PROJETOPRISMA REVISTA DIGITAL
Nayane Queiroz Ramos VISITE www.wix.com/nayane_nane15/nayanequeirozr#
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www.projetoprisma.com
EQUIPE EDITOR E REPÓRTER David Veiga
FOTÓGRAFO Pablo Souza
REVISORES Giotto Braz Marcos Moraes
DIAGRAMAÇÃO Olga Lopes
ENDEREÇO Av. Juscelino Kubistchek,1856 Cruzeiro - 58415530 Campina Grande - PB - Brasil
EDITORIAL Bem vindos à primeira edição da revista Prisma. Esta revista faz parte do projeto que busca apresentar a realidade de cursos universitários e suas possibilidades de mercado. Em conjunto com outras duas mídias, um DVD e um site, a primeira edição do Projeto Prisma vai apresentar o curso de Arte e Mídia, da Universidade Federal de Campina Grande, explorando sua realidade, vivência e alternativas de mercado. A revista Prisma visa mostrar a situação de mercado para os formandos no curso de Arte e Mídia na cidade de Campina Grande, em três áreas principais de atuação. Focamos nestes três campos de maior destaque como base de conhecimento ilustrativo do que espera os egressos em Arte e Mídia. Nesta edição, apresentaremos o profissional Independente que se adapta de maneira livre ao que é requerido de um Diretor de Arte e Mídia, atuando em áreas diversas,
crescendo juntamente com a realidade profissional na cidade e além dela. Em seguida, uma empresa de Arte e Mídia e seu dia-a-dia e desenvolvimento dentro do mercado Campinense. Em último lugar, mas não menos importante, apresentamos o Acadêmico, professor formado no curso que retorna para levar a realidade do mercado para dentro de salas de aula. Esta revista funciona em conjunto com outras duas mídias. No site maiores informações sobre todas as mídias estão reunidas, enquanto o DVD apresenta o curso pelo olhar daqueles nele inseridos, professores e alunos. Para maiores informações visite: www.projetoprisma.com. Aproveite a leitura! David Veiga, Editor
PROFISSIONAL INDEPENDENTE
A geração multimídia Vito Quintans transita por várias áreas da arte produzindo com alta qualidade em todas elas. Em um olhar mais amplo, ele é o novo homem renascentista, o profissional Multimídia.
O profissional de Arte e Mídia, ou Diretor de Arte e Mídia como também é conhecido reúne os conhecimentos técnicos das ferramentas midiáticas inseridas na comunicação da sociedade e a combina com seu entendimento aprofundado da arte. Desta fusão, projetos inovadores surgem no mercado e podem ser utilizados em inúmeras situações, criando uma nova geração de profissionais. Vito Quintans, 24 anos, faz parte desta geração que domina vários campos de atuação e os integra em uma produção consistente e dinâmica. A história de Vito, como muitos outros estudantes, começa na busca de mais de um curso no início de sua carreira acadêmica. Ele iniciou o curso de História na Universidade Estadual da Paraíba e lá teve um vislumbre
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da realidade das universidades. “Eu percebi que o curso é feito a partir das escolhas do estudante. Falta de recursos humanos ou físicos existem e a gente muitas vezes acaba tendo que fazer o curso ‘sozinho’”, afirma. Em seguida, ele ingressa em Arte e Mídia, sendo este o único curso de Arte em Campina Grande na época. “Gostaria de ter cursado música, mas minha família não tinha condições de me enviar para João Pessoa”, fala Vito sobre sua escolha de curso. O fluxograma que apresentava várias cadeiras de música foi o maior atrativo. Ao longo do curso, outras áreas chamam sua atenção e ele começa a ampliar seus horizontes. Segundo Vito outras artes já faziam parte do seu mundo antes de ingressar em Arte e Mídia. “Eu já desenhava antes de entrar no curso e estudei violão clássico por quatro anos, mas com o passar do tempo acabei me encaminhando para as artes visuais, pelas necessidades que apareciam nos projetos do
