BIOGRAFIA ANO I | JANEIRO DE 2022 | 1ª EDIÇÃO DISTRIBUIÇÃO SOMENTE EM FORMATO DIGITAL
PÉROLAS DE RIKARDO Nascido no Brasil, mas filho do mundo.
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PÉROLAS DE RIKARDO Nascido no Brasil, mas filho do mundo. Pérolas de Rikardo foi o nome que o influenciador escolheu para apresentar seu trabalho internacionalmente. Nascido no Interior do Paraná, decidiu sair do Brasil em busca de um sonho, que cada dia mais, chega próximo de uma realidade. Nesta edição, estivemos entrevistando Rikardo para conhecer um pouquinho de sua história.
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05 Sabemos que hoje você tem uma carreira e uma história na Europa, mas como foi nascer e morar no Brasil?
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omecei a trabalhar muito cedo na cidade de Curitiba PR pois, muito antes, descobri minha vocação para a comunicação. Fui o mais jovem a ser contratado pelo Banco HSBC (Hong Kong and Shanghai Banking Corporation) da cidade de Curitiba por conta de minha personalidade, o que nunca tive medo de
demonstrar. Com 18 anos assumi minha sexualidade para a família, o que, por algum tempo, não foi fácil. Minha família queria o melhor para mim e, na cabeça deles, ser gay não era o melhor que a vida poderia proporcionar. Sempre fui homossexual, mas nunca tive problemas com isso, o problema era sentir que não fazia parte de uma comunidade, pois crescer no Brasil nos anos 90 sendo gay e sem apoio não foi fácil. Isso causou muitos transtornos entre minha família e minha nova posição nesta sociedade onde todos querem fazer parte mas que ninguém tem nome. Saí de casa no mesmo ano logo após me assumir para a minha família pois achava a melhor forma de continuar com eles e poder ser quem eu queria. Fiz de tudo um pouco para poder sobreviver fora de casa, mas tenho que dizer que mesmo assim, minha família sempre esteve ao meu lado me apoiando, pois o amor está lá e eles só precisavam de tempo para entender o meu novo normal. Sair de casa foi a melhor coisa que fiz na época, pois minha família precisava entender tudo o que estava acontecendo dentro da minha cabeça. Passei por muitos problemas e dificuldades no momento que deixei minha família, mas acho que a pior foi a descoberta de um sistema decaído no Brasil. Todas as vezes que saía para procurar um emprego, as pessoas não me contratavam já que o Brasil é um país que tem a hipocrisia de recrutar pessoas com experiência, porém sem proporcionar essa experiência a elas. É frustrante saber que jovens na minha época e nessa época em que vivemos, não estãono mercado de trabalho por falta de oportunidades e apoio, pois recrutadores precisam de um pedaço de papel (carteira de trabalho) para comprovar que o candidato é habilitado para a função. Quero utilizar esta oportunidade para lembrar que nosso país oferece profissionais maravilhosos para todos os tipos de artes e que precisam de apenas uma oportunidade para brilhar, não é um pedaço de papel que vai fazer a qualidade e sim o amor pelo trabalho. Eu nunca deixei que situações como esta me impedissem de continuar e quero pedir a todos os leitores que também nunca desistam. Que encontrem sua arte, indiferente do que este pedaço de papel diga.
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Você sempre trabalhou com arte? Não. Comecei a trabalhar muito cedo com comunicação, especificamente telemarketing. Foi a forma que encontrei de me expressar e ganhar dinheiro ao mesmo tempo. Mas alguma coisa me dizia que ainda não era suficiente. Eu queria mais! Queria ser ator e realizar ou atuar em algo que pudesse fazer a diferença, mas não sabia o que ou como poderia fazer.
