastadas, de acordo com dados oficiais medidos pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área equivale a 137 vezes à do Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. Além do corte raso, o Inpe também detectou, no mesmo período, cerca de 70km² de florestas degradadas - isto é, áreas em que a mata não foi inteiramente suprimida, mas foi comprometida pelo fogo ou pela exploração parcial. Com isso, o total de áreas com alterações florestais neste trimestre chega a 291km². Em novembro de 2014, foram estimados 76,7km² de áreas alteradas. Em dezembro, a estimativa foi de 85,4km². Em janeiro de 2015, exatos 129,3km² sofreram corte raso ou degradação. De acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) - que realiza um monitoramento não oficial operado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) -, a alteração florestal teria atingido 281 km² em novembro de 2014, cerca de 205km² em dezembro daquele ano e 677km² em janeiro de 2015. Com isso, o desmatamento total e a degradação teriam somado 1.163 km² neste trimestre - um aumento de 326% em relação ao mesmo período um ano antes.

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Produção de peixe no Açude Castanhão é grande fonte de renda no interior do Ceará

Os estados que mais devastaram foram Mato Grosso, Pará e Rondônia As estimativas do Inpe especificamente relacionadas ao corte raso foram de 30km² em novembro de 2014, além de 76km² em dezembro e 112 km² em janeiro de 2015 - um total de 218 km². Segundo o SAD, as áreas completamente devastadas entre novembro de 2014 e janeiro de 2015 foram de 578 km² - estimativa cerca de duas vezes e meia maior do que a do Inpe. Segundo o Inpe, os Estados que mais devastaram foram Mato Grosso, com 179,61km², Pará, com 58,8km² e Rondônia, com 21,5km². O Inpe destaca no boletim que os dados do Deter devem ser analisados em conjunto com a informação sobre a cobertura de nuvens, que afeta a observação por satélites. Em novembro de 2014, metade da Amazônia estava coberta por nuvens.

Em dezembro, as nuvens impediram a observação de 73% da floresta e, em janeiro de 2015, a floresta tinha 59% da superfície encoberta. O Deter usa dados de satélites de resolução moderada, de 250 metros, e é concebido para dar suporte à fiscalização de desmatamento, de acordo com as necessidades do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Enquanto o sistema Prodes, também operado pelo Inpe, fornece dados oficiais anuais, com base em imagens de alta resolução. No caso do Deter, o que importa é a velocidade: as imagens são analisadas em até cinco dias após a passagem do satélite, indicando onde a devastação acontece para ações contra os desmatadores ilegais.

Consórcio Brasileiro de Superfícies Frias na Feicon O Consórcio Brasileiro de Superfícies Frias promoverá, durante a Feicon Batimat 2015 (Feira da Construção), que começa hoje, em São Paulo, uma discussão sobre as diretrizes técnicas que estão sendo desenvolvidas para qualificar produtos que oferecem conforto térmico e eficiência energética nos edifícios e simultaneamente combatem as ilhas de calor urbanas. O encontro acontecerá no dia 12 de março, às 15 horas, na sala das Orquídeas, dentro da

área da Direção da Feicon no Anhembi, em São Paulo. O Consórcio tem como objetivo de trabalho definir condutas e normas de qualidade para o desenvolvimento de soluções e produtos que atendam à necessidade de adoção de práticas, processos e recursos que promovam a eficiência energética e consequentemente a redução do consumo de energia em condicionamento. O escopo do consórcio envolve revestimentos ex-

ternos de edifícios, incluindo coberturas e fachadas. SERVIÇO

Feicon Batimat 2015 Data: 10 a 14 de março Local: Anhembi – São Paulo Debate Consórcio Brasileiro de Superfícies Frias na Feicon Data: 12 de março Local: Sala das Orquídeas - na área da Direção da feira Horário: das 15h às 16h30 horas

