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O JORNA L Maceió, domingo, 30 de maio de 2010 | Ano XVI | Nº 151 | www.ojornalweb.com
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ALAGOAS
R$ 2,00
ARAPIRACA
Água de cacimbas está contaminada Análises da água coletada em cacimbas de três bairros de Arapiraca confirmaram que a quantidade de coliformes fecais encontrados está cima do permitido pela Anvisa. Devido ao abastecimento de água deficiente, os poços se tornaram uma alternativa para a população. As fossas ficam próximas das cacimbas. Páginas A21 e A22
Em Maragogi, esgotos poluem praia, rio e até o mangue
Classe média e programas sociais pesam nas eleições?
Pelo menos 50 pontos irregulares de esgotos estão poluindo a praia, mar e o mangue na cidade de Maragogi. As autoridades do município já detectaram o problema de saúde pública e apelam para que a população tenha mais consciência ecológica.
O JORNAL ouviu representantes de segmentos da sociedade sobre de que forma a classe média, que, segundo estudo da FGV, aumentou para 53,6% da população brasileira, e a melhoria nos programas sociais devem influir no processo eleitoral deste ano.
Página A23
Páginas A2 e A3
Yvette Moura
Projeto prevê mais tempo para menores na prisão Página A5
TV Aos 15 anos, Clemilda Ferreira está grávida de oito meses, tem consciência dos riscos e recebe acompanhamento médico
Carolina Dieckman conta mais sobre sua personagem em Passione
PSF acompanha grávidas no interior Mesmo com a falta de condições e de informações, milhares de mães – experientes ou de primeira viagem – do interior de Alagoas demonstram que aprenderam direitinho como se faz o pré-natal. O acompanhamento na gestação é feito por profissionais do PSF, do governo federal. Páginas A9 a A12 Marco Antônio
Lula Castello Branco
Dois
ESPORTES Nordestão é ameaçado de esvaziamento Botafogo e Vasco jogam no Engenhão
entro cultural traz as tradições da Itália para Maceió, garantindo a manuté dezembro, o Estado estará coberto em 100% no fornecimento de eletriciC tenção da italianidade para os imigrantes e fortalecendo os laços entre os na- Adade. Do total de 84,6 mil residências a serem beneficiadas, 75,5 mil já fotivos e os que escolheram Alagoas como seu novo lar . ram atendidas pelo programa federal Luz para Todos. Páginas B1, B4 e B5
Suplemento
Páginas A25 e A26
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O JORNAL
Política A2
Pauta Geral pautageral@ojornal-al.com.br
AGENDA CHEIA O presidente Lula visita Alagoas no próximo dia 9 de junho e chega com uma agenda carregada de compromissos no Estado. Pelo menos, de acordo com o que vem sendo divulgado. O chefe do Executivo participa, em Alagoas, da abertura do Encontro Nacional das Empresas de Construção Civil (Enic), maior evento do setor na América Latina, que acontece, este ano, no Centro de Convenções, em Maceió. Lula também participa, segundo o que já foi anunciado pelo prefeito Cícero Almeida (PP) semanas atrás, da inauguração da Vila Olímpica municipal, que está sendo construída na Cidade Universitária. Outro evento que deve contar com a participação do presidente em Alagoas é a assinatura da ordem de serviço das obras de duplicação da BR 101, no trecho que passa pelo município de São Miguel dos Campos. Esta informação foi confirmada, na última sexta-feira, pelo deputado federal Maurício Quintella (PR), através do microblog Twitter. Segundo Quintella, houve reunião no Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) para definir os últimos detalhes para o início da obra, que terá quase 300 quilômetros de extensão.
PEC 300 Parece que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 300 empacou. Segundo notícia publicada pelo site Congresso em Foco na última sexta-feira, as negociações sobre a PEC 300 voltaram à estaca zero. Irritados com o governo, que não colocou a emenda em votação na última quarta-feira, bombeiros e policiais militares resolveram desautorizar os termos da negociação que foi feita, que retirava do texto os valores do piso.
SEGURANÇA... Representantes do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos (Sintect) em Alagoas e a Superintendência Municipal de Controle do Convívio Urbano (SMCCU), realizam amanhã, às 10 horas da manhã, uma fiscalização nas agências de correios em Maceió. A medida tem por objetivo cobrar a instalação de portas eletrônicas nas agências que possuem banco postal, baseada na lei 5.842, que entrou em vigor no dia 10 de novembro de 2009.
... NOS CORREIOS A lei, que é de autoria da vereadora Fátima Santiago (PP), foi sancionada pelo prefeito Cícero Almeida (PP) no final do ano passado e obriga que nas agências dos Correios, que possuam serviços bancários, sejam instaladas portas eletrônicas equipadas com detector de metais, travamento e retorno automático, vidros laminados e resistentes ao impacto de projéteis oriundos de arma de fogo, até o calibre 45, e abertura ou janela para entrega ao vigilante do possível metal detectado.
GUARDA MUNICIPAL A partir da próxima terça-feira, às 9 horas da manhã, na sede da Secretaria de Defesa Social, 48 homens da Guarda Municipal serão capacitados no curso de segurança comunitária. Serão quatro dias de treinamento (1º,2, 7 e 8 de junho), onde os guardas irão ter aulas de mediação de conflito, noções de direitos humanos, teorias sociais, elaboração de projetos e atuação no policiamento comunitário, ministradas pelo Núcleo de Polícias Comunitária do Centro de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar de Alagoas. A ação faz parte da Cooperação Técnica entre a Prefeitura de Maceió e o governo do Estado.
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Melhoria de programas federais e classe C podem influenciar eleições O JORNAL ouviu representantes de segmentos da sociedade sobre o assunto Odilon Rios Repórter
A classe média no Brasil ganha poder e voz nas eleições deste ano. Dados da Fundação Getúlio Vargas indicam que 31,2 milhões de brasileiros ascenderam para a classe C. Ao todo, segundo a FGV, a classe média representa 53,6% da sociedade ou 103 milhões de pessoas com renda entre R$ 1.115 e R$ 4.807. Na renhida disputa presidencial - por enquanto polarizada entre Dilma Rousseff e José Serra - a classe C pode decidir quem será o próximo a chefiar o Brasil. E, nos estados, incrementar uma votação ao Governo ou nas proporcionais, incluindo a lista ao Senado. São dados do Centro de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontando o desempenho galopante dos programas sociais federais, acompanhado pela alta do consumo nacional exatamente nesta nova classe média. Mas, a lógica não é a mesma em todos os lugares do Brasil. Alagoas, por exemplo, concentra o maior número de pobres – são 38,8% da população. E os números só aumentam. Em 2007, os pobres- representados pela classe E- eram 37,9%, dados da mesma FGV. O JORNAL convidou diversos segmentos da sociedade para refletir sobre os números apontados pela fundação, os índices sociais do Estado e questionar: pode-se acreditar que os novos integrantes da classe média darão “qualidade” ao voto? Escolherão “melhor” seus representantes no parlamento?
Para o professor Alberto Saldanha, a classe média carrega seus vícios, apesar de grau de esclarecimento
Assim estão os números do Estado que mais concentra renda no Brasil: de 2004 a 2010, 120 mil alagoanos tiveram carteira assinada e tiveram acesso diretamente ao outros serviços: abriram uma conta bancária ou puderam fazer um crédito. O conjunto disso foi concentrado na parte urbana, nos setores de construção, serviço e comércio. 80% da população alagoana é urbana. Alagoas tem 830 mil famílias, segundo os dados do IBGE. 404 mil dependem do Bolsa Família. 97% dos domicílios estaduais têm uma TV em casa, R$ 400 milhões estão emprestados (empréstimo consignado). E, desde 2003, quem recebe salário mínimo sentiu aumento de mais dinheiro em casa. Naquela época, o salário era de R$ 200,00;
hoje, R$ 515, um crescimento de 132%, no valor nominal. Claro, o reflexo disso pode ser sentido não apenas no aumento das vendas dos produtos da linha branca, durante a crise financeira internacional. No programa Minha Casa, Minha Vida, compra-se uma residência em 360 prestações. Por outro lado, nem todos participam da mesma realidade financeira. Pelo menos não no nível de instrução. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de abril, indicam que 31,84% da população tem primeiro grau incompleto. É a maioria das pessoas. O público que apenas lê e escreve ocupa o segundo lugar: 23,78%. Os analfabetos estão em terceiro lugar: 16,31%. Dos 1.975.351 eleitores alagoanos, 1.421.003 são analfabe-
tos funcionais. Mercado farto à corrupção eleitoral, como se pode observar pelas eleições de 2008. Pelos dados do Ministério da Justiça, Alagoas gerou quase 900 inquéritos, só por corrupção eleitoral. Todos são investigados pela Polícia Federal. Tamanha é a preocupação com isso que o modelo da Comissão de Combate à Corrupção Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Alagoas foi copiado pela OAB Nacional. E este ano, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e a Polícia Federal já começam a discutir estratégias contra os mercadores de votos. São candidatos ao Senado, a deputado federal e estadual, além do governo, construindo cadastros para garantir uma votação mais rápida, em método ilegal.
A classe C terá poder na disputa deste ano? Foi uma pergunta semelhante a vários setores da sociedade. O doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Alberto
Saldanha, pensa assim: a classe média carrega seus vícios. Parte dela fica na porta da Assembleia Legislativa atrás de emprego com deputados estaduais. O grau de esclarecimento não alterou exa-
tamente esta lógica. “Do ponto de vista local, essa lógica não foi muito alterada. O que vemos é uma mudança nas condições de vida, no governo Lula, com o aumento do poder
de renda e isso pode influenciar na hora do voto. É complicado percebermos aqui essa ascenção da classe média. Conservam-se as práticas do coronelato”. (O.R.) Continua na página A3
EMPOSSADA Toma posse amanhã a nova coordenadora-geral de Finanças e Planejamento do Detran: Ariette de Gusmão Pedrosa. Ela vai substituir, na função, Jarbas Brito, que entregou o cargo após se confrontar com o diretor-presidente da autarquia, Lúcio Melo.
BOM DESEMPNHO
Lula Castello Branco
O secretário municipal de Direitos Humanos, Segurança Comunitária e Cidadania, Pedro Montenegro, vem colhendo muitos frutos positivos à frente da pasta.
DIRETAS A Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) apresenta amanhã o resultado do concurso “Retratos de Alagoas”. O objetivo da primeira edição do concurso de fotografias promovido pela entidade foi o de mostrar as belezas ocultas do Estado. E as pesquisas de consumo interno sobre candidaturas ao governo e Senado não param de sair: por conta disso, mudam a cada instante...
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Política
O JORNAL JORNA L A3
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Contexto Roberto Vilanova - bobvilanova@hotmail.com
SENADORA AO QUADRADO Pré-candidata ao Senado, a vereadora Heloísa Helena (Psol) atiçou a fogueira para queimar os concorrentes e tornar a eleição ainda mais complicada, este ano, em Alagoas. São duas vagas para o Senado e Heloísa prega o segundo voto para ela mesma. A estratégia irritou os concorrentes – que estão preocupados; se Heloísa é apontada como eleita, isto significa que terá o primeiro voto elevado ao quadrado. É, sem duvida, mais um complicador para quem deseja chegar ao Senado. Mas, para Heloísa, é apenas mais uma maneira de fustigar os adversários deixando-os desorientados. No processo eleitoral vale tudo e ninguém pode acusá-la de estar jogando desleal, porquanto o Psol terá candidato único ao Senado e não vai se coligar com quem apresente concorrente para ela – ainda que na base do faz-de-conta. Se o quadro na disputa pelo Senado já era nebuloso para alguns candidatos, a estratégia de Heloísa Helena torna tudo ainda mais turvo. E explica o motivo pelo qual o Psol não aceitou a filiação de Pinto de Luna. É que a estratégia de Heloísa já estava traçada.
A PIRA
DEPOIS
O pré-candidato a governador Ronaldo Lessa (PDT) quer agora que o prefeito Cícero Almeida (PP) indique o candidato a vicegovernador na sua chapa. Lessa sabe que isso é praticamente impossível, mas faz parte da estratégia para manter a chama acesa.
Ficou para o dia 7 de junho a definição da Frente de Oposição sobre a chapa majoritária, que, até agora, só tem definido o candidato a governador – que é Ronaldo Lessa; e um dos dois candidatos ao Senado – que é o senador Renan Calheiros (PMDB).
BOCA NO TROMBONE Pré-candidato a governador, o senador Fernando Collor (PTB) quer visitar vinte municípios no decorrer da semana anunciando a sua candidatura.
ENÍGMA
NA BOA
O governador Téo Vilela (PSMDB) não nega a ninguém que esteve com o senador Fernando Collor e que os dois conversaram sobre tudo. Mas, Téo diz que não conseguiu entender ainda o que Collor realmente deseja em relação à eleição este ano.
O deputado federal Givaldo Carimbão (PSB) se disse surpreso com o resultado das pesquisas que lhe colocam em posição privilegiada para disputar o Senado. “Eu nunca disse a ninguém que queria ser senador. É uma manifestação espontânea” - falou.
EM TOM MAIOR E por falar no deputado federal Givaldo Carimbão, ele se revelou um afinado cantor gospel. O prefeito de Coruripe, Max Beltrão, que o ouviu cantar disse que leva jeito.
EU?
SUJEIRA
O presidente estadual do PT, Joaquim Brito, se assustou quando soube que seria indicado candidato a vice-governador na chapa do pré-candidato a governador Ronaldo Lessa. “Quem foi que lhe disse isso? Não estou sabendo de nada” – reagiu.
O Banco do Brasil suspendeu o programa AABB Comunidade em Penedo, que assistia a120 crianças carentes selecionadas na periferia da cidade. Motivo: a Prefeitura está devendo a Deus e ao mundo. Deus perdoa, mas o mundo não.
Para economista, houve mudança PhD em Economia pela Universidade Lion II e professor da Ufal, Fernando Lira pensa diferente: “Realmente podemos observar esta mudança de vida da população. No governo Lula, não se ouviu falar em déficit operacional, da Previdência, essa esquizofrenia da era Fernando Henrique Cardoso. O que vemos na classe C é que ela tem uma clara necessidade de consumo, isso ajuda na economia. Melhorando-se as condições e bem estar desta classe, importa também na melhoria da democracia, alterando as condições do voto. Vemos isso igualmente em Alagoas: não tem a mesma velocidade de outros estados, agora, é provável que vejamos os efeitos disso daqui a dez anos, quando na classe C teremos um avanço maior na qualidade deste voto. E isso por alguns fatores: o governo federal tem feito um grande avanço na interiorização da educação e na melhoria da qualidade de vida. Temos a melhoria da qualidade do nosso voto, mas não podemos pensar nisso como se fôssemos o Sudeste brasileiro”. Questionado sobre o hábito do pedido- de cargos, de comida, Lira explica: “Isso temos no Nordeste inteiro, por causa das condições que vemos na região.
Fernando Lira avalia que, com melhoria na qualidade de vida da classe C, qualidade do voto também melhora
E aqui, em Alagoas, como o lugar que mais concentra renda no Brasil, esse assunto é recorrente. Só que este ciclo vai sendo rompido, com a melhoria do bemestar social, não do tamanho dos outros estados, repito. Mas, melhorando as condições, diminuem os pedidos, que são a necessidade de sobrevivência.
Diminuem mais os pedidos de caixão ou de auxílio funerário, por exemplo”. Elogiando o governo Lula, o professor de Economia da Ufal diz que o desafio do próximo governante é transformar o Bolsa Família em uma política de emprego. “É passar para outro estágio, apesar de ainda
termos uma mão de obra menos qualificada. Por que vemos que a necessidade do eleitor é o emprego. Por isso, é preciso ir para uma nova fase: a geração de empregos em todas as frentes. Nos próximos anos, veremos que isso será significante na posição do Brasil no cenário mundial”. (O.R.)
Fora da universidade, divergência sobre a classe Fora da universidade, as opiniões também são diferentes. A classe média dará mesmo o “tom” eleitoral este ano? Integrante do Movimento Estadual de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), o advogado Adriano Argolo, diz que o presidente Lula trouxe melhoria na renda do Estado, “mas em Alagoas ainda precisamos implantar a educação política”: “Não existe preocupação com a educação política, que é mostrar às pessoas que elas precisam ter mais consciência e responsabilidade na hora de escolher seu voto. Vemos um grande avanço com a aprovação do Projeto Ficha Limpa,
uma forma de retirar da política os criminosos da pistolagem ou as quadrilhas que desviam dinheiro público”. SEMELHANÇA - Dois deputados estaduais, de dois partidos rivais na votação deste ano, têm opiniões semelhantes. Judson Cabral (PT): “Acho que temos aqui uma melhoria nas condições de vida, mas temos aqui uma forte influência do assistencialismo, o quedemonstra que o nosso crescimento é lento e a classe média não desperta este potencial de surpresa, de reação. Exatamente por estarem presas às práticas do assistencia-
lismo. O que seria indispensável seria uma mudança neste tipo de atitude. A classe média ainda não coloca a sua cara para fora para mostrar o seu potencial de reação. Vemos por tudo aquilo que aconteceu na Assembleia Legislativa, das denúncias”. Por outro lado, Judson Cabral aponta que o Sindicato dos Servidores da Assembleia começa a esboçar uma reação. Os servidores esperam a implantação do Plano de Cargos e Carreira. “Da para se falar em reação porque estes espaços foram ocupados por pessoas favorecidas por deputados. E hoje percebemos que estes trabalhadores ensaiam
uma libertação, apesar, claro, de percebermos que isso acontece de forma muito lenta”, disse. Rui Palmeira (PSDB): “Aclasse média é fragmentada. Temos a classe média pensante e a alienada, aqueles que têm boa formação, mas não se incomodam com o cenário. É difícil mudar quem pensa assim”, disse. “O que a gente percebe em todo este processo é que poucas pessoas tem noção sobre um parlamentar envolvido com homicídio. Enquanto tivermos essa desigualdade social abissal, a população não vai saber do deputado A, B ou C que mata ou manda matar”. (O.R.) Yvette Moura
TOMARA QUE SIM Do mega-empresário German Efromovich: “O estaleiro é uma realidade. O (estaleiro) virtual em Alagoas acabou”. Ufa!
NA TERRA 1
NA TERRA 2
O presidente da Braskem, Bernardo Gradim, chega nesta segunda-feira, 31, a Maceió para participar da reunião do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social, quando vai anunciar a expansão da produção de PVC em Alagoas.
A Braskem vai investir cerca de 500 milhões de dólares na nova planta de PVC, que entrará em operação em 2012 gerando 500 empregos diretos e indiretos. O PVC (Policloreto de Vinila) é matéria-prima para produção de plástico resistente.
EXPRESSAS Para Rui, classe média é fragmentada e pode ser “pensante” ou “alienada”
Terça-feira, 1º de junho, começa a vigorar novo modelo na escala de trabalho para os policiais civis. É resultado de entendimento entre o sindicato e a direção da PC. A carga horária é de 6 horas normais, com plantões de 12 e de 24 horas extensivo aos delegados. A empreiteira Scave Construções paralisou as obras de esgotamento sanitário em Igreja Nova. Motivo: há seis meses não recebe um centavo. O esgotamento sanitário em Igreja Nova é uma obra financiada pelo PAC e a empreiteira alega que já desembolsou R$ 1 milhão, e não pode bancar mais. Dia 1º de julho começa a vigorar o novo Sistema Integrado de Gestão Pública (Integra), que promete celeridade, produtividade, economia e segurança.
Judson avalia que há uma reação do segmento social, apesar da lentidão
Fora de Alagoas, divergências sobre poder de decisão Afidelidade partidária - que pode favorecer o presidente Lula, pensando-se a classe média- divide analistas. Relacionam o avanço social à manutenção, por Lula, da base do modelo econômico do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), como câmbio flutuante, metas de inflação e superávit fiscal (economia de recursos para pagar a dívida pública). “Não se sabe se essa nova classe média vai manter a lealda-
de em relação a Lula e ao PT de seus estratos de origem”, afirma o sociólogo Antonio Lavareda, que trabalhou nas campanhas presidenciais de FHC e com candidatos do PSDB e do DEM. Autor do livro “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais”, Lavareda analisou o voto por estrato de renda nas últimas cinco eleições presidenciais. Só encontrou um “voto de classe” em 1989, quando Fernando Collor perdeu na faixa superior a cinco
salários mínimos, e em 2006, quando Lula perdeu entre quem ganhava mais de dez salários mínimos. Todas as classes sociais votaram de forma semelhante em 1994, 1998 e 2002. Embora avalie como incerto o comportamento eleitoral da classe média, Lavareda diz acreditar que a divisão do voto por classes sociais tenha voltado em 2006 para ficar. “Vamos ter um voto sociologicamente diferenciado: votação
expressiva do PT em camadas mais baixas e predomínio da oposição na parte superior da pirâmide social.”. “Essa nova classe média é eleitora do Lula, porque se beneficiou de três elementos-chave: aumento real do salário mínimo e da massa salarial e expansão do emprego com carteira”, diz o cientista político Marcus Figueiredo, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). (O.R.)
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CNJ e governo federal firmam parceria Objetivo é aprimorar trabalho de juizados especiais no atendimento a usuários e dependentes de drogas Agência CNJ O governo federal, por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), vai apoiar a implantação das medidas propostas pela Corregedoria Nacional de Justiça, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que visam aprimorar o trabalho dos juizados especiais no atendimento a usuários e dependentes de drogas. “Essa parceria mostra que é possível fazer políticas públi-
cas com os demais Poderes”, destacou o corregedor nacional de Justiça, ministro Gilson Dipp, em palestra no 27º Fórum Nacional de Juizados Especiais (Fonaje), em Palmas (TO). O Provimento 4, publicado pela Corregedoria Nacional de Justiça no final de abril, determina a criação de equipes multidisciplinares nos fóruns para recepcionar os usuários ou dependentes de drogas envolvidos em ocorrências cri-
minais, e propor aos magistrados a medida mais adequada para cada caso. Neste sentido a Senad, secretaria vinculada ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, em parceria com as Faculdades de Direito e de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), vai desenvolver um projeto que prevê ações nas áreas de pesquisa, capacitação, seminários regionais de boas práticas e projetos pilotos para o desenvolvi-
mento de metodologias, no intuito de contribuir para a melhoria desse atendimento. O projeto vai integrar o “Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas”, lançado recentemente pelo governo federal. A iniciativa vai contribuir para capacitar profissionais e servidores dos fóruns de todo o país, que farão o primeiro contato com os usuários e dependentes de drogas, após a passagem pela polícia. A ideia é que nesse atendimen-
Ministro Gilson Dipp, da Corregedoria Nacional de Justiça: “Essa parceria mostra que é possível fazer políticas públicas com os demais poderes”
to, a equipe conheça os problemas do usuário de droga e sugira as medidas necessárias à reinserção social, conforme decisão final do juiz responsável. O provimento da Corregedoria Nacional de Justiça deu aos tribunais o prazo de 120 dias para montarem equipes multiprofissionais, que devem ser treinadas inclusive para captar redes de atendimento aos usuários de drogas. O Provimento 4 é resultado de um
NA PAUTA DO STF
“Quintos” e Casa da Moeda em destaque Entre os destaques da sessão plenária da próxima quarta-feira, do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo seu site oficial, está o Mandado de Segurança (MS) 25763, no qual a União contesta a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que reconheceu a legalidade da incorporação de parcelas denominadas “quintos” e “décimos” aos vencimentos dos servidores públicos federais, no período compreendido entre abril de 1998 a setembro de 2001. O relator do MS é o ministro Eros Grau.
Plantões mensais do juízo criminal nos TJs e TRFs Outro provimento publicado este mês pela Corregedoria do CNJ e destacado pelo ministro durante o Fonaje é o que determina aos Tribunais de Justiça e Tribunais Federais Regionais de todo o país que garantam a realização de, no mínimo, um plantão mensal em localidades onde funcione juízo criminal, para que envolvidos ou condenados em processos penais possam informar ou justificar suas atividades. A determinação visa garantir a eficácia social das medidas im-
grupo de trabalho formado pela Corregedoria do CNJ, que realizou um levantamento nos 27 Tribunais de Justiça e nos cinco Tribunais Regionais Federais para mapear as deficiências dos Juizados Especiais. “A falta de estrutura dos juizados especiais criminais não permite que os juízes exerçam sua competência com plenitude em relação aos usuários de drogas”, lembrou o ministro, destacando a importância do Provimento 4.
postas a pessoas envolvidas ou já condenadas em ações penais e que, em liberdade, precisam informar mensalmente à Justiça o cumprimento das regras que lhe foram impostas. A Corregedoria Nacional de Justiça recomendou, ainda, que as unidades ofereçam atendimento de caráter social e psicológico a essas pessoas, no momento em que elas comparecerem em juízo para justificar suas atividades. “Chega de um Judiciário que apenas bate carimbos, precisamos
abraçar o compromisso social com o cidadão”, defendeu o ministro no 27º Fonaje. Segundo ele, a ideia é que a equipe, “além do carimbo” de controle do cumprimento das medidas, preste orientações a essas pessoas, com vistas a garantir a reintegração social e a prevenção de novos crimes. Os tribunais terão 30 dias, a contar da data de publicação do provimento (17 de maio), para implantar o plantão, que deve funcionar em período noturno ou no final de semana, para não
prejudicar o emprego daqueles que precisam comparecer mensalmente em juízo. O plantão poderá ser presidido pelo juiz responsável ou pessoa por ele designada. A medida beneficia milhares de pessoas que obtiveram liberdade condicional ou que tiveram seus processos ou pena suspensos. Nesses casos, os acusados ou condenados ficam em liberdade, mas são obrigados a justificar suas atividades uma vez por mês na unidade judicial competente.
CASA DA MOEDA Os ministros retomarão o julgamento da Ação Civil Originária (ACO 1342), interrompido em agosto de 2009 por um pedido de vista do ministro Eros Grau, ajuizada pela Casa da Moeda do Brasil contra decisão individual do ministro Marco Aurélio, que negou antecipação de tutela para garantir à empresa imunidade de recolhimento do ISS (Imposto Sobre Serviços). Ao negar o pedido, o ministro Mar-
co Aurélio disse que a questão de fundo consistia em saber se a Casa da Moeda, na condição de empresa pública da União e prestadora de serviços públicos, deve ser beneficiada pela imunidade tributária prevista no artigo 150, IV, inciso “a”, da Constituição Federal – deve ser analisada pelo Plenário da Corte. No entender do ministro, a Casa da Moeda tem, entre seus objetivos, atividades que extravasam o campo público – produção e comercialização de outros materiais e serviços compatíveis com a tarefa desenvolvida. Como exemplo, o ministro Marco Aurélio lembrou que o órgão já teve sob sua responsabilidade a impressão da carteira dos profissionais da advocacia. E que teve notícia de que a Casa teria contratos para confecção de moedas estrangeiras. Na sessão plenária interrompida pelo pedido de vista, o ministro negou o pedido de reconsideração de sua decisão quanto à antecipação de tutela.
Mais de 7 mil em instituições de acolhimento Levantamento da Corregedoria Nacional de Justiça, órgão do Conselho Nacional de Justiça, divulgado na última sexta-feira, revelou que existem 7.306 crianças e adolescentes em instituições de acolhimento em todo o país. Os dados foram enviados por juízes das Varas de Infância e Juventude, que têm até o dia 30 deste mês para informar o número de acolhidos para o CNJ. Nes-
ta data se encerra o período de 180 dias fixado pela Resolução 93 do CNJ, que instituiu o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA). Na avaliação do juiz auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça Nicolau Lupianhes Neto, as informações que vêm sendo transmitidas pelos magistrados “estão dentro da expectativa, cumprindo o previsto na Resolu-
ção do CNJ”. Amanhã, a Corregedoria analisará os dados recebidos para saber se todas as comarcas mandaram seu relatório. O CNCA complementa o banco de dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), que reúne informações sobre crianças aptas a serem adotadas. O CNCA, por sua vez, contém dados sobre crianças e adolescentes, destituídas ou não do
poder familiar, que se encontram em entidades de acolhimento. A Corregedoria do CNJ gerencia ainda o Cadastro de Adolescentes em Conflito com a Lei. Esse cadastro tem informações sobre o histórico dos jovens, como tipo e data da infração cometida, cumprimento de medida socioeducativa ou de internação, além de dados a respeito de escolaridade e inserção familiar.
NO JUDICIÁRIO
STJ sedia, em agosto, Conferência Internacional sobre transparência Nos próximos dias 4 e 5 de agosto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) será palco da Conferência Internacional sobre Transparência e Prestação de Contas dos Poderes Judiciários. Promovido pelo Banco Mundial em parceria com o STJ e a Cúpula Judicial Ibero-Americana, o evento vai consolidar a criação e implementação de planos integrados de modernização, transparência e ética judicial nos Judiciários do Brasil, Chile, Costa Rica, Paraguai e Uruguai. As informações são do site do STJ na Internet. O projeto sobre transparência e prestação de contas dos Poderes Judiciários foi iniciado em março
de 2010 com o objetivo de consolidar um espaço de discussão e intercâmbio de ideias e boas práticas na América Latina. Na primeira etapa do projeto, concluída em abril, representantes dos cinco países fizeram um minucioso diagnóstico sobre os desafios e mudanças necessárias para elevar o nível de transparência e melhorar a qualidade da prestação jurisdicional. Asegunda etapa prevê a realização de cinco videoconferências entre os países e a elaboração de planos de ação para cada um dos integrantes, de acordo com princípios comuns de ética judicial. Aquarta videoconferên-
cia será realizada no dia 2 de junho e a última no dia 16. Todas mediadas e conduzidas pelo Judiciário brasileiro. Representante oficial da Justiça estadual brasileira na condução do projeto e na organização da Conferência, o juiz de Direito José Ferreira Ramos Júnior destaca a importância da modernização e da ampla transparência do Judiciário. “Não temos nada a esconder. A transparência favorece a acessibilidade e melhora a qualidade da prestação jurisdicional”, disse. Ele ressaltou que o objetivo do programa é diagnosticar os pontos obscuros dos Poderes Judiciá-
rios da América Latina e elaborar propostas concretas capazes de melhorar o acesso e a prestação da Justiça em todos os níveis. Cada país participante conta com um representante da Justiça Federal e um da Justiça estadual. Juiz do Tribunal de Justiça da Paraíba, Ferreira Júnior atualmente atua como juiz auxiliar da Presidência e da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça. Pós-graduado em Gestão Jurisdicional, ele também é professor de Direito Constitucional, Processual Civil, Penal e Comercial na Universidade Federal da Paraíba e na Escola Superior da Magistratura.