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De onde surgiu a vontade de sair do Brasil e como foi esse processo? e lembro da primeira vez que tive a ideia de que eu deveria fazer alguma coisa além de ficar apenas atendendo um telefone. Me recordo de estar na fila de um clube, com uma cerveja na mão, e um morador de rua me pediu um gole. Propus uma troca a ele: ele me dava um trago do cigarro e eu um gole da minha cerveja. Deu certo, sentei na calçada e começamos a conversar e trocar ideias. Um dos meninos que estava comigo me puxou, disse que eu não poderia fazer aquilo pois eu não conhecia o mendigo. Falou também que ele ficaria conversando com a gente e eles não andavam com mendigos – segundo ele. Naquele momento, eu vi que eu não poderia ficar no meio em que eu estava e que ali não era o meu lugar pois não queria me tornar uma pessoa que não poderia conversar com outra, simplesmente, por ela ser preta ou pobre. Eu não sabia de nada naquele momento, a única coisa que sabia era que ali não era o meu espaço e hoje me pergunto: como pode uma situação como esta mudar toda a sua vida? Depois desse episódio, decidi que a melhor coisa era sair da cidade, mudar os ares e conhecer novos horizontes. Sempre pensamos em mudar e queremos uma vida nova, mas qual será a melhor opção? O que será esta vida nova e como chego lá? Estas perguntas começaram a me acompanhar todos os dias. Foi quando a ideia de mudar para o Rio de Janeiro apareceu. Queria ser ator de novelas, filmes e, eventualmente, ganhar o Oscar de melhor ator brasileiro mas, infelizmente, as coisas nem sempre são como sonhamos. Quando faltavam literalmente três dias para a viagem ao Rio de Janeiro, minha amiga (a pessoa que estaria participando dessa aventura comigo) me ligou dizendo que estava desistindo pois temia por problemas ao longo do processo e que ambos tivéssemos que voltar para Curitiba “com uma mão na frente e a outra atrás”. Meu mundo começou a derreter naquele momento. Tinha saído de um emprego em um banco internacional com planos de morar em uma outra cidade e agora estava tudo indo por água abaixo. Porém, ela me propôs não somente sair da cidade mas do país, mudar o roteiro para Portugal já que ela tinha parentes lá. Na época, não conhecia nada sobre o país ou a Europa. Me questionava a todo momento sobre quem eu queria ser no dia de “amanhã”, sabendo que as pessoas são reflexo do seu passado. Ninguém precisa perguntar a alguém o motivo de uma outra pessoa lhe classificar mau-caráter, seus atos do passado vão responder melhor que suas palavras. Me animei muito para esse novo plano, apesar de ter perdido a confiança em minha amiga pois não acreditava que ela iria seguir nosso plano. Propus que tirássemos o passaporte no mesmo dia (naquela época bem menos burocrático do que nos dias atuais) e comprássemos a passagem deixando tudo pronto para que a aventura começasse. A data era dia dois de fevereiro de 2000, tiramos o passaporte no dia seguinte e no dia cinco compramos nossas passagens.
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Como foi contar para sua família que estava indo embora?
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uando me lembro desta época, meus olhos se enchem de lágrimas por recordar o quão difícil foi para a minha mãe. Para que você saiba, leitor, não existe nada mais aterrorizante a mim do que ver minha mãe chorando. Então, para que eu pudesse sobreviver a esta situação, decidi contar a minha família alguns dias antes de viajar. Coloquei as passagens e o passaporte na mesa, os mostrei e informei que estava indo embora dali três dias. Nesse momento, a história se tornou real. Muito real! Minha mãe chorava tanto que pensei que ela morreria. Foi naquele momento que lembrei o motivo de não ter contado antes. Se minha mãe tivesse feito aquilo uma semana antes da minha viagem eu teria desistido. Mas, nesse momento, eu estava tão decidido que não ficaria mais no Brasil e já me via em Portugal de uma maneira que não havia como voltar atrás. Minha única preocupação era, justamente, o que me esperava em Lisboa, pois minha cabeça já estava lá! contato@portalvitrini.com.br
Fale um pouco sobre como foi sua chegada em Portugal
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a manhã de 13 de fevereiro de 2020, pegamos o avião em São Paulo sentido a Lisboa. Na época, a novela “O Clone” estava no ar e havia uma personagem chamada Maria João, uma portuguesa. O país estava no auge e no centro das atenções do mundo. Recentemente, havia entrado para a União Europeia e mudado sua moeda para o euro, por isso o avião estava lotado de sonhadores à procura de um futuro melhor. Ali eu vi que, como eu, muitos brasileiros estavam cansados da vida no Brasil. Quando chegamos ao aeroporto, o policiamento era muito severo e os da imigração estavam interrogando todos que chegavam de viagem. Quando fui pegar minhas malas, percebi que uma delas havia sido extraviada. Cheguei em Portugal ilegalmente. Imagine eu, espalhafatoso como sou, desesperado, fiz um show no aeroporto diante dos policiais que estavam ali e parei o aeroporto a ponto das pessoas só olharem para mim. Soube depois, por meio da Karine, minha amiga que havia viajado para o país comigo, que um dos policiais chorava de rir da minha "performance" (algo que não percebi no calor do momento). Ele me perguntou se eu tinha onde ficar e mandou que eu fosse para lá imediatamente, a mala chegaria depois. Com isso, consegui passar pela imigração despercebido e entrar no país. Enfim, estava em Portugal! Por isso, eu falo para todos que posso: tenham sua própria personalidade e atitude. Façam as coisas sem medo pois ele mostra uma pessoa que você não é.
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Qual foi o período mais desafiador para você no país?