Apesar da incidência de seca, que já perdura por quatro anos no semiárido brasileiro, o Açude Castanhão – o maior reservatório construído pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) para usos múltiplos – apresentou uma produção de peixe relevante em 2014. No período, foram produzidos e pescados 12.901.400 (doze milhões, novecentos e um mil e quatrocentos) quilos, que renderam aos produtores e pescadores o valor de R$ 79.833.800,00 (setenta e nove milhões, oitocentos e trinta e três mil e quatrocentos reais). A criação intensiva de tilápia em tanques-rede aproveitando seu espelho d’água totalizou 12.220.000 (doze milhões, duzentos e vinte mil) quilos, que, vendido pelos produtores a preço médio de R$6,31 o quilo, totalizou uma renda bruta de R$77.108.200,00 (setenta e sete milhões, cento e oito mil e duzentos reais). A pesca extrativa, feita de modo extensivo pelos pescadores cadastrados, alcançou 681.400 quilos, vendido a preço médio de R$4,00, totalizando R$ 2.725.600,00. Dentre as espécies pescadas, se destacam a tilápia, o tucunaré, a pescada, o curimatã comum, a traíra e o camarão. Esses números explicam a importância dessa barragem construída no vale do Rio Jaguaribe no Ceará, capaz de acumular 6,7 bilhões de metros quadrados de água e que se tornou o maior polo de produção intensiva de tilápias no Brasil, além de suas águas irrigarem projetos hidroagrícolas e abastecerem cidades à sua jusante e a região metropolitana de Fortaleza, beneficiando cerca de quatro milhões de pessoas.


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UTILIDADE PÚBLICA Ações tem como intuito, fortalecer a mobilização e educação popular dos munícipes

Prefeitura mobiliza a população para o combate à Dengue

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uidado com o retorno das chuvas é preciso retomar a atenção em relação à Dengue. Por isso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por meio do Núcleo de Educação em Saúde e Mobilização Social (Nesms), da Célula de Vigilância Ambiental e de Riscos Biológicos, em parceria com o posto de saúde Waldemar de Alcântara, promoveram ações de intensificação ao combate ao Aedes Aegypti, mosquito transmissor da Dengue, durante toda a semana, nos bairros Jockey Clube e João XXIII, da Regional III. Entre os dias 2 e 8 de março foram realizadas visitas domiciliares dos agentes de combate às endemias, borrifação com máquinas costais, fiscalização em estabelecimentos com Vigilância Sanitária, ações educativas em shoppings, afixação de cartazes e panfletagem em pontos comerciais.

Atividades

Dentre as atividades, foram divulgadas ações de prevenção e combate à dengue no intervalo das missas realizadas na Paróquia Imaculada Conceição, do bairro João XXIII, através de carro de som e rádio comunitária, distribuição de sacos plásticos para acondicionamento de lixo e descartáveis nas residências, entre outras. Ainda compondo as operações dos profissionais de saúde e mobilizado-

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CURIOSIDADE Reconheça o Aedes Aegypti

O Aedes Aegypti e o inseto pequenino com menos de 1cm, mas perigoso à saúde res sociais, na manhã de sexta-feira (6), aconteceu uma caminhada de conscientização com estudantes da Escola Presidente Kennedy e profissionais de saúde com concentração na Rua Melo de Oliveira com Estrada do Pici. De acordo com o gerente da Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos, dr. Nélio Morais, essas ações tem como intuito, fortalecer a mobilização e educação popular, como ferramenta de esclarecimento e conscientização das pessoas.

