Jornal Bicho Amigo, edição 03

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São Carlos, 28/08/2016 l

Ano 1 l Edição 03 l Distribuição gratuita l 8.000 exemplares

O que eles podem ensinar Fomos conhecer um colégio que acredita na educação infantil associada ao contato diário com animais


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09 de setembro, dia do Médico Veterinário. Nossa singela homenagem.

JORNAL BICHO AMIGO nº 03 de 28/08/2016 é uma publicação mensal da Editora Santa Rosa de Viterbo Redação: rua Santa Isabel, 250 - sala 2 Santa Isabel - São Carlos-SP Fone (16) 3368 3435 Tiragem de 8 mil exemplares Distribuição gratuita Periodicidade mensal Circulação em São Carlos Próxima edição: 25/09/2016 Editor: André Moussa Mtb 34286 redacao@jornaldobichoamigo.com.br Comercial: Rodrigo Almeida cel.99340.8008 André cel. Claro 99300.2502 / oi 98855.9438 comercial@jornaldobichoamigo.com.br andre.bichoamigo@outlook.com Freelancer: Vitor Almeida, Caique Peruch e Michael Dias Barbosa Colaboradores: Fernando Simões de Vicente e Aline Becaro Artigos assinados são responsabilidade de seus autores, não representando necessariamente a opinião do jornal.

Pensando bem... ... ser médico veterinário não é só cuidar de animais. É, sobretudo amá-los, não ficando somente nos padrões éticos de uma ciência médica. Ser médico veterinário é acreditar na imortalidade da natureza e querer preservá-la sempre mais bela. Ser médico veterinário não é só ouvir miados, mugidos, balidos, relinchos e latidos, mas principalmente entendê-los. É gostar de terra molhada, de mato fechado, de luas e chuvas. Ser médico veterinário é não importar se os animais pensam, mas sim que sofrem. É dedicar parte do seu ser à arte de salvar vidas. Ser veterinário é aproximar-se de instintos. É perder medos. É ganhar amigos de pelos e penas, que jamais irão decepcioná-lo. Ser médico veterinário é ter ódio de gaiolas, jaulas e correntes. É perder um tempo enorme apreciando rebanhos e voos de gaivotas. É permanecer descobrindo, através de animais, a si mesmo. Ser médico veterinário é ser capaz de entender rabos abanando, arranhões carinhosos e mordidas de afeto. É sentir cheiro de pelo molhado, cheiro de almofada com essência de gato, cheiro de baias, de curral, de esterco. Ser médico veterinário é ter coragem de entrar num mundo diferente e ser igual. É ter capacidade de compreender gratidões mudas, mas sem dúvida alguma, as únicas verdadeiras. É aliviar olhares, é lembrar de seu tempo de criança e querer levar para casa todos os cães vadios e sem dono. Ser médico veterinário é conviver lado a lado com ensinamentos profundos de amor e vida. "Todos nós podemos nos formar em medicina veterinária, mas nem todos serão veterinários" (fonte: EQUIPE VETERINÁRIA DA UNIVERTIX)

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Como devo transportar o meu ‘bichano’? Atualmente, shoppings, clubes de campo, restaurantes, cafés e outros lugares permitem que animais d e estimação acompanhem seus donos em passeios e refeições. A ideia de sair de casa e deixar o seu bichano sozinho nunca agrada, principalmente quando se trata de uma viagem. Afinal, ele faz parte da família e não seria justo deixá-lo em casa. Porém, alguns cuidados devem ser tomados antes de transportar o seu animal, para que ele e o seu bolso não acabem machucados. ''O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não apresenta uma forma obrigatória para transporte de animais, apenas apresenta sanções no caso de transporte à esquerda do motorista ou entre as pernas e baços (art. 252)'', esclarece Paulo Cesar Garcia Bernardo Filho, pós-graduado em direito penal e ativista da causa animal. O Código de trânsito brasileiro contém apenas duas sanções sobre o transporte de animais. ''II

- transportando pessoas, animais ou volume à sua esquerda ou entre os braços e pernas; (art. 252)'', configura infração média, com penalidade de quatro pontos na Carteira Nacion al d e Habilitação (CNH) e mais R$ 85,13 de multa. ''Conduzir pessoas, animais ou carga nas partes externas do veículo, salvo nos casos devidamente autorizados: (art. 235)'', caracteriza infração grave, com penalidade de cinco pontos na CNH e mu lta de R$ 127,69, além da retenção do veículo para transbordo. ''Essa é uma carência do CTB que deveria ser sanada pelo legislativo'', ressalta o advogado Paulo César, que prevê dificuldades na tentativa de recursos em casos de in fr ações deste tipo : ''quanto ao recurso, é complicado se ter êxito, visto que se torna impossível produzir prova contrária à palavra da autoridade que lavrou a infração''. Mas, assim como os humanos precisam usar o

cinto de segurança, existem alguns acessórios necessários para garantir o bem estar do animal durante o transporte. Esses acessór io s variam d e acordo o animal e o tamanho do pet transportado. Para cães de grande porte, o indicado é o cinto de segurança, diminuindo o risco de ferimentos no animal em caso de acidente. Cadeiras e assentos são ideais para cães e gatos d e pequ en o e médio porte,F e são preparadas com coleiras do tipo peitoral. Grades de contenção são divisórias de metal que podem ser colocadas para separar o portamalas do banco traseiro, entre os bancos dianteiros ou ao lado das janelas. O acessório, porém, não garante que em uma freada brusca ou em uma curva acentuada seu animal não irá se machucar, já que o bicinho fica desprendido na área destinada à condução. As caixas de transporte também estão à venda e são encontradas em diversos tamanhos, que se

adaptam melhor a cada animal. As caixas devem ser feitas com material resistente e com bastante ventilação. Devem ser levadas sempre presas ao cinto de segurança do veículo. Já os peixes devem

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ser transportados sempre em sacolas plásticas adequadas, com pouca água no seu interior e com extremo cuidado para evitar o rompimento do plástico. Os pássaros podem ser conduzidos em uma

gaiola coberta para evitar que o animal se assuste durante o percurso. Dessa maneira, seu pet pode te acompanhar par a qu alqu er lugar e sem o menor risco de acidentes ou multas.


