Jornal do Bicho Amigo de São Carlos, edição 02

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São Carlos, 31/07/2016 l

Ano 1 l Edição 02 l Distribuição gratuita l 8.000 exemplares

Sobram animais precisando de abrigos Jornal Bicho Amigo

Entidade prega a posse responsável e espera que em algum dia, os abrigos, como o canil municipal (foto), não sejam mais necessários. Adotar é tudo de bom e nesta edição tem muitas ofertas. Saiba dos cuidados que um “Ferret” necessita e as peculiaridades de um siamês. Conheça o José Luís, um funcionário público que usa animais para melhorar a qualidade de vida dos outros. E quem está “procurando Dory”? Saiba que esta procura frenética pode acabar com a espécie “Blue Tang”. São Carlos tem um hotel somente para gatos, ali na Vila Nery. E se você mora em condomínio, descubra se pode ou não ter um animal de estimação. Conheça a fazenda Santa Elisa, exemplo de agronegócio. Tem também fotinhos na Soci”au” e muito mais nesta nova edição do jornal Bicho Amigo de São Carlos. Esperamos que todos tenham uma boa leitura.


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O Jornal do Bicho Amigo atrasou uma semana nesta edição devido a mudança de endereço do nosso parque gráfico e também para marcar que circularemos em São Carlos sempre no ÚLTIMO DOMINGO de cada mês, para que o anunciante divulgue suas promoções no início do mês e assim faturando mais, contratando mais e anunciando mais... nè? Que bom seria um mundo que não necessitasse de abrigos para animais por falta de abandono. Que não houvesse orfanatos ou asilo para velhinhos pela falta de “clientela”. Que não existisse cadeia por falta de ladrões. Mas enquanto esse sonho não se concretiza, temos que dar condições ao que temos, fazê-los funcionar bem e cobrar daqueles que os administram. Dignidade aos homens e aos animais. Errata - Na edição 00 Fernando Simões de Vicente se apresentou como diretor da Patrulha Animal, mas na ocasião ele já havia se desligado do grupo. JORNAL BICHO AMIGO nº 02 de 31/07/2016 é uma publicação mensal da Editora Santa Rosa de Viterbo

curiosidade

Redação: rua Santa Isabel, 250 - sala 2 Santa Isabel CEP: São Carlos-SP Fone (16) 3368 3435 Tiragem de 8 mil exemplares Distribuição gratuita Periodicidade mensal Circulação em São Carlos Próxima edição: 06/09/2016 Editor: André Moussa Mtb 34286 redacao@jornaldobichoamigo.com.br Comercial: Rodrigo Almeida cel.99340.8008 André Gallo cel. 99300.2502 comercial@jornaldobichoamigo.com.br Freelancer: Marta Eliza Antonio Julião, Michael Dias Barbosa Colaboradores: Fernando Simões de Vicente e Aline Becaro Artigos assinados são responsabilidade de seus autores, não representando necessariamente a opinião do jornal.

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Posse responsável: um objetivo a ser alcançado Presidente da Arca de São Francisco fala do trabalho, das conquistas, dos sonhos e desafios de quem luta pela causa animal Jornal Bicho Amigo

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Arca de São Fr ancis co (ASF) completou, em julho, 15 anos de atividades em São Carlos, apresentando números que dão a dimensão da questão da saúde e proteção animal na cidade. Entre janeiro e maio, foram 1.349 castrações, 223 recolhimentos e 184 doações. Os números expõe uma realidade, que também é um desafio: a falta educação para posse responsável de animais domésticos, principal explicação para o alarmante número de animais maltratados e abandonados, q ue gan ham cada vez mais destaque. Apesar das políticas públicas e dos esforços voluntários de protetores independentes, grupos organizados e Organiza-

ções Não-Governamentais, como a própria ASF, que é parceria da Uipa, a conta continua não fechando. Sobram animais precisando de cuidado e abrigo. Sem apontar dados mais precisos, a presidente Norma Ríspoli, afirma que a situação nem sempre é confortável. "Apesar de termos uma meta ideal para acomodação, manejo e convivência, devido à demanda, sempre ultrapassamos esse 'limite' ", afirma. "Nossos custos para manutenção da estrutura envolvem toda a alimentação dos animais, salários de funcionários e veterinária, aluguéis da sede e da clínica, medicamentos, materiais cirúrgicos, materiais de higiene e limpeza, entre

outros", completa. Colaboradora antiga da Uipa e membro do grupo que fundou a ASF, a aposentada, cujo mandato segue até julho de 2019, diz que tenta não esmorecer diante das atrocidades que presencia. Cita a legislação municipal - que prevê fiscalização e punição por agentes públicos em caso de maus tratos - e o artigo 32 da lei federal 9605/98, que prevê pena de prisão variando entre 3 meses e 1 ano para quem maltratar, ferir ou multilar animais, como resultado de muitas lutas, mas reconhece que ainda estamos longe do que considera o cenário ideal. "O cenário ideal seria a plena instituição da educação para a posse

O ideal dos ideais seria a inexistência de abrigos; realidade é bem diferente responsável, a criação, funcionamento e manutenção de políticas públicas de controle reprodutivo de cães e gatos e a

adoção de animais - adultos e filhotes - abandonados, tudo isso alicerçado pelo comprometimento de todos os envolvidos, e, ide-

al dos ideais, a inexistência de abrigos, pois todos os animais teriam a sua família e viveriam em liberdade", explica.

Mandamentos da Guarda Responsável 01 Antes de adquirir um animal, considere que seu tempo médio de vida é de 12 anos. Pergunte à família se todos estão de acordo, se há recursos necessários para mantê-lo e verifique quem cuidará dele nas férias ou em feriados prolongados. 02 Adote animais de abrigos públicos e privados (vacinados e castrados), em vez de comprar por impulso. 03 Informe-se sobre as características e necessidades da espécie escolhida - tamanho, peculiaridades, espaço físico.

04 Mantenha o seu animal sempre dentro de casa, jamais solto na rua. Para os cães, passeios são fundamentais, mas apenas com coleira/guia e conduzido por quem possa contê-lo. 05 Cuide da saúde física do animal. Forneça abrigo, alimento, vacinas e leve-o regularmente ao veterinário. Dê banho, escove e exercite-o regularmente. 06 Zele pela saúde psicológica do animal. Dê atenção, carinho e ambiente adequado a ele. 07 Eduque o animal, se necessário, por meio de adestramento, mas respeite suas características.

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08 Recolha e jogue os dejetos (cocô) em local apropriado. 09 Identifique o animal com plaqueta e registre-o no Centro de Controle de Zoonoses ou similar, informando-se sobre a legislação do local. Também é recomendável uma identificação permanente (microchip ou tatuagem). 10 Evite as crias indesejadas de cães e gatos. Castre os machos e fêmeas. A castração é a única medida definitiva no controle da procriação e não tem contra-indicações.