ATENÇÃO SÃO SINAIS DE DENGUE: febre alta, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações e ossos, dor retro-orbital (atrás dos olhos) e manchas vermelhas na pele. Casos severos podem se apresentar com febre hemorrágica e choque, com uma mortalidade de 5-10%. (Febre do Dengue hemorrágico ou síndrome de choque do Dengue). UM SINAL DE ALERTA: do dengue hemorrágico é a dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, hepatomegalia dolorosa, derrames cavitários, sangramentos mais intensos, hipotensão arterial, pulso fraco e rápido, extremidades frias, cianose e taquicardia entre outros. PESSOAS QUE ESTIVERAM: nos últimos 14 dias em uma cidade com presença do Aedes Aegypti ou com transmissão da dengue e apresentar os sintomas citados devem procurar uma unidade de saúde para diagnóstico e tratamento adequado. PARA PREVENIR DENGUE É PRECISO: vigilância - da enfermidade e de vetores; controle de vetores- pesticidas, eliminação de locais de procriação; proteção pessoal - triagem de casas, redes de dormir, repelentes e vacinação - disponível para algumas como Febre amarela, encefalites Japonesa e Russa (carrapato). A ERRADICAÇÃO DO AEDES AEGYPTI: passa pelo manejo ambiental (saneamento domiciliar) ; educação em saúde - eliminação física de criadouros e tratamento de criadouros, quando indicado. É um processo que exige atenção e cuidado de todo cidadão e do poder público.

Dengue

A dengue é uma doença infecciosa febril causada por um arbovírus. É transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. É a arbovirose que mais causa problemas no mundo. Mais de 2 milhões de casos por ano. É encontrado no sudeste da Ásia, África, Caribe e América do Sul. O Aedes multiplica-se em águas limpas, paradas. Infecções humanas surgem do ciclo humano-mosquito-humano. O arbovírus (de “arthropod borne virus”), de acordo com definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) é um “vírus mantido na natureza através da transmissão biológica entre hospedeiros vertebrados suscetíveis por artrópodos hematófagos, ou por transmissão transovariana e possivelmente venérea em artrópodos”.

Transmissão

A transmissão se dá através da picada da fêmea de mosquitos A. aegypti . São mosquitos urbanos, domiciliares, de hábitos diurnos, após 8-12 dias de incubação no mosquito, este está apto a transmitir a infecção que não é transmitida por contato direto.

O mosquito Aedes Aegypti é originário do Egito, mas se espalhou pelo mundo através da África: primeiro da costa leste do continente para as Américas, depois da costa oeste para a Ásia. O vetor foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. É um inseto pequenino, com menos de 1 cm , apresenta manchas brancas nas patas e no corpo negro. As asas também são negros. Costuma voar baixo produzindo pouco zumbido e demonstra ser mais ativo de manhã. No início do século 20, o Aedes Aegypti foi responsável pela transmissão da febre amarela urbana, o que impulsionou a criação de medidas para sua erradicação, que resultaram na eliminação do mosquito em 1955. No entanto, a erradicação não recobriu a totalidade do continente americano e o vetor permaneceu em áreas como: Venezuela, sul dos Estados Unidos, Guianas e Suriname, além de toda a extensão insular que engloba Caribe e Cuba. As teorias mais aceitas indicam que o Aedes Aegypti tenha se disseminado da África para o continente americano por embarcações que aportaram no Brasil para o tráfico de escravos. Há registro da ocorrência da doença em Curitiba (PR) no final do século 19 e em Niterói (RJ) no início do século 20.

Fonte: Fio Cruz


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PEIXE- BOI Número de encalhes preocupa biólogos. Nos últimos seis meses foram resgatados oito filhotes

Mais um filhote recém-nascido encalha no litoral cearense

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á está em franca recuperação, o filhote de peixe-boi – recém-nascido – que encalhou na praia de Ariós, no município de Beberibe. O animal, como os outros sete filhotes em reabilitação no Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos da Aquasis (CRMM), apresentava quadro de saúde estável, no momento em que foi encontrado, “ele não ficou encalhado por muito tempo”, informa a assessoria de imprensa da CRMM. A reabilitação dos filhotes de peixe-boi dura, em um primeiro estágio, dois anos. Os animais permanecem no centro de reabilitação sendo alimentados por uma fórmula à base de leite sem lactose, uma vez que na natureza acompanham a mãe durante esse mesmo período na natureza. Em um segundo momento, eles são levados para um cativeiro em ambiente natural, uma área cercada no mar, onde eles aprendem, literalmente, a se virar sozinhos, achando alimentação, nadando em águas com correntes etc. Depois desse estágio, eles são soltos em uma área protegida e monitorados para garantir seu estado de saúde e sua adaptabilidade. De acordo com a assessoria de imprensa da CRMM, nos últimos seis meses, foram resgatados oito novos filhotes, e todos levados para o Cen-