Crianças e animais: uma relação que só pode dar certo “Eles crescem e entendem que precisamos cuidar e respeitar a natureza" A interação entre crianças e animais dentro de escolas se torna cada vez mais frequente no Brasil. As instituições educacionais que adotam essa estratégia pedagógica buscam ensinar às crianças a importância do respeito ao meio ambiente e a outras formas de vida. Além de auxiliar o tratamento de doenças como o autismo e o câncer, a convivência com os bichinhos de estimação ou até mesmo com animais silvestres também estimula crianças retraídas e tímidas. "Com os animais, as cr ianças n ão apresentam a mesma timidez que apresentam com as pessoas. Uma criança tímida, mesmo que tenha essa dificuldade de interação com os colegas, age de forma diferente com o animal", explica Fernanda Ciciliano, pedagoga e proprietária da escola Planeta Kids, em São Carlos. Como constatado em pesquisas científicas, os animais têm real influência no desenvolvimento educacional e no organismo das crianças. O convívio com um cão, por exemplo, pode diminuir consideravelmente o nível de estresse de um jovem e causar a liberação de hormônios relacionados ao prazer. Fundada em 2003 e idealizada pelas irmãs Lu-

ciana Imparato e Fernanda Ciciliano, a escola Planeta Kids, que hoje oferece Educação Infantil e Ensino Fundamental I, trouxe um plano pedagógico inovador para a cidade de São Carlos. Luciana e Fernanda criaram uma horta orgânica e uma fazendinha dentro da escola, para que os alunos possam interagir com animais. "Além do trato e os cuidados com as crianças, nós sempre gostamos muito de animais", conta Luciana, administradora e proprietária da Planeta Kids. Nos d ias atuais, mesmo em cidades interioranas, como é o caso de São Carlos, poucas crianças têm contato com uma variedade de animais em suas casas. No entanto, esse não foi o caso das duas irmãs, como narra Fernanda Ciciliano: "Nós vivíamos na cidade durante a semana e nos finais de semana íamos para o sítio. Lá tínhamos cavalo, coelhos, porcos, vacas e galinhas. Nós entrávamos no chiqueiro, cavalgávamos e tirávamos leite das vacas. Sempre tivemos muito contato com os animais e sabemos como isso foi bom para nossa infância". E então foi montada a fazendinha Planeta Kids, onde o grande xodó é o Astro, um carismático Mini-Horse que chegou à

esco la n o co meço d e 2016. A pequena cabra Magali, quatro coelhos e uma calopsita fazem companhia ao cavalinho. Duas vacas também já fizeram a alegria dos alunos, mas fo ram do adas po rq ue cresceram mais do que o esperado. Luciana e Fernand a esclarecem que avaliam o porte físico e o histórico dos animais antes de incorporá-los à escola. Sempre são escolhidos os pequenos e dóceis. Todos os bichinhos são periodicamente vacinados e vermifugados, passam por exames e consultas com veterinários para garantir a saúde dos animais e também das crianças. Há dois funcionários da escola que cuidam exclusivamente dos animais. Robinho e seu Amadeu dão comida, banho e conduzem os animais no percurso entre a escola e o piquete, onde passam a maior parte do tempo. Em um momento de instabilidade na relação entre humanidade e natureza em todo mundo, a Planeta Kid s pr ocur a conscientizar seus alunos, para que todos tenham os cuidados necessários com o meio ambiente. As questões e discussões em torno dos problemas causados pelo homem à fauna e flora do planeta podem

ser co mp lexas, porém, de acordo com a pedagoga Fernanda, os professores da escola são -carlen se conseguem orientar os alunos de maneir a leve e natural: "sempre que eles pisam em uma planta ou tentam arrancar uma folha, nós aproveitamos para ensin á- lo s. Eles cr escem co m esse senso de resBruna brinca com a cabra e o mini-horse e p o n sab ilidad e. é observada pelo coelhinho embaixo do cocho Enten dem qu e precisamos cuidar e res- rato e Fernanda Ciciliano projeto Planeta Verde, peitar a natureza". A pro- relevam que logo a Plane- com o objetivo de "adeximidade e a harmonia ta Kids possibilitará que as quar a escola aos novos com os animais faz com crianças de dois a quatro padrões mundiais de conque as crianças se acos- anos façam pequenos pas- sumo, uso de recursos e tumem com variadas for- seios montadas no Mini- redução do desperdício". mas de vida. Segundo Fer- Horse Astro. Já os alunos O programa consistiu em nanda, a escola também do Ensino Fundamental I, uma série de palestras sose preocupa em mostrar que estão acostumados bre temas relativos ao aos alunos que a diversi- com os animais há mais meio ambiente, como redade humana deve ser tempo, têm maior liberda- ciclagem de lixo, preserrespeitada: "nós trabalha- de para brincar com Astro, vação da água e combate mos bastante a questão Magali e Cia. Fernanda à dengue, todas ministradas diferenças entre o pró- explica: "uma criança mui- das pelo biólogo e educaprio grupo". to pequena não sabe que dor ambiental Fábio MaO contato com os não pode puxar o rabo e theus. Com essa iniciatibichinhos é conduzido de colocar a mão no olho dos va, a Planeta Kids buscou maneiras específicas de animais", e acrescenta: "se reforçar os conceitos já acordo com a idade das acontece alguma situação lecionados aos alunos no crianças. Os alunos de que nós percebemos que dia a dia, com o intuito de Educação Infantil intera- não é adequada, nós apro- que eles sejam ambientalgem com os animais sem- veitamos para explicar o mente responsáveis tampre acompanhados de pais que não pode ser feito". bém fora da escola. Todo ou professores, normalo projeto foi pautado pelo mente na entrada e saída A Planeta Kids, no lema "Pensar globalmenda escola. Luciana Impa- ano de 2014, realizou o te, agir localmente".

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Raça do mês: o American Pit Bull Terrier Nas últimas edições o espaço "Raça do Mês" contou um pouco da história e das curiosidades sobre algumas das mais populares raças de cães e gatos, dos lhasas ao gato siamês, mas nessa edição trazemos um especial para você, amigo leitor. Falar do American Pit Bull Terrier - ou, apenas, Pit Bull - exige tempo, espaço e cuidado, pois a raça, com raízes na Europa e consolidada nos Estados Unidos, é uma das mais polêmicas da nossa ép oca, ro deada de amantes e d etratores, bombardeada diversas vezes por jornalistas e políticos pouco informados, enquanto proprietários orgulhosos faziam seus autos de defesa cada vez mais apaixonados e inflamados e com boas doses de exagero ou má fé. Para encarar esse vespeiro - hoje um pouco mais calmo - nossa equipe

de reportagem marcou um longo café numa manhã nublada de sábado com Fábio Quio Takao, 44, estudioso da raça, proprietário de pitbulls há 20 anos, membro do Pit Bull Clube do Brasil e do Clube do American Pit Bull Terrier do Estado de São Paulo, árbitro de exposições de cães, além de ser autor do livro "O Pit Bull invade, a introdução da raça no Brasil". Em um papo pra lá de franco, Fábio não fugiu de polêmicas e fez uma análise histórica e cinológica em que muitas verdades incovenientes são confrontadas. Das rinhas - A história da raça, aqui, se choca, inevitavelmente, com a própria história dos bloodsports, ou seja, a longa tradição humana de "esportes" sangrentos, observável desde os coliseus da Roma Antiga com suas tão retratadas batalhas entre ho-