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TERAPIA DO AMOR EM FAMÍLIA

Funcionário público cria animais para melhorar a qualidade de vida de outras pessoas

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romover e divulgar os benefícios à saúde gerados pela relação entre homens e animais de todo o tipo. Esta tem sido a missão de José Luís Dorici nos últimos 16 anos. Envolvido com animais desde criança, o funcionário público de 58 anos aposta em iniciativas voluntárias para contemplar com seu trabalho as pessoas que mais precisam. Em um site, Dorici reúne os projetos que idealizou, como a Cãominhada; o trabalho de incentivo à leitura em parceria com o Projeto Escola da Família, do governo estadual;as sessões de adestramento gratuitos, realizadas semanalmente em praças públicas e a Pet Terapia, que visa preparar e acompanhar os animais para serem utilizados, por profissionais de saúde, em ações terapêuticas. Mas é na rotina diária que se comprova o espaço que amor pelos animais ocupa em sua vida. Na casa onde vive com a esposa e a filha adolescente, são criados 8 cachorros, 2 gatos, 2 cobras, 1 jaboti, 4 peixes, 4 calopsitas e até o nada comum bicho-pau. A família garante que todos

podem ser usados em terapias e são criados para este fim. Quem precisar, é só solicitar a visita, que pode ou não ser acompanhada dos criadores. Quando não está na USP, onde trabalha das 7h às 17h, o tempo de Dorici é praticamente todo ocupado pelo cuidado com os animais. A rotina começa às 5h com as tarefas de higienização e se estendem até a noite, com passeios e brincadeiras com os bichos, aulas de Dog Walker e Adestramento e ações voluntárias, como os treinamentos oferecidos de segunda e quarta-feira, das 19h às 20h, próximo à pista de Skate do Bairro Santa Felícia. Também tem trabalho aos finais de semana e no Pet Shop da família - criado para ajudar no cuidado com os bichos de casa que é mantido pelos outros três filhos de Dorici. O que explica tanta dedicação é a convicção do funcionário público, formado em Educação Física, na causa que defende. " Tem muito estudo sobre pet terapia comprovando os benefícios. Cobra pode ser utilizada no tratamento de síndrome do pânico; peixe em casos de

Alzheimer; cão e gato em casos de diabetes, hipertensão, triglicérides...", lembra. Outra vertente que anima Dorici é o uso de animais como apoio nos tratamentos de crianças especiais e pessoas com deficiência. Entre os projetos que ainda sonha ver concretizados está a criação de um Centro de Treinamento de CãesGuia, que poderia servir também para ensinar pessoas que estão dispostas a ter um animal em casa a como cuidar corretamente dele. Orientar é coisa que Dorici já faz e com prazer. "Não é só alimentar e deixar no fundo do quintal", garante. Segundo ele, antes de adquirir um animal é preciso pesquisar, conversar com profissionais e saber que o cuidado com qualquer espécie exige tempo e dedicação, além de muito amor. EM FAMÍLIA Se o empenho de José Luís já chama a atenção, o de sua filha caçula, Veridiana, não fica atrás. Aos 16 anos, a jovem concilia os estudos, os treinos esportivos, o lazer e namoro com o cuidado com os bichos. Des-

Pai e filha cuidam, com carinho, de várias espécies diferentes

de os 7 anos ela acompanha o pai nas atividades e, na hora da entrevista, não foi diferente. Foi dela a ideia de adquirir as duas cobras corn snake da família e com uma exigência: a de ficassem em seu quarto. O esquisito bicho-pau também tem livre acesso ao quarto da adolescente. Questionada sobre a carreira que pretende seguir, Veridiana surpreende mais uma vez. Diz que quer ser policial militar. Mas quem pensa que os bichi-

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nhos vão perder espaço na vida dela, está errado. A ideia da jovem é trabalhar, justamente, no setor que

tem os animais como parceiros: o Canil da PM. É ou não é para encher qualquer pai de orgulho?

O site é www.projetonovoguia.com.br


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Pense antes de encontrar Dory Manter o peixe em casa exige cuidado e estrutura que nem todos podem oferecer

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s previsões se confirmaram. A exemplo do que ocorreu com "Pro cur an do Nemo", lançado no Brasil em 2003, "Procurando Dory" estreou no cinema este ano fazendo sucesso entre adultos e crianças. Mais do que encher as salas de exibição, o peixinho está conseguindo também encher as lojas especializadas em aquarismo e psicultura o que, se por um lado movimenta a economia, por outro traz também uma preocupação ambiental. O apelo ganhou força e se espalhou nas redes sociais. Com o título "Não encontre uma Dory", a postagem afirma que as vendas de peixe-palhaço aumentaram 40% depois da estreia de Nemo e que o mesmo poderia ocorrer com o Blue Tang (Tang Azul) - ou cirurgião patela, como é conhecida a espécie de Dory - . O problema é que, diferente do peixe-palhaço, o cirurgião-

patela não se reproduz em cativeiro ( a técnica já existe, mas não em escala comercial). Assim, o aumento na procura levaria à retirada de um número cada vez maior de exemplares de seu habitat natural, o que colocaria em risco a espécie. O alerta não impediu que houvesse uma corrida às lojas. O biólogo Fáb io Eduardo Matheus, que também possui uma loja no segmento de psicultura e aquarismo, afirma que, antes do filme, vendia um blue tang a cada 3 ou 4 meses. Agora, chega a receber encomendas de 5 a 6 exemplares por semana. No dia da entrevista, não havia sequer um exemplar no colorido aquário de peixes marinhos da loja. Os interessados devem saber que a viagem do peixinho é longa e a conta é alta. Lojas como a de Matheus importam de criadores de peixes marinhos d os Estados

Unidos e precisam atender a uma série de procedimentos burocráticos relativos ao processo de comercialização e transporte, o que faz com que um exemplar seja vendido na faixa de R$ 500 a R$ 700. Esse valor chega a dobrar para garantir a estrutura necessária para manter o peixe em boas condições, o que inclui a escolha do aquário, iluminação, ração e outros detalhes. Segundo o biólogo, diferente do filme, o blue tang é um peixe mais tímido e sensível e sua compra requer uma orientação especializada. "Sempre oriento antes. Falo sobre a temperatura e salinidade da água, alimentação, compatibilidade com outros peixes marinhos...", enumera. Ainda de acordo com Fábio Matheus, o amor e o cuidado do dono são importantes, independente da espécie, e pode até mesmo aumentar e expectativa do peixinho,

Biólogo orienta compradores sobre detalhes que garantem o bem-estar do peixinho estimada em até 20 anos. Com uma experiência de quase 3 décadas de aquarismo, Livio Anze é outro que faz restrições à compra impulsionada pelo sucesso do cinema. Segundo ele, que possui um cirurgião-patela desde 2006,

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este não é um peixe para iniciantes. " O ideal seria começar com o peixe-palhaço, com aquários de 50 a 60 litros", explica. Como o blue tang pode chegar a 38 centímetros, ele recomenda um aquário de pelo menos 200 litros. A exem-

plo de Matheus, Anze também resiste à tentação de aproveitar o momento para aumentar as vendas sem levar em consideração o bem-estar do animal. Aos interessados, recomenda uma boa pesquisa antes de qualquer investimento.