Ministro Eros Grau é relator do processo sobre os “quintos”
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Congresso debate orçamento de 2011 Deputados e senadores têm até o dia 7 para apresentar emendas ao projeto de LDO do próximo governo Agência Senado Deputados e senadores apresentarão nesta semana a lista dos projetos que querem ver no orçamento federal a ser executado ao longo de 2011, primeiro ano do presidente da República a ser eleito em outubro ou novembro próximos. Eles têm até o dia 7 para apresentar emendas ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2011, relatado pelo senador Tião Viana (PT-AC).
Como o próprio nome diz, o orçamento a ser discutido e votado no segundo semestre deste ano, válido para 2011, tem de seguir os mandamentos da LDO. Parece estranho um Congresso e um governo em final de mandato elaborar as leis orçamentárias que o novo presidente da República deverá cumprir. Entretanto, o objetivo da legislação é permitir a conclusão de projetos e programas. Com isso, tenta-se evitar que uma obra pela
metade, por exemplo, seja simplesmente abandonada pelo novo governo. Aliás, a legislação orçamentária mudou nos últimos anos para determinar que são prioritárias as obras em andamento. Além disso, tanto o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias quanto o próprio orçamento federal são obrigados a seguir um plano de médio prazo - o Plano Plurianual (PPA), com programas e projetos para quatro
anos. O atual PPA, elaborado pelo governo Lula, tem validade até o final de 2011. Assim, o presidente da República a ser empossado em janeiro próximo teoricamente terá um orçamento próprio apenas em 2012. Na prática, o novo presidente pode propor ao Congresso mudanças nas leis orçamentárias aprovadas no último ano do governo anterior. Se ele contar com maioria no Congresso, não terá problemas para realizar as
alterações que considera mais relevantes - todos os últimos presidentes fizeram isso. As emendas que os deputados e senadores apresentarão até o dia 7 de junho à LDO listam projetos e programas, sem mencionar valores (isso é feito no projeto de orçamento, discutido sempre no segundo semestre). Cada parlamentar pode apresentar até cinco emendas. As comissões permanentes da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal e as bancadas estaduais também podem propor até cinco emendas cada uma. No Senado, três já marcaram reunião para discutir suas emendas à LDO. As Comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) discutirão suas emendas na terça-feira (1º). A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania marcou sua reunião para quarta-feira (2).
ADOLESCENTES
Infratores podem ficar mais tempo reclusos Agência Câmara A Câmara está analisando o projeto de lei 7008/10, do deputado William Woo (PSDBSP), que aumenta o período mínimo de internação de adolescentes infratores punidos com pena de reclusão. A proposta, que modifica o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), torna obrigatória nesses casos a internação até os 21 anos de idade. Amedida visa atingir os jovens que cometem atos infracionais graves. Ato infracional grave é aquele que envolve o uso ou a ameaça de uso de violência. Atualmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que a internação não pode exceder três anos, em todos os casos. A proposta do deputado William Woo mantém essa regra apenas para os crimes cuja pena não é de reclusão. A
desinternação também continuará dependendo de autorização judicial, depois de ouvido o Ministério Público. O deputado explica que o objetivo do projeto é adequar a lei ao entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal), segundo o qual as internações previstas no ECA podem ser mantidas até os 21 anos. “Amedida sócio-educativa de internação, aplicável a adolescentes que tenham cometido ato infracional mediante grave ameaça ou violência a pessoa, deve ser cumprida em sua integralidade”, afirmou. TRAMITAÇÃO - O projeto será examinado pelas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (inclusive no mérito). Depois, será votado pelo plenário.
Ministro Celso Amorim vai detalhar aos senadores os termos da Declaração de Teerã, acordo negociado pelo Brasil e Turquia com o Irã
RELAÇÕES EXTERIORES
Celso Amorim vai ao Senado para explicar acordo com o Irã Agência Senado
Woo quer que adolescentes permaneçam reclusos até os 21 anos
ENEM
MEC libera boletim em PDF para os estudantes Agência Brasil BRASÍLIA - A partir da 0h desta segunda-feira, os 2,5 milhões de estudantes que participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) poderão acessar seus boletins de desempenho no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Os resultados já tinham sido divulgados em janeiro durante o período de inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), mas agora os boletins estarão disponíveis em PDF. Para consultar os resultados, o estudante precisa ter em mãos o número do CPF e a senha gerada durante o período de inscrição da prova. No sistema, o aluno terá disponível as notas de cada uma das provas – ciências da natureza, ciências humanas , linguagens e matemática – além da redação. Será possível comparar a
média obtida com a do restante dos participantes do exame. Desde o ano passado, o Enem utiliza a Teoria de Resposta ao Item (TRI) para calcular as notas do participante. O objetivo desta metodologia é medir o conhecimento a partir do comportamento observado nas provas. Na escala construída pelo Inep, a nota 500 representa a média obtida por aqueles que concluíram o ensino médio em 2009 – com exceção dos egressos (que no passado já havia concluído o ensino médio) e dos “treineiros” (alunos que ainda não concluíram). Quanto mais distante de 500 for a nota do estudante, para cima, melhor foi o desempenho dele em relação à média dos participantes. E quanto mais distante de 500 for a nota, para baixo, significa que esse candidato foi pior em relação à média.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, será ouvido, na próxima terça-feira, pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) sobre a posição brasileira em relação ao Programa Nuclear do Irã. Essa audiência pública visa a esclarecer o papel do Brasil no acordo negociado com a Turquia e o Irã para dirimir o impasse que envolve o programa nuclear iraniano. O próprio ministro Celso Amorim sugeriu o debate, formulado mediante requerimento do senador João Tenório
(PSDB-AL). O presidente da CRE, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que se diz preocupado com a aproximação do Brasil com o Irã, providenciou então a convocação de todos os integrantes da comissão para essa audiência pública, prevista para as 14h30 de terça-feira (1º). Azeredo tem dito que o presidente Mahmoud Ahmadinejad exibe um histórico pouco confiável, demonstrado no fato de que já quebrou acordos semelhantes ao assinado no último dia 17 de maio com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o primeiro-ministro
da Turquia, Tyyiq Erdogan. Ao enumerar suas restrições ao governo iraniano, Azeredo aponta, sobretudo, a falta de democracia naquele país, o pouco respeito aos direitos humanos e a falta de cumprimento de acordos. Conhecido como Declaração de Teerã, o acordo sobre a troca de urânio foi negociado pelos chanceleres do Brasil, da Turquia e do Irã e depois avalizado pelos governantes dos três países. “Nunca pretendemos dizer que a Declaração de Teerã resolve todos os problemas. Mas, sim, que é uma medida de segurança”, afirmou Celso Amorim, ao
voltar ao Brasil. Logo depois de firmado, o acordo foi rejeitado pelos membros permanentes do Conselho de Segurança, que, liderados pelos Estados Unidos, anunciaram um consenso para aplicar nova rodada de sanções contra o Irã. Isso porque, para os norteamericanos e parte da comunidade internacional, persistem as suspeitas de que os iranianos continuam, de forma secreta, a desenvolver programa para fabricação de armas atômicas. Para a Casa Branca, o acordo Brasil-Turquia-Irã foi apenas uma tentativa de Teerã de evitar as sanções.
INSA ANUNCIA
CNPq financiará pesquisadores que trabalhem para o Semiárido BRASÍLIA – O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) deve lançar, em junho, um edital para financiar pesquisas e formação de recursos humanos na região do Semiárido. A informação foi dada na última quarta-feira pelo diretor do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Roberto Germano, durante
palestra na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. De acordo com Germano, as linhas de pesquisa deverão tratar do processo de desertificação, do potencial econômico e cultural da região, da recuperação de áreas degradadas, da educação voltada para a convivência com o Semiárido e do mapeamento
de recursos naturais. O diretor do Insa – instituto de pesquisa vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia – defendeu fontes específicas para o desenvolvimento do Semiárido. “O Brasil não é só Amazônia. Temos também a Caatinga para a promoção do desenvolvimento nacional”, disse. Segundo Germano, estão
garantidos R$ 12,5 milhões para as bolsas de pesquisa e capacitação. O Semiárido abrange oito estados da Região Nordeste, o Vale do Jequitinhonha (MG) e parte do norte do Espírito Santo. O bioma caracteriza-se por chuvas irregulares e vegetação resistente a longos períodos de seca, do tipo xerófila (espécie adaptada ao meio seco).
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Opinião A6
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Serra errou
Do lixão ao aterro “Um grande marco na atual gestão municipal” Alder Flores Alder Flores, advogado, químico, esp. em Direito, Engenharia e Gestão Ambiental, auditor Ambiental
Com o encerramento do lixão de Maceió, ocorrido no dia 30 de abril do corrente ano, fato este pouco lembrado agora, foram também encerrados os diversos impactos negativos que foram gerados durante mais de quatro décadas em função de sua utilização, quer sejam impactos de ordem ambiental, social, de saúde publica, estéticos ou ligados ao turismo. A partir do dia 1º de maio de 2010, os resíduos sólidos urbanos (lixo) gerados em nossa cidade passaram a ser direcionados para o Aterro Sanitário de Maceió, que tecnicamente deve ser chamado de Central de Tratamento de Resíduos, em razão da sua concepção tecnológica. Estes dois acontecimentos devem ser vistos por todos com um grande marco na atual gestão municipal, embora, repito, pouco se comente atualmente. A Central de Tratamento de Resíduos de Maceió foi concebida para receber e dispor adequadamente as mais diversas classes de resíduos, desde o domiciliar até o resíduo considerado perigoso, sendo constituída também de um controle operacional desde a entrada destes resíduos até a sua destinação final nas células sanitárias especificas, através de um programa rotineiro de operação, pois cada tipo de resíduo deve ser disposto conforme preceitua as normas técnicas em seu local adequado, pois se assim não o fosse viraria um lixão. A CTR de Maceió, de uma maneira resumida, é composta de cercas, guarita, balanças, pátio de amostragem, acessos internos, células sanitárias para disposição de resíduos domiciliares, de animais mortos, de restos de vegetais e podação (compostagem), célula para inertes, unidade de beneficiamento dos entulhos da construção civil, e unidade de tratamento de efluentes líquidos. A central ainda dispõe de todos os programas voltados ao controle e proteção ambiental, estando instalados programas de monitoramento direcionados para as águas subterrâneas, superficiais, do chorume, das águas pluviais, da vegetação e da qualidade do ar, dentre outros. Em breve estará em operação a célula para recebimento de resíduos perigosos, o centro de educação ambiental, a unidade de reaproveitamento do gás metano, além do programa de reflorestamento que já foi reiniciado. É bom esclarecer que a CTR/MA encontra-se funcionando há menos de 30 dias, por isso passa por ajustes, além do mais deve ficar evidenciado que saímos de uma cultura enraizada, onde todo o lixo que se coletava em Maceió era transportado conjuntamente, sendo aleatoriamente despejado no lixão, sem nenhum controle operacional, tudo era misturado, ou seja, o lixo doméstico, o perigoso, o entulho, o hospitalar (tratado ou não), animais mortos etc. Um dos ajustes a que me refiro diz respeito ao acesso dos mais variados tipos de resíduos na CTR, pois como citei existem células específicas para cada tipologia de resíduo, por esta razão alguns resíduos não podem vir misturados com os domiciliares, com os da construção civil, com restos de vegetais, com os animais mortos, com os hospitalares tratados e inertizados. Esta situação se aplicava a disposição no antigo lixão. Problemas estão ocorrendo mas os ultrapassaremos; os planos de gerenciamento de resíduos terão que ser implantados e os que já funcionam serão aperfeiçoados, a seletividade gradativamente aumentará, as campanhas educativas serão dinamizadas, a inserção social dos catadores está acontecendo, as cooperativas serão melhor estruturadas,enfim estamos em novo tempo em relação ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em nossa cidade, e, especialmente não temos mais um lixão, inclusive já iniciamos a sua recuperação, portanto é hora da junção de esforços de todos, da população, da classe política, dos órgãos públicos em geral, todos devem ser partícipes no sentido de equacionarmos conjuntamente os problemas ainda existentes, através de um processo de cooperação sistêmica e harmônica, pois o grande objetivo a ser alcançado é o bem estar da população.
O Brasil está em alta
“Nenhum banco ou organização financeira aqui ou no exterior projeta um crescimento abaixo de 6,5%” Renan Calheiros Senador e líder da bancada do PMDB
Acompanhando o otimismo do mercado interno, os organismos internacionais estão revendo para cima as estimativas do crescimento brasileiro em 2010. Agora foi a vez da conceituada Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE. Ela aumentou fortemente a previsão para a expansão da economia brasileira. A estimativa anterior de evolução do PIB (Produto Interno Bruto) pulou de 4,8% para 6,5% Apesar da política monetária mais severa e de um começo no cortes de gastos no Brasil, a OCDE considerou que os investimentos em infraestrutura ajudarão o crescimento novamente. Para a entidade, as quatro economias emergentes – Brasil, China, Rússia e Índia - estão crescendo fortemente. Segundo a OCDE, a economia global está se recuperando da recessão mais fortemente que o inicialmente previsto. As boas previsões da OCDE para a economia brasileira coincidem com o ânimo do mercado financeiro nacional e do Fundo Monetário Internacional, o FMI. O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Khan, afirmou na última semana que o crescimento de 7% da economia brasileira em 2010 é uma “realidade”. Este é o mesmo otimismo que contaminou o mercado financeiro interno. Pela décima semana consecutiva, o mercado financeiro elevou a projeção para o crescimento da economia brasileira em 2010. De acordo com analistas consultados no Boletim Focus, do Banco Central, o Produto Interno Bruto deve ter expansão de 6,46% no ano. A mesma pesquisa do Banco Central constatou ainda que os analistas financeiros consultados esperam IPCA de 5,67% neste ano. O mercado também aposta em aumento de 10,90% para a produção industrial neste ano, acima da previsão anterior. O governo brasileiro vem mantendo a cautela necessária e apostando em uma expansão econômica menor do que órgãos e bancos internacionais. Mas o que renova nossa esperança é ver que nenhum banco ou organização financeira aqui ou no exterior projeta um crescimento abaixo de 6,5%. Sem dúvida o Brasil reencontrou sua vocação para o crescimento. Mais riquezas significam milhões de empregos, melhores salários, distribuição de renda, saúde, segurança, educação e cidadania. Nós do PMDB ficamos honrados em ter podido colaborar para alcançar números tão expressivos.
O ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), deu uma de suas piores declarações políticas na semana que passou. Conhecido por seu estilo diplomático, ele partiu para o ataque contra o presidente boliviano Evo Morales, ao dizer que o governo daquele país dá sustentação ao tráfico de drogas. Nem precisa ser muito conhecedor de política internacional para perceber que essa acusação é descabida e desnecessária, principalmente por alguém que almeja ser presidente. Lula hoje mantém uma relação mais tranquila com os bolivianos. Bem diferente de tempos atrás, quando logo no início de seu governo, Evo Morales investiu contra a Petrobras e outras empresas privadas brasileiras para tentar demonstrar força política; afinal assumia um país dividido e em frangalhos, especialmente por sua história de golpes. Pela habilidade do petista, o conflito foi contornado, e as duas partes aceitaram um acordo de cooperação energética – onde todos saíram ganhando. Serra não podia ter atacado o governo boliviano, muito menos da forma como fez. O tucano foi vil e mesquinho ao fazer acusações sem provas, desrespeitan-
A alma pernambucana
do a soberania da Bolívia e de seu presidente. Talvez, ele tenha mirado em enfraquecer um dos aliados de Lula. Descendente de índios, Morales demorou para engrenar na presidência pela falta de experiência administrativa. No entanto, mesmo com forte oposição interna, terminou reeleito com uma votação histórica. Ao atacar a Bolívia, Serra mirou Dilma Rousseff na tentativa de enfraquecer a política de relações exteriores da ex-ministra. O tucano poderia ter atacado Hugo Chávez, mas teria uma resposta mais dura, bem como influenciaria no preço do barril do petróleo e prejudicaria investidores de sua campanha presidencial. Fica fácil concluir que a associação com as drogas poderia ter sido muito bem evitada pelo candidato do PSDB. Afinal, se a campanha continuar dessa forma, sendo direcionada para o ataque covarde e despropositado, na sanha de obter votos a qualquer preço, o tucano José Serra corre o risco de até ganhar a eleição, mas assumir um país dividido, sem aliados continentais e exposto aos riscos internacionais, até mesmo de um conflito desnecessário.
Ponto de vista
San
Origem pobre por si só não ganha eleição “Serra não explicita suas ideias, não conhece o Brasil nem o povo brasileiro” João Lyra Ex-deputado federal
A crônica política de Minas Gerais é rica em ensinamentos para todos os que abraçam a carreira. Por isso, político mineiro nunca entra em “bola dividida”, o que parece estar claro na recusa de Aécio Neves em compor a chapa presidencial com José Serra. Há até um exemplo antigo, quando Milton Campos, da velha e aguerrida União Democrática Nacional (UDN), se elegeu governador de Minas. Relata Mauro Santayana que os seus adversários, mas amigos, — o que só acontece naquela terra — foram cumprimentálo pela vitória: “Você ganhou, Milton, parabéns”. Milton sorriu modesto: “Não ganhei. Vocês é que perderam”. A presença de Dilma Rousseff, Marina Silva e José Serra na Confederação Nacional da Indústria (CNI) transmitiu-nos um pouco da sábia resposta de Milton Campos. Como não houve propriamente um debate, os três presidenciáveis evitaram ataques entre si, na expectativa de erros do oponente, cenário que, com certeza, mudará logo que a campanha se iniciar, em julho. Isso porque ninguém vai poupar ninguém, e vai ser ataque pra todo lado. No encontro, Dilma e Serra priorizaram a segurança pública e a reforma tributária e Marina, a política ambiental. Porém, o tema comum foi destacar suas origens — Marina, menina pobre vinda de Xapuri, na Floresta Amazônica; José Serra, da Mooca, bairro da cidade de São Paulo, e Dilma Rousseff, filha de migrantes, nascida em Minas e militante das forças de esquerda, que lutaram contra o regime militar instalado em 1964. Embora Serra, sobretudo ele, se esforce para ser popular, nordestino, filho de família pobre, diríamos que dificilmente o fenômeno Lula se repetirá em 2010. E custará muito tempo para se repetir. Com efeito, o povo saberá distinguir bem a tal origem pobre dos candidatos para definir sua preferência eleitoral, porque o eleitor está consciente de que muitos filhos da classe operária já negaram suas origens e se tornaram fiéis aliados dos poderosos, enquanto (poucos,
muito poucos) filhos de famílias ricas dedicaram suas vidas a lutar contra as desigualdades e injustiças que afetam as camadas mais pobres da população. Basta uma simples análise e se verá quem, dos três candidatos, mudou sua trajetória ao longo de suas atividades político-partidárias. Marina Silva foi, por sete anos, ministra de Meio Ambiente de Lula e, num passe de mágica, sem nada que o justifique, é candidata de oposição ao governo a que serviu. Mas, é uma pessoa íntegra e honrada, e num segundo turno (se houver) poderá voltar a se aliar ao seu antigo partido. Já José Serra nasceu na Mooca; em 1964, era presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e, por força de sua vinculação com o presidente João Goulart, Arraes e Leonel Brizola, autoexilou-se no Chile, de lá regressando ao Brasil, em 1978, um ano antes de o presidente Figueiredo decretar a anistia. Na volta, mudou sua posição política, engrossando a corrente mais conservadora do País, encoberta sob o manto de uma pseudossocial-democracia. Em 2002, perdeu feio para Lula e, neste ano, é de novo candidato a presidente, portando um discurso em que lembra sua condição de pobre da Mooca. Será que isso é o bastante? Para Pedro Malan, ex-companheiro de Serra no ministério de FHC, não o é, como assinala em artigo de 11 de abril, publicado no jornal Estado de S.Paulo, em que requer dele “claras definições não genéricas — sobre a natureza dos desafios a enfrentar e as prioridades da hora e para o próximo quadriênio — de maneira que possam ser percebidas pelo eleitor como algo que lhe diga respeito...”. O que o comentário de Malan sugere é que Serra não explicita suas ideias, não conhece o Brasil nem o povo brasileiro, não apresentando, pois, condição de ocupar a presidência da República. Como se vê, ter origem pobre não garante a ninguém ganhar eleição e ainda mais se o candidato não tem ideias.
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Marcial Lima Professor
“Coronel Padilha deu ordem ao cambiteiro: não dá cana a passageiro nem, também, a morador”. Assim canta o figural do Guerreiro das Alagoas. “Doutor Jorginho, isso é uma derrota! Uma cana P-O-J se a moça pedir eu dou”. Assim pontifica Lia de Itamaracá em sua Ciranda. Duas atitudes aparentemente ingênuas, mas de importante significado. A primeira, obediente: o dono do engenho, com seu título honorífico, deu uma ordem. Não se discute. A segunda, já sugere uma tomada de consciência crítica: a condição de herdeiro, proprietário da gleba, e o título de “doutor”, não lhe protegem da contraposição. O interdiscurso presente na fala da Lia, com suas implicações sociais, políticas e ideológicas, faz vislumbrar como as identidades são historicamente elaboradas. Esse meu sentimento, expresso há um ano, na imprensa local, veio-me à memória ao ler uma opinião publicada no blog Pois É, sob o título que ora tomo emprestado para este artigo. “Impressionante como o povo pernambucano ama sua terra. Qual o estado que usa sua bandeira na camisa, como faz o povo da terra de Capiba? Todo jovem sabe de cor as letras de seus compositores”, dizia a nota, arrematando: “Parece que a cultura passa por essa causalidade de idéias”. Assertiva que entra em plena sintonia com o pensamento de Lala Doheinzelin, uma estudiosa da cultura como estratégia de desenvolvimento: “Ao nos apegarmos ao adágio Santo de casa não faz milagre, estamos evidenciando por onde anda nosso sentido de pertencimento. A falta de Capital Social se traduz na incapacidade de uma ação integrada, porquanto, agir no coletivo implica em confiança no outro, atitude que exige autoconfiança; fruto, por sua vez, da autoestima, ou seja, da valorização que damos a nós mesmos”. O que me faz voltar ao artigo de 2009, onde ousei sugerir cinco características dos pernambucanos: têm a organização social como patrimônio; mostram-se capazes de efetivar programas de cogestão com o setor público; valorizam a formação, a exemplo do recente curso sobre Economia da Cultura; fomentam atividades pertinentes às identidades étnicas; e a cultura, no âmbito do governo, tem papel de destaque, estruturador. E tudo isso resultante de todo um processo de luta, de embate, mas não necessariamente de ruptura. Não é por acaso que o arco-íris verde, amarelo e vermelho, que se destaca no centro de sua bandeira, representa a união de todos os pernambucanos. Em tempo: o vermelho, branco e azul de nosso “lábaro estrelado” falam dos ideais da revolução francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Fomos buscá-los lá longe, no além-mar! Cartas à Redação: opiniao@ojornal-al.com.br
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Sai acordo de não proliferação nuclear Pela primeira vez em 10 anos, signatários do TNP concordam em criar zona livre de armas atômicas no Oriente Médio NOVA YORK - A 8ª Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) chegou na sexta-feira a um acordo - o primeiro em dez anos que acelera o desarmamento das potências nucleares e abre caminho para a criação de uma zona livre de armas atômicas no Oriente Médio. O documento adotado por consenso põe fim a um mês de intensas negociações e supõe um
passo adiante, depois do fracasso da conferência anterior, realizada em 2005. Aconferência adotou um documento final que prevê quatro planos de ação sobre cada um dos três pilares do TNP - desarmamento, controle dos programas nucleares nacionais para garantir que sejam pacíficos e utilização pacífica da energia atômica - para um Oriente Médio sem armas atômicas.
No que diz respeito a esse ponto, o documento planeja a organização, em 2012, de uma conferência internacional com a participação de “todos os Estados da região, com o objetivo de chegar ao estabelecimento” da zona sem armas nucleares. Ao evento será requerida a presença de Israel, que nunca esclareceu oficialmente se tem armas nucleares, e do Irã, que se suspeita querer desenvolver armas atômicas.
Os Estados Unidos comprometem-se a trabalhar para que essa conferência seja um sucesso, declarou na sexta-feira a delegada americana Ellen Tauscher. O secretário-geral da ONU “aprova particularmente o acordo sobre um processo que leve à implementação completa da resolução de 1995, que estabelece uma zona livre de armas de destruição em massa no Oriente Médio”, disse Ban Ki-moon em
um comunicado. É a primeira vez, em dez anos, que a conferência quinquenal de acompanhamento do TNP chega a um acordo para revisar o tratado que, desde que entrou em vigor, em 1970, serviu como diretriz mundial para limitar a proliferação de armas nucleares. O texto também afirma que “é importante que Israel se junte ao tratado e ponha todas as suas
instalações nucleares sob as garantias globais da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)”. Segundo especialistas, Israel possui várias armas atômicas, apesar de o Estado hebreu não admitir seu arsenal nuclear. O Irã desenvolve um programa nuclear civil que, segundo as potências ocidentais, é utilizado como fachada para desenvolver a bomba atômica.
ELEIÇÕES NA COLÔMBIA
Mockus e Santos lideram disputa entre 9 candidatos BOGOTÁ - Nove candidatos à presidência da Colômbia disputam o primeiro turno das eleições deste domingo, 30 de maio, nas quais chegam como favoritos o governista Juan Manuel Santos e o independente Antanas Mockus, segundo as pesquisas. Santos, 58 anos, do Partido Social de Unidade Nacional (Partido de la U), foi ministro de Defesa do presidente Alvaro Uribe, onde realizou duros golpes à guerrilha das Farc e bombardeou um de seus acampamentos no Equador. Economista graduado na Universidade de Harvard e membro de uma família de classe alta proprietária do jornal El Tiempo de Bogotá, foi ministro de Fazenda e de Comércio Exterior do conservador Andrés Pastrana e do liberal César Gaviria, respectivamente. Santos promete continuar com a mão de ferro de Uribe contra as Farc, incentivar os investimentos estrangeiros e desenvolver uma política de “prosperidade democrática”. Mockus, 58 anos, candidado pelo Partido Verde, saltou
à vida pública quando, como reitor da Universidade Nacional de Bogotá, baixou as calças ante um auditório de estudantes que o vaiavam. Foi prefeito de Bogotá duas vezes (1995-1997 e 2001-2003), gestão que lhe trouxe grande reconhecimento e popularidade. Foi candidato à presidência em 1998 e 2006. De ascendência lituana, este matemático e filósofo que utiliza uma linguagem de símbolos para explicar suas propostas, promete “legalidade, transparência e educação”. Noemí Sanín, 60 anos, é a candidata do Partido Conservador, parte da coalizão de governo de Uribe. Esta é sua terceira candidatura presidencial. Esta advogada iniciou sua vida pública como ministra de Comunicações do governo do conservador Belisario Betancur. Foi chanceler no governo do liberal César Gaviria e embaixadora na Venezuela, Espanha e Reino Unido. Promete continuar com a política de segurança de Uribe, recompor as relações com a Venezuela e realizar uma estra-
tégia de ação social para melhorar as condições de vida dos mais pobres, além de lutar contra a corrupção. Rafael Pardo, economista de 56 anos, é candidato do opositor Partido Liberal. Foi ministro da Defesa do governo de Gaviria e senador. Propõe uma Colômbia “mais justa socialmente” e quer manter a luta contra as Farc. O ex-guerrilheiro do M-19 Gustavo Petro, um economista de 50 anos, é o candidato do esquerdista e opositor Partido Polo Democrático Alternativo. Propõe um governo de cunho social sem afetar a propriedade privada. O ex-senador Germán Vargas, 48 anos, do Partido Mudança Radical (direita), promete melhorar a gestão de Uribe em segurança cidadã e enfatizar o social. Jaime Araújo (Aliança Social Afro-Colombiana), Jairo Calderón (Abertura Liberal) e Róbinson Devia (A voz da consciência), completam o leque eleitoral, sem nenhuma possibilidade de vitória, segundo as pesquisas.
Ex-ministro da Defesa de Alvaro Uribe, Juan Manuel Santos comandou ofensiva contra as Farc
Matemático e filósofo, Antanas Mockus, do Partido Verde, foi prefeito de Bogotá por duas vezes
CASO JEAN CHARLES
Ian Blair é indicado à Câmara dos Lordes LONDRES - A família do brasileiro Jean Charles de Menezes, vítima mortal de um erro policial em Londres, em 2005, classificou na sexta-feira de “última bofetada” a designação do chefe da Scotland Yard na época, Ian Blair, à Cámara dos Lordes britânica. Anomeação de Blair deixanos indignados”, declarou, em Londres, a prima de Jean Charles de Menezes, Vivian Figueiredo, de 27 anos. “Como chefe da polícia londrina, acreditamos que Ian Blair era, em última instância, responsável pela morte de Jean, pelas mentiras ditas e por ter tentado encobrir o caso”, acrescentou ela numa nota. A administração de Ian
Blair, que se demitiu do cargo na Scotland Yard no final de 2008, esteve marcada pelo caso do eletricista brasileiro, morto pela polícia com sete tiros na cabeça no metrô, ao confundi-lo com um terrorista, em julho de 2005. Uma investigação judicial em 2008 apontou numerosas falhas na atuação policial, mas o veredicto permaneceu inconcluso. Apesar de várias revisões do caso, nenhum agente foi processado ou punido. A assessoria do primeiroministro britânico, David Cameron, anunciou na sextafeira uma cadeira vitalícia para Ian Blair entre mais de 50 novas nomeações à Câmara dos Lordes.