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curso. Comecei a trabalhar com fotografia por exemplo. Com o passar dos anos, Arte e Mídia teve um aumento nas suas produções áudio-visuais e com isso pude me inserir mais na música novamente, dessa vez dentro do vídeo”. Algumas das produções das quais Vito já tomou parte ainda como estudante, e começando a se inserir no mercado profissional podemos destacar algumas como, Borra de Café (2010), O Hóspede (2011) Mais denso que Sangue (2011). Mostrando a versatilidade que o mercado exige dos profissionais de Arte e Mídia, Vito exemplifica o profissional multimídia muito bem. Não apenas sendo versátil em uma área, como o vídeo onde ele trabalha o som em várias etapas, mas indo além e levando o conhecimento de áreas diversas para seus trabalhos. Seu trabalho é reconhecido por vários profissionais da área na cidade de Campina Grande. O mercado já não o encarava como aluno. Mesmo que ele estivesse ligado a Arte e Mídia como aluno ele já trabalhava sem distinção com profissionais de grande porte. Ele nos fala sobre sua presença no campo de trabalho ainda dentro do curso. “Nos meus dois últimos anos de curso entrei em uma Empresa chamada SNAP, que funcionava de um certo ponto de vista como um grupo de trabalho, onde as funções eram divididas de forma dinâmica entre os integrantes, sendo eles, Cristiane Melo e Társila Moscoso, juntamente comigo.” A SNAP produções se aprofundava nas áreas de Diagramação, Fotografia e trabalho visual como um todo,
em conjunto com Direção de Arte. Por necessidades de curso, Vito Quintans se desliga da empresa e passa a ser um profissional independente. O trabalho com as artes gráficas começou a repercutir e contratos para produções de layouts e storyboards surgiam. Desse trabalho, aparece a oportunidade de trabalhar no periódico A Margem, formado na UEPB, mas que mantinha boa parte do seu circulo editorial na UFCG. Nesse periódico o quadro fixo Gênio Total, escrito por Ian Abé, era desenhado por Vito, além de sua participação nas ilustrações das capas e de algumas matérias, juntamente com outros ilustradores, como Emídio Medeiros, Alex Brito e o professor de Arte e Mídia, João Neto. A Margem aumenta a visibilidade e cada vez mais pessoas passaram a pedir desenhos, caricaturas, retratos e a partir daí trabalhos mais sérios, cartazes, folders, etc passam a surgir. O nome do profissional começa a ganhar força e ser requisitado no mercado. Em seguida, sua participação no Festival Comunicurtas, fazendo parte da equipe que produzia Diários Videográficos o faz retornar ao áudio-visual. Com o aumento das produções na área, ele passa a se aprofundar no universo do vídeo profissional, inicialmente em assistência de som para o filme Aquilo que não deveria ser de Jhésus Tribuzi, microfonista em seguida no filme Tudo que Deus criou de André da Costa Pinto. “Comecei a conquistar minha autonomia, tiveram a ousadia de me chamar para dirigir o som do
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filme ‘O Hóspede’, sendo a primeira produção da qual participei como diretor na área de som. Nesse filme fiz parte da parte da equipe criativa, contribuindo na criação conceitual, com maior autonomia.” Ele ainda participa da Direção de Som e trilha para Desvio para o vermelho de Anacã Agra, atualmente em fase de montagem, assim como o projeto Cova Aberta, de Ian Abé e em finalização, também dirigindo a trilha para a peça de teatro “Esta Propriedade está condenada” dirigida pela professora Eliane Lisboa. “Entre um trabalho e outro sempre recebo pedidos para coisas menores, panfletos pedidos de desenhos e outros”. Dessa versatilidade o profissional se destaca, atuando em diversas produções com foques artísticos diversos simultaneamente e sempre produzindo em qualidade. O profissional independente não apenas atua em diversas áreas, mas tem a liberdade de uma produção mais estilizada, pessoal. A necessidade de atender a função designada através de uma produção pessoal e dirigida para a sensibilidade artística do indivíduo. Vito Quintans se destaca ao alcançar a meta profissional mesclando-a com conteúdo artístico e talento. Ele é o modelo do profissional de Arte e Mídia.
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FRAGMENTO Revista Prisma:
Por que Projetista e não
Diretor?
Vito Quintans: Vejo mais como projetista do que diretor, porque encaro a direção como um cargo, enquanto nem todo mundo pode estar apto a dirigir, o curso lhe faz pensar o projeto. Dirigi quatro pessoas no meu multimídia e não me vejo como um diretor. Dirigir um projeto e consequentemente pessoas traz uma carga muito grande. Vejo hoje os formandos como pessoas aptas a pensar em projetos de uma maneira original, única no mercado. Tanto é que temos três cadeiras de Projeto ao longo do curso e apenas uma de Direção propriamente dita. O projeto tem uma força muito grande dentro do curso.