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Fotos: arquivo pessoal

Hotel de gatos:

cuidado e socialização Protetores que apadrinham animais abandonados também costumam recorrer ao serviço

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uem tem animal de estimação em casa sempre fica preocupado quando precisa se ausentar por algum tempo e não pode levar o bichinho junto. Se o pet for um gato e o dono morar na região de São Carlos, o problema está resolvido. Já funciona na cidade um hotel especializado nesse tipo d e ho sp ed agem. Além do pioneirismo, os responsáveis apostam em outros dois pilares para sustentar o negócio: o amor pelo que fazem e um profundo conhecimento sobre o universo dos bichanos. Localizado na Vila

Nery, o hotel tem cerca de 35 clientes. O espaço uma edícula adaptada possui baias individuais teladas e espaços coletivos, qu e permitem tanto o acompanhamento individual quando a socialização dos hóspedes. Esta era uma das demandas da pesquisadora e veterinária Lea Chapaval, a idealizadora do projeto. Dona de 10 pets, sendo 6 gatos, ela queria não apenas arrumar um local confortável para deixá-los, mas promover a convivência com bichos diferentes, a fim de estimular tutores que mantém apenas um animal, alegando que o gato não acei-

Animais reagem de formas diferentes, mas costumam ficar amigos

ta outros em casa. É Lea quem cuida do processo de adaptação dos hóspedes, que é feito de forma gradual. "O gato vai para o hotel e fica em seu 'quarto' no primeiro dia, mantendo contato visual e sentindo o cheiro dos outros animais. As portas são teladas justamente para que isso aconteça", explica. "Cada animal reage de um jeito. Alguns demoram dois ou três d ias para estarem com os outros gatos mas, no geral, ao final da hospedagem, todos estão amigos", completa. Como em qualquer hotel, o atendimento aos

hóspedes funciona 24 horas, mediante pagamento de uma taxa, que pode incluir ou não o valor da ração, dependendo de caso. Os responsáveis pela supervisão e acompanhamento dos animais são Maurício Xavier e Andreza Balduíno, que moram na casa da frente da edícula. Para cumprir a tarefa o casal não poupa esforços - como acompanhar os hóspedes enquanto os donos e a própria família se divertem nas festas de final de ano, por exemplo - muito menos amor. Qualquer gato - até mesmo os mais arredios -

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pode ser hospedado no hotel, desde que atenda algumas exigências, como ser castrado. Além de pagar pelo serviço, o dono ou responsável deve apresentar a carteirinha de vacinação do animal e um atestado de saúde, emitido por um veterinário. O hotel também possui uma finalidade social, já que abriga animais que foram abandonados e, posteriormente, apadrinhados por protetores de animais, que não possuem condições de abrigá-los, ou estão sob guarda de tutores. Com estes, os cuidados são ainda maiores. "Antes de colocarmos

no hotel, levamos para exames, vacinação e castração para não corrermos o risco de introduzir um animal doente no mesmo ambiente dos nossos e dos hóspedes", explica Léa. "Desta forma, até que haja tempo para a recuperação dos animais, eles ficam na casa de parceiros", complementa. Com os bichanos devidamente recuperados e hospedados, o hotel se encarrega de divulgar, entre interessados, o perfil dos gatos disponíveis para adoção. Para entrar em contato com o hotel e saber das tarifas e serviços, o interessado pode ligar para (16) 3419 9970.


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Animais nos condomínios Animais nos condomínios

pode ou não pode? pode ou não pode? * Dr. Paulo Cesar Gracia Bernardo Filho

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homem por sua natur eza sempre viveu em comunidade, dividindo seu espaço e dependendo de um convívio social para alcançar a felicidade. O condomínio edilício é um instituto jurídico tutelado pelo Código Civil Brasileiro de 2002, podendo ser conceituado como uma edificação que possui partes com propriedade exclusiva e autônoma (apartamentos, escritórios e salas, por exemplo) e partes com propriedades compartilhadas entre todos os condôminos. Não existe uma regra geral sobe a proibição de animais em condomínio, cada caso deve ser analisando de maneira singular, iniciando pela con-

venção de condomínio, essa que é o conjunto de regras internas que regulamenta os interesses dos condôminos. A convenção vincula todos os proprietários, moradores e terceiros de forma obrigatória e inequívoca, entretanto tais normas não se sobrepõem ao ordenamento jurídico pátrio, que é soberano a cerca de normas que regulamentam relações privadas. Se de fato a convenção de condomínio não faz qualquer menção ao tema, logo esta criada a permissibilidade para qualquer condômino possuir animais de estimação. Na ausência de qualquer norma particular entre condôminos, que proíba a circulação ou mesmo a propri-

edade de animais dentro do condomínio, fica por lógica definido que se pode perfeitamente tê-los porque a legislação pátria não proíbe. O grande problema de fato surge quanto existe tipificação especifica na convenção de condomínio impossibilitando a presença de animais de estimação dentro das dependências do condomínio. Visto que o Código Civil de 2002 não tutela sobre o tema, logo se considera permitida a propriedade de animais dentro dos condomínios, tal qual animais de estimação são erroneamente considerados objetos que se movem perante a legislação Brasileira, sendo passíveis de ser possuídos dentro de

uma esfera patrimonial, não podendo assim as convenções de condomínio tutelar sobre o tema. O condômino possui livre direito de usufruir de sua unidade da forma que convir, podendo possuir na sua esfera patrimonial animais de estimação caso assim deseje. Alem de previsão legal dentro do Código Civil, é uma garantia constitucional o direito a propriedade, sendo ilegal a proibição de tal direito por parte de convenções de condomínio. O tema já é pacifico perante os tribunais de toda federação, é direito do condômino possuir animais domésticos perante sua esfera patrimonial dentro de qual-

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quer condomínio independente de proibição privada em convenção interna da entidade condominial. A jur ispr ud ên cia Brasileira entende que a propriedade de animais domésticos pode ser vetada caso o animal ameace a segurança ou o convívio saudável entre os morado* Dr. Paulo Cesar Gracia Bernardo Filho é sócio do Gracia Bernardo Filho Advogados, pós graduado em direito penal e direito processual penal, atuante na justiça criminal e ativista da causa animal. Atua há alguns anos de forma pro bono em causas criminais que existam interesse ou defesa dos animais.

res. O cerceamento de tal direito pode ser arguido pelo condomínio somente com determinação judicial se reconhecido que a presença do animal dentro do condomínio pode apresentar perigo a segurança, tal qual prejudicar o sossego ou a salubridade dos demais moradores.