Jean Charles foi morto pela polícia à época comandada por Ian Blair
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À espera do que há de melhor na vida Enfrentando a falta de informações e de condições, alagoanas estão se conscientizando sobre a importância do pré-natal Láyra Santa Rosa Repórter
A gestação é, sem dúvida, uma das temporadas em que a mulher fica mais sensível e precisando de cuidados mais especiais. Para isso, além do carinho da família é necessário o acompanhamento médico, chamado pelos especialistas de pré-natal. Nessa época, as grávidas são submetidas a todo tipo de exame onde podem ser detectados e iniciados os trata-
mentos para a futura mamãe e para o bebê. No interior do Estado, esse acompanhamento tem se intensificado. As ações a favor do pré-natal foi à forma que o Governo Federal encontrou para tentar diminuir as mortes maternas e dos recém nascidos, já que a situação da maioria das famílias do interior é precária. Até então, muitas mães nunca tinham feito sequer um exame médico, sem falar da distância entre os sítios e o cen-
tro das cidades que, em sua maioria sofrem sem hospitais preparados para acolher as gestantes, sobretudo na proximidade do nascimento do bebê. Muitas grávidas do interior vivem como podem. Alimentam-se do que produz na roça, vão ao médico só em casos extremos e, na hora
da chegada do recém nascido, muitas acabam sendo amNo interior, paradas pelas parteiras mais próxiações de mas. Por causa despré-natal se tas dificuldades e, intensificaram porque essa situação muitas vezes acabae diminui vam na morte prenúmero de matura de mulheres mortes e bebês, uma série de ações passaram a ser tomadas para reverter o contexto. Cestas
básicas estão sendo distribuídas para aquelas que vão ao médico e fazem, pelo menos, cinco consultas do pré-natal. Sem falar que, no fim da gestação, algumas chegam a receber uma ajuda de custo e com as ambulâncias cidadãs são encaminhadas aos hospitais mais próximos. No caso das gestantes de risco – as que têm menos de 17 anos ou mais de 35, com peso inadequado, dependência química, altura menor de 1,45 m,
ou são portadoras de doenças como hipertensão, diabetes, tumores, cardiopatia – a situação complica. Elas precisam ser acompanhadas de perto. Ter ainda mais atenção durante a gravidez, principalmente pela possibilidade de não conseguir segurar o feto até o nono mês. Em Alagoas, o atendimento adequado para essas mulheres acontece apenas em Maceió, na Maternidade Santa Mônica ou no Hospital Universitário, que vivem superlotados.
Sem hospitais para casos de alto risco O fato de algumas parturientes precisarem deixar suas cidades, muitas vezes por até três meses antes do fim da gestação, para serem acompanhadas de perto pelo médico na capital alagoana, acaba gerando medo. Muitas preferem correr o risco em casa, do que se ausentar de perto dos seus familiares, mesmo conhecendo o risco de morrer ou perder o seu filho. Quando o parto acontece em casa ou na unidade de saúde dos municípios, a única solução é encaminhar em situação de emergência para Maceió. Muitas vezes a distância e até mesmo a forma precária como
a gestação foi finalizada são decisivas na hora de garantir a vida dos recém-nascidos, que vítimas de infecções, provocadas durante o parto ou no transporte, não resistem e morrem. A falta de hospitais preparados para receber gestantes de alto risco é apontada pela maioria dos municípios como a causa principal para perda de bebês e mães. Eles acreditam que mesmo com o acompanhamento pré-natal, a distância para se chegar a maternidade e ainda a luta por vagas, acabam sendo os principais gargalos para a morte materno e infantil. (L.S.R.) Yvette Moura
Francisca tem 42 anos e está à espera do 10º filho: consultas em dia
Família grande e experiência de vida Afamília é grande. São nove filhos e ela não para de crescer. Francisca de Farias Melo, tem 42 anos e está no quinto mês de gestação, aguardando o décimo herdeiro. Com uma gravidez de risco, ela luta para não ter nenhuma complicação durante o parto. A descoberta da chegada de mais um filho pegou a todos de surpresa e incomoda a mãe, que diz já não aguentar o mal-estar provocado por mais uma gravidez. Adona de casa vive com sua grande família, no sítio Baixa Grande, na cidade de São José da Tapera, distante 208 quilômetros de Maceió. Com hipertensão, desenvolvida no passar dos anos, ela é uma das pacientes de risco atendida semanalmente pelo Programa Saúde da Família (PSF) no município. Assim que descobriu a gestação avançada, há um pouco mais de um mês, começou o acompanhamento médico fazendo as baterias de exames necessárias. “Agravidez foi uma surpresa, apesar de já saber que sempre de três em três anos tenho esse sofrimento. Estava sem vir as regras há algum tempo, quando comecei a me sentir mal. Foi aí que a agente comunitária desconfiou que estava esperando outro filho”, contou Francisca Maria. “Minha última gravidez já foi de risco, então nessa fui
logo procurando um médico. Já fiz uma ultrassom, os exames de sangue, fezes e urina. Espero que esse parto seja mais tranquilo do que o outro”, rogou. A descoberta da gravidez, embora recente, aconteceu em estado avançado da gestação. Por isso a dona de casa tem medo. Ela conta que sabe do risco de morrer e teme por sua vida. “Estou muito preocupada, inclusive tem noites que perco o sono pensando. Tenho muito medo de morrer e sei que estou correndo esse risco”, falou. “Apesar de estar no meio da gravidez, já estou sentindo a barriga pesar e quando vou trabalhar na roça sempre sinto fadiga. Tem dias que amanheço ruim e o jeito é ficar na cama. Mesmo tendo nove filhos não me acostumo com isso”, conta. Quando questionada sobre o motivo de não ter evitado filhos, Francisca Maria, com o olhar fixo num ponto do horizonte, acabou confessando que o marido nunca aceitou que ela se operasse. “Tentei tomar remédio para evitar, mas como tenho pressão alta não fez bem e o médico proibiu que continuasse. Pensei em me operar, mas meu marido nunca deixou. Disse que Frei Damião falava que era pecado”, revelou. (L.S.R.) Continua nas páginas A10, A11 e A12.
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Agentes da comunidade ajudam acompanhamento
Maria Francisca, José Zito e a parte da prole: casa pequena, família feliz
Casos como o da jovem Lucineide são acompanhados de perto pelos agentes comunitários e repassados no fim de cada mês para a Secretaria Municipal de Saúde de São José da Tapera. “Hoje estamos com 293 gestantes cadastradas, sendo que 278 estão sendo acompanhadas. A nossa meta é atingir 100% de acompanhamento e sempre cobramos dos agentes essa intensificação, só que eles acabam encontrando problemas com as próprias mães que não querem fazer os exames”, comentou a coordenadora do PSF no município, Walescka Fernandes Pereira. “Tapera já teve épocas complicadas, principalmente em relação a mortalidade infantil, mas essa situação está mudando. Esse trabalho realizado pelo
PSF, em conjunto com os agentes comunitários tem feito muita diferença. Os agentes são das comunidades é são essenciais para o acompanhamento”. A coordenadora do PSF em São José da Tapera explicou que a cidade tem atualmente dez postos do PSF espalhados pelo município. “As equipes estão nos povoados e quando uma grávida é detectada, ela passa a ter o acompanhamento de perto. São pedidos os exames necessários e feita a avaliação todo mês. Não existe a desculpa da distância, já que estamos presentes nos sítios e fazendas”, contou Waleska Fernandes. Logo quando a gravidez é descoberta, a futura mãe é submetida a exame de sangue, urina, fezes, sorologia, e ultras-
sonografia. “Estamos com laboratórios que fazem exames aqui na cidade e temos um aparelho de ultrassom no hospital para atender as gestantes. Elas recebem as requisições do PSF e são encaminhadas para a realização da consulta. O resultado não demora muito a ficar pronto e conseguimos atender a todas”, explicou Walescka Fernandes. “Ainda temos uma maternidade que atende as gestantes que tiveram uma gravidez tranquila. O nosso problema maior acontece nos casos da gravidez de risco, quando precisamos encaminhar para o hospital referência, que é em Maceió”. Para a coordenadora do PSF, hoje o maior problema relacionado às gestantes está ligado a distância entre o municí-
pio e o hospital referência para o atendimento aos casos graves. “O acompanhamento prénatal está sendo feito. Mas, o problema é quando chega perto da criança nascer e as mães têm que se deslocar de suas casas para serem atendidas em Maceió. A única maternidade referência fica a quilômetros de Tapera”, afirmou. “Quando conseguimos atender acontece de as crianças nascerem no meio do caminho ou em casa. Algumas mães preferem correr o risco, a ter que deixar suas famílias. Perdemos um bebê esse ano que nasceu prematuro em casa. A mãe sabia que estava com gravidez de risco, mas não quis ir para Maceió. Chegamos a socorrê-lo até a Santa Mônica, mas não deu tempo”. (L.S.R.) Fotos: Yvette Moura
Religião impede controle da natalidade O marido, José Zito dos Santos, de 43 anos, apesar de calado, faz questão de mostrar toda sua religiosidade estampada na sala da casa onde vive com sua família. Simples, ele afirma que está feliz com mais um filho. “Gosto de família grande e estou muito alegre com mais um filho. Prefiro um homem, mas o que Deus mandar está bom. Apesar da situação ser difícil, a gente se arruma e alimenta mais um. Não vai faltar comida e nem amor”, garantiu. “A única coisa que me preocupa é a saúde da minha mulher. Ela está cansando muito fácil, mas fico mandando ela ir ao médico se cuidar o tempo todo. Tenho fé que vai dar tudo certo”.
Francisca e José Zito vivem com seus nove filhos que tem idades entre 23 e três anos, numa casa simples feita de taipa e pintada de azul, na tentativa de deixá-la mais bonita. O espaço é pequeno para a família mas, segundo a matriarca, na hora de dormir, eles se arrumam e cabem todos. “Ao todo são cinco meninas e quatro meninos. Todos estudam e nos ajudam na roça. A família é grande e a casa pequena, mas cabe todo mundo. Num quarto dormem seis, sendo três em duas camas de casal. O resto dorme na rede e no chão da sala. As dificuldades são grandes, mas a gente se ajeita como pode”, completou a dona de casa. (L.S.R.)
Distância afasta gestantes das consultas O trabalho de acompanhamento das gestantes é feito por agentes comunitários de saúde, que passam as informações e estimulam as futuras mamães a serem atendidas nos Postos da Saúde da Família dos municípios, que funcionam nos sítios mais distante do centro das cidades. No povoado de Baixa Grande, em São José da Tapera, Linaete Almeida das Chagas, é responsável por parte desse acompanhamento. Ela é agente comunitária há dez anos e garante que entre as maiores dificuldades encontradas estão à conscientização das próprias mães sobre a importância do pré-natal. “Existem umas mães rebeldes que se negam a fazer o prénatal. O nosso papel é ir até a casa, conversar e tentar conscientizá-las. Mas tem umas que são complicadas. Primeiro a gente fala dos benefícios que elas vão perder, como é o caso do Bolsa Família. Quando atinge o bolso, elas acabam indo, mas mesmo assim, ainda tem umas que não querem saber de médi-
co, o jeito e tentar acompanhar só de perto”, contou Linaete Almeida. Segundo a agente comunitária, a alegação da maioria das mulheres é que mesmo o PSF estando nos sítios, ainda ficam distantes de suas casas. “Muitas dizem ter preguiça e não querem ir. A distância realmente é grande, mas esse é um problema do interior e não temos muito que fazer”, falou. “Pior do que o exame é quando elas começam a dar a luz em casa. Temos um carro aqui para levá-las ao hospital. Parto normal nasce na Tapera, mas quando o caso é grave só levando para Maceió”. A adolescente Lucineide da Silva Pereira, de 16 anos, é uma das gestantes rebeldes que não gostam de ir para a consulta prénatal. “Esse é meu segundo filho. O primeiro acabei perdendo. Estou no quinto mês de gestação, mas não gosto de ir ao médico. Como fiz uns exames e está tudo bem comigo, acabei relaxando. A gravidez me deixa cansada”, disse. (L.S.R.)
Posto do PSF de São José da Tapera: exames de ultrassom são feitos
Coordenadora do PSF da Tapera diz que distâncias já foram maiores
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Fotos: Yvette Moura
É preciso marcar exame com antecedência no município de Chã Preta
Condições de deslocamento é desafio Em Chã Preta, o atendimento pré-natal às gestantes também tem sido intensificado. O município que fica localizado na Zona da Mata alagoana atende, por mês, cerca de 70 grávidas. “Fazemos o atendimento em três áreas, uma urbana e duas rurais. Com a ajuda dos agentes comunitários, que vivem nas comunidades, conseguimos localizar as futuras mães e estimular que o pré-natal seja feito”, contou a enfermeira Carolina Oliveira Cavalcante. “O atendimento acontece nos postos e, algumas vezes, quando necessário, vamos até as casas das futuras mamães. O problema são as distâncias e a condição das estradas. Quando começa a temporada de chuva, o acesso a maioria dos sítios
ficam impossível”. Segundo a médica que integra o PSF, Maria Flávia Tenório Vasconcelos, em Chã Preta, a maioria das mães participa das consultas sem muito esforço. “Aqui não encontramos muitas dificuldades na realização do acompanhamento, por que elas têm interesse em receber os benefícios do governo Federal, que após a gravidez dá uma ajuda financeira. Sabendo disso, acabam indo para as consultas”, informou. “Nos casos das que não querem atendimento, o jeito é esperar para a criança nascer. Não podemos interferir na vida delas, mas quando a criança nasce, elas são obrigadas via Conselho Tutelar a deixar os médicos examinarem os bebês”. (L.S.R.)
Médica e enfermeira do PSF: atendimento de 70 grávidas por mês
Jovens engravidam para receber benefício Diante desses benefícios, a médica acredita que muitas mulheres em Chã Preta, principalmente as jovens, têm engravidado para conseguir uma ajuda de custo. “Temos muitos casos de adolescentes engravidando em busca de dinheiro dos programas sociais. Esse recurso é fácil de obter, basta que durante a gestação elas sejam acompanhadas com pelo menos em seis consultas do prénatal. O que elas desconhecem é o risco que uma gravidez na adolescência representa”, afirmou Maria Flávia. Nos casos das gestantes de risco, elas são acompanhadas mensalmente no início da gestação, caso a situação se torne grave, as visitas médicas são ampliadas. “Distribuídos para todas as grávidas sulfato ferroso e ácido fólico, como forma de fortalecê-las. Mesmo assim, ainda existem muitos casos de gravidez de risco, que necessitam de atenção ainda maior. Nesse caso, as visitas são constantes, caso aconteça algum problema as encaminhamos para Maceió”, explicou a médica. Parte das grávidas de Chã Preta são encaminhadas para o hospital na cidade de Viçosa, que funciona apenas como maternidade de médio risco. “Temos Viçosa para os casos mais simples, só que faltam médicos. Maceió é o destino para o atendimento mais grave, onde a maternidade vive superlotada”, falou Maria Flávia. “Infelizmente, não temos como fazer o atendimento das grávidas aqui na cidade. O jeito é encaminhar para os hospitais em outras cidades e muitas vezes não dá tempo de chegar e as
crianças acabam por nascer no meio do caminho”. EXAMES - O município de Chã Preta é pequeno e para conseguir realizar os exames é preciso marcar com antecedência. É um laboratório de Maceió que vai até a cidade fazer as coletas de sangue, urina e fezes, além de marcar a realização da ultrassom. Segundo algumas gestantes muitas vezes o resultado dos exames mais simples demoram a ficar prontos e no caso da ultrassom, a dificuldade está no equipamento que vive quebrado, sem falar numa lista enorme de espera. “Esse bebê é meu quarto filho. Estou fazendo o pré-natal, já fui duas vezes no médico. Ele passou para fazer alguns exames, mas até agora o resultado ainda não ficou pronto. Em relação a ultrassom soube que o equipamento está quebrado, então fiz particular”, contou a domestica Rosângela Matheus de Santos, 21. “Paguei cinquenta reais pelo exame. O dinheiro me fez falta, mas como estava preocupada e queria saber se o bebê estava bem, resolvi fazer. Além de querer saber o sexo. É um menino”. Assim como a doméstica, a estudante Renata Feliz da Silva, 16 anos, que está no sexto mês de gestação também não conseguiu fazer o exame por conta do município. “A informação que eu recebi é que o SUS está em greve e que não poderia fazer a ultrassom. É meu primeiro filho e estou fazendo o prénatal. Todo mês estou no médico, mas resultado de exame que é bom, nada”, afirmou à adolescente. (L.S.R.)
Rosângela teve que pagar ultrassom: equipamento quebrado
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Bebês morrem pela ausência de exames
Clemilda tem 15 anos e está grávida do primeiro filho: “fiz minha parte, agora me resta rezar e torcer”
O pré-natal é essencial para a saúde da gestante e do bebê. Trata-se do acompanhamento das mães e dos filhos durante a gravidez, sendo possível detectar doenças e tratá-las antes do parto. Hoje, a falta do pré-natal é uma das principais causas para a morte dos recém-nascidos em Alagoas. Amaioria dos bebês que chegam a Maternidade Escola Santa Mônica, habilitada para os casos de alto risco, são de gestantes que não tiveram o acompanhamento médico adequado. “Na Santa Mônica, a maioria dos casos de complicações com recém-nascidos são de filhos cujas mães não fizeram o pré-natal. O exame é importante e pode prevenir e antecipar as doenças. Essas que quando diagnosticadas, podem ser tratadas antes do nascimento”, explicou o ginecologista
e obstetra, Robério Gardini, que integra o quadro médico da Maternidade Santa Mônica. O médico cita como exemplo o caso da sífilis, que se tratada até uma gravidez de 20 semanas não atinge o bebê. “A doença é simples de tratar, basta apenas penicilina. Mas, para a eficácia ser total e não atingir a criança, é preciso que aconteça antes de seis meses, senão poderá ser tarde”, explicou Robério, lembrando os casos de diabetes gestacional que só aparece na época da gravidez e também da pressão alta. “Existem doenças que só aparecem na época da gestação e que serão descobertas no pré-natal. O caso da pressão alta, por exemplo, que precisa ser monitorada o tempo inteiro. Como em alguns casos falta o acompanhamento, muitas ges-
tantes chegam no hospital quase convulsionando”. Segundo Robério Gardini uma das principais causas para o parto prematuro são as infecções que também podem ser cuidadas durante o pré-natal. “É muito comum o parto prematuro no caso de gestantes que tem infecção. Acontece muito com infecção urinaria, que bastava um sumário de urina para o diagnóstico. O problema é que muitas mães não fazem esse acompanhamento por não ter disponível ou até mesmo por não saber de sua importância”, disse. “Quando o médico vem acompanhando e sabe o problema existente, já sabe o que fazer na hora da cirurgia. Dessa forma, muitas mortes podem ser evitadas. O pré-natal é fundamental”. (L.S.R.)
A expectativa é maior que o medo Interior é carente de maternidades Nos sítios, a situação é ainda mais delicada. As estradas de barro, muitas ladeiras e buracos, fazem parte da rotina da população, que tem que andar alguns quilômetros para conseguir atendimento, mesmo nos postos ficando nos povoados. A situação de pobreza é vista por toda parte. As casas simples, em sua maioria, são feitas de taipa, com poucos móveis e tudo improvisado. É vivendo assim que a adolescente Clemilda da Silva Ferreira, de 15 anos, aguarda a chegada de seu primeiro filho. Com a barriga grande de quem está no oitavo mês de gestação, ela é uma das grávidas de risco de Chã Preta. Cheia de sonhos de menina, ela já entende que sua gestação precisa cuidados especiais e garante que mesmo com o peso da barriga, não deixa de fazer as consultas. “Eu ouvi falar que os exa-
mes eram importantes para mim e para meu filho, então resolvi fazer. É meu primeiro filho e sei que minha gravidez é de risco por causa da minha idade e pela minha pressão que começou a subir”, disse a adolescente. “Fiz todos os exames que me mandaram, menos a ultrassom porque alegaram está quebrada. Ainda não sei o sexo do meu filho, mas acho que é um menino. Estou muito feliz com minha gravidez”,afirmou. Apesar de toda alegria da chegada do primeiro bebê, Clemilda da Silva confessou está com medo da hora do parto. “Vão me levar direto para Maceió por causa da minha gravidez. Estou com medo e preocupada. Tenho receio que não der tempo de chegar e aconteça algo comigo ou com meu filho. O certo era ter um lugar aqui para ele nascer”,
falou a menina. “Agora só me resta rezar e torcer para que tudo dê certo. Fiz a minha parte que foi ir ao médico direto e me cuidar. Depois desse quero evitar para não ter filho agora”. Com os pés descalços no chão de barro, a menina convidou a equipe de O JORNAL para dentro da casa onde vive com a sogra e o marido, para mostrar algumas coisas que comprou para o filho. Acanhada, ela tirou as peças de roupa alisando com todo o carinho. “As condições são poucas, mas comprei algumas coisinhas para quando ele nascer ter pelo menos o que vestir. Algumas amigas minhas me deram de presente também. Esse filho já é muito amado, quero que ele nasça logo. Estou com medo, mas muito curiosa para ver o rostinho dele”, completou Clemilda da Silva. (L.S.R.)
Carolina Sanches Repórter
Sem poder dispor de serviço médico adequado nos seus municípios, mulheres prestes dar à luz se deslocam para cidades vizinhas para terem seus bebês. Nestes casos, as gestantes têm de enfrentar “a migração” para cidades-pólos regionais ou para Maceió. Na Maternidade do Hospital Regional de Arapiraca, por exemplo, são atendidas cerca de 300 gestantes por mês. De acordo com o diretor médico do hospital, Ulisses Pereira, 50% destas mulheres são de outras cidades. Ele explicou que as gestantes são de diversas cidades do interior, até mesmo municípios que possuem maternidades. “O hospital recebe muitos casos de gestantes de outros municípios que estão com gestações mais complicada e precisam de
um atendimento em unidade de médio risco. Normalmente, elas vêm encaminhadas por médicos das Unidades Básicas de Saúde. Mas também chegam gestantes de parto normal que relatam algum problema em maternidades mais próximas”, disse o diretor. A dona de casa Marciele Pereira, de 19 anos, passou maus bocados até dar à luz a gêmeos, no dia 21 deste mês. Grávida de nove meses, ela não dispunha de transporte para se deslocar município de Piaçabuçu, onde mora, até a maternidade em Penedo, que não possui hospital com maternidade. “Consegui que me levassem até Penedo, mas quando cheguei na maternidade não havia anestesista e isso me deixou muito preocupada”, contou Marciele, que foi encaminhada para a Maternidade Nossa Senhora de Fátima, em Arapiraca, numa ambulância.
“As dores não chegaram e quando viram que parto normal não era o meu caso, me transferiram direto para Arapiraca”, disse. Para a dona de casa, seria muito bom que cada município pudesse ter uma maternidade em condições de atender às gestantes. “Agradeço por não ter tido maiores complicações no trajeto para as maternidades. Em Arapiraca fui muito bem atendida e posso comemorar aliviada o nascimento das duas meninas”, desabafa. PRÉ-NATAL - Para a enfermeira clínica da Maternidade Nossa Senhora de Fátima, em Arapiraca, explicou que também são feitos exames de pré-natal no hospital, mas que a maioria das gestantes são de Arapiraca. “As gestantes que vêm do interior normalmente são encaminhadas pelo médico que acompanha no pré-natal”, explicou.
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“Um barato” pra curar Uso medicinal da cannabis é discutido entre especialistas e gera polêmica Valdete Calheiros Repórter
Usuários alegam que não sofrem malefícios com uso regular da cannabis
A comunidade médico-científica brasileira e boa parte dos pesquisadores mais renomados internacionalmente estiveram reunidas para debater o uso medicinal da Cannabis sativa no país. O encontro científico aconteceu em São Paulo e reacendeu o debate em torno da droga mais popular no Brasil, conhecida como maconha. Durante dois dias, especialistas discutiram os prós e os contras da erva quando aplicada de forma terapêutica. Alagoas foi representada pelo presidente do Conselho
Efeitos das substâncias da cannabis são estudados desde a década de 60
Regional de Medicina, Emmanuel Fortes.
O tema é bastante polêmico e está ainda muito distante
de um denominador comum ou, usando a linguagem peculiar de os especialistas “acenderem o cachimbo da paz”. Para alguns cientistas, a proibição da maconha tem mais a ver com interesses políticos, econômicos e morais do que com argumentos científicos. Para outros, os malefícios causados pelo uso da maconha são maiores do que as vantagens atribuídas ao uso terapêutico. O tema do uso da cannabis, seja para qual fim for, é tão carregado de conceitos e preconceitos que qualquer convite ao debate sobre a liberação da erva pode ser entendido como “apologia às drogas”.
Pesquisas precisam ser unânimes antes da aprovação
Emmanuel Fortes: “Conselho não discute liberação, mas uso medicinal”
O presidente do Conselho Regional de Medicina, em Alagoas, Emmanuel Fortes, participou do simpósio como representante do Conselho Federal de Medicina. Durante o evento, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foram apresentados estudos que têm sido realizados com a cannabis para fins medicinais, desde que seu princípio ativo foi isolado, na década de 60. Emmanuel Fortes fez questão de dizer que o Conselho Federal de Medicina e os Conselhos Regionais não irão discutir a liberação do consumo e sim o uso medicinal da erva. O
encontro foi planejado para discutir o que preconiza a Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) de 1961 sobre a criação de uma agência estatal encarregada de controlar a produção, a distribuição e a utilização de plantas medicinais, notadamente aquelas como ópio e maconha. “Do ópio, sintetizaram morfina, codeína e outros produtos de largo uso farmacêutico. Da cannabis sativa, as pesquisas ainda precisam de mais unanimidade para a liberação universal em uso medicinal”, explicou o médico. Além de Emmanuel Fortes, estavam presentes pesquisadores do Brasil, notadamente de São Paulo, e estrangeiros da
Holanda, Inglaterra, Canadá, Estados Unidos, além do governo brasileiro através da Secretaria Nacional de Políticas AntiDrogas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Saúde e componentes de associações psiquiatras e médicas. O médico disse acreditar que a maconha tenha chances de ter o uso liberado para fins medicinais no Brasil. “Mas não in natura”, afirmou categoricamente. Ele explicou que o uso da maconha terá que ser liberado conforme decisão do pleno do Conselho Federal de Medicina, em forma de extrato ou concentrado de princípios ativos, nunca para serem inalados ou aspirados. “Esta posição levada por mim
causou desconforto na comunidade científica, mas, não se pode pensar o Brasil como se estivéssemos na Holanda ou Inglaterra. Aqui, o governo não conseguiu controlar a migração da cola de sapateiro para o crack nas ruas de nossas cidades. Imagine autorizar plantio de maconha para consumo in natura, ou o plantio individual como acontece no Canadá e nos Estados Unidos. Aliás, a Holanda está revendo a permissão para o consumo de drogas em seu território. Se em países com culturas sedimentadas e obedientes à lei, este assunto não é pacífico pelos abusos, no Brasil o rigor tem que ser absoluto e as punições pelas transgressões devem ser exemplares”, esclareceu. (V.C.)
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Liberação como querem os usuários não terá apoio científico O médico disse ainda que não há que se pensar em liberação do uso como querem os usuários. “Nesse sentido, a maconha é nociva e não terá apoio nem da medicina, nem da sociedade. Aliás, esta é uma postura quase que universal. O uso
médico se liberado, será para pessoas doentes, fazendo quimioterapia para o câncer, para portadores de esclerose múltipla, ou doenças espasmódicas, entre outras. Nunca uma prescrição, se de fato comprovada, será irresponsável”, alertou.
Emmanuel Fortes lembrou que a sociedade luta hoje para eliminar o álcool e o tabaco, tóxicos consentidos e culturalmente aceitos. “Tanto que houve uma queda para menos de 15% do número de tabagistas nos últi-
mos 10 anos. O álcool do mesmo modo tem sido alvo de restrições e seu uso e abuso tem sido marcado como deletério para a humanidade. Ambos de difícil erradicação. Imagine colocar mais uma substância que provoca dependência, pertur-
ba o psiquismo e em pessoas predispostas desencadeia esquizofrenia por exemplo. Não há que se liberar a maconha fora do âmbito medicinal”, defendeu. O presidente do Conselho Regional de Medicina, em
Alagoas, explicou que caberá ao Conselho Federal de Medicina dizer o que é aceito para prática médica, o que é experimental e definir como os médicos irão se envolver em pesquisas ou procedimentos terapêuticos. (V.C.)