mens e leões. Ao longo dos séculos, a tolerância humana foi, lentamente, mudando o que era aceitável dentro dessas atividades; quando passo u-se a enxergar como suficientemente errado a atividade original, humanos foram trocados por cachorros, novos responsáveis por se digladiarem com animais maiores e mais fortes; quando conseguir tigres, leões ou ursos se tornou trabalhoso demais, bois se tornaram uma opção mais prática e viável - e dai teria se originado o nome bull [boi, em inglês] dogue -; quando, enfim, tais espetáculos de barbárie pública foram colocados na ilegalidade, a solução foi fugir para os fundos de bares e tavernas, diminuir as proporções e colocar cães para pelearem animais men ores, como macacos e texugos, e, por fim, para brigarem

entre si. Enquanto isso, donos e espectadores bebiam e apostavam - agora também desfrutando dos prazeres e riscos do proibido. Já na Idade Moderna, o caráter ilícito da atividade e os gastos de manutenção fez, por fim, com que se buscasse cachorros menores, e essa procura teria levado ao animal que se tornaria o pit bull moderno. Quem explica é Fábio: "alguns autores acreditam que o pit bull moderno é descendente direto do bulldogue, a unica coisa é que o bulldogue foi diminuindo de tamanho [através da seleção artifi-

Vader – Um dos cães de Fabio Quio Takao. Considerado um dos pit bulls com melhor estrutura do Brasil. Com físico leve (24kg) e musculatura definida conforme descreve o padrão original da raça

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cial]; outros autores acreditam que o pit bull moderno é a mistura do bulldogue com o terrier inglês." Aos poucos se chegaria a um cachorro leve com menos de 25 quilos -, ágil, com uma mordida proporcionalmente forte e capaz de sustentá-la por até 40 minutos. A forma final da raça seria alcançada apenas do outro lado do Atlântico Norte, com a imigração de ingleses e irlandeses para as colônias inglesas que viriam a constituir os Estados Unidos da América. Para lá os colonos levariam não apenas sua força de trabalho e sonhos, mas também suas

marcas culturais e sociabilidades, inclusive seus cachorros e suas rinhas. Já nos EUA, a raça passaria a ganhar os contornos modernos. Cães muitas vezes indefinidos que chegavam da Europa iam, pouco a pouco, se destinando às atividades do campo ou às brigas clandestinas e, dessa separação final, os colonos ingleses, neófitos do Novo Mundo, acabariam criando, de um lado, o bulldogue americano e, do outro, o pit bull. Já no final do século 19, em 1898, é fundada a United Kennel Club (UKC), um clube destinado a fomentar a criação e o combate entre pit bulls.


"Dizem 'não é do padrão pit bull morder gente', não é!, mas isso não é uma qualidade selecionada. O pit bull não morde gente por que foi selecionado para brigar. Não selecionavam cachorro manso com gente por que o cara [que selecionava a criação] era bonzinho, mas por que queriam que mordesse outros cachorros."

Trovão, oprimeiro Pit Bull do Brasil a obter título de CT-1 –prova que avalia obediência, faro e proteção. Além desse título de “trabalho”, Trovão também venceu 2 exposições de estrutura e beleza que avalia se o cão está dentro da descrição do padrão oficial da raça e, portanto, foi um cão com todo potencial da raça explorado. O que Fábio conta, e acredita, é que com a crescente repressão às rinhas e a intensa popularização da raça, a seleção de outros tempos, estritamente voltada às brigas, foi sendo abandonada e se tornando difusa, resultando em uma série de caraterísticas incidentais, ou seja, que não foram exatamente planejadas, porém amplamente positivas para os padrões atuais - um cão sociável com humanos, especialmente tolerante com crianças, fiel e companheiro. A certa altura, inclusive, característica estéticas se tornaram mais importantes que as comportamentais, levando à seleção de cachorros com

características que, hoje, marcam a raça, como a cabeça grande, porte avantajado, pesando bem mais que os pit bulls clássicos e com colorações específicas. Além disso, associações como o American Kennel Club (AKC), radicalmente contrárias às rinhas, passaram a aceitar pit bulls voltados para as exposições, mas agora sob o nome de american staffordshire terrier, como forma de diferenciá-los dos cães de briga - o mesmo animal chegava a ser registr ado na UKC e na AKC como raças diferentes, um cão e dois pedigrees. Na contramão, a American Dog Breeders Association (ADBA) manteve

o padrão da raça parecido aos antigos cães dos colonos ingleses: mais esguios, mais magros, praticamente impossível de ser identificado, hoje, por leigos, como um pit bull. O cenário complexo leva ao crucial, o pit bull não é um cão agressivo a seres humanos na sua essência, pelo contrário, e o que encontramos hoje é um cachorro distante da sua origem bárbara e violenta; mas, Fábio alerta, que os pits - tal qual outras raças grandes e fortes - não são para amadores e o desafio - possível! - é conciliar a beleza do animal com a sua mais notável característica natural: sua incrível capacidade atlética.

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Odontologia veterinária especializada: uma necessidade Cerca de 85% dos cães e gatos adultos são afetad o s p ela do ença p er io d o n tal, cau sad a pelo acúmulo de placa bacteriana que leva à inflamação e destruição dos tecidos que protegem e sustentam os dentes. O primeiro sintoma da doença é o mau hálito percebido pelos proprietários. A prática da odon-

tologia veterinária é muito mais que "limpar tártaro". É oferecer e executar técnicas adequadas e específicas para cada problema odontológico diagnosticado, além de desempenhar importante função na prevenção das doenças orais. Uma das estratégias de prevenção é reeducar o proprietário e ensiná-lo a cuidar dos d en tes d o an imal em

casa, garantindo saúde oral prolongada. Dessa forma a avaliação odontológica e o tratamento dentário especializado, pelo menos uma vez ao ano, podem prevenir a doença periodontal e antecipar a possível existência de outros problemas odontológicos. A partir dos 4 meses de idade seu bichinho

já pode visitar o dentista veterinário. Nessa fase inicia- se a esco vação dentária, faz-se o acompanhamento da troca da dentição e avaliação da oclusão. Um dos problemas que os filhotes podem apresentar é a persistência dos dentes de leite, muito frequente em raças pequenas. Dentes de leite que não caem no tempo certo podem levar a problemas de oclusão e também facilitar o desenvolvimento da doença periodontal, devendo então ser extraídos. Cães e gatos adultos e idosos apresentam, além da doença periodontal, outras não menos importantes, como a gen-