Castrar ou não, eis a questão A

castração é uma qu estão que merece toda a atenção por parte de proprietários de cães e gatos e que envolve pontos específicos quando falamos em fêmeas ou machos. Para ajudá-lo a tomar a melhor decisão, o Jornal Bicho Amigo consultou Antônio Paiva, 45, veterinário, e foi atrás de tudo que você não pode deixar de saber, afinal: castrar ou não castrar? Elas - A decisão de castrar a sua cadela ou gatinha passa, primeiramente, pela certeza de que não há a o desejo de, futuramente, colocá-la para cruzar. Tendo isso em mente, a primeira preocupação de todo dono é, claro, com a saúde do ani-

mal, e é ai que estão os principais argumentos a favor da intervenção cirúrgica, que costuma ser realizada através de uma ovariohisterectomia, ou seja, procedimento de retirada do útero e dos ovários. De cara, a cirurgia elimina o risco de câncer de útero e reduz em até 99%, segundo pesquisas recentes, a possibilidade do desenvolvimento de câncer de mama. A castração ainda diminui a chance da evolução de uma série de infecções uterinas e nos sistemas reprod utor e urinário. Com as quedas hormonais, a possibilidade de gravidez psicológica também é fortemente reduzida. Fora tais amplas vantagens à saúde do animal, também vale lembrar que

a castração significa o fim do cio - semestral em cadelas e que pode ocorrer até quatro vezes por ano nas gatas - e todos seus inconvenientes com o sangue, o uso de fraldas e situações desagradáveis durante passeios e com animais da vizinhança. Esses fatores podem se tornar ainda mais relevantes se você tiver uma gata daquelas acostumadas às famosas 'fugidas noturnas', que configuram um sério risco de sua gatinha passar por uma gravidez fora dos planos. Pesquisas indicando possíveis malefícios da castração à saúde do animal são escassas e pouco confiáveis, a maior preocupação deve se dar a um possível aumento de apetite, que pode desencadear em obesidade. Então, atenção

a alterações de peso e atividade física regular. Eles - Quando o assunto são os machos, os motivos para castrar vão em sentido distinto e a palavra chave é 'comportamento'. Muitos proprietários de cachorros sofrem com hábitos de seus amigos, como a demarcação de território através da urina, a constante excitação e picos de agressividade com pessoas e outros animais. Com a castração, que interrompe a produção de testostero na, essas questões são amenizadas e, em muitos casos, totalmente solucionadas. Ainda é importante ressaltar que não existem indícios confiáveis que apontem que o procedimento torne o cão menos

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apto a exercer atividades de guarda. Vale, também, lembrar que você evita a possibilidade - especialmente para os donos de gatos - de que seu amigo cruze com animais de rua, aumentando a população de animais abandonados nas nossas cidades. Do ponto de vista médico, a castração traz menos benefícios comprovados para os machos, sendo o principal a diminuição da chance de desenvolverem-se doenças de próstata. Macho ou fêmea, tais benefícios são mais confiáveis quando o animal for mais novo no animal no momento da intervenção. Quanto mais velho seu amigo for, maior a chance da cirurgia representar um risco. A conclusão é que a

medicina veterinária irá te dar muito mais motivos a favor da castração, mas essa sempr e será uma decisão a ser analisada e tomada por você, proprietário e guardião do seu bichinho, com a devida orientação do médico veterinário. Se decidir pela castração, lembre-se de procurar uma clínica de confiança e se atentar aos cuidados pós-operatórios. Ah, muitas prefeituras, em parceria com organizações não governamentais e clínicas veterinárias, inclusive em São Carlos, desenvolvem projetos incentivando procedimentos de castração a baixo custo; para saber mais a respeito você pode procurar o Canil Municipal ou consultar o site da prefeitura.


O que você precisa saber antes de ter um

FERRET V

ocê provavelmente conhece esse simpático bichinho; talvez não os conheça por "ferret", como no título da matéria, mas sim como "furões". Essa distinção é usada por que os furões comuns à fauna brasileira não são exatamente animais domésticos, diferente do que chamamos de 'ferrets', primos dos nossos furões e especialmente comuns como animal doméstico nos Estados Unidos - e cada vez mais por aqui. Chame como quiser, mas se você está pensando em ter um desses em casa há bastante coisa para se pensar antes de tomar essa decisão. Como sempre ressaltamos aqui no Bicho Amigo, abandonar um bichinho de estimação não é nada legal e, infelizmente, é especialmente comum com animais exóticos e/ou silvestres. Então, vamos a uma boa dose de informação para que você tome uma decisão consciente. Ter u m f err et no Brasil não é ilegal, mas procriá-los - ou tê-los em condição para tal - sim, logo a venda é permitida apenas através de importação e você deve comprá-los de um importador

autorizado, já castrados e com um microchip de identificação do IBAMA (Instituto Brasileir o do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Por tudo isso, seu preço não é baixo e um filhote costuma custar entre 1000 e 1500 reais - e vale a pena desconfiar de preços estranhamente baixos! Após adquirir um ferret é preciso ter a noção de que os gastos continuam existindo e, tal qual qualquer animal, podem se revelar imprevisíveis, como nos conta Gabriela Zimmer, 34, bióloga e dona de um casal de ferrets, a Branquinha e o Juquinha, de 4 e 6 anos de idade, respectivamente, "Saber se tem [na sua região] um veterinário que atend a-os é f undamental. A pessoa precisa poder comprar a ração que é cara [um saco de 5 quilos custa, em média, 300 reais e alimenta o casal de Gabr iela p or aproximadamente quatro meses] e arcar com custos de veterinário, caso precise [...] É como ter um filho, as suas priorida-

ras por dia e tem hábitos crepusculares, ou seja, pr ef er e ficar acordado em horários próximos ao pôr e nascer do sol; dormindo tantas horas por dia é claro que possui muita energia enquanto acordado, se revelando extremamente ativo durante esse período e necessitando de muita atenção, uma vez que tem o hábito de tentar entrar em b ur acos ( po dend o acabar preso), escalar mobílias, correr pela casa e praticar saltos. Então, por maior que seja a gaiola é indispensável que o seu furão passe algumas horas por dia livre pela casa e que você brinque com ele. Gabriela conta ainda que, nas suas palavras, o ferret é um bichinho "sem noção", podendo se machucar enquanto des mudam". Fora esses custos, há ainda as indispensáveis vacinas anuais contra raiva e cinomose e o investimento na compra de uma boa e espaçosa gaiola. Os hábitos de um ferret também são bem di-

ferentes dos mamíferos domésticos mais populares - ah, eles não são roedores!, mas sim mustelídeos, ou seja, parentes de outros animais bem simpáticos como as lontras e as doninhas. Um furão chega a dormir até 18 ho-

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brinca e se exercita, além de ser bastante sensível, então nada de deixar o animalzinho totalmente ao cuidado de crianças pequenas. Como já deve ter ficado claro a essa altura, um furão é uma ótima companhia se você tem tempo e energia para dedicar ao seu novo amigo; nada de achar que ele vai se comportar como um gatinho e ficar recebendo carinho no seu colo enquanto você assiste tevê, eles são oito ou oitenta, ou estão dormindo ou estão correndo e brincado pela casa. Se, depois dessas primeiras informações, você está pensando em adicionar essa graciosa novidade à sua vida, é bom dizer que nunca é demais procurar fóruns de proprietários nas redes sociais e veterinários habilitados para q ue, assim, você tome uma decisão totalmente consciente e bem informada.