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s primeiros seis meses foram os mais difíceis. Trata-se do período em que você deve consolidar sua chegada. Eu estava procurando emprego todos os dias mas cada vez parecia mais difícil minha estadia em Lisboa. Até que uma amiga me disse que havia um salão de beleza que estava precisando de cabeleireiro. Apesar de eu nunca ter trabalhado com isso e mal cuidava do meu cabelo, aprendi que você é capaz de tudo o que quiser se realmente acreditar! Fui até o local, havia cinco pessoas que trabalhavam lá e, ao me entrevistar, o proprietário perguntou se eu tinha experiência nessa função, mesmo não sendo verdade, afirmei que atuava como cabeleireiro há dois anos, eu nunca sequer havia pego uma tesoura na minha vida, mas ele me solicitou um teste e passei! Trabalhei nesse salão por três meses sem tocar nas tesouras usando a desculpa de que eu estava aprendendo e “pegando o jeito” dos portugueses trabalharem. Aprendi a enxaguar cabelos e fazer prancha, mas nunca a pegar numa tesoura. A lição que tirei dessa experiência foi: a partir do momento que você começar a aparecer demais as pessoas buscarão defeitos no que você está fazendo e usarão isso contra você. Sempre fui uma pessoa que gosta de conversar e fazer amizades, isso começou a incomodar os outros funcionários, que logo descobriram a única coisa que eu estava cortando: a paciência deles. Contaram ao meu patrão que eu não estava exercendo a função de maneira apropriada e fui despedido na mesma semana. Quando saí do salão de beleza meu desespero foi ao limite pois precisava encontrar um trabalho o mais rápido possível. Morar fora do Brasil te ensina que ficar sem emprego não é uma opção. Foi quando me deparei com a possibilidade de trabalhar em um bordel. Em minha primeira experiência trabalhando na noite, comecei de maneira simples, trabalhando durante a madrugada limpando mesas e atendendo clientes. Nesse bordel havia uma brasileira que trabalhava comigo e, obviamente, ficamos amigos. O povo brasileiro possui por natureza certa dose familiar em si, facilitando laços por origem. Comentei com ela que eu e Karine estávamos procurando casa e ela nos convidou para ir morar com ela. Foi então que percebi que somos movidos pelo calor do momento e, certamente, todos já passamos por situações similares. Acreditamos que somos todos amigos e que todos nós nos amamos. Me dói ser a pessoa a quebrar esse tabu, mas de fato isso é um grande pensamento equivocado. Nós não somos amigos de todo mundo e não são todos que gostarão de você. Mas está tudo bem! Saber disso pode evitar situações prejudiciais no futuro. Na mesma semana fomos morar com esta moça que, aparentemente, era maravilhosa. Eu e minha amiga decidimos encarar como uma boa oportunidade pois estávamos no começo de nossa trajetória em Lisboa e toda ajuda era bem-vinda. Porém não fomos informados de que a menina era alcoólatra e além disso era bipolar. Sou uma pessoa muito direta e lidar com bipolaridade não é meu forte, já que eu tenho paciência zero. Então você pode imaginar o final desta história.
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Em nossa primeira discussão ela começou a fazer algo muito comum na região: ameaças e imposição de superioridade. Nesse momento me disse a frase que até hoje tenho total repúdio: “se você não ficar esperto eu vou denunciar você!”. Essa foi a primeira vez que presenciei a maldade de uma comunidade que não se preocupa em ajudar mas em tirar proveito. Entendi que ela não havia nos chamado para sua residência por querer ajudar, mas pela perspectiva de fazer dinheiro fácil, já que havíamos acabado de chegar e não teríamos problemas em pagar o que ela pedisse para permanecer na casa. Assim, entendi que neste mundo, principalmente referente às oportunidades, as pessoas sempre chegarão com sua agenda pronta, ou seja, com uma intenção. Nem todas as situações serão ruins, mas, o importante é aprender a se portar diante delas, indiferente do resultado. Uma dica que dou a todos é: sejam fortes, acreditem em vocês e nunca permitam que outros tirem proveito em nenhuma situação. Tivemos uma discussão intensa onde muita coisa foi falada e, quando ela percebeu que não conseguiria o que queria então, a primeira coisa que fez foi me expulsar da residência. Eu respirei e pensei que não adiantaria continuar brigando. Esperei minha amiga chegar para decidir o que faríamos e para onde iríamos pois tínhamos que sair da casa. Após contar o que havia ocorrido e explicar à ela a tentativa de golpe, perguntei o que faríamos. A resposta foi simples e rápida: “Ela não expulsou a gente de casa, ela expulsou VOCÊ. Eu vou ficar.” Fiquei perplexo diante da situação e da reação de Karine, já que éramos amigos há mais de dez anos e possuíamos laços o suficiente para viajarmos ao exterior com intenção de permanência. Hoje, sou uma pessoa forte, que confia apenas em si mesmo e o motivo dessa postura são todas as experiências que já vivi similares a esta. Descobri que a amizade é maravilhosa, mas não é eterna.Devemos aproveitar cada momento com os nossos amigos, trabalhar nossa relação com eles e cultivar amizades. Mas não podemos esperar que a realidade seja igual aos filmes. Eu, até hoje, amo todos os meus amigos e respeito cada um deles, porém, ciente da minha capacidade de individualidade e solitude. Não devemos temer a solidão, já que, inevitavelmente, ela chegará em algum momento da vida e teremos que estar preparados para isso. Acredito que, de todas as experiências que contarei esta tenha sido a primeira e mais intensa. Porém, essas construções me tornam um indivíduo forte e consciente de que tudo um dia acaba e que o amor e a amizade fantasiosa foram feitos apenas para as novelas.