A erva descrita por um consumidor O JORNAL entrevistou um usuário de maconha. Nosso personagem é homem, tem 48 anos, trabalha como design e será apresentado pelas iniciais M.L.T.Y. (as iniciais são fictícias). M.L.T.Y. é casado e mora com a esposa e os filhos. Fumou maconha pela primeira vez aos 11 anos de idade. Usou a erva depois de ter fumado cigarro de nicotina e experimentado bebidas alcoólicas. “Hoje não bebo mais. Já bebi muito, dos 10 aos 44 anos de idade. Parei de beber porque o álcool estava atrapalhando a minha vida. A bebida alcoólica é uma droga. O álcool enlouquece e faz a pessoa delirar. Quando o álcool é misturado a outras drogas, tem seus efeitos ainda mais potencializados”, relatou. Hoje, M.L.T.Y além de fumar maconha fuma também nicotina. São duas carteiras de cigarros por dia. Quanto à maconha, ele diz fumar quando chega em casa. “Gosto de fumar para relaxar. Fumo também quando estou com amigos, papeando. Quando fumo, relaxo e ao mesmo tempo o cansaço some”. O usuário diz lamentar quando não fuma, mas garante que não sente abstinência. “Fico numa boa. Ligo para uns amigos para ver se consigo, mas se não der, tudo bem... Chego a passar uma semana, quinze dias, cheguei a passar um mês sem fumar”, afirmou. Apesar de fumar maconha sempre que pode, o usuário garante que não tem suas atividades rotineiras prejudicadas pelo vício. “Convivo em paz com minha família, meus vizinhos e meus colegas de trabalho. Tenho uma postura amplamente social. Evito fumar na frente de quem não fuma. Procuro curtir em lugares onde eu possa ficar a vontade, fumo no banheiro, no banho, na varanda, dou umas voltas pela rua”, contou. O design garante que os maiores problemas que já enfrentou com a família foi por causa do vício do álcool. “Quando eu bebia fazia besteiras. Como eu também já era usuário de maconha, por puro preconceito, meus familiares e pessoas mais próximas atribuíam o comportamento à erva. Mas eu sabia que não era a maconha. Graças a Deus, tive força para largar a bebida alcoólica e hoje curto tranqüilo, sem cometer nenhuma besteira com as pessoas que eu amo”, assegurou. Uma coisa que incomoda o design é o limite entre o usuário e o traficante. Sem pudor algum, ele admite que detesta ser “obrigado” a ter determinadas relações para conseguir a erva. “Adoraria que a maconha fosse legalizada para poder ter meu pezinho no meu guarda roupa, na minha varanda, num sitiozinho. Adoraria que os amigos que também gostam pudessem plantar também. Assim, com certeza, acabaríamos com a figura horrenda dos traficantes. Com a chegada do crack, está bem difícil conseguir a maconha nas bocas de fumo. Os traficantes só querem vender crack, que dá mais lucros. Hoje é fácil conseguir maconha com relações mais pessoais”, detalhou. M.L.T.Y contou que consume em média 50 gramas por mês. Chega a gastar R$ 50, a cada 30 dias, o suficiente para fazer uns 45 baseados, segundo seus cálculos. O investimento, conforme o design, não é alto. “Maconha só me faz bem. É um remédio pra minha alma. Conheço diversas pessoas que usam a maconha como remédio para asma, glaucoma e dores”, finalizou. (V.C.)
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A descoberta da erva pela Ciência A preocupação da ciência com esse assunto começou em 1894. Havia, então, a desconfiança de que o bhang, uma bebida à base de maconha muito comum na Índia, causava demência. Anos de estudo e o relatório final apontou que o bhang é quase sempre inofensivo quando usado com moderação e, em alguns casos é benéfico. O abuso do bhang é menos prejudicial que o abuso do álcool.
Se aprovada, será para uso exclusivo em tratamentos, a maconha não será comercializada in natura
OUTRAS DROGAS Conforme a Delegacia de Repressão ao Narcotráfico (DRN), que combate o tráfico de maconha e de outras drogas, durante todo o ano de 2009, foram lavrados 271 flagrantes e outros 77 Termos Circunstânciais de Ocorrências foram feitos. Ainda conforme as estatísticas da delegacia especializada, foram instaurados 329 inquéritos, outros 320 foram re-
metidos à Justiça. Há ainda 43 inquéritos pendentes. Os policiais da DRN apreenderam 43 armas por porte ilegal e também apreenderam 38 armas em outros tipos de ocorrência. Foram cumpridos 14 mandados de prisão. De janeiro a dezembro do ano passado, a DRN registrou 263 ocorrências por causa de maconha, 257 em decorrência do crack, nove por cocaína, cinco envolvendo loló e outras duas com éter. Os registros, lembra o delegado Valdir Silva de Carvalho, são equivalentes apenas às operações realizadas em Maceió. “Nosso efetivo é pequeno para cobrir todo o Estado”. O trabalho da DRN tirou de circulação das ruas da capital, durante todo o ano passado, 939.124,10 gramas de maconha, 17.699,30 gramas de crack, 185 frascos de loló e 33 gramas de cocaína. Uma constatação preocu-
pa o delegado Valdir Carvalho, o número de prisões de homens e mulheres envolvidos com o narcotráfico vem aumentando ultimamente em Alagoas. “É certo que apesar de todas as dificuldades, a polícia está mais combativa em relação ao problema. No entanto, também é visível que as bocas de fumo têm se espalhado a passos largos em todo o Estado”, afirmou. A Polícia Civil vê com preocupação a possibilidade de liberação da maconha para fins medicinais. No meio do debate entre o uso medicinal e o vício, um grande ponto de interrogação está apontado para a cabeça dos usuários da erva. Afinal, o usuário de maconha deve ser visto como um problema de polícia ou deve receber tratamento e ser visto como vítima de uma violenta rede internacional de tráfico? (V.C.) Thallysson Alves
Delegado Valdir Silva, da DRN, vê com preocupação a liberação da maconha, mesmo para fins medicinais
ESTRAGOS PROVOCADOS PELO USO DA DROGA CÉREBRO Provoca alterações na química cerebral, entre elas o bloqueio do neurotransmissor acetilcolina, que dispara vários processos no sistema nervoso. COMPORTAMENTO Pode provocar dificuldade de concentração, atenção a detalhes e aprendizado de coisas novas e complexas. Dificulta a per-
cepção de tempo e certos aspectos da memória. CORAÇÃO Aumenta o trabalho do órgão. As alterações nos batimentos e na pressão sanguínea são similares às de quem está sob forte estresse. PULMÕES Com 50% a mais de alcatrão que o tabaco, a maconha
irrita o órgão e pode provocar câncer no pulmão, cabeça e pescoço. SEXO Pode reduzir a quantidade de espermatozóides e comprometer a sua mobilidade. SANGUE Diminui o fluxo para os membros.
QUANDO ALIADA NOS TRATAMENTOS DOR Amplia a sensação de euforia. Ajuda a diminuir o sofrimento provocado pela enxaqueca e pelo câncer. OLHOS Reduz a pressão intraocular, um alívio para
quem sofre de males como o glaucoma. NÁUSEA Combate o mal-estar provocado pela quimioterapia e ajuda a diminuir os vômitos. ESPASMOS Acredita-se que a droga
ajude a reduzir os espasmos provocados por ferimentos na medula espinhal. ESTÔMAGO Ajuda a restabelecer o apetite de quem tenha perdido peso em decorrência de câncer ou de Aids.
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A história da capital que poucos alagoanos conhecem Fatos pitorescos foram determinantes para o “batismo” de alguns dos bairros Marco Antônio
Elisana Tenório Repórter
Quem disse que os nomes dos bairros não têm nada a ver com a história das cidades? Pelo contrário. Geralmente a nomenclatura dada a cada localidade faz menção a origem, a história, a fundação. Em Maceió, os critérios são os mesmos. Não foi por acaso que determinados pontos receberam nomes como Vergel do Lago, Coréia, Tabuleiro do Martins, Jacintinho. O JORNAL contará agora um pouquinho da história de Maceió que você não conhece. Para começo de conversa, a origem do nome Maceió veio do tupi Maçayó ou Macaio-k que significa “o que
Enseada de águas mansas batizou o bairro da Pajuçara, em Maceió
tapa o alagadiço”. Atualmente, o principal símbolo de
nossa capital são os 7 Coqueiros, localizado na fa-
mosíssima praia de Pajuçara. Recentemente, os “velhos” 7 Coqueiros foram substituídos por espécies novas. O replantio foi feito para garantir a segurança de turistas e nativos e, assim, não descaracterizar um tradicional ponto turístico, como aconteceu com o Gogó da Ema, que já não existe mais. “O Gogó da Ema, com seu magnífico pescoço de ema, era nosso cartão-postal. Hoje, os 7 Coqueiros representam nossa maior simbologia”, explicou o professor e historiador Douglas Apratto. Os mais antigos ainda lembram-se do coqueiro que nasceu torto à beira-mar e tinha a forma do pescoço de uma ema. Ele foi derrubado pelo avanço do mar na década de 1960.
Nomes herdados de duas guerras
A maré calma que inspirou o bairro
Contam os historiadores menclatura, o que terminou se que a origem da nomenclatu- oficializando. “Na época, a ra do Vergel do Lago surgiu na Coréia vivia em guerra, era 1ª Guerra Mundial, quando as uma espécie de Irã e Iraque. forças aliadas utilizavam a fa- Por isso, o bairro recebeu esse mosíssima Lagoa Mundaú – nome”, lembrou o historiador que ainda é um dos principais Douglas Apratto. cartões postais do bairro e da O aposentado Nelson cidade – para aterrissagem e Antônio dos Santos, 81 anos, decolagem dos hidroaviões. que mora na “nossa “Ali (na lagoa) haviam um Coréia” há 50 anos, conposto das forças aliacorda imediatamente das. E, ao redor, muito com a pecha de ‘bairro verde, muita mata. Daí pobre’. Ele confessa, Na 1ª o nome: vergel do laporém, que não tinha a go”, explicou Aprattto, menor ideia de onde se Guerra, acrescentando que os hidroaviões originou este nome. bairros Trapiche da “Não sabia disso. O que Barra e Pontal da Barra decolavam sei é que a pobreza realganharam estes nomes da Lagoa mente assola”, concordevido a sua proximiMundaú dou. dade com a praia. E ele tem razão. Agora, pasmem Ainda hoje, a maioria para a origem do signidas famílias que mora na ficado do nome Coréia. Coréia pertence às classes ecoDouglas Apratto revela que a nomicamente menos favoreciideia surgiu por conta a Guerra das. Por exemplo, além de da Coréia, no início da década morar numa residência muito de 1950. Ele explicou que o bair- simples, seu Nelson não tem ro começou a ser colonizado plano de saúde, nunca viajou, neste período, o que coincidiu passa por “dificuldades extrecom o alto índice de mortes na- mas” para comprar os reméquele país provocado pela dios que os médicos receitam guerra. e seu único lazer é sentar, todas Como, à época, a Coréia já as tarde, na porta de sua casa. era conhecida como um local “Aqui a vida é difícil. Vez que abrigava, em sua maioria, por outra falta água e luz. pessoas pobres, o bairro ga- Sempre foi assim”, queixou-se nhou informalmente esta no- seu Nelson. (E.T.)
“Enseada de águas mansas”. vegações. Este é o significado do nome Também há os bairros onde Pajuçara. De origem indígena, a os nomes foram dados por haescolha foi dada justamente por- bitantes que, por uma razão ou que as águas do seu mar tinham, outra, ganharam destaque. São e ainda têm, como característica os casos, por exemplo, do principal a maré calma. Aliás, os Tabuleiro do Martins e do tradicionais barcos dos pescado- Jacintinho. res representam outro símbolo O nome Jacintinho faz reda nossa capital. ferência a um rico moA história da origem do rador chamado Jacinto bairro do Poço é curioAthayde, que era dessa. O historiador Doucendente de português Os faróis e realizou grandes benglas Apratto revelou que tudo começou pelo o feitorias, inclusive imque costume adotado pelos plantado a primeira viajantes que se deslo- localizavam linha de ônibus. Concavam do Litoral Sul possíveis tam os historiadores para Norte. A maioria naufrágios que ele também atuadeles utilizava uma escomo uma espécie batizaram o va pécie de lavanderia púde delegado punindo Farol blica, que, à época, ficaos que faziam desorva próxima a Ladeira da dens. Antiga Rodoviária para Já o Tabuleiro do os animais descansarem Martins originou-se do nome e tomarem água. de João Martins de Oliveira. “Nunca imaginaria uma Seu Martins, como era conhecoisa dessas. Nossa história é cu- cido, também dizem os historiosa e interessante”, admitiu a riadores, que ele tinha um dona-de-casa Maria Cristina da grande sítio que, aos poucos, Silva, que mora há 15 anos no foi se transformando em um Poço. novo bairro. Neste sítio, muiJá o Farol, um dos maiores tos moradores moravam e da capital, teve início nos arredo- não pagavam aluguel. Como res onde hoje está localizada a ajudava e participava de Igreja de São Gonçalo. Os faróis tudo, ele tornou-se uma espélocalizados nesta parte da cida- cie de chefe político, econôde tinham como objetivo fiscali- mico e até espiritual da cozar possíveis naufrágios das na- munidade. (E.T.)
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A força de vontade de dizer não ao vício e ganhar ânimo para recomeçar a viver A independência trouxe para as mulheres bônus e também ônus antes exclusivos dos homens Mônica Lima Repórter
Nas últimas três décadas do século XX, a mulher brasileira passou por um processo de emancipação, conquistando seu espaço na sociedade. Essa nova realidade trouxe não somente a igualdade junto aos homens, mas uma série de patologias que antes eram quase que exclusivas do sexo masculino. Entre elas, o consumo de algumas drogas, a exemplo do álcool. Em Alagoas, o número de mulheres que ingerem bebidas alcoólicas aumentou, mas são poucas que reconhecem que o vício se transformou em uma doença. Nos bares de Maceió, é possível verificar a presença maciça do sexo feminino, desde os mais sofisticados as biroscas instaladas na periferia. Algumas aproveitam esse momento, para se libertar da timidez e até mesmo de problemas emocionais, acarretados por problemas conjugais, o divórcio, traumas que ficaram guardados, entre outros. E não percebem que o perigo se aproxima sorrateiramente. Pelas ruas, em regiões periféricas, não é difícil de encontrar mulheres caídas após ingerir álcool sem controle. Na região do Mercado Público, a cena se repete com frequência nas portas dos botecos, onde algumas se excedem ao máximo, chegando ao ponto de esquecer o caminho de casa e, dormir nas marquises dos pontos de ônibus, nas calçadas dos bares ou na parada do trem. Quem escapou do vício do álcool sabe muito bem, o preço
que pagou durante o período em que tudo que fazia era movido pela bebida. Integrante de um Grupo de Alcoólicos Anônimos, dona de casa e mãe de três filhos, Maria de Lurdes Pinto (nome fictício), viveu entre o céu e o inferno por vários anos. Até o momento em que percebeu que tinha chegado ao fundo do poço e só havia dois caminhos: recuar ou se manter bebendo até o último dia de vida. A opção dela foi dar um novo rumo a sua vida. Ela lembra como o álcool entrou em seu caminho aos 13 anos. Atleta e tímida, ela se sentia o patinho feio entre os colegas. Atividades sociais praticamente não haviam, porque tinha pavor de estar em locais com muita gente. As festas de família foi o pontapé para se liberar. De gole em gole, o vício foi se instalando. “Queria ser igual às pessoas, porque era considerada metida. E passei a fazer uma mistura de refrigerante com chope. Quando fiquei adulta, trabalhando e com dinheiro comecei a me soltar e participar das farras”, revelou. O casamento antes dos 20 anos não trouxe a felicidade que imaginava, apesar de o esposo ser uma pessoa bem sucedida. Aos três meses de união, ainda em plena lua de mel, descobriu que tinha casado com um alcoólatra. O sonho se transformou em pesadelo e a relação amorosa foi substituída por agressões constantes, que não pouparam nem mesmo os filhos, que eram agredidos com palavras pelo pai.
Yvette Moura
Reuniões ensinam técnicas para driblar a vontade e encarar a doença: formas eficientes de tratamento
Poucas mulheres querem se tratar No Centro de Atenção de Álcool e outras Dependências, que funciona do Hospital Portugal Ramalho, apenas três mulheres estão em tratamento, em companhia de 25 homens. O preconceito da família, da sociedade e da própria mulher, faz com que poucas se assumam como alcoólatra e partam para o tratamento. O coordenador do centro, Lourenço Leirias, disse que o alcoolismo tem aumentado entre o sexo feminino, mas são poucas que resolvem assumir, o que considera uma doença. “Esse crescimento ocorreu em conjunto com a emancipação da mulher ”, explicou, falando que na década de 70, era difícil encontrá-las nos bares. “A par-
tir dos anos 80, com as mudanças ocorridas, passaram a ser figuras presentes nesses ambientes que antes era espaço era exclusivo masculino. O álcool é uma droga e quando a pessoa descobre que está doente, as vezes já tem se passado mais de oito anos”, explica. A intenção de quem procura refúgio na bebida é para fazer amizades, se descontrair, comemorar a vida. Mas o médico alerta de que, quem tem predisposição, não percebe que há limites e acaba exagerando. A demora em pedir ajuda, muitas vezes chega tarde e acontece quando já há comprometimento da saúde. “O preconceito existe para homens e mulheres, mas como ainda os valo-
res são machistas, muitas demoram em pedir ajuda”, declarou Lourenço Leirias. O mesmo ocorre nos grupos de Alcoólicos Anônimos, freqüentados, em sua maioria por homens. As mulheres chegam de forma acanhada e são minorias, algumas desistem de continuar. Um dos dirigentes, que também não pode se identificar, diz que é preciso ter vontade de abandonar o vício, Nas reuniões, não há exigências, são mostrados os passos que podem contribuir, através de literatura, depoimentos dos integrantes e outros mecanismos. Quem se disponibiliza, alcança seu objetivo, uns desistem e retornam e outros preferem permanecer no vício. (M.L.)
Alcoólicos Anônimos: troca de experiências e apoio entre participantes
Tragédias pessoais pioraram a vida A vida difícil fez com que Maria de Lurdes passasse a comer demais e a beber também, chegando a pesar mais de 100 quilos. Uma tragédia familiar agravou ainda mais o vício pela bebida. Após dez anos de casamento, o esposo morreu em um acidente, quando dirigia embriagado. “Jovem, livre de um homem que me agredia, com dinheiro, trabalhando me vi independente e emancipada. Quis me apresentar para vida”, contou. O passo seguinte foi começar a beber sozinha, para fugir da solidão e dos problemas emocionais. O freezer do quarto estava sempre lotado de centenas de latas de cervejas, quando faltava acionava um depósito do bairro em que mora, que faz entrega em domicílio. Os dias se passavam e cada vez mais, a bebida se fazia presente no lar, que passou a ter far-
ras constantemente. Beber não era problema, independia de companhia, o que desejava mesmo era extrapolar se sentir senhora de si, mostrar que tinha poder, dinheiro, afinal era uma mulher emancipada. Os filhos, que tinham sido vítimas das agressões do pai, foram crescendo e vendo a mãe trilhar o mesmo caminho. Para fugir da cobrança das crianças, ela procurava garantir a educação dos filhos em escolas particulares e manter a alimentação da casa em dia, mesmo utilizando produtos próximos da data de vencer a validade, adquiridos em promoção para garantir o dinheiro da bebida. Mas os filhos não se conformavam com aquela situação. Assistiam ao estrago de suas vidas, a casa se desmoronando, as dívidas se acumulando e o futuro incerto da família. (M.L.)
Lourenço Leirias explica que, por causa do preconceito, muitas mulheres deixam de ir ao tratamento
Depois do fundo do poço, a luz Sem controle, pesando 115 quilos, Maria de Lurdes foi surpreendida por um dos filhos, que resolveu saber da mãe o que ela esperava da vida da forma como estava conduzindo, bebendo exageradamente praticamente todos os dias. Apesar de ter sido tocada, o vício falou mais alto. “As palavras me tocaram, mas continuei bebendo. Mesmo tendo perdido a amizade do meu filho que deixou de falar comigo”, disse. As tentativas de deixar de lado o álcool foram inúmeras, mas não se concretizavam. Por conta da obesidade foi orientada a fazer uma cirurgia de redução de estômago. Orientada pela médica a não beber durante seis meses, Maria de Lurdes se comprometeu a manter a abstinência. Mas depois do segundo mês, retomou a velha rotina. A partir daí, passou pelos seus piores momentos, chegando ao ponto de não mais se olhar no espelho. Os quilos perdidos foram recuperados, passando de 72Kg para 94kg. Começava a perceber que estava chegando o momento de dar um basta. A promessa de abandonar a bebida ficava cada dia mais forte, mas desistir era difícil. Nessa tentativa, procurou ajuda médica, encontrando uma profissional que recomendou tratamento psicológico. Mais enfurecida, rasgou a consulta e nunca mais voltou ao consultório. Até que um dia resolveu beber sem limite, como se fosse o último dia. Ao acordar com sede e, sem uma gota de água no frigobar, Maria não teve condições de descer “Continuei para pegar bebendo água na mesmo geladeira, que ficava tendo no térreo. perdido a “Meu filho amizade do estava lá e não tive meu filho” coragem de encarálo”. Sem saída, ajoelhou-se no colchão que ficava no chão onde dormia e pediu a Deus que mostrasse uma forma de reduzir o consumo de bebida. Nessa mesma posição dormiu. SONHO - Durante o sono teve um sonho com o esposo falecido, em vida, recebeu um panfleto dos Alcoólicos Anônimos (AA) e o rasgou porque não se considerava alcoólatra. “No sonho, eu pegava aquele papel e formava exatamente as duas letras dos Alcoólicos Anônimos”, contou. No dia seguinte, passou a pesquisar na internet e encontrou endereço de um grupo em Maceió, No primeiro contato por telefone, chegou a mentir dizendo que só bebia cerveja. Na sua visão, o grupo era um lugar em que iria receber lição de moral, mas para sua surpresa na reunião em que participou pela primeira vez, a forma com que foi recebida fez com que desistisse de permanecer apenas dois meses. “Fui para passar dois meses e estou há dois anos e quatro meses. Descobri que o alcoolismo é a doença da emoção, precisava encontrar os meus iguais, me reconheci como doente e tive uma transformação”, afirmou. (M.L.)
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Água de cacimbas está contaminada Pesquisa de duas universidades analisou a água de cacimbas construídas nas residências em Arapiraca Fotos: Carolina Sanches
Carolina Sanches Repórter
ARAPIRACA – Dos 70% da população que possui residência no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), 1/4 não conta com água potável e quase metade não tem serviço de esgoto. Para diminuir a carência no abastecimento, muitas pessoas mantêm o hábito de construir cacimbas na casa. São pequenos poços estreitos feitos com brocas manuais. Apesar de a água encontrada ter o aspecto de que está limpa é preciso tomar cuidado para que o consumo não seja feito sem que haja uma avaliação da qualidade do líquido. Em Arapiraca, uma pesquisa realizada em parceria entre o Centro de Ensino Superior de Maceió (Cesmac) e a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) descobriu que a maioria das cacimbas está com a água contaminada. O projeto esta inserido no Programa Semente de Iniciação Científica (Psic), custeado pelo Cesmac. O objetivo foi à avaliação da qualidade de água de cacimbas que são construídas em casas no município. As coletas e análises da água já foram feitas, o próximo passo é a elaboração do relatório que será apresentado para a conclusão da pesquisa nas universidades. De acordo com a professora do curso de Biomedicina do Cesmac e gerente de pesquisa da Uneal, Aureni Feitosa, muitas pessoas que consomem água dos poços não têm conhecimento de alguns fatores de risco. “A pesquisa é muito importante para esclarecer qual a qualidade da água que está sendo utilizada pela população”, afirma. A escolha de Arapiraca aconteceu devido à quantidade de pessoas que mantêm o uso de cacimbas. Segundo Aureni, mesmo nos bairros que possuem saneamento, a pessoa mantém o hábito de cavar poços para acumular água. “Arapiraca passa por um problema grande de falta de abastecimento e isso estimula a construção das cacimbas”, disse. O trabalho conta com quatro estudantes de biomedicina
e três de Química. Para a realização da pesquisa, foram selecionados bairros de maior índice populacional e que apresentam uma grande quantidade de casas com cacimbas. Os bairros foram Alto do Cruzeiro, Primavera e Baixa Grande. A coleta da água foi realizada pelos alunos de química da Uneal e analisada pelos de biomedicina no Laboratório de Pesquisas do Cesmac. Durante a abordagem nas residências, eles conversaram com os moradores e reuniram dados a respeito da localização do poço, da profundidade e das condições estruturais. Eles também orientaram os moradores sobre a forma com que devem manipular a água que é retirada. Normalmente é feito um buraco com revestimento de cimento ou alvenaria. Os pequenos poços ficam localizados na parte da frente da casa ou no quintal, próximo a cozinha. Na fase de coleta de dados, foi descoberto que a maioria das pessoas que possuem cacimbas utilizam água para os mais diferentes fins, banho, atividades domésticas, lavar roupas e pratos e até para beber.
Água é retirada com facilidade para o consumo da casa
RESULTADOS – No laboratório, foram feitas as análises microbiológicas e fisioquímicas. As análises fisioquímicas comprovaram que, em algumas casas, a água possui uma dureza total e cálcica, o que torna difícil sua utilização para banho e lavar pratos. A maioria dos testes apresentou resultado positivo para coliformes fecais. “O índice de coliformes fecais detectados nas análises da água foi acima do permitido pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, ressalta Aldenir Feitosa. Conforme a professora, o problema é que cada pessoa tem uma cacimba nos fundos de casa e não realiza o tratamento adequado. Segundo os levantamentos, as cacimbas que ficam em casas próximas a cemitérios podem estar com a água comprometida por causa do necrochorume. Após a conclusão da pesquisa, o proprietário receberá o resultado da análise. A previsão é que isto aconteça no final do mês de julho.
Professora destaca importância da pesquisa para saúde da população
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Local da construção deve ser avaliado De acordo com a professora Aldenir Feitosa, o ideal é que as cacimbas sejam construídas na parte da frente das casas, distantes das fossas e que não estejam no mesmo nível do lençol freático. No caso de a fossa ser construída na frente da casa, a cacimba deve estar no quintal, pelo menos 20 metros de distância uma da outra. “Mesmo com a distância e seguindo as recomendações a pessoa não pode deixar de realizar alguns cuidados preventivos porque a água pode estar contaminada. Também não é recomendado que a água seja colocada direto no filtro. Mesmo que o líquido seja utilizado para lavar pratos devese colocar hipoclorito de sódio”, disse. Segundo Aureni, um dos objetivos do projeto é a conscientização a respeito das doenças que podem ser transmitidas por ingestão de água e de alimentos contaminados. Dente elas está a diarreia, hepatite A, verminoses, cólera, febre tifóide e poliomielite. Essas enfermidades são transmitidas através da ingestão de líquidos ou alimentos contaminados com vírus, bactérias ou parasitas. Os principais sintomas são febre, mal estar, náuseas, vômitos e diarreia. Apesar do alto risco exis-
tente nas casas que usam cacimbas, as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) registram poucos casos de diarreia. Segundo enfermeiros da Unidade de Saúde do bairro, o que pode estar acontecendo é uma sub-notificação porque o ambiente que as pessoas vivem está propício para a doença, mas no mês passado foram registrados apenas dois casos. Algumas pessoas se preocupam com o local onde deverá ser construída a cacimba. Este é o caso do pedreiro José Lima. Ele disse que trabalha construindo poços artesanais há 20 anos e que só vê benefícios. “A falta de água por aqui é muito ruim e quando as pessoas possuem cacimbas em casa podem amenizar o problema”, disse. O pedreiro revelou que procura não utilizar a água dos poços para o beber e se preocupa com a manutenção da estrutura. “Sei que a água pode ficar contaminada se não tiver um tratamento. O que percebo em algumas casas é que as cacimbas são feitas próximas a fossas e isso deve ser eliminado. Já fui chamado algumas vezes para avaliar as condições de alguns poços, exliquei que ele deveria mudar de local e a família aceitou”, afirma.
Moradora mostra poço artesanal construído na porta de casa
Famílias desconhecem problemas com a água Antes de ser informada a respeito do resultado da pesquisa, a dona de casa Ana Lúcia Santos garantiu que a água que sai da cacimba que fica em frente a sua casa é boa. “Minha família sempre bebeu esta água e nunca fez mal para ninguém. Quando chegeui para morar o poço já estava construído e nunca tive problemas”, relata.
Ana Lúcia disse que utiliza água do poço que construiu em seu terreno para beber, cozinhar, lavar roupa, enfim, para o que for necessário dentro de casa. No entanto, o poço que foi construído para suprir as necessidades da família fica próximo à fossa onde é despejado o esgoto da residência. A moradora levou um susto
quando descobriu que a água que a família consumia apresentava alto índice de coliformes fecais. “Não tem como perceber, mas agora que estou sabendo que é contaminada vou tomar os cuidados necessários. Na minha casa nunca utilizados desta água para beber e acreditávamos que isso já era suficiente”, disse.
De acordo com a Vigilância Sanitária de Arapiraca, análises na qualidade da água são realizadas em diversos bairros do município, mas normalmente são feitas em lagos e açudes. Com relação às cacimbas, a pessoa pode solicitar que uma equipe realize a coleta na casa e depois apresente o resultado da análise. Carolina Sanches
Com a falta de água, muitas famílias precisam recorrer a cacimbas comunitárias para abastecer a casa
Falta de água prejudica moradores Afalta de água é um problema antigo no município de Arapiraca. As seis bombas no Morro do Gaia, em São Brás, além das cinco bombas em Campo Grande e Arapiraca e as bombas em Palmeira dos Índios estão trabalhando praticamente o dia inteiro, mesmo assim não são suficientes para sanar as necessidades da população. Corre-se o risco de as máquinas queimarem e a situação ficar ainda mais precária. A crise no abastecimento de água começou no final da década de 90, com o início do projeto Alvorada, que dava condições financeiras aos administradores municipais de ampliarem a rede de abasteci-
mento. Os técnicos da Casal reclamam que a rede foi ampliada sem o estudo da companhia. Aliado a isso, o projeto de construção da segunda adutora do Agreste previa que a tubulação seria encaminhada para os centros urbanos de Arapiraca e Craíbas. No entanto, o número de municípios foi acrescido. Aumentou-se o número de residências a serem beneficiadas, mas a captação continuou a mesma. O que faz com que muitas pessoas recorram as cacimbas de casa. Amoradora Ana Lúcia contou que o abastecimento de água no bairro primavera é realizado pela Casal três vezes por
semana. Nos outros dias, ela utiliza a água da cacimba. “As pessoas que não tem poços vem na minha casa para pegar água”, relata. No início deste mês, representantes de diversos segmentos da sociedade alagoana sindicalistas, secretários estaduais e municipais, líderes comunitários, políticos, religiosos, trabalhadores etc. participaram da audiência pública promovida pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) para implantação do novo sistema adutor do Agreste. A expectativa é que a construção da nova adutora diminua o problema no município e região.