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"Um novo amigo em nossa casa!

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udar o destino de um animal abandonado é tudo de bom. Mas futuros donos ainda tem dúvidas sobre o antes e o depois da adoção. E quando o assunto é levar um ou mais animais para a casa que já possui um cão ou um gato? Estas dúvidas tendem a aumentar e muitas vezes desestimular essa no va a doção. Minha ideia com este pequeno texto (e por experiência própria, afinal em casa temos 11 amigos de quatro patas, todos adotados) é passar algumas dicas valiosas para que novos animais possam ganhar um nova casa e uma nova vida. E melhor, sem devolução! Antes de introduzir um novo animal em casa, o dono deve se perguntar o por quê desta decisão. Um novo animal é uma segunda responsabilidade e requer tanto tempo e cuidado quanto o primeiro animal (ou até mais no caso de animais com necessidades especiais, idosos ou filhotes - sim filhotes dão mais trabalho pois tem muita energia!) Se a resposta para a pergunta for: porque meu filho/filha/marido/mulher/ sogra quer outro cachorro, ou porque meus vizinhos compraram outro

gato e estão muito felizes, então sugiro pensar melhor. Se a resposta é porque você não tem tempo de dar atenção ao seu animal atual, e com outro, o primeiro terá mais companhia, também não é uma boa ideia introduzir o segundo cachorro. Cães têm uma concepção de matilha e no caso dele ser o único animal da casa saiba que você é o líder desta matilha e ele considera sua companhia como essencial par a sua v ida. Desta forma, na cabeça deste cão, ele não está sozinho. Esta última resposta pode ser um pouco diferente no caso de um novo gato. Gatos funcionam melhor em duplas (esta é minha opinião e do especialista Jackson Galaxi) mesmo que você tenha a impressão de que um não interage com o outro, tenha certeza que eles são bons companheiros de solidão. Alguns fatos devem ser lembrados quando um novo animal esta para chegar em casa: espaço disponível, tamanho do animal, temperamento, sexo e, se possível, um breve histórico comportamental. Existe espaço suficiente em sua casa? principalmente se você pensa em adotar um animal de grande porte, pondere. Lembre também que os gastos com comida, veterinário, etc., serão

duplicados. Outro fator a levar em conta no momento de introduzir um segundo animal em casa é a personalidade do seu animal atual. Se é um animal dominante, com tendência a ser o macho alfa, ou fêmea alfa no caso de felinos, terá mais dificuldade em aceitar outro animal em seu território. Ponto importante é sempre adotar um animal castrado ou castrar esse animal assim que decidir pela adoção caso ele ainda não seja. Lembre que os hormônios demoram um tempo para "deixar de circular" e o animal venha a apresentar um comportamento mais tranquilo. Se o animal atual tem um círculo social reduzido, ele também terá mais dificuldades para aceitar uma nova companhia do que se estiver acostumado a brincar com outros animais. Além da personalidade do animal atual, é importante se informar também sobre a personalidade do novo

companheiro ou companheira. Se for um animal adotado de um abrigo, ONG ou centro de adoções, geralmente os colaboradores destes locais poderão informar sobre isso, para evitar introduzir um animal com personalidade muito diferente com o que você já tem.Dois animais submissos tendem a se relacionar melhor do que dois animais dominantes. A idade do animal também é importante . Se o seu cão é idoso ou está doente, ele pode não gostar de ter que dividir um espaço com um filhote, por exemplo. Filhotes tem uma GRANDE energia acumulada e tendem a querer brincar o tempo todo.Por outro lado, um cão jovem pode ajudar um adulto e sedentário a se mover e estar mais propenso a brincadeiras. Gostaria aq ui d e abrir um parêntese para defender a adoção de animais adultos. Com base na minha experiência de

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vida (nos últimos anos adotei somente animais adultos inclusive um gato de 16 anos e uma cadela de 11 anos) e nas informações que passei nos últimos parágrafos a adoção de um animal adulto tende a ser uma experiência fantástica!!!! Ao adotar um animal adulto você obtém informações sobre uma personalidade já formada e reações comportamentais que podem ser bem previsíveis (salvo animais resgatados das suas e colocados imediatamente em casa - estes deve ter um período de observação para entendermos seus trejeitos e trabalharmos sua personalidade) e, de certa forma, sabe o que está levando para casa. É fundamental que o dono dê carinhos constantes a ambos e mostre ao seu animal atual que contar com um novo companheiro é algo bom e prazeroso. Durante as primeiras semanas, ou meses de convivência, lembre que todos estão se conhecendo. Costumo lembrar para

as pessoas que o mesmo acontece conosco: já imaginou você sendo colocado em um apartamento com uma pessoa que nunca viu na vida e, a partir daquele momento vocês terão que dividir tudo: espaço, alimento, acomodações? Quer adotar um segundo (ou terceiro, ou quarto...) animal? Coragem e responsabilidade são essenciais, mas você não terá um problema se souber executar um dom milenar: paciência! E lembrar sempre que, nossos melhores amigos são irracionais (se bem que tenho minhas dúvidas quanto a isso) e muitas vezes não temos conhecimento do seu passado e seus relacionamentos com humanos e outros animais. Então, nesse caso, mais um dom deve ser posto à prova: o amor! Dito isso, boa sorte! Adotar e bom demais!" Lea Chapaval, Médica Veterinária, Ph.D.


Novidades em Dermatologia Veterinária cuidados são tomados quando fazemos em casa e devemos conhecer muito bem os profissionais que escolhemos para cuidar dos nossos Pet's. Por exemplo, durante os banhos (principalmente com shampoos terapêuticos) deve-se evitar ao máximo o uso de água muito quente, assim como de secadores convencionais de cabelo com ar quente, pois pode danificar o pelo, agredir a pele e com altas temperaturas

P

ergunte para o médico veterinário de seu Pet quantos atendimentos por dia envolvem problemas de pele, seja por causa primária ou secundária. Com certeza a reposta vai ser: boa parte dos atendimentos. E não é só de doenças relacionadas à pele, aos pelos, ao ouvido e etc. A área de estética veterinária também cresce muito atualmente. Acontece que nem sempre todos os

as bactérias e fungos podem se desenvolver mais facilmente. A proteção dos ouvidos dos cães é essencial durante o banho (para esses casos desenvolvemos algodões parafinados), assim como a limpeza dos ouvidos que deve ser realizada com certa frequência com soluções ceruminolíticas. Mu itas p esso as, para não dar banhos toda semana ou durante o inverno revezam os banhos com o banho-seco, que consiste em uma solução tecnicamente formulada para manter o animal limpo que vai embebida em uma espécie de lenço especial . Uma outra novidade é o Rímel Clareador de Manchas. Assim como os humanos, os cães produzem uma secreção para manter os olhos lubrificados e protegidos, o problema muitas vezes é a acidez dessa lágrima que pode causar essa mancha.