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Com todas essas situações, você pensou em desistir?
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im. Lembro-me que, nessa época, cheguei a fazer as malas por nove vezes e ir ao aeroporto quatro vezes determinado voltar para o Brasil, mas eu não conseguia. Chegava la e não embarcava. Nesses momentos, pude ver o tamanho da minha força e resiliência. A vida não é fácil e muitos problemas aparecerão no seu caminho, mas nunca esqueça que somos mais fortes que qualquer imprevisto. Cheguei a morar em 14 lugares diferentes ao longo dos 6 anos que vivi em Portugal. Convivi com todos os tipos de pessoas que você possa imaginar. Desde pessoas incríveis até as mais psicopatas possíveis. Hoje eu digo que tenho desenvoltura para falar com os outros, também, porque encontrei todos os meus fantasmas e, certamente encontrei novos que surgirão. Essas pessoas me ensinaram a lidar com meus medos de maneiras incríveis. Conheci aproveitadores, ladrões, pessoas que bebiam e ficavam loucas e indivíduos que não se
aceitavam. Alguns tentaram me deportar, outros tiravam do próprio prato colocar no meu. Isso me fez entender o quão importante é saber lidar com as pessoas. Às vezes, queremos andar somente com pessoas boas, mas se temos a oportunidade de andar com indivíduos ruins, podemos observar o motivo para agirem dessa maneira. Assim, saberá como agir. Este foi um momento muito difícil em minha vida, já havia perdido totalmente a confiança nas pessoas. Acredito que todo imigrante pode se identificar com as situações que enfrentei. Me senti perdido e sem rumo, por isso me entreguei à bebida e, por algum tempo, meu consolo foi uma garrafa de whisky. Em uma bela noite, no meu quarto, comecei a falar com Deus e lhe perguntei o porquê de eu estar daquela forma. Logo eu que sempre achei que teria forças para fazer o que quisesse me deparei imóvel com aquela situação. Uma sensação de euforia tomou conta do meu corpo e eu me perguntei: O que eu estou fazendo bêbado dentro desse quarto? Ao ter esse pensamento, me senti aliviado e com disposição para mudar de postura, saindo daquele quarto. Lembro-me de ter apenas cinco euros na minha carteira e, mesmo assim, decidi sair, pois tinha a impressão de que minha vida estava prestes a mudar. De fato, foi nessa noite que tudo mudou. contato@portalvitrini.com.br
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Entrei no primeiro bar que avistei e comecei a falar com todos os presentes. Me deparei com um português que mudou minha vida. Conversamos a noite toda sobre diversos assuntos. Ele me contou que seu namorado era brasileiro e que adorava nossa cultura e alegria, o que me ajudou muito. Após lhe contar tudo que havia me acontecido, ele me convidou para uma festa que seria no dia seguinte na casa dele. Segundo ele, seria uma festa repleta de pessoas influentes e ricas, disse que, na visão dele, um cara como eu arrumaria, facilmente, uma pessoa para conversar, um namorado ou, até mesmo, um emprego. “Você é o meu convidado”, disse ele. No dia seguinte, fui trabalhar, cheguei em casa e decidi não ir à festa. Você já se sentiu derrotado antes mesmo de começar a batalha? Foi isso o que senti. Hoje eu explico esta situação de uma maneira muito eficaz. Todos nós temos uma voz interior, que eu chamo de “inter saboteur'', aquela voz que fala que você não é suficiente e capaz, sendo desistir a melhor escolha. É assustador, mas controlar esta voz é essencial para o nosso sucesso. Ela sempre aparecerá em momentos delicados e de importantes decisões. Comecei a lembrar do que havia deixado no Brasil e das coisas que me havia prometido quando cheguei em Lisboa. Então, troquei de roupa e fui à festa com coragem. Chegando lá, logo aprendi a importância de falarmos com todos. As pessoas que eu falava não me davam atenção, parecia que sabiam que eu não pertencia àquelas classe social. Mas mesmo assim, eu abordei cada um deles para tentar conseguir a atenção que meu anfitrião havia mencionado. A todo momento eu me sentia observado. Em um determinado momento sentei no sofá, estava cansado e sem energia ter sido tantas vezes ignorado. Um homem chamado Anselmo veio conversar comigo e perguntou se eu estava bem. Respondi que sim. “Eu estava olhando para você” começou ele. “Por que você não foi conversar comigo?” - continuou. Eu já estava cansado daquele lugar e aquelas pessoas já haviam, literalmente, acabado com as minhas esperanças de sucesso. Respondi que não estava afim contato@portalvitrini.com.br