Revista Prisma:
Como você enxerga o mercado para os profissionais formados em Arte e Mídia atualmente?
Vito Quintans: Ao longo dos dez primei-
Revista Prisma: O Artista da Mídia Vito Quintans:
Um profissional de Arte e Mídia pode fazer muita coisa, resultado da metodologia generalista do curso. Ele nos prepara para ser um projetista, ou seja, vejo o formado em Arte e Mídia como uma pessoa capaz de pensar um projeto e na sua arte de uma forma mais abrangente. Vejo um projetista como alguém que tem a idéia e administra elas de forma prática. Existem duas linhas principais que um profissional de Arte e Mídia pode seguir, a Acadêmica que poucas pessoas escolhem e quando fazem, o fazem tardiamente, ou o mercado, que na maioria das vezes vão para fora da cidade, para outras áreas. O profissional tem oportunidades.
ros anos de Arte e Mídia, o mercado vem melhorando muito, mas talvez tenhamos chegado a um momento de estagnação. Muitos do mercado ainda não vão querer pagar preços justos para as produções. As pessoas vêem os trabalhos artísticos como algo supérfluo. Existem aqueles que fazem trabalhos a preços baixos e sem o mesmo nível de qualidade que um profissional formado poderia produzir. Os empresários ainda vêem esse tipo de trabalho como um tipo de despesal, como uma forma de “gastar” dinheiro e não como o investimento que é. Essa noção de que o investimento em qualidade gera retorno ainda falta se firmar em Campina Grande. Talvez isso mudasse se mais profissionais ficassem aqui, mas muitos vão para outros mercados, crescer em outros campos. Além disso, ainda temos a internet que nos da a chance de produzir para fora da cidade. Bendita seja a banda-larga.
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BOOK ME!
Nova empresa conquista espaço no mercado Um projeto multimídia apresentado em novembro de 2010 já conquista espaço no mercado sendo lançado como empresa em fevereiro de 2011
A Book Me é uma empresa de mídia visual que surgiu dentro do curso de Arte e Mídia. É uma empresa de Arte e Mídia, por local de nascimento e natureza. Uma empresa que produz conteúdo artístico nas áreas que atua e diversifica o que é visto no mercado atualmente. A diretora de Arte e Mídia e idealizadora, Marcella Loureiro traz para Campina Grande uma nova visão sobre as mídias visuais. A diretora fala sobre o nascer da idéia e sua meta inicial ao montar o Projeto Multimídia, “Eu quero fazer alguma coisa que eu vá aproveitar, ou que eu vá pelo menos utilizar como portfólio, algo que dê pra dar continui-
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dade, que dê para fazer o Projeto Multimídia e que ele não fique só nisso. Algo que possa caminhar”. Ela já ganhava reconhecimento do potencial do seu projeto já na banca de avaliação, onde o projeto é avaliado por professores da área. O professor e fotografo Sóstenes Lopes já afirmava lá o potencial mercadológico do projeto Book Me. A idéia estava pronta e já se tinha um modelo para apresentar, então tira-la do papel e levá-la para o mercado era o próximo passo. A empresa é relativamente nova, tendo início em Fevereiro deste ano, mas já consegue se destacar e conseguir seu espaço no mercado. E a realização deste projeto não seria possível se não fosse o apoio da Produtora Mariana Fechine. A diretora Marcella Loureiro fala sobre a união que dá frutos até hoje. “Quando eu estava escalando a minha equipe para o multimídia eu já dizia que iria
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produzir algo mercadológico e muitas pessoas falavam de Mariana como referência e já tinha tido a experiência de trabalhar com ela”. Marcella também fala sobre a necessidade de uma boa produtora e como Mariana conquistou seu lugar, tornando-se peça fundamental para a Book Me, “Comecei a conhecer Mariana e no meu multimídia ela ajudou bastante e a união começou ai. Como a produtora tem um relacionamento muito próximo com a direção, já que esse papel é necessário antes, durante e depois, eu e ela fomos ficando cada vez mais ligadas”. A partir dessa união o projeto de curso foi bem sucedido e lançado ao mercado. A equipe fixa da empresa se resume a diretora Marcella Loureiro e a Produtora Mariana Fechine, mas fotógrafos são convidados para ensaios especiais, a exemplo de Sara Cruz e Luciana Urtiga, também Diretoras de Arte e Mídia e que trazem o pensamento de um projeto conceitual para reforçar o produto da Book Me. O reconhecimento do projeto foi quase imediato. A produtora Mariana Fechine fala sobre a procura quase instantânea, perguntando o custo para produzir um book conceitual e desde então os pedidos continuaram chegando, mostrando que elas tinham um produto inovador e que tinha procura. A procura se intensificou ainda mais com o lançamento do primeiro trabalho, uma produção visual para o maior blog de moda de Campina Grande, o Papo de Camarim, de Paulinha Medeiros. “Fizemos as fotos para o álbum dela e até hoje conseguimos clientes porque fizemos esse trabalho”, diz Mariana.