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givoestomatite felina e a p ar aestomatite den tal canina (doença inflamatória grave de toda a cavidade oral), reabsorção dentária, tumores orais, fraturas dentárias e ósseas (na mandíbula e/ou maxila), com consequências importantes locais e para a saúde geral dos pacientes. Par a a pr ática da odontologia veterinária especializada to rna- se necessário e obrigatório o uso de anestesia geral inalatória. Todos os procedimentos odontológicos são realizados sob essa técnica, permitindo ao veterinário anestesista um maior controle do plano de anestesia, ofe-

recendo ao animal conforto e segurança, além d e u ma r ecu p er ação mais rápida. A Den tal Pet Odontologia Veterinária h á 15 an os tr o u xe a odontologia veterinária para São Carlos e região, oferecendo os cuidados odontológicos especializados e proporcionando qualidade de vida ao paciente de forma mais segura. E aí, seu bichinho já fez uma visita ao dentista veterinário este ano? Daniele Carla Vanzo, CRMV_SP 12846 especializada em odontologia e cardiologia veterináriaa


Giárdia: sempre atento Po de até não ser exatamen te agradáv el, mas, acredite, observar as fezes do seu pet é uma ótima maneira de monitorar a saúde do seu amigo e estar atento a qualquer anormalidade. Se, nesse trabalho diário, você notar que seu cão ou gato está com diarreia é bom ficar atento, pode se tratar de algo simples e que o próprio organismo do animal conseguirá resolver, como a persistência pode indicar algo mais grave. Mas se essa diarreia vier acompanhada de sangue, ai é hora de ligar o sinal amarelo e levar seu companheiro ao veterinário, afinal se trata de um clássico sintoma de infecção por giardia sp, o protozoário causador da doença popularmente conhecida como giardíase, que é, inclusive, uma zoonose - ou seja, pode ser transmitida do animal para seres humanos. A giardia sp pode estar presente, na forma de cistos, na água, no alimento e nas fezes de cães

e gatos; então, por mais cuidado que você tome com a higiene e saúde do seu amigo esse contato pode acontecer mesmo em um simples passeio. Após a observação do sintoma primário - as fezes sanguinolentas, que podem vir ou não acompanhadas de vômitos - o passo seguinte é levar seu pet ao médico veterinário, que dará prosseguimento ao processo de confirmação do diagnóstico. Quem nos explica é o médico veterinário Luiz Fernando Montechi Rosa, 43, "Para se dar um diagnóstico, você leva seu cão ou gato para fazer um exame de fezes, com recolhimento de amostras três dias seguidos." Receber a notícia de que seu camarada está, sim, doente é sempre triste, mas no caso da giárdia o melhor a se fazer é manter a calma e dar andamento ao tratamento, tendo em mente que com um profissional capacitado e os devidos cuidados seu animalzinho tem tudo para

sair dessa totalmente curado e sadio. A intervenção médica padrão é acessível e feita de maneira apropriada e sob o correto diag-

nóstico deve ser um sucesso completo, como explica Luís Fernando, "o tratamento é simples, consiste em vermífugos e antibióticos específicos para a

giárdia." Melhor do que falar em tratamento é falar em prevenção; além dos cuidados básicos de higiene o dono deve manter a ver-

mifugação do animal em dia, além de existirem vacinas contra o protozoário disponíveis atualmente, então consulte seu veterinário.

Conheça mais sobre as pulgas As pulgas são insetos hematófagos, ou seja, que se alimentam de sangue. Alguns dos alvos preferidos das pulgas são cachorros e gatos, que também são os bichinhos de estimação mais frequentes em nosso país. Esses insetos se reproduzem nos meses mais quentes do ano, de maneira acelerada e intensa e "o ovo de uma pulga pode sobreviver em um mesmo ambiente por até três meses. Por isso, é difícil de combatê-las", explica o veterinário clínico Luiz Fernando Rosa. As pulgas são transmitidas pelo contato entre um animal saudável e um animal ou ambiente infectado. Como

são muito pequenas, é complicado identificar um local infestado por pulgas. Sintomas - O primeiro e mais comum sintoma é a coceira incessante. Se seu bichinho não para de se coçar, a melhor coisa a fazer é leválo a um veterinário. Riscos para a saúde - Além da incômoda coceira, as pulgas representam outras ameaças à saúde de nossos amiguinhos de estimação. Uma única pulga pode picar cerca de 60 vezes por dia, portanto, caso o animal esteja infestado por esses insetos, ele pode desenvolver um quadro anêmico,

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devido à alta taxa de sangue perdida. As pulgas também podem provocar infecções intestinais, além de perda de apetite e desânimo excessivo. Como tratar o ambiente - Cerca de 95% das pulgas vivem no ambiente e apenas 5% delas ficam no corpo do animal infectado. Consequentemente, é imprescindível que o meio seja higienizado. Em casos mais simples, a limpeza da casinha, da cama e das possíveis roupas do animal pode resolver. Em casos mais extremos, com grandes infestações de pulgas, o mais indicado é a dedetização do ambiente.

C omo trat ar o s animais - Para eliminar as pulgas do corpo do animal infectado, o veterinário Luiz Fernando Rosa sugere alguns produtos específicos. Entre as coleiras, Luiz indica a Seresto, fabricada pela Bayer, por sua eficácia e longa duração - em torno de sete meses. Para aplicação no dorso de cachorros e gatos, Luiz aconselha dois produtos: Frontline ou Advantage. No entanto, segundo o veterinário, os mais eficientes aliados dos bichinhos no combate às pulgas são os comprimidos palatáveis. Entre eles, Luiz Fernando Rosa sugere o Bravecto.


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O que você precisa saber antes de ter uma

TARTARUGA TIGRE D’ÁGUA Diferenciar tartarugas, cágados e jabutis não é para qualquer um, então não se sinta mal por confusão tão comum - e só para não ficar no ar, os três são da ordem dos quelônios, répteis surgidos há pelo menos 190 milhões de anos e que possuem como característica definidora, isso mesmo!, o casco. Se os jabutis são seres exclusivamente terrestres e os cágados animais de água doce que dobram o pescoço ao recolhê-lo, as tartarugas são, basicamente, todo o restante dos quelônios. Das Tartarugas Ninjas até Crush em Procurando Nemo (ou Dory), os quelônios estão fortemente presentes no imaginário popular e possuem infinitos significados e representações na nossa cultura, da lentidão à longevidade. Logo, não é de se estranhar que esses bichinhos provoquem curiosidade e admiração, o

que, de um lado, pode e deve ser transformado em proteção - pelo menos 25 esp écies de tartaru gas estão ameaçadas de extinção hoje -, mas isso não significa que você não possa ter uma tartaruguinha em casa - tudo, claro, de forma legal e correta. Entre as tartarugas - e prometemos falar dos jabutis numa próxima edição - a sua melhor opção é Trachemys dorbigni, ou, como é mais conhecida, tar taruga tigr e d'água, uma espécie nativa do Brasil e que possui a venda regulamentada pelo Ibama, sendo possível encontrar filhotes a venda, já microchipados, a partir de 180 reais. Como sempre lembramos nessa sessão do Bicho Amigo, trazer um novo amigo para família é uma aventura que envolve tempo e dinheiro e a taxa de abandono de animais é especialmente alta quando o