de sexo nem nada similar. Nunca subestime uma pessoa, pois ela pode ser a chave para solução dos seus problemas. Aprenda a escutar, somente assim você e sua própria cabeça conseguirão a solução ideal. Nesse momento ele parou, me olhou e disse: “Sabe o que é engraçado? Você conversou com todos na festa menos comigo. Quando eu venho falar com você, você acha que eu quero sexo. Você enxerga a graça dessa situação? Porque se você tivesse me abordado, eu jamais insinuaria isso. Mas porque eu vim falar com você, você acha que tem o direito de me falar isso?” Nessa hora eu parei, respirei, olhei para ele e pedi
desculpas. Nos apresentamos, mas antes de eu falar qualquer coisa ele disse: “Eu gosto de você, mas você está fazendo isso errado. Não está sabendo usar essa festa ao seu favor. Eu posso te ensinar a fazer isso e ajudá-lo a entender o que você acabou de fazer aqui dentro”. Era umas três horas da manhã e eu já estava com muito álcool na cabeça. “Se você quiser entender o que eu estou falando, vá nesse endereço às nove da manhã.”, disse ele. Chegando em casa, tomei vários cafés, muita água e três banhos. Eu queria estar lúcido no dia seguinte para entender o que aquele homem iria me propor. Em meio a curiosidade e receio,
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decidi ir até o endereço que ele havia me passado. Quando cheguei ao local era uma empresa de telemarketing e entreguei o papel para a recepcionista. – “Ricardo, né?” disse ela com um sorriso enorme no rosto. – “Sou eu”, disse. – “Estávamos te esperando! Venha comigo”. Ela me levou a um setor da empresa onde várias pessoas trabalhavam e me senti em casa! Pois sabia fazer aquilo! Nunca havia feito em Portugal, mas sim no Brasil. Quando entrei na operação, todos os supervisores estavam com a cabeça para fora das salas para ver quem eu
era, pois o Anselmo havia falado de mim para todos eles. Logo que sentei me passaram um teste: eu deveria ligar para uma pessoa e convencê-la a ligar em um outro contato. Parecia uma tarefa simples, senão pelo meu desespero, nervosismo e pressão. “Você só vai trabalhar aqui se a pessoa que atender fizer a ligação que você solicitar. Como você vai fazer isso, eu já não sei”, disse a moça. Olhei para o script e perguntei: “Posso fazer qualquer coisa para a pessoa ligar?”, após a resposta afirmativa, fiz a ligação e uma senhora chamada Maria atendeu (nunca esqueço do seu nome, já que é o mesmo da minha mãe).
Comecei a explicar para ela a situação e quem eu era: “Esse é um teste de trabalho, eu estou dependendo da senhora, Dona Maria. Mas antes de eu falar qualquer coisa, eu quero perguntar para a senhora: a senhora tem filhos?” Ela disse que sim e eu prossegui: “Imagine se o seu filho estivesse na situação que eu estou: fora do meu país, precisando de ajuda e alguém f o s s e o q u e a s e n h o ra é , n e s s e momento, para mim, para o seu filho. Eu queria que a senhora pensasse nisso enquanto estiver ouvindo o que vou lhe falar. Eu vou lhe fornecer um número de telefone e a senhora vai precisar ligar para este contato”. Nesse momento, estavam todos à minha volta prestando atenção na minha conversa com a Dona Maria. Continuei: “eu preciso que a senhora ligue nesse número e diga: Bom dia, eu sou a Maria e estou ligando porque o Ricardo me pediu. Se a senhora fizer isso, conseguirei um emprego e isso mudará a minha vida dentro desse país. Passei o número para ela e, três segundos depois, o telefone tocou: “Bom dia, eu sou a Maria e estou ligando porque o Ricardo pediu para eu ligar.”, disse ela. Quando isso aconteceu, o patrão olhou para todos e disse: “Viu? Eu falei que ele conseguiria!”. Depois disso todos os supervisores vieram até mim para se apresentar. “Seja bem-vindo à companhia, disse um deles.” Assim, eu fui contratado! Anselmo me chamou até sua sala e disse que eu seria contratado como operador, mas que não era somente para isso que eu havia sido contratado. A partir daí ele me colocou "debaixo de suas asas". Anselmo era um por tuguês que trabalhou na Argentina e nos Estados Unidos com todos os tipos de vendas e t u d o o q u e s e p o s s a i m a g i n a r. Espontaneamente, ele começou a me ensinar tudo o que havia aprendido em sua carreira! Foi com a sua ajuda que entendi a importância da leitura corporal e o quanto é importante saber o por quê você está falando com alguém. Eu não possuía essa preocupação analítica, somente me expressava livremente em palavras.
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Você entrou lá como operador. Como você conseguiu chegar até o cargo de supervisor tão rápido?