O próprio Projeto Multimídia foi o primeiro passo para lançar a empresa no mercado, já que o primeiro trabalho foi pedido pela contratante ao conhecer o ensaio de Alice, realizado para o Multimídia. Após o contrato para o blog, contratos para produções de álbuns de debutantes, grávidas e outros, sempre aplicando os conceitos artísticos como norteador e diferencial de produto. “Nunca fazemos produções ‘padrão’, fazemos ensaios e produções individualizadas. O trabalho único e exclusivo é o nosso diferencial”, diz Marcella. Com o aumento da visibilidade, a empresa foi convidada para participar de uma exposição que reunia duas marcas de peso na cidade de Campina Grande. “Essa oportunidade aumentou ainda mais nossa visibilidade e nos propiciou uma lista de contatos que utilizamos até hoje. Nos unimos a Dolce, uma loja de doces que estava lançando uma nova linha de doces, e ao shopping Boulevard que estava lançando sua campanha de OutonoInverno”. Com a disponibilidade de estrutura do shopping e o pensamento de unir as duas linhas, um ensaio conceitual que utilizava tanto os doces como roupas disponibilizadas pelo shopping trouxe algo original e com vida para o olhar campinense. “Nós queremos que ele saiba que estamos fazendo tudo aquilo, para ele. Que cada ensaio é um novo projeto”, destaca Mariana. A Book Me é uma empresa dinâmica e que oferece pacotes diversificados. A disponibilidade de escolha tem atraído vários clientes. Mariana fala sobre as possibilidades que a
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empresa oferece.“Oferecemos vários pacotes, indo desde pacotes apenas com as fotos digitais, com as fotos reveladas, álbuns estilizados, vídeos, teasers, making off’s e outros. Em cada ensaio oferecemos maquiagem e cenário já com o pacote e vamos nos aperfeiçoando cada vez mais com cada trabalho”, diz a produtora. Reconhecer a possibilidade de crescimento e aperfeiçoamento desde o início da empresa não é apenas uma necessidade, mas uma característica da própria empresa. “Sempre trazemos um cenário novo, uma nova maquiagem”, complementa Marcella, mostrando que a inovação é uma necessidade constante a empresa. “Reconhecemos que no mercado atual temos que estar sempre nos reciclando e tomar essa postura desde o início da empresa já nos da o conforto de encarar a renovação como parte do trabalho”, complementa Mariana que reconhece que a satisfação é uma forma de divulgação. A empresa enfrentou dificuldades iniciais e ainda enfrenta algumas hoje, mas a dupla consegue superar essas barreiras e fazer a Book Me continuar em um ritmo de crescimento. “Acho que uma das maiores dificuldades que passamos, por sermos uma empresa relativamente nova é de que ainda existe setores que não sabem que nós existimos. Já temos uma faixa de público que nos conhece, mas ainda não atingimos o
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mercado maior”, diz a diretora, que ainda complementa falando sobre investimentos na internet, na formulação de um novo site por exemplo, sem se desprender das mídias alternativas para divulgar o produto. O perfil de empresa 2.0 se apresenta na Book Me, que utiliza de mídias sociais e sites de relacionamento para incentivar o público a conhecer o produto e manter uma linha fixa de comunicação com a clientela. “Nosso primeiro contato com o cliente é através da internet. Por isso que a gente vê como é importante ter esse tipo de mensagem, nesse tipo de meio”, complementa Marcella. A Book Me tem um estúdio, mas reconhece a força da internet e isso a tem alavancado no mercado, como uma forma de trabalhar com a concorrência. “Nós temos concorrentes na fotografia, mas que trabalhem as idéias de Books conceituais, não são muitos, não enfrentamos muita resistência”, fala a produtora e complementa que a divulgação dos clientes e do espaço virtual destaca esse diferencial. A empresa já busca crescer antes de seu primeiro aniversário. Em um futuro próximo, dizem as sócias, melhorar a estrutura com equipamentos novos, melhorar o estúdio, novos equipamentos de iluminação, fazer uma campanha publicitária e a partir daí melhorar o funcionamento geral da empresa já é uma meta. Ampliar a equipe também se faz necessário. Contratos já estão sendo perdidos pela demanda que a empresa busca se adaptar para comportar a realidade de mercado que cresce juntamente com a