assunto são bichinhos um pouco "diferentes", então, atenção! Para f alar co m quem, de fato, vive essa relação, con versamos com Marcos Zanella, estudante de biomedicina de 25 anos e dono de um casal de tigres d'água de quatro anos de idade. Zanella conta que ter esses amigos começa em criar as condições necessárias para tal; isso passa pela aquisição de um "aquaterrário", ou seja, um aquário de boas proporções que possua uma rampa e um terraço, isso por que as tigres d'água, como animais de sangue frio, precisam se aquecer e se resfriar através do ambiente, tendo a liberdade de entrar e sair da água. Pelo mesmo motivo, também é necessário contr olar a temperatura da água acima dos 23ºC e nunca acima dos 30ºC, através de luz aquecedora, termostato e termômetro. Os gastos iniciais de Marcos, so-

mados, ficam na faixa de 700 reais. Répteis são, para o bem ou para o mal, animais muito mais independentes que os mamíferos aos quais estamos habituados a conviver. Se, por um lado, Zanella admite, "elas não têm amor no dono", por outro, as tigres d'água não são agressivas, aceitam facilmente o manuseio e demandam cuidados muito básicos no dia a dia, como a troca

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quinzenal da água do aquário - sempre com o cuidado para não permitir choque térmico - e a alimentação, que pode ser feita com ração própria, facilmente encontrada no mercado nacional - além de camarões, carne bovina crua, tenébrios e artêmios, entre outros, ocasionalmente. Em caso, por exemplo, de viagem a espécie pode tranquilamente passar um final de semana sem alimentação,

além de uma outra ótima opção: soltar pequenos peixes no aquário, deixando o alimento vivo e à disposição do animal. É importante, também, conferir a disponibilidade, na sua localidade, de um médico veterinário apto a atender seu bichinho em caso de necessidade, mas Zanella tranquiliza, "é um animal resistente, não ficam doentes facilmente".


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Tosa asiática: A nova moda entre os clientes de pet Estilo se modernizou com o desenvolvimento de novas técnicas e ferramentas A tosa asiatica caiu no gosto dos donos de animais domésticos, por deixar os cãs com a carinha bem fofinha e deixandoos realmente com traços bem exóticos, mesmo ten-

pernas longas, focinho redondinho, orelhas compridas a cabeça com ou sem chuca. Há varias opiniões so br e a or igem d essa tosa, mas o que se acredita realmente é que surgiu no oriente, (....) devido a grande procura por animais de estimação de pelagem longa, ao longo dos anos, fabricantes de várias grifes foram desenvolvendo vários modelos de roupinhas para os cães que seduziram os

proprietários, que queriam ver seus filhos de quatro patas seguindo o mesmo estilo que os seus. Mas as roupinhas enozavam demais os pelos dos cães, assim como na época não havia os mesmos recursos de hoje a única solução era raspar os animais, o que desanimava os donos de comprarem as roupas. O estilo oriental surgiu para facilitar o uso dessas roupinhas, por deixar o dorso do animal bem

curto as roupinhas não iriam causar nós nos cães. Com o desenvolvimento de novas técnicas e ferramentas o estilo se modernizou, deixando de ser uma tosa apenas para o uso de roupinhas, para uma tosa estética, usado principalmente em cães das raças shih tzu, york, lhasa apso, maltês e poodle. Alguns veterinários passaram a indicar este estilo por facilitar o tratamento de algumas infec-

PUPY LAÇOS

to estourado a pouco tempo, acredita-se que tenha surgido a mais de 66 anos atrás, não há um patrão específico a ser seguido, apenas um estilo que se caracteriza principalmente por deixar todo o dorso do animal bem curto,

ções causadas por fungos ou bactérias na pele ou mesmo quando o animal vai fazer uma castração devido o uso da roupinha cirúrgica. Dev id o à grand e procura, esteticistas caninos de todo Brasil passaram a procuram especializações nesse estilo, "e aqui somos um desses", à sua disposição.

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Florais de Bach para Pet's possuem efeito colateral algum e são extremamente seguros. Algumas pesso as diziam que os florais (e as homeopatias também) promoviam melhoras nos seres humanos por efeito placebo. Mas como afirmar então que a melhora que promovem nos animais é por efeito pla-

Q

uase todo mundo já ouviu falar dos Florais de Bach, mas muitos ainda se espantam quando descobrem que os Pet's reagem muito bem a essa terapia alternativa de reequilíbrio de estados emocionais e comportamentais. Essa terapia surgiu em torno dos anos 30 pelo médico Edward Bach, na Inglaterra, que desenvolveu diferentes essências que sozinhas ou combinadas auxiliavam no equilíbrio dos comportamentos e emoções. Esse médico

cebo se os animais não sabem fazer uso dessas fórmulas? Não podemos assumir uma única forma de comportamento entre nossos animais. Devemos entender que cada um tem sua maneira de ser e considerar os padrões de comportamento de diferentes raças também é

importante para a terapia floral. Existem já no mercado alguns medicamentos florais padronizados (não existem ainda prep aro s d os Flo r ais d e Bach), mas leve em consider ação ao escolh er que pela terapia floral, a base do med icamen to deve ser de brandy (levemente alcoólica), com frascos de vidro preferencialmente âmbar (Informações obtidas pelo Bach Centre). Essas preparações envolvem a mistura de essências florais específicas e visa a melhora de

acreditava em algo que hoje sabemos como certo: a origem de muitas doenças poderia ser o desequilíbrio não apenas do corpo, mas também de nossos sentimentos. Já há alguns anos os Pet's ganharam um grande espaço nas terapias florais, e muitos médicos veterinários e cuidadores são assíduos em seu uso, mostrando grandes benefícios para cães e para gatos. Claro que nem todos os animais são reativos da mesma forma à terapia. Os florais não

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alguns comportamentos mais comuns como Medo, Ansiedade, Agressividade, Estresse. Todo ano, próximo às festas juninas, finais de campeonato e ano novo, o floral de medo e Rescue são os mais vendidos devido aos fogos, por exemplo. Os animais podem tomar mais de uma fórmula ao mesmo tempo com segurança. O modo de uso mais comum é de 5 gotas 3 a 5 vezes ao dia para cada fórmula direto na boca do animal ou ainda pingar 20 gotas no pote de água dos animais e trocá-la todos os dias.