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erto dia fomos para um clube e Anselmo chamou outros dois colegas meus de trabalho. O clube era o Lux, local que na porta já pediam 150 libras de consumação. Quando chegamos no clube, o dono do estabelecimento estava nos esperando. Cumprimentou Anselmo de forma muito amigável, perguntando se estávamos bem e nos chamando de “filhotes do Anselmo”. Entramos, nos sentamos e levaram Anselmo à sua própria mesa. Nota-se que ele possuía uma mesa em um dos clubes mais caros da Europa! Ele nos pediu todos os nossos pertences e nos deu uma hora e meia para que trouxéssemos a ele uma pessoa que se apresentasse e lhe oferecesse uma bebida. Questionei como faríamos isso, em resposta, Anselmo disse que poderíamos fazer o que fosse necessário. Logo em seguida, os meus colegas de trabalho já estavam conversando com as pessoas e tentando convencê-las a fazer o que havia sido solicitado. Me perguntei como faria aquilo, já que naquele clube as únicas pessoas que iriam me ouvir eram mulheres. Apostando nisso, fui até uma mesa e me direcionei a uma moça que estava com seu namorado, me apresentei e disse: “Eu sei que pareço um louco falando com você, porém estou fazendo isso para a efetivação de emprego para o cargo de supervisor, meu patrão disse que preciso levar alguém até a mesa dele para que se apresente e lhe ofereça uma bebida. Não estou aqui lhe pedir que faça isso, até porque, imagino que sequer levantaria de seu lugar. Também sei que se eu pedir para o seu namorado, ele não me dará atenção. Mas eu percebi que quem manda nessa mesa é você e acredito que se você pedir para o seu namorado ir lá, ele o fará. Então eu gostaria de pedir, por favor, para que você peça para ele ir até lá e me fazer essa gentileza. Eu preciso muito desse emprego!”. É incrível o poder de acreditar em você, mas é ainda mais incrível o poder da criatividade e visão. Todos temos esses poderes e podemos criar situações que, certamente, nos ajudarão. Analise, assista e estude todas as situações e oportunidades à sua volta e garanto que as coisas funcionarão com maior fluidez. Com este discurso, eu consegui levar 22 pessoas à mesa de Anselmo. Às vezes pode ser necessário sair do padrão. Se todos vestem uma cor e disseram ser a certa, não é necessário que você também o faça. Pense fora da caixa, acredite na sua voz interior que diz para que siga os seus instintos. O sucesso também tem a ver com individualidade. Eu não fiz nada mirabolante, somente optei pela estratégia mais fácil. Assim, fui efetivado como supervisor. Pergunte-se o que só você sabe fazer. Quando descobrir, utilize o seu ponto forte em tudo o que você faz, diariamente.
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Como você conheceu seu esposo?
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ão imaginava sequer que encontraria uma das pessoas mais importantes da minha vida: meu esposo que está comigo há 16 anos. Como mencionei, Anselmo era contra relacionamentos, pois, em sua filosofia, relacionamentos atrasaram o faturamento, mas o universo estava guardando uma surpresa para mim. Minha equipe de vendas sempre recebia bônus, pois superávamos as metas frequentemente e saímos para festas patrocinadas pela companhia. Em um desses eventos conheci meu esposo, David, Inglês, lindo, de olhos azuis e que ganhou o meu coração. Não quis saber de filosofia de empresa pois estava apaixonado! Consegui esconder meu relacionamento por algumas semanas, mas ficou evidente que eu já não estava mais tão focado no trabalho, pois queria estar com ele. Quando Anselmo descobriu sobre meu namoro com o David, disse que, mais uma vez, eu estava fazendo tudo errado e que eu deveria largá-lo. Quando percebeu que eu não faria sua vontade, tive que escolher entre o meu emprego e o meu namorado, optando pelo meu amor. Hoje, vejo que foi a melhor coisa que eu fiz e não me arrependo nem por um minuto. Mas, na época, me perguntei várias vezes se havia feito a coisa certa e, de fato, fiz. Eu e David moramos juntos por quatro anos em Portugal. Sou completamente apaixonado pelo David, ele é meu companheiro e melhor amigo. contato@portalvitrini.com.br
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Você chegou em Portugal ilegalmente, como você mesmo disse. Como foi o processo de legalização?