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Esgotos poluem galerias pluviais Ligações clandestinas são responsáveis pela contaminação de praias, rio e mangue em Maragogi Eduardo Almeida Repórter
MARAGOGI – O município que se consolida como o segundo maior pólo de turismo do Estado começa a sentir os impactos do crescimento populacional. Um mapeamento feito pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) e pela Secretaria de Obras e Infraestrutura de Maragogi revela que a cidade apresenta, no mínimo, cinquenta pontos irregulares de esgoto, o que tem provocado a poluição das praias urbanas, do rio que leva o nome da cidade e até de áreas de mangue. Um relatório de balneabilidade emitido pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) mostra que as áreas nas quais as galerias pluviais da cidade desembocam estão poluídas. São considerados impróprios para o banho o trecho próximo à Foz do Rio Maragogi, a área em frente à Praça Multieventos – na orla marítima – e a Foz do Rio Persinunga. Nesses locais, 80% das amostras de água ultrapassaram 1000 números mais prováveis (NMP) de coliformes fecais por 100 mL de água, conforme o IMA. Mas, os dados fornecidos pelo órgão ambiental apenas comprovam o que a prefeitura e Casal constataram há anos: falta consciência ecológica por parte da população. Nem o plano de saneamento da cidade, orçado em R$ 12 milhões, e que se estende por oito anos, foi suficiente para conter o crescimento das ligações clandestinas de esgoto. O problema é considerado um caso de saúde pública e os dois órgãos competentes decidiram acionar o Ministério Público Estadual para impedir o aumento dessas redes. O secretário de Obras e Infraestrutura de Maragogi, Pedro Jeová Albuquerque, ex-
Ligações irregulares despejam esgoto e poluem área de mangue
plica que a cidade conta atualmente com dois tipos de galeria. O primeiro deles é responsável apenas pelos dejetos que saem das residências, enquanto o segundo recebe as águas das chuvas. Na teoria, elas seguem separadamente para a central de tratamento. No entanto, com o crescimento das redes irregulares, o esgoto que deveria seguir para a central está sendo jogado na rede pluvial, o que provoca os danos ambientais. “Com o projeto de saneamento da cidade, o esgoto segue para a central de tratamento enquanto a água das chuvas é drenada para a Foz do Rio Maragogi. No entanto, se os dejetos são colocados na rede pluvial, o rio passa a receber toda a sujeira do município. E quando o volume de chuvas é elevado, as comportas não suportam a quantidade de água e precisam ser abertas, desembocando no mar”, revelou Albuquerque. Para o secretário, a situação deve se agravar nos próximos
meses, com a chegada do período chuvoso. As áreas mais críticas, segundo o levantamento, são o “Beco do Siri” e o Conjunto Adélia Lyra, conhecido como “Grota”. O primeiro é apontado como o responsável pela poluição do mangue, e o segundo, pela contaminação do mar. “Quando chega o inverno, o problema se agrava e aí não sabemos mais o que é rede pluvial e o que é rede de esgoto. Elas se misturam”, explica. Albuquerque lembra que a contaminação das galerias pluviais da cidade pode acarretar em problemas não apenas para a saúde, como a proliferação de doenças, mas também para o turismo. “Além de aumentar os riscos à saúde, a contaminação pode prejudicar o município economicamente. O turismo é hoje o principal eixo da economia e merece atenção. Não podemos ser conhecidos como a cidade das praias bonitas, mas poluídas. Se não houver conscientização, o problema não será solucionado”.
Esgoto corre a céu aberto e segue para galerias pluviais que são contaminadas no centro da cidade
Campanha alerta sobre os riscos Eduardo Almeida Repórter
MARAGOGI – Para conter o crescimento desse tipo de ligação irregular, a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), em parceria com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, decidiu iniciar uma campanha educativa alertando a população sobre os riscos que a contaminação da rede pluvial acarreta. Serão apresentados aos moradores os danos à saúde e o impacto negativo no turismo que a poluição das galerias provoca. “A sociedade precisa entender que a saúde coletiva está em risco e que o turismo sofre com as consequências da poluição. Turista não visita praia considerada imprópria para o banho e nossa cidade tem vocação natural para receber visitantes. Além de aumentar as chances da proliferação de doenças, a economia pode sofrer com o problema”, observou a gerente da Casal em Maragogi e Japaratinga, Lucineide Mendes. Segundo explica a coordenadora, a campanha deve ter início nas escolas da rede
Coordenadora explica campanha
pública municipal e, em seguida, ganhar as ruas. A previsão dos organizadores é que as ações de tenham início em junho e se estendam durante todo o mês. Estão sendo confeccionados panfletos, faixas e spots para rádios. O material está sendo viabilizado numa parceria entre a Casal e a Secretaria de Obras e Infraestrutura de Maragogi. “Começaremos pelas escolas por acreditar que os estudantes podem se tornar agentes multiplicadores em suas casas, nos seus ciclos de amizades. Em seguida, a campanha deve se estender para toda a sociedade. Faremos
uso de panfletos, de faixas e até dos veículos de comunicação. Serão utilizadas todas as ferramentas disponíveis no combate a esse tipo de ligação clandestina de esgoto”, completou Lucineide Mendes. A coordenadora revela que o objetivo da ação é evitar que novas ligações clandestinas sejam feitas, contribuindo com a poluição das galerias pluviais da cidade. Paralelo a campanha, será realizado o tamponamento (fechamento) de todos os pontos irregulares já identificados pela Secretaria de Obras e Infraestrutura e o trabalho de fiscalização também deverá ser intensificado a partir de agora. “Nós esperamos evitar que novas ligações irregulares sejam feitas a partir da campanha. Para tamponar as que já existem, contamos com o apoio do Ministério Público Estadual, por meio da promotora de Justiça Francisca Paula Santana, que tem colaborado com as ações da Casal e da prefeitura. O trabalho de saneamento está sendo feito, mas é preciso colaboração por parte dos moradores”, resumiu.
MPE notifica donos de imóveis Eduardo Almeida Repórter
MARAGOGI – O combate às ligações irregulares de esgoto, em Maragogi, conta agora com o apoio do Ministério Público Estadual (MPE). A promotora de Justiça Francisca Paula Santana, a pedido da Casal e da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, convocou cinquenta donos de residências que apresentam redes clandestinas para uma reunião com os órgãos competentes. No entanto, nem todos compareceram e deve ter as ligações tamponadas (fechadas) pela Casal. Conforme a promotora, apenas quinze proprietários atenderam ao chamado. Na reunião, ficou estabelecido que eles teriam um prazo de noventa dias para se adequar à rede de saneamento básico da
cidade, sob pena de responder por crime ambiental e atentado à saúde pública. Já os moradores que não compareceram terão sua rede de esgoto fechada imediatamente, o que deve obrigá-los a procurar a Secretaria de Obras e Infraestrutura e a Casal para regularizar o problema. “Quem não compareceu terá a rede de esgoto fechada pela Casal e pela prefeitura. Com isso, esperamos que procurem regularizar as pendências. Esses dejetos não podem ser jogados nas praias urbanas e na Foz do Rio Maragogi. Isso é caso de saúde. E as pessoas que desrespeitarem a determinação poderão responder na Justiça por atentado à saúde pública”, explicou a promotora de Justiça Francisca Paula Santana. A promotora informou que as pessoas que tiverem liga-
ções clandestinas deverão arcar com os custos da adesão ao saneamento. Para os moradores enquadrados como de baixa renda, a prefeitura e a Casal devem cobrir os gastos. “Será feito um levantamento que mostrará as pessoas que são enquadradas como de baixa renda e as que não são. Quem tiver condições financeiras, vai arcar com a adesão à rede de saneamento”. Santana alerta a população que o Ministério Público Estadual continuará atento às redes clandestinas e buscará punição para eles. Nesse trabalho, ela destaca o apoio da Casal e da prefeitura. “Não podemos colaborar com esse tipo de prática, que causa danos à saúde da população e à economia do município. O MPE trabalha em parceria e vai continuar convocando as pessoas que descumprirem as leis”.
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Municípios
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Revenda funciona na Rua Marechal Deodoro da Fonseca
Expectativas dos funcionários refletem o compromisso da empresa
Oborrachão Motos inaugura revenda Traxx em Arapiraca A filial conta com inúmeras vantagens para a aquisição dos vários modelos da marca ARAPIRACA – Oborrachão Motos expande sua rede e inaugura uma nova revenda Traxx, na cidade de Arapiraca, interior de Alagoas. A moderna filial conta com inúmeras vantagens para a aquisição dos vários modelos da marca, promoções, excelentes condições de pagamento, assistência técnica, e ainda, facilidades na aquisição de peças originais. A revenda esta funcionando na Rua Marechal Deodoro da Fonseca, 817 e oferece todos os modelos de motos Traxx, oficina especializada, consórcio, financiamentos e muitas outras vantagens que prometem agradar a população. A Oborrachão Motos ainda possui como facilidades para a compra, financiamento bancário, além de aceitar carta de crédito. A parceria entre a Traxx e o Oborrachão Motos já resultou na abertura de outras cinco revendas em Maceió, Aracaju, Fortaleza, Itabaiana e João Pessoa. O crescimento expressivo apresentado pela empresa e o custo-benefício das motos fabricadas pela Traxx tem proporcionado o sucesso de ven-
das e a fidelização dos clientes. A expectativa do grupo com relação à Arapiraca é muito grande, por ser considerada uma das cidades mais desenvolvidas do Estado de Alagoas. Arapiraca é popularmente conhecida como “a terra das motos”, veículo mais desejado e utilizado pelos arapiraquenses. “Estamos apostando em Arapiraca porque queremos acompanhar o desenvolvimento da região. Nossa proposta é conquistar a credibilidade que Oborrachão Motos já possui em Maceió e nos outros Estados”, afirmou a Supervisora de marketing do grupo, Renata Amorim. Para isso, a empresa busca sempre oferecer mais conforto e comodidade aos clientes. Dentre os benefícios está à oficina multimarca que também atende pessoas que compraram na loja ou que já possuem a moto Traxx. O consórcio é a forma de compra que lidera as vendas. A supervisora da revenda de Arapiraca, Rejane Castro, informou que o modelo mais
Vendedor Ariel Brito mostra promoção da Traxx para o modelo Star 50
vendido é a Star50, por causa da simplicidade e da economia. De acordo com o fabricante,
amaciada ela percorre bem mais que 50 quilômetros com um litro. “Buscamos suprir com
Oficina especializada atende necessidades dos clientes
qualidade a demanda do consumidor Traxx que conta com um espaço amplo e moderno com diversos modelos para suprir a necessidade do cliente”, destacou a gerente. “Fomos seduzidos por Arapiraca pelo volume de clientes que estávamos atendendo pela loja de Maceió e agora bem instalados podemos fazer o diferencial em nosso atendimento. Estamos encantados com a receptividade do povo Arapiraquense”. Reforça Georgiana Nepomuceno, diretora da rede de lojas Oborrachão. As expectativas dos funcionários da loja são grandes e refletem o compromisso da empresa no município. Segundo o revendedor Ariel Brito, dificilmente o cliente vai sair da loja sem fechar negócio. “Meu conhecimento no setor de motocicletas aliada à qualidade dos produtos Traxx deixará todos muito satisfeitos. Já trabalhei em outras revendas, mas não vi loja melhor e com produto de maior qualidade que Oborrachão Motos. Oferecemos o produto com segurança porque
temos certeza da qualidade das motos”, afirmou. GARANTIA – A Traxx dá dois anos de garantia total de fábrica aos modelos Star 50cc, Sky 110cc, Joto 125cc, Work 125, Fly 125cc e Shark 250cc, sem limite de quilometragem, desde que as normas do manual sejam atendidas. Com a garantia de dois anos, a Traxx mostra que confia na qualidade dos produtos que faz e vende e não mede esforços para que essa opinião seja compartilhada por clientes e usuários de uma moto Traxx. O prazo de garantia da Traxx tem a validade de 90 (noventa) dias, conforme determina a legislação, com acréscimo de um período de 21 (vinte e um) meses, concedido por liberdade da empresa, totalizando 24 meses. As condições para pleno direito do uso da Maxx Garantia Traxx permanecem as mesmas indicadas para o período de 12 meses iniciais, a contar da data da venda da motocicleta, desde que atenda as observações do certificado de garantia.
Modelos da Traxx atraem a atenção
Facilidade de compra é diferencial da Traxx Comprar uma moto através do Consórcio Nacional Traxx é muito fácil e sem burocracia. O cliente pode optar por planos que variam de 12 a 80 meses, de acordo com sua necessidade. O modelo Fly 125, por exemplo, pode custar apenas R$ 3,40 por dia no plano de 80 meses. E a Traxx tem um diferencial nos consórcios com o plano Sorte, onde o cliente quando é
contemplado recebe a moto quitada, as demais parcelas são pagas pela revenda. Outro grande diferencial é aplicação do preço sugerido pela fábrica. “O valor de R$ 3.333 e a pronta entrega da moto Star50 é um grande diferencial diante de todas as marcas da mesma categoria e novidade da loja e tem atraídos os clientes. A relação custo e benefício esta presente
não só na moto Star50, mas em todos os modelos da Traxx”, disse o revendedor Ariel Brito. CREDIBILIDADE – O Grupo Traxx, marca internacional do China South Industry Corporation Group (CSICG), é atualmente um dos maiores fabricantes mundiais de motocicletas e uma das maiores multinacionais do planeta. No Brasil, hoje
a Traxx produz sete modelos de motocicletas de 50 a 250 cc. (Star 50, Sky 110, Fly 125 e Joto 125). No início de 2009, os lançamentos da Shark 250cc, moto do tipo custom, do quadriciclo Montez 250, do scooter elétrico Vico e da Work 125cc marcaram a ampliação da linha de motos Traxx. As motos Traxx têm excelente valor de revenda e o menor custo de revenda.
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Luz Para Todos muda a vida no interior Até final do ano, programa federal garante que Estado estará totalmente coberto com fornecimento de eletricidade Patrycia Monteiro Repórter
Sem energia elétrica, o agricultor Manuel Gonzaga, de 66 anos, costumava salgar a carne comprada na feira do município de Maravilha para consumir aos poucos, durante a semana. No final do dia, depois de trabalhar na roça de milho e feijão, sentava ao lado do radinho de pilha para ouvir as notícias do País, sob a luz do candeeiro. Anoite terminava cedo, em meio à escuridão do povoado de Saquinho, forma-
do por 30 famílias, por pura falta de distração - a não ser pelo batepapo com os vizinhos na porta de casa, antes de dormir. Essa rotina, semelhante a dos antepassados brasileiros do começo do século passado, só foi modificada em março deste ano, com a chegada do programa Luz Para Todos na comunidade. “A eletricidade é muito boa, mudou a nossa vida para melhor. Antigamente nós só tínhamos o radinho para ficar informados. Agora, todo dia vemos o telejornal. Antes, estávamos
isolados. Agora é como se fizéssemos parte do mundo”, compara seu Manuel. E a luz, quem diria, despertou inclusive o espírito crítico da comunidade em relação às questões de cidadania. Atualmente, o povoado de Saquinho quer outras melhorias na sua infraestrutura. “Agora falta melhorar as condições dessa estrada que passa aqui na frente. No povoado moram mais de 100 pessoas e quando chove ninguém tem condição de sair de casa”, reclama o agricultor. O programa Luz Para Todos
vem alterando a paisagem e o comportamento das pessoas do interior do Estado. Após oito anos desde a sua criação, o projeto aplicou cerca de R$ 310 milhões em recursos, eletrificando 75,5 mil residências na Zona Rural do Estado. Nas regiões de difícil acesso, onde só é possível chegar de caminhonete com tração quatro por quatro, ou a pé depois de andar muito, observa-se a existência de torres e postes de distribuição de energia. Num cenário de beleza natural pouco alterada, fios elétricos cru-
zam o céu muitas vezes para levar a luz para algumas poucas casinhas escondidas no alto da serra e que até então estavam esquecidas pelo poder público. “Essa transformação tem interferido até na auto-estima dos beneficiários do programa. É muito comum a gente ver nesses lugarejos pequenas casinhas de taipas abandonadas ou destruídas, ao lado de novas casas de alvenaria. É que quando chega a energia nessas localidades, o pessoal não quer viver mais nessas moradias precárias.
Então, eles resolvem aplicar todo dinheirinho deles para construir uma casa melhor, para abrigar seus primeiros eletrodomésticos”, conta Márcio Alécio, engenheiro eletricista da Eletrobrás Distribuição Alagoas, fiscal do programa Luz Para Todos no Estado. Segundo ele, normalmente os primeiros equipamentos comprados pelas comunidades são TV e antena parabólica. “É um verdadeiro fenômeno social. Eles priorizam a aquisição da televisão, em detrimento da geladeira”, afirma. Fotos: Lula Castello Branco
Outra realidade: em pequenas localidades do interior, a vida mudou completamente, assim como a paísagem e suas novas antenas parabólicas
Seu Manuel Gonzaga, produção de feijão, casa de alvenaria e Tv
Família descobre pequenos prazeres “modernos” Um bom exemplo do cenário descrito por Márcio Alécio é a casa de dona Maria José da Silva, do povoado de Saquinho. Ela e o marido, ao saberem da chegada da luz elétrica, resolveram construir uma casa nova, onde vive a família composta por sete filhos, e investir na aquisição de um aparelho de som, geladeira e televisão. Beneficiários do Bolsa Família, eles vivem da venda de milho, feijão e de algumas frutas que cultivam em seu sítio. A família de agricultores fez grande esforço para economizar e concretizar o sonho de viver melhor. “Achegada da energia foi boa, agora a gente toma água geladinha e pode até fazer picolé para vender. A única confusão que aconteceu
aqui em casa foi por causa da TV, porque os meninos só queriam dormir tarde para ficar assistindo filme e, por isso, o marido deu fim nela”, conta. Criado a partir do decreto 4.873, de 11 de novembro de 2003, o Programa Luz para Todos, do governo Lula, substituiu o antigo Luz no Campo, do governo Fernando Henrique. A meta do projeto é levar energia elétrica para 2,5 milhões de famílias brasileiras residentes na área rural, beneficiando cerca de 12 milhões de pessoas até 2010. É considerado um dos programas de inclusão elétrica mais ambiciosos do mundo. Em Alagoas, o programa já está próximo de atingir esse objetivo. É o que ga-
rante a Eletrobras Distribuição Alagoas. “Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), existiam aproximadamente 53 mil domicílios com o perfil social do programa. Contudo, nós já superamos esse número e devemos chegar ao fim de 2010 com a eletrificação de 84,6 mil residências”, diz Ilenildo Macena, coordenador do programa na Eletrobrás Distribuição Alagoas. De acordo com ele, em quase todos os municípios alagoanos havia demanda para o Programa Luz para Todos, mas a maior deficiência de distribuição de energia era verificada na região do Sertão alagoano. “Depois de 2010, vamos pleitear mais R$ 97,5
milhões recursos para o projeto aqui no Estado apenas para atender o crescimento vegetativo anual”, diz Macena, mencionando que um dos efeitos mais positivos observados pelo programa é o seu reflexo sobre o fenômeno do êxodo rural. “Muita gente está fazendo o caminho de volta das grandes cidades para sua terra natal, quando descobre que seu vilarejo agora conta com energia elétrica. Como o programa conta com acompanhamento sistemático, percebemos que quando concluímos as ligações de energia em um povoado, no prazo de dois anos, novas residências são construídas no entorno”, diz. (P.M.) Continua na página A26
Márcio Alécio destaca que as transformações afetam a auto-estima
Maria José e os filhos, casa agora com geladeira, som e televisão
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Economia
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Custo da eletrificação rural não ultrapassa R$ 7 mil por residência Macena afirma que o custo médio da eletrificação de cada casa é de R$ 7 mil e que o crescimento vegetativo das novas residências na Zona Rural estimado pela Eletrobras em Alagoas, é de 5 mil por ano, o que totaliza 20 mil novas famílias alagoanas incluídas no programa no período entre 2011 e 2014. Os recursos financeiros do programa vêm do governo federal, por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e da
Reserva Global de Reversão (RGR), formada por recursos dos governos estaduais envolvidos e dos agentes executores. No caso de Alagoas, essa parte dos recursos foi repassada pela própria Eletrobrás Alagoas. “O governo do Estado nunca deu qualquer contrapartida para o programa”, diz. AConta de Desenvolvimento Energético, com vigência até 2027, disponibiliza recursos não reembolsáveis, a título de sub-
venção econômica. O principal critério para alocação desses recursos entre os agentes executores tem por base as carências regionais, a antecipação das metas e a mitigação, por área de concessão, do potencial impacto tarifário do programa. Os recursos provenientes da Reserva Global de Reversão (vigência até 2010) são disponibilizados na forma de financiamento, complementando as demais fontes. O programa Luz Para Todos
é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e operacionalizado com a participação da Eletrobras. O projeto tem como agentes executores as concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica e as cooperativas de eletrificação rural, autorizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Também compõem a estrutura do Programa Luz para Todos a Comissão Nacional de Universalização
(CNU), o Comitê Gestor Nacional (CGN), os coordenadores regionais, os Comitês Gestores Estaduais (CGE), os agentes Luz para Todos e os governos estaduais. Segundo informações do Ministério das Minas e Energia, o programa gerou cerca de 300 mil empregos desde sua implantação. É prioridade do projeto atender aos municípios com índice de eletrificação rural inferior a 85%, segundo dados do
Censo de IBGE de 2000, além de localidades com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média estadual. Assentamentos rurais, núcleos de agricultura familiar, postos de saúde, escolas públicas também fazem parte do perfil social do programa, bem como projetos de eletrificação rural que enfoquem o uso produtivo da energia elétrica e que fomentem o desenvolvimento local integrado. (P.M.) Fotos: Lula Castello Branco
Segundo o agricultor José Pedro, valor da conta mensal é de R$ 20,00
Sonho real: D. Estelina vai assistir a Copa em casa, pela 1ª vez
Pimenteira ganha período de produção maior
Só agora, as novas gerações descobriram o que é um poste de energia
O beneficiamento de pimenta, principal atividade econômica do povoado de Baixas, situado em São José da Tapera, foi um dos alvos do projeto. Lá, a energia elétrica chegou há cerca de três anos e deu um reforço importante no cultivo agrícola. Em 2004, com a ajuda da ONG Eco-Engenho, a comunidade, que antes sobrevivia da agricultura de subsistência e da venda de vassouras artesanais na feira livre, incrementou em seis vezes sua renda média plantando pimenta no sistema hidropônico. Para agregar valor à produção, a ONG montou junto com a comunidade uma pequena central
de beneficiamento. Atualmente o grupo produz 80 quilos de pimenta por mês, que resultam em cerca de 800 vidros do produto ao vinagrete para comercialização. O cultivo da pimenta dura quatro meses e o intervalo entre as colheitas na comunidade de Baixas é de 60 dias porque há plantinhas em vários estágios de vida. Para viabilizar a produção, a ECO-Engenho montou um sistema de irrigação que capta água de uma nascente numa serra vizinha, bombeada com energia. Antes da chegada da luz elétrica, os pequenos produtores contavam com a geração do insu-
mo a partir de um painel de energia solar. “As pimenteira adoram água, mas o painel solar não mantinha a regularidade no fornecimento de energia. Com a eletricidade agora podemos acionar o sistema a qualquer momento do dia, fica muito mais fácil. Hoje utilizamos as duas fontes de energia e a nossa conta soma uns R$ 20 mensais”, conta o agricultor José Pedro da Silva. “A pimenteira é uma planta que gosta muito de água e não é à toa que a nossa produção cresce no inverno, quando chove”, acrescenta. Mas, segundo a agricultora Estelina da Silva, a chegada do
programa Luz Para Todos trouxe outras vantagens para o bemestar da comunidade. “Antes, a energia solar não era suficiente para a gente manter certo conforto dentro de casa. Agora a gente tem liquidificador e pode assistir televisão”, lembra. “Parece besteira, não é? Mas, era um sonho que a gente tinha porque para assistir televisão a meninada aqui tinha de andar uns seis quilômetros até o povoado de Xexéu, lá na casa de uns conhecidos”, compara. “Essa vai ser a primeira Copa do mundo que a gente vai poder acompanhar da nossa própria casa”, reforça José Pedro Silva. (P.M.)
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Imobiliário
ENTREVISTA / RENATO TEIXEIRA, FELIPE MOURÃO E ALEXANDRE SAMPAIO
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QUEM VAI AO FEIRÃO CAIXÃ Acerca de quatro anos, li um artigo que falava sobre a globalização e a chegada de grandes players internacionais no mercado brasileiro. Eram escritórios de arquitetura, de contabilidade, grandes construtoras, prestadores de serviço e... imobiliárias, tudo muito distante. Aí veio a fusão da Gafisa com a Cipesa. Depois ficaram raízes empresas do porte da Moura Dubeaux e Norcon. Depois veio a crise, que logo foi embora. De toda forma, quem chegou precisou, de certa forma, se adequar ao mercado local. Eis que agora chega ao Nordeste e em Alagoas uma enpresa que promete mudar o mercado de corretagem de imóveis. Trata-se de uma holding cujo Valor Geral de Vendas (VGV) no mundo supera até mesmo gigantes como o Carrefour. Segundo a direção da empresa, enquanto as dez maiores empresas brasileiras na área de vendas registraram 35 bilhões de reais em vendas, a Re/Max faturou no mundo, em 2009, nada menos que 364 bilhões de dólares.
RECICLAGEM NO CANTEIRO Não que esta coluna queira que a página inteira seja dedicada a uma única empresa - no caso a Re/Max, mas vale um último registro sobre a apresentação da empresa ocorrida esta semana.
TEMA DO ENIC 2010 Causou surpresa o anúncio de que o diretor da Multimarketing, o publicitário Alexandre Sampaio, seria o primeiro franqueado da Re/Max em Alagoas. era latente o clima de surpresa entre os jornalistas presentes à coletiva realizada no restaurante Wanchaco.
ANOTE NA AGENDA Nas rodas de conversa chegou-se a cogitar se não haveria um sócio oculto de peso dando suporte à nova franquia. Sem esconder a curiosidade, este colunista fez a pergunta à queima roupa ao próprio Alexandre Sampaio. Resposta: “é nossa intenção expandir o negócio e poderemos ter um sócio.”
COM UM PÉ EM ALAGOAS Para finalizar, o mercado só tem a ganhar com a experiência do novo empresário, afinal Alexandre Sampaio conhece bem os pontos fortes e fracos deste concorrido setor da economia alagoana.
PUXÃO DE ORELHA Termina hoje o Feirão da Casa Própria da Caixa. Realizado no Maceió Shopping, a iniciativa é a primeira e última oportunidade para adquirir seu imóvel num evento com a participação direta da instituição financeira.
POLUIÇÃO NA BARRA Até para quem já tem um financiamento, o feirão pode ser a oportunidade para esclarecer dúvidas, afinal estarão presentes os principais especialistas em financiamento imobiliário da Caixa. É pegar ou pegar.
SEGURO-FIANÇA EM ALTA O aquecimento da construção no primeiro trimestre do ano fez com que a atenção dos empresários se voltasse ainda mais para a dificuldade de obter mão de obra qualificada. Tanto que tem construtora importando engenheiros de outros estados e profissionais do interior, confessa um empresário que preferiu não se identificar.
SEGURO-FIANÇA EM ALTA Segundo sondagem realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a falta de trabalhador qualificado passou de segunda para primeira preocupação dos empregadores neste começo de ano, comparado ao último trimestre de 2009. O primeiro lugar era ocupado pela elevada carga tributária.
EM FOCO
O diretor técnico da Construtora Delman, Cristian Marcus, às voltas com mais um lançamento no mercado imobiliário alagoano. Trata-se do Residencial Chambery, apresentado no Hotel Ritz Lagoa da Anta.
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Re/Max: globalização chega ao setor de móveis em AL empresa Re/Max, presente em 78 países e considerada uma das maiores redes imobiliárias do mundo em transações, anunciou esta semana seus planos para ingressar no mercado imobiliário alagoano. O presidente da Re/Max Brasil, Renato Teixeira, presente em Maceió para o lançamento da franquia para Pernambuco, Alagoas e Paraíba, afirmou em evento no Espaço Pierre Chalita que apesar do foco da empresa ser a comercialização avulsa de imóveis de terceiros, a empresa atuará tambem em nichos como locação de imóveis e lançamentos imobiliários, entrando em concorrência direta com empresas locais, como Márcio Raposo, Zampieri Imóveis, Mário Dias, Marcelino, Imobili, dentre outras. A empresa investe no con-
A
ceito de globalização dos negócios, ou seja, um cliente da Europa, de São Paulo ou do interior alagoano poderá adquirir ou alugar um imóvel com a mesma facilidade e segurança de quem está em Maceió, fisicamente próximo do imóvel e dos consultores da empresa. Normalmente entrevistas do tipo “ping-pong” como esta enfocam um única pessoa. Mas, vamos mudar esse padrão e incluir três personagens presentes na entrevista: o presidente da Re/Max Brasil, Renato Teixeira; o franqueado regional Felipe Mourão, e a grande novidade da entrevista coletiva, o franqueado para Alagoas, Alexandre Sampaio, diretor da Multimarketing e que agora dá os primeiros passos em direção ao concorrido setor de corretagem e consultoria imobiliária.