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Ortopedia também é importante para o seu animal A medicina veterinária ampliou seus recursos e capacitou seus profissionais de maneira rápida e eficaz nos últimos 15 anos. Especialidades médicas e aparelhos antes exclusivos da medicina humana estão hoje disponíveis e difundidos entre os veterinários do Brasil. Já é possível encontrar veterinários especializados para cuidar de quase todas as patologias animais. Nossos bichinhos de estimação, especialmente os cachorros e gatos, podem ser tratados por especialistas como cardiologistas, dermatologistas, ortopedistas, acupunturistas, entre outros. A cardiologia veterinária, por exemplo, estuda e trata as doenças relacionadas aos coraçõezinhos de nossos animais e conta com eletrocardiogramas e ecocardiogramas, para exames aprofundados e completos. Os dermatologistas estão disponíveis para prevenir e tratar quaisquer complicações que apareçam na pele de cachorros e gatos de variadas raças e portes. A

técnica chinesa de acupuntura, já disseminada entre os humanos, pode auxiliar os bichos de estimação no tratamento de distúrbios diversos, como respiratórios e neurológicos. A ortopedia veterinária, por sua vez, se desenvolveu profundamente na última década e é a especialidade indicada para tratar de problemas nos músculos, ossos, articulações e ligamentos. Para esclarecer algumas questões importantes sobre o assunto, nossa equipe de reportagem conversou com a cirurgiã veterinária Mariana Freitas, pós-graduada em ortopedia veterinária pela Universidade de São Paulo (USP). Mariana esclarece que os especialistas da medicina animal são essenciais, já que "as técnicas cirúrgicas e instrumentais são complexas". O ortopedista pode cuidar de complicações provocadas por traumas ou doenças congênitas As lesões traumáticas podem ser causadas por tombos, choques, so-

brecargas em músculos e articulações e até sobrepeso. A ruptura de ligamento cruzado do joelho é um dos problemas mais comuns enfrentados por cachorros de todos os portes e normalmente é tratada através de procedimentos cirúrgicos. "Vários fatores podem condenar e destruir os ligamentos cruzados do animal", explica Mariana. As fraturas ósseas podem atingir cães, gatos e outros bichinhos e também são

solucionadas, na maior parte dos casos, por cirurgias. A ortopedista veterinária Mariana salienta que animais com sobrepeso têm maior propensão a sofrerem com a artrose - doença articular degenerativa , portanto, é imprescindível manter seus amiguinhos de estimação em forma. Já as doenças congênitas raramente podem ser evitadas, mas através de tratamentos ortopédicos e alguns cuidados dos donos, podem

ter seus efeitos e sintomas atenuados. A displasia coxofemoral é congênita e ataca geralmente cachorros de grande porte, como Rotweillers, Pastores Alemães e Labradores Retriever. Mariana releva que, por outro lado, a luxação patelar tem maior incidência em animais menores como Pinschers, Poodles e Maltês. Ambas as doenças podem ser tratadas com cirurgias ortopédicas. É importante ressaltar que

claudicações, falta de apetite, desânimo para brincar e andar podem ser indicaçõ es d e q ue seu companheiro de estimação está com complicações ortopédicas. Por fim, Mariana Freitas destacou que, atualmente, as clínicas veterinárias realizam radiografias, ressonâncias magnéticas, tomografias e raios-x, que são importantes instrumentos na detecção e nos tratamentos de problemas ortopédicos.

O antes e o depois de uma fratura transversa simples em diáfise medial de fêmur (cão)

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Acupuntura em cães e gatos A acupuntura é a técnica de perfurar a pele com finas agulhas em locais pré-determinados chamados acupontos para a prevenção ou tratamento de doenças. É um dos métodos mais antigos da Medicina Tradicional Chinesa. Nos acupontos existem grandes concentrações de terminações nervosas sensoriais que estão relacionadas com nervos, vasos sanguíneos, tendões, periósteos e cápsulas articulares. Quando estimulados por agulha, possibilitam acesso direto ao Sistema Nervoso Central desencadeando a liberação de várias substâncias, por exemplo, as analgésicas que aliviam a dor. Os principais efeitos comprovados cientificamente são analgesia, relaxamento muscular, redução da rigidez articular, estímulo da cicatrização e redução do edema (inchaços). Embora a acupuntura seja mais conhecida, a terapia chinesa agrega outras modalidades como a

fitoterapia (uso de ervas medicinais), massagem e dietoterapia. Algumas indicações da acupuntura: Dores agudas / crônicas Artrite, Artrose Convulsão Sequelas de cinomose Imunidade debilitada Problemas de coluna São utilizadas agulhas descartáveis para a técnica de acupuntura e o calibre depende da localização da punção e tamanho do animal. O número de sessões depende da gravidade da doença, se existem outras enfermidades concomitantes e da resposta individual do animal de estimação. A vantagem desta terapia é tratar o paciente de forma mais natural, principalmente nos animais em que o uso de medicamentos alopáticos como, por exemplo, os anti-inflamatórios deve ser limitado. Os animais idosos são atendidos com muita frequência no consultório, porém, não são os únicos a se beneficiarem com a

técnica. Quando a cirurgia não é a primeira opção e há possibilidade de tratamento conservativo ou se o animal tem cirurgia agendada e necessita aguardar, a acupuntura é indicada para o controle da dor antes e após o procedimento cirúrgico. Além disso, não atrapalha o uso concomitante com outros fármacos e é

importante ressaltar que o tutor não deve interromper nem substituir o tratamento. Esta decisão pertence ao Médico Veterinário que o prescreveu. A ideia é potencializar o resultado de maneira benéfica, ou seja, cada segmento age para alcançar o mesmo objetivo: ótima saúde do paciente. A paciente Lana, "senhorinha" de 10 anos apre-

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sentou dificuldade para se levantar e sentar. A acupuntura vai ajudá-la a retardar a progressão das doenças comuns a esta idade e desta maneira melhorar sua qualidade de vida. Na foto abaixo está o Luigi ele tem discopatia e é muito ativo. Faz sessões frequentes no inverno quando há chances de recidiva de dor e na maior

parte do ano tem alta da acupuntura. Dra. Karen Vicente Diagone (CRMV- 14.947/SP), Médica Veterinária formada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Mestrado e Doutorado na Universidade Estadual Paulista (Unesp/ Jaboticabal), Especialista em Acupuntura de Cães e Gatos pelo Instituto Bioethicus (Botucatu) e Especialista em Fitoterapia Chinesa pelo CEFIMED.


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Câncer não é mais “bicho de sete cabeças” Câncer é uma das principais causas de morte dos animais domésticos e por muito tempo associouse à doença com morte ou eutanásia. A expectativa de vida tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas, assim como a ocorrência da doença, mas os recursos para diagnóstico e tratamento também têm evoluído bastante. Novos tratamentos têm sido disponibilizados para animais (quimioterapia, criocirurgia, cirurgia reconstrutiva, terapia fotodinâmica, eletroquimioterapia, só para citar alguns). O diagnóstico precoce é o grande aliado na luta contra a doença. Diagnósticos precoces, exames complementares para se verificar a existência de focos da doença em diferentes localizações (as temidas metástases) e exames de ordem geral para checar a saúde do animal são essenciais para que possamos encontrar meios de promover a cura ou ao menos o controle da doença e promover qualidade de vida.