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u consegui me legalizar no país por meio da Lei Lula – lei 5.665/2009 sancionada no dia 11 de janeiro pelo então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Ela estabelecia que brasileiros que chegaram a Portugal em um determinado período poderiam ser legalizados no país. Na teoria, os trâmites duravam três meses, mas na prática eu levei nove meses para me legalizar em Portugal devido a imensa quantidade de documentos solicitados. Os órgãos não possuíam ligação entre si, o que atrasou muito o processo. O brasileiro residente em Portugal precisava, obrigatoriamente, ser contratado de uma empresa. O problema é que as empresas só contratavam pessoas que moravam legalmente no país. Apesar disso, consegui emprego em uma agência de marketing onde uma amiga trabalhava. O contrato de trabalho era um dos documentos necessários para a legalização e eu precisava levá-lo ao órgão responsável. A empresa não podia me dar esse documento porque a própria era responsável por levar esse contrato até o órgão. Se pensamos que no Brasil as coisas não funcionam, imagine para brasileiros que estão em outro país. Com muito trabalho e perseverança que consegui tirar meu primeiro visto. Todas as vezes que me lembro do que passei para chegar até aqui, me arrepio. Ter o visto me abriu muitas portas! Foi por causa dele que comecei a trabalhar em uma empresa de publicidade, pude morar por um ano na Espanha, aprendi espanhol e trabalhei com vendas. Mas descobri que tudo muda no momento em que você é legalizado. Aprendi que é muito menos para um cidadão legalizado pois é necessário pagar os impostos do país. Percebi também que, mesmo legalizado, os portugueses têm tendência de ignorá-lo, pois um visto não quer dizer nada para eles. Mais difícil do que a emissão foi a renovação desse visto. Toda vez que eu passo em frente ao órgão emissor do documento me dá calafrios! Lembro-me quando voltei para renovar o meu visto. Acreditava que não haveria problema algum para fazê-lo. Todavia, quando expliquei a minha situação para a atendente, ela me disse que eu jamais conseguiria a renovação do meu visto. “Não existe possibilidade de isso acontecer. Aconselho você a voltar para o Brasil" disse ela de maneira bem direta. Voltei para casa completamente destruído. Era necessário que eu apresentasse um documento emitido pela empresa que eu trabalhava alegando que eu havia pago os impostos do último ano, o que era impossível, já que eu havia pago apenas por dois meses. Eu sempre digo que malandro não é aquela pessoa que tira proveito de outra, mas sim aquele que no meio de um problema consegue arrumar soluções que, contando, ninguém acredita. Fui até um outro órgão e procurei entre os guichês a atendente mais simpática e amigável. Quem me atendeu foi uma mulher chamada Maria (novamente). Como mencionei, Maria sempre foi um nome que fez parte de minha vida. De minha mãezinha a estas três mulheres que mudaram minha vida no exterior. Foi por causa de uma Maria que, mais uma vez, eu estava prestes a mudar meu destino. Chorando muito, contei a ela que eu era um estudante brasileiro de artes, bolsista integral, de família humilde e precisava renovar o visto para continuar recebendo o benefício do governo, mas que, por conta de eu não ter trabalhado no último ano, a minha bolsa seria cortada e eu não teria dinheiro para voltar ao Brasil. Ela olhou meu histórico e viu que eu só tinha dois meses de pagamento de impostos e me disse que não seria possível renovar por conta disso. Tudo que podia esperar daquela conversa era um “não”. Pensei que a única forma de conseguir aquele documento era apelando para o lado sentimental e foi o que fiz. Chorei e contei todas as histórias possíveis para que aquela senhora pudesse me ajudar. Viver em Portugal foi sensacional e aquele país me deu a oportunidade de aprimorar o meu autoconhecimento. Eu sempre digo que sair do Brasil é fácil, basta comprar uma passagem, tirar o passaporte e ir. Mas ficar é somente para os gangsters, pois lidamos com pessoas que não conhecemos.
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Você se aventurou também em outros países? im. Vivi muitas aventuras na Inglaterra e Espanha. Fui para a Espanha a trabalho e por lá fiquei durante mais ou menos um ano. A empresa na qual eu trabalhava me mandou para aprimorar o meu espanhol e técnicas de vendas. Porém, antes de eu me mudar definitivamente para a Espanha, eu fiz uma viagem ao país, a melhor viagem da minha vida. Ela me ensinou o quanto é importante ser uma pessoa aberta a novas experiências. Nela, conheci pessoas maravilhosas e vivi momentos que recordo até hoje. Foram três dias incríveis e uma viagem inesquecível! Depois desta viagem, decidi voltar ao país e ficar por mais um ano. Chegou o dia de encerrarmos a viagem. Arrumamos as malas e fomos para a estação de trem. Lá, fomos informados de que nosso trem havia sido cancelado por um motivo desconhecido e, tendo assim, duas opções: pegarmos outro trem com mais paradas e, portanto, percorrer um tempo maior de viagem (13 horas aproximadamente) ou esperar até as 7 horas da manhã do dia seguinte para embarcarmos em um trem que faria trajeto previsto. Eu estava muito cansado e sem dormir há três dias. Tudo o que eu precisava era de 13 horas de sono, por isso, optamos pela primeira opção. Às vezes o universo fala conosco de maneiras misteriosas.