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tro de Reabilitação. O Ceará é o estado com o maior índice de encalho de peixe-boi no Brasil. Esses mamíferos se perdem das mães quando ainda estão aprendendo a nadar e acabam encalhando nas nossas praias. É exatamente nessa hora em que a equipe do Centro entra em ação para começar um processo de resgate e proteção desses animais. O CRMM prevê em seu planejamento a capacidade de tratamento ideal de nove animais simultaneamente e uma capacidade física máxima de doze animais mantidos em cativeiro. A grande quantidade de encalhes em curtos intervalos nessa temporada começa a preocupar os biólogos do projeto. Os animais exigem uma grande quantidade de alimentação à base de leite sem lactose e verduras, além de medicamentos e trabalho intenso 24h por parte de tratadores, veterinários e biólogos.

Você pode ajudar a espécie!

A preservação do meio ambiente é um grande aliado de qualquer animal, seja ele ameaçado de extinção ou não. O compromisso com a defesa das áreas, principalmente daquelas protegidas por lei, por parte da população é uma grande ajuda para o trabalho de conservação da espécie. Na situação específica de encontrar um mamífero marinho encalhado, como o peixe-boi ou um golfinho, algumas medidas simples podem fazer a diferença para o animal, veja como acessano www.projetomanati.blogspot.com.br .

a conservação da espécie, como educação ambiental, treinamento para prestação de primeiros socorros a animais encalhados para as comunidades costeiras, mobilização de parceiros locais, além da luta pela conservação da espécie nas esferas governamentais através da criação e regulamentação de políticas públicas. Atua 24 municípios, em três estados do Nordeste do Brasil. No Ceará atua em 21 municípios do litoral.

Encalhes

Projeto Manatí

O resgate do pequeno filhote macho, no último dia 6, foi realizado pela equipe 24h de biólogos e veterinários do Projeto Manatí, que conta com o patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental. A equipe chegou no final da tarde ao local onde a população de Ariós estava protegendo o mamífero, e levando-o, imediatamen-

Bióloga trata o filhote resgatado na praia te, para o Centro de Reabilitação, no Sesc Iparana. O Projeto protege a espécie através da reali-

zação de ações diretas, como o resgate e a reabilitação dos animais, ações preventivas para

Os encalhes de filhotes recém-nascidos é uma das principias e mais preocupantes causas de mortalidade da espécie, que é um dos mamíferos aquáticos mais ameaçados de extinção do País. Esse quadro é consequência da degradação do habitat de reprodução da espécie, os estuários. Segundo a bióloga e coordenadora do Projeto Manatí, Carol Meirelles,

com a destruição desses ambientes, principalmente devido ao assoreamento consequente da criação de fazendas de camarão e salinas, a fêmea perde o acesso a locais com águas calmas para dar a luz e cuidar do filhote nos primeiros dias de vida. “Sem opções, ela dá a luz em mar aberto, em águas com fortes correntes e marés, tornando quase impossível para o filhote recém-nascido acompanhar a mãe. Fraco e desorientado, o animal é levado pela maré até a praia e encalha ainda vivo”, explica. O filhote de peixe-boi é extremamente frágil e dependente. “Durante os primeiros dois anos, ele acompanha a mãe, aprendendo a sobreviver. Só depois desse período, ele está apto para viver de maneira independente. Por sua própria conta, especialmente nos primeiros dias de vida, as chances de um filhote são nulas”, completa Carol.