qualidade dos produtos oferecidos. As empresárias ressaltam as dificuldades do pensamento de mercado de Campina Grande que ainda trabalha as produções artísticas como algo de segundo plano. “A nossa empresa chegou agora e faz um trabalho diferenciado e ainda assim consegue fazer o tradicional, mas muito poucos têm a coragem de abrir a cabeça mesmo e utilizar o serviço que a nós oferecemos” diz Mariana. A diretora ainda ressalta que essa realidade não se modificará sozinha. “Muitos profissionais de Arte e Mídia não tem a coragem de enfrentar a realidade. Eles não querem se colocar no lugar dos profissionais que antes eles criticavam. A gente quis fazer algo que fosse aplicável em mercado, mas que levasse a qualidade única de trabalho que o curso oferece”, afirma.
FRAGMENTO Investimento inicial :
Fotógrafos convidados** :
R$5.500,00
entre R$100 e R$200
Valores dos books*:
Gastos por ensaio:
variam de R$450,00 a R$600
aproximadamente R$100,00
*depende do ensaio
*depende da atividade realizada
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ENTREVISTA
O aluno que virou professor O professor Luciano Soares Mariz, 29 anos, se formou no curso de Arte e Mídia no ano de 2004 e mesclou sua carreira entre o trabalho de campo e dentro da academia.
Ele é um profissional que busca trazer a realidade do mercado de trabalho das produções artísticas para os alunos de Arte e Mídia. Em entrevista, ele fala sobre suas experiências como aluno, motivações, experiências profissionais e o que ele trabalha no curso enquanto professor.
Para iniciarmos essa conversa, conte sobre suas experiências enquanto aluno (produções, dificuldades, h istórias, alegrias, companheiros, etc). Entrei em um tempo interessante no curso, chegando a segunda turma e tendo um sentimento de provar o curso e desbravar um universo. Acho que isso é uma coisa de um curso e um campo relativamente novo na época. Com o passar do tempo, o perfil
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começou a mudar de alguma forma. Entrei em Arte e Mídia pois vi uma proposta interessante, me identifiquei pela afinidade com as áreas de arte e quando entrei, senti uma identificação maior. Quando entramos, em um primeiro momento, tivemos uma reunião com o Coordenador do Curso na época, Luciênio Teixeira e ele nos disse “Vocês são cobaias”. A partir dali eu soube que participaríamos da construção do curso e do mercado que ia absorver os profissionais daqui. Inicialmente, não nos relacionávamos muito com a primeira turma, tínhamos aulas em horários inversos e não nos encontrávamos muito, mas um sentimento de rivalidade foi aparecendo e isso levou a uma competitividade boa para o momento do curso. Tínhamos uma vontade de acampar no Campus, viver no curso e ali começava o nascer de um desenvolvimento da sensibilidade artística para muitas pessoas e tirar
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disso as formas para defender o curso no mercado.
O que é um professor de Arte e Mídia? Que áreas acadêmicas ele explora?
Realizei vários projetos enquanto era aluno, pesquisas culturais sobre a criação das bonecas de pano na região, sketch teatrais com textos nossos (da nossa turma), vídeos documentários e até um programa de auditório chamado Miolo de Pote, onde conseguíamos uma grande platéia, mostrando vídeos, teatro e tudo isso, fazíamos com pouco recursos, já que o curso era novo e tinha uma estrutura ainda em desenvolvimento.