O Jornal - Parafraseando um certo filme de Hollywood, toda história tem começo. Qual foi o começo da, hoje, holding Re/Max? Renato Teixeira Originário de Denver (EUA), o grupo instalou sua regional no Recife/PE, abrangendo, além de Pernambuco, os estados de Alagoas e da Paraíba. Fundada na década de 70, a marca entra no País com a meta de conquistar a liderança do mercado nacional de franquias imobiliárias. E olhe que estamos só começando, já que o lançamento da rede no Brasil agora, no final de 2009, em São Paulo.
quia da Re/Max no mundo, da Europa aos Estados Unidos, do Brasil ao Japão. O Jornal - Todo investidor, principalmente quem planeja adquirir uma franquia, que saber o prazo de retorno do negócio... Renato Teixeira - As franqueadas têm a expectativa de retorno sobre o investimento de 18 a 24 meses. O Jornal - Qual o perfil do franqueado? Empresários que já tenham uma imobiliária podem aderir à rede? E como fica a questão da logomarca do novo parceiro? Renato Teixeira - O perfil ideal do franqueado são pessoas que já atuam no setor, seja por meio de conversão das suas empresas à rede, seja por terem um espírito empreendedor e busquem um novo negócio. A logomarca de quem já tem uma empresa pode estar associada à logo da Re/Max.
O Jornal - E no Nordeste? Renato Teixeira - Os estados da Bahia e Rio Grande do Norte também já contam com sedes locais. O Jornal - Dá para transformar as estratégias da Re/Max em números? Renato Teixeira - A expectativa é que no prazo de cinco anos a rede de franquias do grupo no Brasil atinja um volume geral de vendas de R$ 12 bilhões. A nossa meta para o Brasil é abrir 100 agências franqueadas até o fim do ano. O Jornal - E para Alagoas? Felipe Mourão - Para os três estados de nossa regional (Pernambuco, Alagoas e Paraíba), nossa expectativa é abrir 100 franquias nos próximos cinco anos. Até dezembro estaremos com 20 franquias. O Jornal - Como a empresa atua no País? Renato Teixeira - A Re/Max Brasil está dividida em 18 regionais. Essas são as que efetivamente irão operacionalizar as franquias. A taxa de adesão é de R$ 25 mil, sem incluir custos de instalação.
Presidente da Re/Max Brasil, Renato Teixeira, em entrevista coletiva
rão - Tanto a franquia quanto os corretores recebem treinamento contínuo e obrigatório. Em breve, também abriremos o nosso departamento de formação no Recife.
O Jornal - A empresa atuará em quais niFelipe Mourão comandará a Regional chos? da Re/Max para PE, AL e PB Renato Teixeira A Re/Max estará presente em toO Jornal “Para o dos os segmenComo é a relaconsumidor, a tos imobiliários, ção entre entre comercializando as franquias e a principal imóveis novos e Re/Max? vantagem será usados e atuanRenato Teipoder consultar do também no xeira - Os franum imenso segmento de loqueados terão cação de imóacesso ao cadascadastro veis. tro mundial de nacional e imóveis da internacional de O Jornal Re/Max e ainda Havendo mais imóveis pela serão treinados de um franpela Universiinternet ou em queado em Aladade Re/Max. nossas agências” goas, como impedir que dois Felipe Mou-
O Jornal - Até agora falamos para os operadores do mercado. E como fica o consumidor? Renato Teixeira - Para o consumidor final, a principal vantagem será consultar qualquer uma das imobiliárias da rede RE/MAX e acessar um imenso cadastro nacional e internacional de compra e venda garantindo, assim, uma qualidade única de atendimento. Antes mesmo de consultar a imobiliária mais próxima, o cliente pode “visitar”os imóveis disponíveis acessando as fotografias e os dados do mesmo.
ou mais corretores de franquias diferentes comercializem o m e s m o imóvel? Renato Teixeira O JorO sistema nal - Como criado pelo surgiu o grupo tem interesse o objetivo em invesde garantir tir na franque as quia da franquias Re/ Max? aumentem Alexano número dre Samde operapaio ções e posNossa exsam até Alexandre Sampaio, publicitário e periência é m e s m o franqueado para Alagoas da Re/Max em markeconcorrer ting, partientre si, o cularmente que é normal em no lançamento qualquer mercade novos emdo. Agora, para “O perfil ideal preendimentos, evitar que ocordo franqueado mas ao conhecerram vendas simultâneas sobre são pessoas que mos o modelo de negócio Re/Max um mesmo imójá atuam no nos estimulamos vel, o sistema setor, seja por a investir nesta adotado pela meio de Re/Max permite franquia, sabenque um corretor do que teremos conversão das faça uma reserva suas empresas todo o suporte por determinado tecnológico e de período, após o à rede, seja por gestão da Re/ qual o imóvel terem espírito Max. Nossa idéia volta a ficar dis- empreendedor” é selecionar iniponível para cialmente dez qualquer francorretores.
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Confira as promoções na Revista da TV
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Fotos: Marco Antônio
Cantinho da Itália em Maceió
Espaço é elegantemente ambientado com mobiliário da realeza italiana, objetos e utilitários datados de séculos atrás, a maioria pertencente à coleção da família La Rosa, responsável pela instalação do local em AL
Centro Cultural Dante Alighieri abre as tradições italianas à capital das Alagoas com história, cinema, música, eventos culturais e cursos básico e intensivo da língua-pátria; espaço também tem a missão de garantia da italianidade dos que vivem fora do seu país Elô Baêta Repórter
á tempos que Alagoas abriu o “coração” para deixar nascer, sentir e viver um sólido e acolhedor afeto pelos habitantes de um dos mais ricos berços da cultura ocidental: a Itália. Eles chegaram, ficaram, encantaram-se. Fincaram pé de corpo e alma. Empunharam o verde, o branco e o vermelho da sua bandeira na terra dos marechais como segunda morada, como uma verdadeira “terra nostra”. Um sentimento selado com a presença de mais de 800 deles vivendo por aqui. Assim, o caminho não podia ser outro senão render-se aos seus encantos. Agora, as juras de amor eterno do seu povo à pátria-mãe e a admiração dos alagoanos pela civilização italiana, transcendendo as fronteiras da abstração de sentimentos, vêm sendo concretamente celebradas, veneradas, reverenciadas em um mimoso cantinho elegantemente instalado na capital das Alagoas para viver a italianidade intensamente. Em pequeninos e aconchegantes ambientes delicadamente decorados com mobiliário da realeza italiana, o Centro Cultural Dante Alighieri (com seis comitês espalhados pelo Brasil e mais de 500 no mundo) - Comitê Maceió exala o cheiro da Itália por todos os lados. Uma atmosfera de amor à arte, à história, à cultura, à tradição, aos costumes do seu povo oficialmente aberta aos maceioenses no dia 21 deste mês. Uma devoção que começou a ser idealizada em 2007 e que tem por trás o saudosismo da família siciliana La Rosa,
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Nomes do jazz dominam o lugar numa atmosfera artística e sonora
que pisou - e ficou - no solo alagoano há cerca de seis anos. Instalado no point da cidade sorriso - o bairro da Ponta Verde -, o espaço traz o estilo das casas tipicamente italianas, com objetos relicários de séculos e séculos passados, do presente e que, certamente, ficarão eternizados no futuro harmonicamente ambientados em sala de exposições, sala de cinema - competentemente equipada para receber produções qualificadas em som e imagem e com capacidade para 30 lugares biblioteca e em uma charmosa e estilosa cafeteria; todos climatizadas para receber os visitantes e sonorizadas com a maestria de grandes clássicos do jazz - uma das grandes paixões do seu fundador, Pietro La Rosa. A maior parte do seu acervo é envolta em reminiscências, já que muitas das peças vieram da coleção pessoal e estimativa de Pietro - diretor cultural do centro - para compor o local, comandado por ele ao lado da sua esposa, Paola Carducci Artenisio - presidente da Dante Maceió -, com um mimo desmedido. “A Dante Maceió é um anel de junção das raízes italianas com as que estamos estabelecendo no Brasil. É uma forma de os italianos que residem em Alagoas não perderem a sua italianidade. Muitos deles moram aqui há quase 40 anos e praticamente não vão à Itália, perdendo o contato com a sua cultura. Para mim, isso aqui é tudo; são as minhas raízes”, declara Pietro. Continua nas páginas B4 e B5.
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Espaço B2
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UMAS POUCAS PALAVRAS
Um bom e amigo professor Difícil que, depois de conhecê-lo, alguém tivesse condições de esquecer aquele homem baixo, franzino, vestindo terno, usando gravata, carregando uma pasta e sendo professor de Medicina Legal. Ele era sério, mas tinha sorrisos e era profundamente bem educado, uma de suas marcas essenciais. Medicina Legal era disciplina necessária e ao mesmo tempo terrível de se estudar. Ele, como se costumava dizer, tirava de letra e era respeitado por seus alunos. Ele poderia simbolizar toda uma geração que se fez especialmente a partir dos anos trinta e que foi, devagar, sendo substituída por outra que se formou no andamento da urbanização e da montagem da Universidade Federal de Alagoas. Ele também era um daqueles médicos que se fizeram intelectuais de expressão e pontificaram em Alagoas como Abelardo Duarte, Theo Brandão,
José Maria de Melo, José Pimentel. Nesta edição de Espaço, além do texto da Solange Berard Lages Chalita, incluímos parte de um escrito do professor, ainda do seu tempo de juventude. O texto intitula-se A medicina popular em Alagoas e precede os trabalhos de Pimentel, mas é possível traçar um paralelo entre ambos: a) a ausência de uma discussão do que seja popular e b) a tarefa do registro. Na verdade, a primeira discussão não estava em pauta no âmbito do que se firmava em Alagoas como folclore. O professor deu inúmeras outras colaborações. Espaço sabe que esta homenagem é pequena e sugere que se tente publicar um bom conjunto de ensaios sobre sua obra, o eu poderia redundar em uma bela antologia. A edição de boa antologia será uma justa homenagem a um homem simples e que teve um grande papel na vida cultural de Alagoas.
José Lages Filho: uma Solange Berard Lages Chalita asceu em Maceió a 5 de janeiro de 1910, o terceiro filho de José Gonçalves Lages e Maria Salgado Lages. Teve quatro irmãos: Abeillard, comerciante; Maria José, conhecida com o pseudônimo de Lily, médica e a 1ª mulher deputada pelo Estado de Alagoas; Afrânio, advogado e Governador do Estado de Alagoas e Armando, médico, Secretário de Saúde do Estado de Alagoas e deputado federal. José fez os primeiros estudos no Colégio Diocesano dos Irmãos Maristas. Destacou-se como excelente aluno, tendo sido premiado com o livro Terra das Alagoas onde se lê uma elogiosa dedicatória, enaltecendo-lhe os méritos intelectuais. Aprovado nos exames preparatórios, prestados no Liceu Alagoano, o jovem em 1926, seguiu para a Salvador a fim de iniciar o curso superior, matriculando-se na Faculdade de Medicina da Bahia, famoso centro aglutinador de vocações médicas do Nordeste. Em 1931, tornou-se membro da Sociedade de Medicina Legal, Criminologia e Psiquiatria da Bahia, diplomando-se em Medicina em 24 de outubro de 1931. Com a defesa da tese, Reações biológicas em Medicina Legal, recebeu o título de Doutor, tendo sido laureado, em 1932, pela Congregação da Faculdade de Medicina da Bahia com a Medalha de Ouro, Alfredo Brito, a mais alta distinção conferida aos alunos que se destacaram no curso médico. Retornando a Maceió em 1932, iniciou-se profissionalmente, como clínico geral, com consultório instalado, ao lado do de sua irmã Lily, no 1º andar do prédio recém-construído da Loja América, situado na Rua do Comércio nº 231. Em 1933, tornou-se médico do Serviço da 2ª Infância do Instituto de Assistência e Proteção à Infância de Maceió, tendo permanecido nesse trabalho durante 18 anos. Naquele mesmo ano, desempenhou outras funções como: a de Médico substituto da Clínica Pediátrica Médica do Hospital São Vicente da Santa Casa de Misericórdia de Maceió; a de membro da comissão designada pelo Exmo. Sr. Interventor Federal para a escolha do local destinado à construção do Hospital dos Alienados; a de membro da comissão estadual do 1º Congresso Nacional de Proteção à Infância; a de Assistente Honorário de Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Bahia.; a de membro do 1º Congresso de Medicina de Alagoas. Prestou concurso, em 1934, para docente livre da Cadeira de Medicina Legal da Faculdade de Direito de Alagoas, sendo designado professor interino da referida disciplina. Em 1935, foi nomeado professor catedrático de Higiene e Medicina Legal da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Alagoas como também, médicolegista da Polícia Civil do Estado de Alagoas, função exercida durante dezenove anos e seis meses. Em seguida, foi designado pelo Interventor Federal, Dr. Osman Loureiro, para estudar na Bahia e no Rio de Janeiro, o plano de reorganização do Serviço Médico Legal do Estado de Alagoas. Em 30 de setembro de 1935, foi eleito sócio efetivo do Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano, por indicação do consócio Arthur Acioly. Em 1936, foi nomeado docente livre da cadeira de Medicina Legal da Faculdade de Direito de Alagoas e nomeado catedrático, por concurso, da cadeira de Ciências Físicas e Naturais do Liceu Alagoano, mediante defesa da tese Às Margens das Secas do Nordeste. No ano seguinte, foi nomeado professor catedrático da cadeira de Higiene e Odontologia Legal da Escola de Farmácia e Odontologia de Alagoas. Em 1937, não só foi indicado membro do
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Conselho Penitenciário de Alagoas como foi designado pelo Governador do Estado, Dr. Osman Loureiro, Diretor Interino do Instituto de Identificação de Alagoas, em substituição a Dr. José Carneiro, durante seu impedimento. José Lages retornou a essa função em 1941. Foi nomeado, durante a 2ª guerra mundial, em 1943, 2º Tenente Médico da Reserva do Exército. Representou oficialmente o Estado de Alagoas, na 2ª Conferência Penitenciária Brasileira, em 1944. Participou, como Delegado do Governo do Estado de Alagoas, da 2ª Conferência Nacional de Assistência aos Lázaros e, ainda, representou, oficialmente, o Estado no 2º Congresso Médico Social Brasileiro, reunido em Salvador, em 1945. Em 1946, foi nomeado, através de concurso, Professor Catedrático de Medicina Legal da Faculdade de Direito de Alagoas. Nesse mesmo ano, foi nomeado vice-presidente da comissão estadual da Legião Brasileira de Assistência, em Alagoas. Representou oficialmente o Estado de Alagoas no 3º Congresso Médico Social Brasileiro, reunido em Porto Alegre, em 1947. Em 1950, foi nomeado professor catedrático de Medicina Legal da Faculdade de Medicina de Alagoas e em 1953, participou, como membro, da comissão examinadora do concurso de Medicina Legal da Faculdade de Direito da Universidade do Pará. Foi nomeado, em 1955, médico clínico do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários. Representou as Faculdades de Medicina e de Direito de Alagoas, no 2º Congresso Brasileiro de Medicina Legal, Criminologia e Psiquiatria, reunido na capital pernambucana, em 1956. Nesse mesmo ano, foi nomeado Médico-Chefe de Clínica Médica do Hospital da Agro-Indústria do Açúcar. Em 1958 representou Alagoas, nas comemorações do centenário de Nina Rodrigues, como também representou as Faculdades de Direito e de Medicina de Alagoas, no 3º Congresso de Medicina Legal e Criminologia, reunido em Salvador. Em 1959, participou como membro da comissão examinadora do concurso de Medicina Legal da Faculdade de Direito da Universidade da Bahia. No mesmo ano, recebeu na Congregação da Faculdade de Direito de Alagoas, em sessão solene, o título de Doutor em Direito. No ano de 1960, foi designado Diretor Interino do Hospital Agro-Indústria do Açúcar; participou como membro da comissão examinadora do concurso de docente livre de Medicina Legal da Faculdade de Direito do Maranhão; integrou a comissão de inspeção, designada pelo Ministério de Educação, para reconhecimento da Faculdade de Odontologia de Maceió e da Faculdade de Odontologia de Alagoas. Em 1962, participou como membro da Comissão de Divulgação Técnica e Científica da campanha contra a poliomielite e como membro do Colóquio dos professores de Medicina Legal, acontecido em São Paulo. Neste mesmo ano, destacou-se como membro fundador da Ordem dos Peritos Médicos do Brasil. Tornou-se membro da Associação Brasileira de Ciências Médico-Sociais, tendo sido indicado delegado regional da referida entidade, em 1963. Foi membro participante do V Congresso Brasileiro de Medicina Legal e Criminologia, realizado em Porto Alegre, em 1964. Ainda nesse ano, recebeu o título de cidadania pilarense, outorgado pela Câmara de Vereadores do município de Pilar. Em 1965, participou oficialmente do Seminário de Demografia, realizado em San Juan de Porto Rico e em 1966, elegeu-se para o Conselho da Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra. Em 1967, integrou a comissão examinadora do concurso de Médico do Quadro
Os raizeiros ou curandeiros “são os médicos dos nossos irmãos humildes, acreditados, respeitados, m
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O que o professor José Lages faz Difícil dar seu currículo, face ao número de atividades que teve. Espaço prefere apresentá-lo como ex-professor da velha Faculdade de Direito: Medicina Legal.
a pequena homenagem
mais do que se verdadeiros esculápios fossem”, dizia Lages
Oficial da Secretaria de Saúde e Assistência Social. Neste ano, foi homenageado, em sessão extraordinária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas, por motivo de sua aposentadoria. Pelas mesmas razões, recebeu idêntica homenagem da Faculdade de Direito da UFAL. Assumiu o cargo de Presidente, em 1968, do Centro de Estudos Antônio Cansanção, do Hospital da Agro-Indústria do Açúcar. Foi, ainda, nesse ano Presidente: do Rotary Clube de Maceió; do Centro de Estudos Sociais e Econômicos de Alagoas e da Sociedade de Medicina de Alagoas. Aclamado Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, na sessão de 2 de dezembro de 1970, permaneceu à frente da instituição através de sucessivas reeleições até 1983, quando passou à categoria de Presidente de Honra. Perseverando no exemplo de dedicação dos que o precederam, José Lages Filho realizou uma gestão profícua, caracterizada por uma série de atividades em que se destacou a importante obra de engenharia concernente à ampliação no prédiosede da entidade. Através da execução de um projeto de aproveitamento do subsolo de autoria do arquiteto Pierre Chalita, com o patrocínio do DAC-MEC, dirigido por Manoel Diegues Junior surgiu uma nova área de 300m² onde foram abrigadas as coleções etnográfica e arqueológica indígenas. Além de ter promovido a publicação de revistas, livros, catálogos, José Lages apoiou a pesquisa, realizou cursos, cuidou da conservação do acervo histórico e artístico da instituição, dinamizando uma ampla gama de atividades culturais. Em discurso proferido a 13 de dezembro de 1973, agradecendo ao Governo do Estado de Alagoas a outorga da Medalha Tavares Bastos, honraria que muito o emocionou, José Lages Filho fez um retrospecto de suas atividades profissionais, sociais e culturais ao correr dos anos. Enfatizou seu amor à gleba natal e a seus conterrâneos. Destacou sua atuação de médico de família: “Penetrando nos lares, sedando as dores, encorajando os aflitos com os olhos fitos em Deus (...)”, numa época em que não havia hospitais e o serviço de assistência médica era muito árduo. Entretanto suas atividades “não ficaram adstritas ao cuidado com os doentes”. Disse ele: “Persegui, também o âmbito dos interesses sociais e coletivos diversos”. Ao enumerar as múltiplas funções exercidas nesse campo, quase todas já incluídas nos dados biográficos acima referidos, José Lages Filho ainda destacou: O exercício da Presidência da Sociedade de Medicina de Alagoas e do Rotary Clube de Maceió. Acrescentou mais: “Em 1950, com Ib Gatto e Abelardo Duarte, participei do movimento de instalação da Faculdade de Medicina de Alagoas, sendo um de seus fundadores, ministrando aulas às turmas que alcançaram a federalização e posteriormente a sua integração na Universidade Regional, durante três lustros. Aposentando-me, por tempo de serviço, em ambas as cátedras, recebi da UFAL, uma homenagem que muito me comoveu, qual seja o título de Professor Emérito. Como fundador da Escola de Ciências Médicas de Alagoas, ainda hoje ajudo a crescer esse núcleo admirável de ensino superior estadual, cuja consolidação acaba de ser alcançada com a diplomação de sua primeira turma no próximo dia 22 do corrente mês.” No dia 23 de agosto de 1987, Lages Filho faleceu depois de ter vivido plenamente sua profissão de médico, com uma vida de total dedicação aos clientes, aos amigos, à família. Em suas memórias, ele deixou escrito: “Jamais procurei ser desatencioso com cliente jovem ou idoso, rico ou pobre. Todos mereceram igual tratamento, idênticas atenções que me aproximaram muito afetivamente de minha clientela”.
A Medicina popular em Alagoas Lages Filho
com exceção das publicações Afrânio Peixoto e do Barão de Quase nada se há escrito Studart, tem sido tema complesobre o folclore alagoano, a tamente descurado. Procurei, despeito da riqueza imensa assim, aprender os ensinamendas nossas tradições popula- tos cheios de fé dos curandeiros res. Excetuando Barboza Ju- de nossas plagas. São eles os nior, que estudou o tão deli- médicos dos nossos irmãos cioso coco, Moreno Brandão e humildes, acreditados, respeitaCônego Machado, que se refe- dos, mais do que se verdadeiros riram a costumes e lendas das esculápios fossem. Não pode a nossa populapopulações do São Francisco, Alfredo Brandão e Aloísio ção fugir à palavra de um Vilela, viçosenses ilustres, não curandeiro. Tanto mais quanto sei de outros que se ocupas- a mor parte dela é constituída sem do assunto. No entanto, por indigentes e miseráveis, aqui estão uma variedade sem deserdados da sorte e da fortuconta de fandangos, taieiras, na, aos quais falta, lastimavelmente, a assistência pastoris, superstições, ditamédica cientifica, dos, festas, anedotas, reisados, pela impassividade cheganças, linguade governos mal jar, brinquedos, orientados. Daí, essas cantigas, a exigiconsultas clandestirem as mais pro“Não pode a nas e perigosas, à fundas reflexões nossa sinhá Coló, ao Chico dos estudiosos da população Foguinho ou a uma demo-psicologia, D. Hercília qualquer. da etnografia, da fugir à Mas quantas vesociologia regiopalavra zes, também, cuinais. São páginas de um dando de um doente todas essas, fechade posição social das, até agora, no curandeiro” mais elevada, de mais vivo esqueciuma mentalidade mento, embora reconhecidamente encerrem um superior, vemos, traída a manancial inesgonossa confiança, substituídos tável e idéias de concepções nascidas e irradia- os nossos medicamentos, pelas das da alma simples e bela de rezas fervorosas de um ritual extravagante, ou pelas meizinossa gente. [...] O defeito maior de nossa nhas nojentas de um pobre história é não estudar o meio diabo, acatado e prestigiado cósmico e o povo, clama com mais do que ninguém. São os razão Oliveira Viana. Por isso, o restos e migalhas da crença folclore tem de substituí-la, tor- grotesca dos nossos ancestrais, nando-se o tronco, de onde será a se sucederem, numa lemaquela apenas um departamen- brança psíquica das mais to. Daí se conclui a necessidade vivas. “O cérebro do homem urgente de pesquisar- se o fol- mais erudito não se pode liberclore alagoano, que mais ensina tar das influências complexas e instrui, porque nele é a alma do inconsciente folclórico, que conjugada de várias camadas o constringe, circundando-o étnicas que fala, tocada pela num braço de ferro”, escreve, influência incontestável do com acerto, o psiquiatra conambiente, quer seja este as pra- terrâneo. É que ele será sempre ias maravilhosas, as lagoas o escravo obediente da alma imensas e lindas, ou o sertão coletiva, embora reivindique adusto. E se não se fizer isso, já um tanto a liberdade, individe já, perderemos um material ualizando-se pela cultura e civilização. Arthur enorme, a nossa verdadeira his- pela tória, apagados que serão pela Ramos, no primeiro congresso médico sindicalista, concluiu: civilização e pela cultura. Procurando contribuir para “Vê- se de tudo o que precede, esse movimento, que almejo que o problema do curandeitome, entre nós, incremento rismo não é somente uma desmesurado, das investiga- questão de código penal. ções folclóricas, lembrei-me de Implica um trabalho lento e penetrar na nossa medicina tenaz de educação do meio, no popular, até porque, no Brasil, esforço para a consecução de
tipos mais adiantados de mentalidade, transformação dos elementos pré- lógicos e místicos em elementos lógicos e racionais (Levy-Bruhl), ou pela correção da maneira autistica de pensar” (Bleuler). “Contra os curandeiros, diz este autor , não se pode lutar eficazmente com leis, nem insultando-os, mas sim pondo-nos em nível mais elevado do que eles, tanto pelo que se refere a disciplina de pensamento como pela compreensão psicológica”. Os processos dessas superstições populares, fundamentam-se em fraudes ingênuas, em combinações verbais, ou em atribuições de prestígio e milagres a certas fórmulas que são logo aceitas pela sua mesma simplicidade de expressão” (João Ribeiro). Estudando-os, observa-se não obedecerem a um critério seguro, real, explicando-se os efeitos obtidos pela simples sugestão; já Mauricio de Medeiros advertia: “No seio do povo, o grande sucesso de certos amuletos, como figas, peles de cobra, corda de enforcado, bentos, etc; é ainda um vestígio vivo dessas práticas, em que alguns efeitos benéficos devem ser incorporados entre os resultados da psicoterapia empírica”. Por isso, às vezes, com um só remédio conseguem os curandeiros muito mais do que nós com a farmácia mais completa. Em Alagoas, essas fórmulas originaram-se dos elementos que concorreram para nossa formação étnica: os índios, representados pelas tribos dos caetés, potiguaras, tabajaras, abacatiaras, aconans, cariris, coropatis, mariquitos, chucurus, vouves, chocós, pipinianos, coropatos, os portugueses, os africanos, os holandeses. Seria interessante para o nosso estudo fazer a genealogia histórica de todos esses processos, discriminando as fontes de onde nasceram. Algumas delas guardaram a estrutura originária, sem sofrerem alterações de importância evidente; outras, porém, vindas de uma tradição mais ou menos longínqua, influenciadas pelo tempo e pela ambiência, tiveram modificações quase completas. A identificação exata, embora tarefa árdua, seria quase possível.
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Continuação da página B1 Fotos: Marco Antônio
Saudosismo italiano em cada objeto
Na vitrine, gaita datada de 1900
Primeiras canecas de cerveja
No acervo da biblioteca, obras raras sobre a história e a literatura
A cada passo no Centro Cultural Dante Alighieri Comitê Maceió, adentra-se em uma verdadeira viagem no tempo, no espaço, no "ser italiano". Por lá, pode-se ver de tudo um pouco. Desde peças usuais do dia-a-dia dos italianos até preciosidades históricas herdadas por Pietro La Rosa das mãos do seu avô Giuseppe La Rosa. Uma herança de família que começa com uma réplica dos Papiros de São Pedro Apóstolo, com cerca de 1200 anos - o registro mais antigo a ser contemplado no local; segue sendo iluminada por lustres italianos originais das décadas de 30 a 40 e por luminárias árabes; pelo sabor de canecas feitas em cerâmica rara onde eram servidas cervejas; pelo barzinho portátil de licor, com tacinhas e garrafa, usado pelo primeiro explorador italiano em viagem à África; passando por tapetes originais do país estendidos em decorados pisos de mosaico. Um passeio por muitas surpresas, envoltas em objetos raros, acessíveis a poucos e bons, como um potente rádio em honra ao mito de Elvis Presley, com apenas seis mil exemplares disponíveis a
colecionadores no mundo inteiro; uma gaita datada do ano de 1900, com pouco mais de 50 exemplares acessíveis a todo o Planeta; uma vitrola do ano de 1906 manuseada a manivela e com agulha de prego, trazendo o som de um passado que significativamente ficou bem lá atrás; gramofones feitos com madeira da Tunísia - objetos que, juntamente com uma coleção de quadros de grandes nomes do jazz, compõem a atual exposição do centro cultural -, nobres telefones decorados e até uma bola original e costurada a mão, dos anos 50, que rolou no gramado do estádio de Wenbley, em Londres, numa partida entre Itália e Inglaterra. Os visitantes também têm o prazer de sentar em confortáveis e luxuosos sofás e poltronas do distante ano de 1834 que compuseram o saloto italiano - sala íntima onde as famílias italianas se reuniam para descansar e conversar entre um espetáculo e outro nos teatros, presente ainda hoje nas residências do país - da família de Pietro no Teatro Massimo de Palermo, na Sicília, um dos mais antigos teatros líricos da Europa.