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Podem também aparecer ao redor do focinho, devido à saliva. As raças que mais apresentam as manchas são: Poodle, Maltês, Bulldog Francês, Bulldog Inglês e Shih Tzu, gatos de raça Persa embora ocorra normalmente em outras raças. Esse Rímel age de diferentes formas no pelo, impermeabilizando, neutralizando o pH e etc. Alimentação também pode ajudar em muitos casos. Para animais com

problemas dermatológicos em tratamento outra formulação que ajuda muito é o Complexo de Ômegas, uma solução balanceada entre ômegas 3, 6 e 9, que promove o estímulo da produção de colágeno e elastina, protegendo e recuperando mais rapidamente a pele e acelerando o crescimento dos pelos. Não é excelente apenas para os cães, mas também para os gatos. Pode ser administrada direto na boca dos animais ou colocada com a ração, pois é aromatizada. Acompanhe nossa coluna e mande sugestões de temas.


ESPECIAL

Fazenda Santa Elisa: exemplo de agronegócio Fotos: Jornal Bicho Amigo

Q

uem passa no km 124 da rodovia Vicente Botta, entre São Carlos e Descalvado, e de cima olha a fazenda Santa Elisa imagina que ela é bem bonita. Mas quem entra na propriedade, vê que ela é muito mais bonita do que vista da estrada. Logo na entrada fomos recebidos por dois canários que nos seguiram até a única porteira fechada da fazenda, que é explorada por quatro irmãos. São mais de 30 alqueires e cada irmão tem o seu agronegócio. Um deles montou um haras, com uma pista da prova dos Três Tambores, famosa nos circuitos de rodeio pelo país, onde ele dá aulas para alunos principalmente de São Carlos e Descalvado, mas

também de outras cidades. Ao lado da pista tem um grande quiosque de madeira, muito bem equipado para receber os visitantes em dias de competição. O segundo irmão usa a sua parte na fazenda para o plantio de canade-açúcar e o terceiro cria gado de corte. E tem o Surlei Dituri, 54 anos, piscicultor, o quarto irmão e personagem desta nossa reportagem. Surlei tem na propriedade nove tanques gigantescos onde engorda peixes para revender para os "pesque pague" de todo Estado. Negócio que começou pequeno na década de 80, hoje tem sua produção 100% vendida com tranquilidade. "A pesca esportiva

Dituri mostra caixa térmica para transporte

O local é muito bonito com a sede da fazenda no alto

ganh a cada v ez mais adeptos e faz do nosso negócio um bom negócio", diz Dituri. Quando começou, com três tanques, o local era um pesque pague e inclusive tem sua estrutura de bar e restaurante muito bem conservada ate hoje, mas no início dos anos 90 ele resolveu partir para a engorda, apos-

ta que h oje d iz mu ito acertada. "Começou a abrir pesque e pague em todo canto e então resolvemos engordar o peixe para abastecê-los", conta. Surlei conta que o peixe a ser engordado é o "da vez". Já engordou muito dourado e carpa, mas os peixes da vez são tilápia e o "peixe redon-

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do", se referindo a Patinga, um peixe derivado do Pacu, encontrado apenas em tanques de pesque e pague. O processo de engorda é bem simples, mas exige muitos cuidados com a temperatura e qualidade da água. Aeradores ligados a temporizadores ajudam a manter a oxigenação e o trato chega a

ser feito até cinco vezes por dia, dependendo da época. "No inverno menos, no verão mais", explica Dituri, que tem um trator próprio para jogar a ração nos tanques. Dituri conta que a tilápia com seis meses já tem tamanho e peso para ser vendida para o pesque e pague, e a Patinga demora um ano. "É um


ESPECIAL

Tilápia engorda em seis meses

Os tanques são grandes e cada um deles conta com sistema especial de oxigenação da água, com aeradores ligados a temporizadores

p eixe maior, d e mais peso, en tão leva mais tempo", diz. A venda é garantida. "Já tenho uma clientela formada e é pra eles que vendo toda minha produção". Dituri tem um caminhão próprio para a entrega, equipado com caixas térmicas d e fib ra, com sistema de oxigenação próprias para o transporte, e tem um parceiro comercial, que faz a grande parte da logística do

negócio. "A maior parte é ele que faz". Ampliação por enquanto não, pois segundo Dituri, as exigências ambientais, uma legislação nova, e os atuais custos altos, dificultam uma expansão, mesmo sendo um bom negócio. O último investimento feito por Dituri foi um sistema de vigilância com infravermelho. "Tenho monitoramento 24 horas por dia com sistemas de alarme e de vigi-

lância por câmeras e graças a Deus não tenho tido nenhum problema com invasores", finaliza. Quem quiser conhecer o local, ele fica pertinho no km 124 da rodovia Vicente Botta, entre São Carlos e Descalvado. Fique sabendo que encontrará um local muito limpo, bem organizado e de gente simples e honesta, que trabalha duro para ganhar o dia, e que receberá você de braços abertos.

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Uma breve história do que sabemos sobre a

domesticação dos gatos V

ocê pode até nunca ter lido sobre, mas tente pensar sobre a domesticação dos cães… Não é tão difícil, cer to ? Lá estav am o s mamíferos canídeos - mais especificamente o lobo cinzento, há cerca 500 mil anos - e o homem começou a se relacionar com eles, percebendo, ao longo do tempo, as mil e uma utilidades desse animais; os lobos - e depois os cães - se revelaram ótimos ajudantes para caça e pesca, demo nstrar am for ça e atleticidade suficientes para puxarem trenós e carroças, capacidade de se tornarem ótimos pastores e, enfim, simplesmente companheiros incríveis, domesticáveis e leais. Ai você junta tudo isso com um processo de seleção artificial (lembra das au-

las de biologia?) e chegamos a essa enorme variedade de raças de cachorros que temos hoje - e, convenhamos, é incrível olhar para um chihuahua e um lobo moderno e pensar que, caramba, há ali um ancestral comum. Assim temos uma boa - e lógica! - história que podemos desenvolver mais em uma outra edição. Agora pense, honesta e sinceramente, sobre nossos amigos felinos; por que e como os domesticamos? Que tipo de relação foi constituída ao longo dos últimos milênios entre humanos e gatos? O que oferecemos a eles e o que recebemos em troca? Por fim, repare, um gato moderno não é lá tão diferente de um gato selvagem, certo? De fato, essa é uma história de muitas dúvidas