O curso se propõe ao conhecimento artístico e suas ferramentas, a ligação entre a arte e a mídia atual, mas o cerne do pensamento se volta para o desenvolvimento da sensibilidade artística, pois sem isso, o curso está apenas formando um técnico, e não alguém com conhecimento crítico, esta formando um profissional vazio. Hoje o aluno entra no curso achando que o conhecimento técnico é tudo.
O que no curso lhe direcionou para pensar no Ensino? O que lhe motivou? Como Arte e Mídia lhe impulsionou a esse caminho? Sempre gostei da área acadêmica, me identifiquei muito com o ensino. Minha mãe era professora universitária e a idéia de gerar conhecimento, formar pessoas, preparar elas para o futuro sempre me atraiu. Ver alunos crescerem como indivíduos e como profissionais nos faz crescer também, enquanto professores, temos um feedback instantâneo de certa forma e isso me fez almejar a academia. Entre seis meses a um ano após ter concluído o curso, em 2004, abriu uma vaga para professor substituto e nesse meio eu já estava trabalhando com produção, mas prestei a prova e passei três anos no curso. Me empenhei e trabalhei para ser efetivado, pois a paixão que tinha pelo curso só aumentou quando ensinei e finalmente estou aqui.
O professor tem que ter uma visão global no curso e trabalhar isso de forma dinâmica. Cada professor tem sua área de especialidade logicamente. Ter me formado no curso me dá uma grande vantagem, pois já conheço a realidade que eles vivem no curso e a que eles vão enfrentar no mercado e tento mesclar isso nas minhas aulas. Eu conheço a necessidade da convergência de conhecimentos e tento incentivar isso nos alunos.
Como foi a transição da figura de Aluno para a de Professor? Quais as diferenças que se destacaram nessa mudança? A transição foi um pouco complicada, já que eu me formei em 2004 e voltei como professor em 2005. Alunos que estudavam do meu lado, agora me viam do outro lado da sala de aula. Mudar a relação de aluno/aluno para aluno/professor foi difícil, mas fui conquistando isso com o tempo. Tive que observar o curso sobre outra ótica e tive que mudar minha postura também. “A turbulenta conquista do corpo discente fez tudo isso
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valer a pena a longo prazo”. Por mais que tenham havido atritos, vim com vontade de mudar tudo, houveram atritos e isso acontece com todo profissional. Vim com muita garra e gás e as coisas não mudam assim. Tudo faz parte de um processo, você amadurece, muda estratégias, entende sua posição, fica um pouco mais sábio e você se adapta. Atualmente, vários professores no curso são formados em Arte e Mídia e isso está mudando o ritmo, gerando uma época produtiva e com maiores mudanças. O curso está evoluindo, temos que acompanhar estas alterações.
O que você viu que melhorou ao longo dos anos? O curso amadureceu ao longo dos anos. Vemos egressos em campo, sabemos o que é um diretor de Arte e Mídia e ele está acompanhando as mudanças de mercado. Estamos repensando algumas coisas e tornando o curso mais dinâmico, mudando a grade curricular. A estrutura física vem crescendo a exemplo de um futuro novo prédio e mais recursos criando uma estrutura melhor no geral. Arte e Mídia agora também é mais projetado, o mercado passa a saber mais sobre o
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Diretor de Arte e Mídia, o que o curso se propõe e essa maturidade lá fora eleva o patamar final do curso. O mercado está mudando e com isso, também o curso vem buscando se adaptar, com uma nova grade. A essência da compreensão da arte é a mesma, mas como isso será trabalhado para uso prático em mercado está sendo revisto. As disciplinas estão inserindo ainda mais na prática, refinando os conceitos apresentados na teoria, moldando um profissional cada vez melhor.
O que você tem feito para melhorar o curso? Eu tento melhorar o curso através da experiência que construí ao longo dos anos que estive no mercado. Carregar valores nos trabalhos e integrar as mudanças geradas pela vivência. O que mais busco é tentar investir minhas experiências diretamente nos alunos. A história que o curso tem e as vivências em campo, são levantadas e debatidas em sala, ressaltando valores éticos e artísticos que estavam começando a se perder. Os alunos atualmente começaram a pensar nas realizações de projetos como algo acadêmico e não profissional ou artístico. Estou buscando resgatar o teor artístico e profissional nos alunos para que eles tenham uma vivência de mercado desde o início de suas carreiras. Simulamos empresas com pedidos, buscando criar obras de mercado que tenham um teor artístico e esse seja seu diferencial. Temos muitos alunos dedicados e estes tem um futuro promissor no mercado
pois já buscam participar da realidade de trabalho desde o início de seus estudos.