CAFÉ - Os cafés também são uma tradição na Itália. Na Dante Maceió, eles são servidos em charmosas louças, dispostas na cafeteria, onde são encontrados desde utensílios domésticos utilizados no diaa-dia das famílias italianas até os usados apenas em ocasiões extremamente especiais, no máximo duas vezes por ano, a italianos nobres. Na parede, um conjunto de louça datado de 1850 pertencente à mãe de Pietro - traz para mais perto essa realidade italiana. No local reservado aos bons e velhos cafés do centro cultural, uma bandeja em cerâmica - datada de 1930 - com o desenho de um casario antigo chama a atenção. O diretor cultural Pietro La Rosa explica que nela está retratado um uliveto, onde é produzido azeite extravirgem de oliva, instalado em uma propriedade de 65 hectares administrada por sua família até hoje. Ele conta que lá é também o único local na Itália onde é encontrado o raro e famoso barro Santo Stefano de Canastra com o qual a bandeja foi produzida -, muito procurado pelos artistas italianos por sua qualidade. (E.B.)
Páginas dedicadas à “terra madre”
Papiros de São Pedro Apóstolo
Cafeteria: louças e utensílios tradicionais entre as famílias italianas
Na biblioteca, o público tem acesso à identidade do país através de muitos e muitos exemplares sobre a história, a literatura, a religiosidade italianas. Uma apresentação que começa com a La Bibbia Di Borso D´este, escrita
entre 1455 e 1461, com páginas originais em latim e decoradas com ouro. Nas muitas opções do seu acervo, a Divina Comédia, de Danthe; obras sobre a história de Roma, sobre arte, sobre cultura; livros infantis; sem es-
quecer os muitos exemplares da literatura italiana, desde Giosuè Carducci Dante - considerado um dos mais célebres poetas do país -, Ugo Foscolo e Pasolini até Camilleri. (E.B.) Continua na página B5.
Acima, o diretor cultural do centro, Pietro La Rosa; ao lado, a presidente, Paola Carducci Artenisio; abaixo, uma das raridades da biblioteca do local: página da La Bibbia Di Borso D´este, escrita em latim e decorada em ouro
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Continuação da página B4
Fotos: Marco Antônio
No miniauditório, além de aulas, também é exibido o festival foto-cinematográfico Pensando Jazz, realizado todas as sextas-feiras, às 19h
Casa oferece cursos de língua e informática Nas instalações do Centro Cultural Dante Alighieri - Comitê Maceió, além do louvor e da saudação à cultura do país, também são ofertados cursos de Português para estrangeiros, de informática e da língua-mãe: o italiano para adultos e crianças - intensivo e básico - em turmas com, no máximo, dez alunos, ministrados por professores da Itália em salas equipadas com recursos multimídia. Ao final do curso, os estudantes recebem o diploma Plida (Dante Alighieri Língua
Italiana Project) - a única instituição autorizada pelo governo italiano a ofertar essa certificação -, liberado pela Sociedade Dante Alighieri com base na Convenção do Ministério de Negócios Estrangeiros (nº 1903 de 4 de novembro de 1993). Certificado que atesta a competência em italiano como língua estrangeira em uma escala de seis níveis, representando as diversas fases para o percurso do aprendizado do idioma, correspondentes aos níveis de referência do Conselho da Europa.
A bola dos anos 50 rolou no gramado do estádio de Wenbley, em Londres
PENSANDO JAZZ - A Itália também pode ser conferida visual e artisticamente nas telas da Dante Maceió. No festival foto-cinematográfico Pensando Jazz, realizado todas as sextas-feiras, às 19h, são exibidos nas suas instalações filmes italianos, com subtítulos, seguidos de trilha musical e de degustação de iguarias da melhor qualidade. Um lazer cultural gratuito que permanecerá aguçando os ouvidos e os sentidos de alagoanos, maceioenses, italianos... até 8 de julho. (E.B.)
O barzinho portátil de licor foi usado por um explorador italiano
Em 2011 será comemorado o ano da Itália no Brasil Como bons amantes da cultura italiana e com a instalação da Dante na cidade, Maceió também está inserida nas comemorações do ano da Itália no Brasil. E as salvas de palmas já começam nesta quarta-feira, 2 de junho - dia em é comemorada a Festa da República na Itália - que, no Centro Cultural Dante Alighieri, em Maceió, terá uma programação especial. No espaço maceioense carinhosamente reservado à Itália, os aplausos à República Italiana prosseguem com a mostra "Dal Barocco Al Rococo, Rivoluzione Nella Pittura", onde toda a decoração do lugar será adequada ao estilo para receber a exposição, que enfeitará as suas dependências de 13 de agosto até 17 de dezembro deste ano. O último mês do ano terá ainda o recheio de duas palestras. A primeira, "Dimore Storiche", ministrada pela professora especia-
lista em casarios históricos da Itália Condessa Camila Parravicini Sossnoski. A segunda chega inclusa em uma parte da exposição "La Dolce Língua" - clássico que faz parte da celebração dos 150 anos da República Italiana, apresentada pelo professor Alessandro Carducci Artenisio. Em outubro, o comitê de Maceió irá marcar presença na capital federal, juntamente com outros 59 representantes culturais da Itália, em uma reunião organizada pelo embaixador da Itália no Brasil, Gherardo La Francesca, para destrinchar uma pauta de discussões sobre as comemorações do ano da Itália no Brasil em 2011. SOCIETÁ DANTE ALIGHIERI - A fundação do mais famoso centro de cultura italiana no mundo, a Sociedade Dante Alighieri, marcou o ano de 1889 na Itália por um pu-
nhado de intelectuais sob a liderança do famoso poeta Giosuè Caducci. É dela a missão de "tutelar e difundir a língua e a cultura italianas no mundo, mantendo em todos os lugares elevado senso de italianidade, reavivando as ligações espirituais dos compatriotas no exterior com a pátria mãe e alimentando entre os estrangeiros o amor e o culto à civilização italiana", rezada no seu estatuto. Missão que vem sendo cumprida com a instalação de comitês pelo mundo inteiro, nos cinco continentes, através da garra dos incansáveis voluntários "Dante", que arregaçam as mangas para ofertar cursos, arte, história, cultura, cinema, música, eventos a várias partes do Planeta. Uma forma de expressar o amor da Itália pelo mundo, pelo Brasil, por Alagoas e vice-versa. E Maceió agradece. (E.B.)
TV ABERTA EDUCATIVA 06h00 06h30 07h00 08h00 09h00 10h00 10h30 11h00 11h30 12h00 12h45 13h00 13h30 14h00
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Via Legal Brasil Eleitor Palavras de Vida Santa Missa Viola Minha Viola A Turma do Pererê Esquadrão Sobre Rodas Castelo Rá-Tim-Bum Janela Janelinha ABZ do Ziraldo Curta Criança Um Menino Muito Maluquinho Catalendas Dango Balango
TV ALAGOAS A emissora não forneceu sua programação.
Canal 3 14h30 15h00 16h00 17h00 18h00 18h30 19h00 20h00 21h00 22h30 23h00 00h45 01h45 02h45
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TV Piá Stadium A'UWÊ Ver TV De Lá pra Cá Cara e Coroa Papo de Mãe Conexão Roberto D'Ávila EsportVisão Nova África Cine Ibermédia A Grande Música DOC TV Curta Brasil
Canal 5
Canal 7
TV GAZETA 05h40 - Santa Missa 06h40 - Sagrado 06h50 - Gazeta Rural 07h20 - Pequenas Empresas 07h55 - Globo Rural 08h50 - Grande Prêmio da Turquia de Fórmula 1 10h40 - Auto Esporte 11h00 - Esporte Espetacular 12h25 - Renato Aragão Especial - Deu a Louca no Tempo 13h20 - Os Caras de Pau 14h05 - Temperatura Máxima
- O Mentiroso 15h44 - Globo Notícia 15h47 - Futebol 2010 - Campeonato Brasileiro: Atlético MG x Fluminense 18h00 - Domingão do Faustão 20h45 - Fantástico 23h15 - SOS Emergência 23h45 - Passaporte África 00h20 - Domingo Maior - O Forasteiro 02h05 - Sessão de Gala - Querido Frankie
Canal 11
TV PAJUÇARA 01h15 05h25 05h55 06h45 07h15 08h00 09h00 10h00
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IURD Bíblia Em Foco Desenhos Bíblicos Nosso Tempo Desenhos Bíblicos Record Kiks Ponto De Luz Alagoas Da Sorte
11h00 11h30 12h00 16h00 20h00 00h00 01h15
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Informativo Cesmac Conexão Tudo É Possível Programa Do Gugu Domingo Espetacular Serie: Heroes IURD
TV BANDEIRANTES Canal 38 07h00 10h30 11h00 12h00 12h30 13h30 15h30 18h00 20h30 22h30 23h25 23h30 00h30 01h00 03h30
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Info Brasil Caminhoneiro Rota Sertaneja O Maior Espetáculo da Terra Band Esporte Clube Fórmula Indy Etapa de Indianápolis Campeonato Brasileiro Terceiro Tempo Domingo no Cinema Não Chame a Polícia The Unit - Tropa de Elite De Olho na Copa Canal Livre Mundo Fashion Cine Band Adorável Pecadora Vida Vitoriosa
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RECADO
JetNews
“A maior felicidade é a certeza de sermos amados, apesar de sermos como somos” Elenilson Gomes
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Chico Brandão
Chico Brandão
Com Glória DICAS NEWS Aorganização é um ponto que pode fazer a diferença num jantar. Se tomar antes algumas providências simples, não se atrapalhará na hora de servir nem precisará passar a festa inteira na cozinha, resolvendo problemas de última hora e deixando os convidados esperando. O ideal é que tudo esteja terminado pelo menos trinta minutos antes da hora marcada.
FALSA DELÍCIA
Os belos noivos, Fernando Palmeira Filho e Izabel Lyra, que atraíram todas as atenção para o seu nupcial, realizado em grande estilo, no último dia 22 Chico Brandão
Nem tudo o que é falso é ruim. Ao menos esta receita de Falso Cheesecake é uma maravilha. Separe 300 g de cream cheese, 300 g de ricota peneirada, uma lata e meia de lata de leite condensado, um envelope de gelatina em pó sem sabor, hidratada e Dissolvida, raspas de limão a gosto e uma envelope de gelatina sabor morango hidratada e dissolvida em 250 ml de água morna. Numa tigela coloque o cream cheese, a ricota, o leite condensado e misture bem. Adicione a gelatina e as raspas de limão e misture até obter uma massa lisa e uniforme. Numa fôrma de aro removível e untada com manteiga, coloque a massa e leve à geladeira por duas horas. Retire da geladeira e coloque a gelatina. Volte a fôrma à geladeira por uma hora. Desenforme e sirva. PARABÉNS, FERNANDO !
O jovem casal Marcos Jatobá e Laís Aciooly começam a se destacar nos eventos sociais mais badalados realizados na cidade e dia 21 de julho marcam presença numa festa tropical Chico Brandão
Chico Brandão
Amanhã, o amigo Fernando Vasconcelos celebra mais uma virada de calendário. Como possui uma agenda para lá de agitada, com os eventos que contratam os serviços do Buffet Márcia Vasconcelos, ele reservou este domingo para comemorar em família. Felicidades, saúde e mais sucessos! Chico Brandão
Depois de 10 dias entre demolição e reconstrução, o Programa Conexão entrega a primeira casa totalmente reconstruída à grande sortuda Maria Edjane. Acasa fica na Travessa São Bento, Tabuleiro, bem próximo a conhecida "Feirinha". Aresidência sorteada virou atração no bairro, um dos mais populosos da capital Maceió. A entrega foi acompanhada de perto pelos moradores da região, e contou com a presença de parceiros do programa, que sentiram de perto a emoção de realizar um sonho! Hoje, às 11:30 da manhã, na Tv Pajuçara.
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Faltando menos de duas semanas para o Dia dos namorados, o empresário João Mascarenhas recebeu em sua Colcci milhares de novidades. Até o dia 11, ele sabe que o lugar vai ficar ainda mais movimentado com os apaixonados de plantão.
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Falando em Dia dos Namorados, o Shopping Pátio Maceió, em parceria com a CVC e o Miramar Maragogi Resort, estão oferecendo três finais de semana all incluse aos clientes do shopping Passe no Pátio, pegue seu cupom, escreva uma declaração de amor com toda sua criatividade e depois e só comemorar a data em alto estilo. Participem!
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Localizado num dos pedacinhos mais bonitos da cidade, o restaurante Hibiscus nasceu para fazer sucesso. O lugar é um dos preferidos dos antenados que não dispensam o cardápio variado e saborosíssimo, com a cara do clima alagoano, servido por lá.
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Marcela Pereira com o maridão Allan Pierre de Almeida, celebrou seu niver, no último dia 21, no Wanchako, com familiares e amigos
O rodízio de sushi, do Alecrim Verde, continua como um dos campeões de audiência do cardápio de Eliane e Elaine Tenório.
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Márcia Maciel continua dando um show de bom gosto com as peças da coleção que exibe nas vitrines da sua maison. O Dia dos Namorados, vai ser cheio de estilo.
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Márcio e Mirella Coelho selecionaram algo muito especial apra os namorados da cidade. São dois pacotes: Amore e Innamorati. Não importa a escolha, pois o Ritz Lagoa da Anta sabe como caprichar.
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Marythânia Melro está de parabéns pela bela coleção de sua Teenager. |Temos ouvidos comentários acalorados sobre as peças que são vistas em suas vitrines e pelo veredícto, tudo está perfeito. Parabéns!
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Mônica e Monique Casado estão checando os últimos detalhes para a inauguração do anexo de seu Fios de Cabelo, localizado na Sandoval Arroxelas, na Ponta Verde. O espaço, que esbanja luxo e conforto, foi pensado para deixar as mulheres da cidade ainda mais bonitas. Alguém duvida que será sucesso absoluto?!
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No dia 2 de junho Izabel Pinheiro terá dois grandes motivos apra comemorar. Às 19 horas, ela recebe, da Câmara Municipal de Murici, a Comenda Izarele de Souza Santos, que lhe será entregue pelo vereador Dayvidson Vasconcelos. Aseguir, às 20 horas, ela reúne familiares e amigos, também em Murici, para celebrar mais uma virada de calendário.
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A advogada Lavine Nogueira é presença confirmada na festa que será montada, em julho, no Ritz Lagoa da Anta
O amigo Mauro Paiva é destaque, dentro e fora do Estado, com os belos empreendimentos da Cipesa
Aarquiteta Simone Lins Gouvea recebeu , em suas Aquiteto, peças em cristal, louças completas, faqueiros e uma infinidade de artigos que já caíram no gosto das noivas mais chiques da cidade.
7 A arquiteta Lucinha Oiticica, que se destaca no mercado alagoano, com a sua Medida Exata
O empresário Paulo patury terá uma segunda-feira de muitas homenagens, em razão de mais um niver que celebra nesta data
A futura advogada Carol Azevedo também ganha atenção extra, amanhã, quando celebra mais um niver. Parabéns!
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Santa Lolla PRINCESA MODERNA casal de empresários Sinvaldo e Romilda Pessoa receberam ontem sábado mais de mil amigos para comemorar os 15 anos de sua filha Kamila. Numa festa onde tudo foi feito com muito capricho e elegância, desde o convite super criativo até o buffet sofisticadíssimo, isto sem falar na decoração moderna com centenas de fotos da bela aniversariante fizeram desta festa uma noite que vai ficar na historia deste estado. Kamila recebeu os convidados com um belo vestido curto azul com calda em gazar de seda e lindas joias de safira. Na hora da valsa, a aniversariante parecia uma princesa, usando um vestido de sonhos que levou mais de 120 metros de tule francês e 25 mil cristais Swaroswisk; sem contar com os sapatinhos de cristais feitos a mão especialmente para a festa e as tiaras de diamantes navetes. Para a balada, diga-se de passagem animadíssima, Kamila usou um mini vestido coral totalmente feito em cristais.Até a havaiana que foi usada no final da festa foi recoberta co cristais, onde se lia o nome da aniversariante.Tudo assinadíssimo por Martha Medeiros, que acabou de chegar de Nova York e foi direto para a festa.
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VERANEIO A coleção de veraneio da Santa Lolla é uma prévia da coleção de verão e chegou com ares de anos 80. Cheia de cores fortes, estampas quadriculadas, bolsas com tachas, correntes e óculos escuros coloridos, sempre grandes. A top alagoana Bruna Tenório, que dá show mundo a fora, seguindo as orientações do stylist Luis Fiod, encarnou a versão 'Sol de Verão' e apresenta a coleção em poses ultra sexy, deixando o corpo bem em destaque.
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VILA DA ARTE O São João está chegando e as festas logo, logo começam a pipocar pela cidade. Para as grandinhas e as pequenas, a dica é correr para a Vila da Arte, atelier comandado por Cleide Mero, localizado na Rua Durval Guimarães, 560, Ponta Verde. Uma nova coleção acaba de sair do forno. Ah, e não são apenas as meninas que vão se caracterizar nas festas juninas, porque confeccionou roupas para os rapazes, também. Não percam tempo!
EM LISBOA A Revista L'Ordinaire Latino-Americain, da Université de Toulouse - Le Mirail, em seu número 212, que circula a partir do próximo mês de junho, terá o ensaio sob o título Carlos Méro, Écrivain D'alagoas, da Professora Cristina Duarte-Simões, mestra daquela Universidade. Na mesma edição, a partir da página 213, também será publicado o A Lua De Fel Do Casal Valhamor, extraído do livro O Beco das Sete Facadas ( Editora Marco Zero, São Paulo, 2005), escrito por Carlos. Os nossos parabéns a este grande advogado e grande escritor, que enaltece o nome de nosso Estado em terras lusitanas.
CHÁ VERDE
Mônica e Daniel Fireman ainda colecionam elogios pelo evento fashion realizado nos domínios da Naranja
Para quem gosta de coisas naturais para manter a forma, vai adorar saber que um estudo realizado nos Estados Unidos concluiu que o chá verde elimina até 2,5 quilos por semana e acelera em 25 vezes a queima da gordura abdominal. Além de trazer benefícios para a saúde, o chá facilita a queima de gordura quando combinado a hábitos alimentares saudáveis. Durante a pesquisa realizada, as pessoas que tomaram seis xícaras de chá por dia eliminaram o dobro de quilos e 25 vezes mais gordura abdominal do que as pessoas que beberam só refrigerante diet. O chá também tem outros poderes. Ele ajuda na digestão, previne contra o envelhecimento precoce, melhora a memória, reduz o colesterol e desintoxica o organismo.
Caroline Méro e sua filha Marina Méro, ambas vestindo modelos exclusivos da Vila da Arte
Na lente PARA A PELE Dupla expert em beleza, o maquiador carioca Ricardo Tavares, do canal GNT, e a dermatologista Fayruss Costa, da Clínica Estética, foram a grande atração da semana por conta do super curso promovido pelo Boticário no Hotel Radisson. Para uma plateia composta por algumas das mais charmosas lulus da cidade, os dois encantaram ao apresentar todos os segredos para uma pele radiante. Clicados em frente Museo Nacional, em Barcelona/Lisboa, quando participavam da convenção da ASSOBRAV, os exevutivos Janaína e Clodovaldo Oliveira, dois grandes incentivados dos nosso encontros sociais
A chef Flávia Soares e a querida jaqueline Farias, lindas, num dos nupciais mais comentados em nosso mundo social
NO LE CORBU Quem estiver a fim de curtir o Dia dos Namorados com romantismo, mas sem perder a badalação, já tem programa certo. Isso porque o Le Corbu, em parceria com Invent Produções (responsável pelo já consagrado Réveillon Absoluto, entre outros eventos) e a Chandon, estão preparando a noite mais apaixonada de Maceió. A Passion, que será realizada no dia 12 de junho no Armazém Uzina, contará com um menu especial preparado pelo próprio Bandeira, Espumantes Chandon Passion Rosé, Whisky Johnnie Walker Red, Vodka Absolut e Cerveja Bavaria Premium, tudo para tornar a noite ainda mais especial. E para esquentar o clima, as bandas Nós 4, $ifrão – cantando Roberto Carlos e o DJ Nando Quintela, embalam a noite do namorados. Vendas antecipadas no restaurante Le Corbu, R$ 300 (casal). Mais informações: 3327-8700 / 9647-3366.
FAX Manuel e Marcia Marques, ela, sucesso entre os namorados com as peças cheias de personalidade de sua Imaginarium
Dra. Fayruss Costa no curso de maquiagem promovido esta semana pelo Boticário com o maquiador Ricardo Tavares, do canal GNT
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Roteiro
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Hoje O grupo Trem Balla, formado por Osman (voz e violão), Carlos Bala (bateria), Fabinho Oliveira (baixo, programação e vocal) e Jiuliano Gomes (teclado), se apresenta no Quintal restaurante, música e bar (Praça São Pedro, 460, em Garça Torta - em frente ao restaurante Lua Cheia), a partir das 14h. No repertório, MPB, bossa nova, pop rock nacional e internacional, funk, soul, jazz, samba, entre outros ritmos. Participações especiais dos músicos Wagner Sampaio (guitarra e vocal da Blues Mascavo) e Léo Amorim (baterista da Blues Mascavo). Couvert artístico: R$ 3. Mais informações: (82)9939-0391.
Quinta-feira Peças teatrais, exposições, ciclo de palestras, lançamento de livro, missa, exibição de filmes, visitas culturais e apresentações de Alcymar Monteiro (foto), Altemar Dutra Júnior, show humorístico com Zé Lezin, serão algumas das atrações da Semana Delmiro Gouveia, que este ano acontece de 3 a 5 de junho. A abertura será às 19h, do dia 3 de junho, no Clube Vicente Lacerda de Menezes. A palestra que iniciará as comemorações tem como tema “Delmiro Gouveia: o civilizador do sertão?”. Durante os três dias de realização o evento reúne ainda shows com Edson Oliveira, Os Nonatos, Reginaldo Silva e Banda, Leo do Acordeon, Meninos do Pé de Serra, Jorge Papapá, Jaó Felipe e Banda, Rubens de Sá, Deca do Acordeon e Som 4 (Danúbio Lacerda e Gilberto Sampaio). Cláudia Raia vem a Maceió com o musical “Pernas pro ar”, nos dias 3, 4 e 5 de junho. A superprodução é baseada numa obra de Luiz Fernando Veríssimo e Marcelo Saback. Ingressos à venda no estande Sue Chamusca (Maceió Shopping). Mais informações: (82) 3235-5301 / 9925-7299.
Sábado Wado vai fazer a festa do público no dia 5 de junho, às 23h, no Orákulo (Jaraguá). Participações da banda Alma de Borracha e DJ Lady Gala. Ingresso: R$ 15.
Em Breve Nana Caymmi vai matar o desejo dos seus fãs alagoanos no dia 6 de junho, no Teatro Gustavo Leite (Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso Jaraguá). No repertório, canções como Contradições, Senhorinha e Caju em flor. Ingressos à venda no estande Sue Chamusca (Maceió Shopping). Mais informações: (82) 3235-5301 / 9925-7299. Os casais terão uma noite especial no dia 12 de junho, às 22h, no salão coberto do Clube da OAB (Jacarecica) com a apresentação de Wolney Galvão & banda cantando grandes sucessos românticos. Abertura com Carlinhos (voz e violão) e encerramento com forró pé-de-serra do Trio Alagoas. Mesa: R$ 60 (comprando antecipado, o cliente ganha mais dois ingressos individuais). Mais informações: (82) 8809-5387. Nos próximos dias 12 e 13 de junho terá início a 3ª edição do projeto Sorriso em Dobro, no auditório do Senai (Av. Comendador Leão). A iniciativa, que tem como objetivo a ação social através de espetáculos de humor, volta em cartaz com os preços de ingressos mais populares da cidade + 1 kg de alimento não perecível, fazendo a alegria do público, artistas e comunidades carentes que serão assistidas pelo projeto. Para inaugurar a versão 2010 do projeto, no sábado, dia 12, haverá Branca de Neverrr e as sete Pecinhas. Já no domingo, 13, será a vez de Romeu e Juli...eeita. Ingressos: R$ 12 (inteira) e R$ 6 (estudantes) + 1kg de alimento não perecível, à venda no stande Viva Alagoas (Shopping Maceió). Mais informações: (82) 3336-2898/9967-1074. A quinta edição do Simpósio de Engenharia de Produção do Nordeste (Seprone) vai acontecer entre os dias 17 e 19 de junho, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso. Este ano, o evento anual do Cesmac - que reúne estudantes, pesquisadores e professores da área - tem como tema “As fontes complementares de energia e a Engenharia da Produção” e deve contar com a presença de 800 participantes. Inscrições: www.seprone.com.br. Valor do investimento: entre R$ 60 e R$ 80 (para estudantes e profissionais). A 1ª Festa Literária de Marechal Deodoro - Alagoas (FLIMAR) vai acontecer entre os dias 1° e 5 de setembro com uma diversa programação literária, cultura popular, visita às Igrejas, às lagoas e à famosa Praia do Francês.
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Yvette Moura
Poucos clubes levam Nordestão a sério, mas todos comemoram recursos gerados pelo campeonato
Em segundo plano
Páginas 4 e 5
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Esportes 2
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BatePronto Victor Mélo - jornalistavictor@gmail.com
DISCURSOS DISTINTOS NA COPA Maradona e Dunga têm apenas em comum a carreira vitoriosa em campo e o fato de comandarem duas das seleções mais tradicionais do mundo. Nas outras áreas, eles têm atitudes e pensamentos opostos. Na semana passada, o liberal técnico da Argentina disse que seus atletas podem ter vinho, churrasco e até sexo na concentração. Dom Diego conserva seu estilo de boleiro também como treinador e, talvez por isso, ainda não tenha conseguindo fazer um elenco de extrema qualidade apresentar um bom futebol. Dunga mantém a seriedade até para brincar com os filhos. No futebol, ele alcançou o sucesso com muito mais transpiração do que o gênio Maradona, e levou as lições que aprendeu nos gramados para o banco de reservas. Sobre a tal liberdade durante o Mundial, o técnico brasileiro diz que os jogadores a terão apenas na folga e que o respeito aos companheiros é fundamental nesse período. Ele condena os excessos e exige disciplina e entrega de seus comandados. Ao contrário da festa enaltecida por Maradona, Dunga fala em trabalho. Descanso é uma palavra pouco usada pelo técnico da seleção, que pretende acrescentar à foto de sua “família” uma taça com seis estrelas. PRIVACIDADE
ASSÉDIO AOS JOGADORES
A seleção brasileira está fechada na África. Dunga odeia badalação e falou abertamente na última coletiva que não gostou de ver câmeras apontadas para os quartos dos atletas. Ele, inclusive, lembrou aos jornalistas que a seleção de 2006 foi muito criticada pelo exibicionismo na fase de preparação para o Mundial. Agora, segundo ele, a concentração vai ser mais importante do que o marketing.
Um assunto que costuma atrapalhar a seleção brasileira nas Copas é a transferência de jogadores. Com o mercado agitado, alguns atletas são muito assediados e isso prejudica a concentração. Recémcontratado pelo Real Madrid, o técnico José Mourinho já tem o primeiro alvo: o lateraldireito Maicon, a válvula de escape da Inter de Milão. Por falar na campeã da Liga, ela pode levar Dunga após o Mundial.
CRÍTICAS Os torcedores do Real Madrid não gostam de Kaká. Eles dizem que o brasileiro tirou o pé na Liga dos Campeões e no Campeonato Espanhol para se poupar para a Copa do Mundo. Recentemente, os torcedores do Cruzeiro fizeram a mesma crítica em relação a Gilberto, que, após a convocação, foi muito mal no jogo contra o São Paulo, no Mineirão, pela Libertadores.
CURTO-CIRCUITO Esquecido por Dunga, Adriano resolveu trocar o Flamengo pela Roma. Segundo o Imperador, a dívida com a Itália após sua saída conturbada da Inter de Milão pesou na decisão. Engraçado, jurava que ele mudou de camisa por causa da grana. Messi disse na semana passada que odeia ser comparado com Maradona. O treinador da Argentina não foge do assunto e lembrou que o camisa 10 do Barça chega à Copa com um currículo melhor que o dele em 1986.
Ensaio geral Seleção enfrenta o Zimbábue na quarta e, cinco dias depois, pega a Tanzânia A seleção brasileira já tem seu próximo compromisso marcado. O amistoso contra Zimbábue, válido como preparação para a Copa do Mundo, será realizado na próxima quarta-feira, dia 2 de junho, no Estádio Nacional - no Zimbábue, segundo informações do site oficial da CBF. O time comandado por Dunga joga no dia 7 contra a Tanzânia, também no país do adversário. O Zimbábue tem um jogador atuando no futebol inglês. Mwaruwari, do Sunderland, tem experiência na Terra da Rainha: já atuou também no Portsmouth e no Manchester City. A estreia do Brasil na Copa está marcada para o dia 15, contra a Coreia do Norte. PRAGMATISMO – Já na África, Dunga usou o conceito da geração campeã em 1994, da qual é símbolo, para apontar o que a seleção brasileira deve fazer para justificar todo o trabalho feito nos últimos três anos e oito meses: vencer a Copa do Mundo. “Sabemos que todo o nosso trabalho será medido por essa competição”, afirmou o treinador em sua primeira entrevista em Joanesburgo, local de concentração do Brasil durante toda a estada na África do Sul. Por ora, Dunga está por cima. E ele sabe disso. O técnico aproveitou para reiterar suas convicções a respeito do time nacional, de métodos de trabalho, de como se disputa um Mundial. Falou sobre como domar estrelismo, dos “furos” da psicologia do esporte. Deu cutucadas em jornalistas. E tratou de elogiar sua gestão, que vê como uma espécie de reabilitação do Brasil. Dunga considera que entrega ao país outra seleção
Luís Fabiano é um dos homens de confiança do técnico Dunga
brasileira. Se não brilhante, comprometida, interessada em fazer sacrifícios. “Quando chegamos, tinha muito pedido de dispensa (de jogado-
res). Clubes não queriam liberar (jogadores). Já hoje tem lobby de assessor, de clube, de empresário (por convocação)”, avalia o técnico.
