GRANDE ENTREVISTA
ENTREVISTA “PONTA DELGADA ESTÁ A MUDAR OBJETIVAMENTE PARA MELHOR”
ENTREVIISTA O REGRESSO DO TREMOR EXPLORANDO... LUGARES ENCANTADOS NA ILHA DE SÃO MIGUEL
RUBRICAS
MEGAFONE COM JOSÉ F. ANDRADE CONSULTÓRIO JURÍDICO COM CARLOS MELO BENTO SAÚDE ÓTICA COM INSTITUTOPTICO
ENTREVISTA PRIMEIRA CRECHE DE INCLUSÃO E INTERVENÇÃO PRECOCE DOS AÇORES
EXERCÍCIO FÍSICO PELA SUA SAÚDE COM CELSO TAVARES CONSULTÓRIO DA SAÚDE COM JOÃO BICUDO MELO SAÚDE AUDITIVA COM AUDIÇÃO PORTUGAL OLHAR CRIATIVO TEMA: “ÁGUA, FONTE DE VIDA”
REPORTAGEM LIVRO “COMER VEGETARIANO DURANTE UMA SEMANA” NOMEADO NOS ‘ÓSCARES DA CULINÁRIA’
DESPORTO: RICARDO MOURA DO PRINCÍPIO AO FIM
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ENTREVISTA REPORTAGEM
PRIMEIRA CRECHE DE INCLUSÃO E INTERVENÇÃO PRECOCE DOS AÇORES
Natacha Alexandra Pastor
DR
A Olhar Poente e a Associação Nacional de Intervenção Precoce (ANIP) celebraram um protocolo de cooperação no âmbito da implementação de Práticas Recomendadas em Intervenção Precoce na Infância e de Práticas Pedagógicas em contexto de Creche e de Centro de Atividades de Tempos Livres. Criativa Magazine - Como surgiu esta parceria de Olhar Poente e a Associação Nacional de Intervenção Precoce (ANIP)? Sérgio Nascimento (Olhar Poente) - Esta parceria surgiu 11 anos após a abertura da primeira creche e CATL na Vila Nova, município da Praia da Vitória, estando hoje a Olhar Poente presente em 5 freguesias. De forma natural fomos cando lotados e nos últimos 3 anos o número de crianças com necessidades especiais ou atrasos no desenvolvimento foi aumentando, muitas encaminhadas por pediatras. Esta realidade pôs a descoberto uma lacuna formativa e de metodologia do nosso trabalho,
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que necessitou imediatamente ser revertida. Contactámos os Conselhos de Administração do Hospital e Unidade de Saúde de Ilha Terceira com o objectivo de criar sinergias para uma resposta integrada. Também estabelecemos contacto com a Associação Nacional de Intervenção Precoce (ANIP), organização de referência nacional, que encontrou na Olhar Poente pontos de convergência. Felizmente a nível nacional fomos bem acolhidos para melhor intervir a nível regional. Trata-se de um projeto pioneiro. Em que pontos é que esta iniciativa é diferente e o que é que tal representa para as crianças e famílias envolvidas?
Há muitos bons exemplos de creches, todos inclusivos quando bem desenvolvidos. O mesmo se passa com a Intervenção Precoce na Infância, com modelos de sistemas bem consolidados e integrados. A Olhar Poente ao estabelecer parceria com a ANIP, criou a resposta de Creche de Inclusão e Intervenção Precoce. Investimos numa sala sensorial, gabinetes médicos, materiais especí cos e mantivemos o investimento na formação interna e sensibilização junto da comunidade educativa. Também constituímos uma Equipa Multidisciplinar composta por terapeuta da fala, psicomotricista, psicólogo, musicoterapeuta e outros pro ssionais. Por outro lado, reconhecemos que o brincar e o ar livre são associados a maiores níveis de inclusão, sendo as nossas acções desenvolvidas, preferencialmente, em contexto de grupo. Claro que, as famílias sentem-se mais con antes ao pertencerem a uma organização que desenvolve um trabalho de proximidade e apoiado nos recursos existentes na comunidade, transdisciplinar e concertado com a ETIP, onde são implementadas práticas recomendadas de intervenção precoce. Também os professores do Pré-escolar
e 1º ciclo estão mais esperançados na nossa intervenção baseada em rotinas, pois acreditam que irá permitir uma melhor integração destas crianças no ensino público. O nosso compromisso é garantir que as crianças tenham respostas imediatas e sem interrupções e os pais vivam com menos ansiedade e totalmente esclarecidos sobre o processo que envolve o seu educando. Importa talvez - para a comunidade perceber o que é a snoezelen (room), já que é um conceito relativamente ‘novo’ nos Açores, ou seja, não predominam muitos espaços desta natureza? De forma muito simpli cada, é uma sala equipada com material para estimulação sensorial, onde se conjugam cores, sons, texturas, aromas e com objetos que possam ser tocados e admirados. Na Região existem outros espaços com investimento muito superior. No nosso caso, esta sala é apenas um dos muitos recursos disponíveis na creche, acessível não apenas às crianças que apresentam atrasos no desenvolvimento, mas sim a todas as outras,
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ENTREVISTA REPORTAGEM
E qual o nosso papel? Apoiá-las em todos os momentos nos seus ritmos de aprendizagens e progressos, possuam ou não necessidades educativas ou de saúde especiais.” num trabalho inclusivo e numa abordagem centrada na família. Estamos motivados para disponibilizar à equipa e famílias, os apoios e recursos necessários para promover positivamente o desenvolvimento das crianças, numa relação próxima e afectiva com a ETIP e outros pro ssionais de saúde. Daí que, na elaboração do Relatório Técnico-Pedagógico, Programa Educativo Individual, Plano Individual de Transição ou qualquer outro, os encarregados de educação não podem ser tratados como sujeitos passivos para validação destes documentos, mas sim, devem ser convidados a integrar, intervir e decidir. Queremos empoderar as famílias! E vamos fazê-lo. É preciso construir pontes para evitar barreiras no conhecimento.
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O público infanto-juvenil deste novo espaço é um público com necessidades especiais? Quais são elas? São todas as crianças com idades compreendidas entre os 0 e 6 anos. Com as suas características, diferenças, interesses, di culdades, frustrações. Mas também com os seus medos, anseios e inseguranças. E qual o nosso papel? Apoiá-las em todos os momentos nos seus ritmos de aprendizagens e progressos, possuam ou não necessidades educativas ou de saúde especiais. É assente que os primeiros três anos de vida são uma extraordinária janela de oportunidades e os contextos naturais proporcionam múltiplas aprendizagens. Mais uma razão para trabalhar a parentalidade consciente e positiva. Estudos sobre os efeitos da criança com alguma incapacidade na família apresentava como características predominantes relatadas o stress, a depressão e o isolamento social. As nossas famílias referem-nos isso e muito mais! Daí termos invertido o modelo, em que educadoras, docentes de educação especial e outros pro ssionais, são os agentes ao serviço da família e não o contrário. Por defendermos este modelo, que vai ao encontro da investigação mais recente, foi feita uma exposição ao Governo dos Açores no sentido de entendermos a visão política sobre a potencialidade do projeto e sua monitorização. Consideramos que a Intervenção Precoce na Infância e a Educação Inclusiva devem partir de um esforço e vontade conjunta de diferentes intervenientes, com estratégias comuns e numa base de partilha de ideias, permitindo assim evitar resultados de sobreposição num território social limitado e a necessitar de ser aperfeiçoado.