e nem tantas respostas. Por muito tempo se aceitou uma teoria simples: conforme populações humanas passaram a abandonar a vida nômade e viver de maneira sedentária nas proximidades do Rio Nilo, no que viria a se tornar a sociedade egípcia, se desenvolveu a agricultura e se passou a estocar alimentos como o trigo e a cevada. Esses estoques de comida teriam passado a atrair roedores e esses roedores a atrair felinos selvagens que, desde que não fossem agressivos, passaram a ser "tolerados" pelos habitantes dessas vilas da antiguidade - e tudo isso teria rolado uns 4 mil anos atrás. A história é boa e bonita, e até tem lá ótimos argumentos, como a deusa egípcia Bastet, que possui aspectos felinos, e os muitos gatos que foram encontrados mumificados na região. Por isso tudo acreditava-se que o gato doméstico como conhece-

mos era descendente do gato selvagem africano. Tudo muito bom, tudo muito redondo, certo? É, pelo menos até uma descoberta e um estudo da década de 2000. Em 2004, o arqueólogo Jean-Denis Vigne, do Museu Nacional de História Natural de Paris, descobriu dois esqueletos enterrados próximos e apontando na mesma direção, ao oeste, no Chipre, um homem e um gato de 8 meses. Algumas informações extras tornam tudo mais interessante: a datação dos ossos indicou que eram de aproximadamente 9,5 mil anos atrás, é natural pensar que dificilmente um animal selvagem receberia honras funerárias e, por fim, o Chipre é uma ilha e não possui gatos como parte da sua fauna nativa, ou seja, esse bichano chegou lá em alguma embarcação e ninguém em sã consciência levaria um gato selvagem como companhei-

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ro de viagem. Já um estudo de 2007, publicado na revista Science, analisou o DNA de mais de 10 mil gatos, domésticos e selvagens, e revelou que, na verdade, os gatos domésticos são geneticamente mais próximos dos gatos selvagens do Oriente Médio que daqueles oriundos da África e que, de toda forma, os nossos gatos ainda são extremamente parecidos com os gatos que estão soltos por

ai em matos e florestas. Esse quebra-cabeça felino ainda tem peças faltantes, mas já contam uma história bem diferente daquela que tivemos com os cães. Ao que tudo indica, a relação entre humanos e gatos se desenrolou de modo muito mais acidental do que com cachorros - talvez simplesmente tenhamos aceitado os gatos quando esses se aproximaram de nós, e nem pedimos nada em troca.


ADOTAR É TUDO DE BOM ADOTAR É TUDO DE BOM 1

3

2

Fred: castrado, vacinado e vermifugado. Porte médiopequeno. Tem uns 4 anos

4

6

Udi - filhote, 6 meses, porte médio Pepa

Gobi - filhote, 6 meses, porte médio

7

Jujuba: 2 anos porte médio-pequeno

Um destes aqui pode ser seu próximo amiguinho. Adote-o. Entre na página do facebook da CACHORRO AJUDA DE SÃO CARLOS e demonstre seu interesse.

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ADOTAR É TUDO DE BOM ADOTAR É TUDO DE BOM 01

Super

Rubi

02

04

05

03

Eddie

Tobias

Isis

Pretinha

Um destes aqui pode ser seu próximo amiguinho. Adote-o. Entre na página do facebook da PATRULHA ANIMAL DE SÃO CARLOS e demonstre seu interesse.

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Peludo que não se coça vive mais feliz

A

coceira em demasia é um incômodo crescente e contínuo que rouba toda a atenção do seu cão ou gato. Seu pet passa a deixar seus hábitos naturais de lado para se mordiscar e se lamber. Deixa de comer, brincar e até dormir para se coçar. Deixa de interagir com você e sua família. Deixa de achar a vida boa e engraçada. Tudo se torna um fardo a ser carregado. Com o “comichão” instalado, a fome negligen-

ciada, o sono perdido e o distanciamento autoinfringido, o peludo fica de mau humor... Muitos se tornam agressivos, principalmente com as crianças e outros animais. O cão late mais, destrói as coisas, se torna possessivo com seus objetos. É a fúria interna, pela coceira externa. Você, um tutor atarefado , não percebe a causa real do problema. Incomoda-se com o comportamento alterado e com o barulho da coceira. Acredita que seu animal

lambe as patas só para chamar a sua atenção e, por isso, passa a lhe dar broncas. E seu pet,que é muito esperto, vai se coçar escondido ou quando você estiver dormindo! Os dias de coceiras se perpetuam e as lesões vão se tornando aparentes. Você vê tufos de pelos pela casa, áreas avermelhadas pelo corpo e percebe um mau odor que exala do animal!É neste momento que a sua ficha cai: seu peludo está pelado! O cão e o gato pela-

do passam então a sofrer preconceito. Os vizinhos acreditam que é sarna ou outra doença contagiosa (pode até ser que estejam corretos). As mães impedem as crianças de se aproximarem. As pessoas te “olham torto”, você é julgado e o banhista se recusa a atender o animal naquele estado. Portanto caro leitor, não se engane! Se a coceira faz parte da vida do seu animal de estimação, saiba que que a sua própria qualidade de vida já

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mudou, e para pior....! Peludo que não se coça vive mais feliz! E sua família também!

Anna Karina Lima, médica veterinária, formada pela USP e dermatóloga há 11 anos Jornal Bicho Amigo


Siamês

Corpo esbelto e de pelos curtos e claros; rosto, orelhas, patas e rabo de um castanho escuro quase preto; os olhos, enfim, normalmente azuis e estrábicos. Claro que estamos falando de uma das mais icônicas raças de gatos, os siameses, mas você sabe de onde eles vieram e qual a história deles? Vamos começar pelo nome! Siamês é uma referência ao local originário desses bichanos: o reino de Sião, atualmente Tailândia. Poemas daquela região descrevem gatos com características similares aos siameses modernos desde o século XIV e eles são citados como companheiros da nobreza local, além de protetores de relíquias da corte. Uma das lendas locais diz que de tão compenetrados em vigiar os vasos da realeza acabaram ficando, para sempre, com os olhos cruzados. Lendas a parte, os primeiros registros sobre os gatos siameses cá pros lados do ocidente se dão por volta de 1871, em Londres, numa exposição em que teriam sido descritos como "não naturais" e "um pesadelo". Após a primeira impressão não muito boa eles voltariam a ser exibidos em 1885, após a irmã do consul inglês na Tailândia receber um casal de siameses do irmão - dessa vez eles cairamm no gosto dos europeus e depois, no começo do século XX, dos americanos. Hoje os siameses constituem a raça de pelo curto mais popular dos EUA e a terceira mais popular do mundo!