O que você vê que poderia melhorar? (Apoio externo, integração entre Universidade e Setor Privado?) Acho que existe a necessidade de tentar agregar e atrair verba privada para o curso. Parcerias poderiam ser formadas e todas as partes envolvidas, inclusive a própria UFCG, ganhando com isso. O privado viabilizaria uma divulgação das produções do curso enquanto liga sua marca ao setor de arte. Trabalho com produção e reconheço a necessidade deste tipo de união, que faria com que o curso crescesse ainda mais. Já é hora de procurarmos este tipo de ligação com o mercado, fornecendo maior projeção, abrindo espaço para as produções e utilizar o que o curso oferece. Campina Grande está
perdendo muito com isso, juntamente com o curso. Essa relação simbiótica faria com que o comércio, o setor artístico e o acadêmico crescessem juntos.
Como é a realidade dentro de Arte e Mídia? O que se procura construir com um aluno ao longo de quatro anos de curso? Procuro inserir alunos nos meus trabalhos, levá-los para o set e empurrá-los a assumir responsabilidades reais, ver como é a realidade fora da academia. Acho interessante reforçar as relações de fora da sala de aula, como uma forma de melhorar sua prática. Afora isto, trabalhamos com setores diversos como criação de personagens em quadrinhos, curtas experimentais, elaboração de conceitos, videoclipes de artistas de bandas locais e com um enfoque em direção criativa, etc.
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O que você destacaria de produções apoiadas por você enquanto professor nos últimos anos?
Como o mercado utiliza os profissionais de arte e mídia? Alunos chegam a participar de produções?
Ao longo do curso supervisionei e participei de vários projetos de alto nível. Posso citar exemplos como ‘O Quinto Beatle’, fakementary muito bem produzido por Fernando Ventura e Ítalo Brito, onde os orientei e também nos digladiamos em embates criativos ao longo do processo na estruturação do Doc. ‘O Vôo das Borboletas’ também é outro projeto que posso destacar, dirigido por Felipe Lavorato e com ótimos resultados, assim como ‘Vida Crucis’ de Arôdo Filho.
Acho que a nova geração de profissionais vem com um pensamento inovador de observar e ensinar arte, pois temos uma vivência direta agora. Colheremos bons frutos no futuro. Estão ensinando por uma identificação e busca mudar o perfil do aluno para algo mais consciente e capaz. No futuro estas mudanças serão mais visíveis e concretas. Para tanto, busco levar os alunos para as produções, formando profissionais para o mercado já nas suas experiências de aprendizado.
Também temos os projetos dos quais eu participei diretamente, no âmbito profissional e convidei alunos para trabalhar nas produções, a exemplo de Balões de 74, um filme que eu produzi e dirigi, Borra de Café, dirigido por Aluízio Guimarães, Onde Borges Tudo Vê, longa-metragem dirigido por Tarciano Valério. Estes alunos foram apresentados ao mundo das produções profissionais e ganham muita experiência de realidade de set, assim como mostraram sua capacidade de adaptação e produção direta. Este tipo de experiência traz vida nova ao aluno e reforça o mercado de produções regionais que fica cada vez mais forte.
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O curso tem muito a oferecer e se o alunado buscar integrar esse potencial de possibilidades inúmeras que o mercado está mostrando, com o aumento de produções culturais na cidade de Campina Grande, poderemos modificar a situação atual que a arte e cultura se encontram aqui. As pessoas vão ver o diretor de arte e mídia como alguém que altera o pensamento de mercado e introduz arte e produções que antes eram levadas de uma forma bruta. Como professor, estou moldando essa nova realidade e quero fomentar cultura em Campina Grande através dos meus alunos e das minhas produções.
CONHEÇA O CURSO DE ARTE E MÍDIA. O site do Projeto Prisma apresenta o curso que mescla arte e tecnologia e está mudando a realidade de Campina Grande Para mais informações visite
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