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CURIOSIDADE

Lenda da Carnaubeira: A história da boa árvore da providência FOTO DIVULGAÇÃO

TARCILIA REGO Da Redação do OeV

SAIBA MAIS

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NOME CIENTÍFICO: Copernicia prunifera FAMÍLIA: Arecaceae. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Esta palmeira tem entre sete e dez metros de altura, mas eventualmente chega a 15. O tronco varia de 15 a 25 centímetros de diâmetro. Suas folhas, em forma de leque, possuem até um metro de extensão. Esta planta gosta de solos arenosos e alagadiços, várzeas e margens dos rios em regiões de clima quente. ORIGEM: Endêmica do semiárido do Nordeste brasileiro. OCORRÊNCIA NATURAL: O Nordeste brasileiro, em regiões da Caatinga, principalmente no Ceará, e nos Estados do Pará, Maranhão, Piauí até Goiás e Bahia.

m visita a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), no último dia 5, tive a grata satisfação de encontrar na mesa da recepção do órgão, o livro A Lenda da Carnaubeira. Confesso que eu não conhecia, adorei! Fotografei cada uma das páginas, desde a capa da obra até a última folha, para conta, ipsis litteris, a historia para você leitor. A bonita história foi escrita por Margarida Estrela Bandeira Duarte com desenhos de Paulo Werneck, editado pelo Ministério da Educação em 1938, e prefaciada pelo poeta Manoel Bandeira. No prefácio o poeta diz que o livro obteve o terceiro prêmio em um concurso patrocinado pela Comissão de Literatura Infantil do Ministério da Educação e Saúde, no ano de 1936. “Um álbum para crianças menores de 7 anos de idade”, escreveu Bandeira.

Fonte: Árvores Brasileiras – Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, de Harri Lorenzi.

construir a tua cabana com a madeira do meu tronco. E o menino fez tudo o que a índia lhe aconselhou. Dentro de alguns anos, um carnaubal imenso balançava-se ao vento. E o indiozinho, já homem, despedia-se dos seus pais para levar a todas as tabas os cocos da boa árvore da providência, como a chamam hoje os caboclos felizes.” Agora eu sei por que a carnaúba é a árvore símbolo do Ceará. E você? Ela está representada no brasão do Governo do Estado do Ceará.

E assim conto a história...

“Reza a lenda indígena, que uma tribo vivia feliz. O sol aquecia as cabanas, amadurecia os frutos. De vez em quando as nuvens cobriam o sol, e a chuva caia, molhando as plantações, aumentando os rios. Mas depois o sol começou a ficar muito quente, muito quente. Tão quente, que foi secando os rios e matando as plantas e os animais. Os índios rezavam e dançavam pedindo a tupã que lhes mandasse outra vez a chuva que mata a sede das plantas e dos animais. Mas era tudo em vão! O sol continuava queimando... Os índios e animais morriam, os urubus devoravam os corpos abandonados. Daqueles homens tão fortes só restava um casal com o filho, que foram obrigados a abandonar a taba em busca de terras mais felizes. Viajaram seis dias e seis noites, comendo raízes. No sétimo dia, sob um sol escaldante, avistaram na chapada uma palmeira sozinha perdida no deserto, balançando como ventarolas suas palmas verdes. Vencidos pelo cansaço,

Põe pra secar minhas folhas e bate-as. Delas sairá um pó cinzento e perfumado, a minha cera, com que poderás iluminar o teu caminho nas noites sem lua. os pais adormeceram. Só o indiozinho continuava acordado e preocupado pedia auxílio de Tupã, quando viu uma voz que chamava por ele. No topo da palmeira uma índia lhe dizia: Eu me chamo carnaubeira e estou aqui pra te ajudar. Há muitos anos a minha tribo também foi atormentada pela seca. Socorri a todos e, quando morri a lua me transformou nesta árvore para salvar os desamparados. Faze o que te aconselho e ainda serás feliz: - Talha o meu tronco e com a minha

seiva mata a sede de teus pais e a tua. - Come o meu fruto e não sentirá mais fome. - Cozinha um pouco das minhas raízes. É remédio que, bebido, fecha as feridas. - Põe pra secar minhas folhas e bate-as. Delas sairá um pó cinzento e perfumado, a minha cera, com que poderás iluminar o teu caminho nas noites sem lua. - Da palha que ficar, tece teu chapéu e tua esteira. E poderá, então,