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Esportes
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Botafogo e Vasco já se enfrentaram nesta temporada pelo Campeonato Carioca
Preto no branco Clássicos no Rio e em São Paulo esquentam o Brasileirão Victor Melo Editor de Esportes
Dois grandes clássicos sacodem hoje a 5ª rodada do Brasileirão. Em São Paulo, os invictos Corinthians e Santos medem forças no Pacaembu. No Rio, Vasco e Botafogo se reencontram no Engenhão. O jogo dos paulistas está marcado para as 16h e o dos cariocas para as 18h30. O Timão soma dez pontos no Brasileirão, entrou na rodada como líder e tenta parar os meninos da Vila, que colecionam sucessos nesta temporada. Depois de conquistar o Paulista e chegar à decisão da Copa do Brasil, o Peixe direciona agora o foco para o Campeonato Nacional. Com
jogo vai marcar o encontro dos artilheiros Diego Tardelli e Fred e dos badalados treinadores Vanderlei Luxemburgo e Muricy Ramalho. No meiocampo, a disputa de criatividade será entre Ricardinho e Conca. Outro duelo paulista da rodada vai ser realizado em Campinas. O Guarani recebe o São Paulo, às 16h, para tentar entrar no G-4. Com sete pontos, o Tricolor Paulista vai encostar nos líderes em caso de vitória. Outros grandes clubes que atuam hoje são Cruzeiro, fora de casa, contra o Ceará, e o Inter, em Porto Alegre, diante do Atlético-PR. Completando a rodada, ainda temos Atlético-GO x Goiás.
Jorge Henrique reclama do treinador
TABELA DO BRASILEIRO SÉRIE A ATUALIZADA ANTES DOS JOGOS DE ONTEM
1 Corinthians 2 Santos 3 Cruzeiro 4 Ceará 5 Avaí 6 Botafogo 7 Palmeiras 8 São Paulo 9 Fluminense 10 Atlético-MG 11 Flamengo 12 Guarani 13 Grêmio 14 Vitória 15 Atlético-PR 16 Vasco 17 Grêmio Prudente 18 Internacional 19 Atlético-GO 20 Goiás
oito pontos, o time pode até dormir na liderança caso vença o Corinthians. No Rio, o Vasco visita o Botafogo um pouco mais tranquilo. O time venceu a primeira partida nesta Série A na última quinta-feira, contra o Inter, por 3 x 2, em São Januário, e acalmou sua torcida, que andava furiosa com a má fase do clube. O Fogão vem de derrota para o Cruzeiro, por 1 x 0, no Mineirão, mas apresentou um bom futebol em Belo Horizonte e está confiante. Outro jogo importante desta rodada está marcado para Minas, às 16h. O Atlético-MG tenta se reabilitar da derrota para o Vitória contra o embalado Fluminense, animado pelo triunfo sobre o Flamengo. O
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3 3 2 2 4 3 2 2 0 -2 1 -1 0 -1 -2 -2 -3 -3 -3 -5
PG - pontos ganhos; J - jogos; V - vitórias; E - empates; D - derrotas; GP - gols pró; GC - gols contra; SG - saldo de gols.
Três vitórias nas três primeiras partidas do Corinthians no Brasileirão e Jorge Henrique foi titular em todas elas. Na última quarta-feira, porém, o time de Mano Menezes foi a Presidente Prudente enfrentar o Prudente e o atacante diz não entender o motivo de ter começado no banco de reservas. Jorge Henrique esperava ser titular, mas foi informado que perderia sua vaga para Defederico momentos antes do jogo. “Em nenhum momento ele (Mano Menezes) me chamou para conversar, nada. É complicado saber o que está acontecendo. Neste último jogo, ele disse que eu estava com dois
(cartões) amarelos, mas aí entrei durante o jogo”, disse o atacante carioca, em entrevista ao canal BandSports. Na vaga de Jorge, Mano escalou o argentino Defederico que, coincidência ou não, reclamou publicamente, semanas antes, de não estar sendo aproveitado pelo técnico. Chateado por ter perdido o lugar no time titular, Jorge Henrique afirmou que aceita sair, mas que considera importante ter diálogo com o técnico. “Mano não falou nada, e ele sabe que pode ser sincero comigo, não adianta esconder. Não sou mais garoto. Por mim não tem problema sair, fico na minha e já sei como é Mano,
estou tranqüilo”, completou, amenizando as críticas. Jorge Henrique foi procurado pelo Fluminense. Entretanto, mesmo chateado com sua recente saída do time, o atacante cogita uma saída do Corinthians para o exterior. “Não apareceu nenhuma proposta e espero que apareça porque já tenho 28 anos e nunca fui para a Europa. Mas só irei se for bom para mim. Ainda assim quero cumprir meu contrato até o fim deste ano”, disse Jorge. “Eu só fiquei muito chateado pela forma como saí da equipe, mas nunca passou pela minha cabeça sair do Corinthians”.
AGENDA DE HOJE Campeonato Brasileiro 16h Corinthians x Santos 16h Guarani x São Paulo 16h Atlético-MG x Fluminense
16h Internacional x Atlético-PR 18h30 Ceará x Cruzeiro 18h30 Atlético-GO x Goiás 18h30 Botafogo x Vasco
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Regional ameaçado Alguns clubes prometem usar time reserva no Nordestão e competição corre o risco de ser esvaziada Yvette Moura
Marcelo Alves
CSA é o mais interessado
Repórter
Começa no dia 9 de junho a Copa do Nordeste (CN), dois dias antes da abertura da Copa do Mundo, na África. O Nordestão, que vai rolar mesmo com a parada nacional motivada pela disputa da maior competição do futebol mundial, conta com a participação de 15 clubes nordestinos, e será encerrada no dia 1º de dezembro. Durante todo esse período de competição, alguns times estarão disputando, paralelamente, partidas em diferentes divisões do Campeonato Brasileiro: uns lutando por títulos e a ascensão para a outra série da competição e outros brigando para se manterem vivos no campeonato. Dos times que estão na Nordestão, Ceará e Vitória-BA disputam a Série A do Brasileirão; América-RN, Bahia e Náutico, brigam na Série B pela ascensão; ABC-RN, Fortaleza e CRB jogarão na Série C, na tentativa de retorno à 2ª Divisão, já Santa Cruz e Treze-PB vão disputar a Série D. Portanto, diante dessa situação, alguns clubes já decidiram que não irão escalar “força máxima” no Nordestão, o que pode provocar um esvaziamento da competição e, consequentemente, prejudicar a realização das outras edições do campeonato.
Clube de Regatas Brasil e Centro Sportivo Alagoano são os representantes de Alagoas no Nordestão
Diante dessa ameaça de esvaziamento, O JORNAL conversou com os dirigentes de CSA, CRB (representantes de Alagoas na competição), Vitória-BA e também do Náutico-RN (o primeiro time disputa a 1ª Divisão do Brasileiro e o segundo a 2ª Divisão). Para eles, o Nordestão está sendo encarado como um laboratório e também uma grande ajuda financeira. Os dirigentes afirmam que os investimentos que estão sendo feitos visam outras competições e não diretamente o Regional. A Copa do
Nordeste será usada para os treinadores testarem seus jogadores. Para a diretoria do CSA, o dinheiro arrecadado com a competição vai ajudar o clube sair do fundo do poço e servirá para investir no elenco azulino para a disputa da Segunda Divisão do Campeonato Alagoano. O mesmo pensamento tem os dirigentes do Galo. O dinheiro arrecadado no Nordestão será investido no clube e servirá para contratar jogadores visando à disputa da 3ª Divisão do Brasileiro. O foco no CSA é vol-
tar a 1ª Divisão do Alagoano, em 2011, e no CRB é o retorno a 2ª Divisão do Brasileiro. Já os dirigentes do VitóriaBA e do Náutico ressaltam a importância do Nordestão, mas não colocarão força máxima nos jogos do campeonato. Os dois clubes, que estão atuando pelo Campeonato Brasileiro, confirmam que irão utilizar os times B no Nordestão. De acordo com os diretores dos dois clubes, os jogadores que formam o time reserva têm potencial e já atuaram na equipe titular. (M.A)
Liga ainda confia em acordo feito com TV Mesmo diante da possibilidade dos grandes clubes do Nordeste não usarem a força máxima durante a competição, o presidente da Liga do Nordeste, Eduardo Rocha, garante que não haverá esvaziamento da competição. Rocha descarta a hipótese, confiando em um acordo, que segundo ele, a Rede Globo só se dispôs a trans-
mitir os jogos quando os times se comprometeram a escalar seus jogadores titulares. “Como foi feito esse acordo comercial com a Globo, não acredito em esvaziamento; até porque os clubes só têm a ganhar com a competição”, disse Rocha. O presidente da Liga do Nordeste afirmou que o acordo da “força máxima” foi as-
sinado por todos os representantes dos 15 clubes que irão disputar e também a Rede Globo. Segundo Rocha, o acordo foi firmado em uma Ata, no dia 21, durante uma reunião da liga, em Salvador (BA). “Esse assunto já foi superado. O acordo foi assinado em uma Ata e está descartada a hipótese de esvaziamento. Tudo já está superado.
Isso é uma notícia requentada”, garantiu. Ele disse que a Liga irá repassar para os clubes participantes cerca de R$ 320 mil, divididos em três parcelas. O primeiro repasse já foi feito para os clubes no valor de R$ 150 mil. A segunda parcela, também de R$ 150 mil, será paga em junho, conforme informou Rocha. (M.A)
A diretoria do CSA encara a Nordestão como a salvação para o clube azulino. E, para isso, a direção do Azulão está apostando tudo o que tem para encarar a competição. A expectativa dos dirigentes do time azulino é de que o clube ressurja das cinzas e volte a pintar no cenário nordestino e nacional. O presidente do Azulão do Mutange, Jorge VI, disse que a diretoria do clube está montando um elenco forte para a disputa do Nordestão. O dirigente disse ainda que o Nordestão será encarado com toda seriedade pelo CSA. “O que temos de melhor vamos colocar para jogar na Copa do Nordeste”, disse Jorge VI. O presidente azulino afirmou que todos os jogadores que foram contratados neste ano irão jogar todas as partidas no Nordestão. O mandatário azulino disse ainda que o clube já está faturando com a competição antes mesmo de seu início. De acordo com ele, a Liga do Nordeste já repassou R$ 150 mil para o clube. Jorge VI informou que o dinheiro serviu para montar o elenco azulino para a competição. Segundo Jorge, os representantes dos outros clubes também estão motivados com a competição. “Os clubes estão empolgados e colocarão força máxima durante a Copa do Nordeste”, garantiu. O dirigente também confirmou que foi assinado um acordo entre a Liga do Nordeste a Rede Globo e os clubes. “Ficou acordado que a Rede Globo só iria transmitir as partidas se os times colocarem seus principais atletas”, disse. (M.A)
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CRB pretende fazer um “laboratório” Para a diretoria do CRB, a Copa do Nordeste servirá apenas de laboratório para o elenco regatiano, que tem neste ano como principal objetivo o retorno para a Série B do Campeonato Brasileiro. Além de utilizar o Nordestão como preparação para a competição nacional, a direção do Galo espera arrecadar dinheiro com os jogos do torneio. Assim como o presidente do CSA, o diretor-jurídico do CRB, Carlos Alberto, que participou de uma reunião da Liga do Nordeste, no dia 20, em Salvador, disse que não acredita em esvaziamento durante os jogos da Copa do Nordeste. Ele também afirmou que, no último encontro com os 15 times que participarão do torneio, ficou acordado que os clubes têm por obrigação colocar os seus jogadores titulares. “Foi assinada uma Ata, onde os clubes se comprometeram a colocar seus times titulares nos jogos do torneio”, afirmou Carlos Alberto. “A direção do CRB vai utilizar a Copa do Nordeste como um laboratório de preparação para que o time do Galo chegue forte para a disputa da Série C, visando ao retorno para a Segunda Divisão do Brasileiro”, disse. “Durante a reunião, a Liga do Nordeste chamou a atenção dos dirigentes do Bahia, Náutico e Vitória, que estão anunciando que vão colocar jogadores da base”, comentou. O diretor-jurídico do Galo afirmou ainda que o clube irá se aproveitar da competição para buscar recursos para investir na 3ª Divisão do Campeonato Brasileiro. “O clube visa também com a disputa da Copa do Nordeste arrecadar dinheiro com as cotas para serem depois investidos no elenco do Galo”, contou. (M.A)
Yvette Moura
Celso Teixeira vai usar o Nordestão para ajustar o time para a Série C
Vitória diz que é difícil saber quem é reserva A escalação de jogadores da base na equipe do VitóriaBA nos jogos do Nordestão não está descartada. De acordo com o diretor das divisões de base do time baiano, Epifánio Carneiros, a participação de atletas dos juniores é uma tradição no clube. Carneiros classificou a exigência para a presença de jogadores titulares durante as partidas no Nordestão como uma coisa abstrata. “Não se pode exigir que os clubes escalem somente os jogadores titulares. Isso porque o atleta
é titular hoje e se jogar mal uma partida, amanhã ele já irá para a reserva. Essa é uma situação abstrata”, disse Carneiros. O dirigente do Vitória-BA disse ainda que o time baiano poderá não contar com os 11 titulares, mas será colocado em campo o que há de melhor no elenco. “Vão ser aproveitados os jogadores da base durante a competição do Nordestão porque isso é uma coisa normal no Vitória”, comentou. Para ilustrar que a base da
equipe rubro-negra também pode ser considerada titular, Carneiros citou que o Vitória jogou a última partida da semifinal da Copa do Brasil com uma equipe composta por nove jogadores da base. O dirigente afirmou que o clube havia cogitado a possibilidade de escalar onze jogadores do time B - formado por atletas dos juniores -, para disputar o Nordestão, mas voltou atrás porque a TV Globo disse que só transmitiria as partidas se as equipes jogarem com seus times princi-
pais. Porém, a equipe do Vitória que entrar em campo não terá todos os titulares. Mas O OJORNAL apurou que o Vitória está fazendo um time especial para a Copa do Nordeste. A equipe seria formada por todos os atletas da base do clube. De acordo com as informações apuradas, o grupo é formado por 21 atletas que não tiveram oportunidades durante as partidas do Campeonato Baiano e os primeiros jogos do Brasileirão. (.M.A) (Continua na pág. 6)
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Náutico promete apostar nos garotos Marcelo Alves Repórter
O Náutico é outra equipe que não irá colocar sua “força máxima” no Nordestão. Isso é o que afirma o superintendente de futebol do Náutico, Gustavo Mendes. De acordo com o dirigente, o clube irá utilizar garotos da base, dentre eles alguns de 17 e 18 anos. Mendes nega que há qualquer contrato exigindo que os clubes entrem com seus times titulares, como afirmou o presidente da Liga do Nordeste.
“Vamos colocar os nossos garotos da base que atuaram no Campeonato Pernambucano e também outros meninos de 1992 e 1993. O Náutico decidiu que vai colocar esses jogadores porque o clube confia no futebol deles”, disse Mendes. Ele disse que a equipe do Náutico já definiu projetos distintos para as disputas do Campeonato Brasileiro da Série B e do Nordestão. “O Náutico disputa o Campeonato Brasileiro com o que tem de melhor visando à ascensão para a Série A. Já a Copa do
Nordeste está sendo vista pelo Náutico como um torneio rentável e o clube está colocando o que tem de melhor”, disse. Gustavo Mendes, que afirmou ter participado de todas as reuniões da Liga do Nordeste, negou que exista um contrato assinado por todos os representantes dos 15 clubes que disputarão a competição exigindo que os times coloquem seus jogadores titulares na competição. “Não foi assinado nada. Não tem exigência nenhuma quanto à escalação de jogadores titulares nas partidas”, disse.
ASA segue maratona de jogos e viagens na Segunda Divisão Luciano Milano Repórter
Jogo terça-feira, viagem em seguida, jogo na sexta-feira, mais viagem e mais jogo. Essa tem sido a rotina dos clubes que disputam o concorrido Campeonato Brasileiro da Série B 2010. Isso não é diferente para o ASA. Com a proximidade do início da Copa do Mundo, a partir do dia 11 de junho, restam, com a rodada 5ª rodada, que terminou ontem, apenas mais duas rodadas para que o Brasileiro da Segunda
Divisão, e também da Série A, sejam interrompidos até 11 de julho, quando o Mundial será encerrado. A maratona para o único representante alagoano na Segunda Divisão do futebol brasileiro passou a ser mais apertada, desde a terceira rodada, quando, no dia 22 de maio, venceu o Sport por 4x1, em Arapiraca. Para tentar descansar um pouco mais o grupo, o ASA e a Federação Alagoana de Futebol (FAF) articularam a viagem da delegação um dia antes do previsto, já que a determinação da empre-
sa que faz o transporte aéreo dos clubes na Segunda Divisão era para que o Alvinegro viajasse para Minas Gerais apenas na segundafeira, dia 24. Na quarta rodada, o ASA enfrentou na terça-feira, dia 25, o Ipatinga, em Ipatinga, quando obteve sua segunda vitória seguida. Após a partida, que terminou por volta das 22h, os jogadores dormiram em Minas e retornaram para Alagoas no dia seguinte. Chegaram a Maceió no meio da tarde e, de ônibus, se deslocaram para Arapiraca. Lula Castello Branco
ASA fez três partidas em Arapiraca pela Série B
O técnico do Náutico, Gallo, deve escalar time B
Pouco tempo para treinar Na quinta-feira pela manhã, o técnico Vica deu folga aos atletas, mas, à tarde, já retomou os trabalhos porque na última sextafeira o ASA tinha outro difícil compromisso, contra o Coritiba-PR, à noite, no estádio Coaracy da Mata Fonseca. E o arrumar e desarrumar de malas para os atletas, comissão técnica e funcionários do clube não para. Isso porque hoje a delegação já viaja para a cidade de Florianopólis para fazer o penúltimo jogo antes da parada para a Copa do Mundo. Na terça-feira, às 21h50, o vice-campeão brasileiro terá pela frente o Figueirense, no Estádio Orlando Scarpelli. Após essa partida, o time terá uma folga sem viagens até a sétima rodada de cinco dias. Isso porque, após o jogo da próxima terça-feira, o ASA joga no dia 6, contra o Icasa de Juazeiro do Norte, no Coaracy da Mata Fonseca, em Arapiraca, às 21h. Para um dos destaques do time até agora na Série B, o meia Ciel, que não é de Arapiraca, mas vive na cidade com mulher e a filha Iasmin, a rotina é dura, as viagens são cansativas mas, apesar de não gostar da distância da família, é preciso entender a necessidade de passarem tanto tempo longe. “Jogar futebol não é fácil. São muitos dias de jogos e viagens e isso nos afasta um pouco da família. Vim para Arapiraca com minha esposa e filha para que pudéssemos ficar mais perto e ter o apoio delas no dia a dia do ASA. Nas duas últimas semanas foram viagens e jogos seguidos, com pouco tempo para ficarmos juntos. Viagens longas, cansativas, jogos difíceis e muito tempo longe de quem amamos. Mas elas sabem que tudo isso é para o bem de todos, inclusive da nossa família. Também é bom lembrar que tudo que fazemos está valendo a pena porque o ASA tem feito uma boa campanha”, declarou Ciel.
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Sem confiança Brasileiro Felipe Massa vê competitividade da Ferrari em baixa para o GP de hoje O décimo lugar na segunda sessão de treinos livres para o GP da Turquia na sexta-feira deixou evidente para o piloto Felipe Massa a necessidade de melhora para a corrida de hoje, às 9h. Segundo o brasileiro, a competitividade de sua Ferrari ainda é muito baixa, sem chegar a rivalizar com o
desempenho da Red Bull e da Mercedes. “Ainda precisamos melhorar o carro para sermos competitivos: a McLaren e a RBR estão muito fortes aqui. Mas acho que conseguiremos achar a maneira correta de lutar com eles”, disse o brasileiro, sem perder a confiança. Na tarde
MUNDIAL DE FÓRMULA 1 CAMPEONATO ALAGOANO P - PILOTO EQ UIPE PG 01 - Mark Webber
Red Bull
78
02 - Sebastian Vettel
Red Bull
78
03 - Fernando Alonso
Ferrari
75
04 - Jenson Button
McLaren
70
05 - Felipe Massa
Ferrari
61
06 - Robert Kubica
Renault
59
07 - Lewis Hamilton
McLaren
59
08 - Nico Rosberg
Mercedes
56
09 - M.Schumacher
Mercedes
22
10 - Adrian Sutil
Force India
20
11 - Vitantonio Liuzzi
Force India
10
12 - Rubens Barrichello
Williams
7
13 - Vitaly Petrov
Renault
6
14 - Jaime Alguersuari
Toro Rosso
3
15 - Sebastien Buemi
Toro Rosso
1
16 - Nico Hulkenberg
Williams
1
17 - Pedro de la Rosa
BMW Sauber
0
18 - Kamui Kobayashi
BMW Sauber
0
19 - Heikki Kovalainen
Lotus
0
20 - Karun Chandhok
HRT
0
21 Lucas di Grassi
Virgin
0
22 Jarno Trulli
Lotus
0
23 Timo Glock
Virgin
0
24 Bruno Senna
HRT
0
Próximo Grande Prêmio Istambul - Turquia Hoje – 09h
turca, ele admitiu que teve desempenho abaixo do esperado porque errou em uma das curvas, prejudicando o treino. “Não consegui marcar tempo com os pneus macios porque acabei rodando na minha primeira volta rápida, na curva 8. Este foi o fator mais inconveniente desta
sexta, porque o jogo acabou inutilizado e tive de fazer quase todo o segundo treino com os duros. A pista melhorou à tarde, um pouco por causa dos carros, que limparam o asfalto”, afirmou Massa. O engenheiro-chefe da escuderia italiana, Chris Dyer,
também comentou a falha de Massa. “No geral, foi um dia razoavelmente positivo. Tivemos um programa de trabalho muito duro e o cumprimos sem nenhum problema em particular, com a exceção relativa ao problema de Felipe com os pneus macios”, lamentou.
Alonso diz que Red Bull é favorita O bicampeão Fernando Alonso adotou um discurso pessimista acerca das suas possibilidades de vitória no Grande Prêmio da Turquia. Para o piloto da Ferrari, que terminou com o quinto melhor tempo nos treinos livres de sexta-feira, a Red Bull é favorita a mais uma vitória nesta temporada. “Sempre é difícil analisar isso nos treinos de sexta, mas me baseio no que se viu em Barcelona, o último circuito normal pelo qual passamos. Portanto, os carros da Red Bull são inalcançáveis”, disse o espanhol. RUBINHO - Rubens Barrichello, da Williams, é mais um dos pilotos que tem o GP de Istambul como um de seus favoritos. Para o brasileiro, correr em uma pista no sentido antihorário é um desafio para quem está guiando. O piloto apontou os fatores mais complicados do percurso e ressaltou a necessidade de treino para suportar a Força G na curva 8. “Istambul é uma das minhas pistas preferidas. Tem um bom layout, as curvas todas fluem umas nas outras, o que faz uma volta limpa ao pilotar. Como o circuito é no sentido anti-horário, os canhotos podem ter um desafio nos músculos do pescoço, mas todos
Fernando Alonso ocupa a terceira colocação no Mundial
nós fazemos treinos extras para compensar isso. Pessoalmente, acho a curva oito, uma curva de alta velocidade, é a melhor parte da pista, um teste real”, afirmou. O brasileiro lembrou o episódio de Mônaco em que ele e seu companheiro de equipe, Nico Hulkenberg, abandonaram a prova e afirmou que o
trabalho da equipe será fundamental para um bom desempenho na Turquia. “Retornando de Mônaco sem completar a corrida para ambos os carros, foi muito decepcionante para a equipe. Eu sei que todos estão trabalhando duro na fábrica, assim, nós estamos esperando uma corrida melhor na Turquia”, disse.
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Foto: Gustavo Boroni
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Registro da
moda
Contempor창nea
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A fotografia de Gustavo Boroni expressa, neste editorial de moda contemporânea, a representação impressa das emoções, que faz o percurso do subconsciente, da realidade imaginária e que tantas vezes traduz o desejo da atividade criativa. Inspirado no surrealismo literário permite transbordar a liberdade individual, outrora coletiva. As cores de David Lachapelle é o mote principal da cena artística de Boroni. A cultura multicolor japonesa em tons chiclete ou cítricas, pintadas na fotografia enquadrada, é motivo de contemplação! Pelas lentes do também professor Gustavo Boroni que é relações públicas, publicitário e ator registramos momentos da trinca de modelos, mulheres com personalidades diferentes que juntas interagem com a cenografia presente do Cais do Porto de Maceió, para ser palco de um grandioso editorial de moda. Muitos traduzem Moda, uma roupa da estação. Outros, um modo de vestir-se e ainda têm outros que chamam moda, de modinha! Tem um pouco de tudo, tem até quem diga:- Que não existe moda. Negócio? Varejo? Tendência ou Aparência? Afinal, o que é moda mesmo? O principal nome da moda de todos os tempos dizia que “a moda passa, mas o estilo permanece”, eternizou Coco Chanel. O reflexo das atividades de uma sociedade ativa se apresenta nas passarelas.
Inspirados no comportamento do indivíduo, profissionais de criação confeccionam roupas e acessórios que serão usados durante um ciclo, que só termina, quando começa o seguinte. Na pré-história, se chamava indumentária, de acordo com a necessidade da época, eram usadas sobre o corpo peças de peles de animais para proteção do frio e couraças para defesa de possíveis animais na hora da caça. Evoluiu, e nos tempos modernos usamos por puro prazer visual e até passamos frio por um decotão, hummmm!?!?!?!? O começo da carreira do Fotógrafo Gustavo Boroni se deu com a necessidade de mexer a massa, colocar o ‘trem’pra andar. Nos espetáculos que Gustavo atuava sempre esteve atento ao público sim, mas especialmente na abordagem feita a ele. Os cartazes foram os alvos para o início da carreira fotográfica. Virando daqui e de lá, Gustavo também produzia as peças visuais impressas do espetáculo. Segurando a respiração ele clica com mais detalhamento, participa de todo o processo da imagem congelada, que nem parece estática de fato. Tem movimento e a sensação é de que vai saltar a qualquer momento. A dança dos movimentos sincronizados e a espera do ápice corporal reproduzem a inspiração que se eterniza com o passar do tempo “A fotografia é a técnica e a inspiração”, explica o fotógrafo. “Captar o
momento não é só o registro do clique, mas a emoção transmitida através dos pixels,” enfatiza Gustavo. O conflito da ausência das cores em seu trabalho promoveu o amadurecimento profissional. O esconde e aparece da luz permite ao fotógrafo captar a expressão da forma – da silhueta imagética. “Neste editorial a produtora Ana Brigida colore o espetáculo e o fotógrafo aponta para o sol, para a luz em destaque, para o movimento geométrico. “Abusca é infinita, o ser humano está sempre em movimento”, finaliza Gustavo Boroni, pronto para a próxima emoção... No Cais do Porto: A locação escolhida para as cores surrealistas de Gustavo Boroni foi o Porto de Maceió, um lugar que provoca incríveis sensações, com uma história marcante na memória portuária de Alagoas. As operações no PORTO DE MACEIO começaram oficialmente em 23 de janeiro de 1942, sessenta e oito anos depois dessas primeiras operações no Porto, uma representação típica da moda brasileira!
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Por Flávia Barros l flavia.barros@hotmail.com >>>
Fotos: Gianpiero Gadotti
“Noite
Preta”
F I L Ó
la é irreverente, algumas vezes explosiva ou um tanto escandalosa? Autêntica, seria o adjetivo ou virou sinônimo disso tudo? Muita gente pergunta se ela está cansada quando entra no avião com o semblante mais sério, outras pessoas perguntam se não está com sono ou triste. É assim: muito serena em suas entrevistas, e em sua rotina pessoal também não é diferente. Preta Maria Gil, diz está em seu momento mais maduro, profissional e na vida. “Estou me permitindo”. “Acho legal meu público acompanhar esse meu momento”, exclama Preta! Perguntei em seu camarim, antes do show da semana passada, que aconteceu na cobertura do edifício garagem, do Maceió Shopping, o porquê de está tão séria em nosso bate-papo? Com sorriso respondeu:- “Todos acham que devo andar com abacaxi na cabeça o dia inteiro?”, brincou a cantora. Ainda ressaltou que normalmente é assim, “o palco que é meu lugar de explodir, o lugar que mais me sinto a vontade”, explica Preta - dividiu esse palco com a cantora alagoana Fabiana Canuto. Sobre o início da festa que está em turnê, ou melhor dizendo, da festa que virou show, onde a cantora interage com o público, Preta nos contou que o show começou bem pequenininho com apenas 200 pessoas, no Cinematheque, no Rio de Janeiro, mas logo o público cresceu e hoje já passou por 89 cidades. Geralmente a festa conta com três mil pessoas na “The Week”, também no Rio. Ela está feliz e apaixonada, casada com um mergulhador e se entusiasma com o amor e a admiração que tem pelo marido. Mãe que administra a casa, muitas vezes por telefone, principalmente quando está viajando, faz revezamento com o pai do Francisco em muitos momentos, além de contar com fiéis escudeiras do lar para cuidar de tudo! Ufa... Como ela dá conta? Foge sem deixar pistas para sua assessora, a Juliana, que roda tudo pra descobrir seu paradeiro. Preta confessou ao Sala Vip que fica escondidinha para namorar o marido! “São muitos compromissos, provas de figurino, maquiagem, cabelo, cd, enfim, um monte de coisas no dia-a-a-dia, que só dando uma escapadinha para poder depois continuar com força total”, esclarece Preta!
E
Apresenta:
Dj Dahram
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