Anneliese Baetz Buzatto, Médica Veterinária, CRMV-SP 7902 Rua Rotary Club, 263 - Vila Marico Tel: 16 3372-3706 Emergencia: 99769-3640 ameve@ameve.com.br - www.ameve.com.br

Cão da raça Boxer com diagnóstico de linfoma multicêntrico, apresentando aumento de volume em linfonodo submandibular. Fonte: DALECK, C. R.; DE NARDI, Oncologia em cães e gatos. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Roca, 2016

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Otite canina – saiba como identificar essa doença comum A otite é uma inflamação dos condutos auditivos que causa dor e coceira de graus variáveis. Como poucas pessoas têm o hábito de inspecionar a orelha dos seus cães, os sintomas iniciais passam despercebidos e o animal é levado ao Médico Veterinário muito depois do quadro já instalado. Quando o cão possui uma orelha ereta fica mais fácil observar as alterações. Mas se o pavilhão auricular é pendular (maltês, shihtzu, cockerspaniel, etc), é necessário ergue-lo para fazer a inspeção. Odor forte e excesso de cerúmen são os primeiros sinais de que algo não vai bem. A cera normal possui cor de mel e variações desta tonalidade, como o amarelo ou o marrom, podem

indicar um quadro infeccioso (fungos, bactérias e ácaros). O cão com otite passará a coçar a orelha, podendo se ferir. O quadro evolui para dor e chacoalhar da cabeça, assim como aumento da secreção dentro dos condutos auditivos. A pele da orelha também se modifica e sintomas como vermelhidão, manchas escurecidas e descamação indicam quadros prolongados, com mais de 15dias. A otite não é um quadro grave ou difícil de ser tratados e descoberta no início. No entanto, há animais com doenças crônicas, como as dermatites alérgicas ou as seborreias, que irão demandar cuidados periódicos para que não se agravem. Otites recorrentes podem causar sur-

dez, calcificação de condutos e membrana timpânica, tumores de glândulas ceruminosas e até sinais neurológicos como a perda do equilíbrio e o andar em círculos. Se você notou um destes sintomas no seu cão, procure um Médico Veterinário. Limpar os ouvidos com produtos inapropriados e sem a supervisão de um especialista, pode piorar ainda mais essa doença!

Anna Karina Lima, médica veterinária, formada pela USP e dermatóloga há 11 anos

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“Literatura e animalidade”, Maria Esther Maciel Aqui nesse espaço do Dica Animal você recebe, mês a mês, uma dica de livro que misture uma boa leitura a grandes personagens saídos do mundo animal, do cocker de Flush ao açor de F de Falcão; se você gosta dessa combinação e quer ir mais a fundo nesse universo, Literatura e animalidade é uma ótima pedida. Nessa espécie de livro-ensaio, Maria Esther Maciel, professora titular de Teoria Literária da Universidade Federal de Minas Gerais, empreende um estudo único e inédito na academia e literatura do Brasil. Maciel não faz, apenas, um trabalho de guia, indicando obras literárias que trabalham com importantes personagens animais, mas também um estudo cuidadoso, político e fiolosófico, sobre como essas obras constroem a questão da animalidade e as diferenças entre o humano e o animal. Olhando para obras como Vidas Secas, de Graciliano Ramos e sua cadela Baleia, Maciel discute, por exemplo, como, apesar da ideia de "consciência animal" ser aceita a pouco tempo na ciência, ela já se encontrava presente há muito tempo em romances e poesias. Em entrevista ao blog da Editora Record, a autora explicou: "Minha relação com os animais passa, sobretudo, pela ordem dos afetos. E foi isso que me moveu a empreender uma reflexão sobre as inscrições da animalidade em obras narrativas e poéticas de diferentes contextos. Várias questões me instigaram e instigam nessa abordagem. Entre elas, estão: como alguns escritores modernos e contemporâneos lidam com a alteridade animal em suas obras, bem como com a noção de humano?". Título Literatura e animalidade Editora Civilização Brasileira Preço R$ 34,90

Filme: Amores Brutos A essa altura você talvez já tenha lido o nosso Raça do Mês mais do que especial dessa edição, em que contamos, entre outras coisas, sobre como uma raça pensada para a barbárie das rinhas se tornou umas das mais populares da atualidade - Amores Perros é uma história, também, sobre cães ensinados e entregues à violência das rinhas. Alejandro Gonzáles Iñárritu, diretor mexicano vencedor dos dois últimos prêmios de melhor diretor do Oscar com Birdman e O Regresso, apresenta em Amores Brutos seu primeiro longa-metragem, a história de três pessoas que têm suas vidas entrelaçadas por um acidente de carro. Um homem casado abandona esposa e filhos para viver uma paixão com uma bela modelo; um jovem, interpretado por Gael Garcia Bernal, decide fugir com a cunhada enquanto usa seu cachorro, Cofi, para conseguir dinheiro em combates ilegais; um matador de aluguel, saído da prisão, por sua vez, encontra Cofi e tenta, através dele, buscar sua redenção. Com roteiro e atuações primorosas, Amores Perros não é um filme com respostas fáceis, mas é uma experiência recompensadora e uma jornada intensa. Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2001 e venceu o prêmio da crítica do Festival de Cannes do mesmo ano. Amores Perros está disponível na Netflix.

"Não se ensina truque novo a cachorro velho" Você já ouviu essa, e talvez em um contexto que, inclusive, não tinha nada a ver com cães de idade avançada e adestramento. Repetir essa frase se tornou uma espécie de mantra da desculpa esfarrapada de sujeitos a partir de quaisquer vinte e poucos anos; você se vê frente a um desafio - aprender a usar uma nova tecnologia, falar um novo idioma ou talvez mudar de área de atuação profissional e, pelo sim, pelo não, tá lá: sabe como é, não se ensina novos truques a um cachorro velho… Não precisamos dizer o óbvio, você sabe, lá no fundo, que não é realmente tarde demais para aprender (e, talvez, nunca seja), mas o papo aqui é outro e a equipe do Bicho Amigo foi conversar com José Éder Lisboa, 54, adestrador profissional há 34 anos, para descobrir se, pelo menos, essa história tem um fundo de verdade - em relação, agora sim, a cães velhinhos, truques e a coisa toda. Éder explicou para a gente que o funcionamento básico de aprendizado do animal se dá através de tentativas, erros e acertos. Ou seja, desde o começo da vida o cão vive um intenso aprendizado, reforçando ou excluindo comportamentos conforme o êxito obtido através das suas ações. É natural, então, que um cão mais velho possua noções já bem enraizadas, mas difícil tem um significado bem distante de impossível. Éder explica, "sim, eu acredito que cães mais velhos aprendam comportamentos novos, e que podemos aqui chamar de truques; sempre considerando que vai depender do perfil do animal, cachorros com energia e um espírito mais vivaz, ou um cachorro mais apático (...) Em um cão mais velho se leva um pouco mais de tempo, se precisa de um pouco mais de paciência e um pouco menos de cobrança. E, sim, isso [o adestramento] vai trazer benefícios para o cão". Veredito: Mito