Árvore da Vida

O naturalista Alexander von Humboldt, fundador da Universidade de Berlim, chamou a carnaúba de “árvore da vida”, em função de suas infinitas aplicações práticas. Além dos frutos, das amêndoas, do tronco, das folhas e das fibras de utilidades variadas, no Nordeste brasileiro, ela é muito aplicada nas construções de casas. Uma das razões é a sua madeira moderadamente pesada e resistente (mas fácil de aplainar), de longa durabilidade quando em água salgada. Tanto que é usada também em postes, moirões, caibros, ripas e artefatos de uso doméstico. As folhas ainda fornecem a famosa cera de carnaúba, usada em graxas de sapatos, vernizes, lubrificantes, sabonetes, entre outros.


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GOVERNANÇA Objetivo é sensibilizar a sociedade sobre a importância da conservação e do uso sustentável

Estão abertas as inscrições para Conferência do Solo

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os dias 25, 26 e 27 deste mês acontece, em Brasília, a Conferência sobre a Governança do Solo. O evento terá quatro eixos temáticos: conhecimento dos solos e institucionalidade; vulnerabilidades do solo frente às mudanças climáticas, à desertificação e aos eventos extremos; sustentabilidade da produção agropecuária, segurança alimentar e serviços ambientais; e governança territorial e solos. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) terá um estande com demonstrações sobre como realizar o Cadastro Ambiental Rural (CAR), além de apresentar três temas em sessões técnicas dentro da programação: Recuperação de Áreas Degradadas no Brasil como uma Alternativa de Renda para o Produtor Rural, mediado pelo diretor do Departamento de Conservação da Biodiversidade, Carlos Scaramuzza; Políticas Públicas Referentes à Governança do Uso dos Solos, mediado pelo diretor do Departamento de Combate à Desertificação, Francisco Campello; e Setor de Florestas e a Mudança do Clima Como Consolidar o Combate ao Desmatamento nas Políticas de Proteção e Produção, com o secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, Carlos Klink. Podem se inscrever para participar da conferência tomadores de decisão no âmbito governamental; professores e pesquisadores; organizações da sociedade civil e demais profissionais

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da área. Interessados devem fazer a inscrição pelo endereço www.governancadosolo.gov.br. A conferência tem como objetivos sensibilizar a sociedade quanto à impor-

tância da conservação e do uso sustentável dos solos e suas implicações para as políticas ligadas ao desenvolvimento sustentável; apresentar iniciativas bem sucedidas ligadas à gestão dos solos, que possam indicar caminhos para as políticas públicas relacionadas ao tema e formular recomendações e sugestões às instituições competentes para aprimorar os mecanismos de governança dos solos.

Ano Internacional dos Solos

Instituído pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) com o objetivo de

aprimorar a governança dos recursos limitados do solo do planeta, para garantir solos saudáveis, produtivos e segurança alimentar, 2015 é o Ano Internacional dos Solos. Trinta e três por cento das terras do planeta são considerados como tendo alto ou médio grau de degradação, devido à erosão, salinização, compactação, impermeabilização e poluição química. Segundo a 1ª edição da Global Soil Week (2012), nos últimos 50 anos, a quantidade de terra agricultável per capita diminuiu cerca de 50% no mundo. A América Latina e o Caribe têm as maiores reservas de terras cultiváveis do mundo, por isso o cuidado e a preservação dos solos são fundamentais para que a região alcance sua meta de erradicar a fome. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), os solos saudáveis estão na base da agricultura familiar, na produção de alimentos e na luta contra a fome e, ainda, cumprem um papel como reservatórios da biodiversidade. Além disso, compõem o ciclo de carbono, por isso que o seu cuidado é necessário para mitigar e enfrentar as mudanças climáticas. SERVIÇO

Conferência sobre Governança de Solos O evento é uma realização do Tribunal de Contas da União (TCU), em parceria como a FAO, o MMA, a Embrapa Solos, a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, a Itaipu Binacional, a Agência Nacional de Águas e o Institute for Advanced Sustainability. Data: 25 a 27 de março de 2015 Local: Hotel Royal Tulip, Brasília (DF).


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