Livro F de Falcão, Helen Macdonald Quando o pai de Helen Macdonald morreu subitamente nos idos de 2007, a escritora e acadêmica inglesa resolveu encarar o luto revisitando a grande paixão da sua infância: a falcoaria, ou seja, a arte de criar e treinar falcões. É essa história, excêntrica, tocante e real, que nos é contada em F de Falcão, bestseller e sucesso de crítica nos Estados Unidos que está sendo lançado no Brasil pela editora Intrínseca. Macdonald, inclusive, esteve no Brasil nesse mês de julho, na última edição da FLIP (a Festa Literária Internacional de Paraty), falando sobre a obra numa das mesas do evento e distribuindo autógrafos - lá, a escritora contou que o livro narra não só sua maneira incomum de encarar o trabalho de luto, mas também como uma vida dedicada a um açor, uma das espécies mais agressivas de falcão, levou-a a um processo de distanciamento da sua própria humanidade, ao mesmo tempo em que ela humanizava Mabel, sua ave de rapina de estimação. Imperdível. Título F de Falcão - Editora Intrínseca Preço R$ 44,90

Filme Blackfish - Fúria Animal Que as orcas não são baleias, mas sim golfinhos, (quase) todo mundo sabe. O que também é de conhecimento geral é que em uma visita à cidade de Orlando, na Flórida, EUA, você terá a oportunidade, entre outras coisas, de visitar o Sea World, parque aquático que tem entre suas principais atrações as apresentações envolvendo treinadores e mamíferos marinhos, como as orcas. O que Blackfish, documentário de 2013 dirigido pela americana Gabriela Cowperthwaite e disponível na Netflix, traz de novo é um pouco do que acontece por trás das famosas apresentações. A partir da história de Tilikum, umas das orcas do parque que já teria matado três pessoas, o filme nos apresenta uma emocionante investigação sobre o uso de animais selvagens para o entretenimento humano e as questões éticas e de segurança que residem por trás desses espetáculos.

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"Cachorros não podem comer chocolate!" O cacau, planta através d a qual se produz o chocolate, po ssui entre suas substâncias a teobromina, um alcalóide que, nos humanos, é normalmente inofensivo, sendo metabolizado sem dificuldades pelo nosso fígado e que tem, inclusive, usos medicinais, já que é um estimulante do sistema nervoso e cardiovascular e um dos responsáveis pelas boas sensações que sentimos ao comer chocolate. Infelizmente, tudo isso pode ser muito perigoso quando falamos dos nossos amigos caninos. Como os cães metabolizam a teobromina de maneira extremamente lenta, a substância se torna um verdadeiro veneno para eles, podendo causar crises alérgicas, arritmia cardíaca, aumento da pressão arterial, convulsões e, em grandes quantidades, coma e morte. Quanto mais "puro" o chocolate maior a quantidade de teobromina, maior o perigo e menor a quantidade de chocolate necessária para fazer mal ao seu cão. Em outra palavras, chocolates amargos são os mais tóxicos, enquanto o chocolate branco representa um risco menor. O problema é tão sério que a Dog Help Network, grupo dos Estados Unidos, alerta que por lá o Dia dos Namorados (a data que mais se consome chocolate por aqueles lados) é um dos dias no ano em que mais pessoas dão entrada em prontos-socorros veterinários com seus cães passando mal, tudo por causa do bendito chocolate. Então, já sabe, nada de ficar com dó e dar "só um pedacinho". Ah, em caso de ingestão acidental, já para o veterinário. Veredito: verdade


Envie sua foto com seu bichinho para fotinhos@jornaldobichoamigo.com.br que publicaremos gratuitamente

Ametista

Isabella e seu coelhinho Fred

Belinha - 8 anos

Sofia - 8 anos

Raika

Zeus

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Envie sua foto com seu bichinho para fotinhos@jornaldobichoamigo.com.br que publicaremos gratuitamente

Elisabeth e sua Peppa

Lupy

Jhonny - 15 anos Thor

Sarita - 9 anos

Vani

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Mel


OPINIÃO

Cinomose: O que é ? Tem cura, mas pode ser fatal, prevenir é o melhor caminho Aline Becaro * É uma doença viral, ou seja, provocada por um vírus o CDV (Canine Distemper Vírus), esse atinge animais com sistema imunológico enfraquecido, por isso atinge mais a filhotes e animais em idade avançada. Filhotes devem portanto serem vacinados com V8 ou V10 (3 doses como prevenção) e não devem sair nas ruas antes disso ou ter contato com animais doentes ou não imunizados, é preciso o iso-

lamento do animal antes da vacinação completa. Por ser uma doença viral, pode ser confundida com outras doenças quando na fase inicial, apresentando como principais sintomas iniciais: diarreia, vômitos, espirros e secreção nasal e ocular podendo evoluir rapidamente para febre alta, pústulas e pneumonia. No estágio mais avançado, atinge o sistema nervoso do animal gerando tiques nervosos,

esp asmos muscular es, convulsões e coma. Uma vez nesse estado, há poucas chances de reversão e caso ocorra o animal pode ficar com sequelas. A demora muitas vezes em seu diagnóstico a torna uma das doenças caninas com maior taxa de mortalidade - 85%. A transmissão ocorre através do contato direto com secreções do nariz e boca de outros animais já infectados ou pe-

las vias aéreas ao respirar o ar e pelo ambiente contaminado. Por isso quando há outros animais sem vacina é necessário fazer o isolamento do animal, e uma limpeza no ambiente, mas isso não garante ainda que outros animais não apresentem os sintomas. O vírus é sensível fora do corpo do animal, não sobrevivendo nessas condições, seu tempo no local é de aproximada-

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mente 3 meses. Mas isso não descarta a necessidade de uma desinfecção do ambiente. A limpeza do ambiente contaminado pode ser feita com desinfetantes, mas é importante que a orientação parta de um veterinário como esta deve ser feita. Roupas, caminhas, tudo que era do animal deve ser jogado fora e se possível incinerado para que não acometa outros animais. Existe cura? Sim, existe cura, muitas são as formas de tratamentos, a melhor quem deve orientar é sempre o veterinário, mas a recuperação e o sucesso dela depende muito do sistema imunológico do seu animal. Mas infelizmente em muitos casos a pouca chance de sobrevivência. E quando o pior ocorre, o que fazer com o corpinho do animal? O ideal é que o animal seja cremado para evitar que haja uma contaminação ambiental. Procure uma clínica veterinária e converse com o veterinário sobre o destino correto. O aterro sanitário não é a melhor opção, pois pode vir a gerar a contaminação do solo e água subterrâ-

nea. A cremação é a melhor opção, higiênica e segura para a comunidade. Portanto, não deixe de vacinar os animais. Essa é a melhor forma de evitar que ele fique doente e sofra. Mesmo animais adultos podem contrair a doença, a vacinação anual, o chamado reforço é muito importante. Previna o seu 'cãopanheiro' para que tenha uma vida longa e saudável.

* Aline Becaro, 34, farmacêutica, faz parte da diretoria da ONG Cachorro Ajuda de São Carlos


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