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Insuficiência Renal nos Animais de Companhia Animais que não respondem ao tratamento convencional são encaminhados á Hemodiálise A insuficiência renal é uma doença muito comum em cães e gatos. Pode acometer animais jovens ou idosos. Nos jovens pode ser por qualquer problema genético como nascer sem um dos rins ou má formação. Nos adultos a idosos pode acontecer após um episodio de envenenamento, picadas de cobra ou outros que possuam veneno, infecções muito graves que tenha circula-

do pelo sangue, utilização de medicamentos que são tóxicos para os rins usados sem o devido cuidado. Hipertensão arterial também é uma causa muito comum, por exemplo, nos gordinhos e idosos com complicações como diabetes e outras doenças hormonais. Parasitas, inflamações, doenças autoimunes e outros. Em regiões endêmicas para Leishmaniose também é uma causa determinante.

Nos animais idosos, o problema pode ser silencioso, ou seja, o proprietário não percebe os sinais ou os confunde com alterações " normais " da idade. O diagnostico é através de exames de sangue para função renal, urina e exames de imagem. Os sintomas são diversos como vômitos com sangue ou sem sangue, diarréia, desidratação, halitose ( onde se observa um cheiro de amônia na boca,

bem característico chamado hálito urêmico); ulceras na boca e pressão alta. Quando descoberta na fase inicial, as vezes durante check up na clinica veterinária, pede-se somente mudança na alimentação com rações comerciais na fo rma de grãos e patês. Quando já avançado é administrado medicamentos específicos para amenizar os sintomas da doença e muitas vezes precisam ficar horas na clinica recebendo fluido-

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terapia. An imais q ue n ão respondem ao tratamento convencional são encaminhados á Hemodiálise. Uma alter n ativ a usada recentemente é a terapia com células tronco para melhorar a qualidade de vida do paciente renal. Como prevenção é essencial qu e a r ação seja especifica para cada idade e cad a porte ou condições corporais de cad a an imal. Não é aconselhável excesso de

carne na dieta. Exames de sangue e urina anuais são imprescindíveis! Se d iagno sticado precocemente e adequadamente tratado o cão ou gato podem ter qualidade de vida por muito tempo. O proprietário deve adaptar sua rotina aos medicamentos e dieta do cão sem que isto interfira na qualidade de vida de ambos. O monitoramento, mesmo quando tudo está aparentemente bem é a CHAVE!


Envie sua foto com seu bichinho para fotinhos@jornaldobichoamigo.com.br que publicaremos gratuitamente

Kathao

Pandha

Katia, Layla e Pandha

Kala e Suzi

Estopa

Maui Essa é a gatinha Yara: “Não contavam com minha astúcia”

Dobby, todo feliz em seu novo lar depois de adotado

Emanuela (6 anos) com sua gatinha Marrie (1 ano)

Joana, Jack e Pretinha

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Tuc tuc e Suquinho de Laranja, os porquinhos da Índia do Marcos e da Maria Helena


OPINIÃO

Plaquinhas de identificação

Identificar um animal o ajuda a voltar para casa Aline Becaro * É impossível garantir, em hipótese alguma, que os animais NUNCA fugirão algum dia, seja, por uma distração, defeito no portão, o esquecimento de portas abertas, as telas das janelas que rasgam, a caixa de transporte que quebra, um susto no veterinário, chuvas, fogos, mudança, enfim, os riscos existem. E infelizmente nas ruas os perigos também e coisas horríveis podem acontecer. Atropelamentos por causa das avenidas movimentadas, animais maiores e pouco sociáveis podem disputar por comida, por exemplo, e até envenenamentos, pois nem todo mundo gosta de bichos. Por tanto, q uanto menos tempo o animal ficar nas ruas, maior é a chance de que nada de ruim o aconteça. Muitas

vezes vemos animais nas ruas de coleiras, e fica fácil predizer que tenham donos, porém não há nenhuma identificação real de quem são esses donos ou de onde ele veio. Por isso, um animal identificado tem muito mais chances de resgate. Se encontrar um cachorro ou gatinho, e ele tiver identificação, precisará apenas ligar para o número e informar à família que está com o animal. Na p laqu in ha d e identificação é possível escrever o telefone de contato em alto relevo ou em algumas usar caneta. A plaquinha deverá ficar na própria coleira do animal. Mas você pode questionar meu animal não fica de coleira, ela incomoda. Mude o modelo, faça uma adaptação gradual deixe apenas por alguns minu-

tos, depois vai aumentando o tempo aos poucos. Outra possibilidade é o uso de microchip, que é simples de ser colocado, indolor e com duração permanente. É uma forma mais moderna, porém necessita de um leitor específico, o que nem to do mun do po de ter acesso, dificu ltand o a identificação, então nesses casos, o uso da plaquinha de identificação

também é indispensável. Tenha certeza que se seu amigo um dia fugir o seu desejo será de que alguém o encontre o mais rápido possível e seguro. Todos os animais podem ser identificados, tanto cachorros como gatos podem ser imprevisíveis devido a sua rapidez e agilidade, principalmente em períodos reprodutivos. Fêmeas no cio são muitas vezes causa de fugas e desa-

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parecimento de animais, por esse motivo, umas das orientações é a esterilização do seu pet, seja gato ou cachorro, a castração é muito importante para diminuir as chances de fugas devido ao instinto natural do animal. Nas plaquinhas bastam poucas informações, normalmente o nome e o telefone são suficientes. Porém outras informações podem ser colocadas, por exemplo, no caso de um animal com algum problema de saúde, sua enfermidade pode ser colocada (Bob - sopro no coração). Sempre avalie se a escrita continua legível, se o telefone esta atualizado, se esta bem presa à coleira do animal. Hoje no mercado existem diversos tipos, formatos e modelos, variações de preços. O importante é que seja sempre ideal para o

tamanho e porte do animal. Seja exemplo, oriente outras pessoas a fazerem o mesmo. Identificar o animal pode salvar vidas. Compartilhe essa ideia.

* Aline Becaro, 34, farmacêutica, faz parte da diretoria da ONG Cachorro Ajuda de São Carlos


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