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Quando me lembro do ocorrido, penso: “e se eu tivesse decidido ficar na estação de trem?” Chegamos à estação de Lisboa por volta das oito horas da manhã e pegamos um táxi para casa. O rádio do carro estava ligado e, na época, eu não falava muito bem o português de Portugal, mas consegui perceber que o noticiário estava bem agitado e perguntei para o taxista o que estava acontecendo. – “Acabou de acontecer um atentado na Espanha. Explodiram a Estação Gran Vía, agora às sete horas da manhã.”, disse ele. A Gran Vía era a estação de trem que nós estávamos anteriormente e que ficou completamente destruída. O horário que ocorreu o incidente seria o mesmo que nós pegaríamos o outro trem, caso optássemos por ele. Muitas vidas ficaram ali naquela estação e a minha e de meu amigo poderiam ter sido duas delas. Por experiências como essa, eu peço para que as pessoas ouçam a si mesmas e a sua intuição. Naturalmente, adoramos aconselhar a outros mas quando precisamos de um concelho, é essa intuição que nos orienta. É incrível pensar que as coisas poderiam ter sido totalmente diferentes, agradeço diariamente por me ter dado oportunidade de continuar. Quando voltei da Espanha, senti que a minha vida em Portugal já não fazia mais sentido e decidi tomar outro rumo.
23 Como foi sua mudança para a Inglaterra?
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ais ou menos na mesma época que eu vivi na Espanha, um tio do D a v i d , m e u c o m p a n h e i r o, faleceu na Inglaterra e ele passou um período com a família e acompanhou o velório do tio. Nesse tempo que ele esteve no país, sua avó materna caiu da escada e veio a falecer também. Aí a situação piorou e ele teve que, por forças maiores, ficar um período mais longo. Assim, mudei-me também para a Inglaterra com a intenção de permanecer por, aproximadamente, um ano, para ficar perto dele e aprimorar meu inglês. Mas os planos mudaram, estamos aqui há 14 anos e nunca mais voltamos depois disso. A ideia inicial era morarmos em Londres, primeira cidade que conheci ao sair da Espanha. Mas no momento que cheguei, vi que viver naquela cidade não seria o ideal para nós. Eu sempre fui muito espoleta e agitado, meu lugar é no meio da galera e da bagunça e Londres oferecia tudo isso. Decidimos não morar lá para não termos problemas e optamos por Bristol que é a cidade onde moramos até hoje. Eu sempre trabalhei com vendas, público e arte. Eu fazia teatro, sempre gostei de dançar, de criar e estar no meio do povo. Por isso, encarava a Inglaterra como um lugar que, além de ter tudo isso, tem uma aceitação muito grande. Vez por outra, encontrávamos pessoas com relacionamentos frustrados que descontavam seus fracassos nos gays. Mas foi lá que sentimos a liberdade. Quando eu cheguei no país não sabia falar inglês ainda, então tive que aprender o idioma muito rápido. Os primeiros dois anos foram, literalmente, só estudando. Fomos até o órgão responsável para nos informar sobre os procedimentos e tirar o visto de moradia. David e eu tínhamos todos os documentos comprobatórios, desde cartas, recibos... tudo! Era uma pasta enorme com todo tipo de documento provando que eu e David viemos juntos e dividimos uma vida aqui na Inglaterra. Quando o funcionário viu essa pasta, pediu que esperássemos enquanto o procedimento era realizado. Após isso, uma funcionária se direcionou até nós e solicitou que retornássemos mais tarde para retirarmos o documento. O que eu levei nove meses para resolver em Portugal, na Inglaterra foram apenas quatro horas! Saímos do local e andamos pela cidade anestesiados ao retornarmos, nos foi entregue o visto e além disso, eles tinham me dado a permissão de residência na Inglaterra por conta de todos os documentos que apresentei. Com isso, aprendi que no exterior é necessário guardar o máximo de documentação possível, pois toda comprovação pode ser posteriormente solicitada. Meu primeiro trabalho na Inglaterra foi limpando mesas de restaurantes, um emprego que a escola de contato@portalvitrini.com.br
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REVISTAVITRINI
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25 inglês conseguiu para mim. O inglês é uma língua necessária, principalmente para quem que pensa em sair do Brasil. Onde quer que vá, alguém falará em inglês. Devido a minha falta de fluência no idioma, iniciei as conversações com pessoas idosas que demostravam mais paciência e, quando necessário, escreviam as frases em um papel para facilitar a compreensão. Quanto a oportunidades de emprego, acredito que, caso saiba fazer algo, devemos mostrar. O currículo é , somente, um pedaço de papel. Foi desta maneira que eu comecei a trabalhar e arrumar emprego no exterior. Sempre em busca de oportunidades mais rentáveis. Minhas experiências profissionais sempre me mostraram o quanto posso atingir se eu focar em trabalhar duro. Nunca temi ao esforço, em vez disso, procuro melhorar diariamente. Foi acreditando no meu potencial que sempre arrisquei nas situações da vida, nunca tive medo de errar ou tentar algo que não havia feito antes. Foi desta forma que o digital entrou na minha vida. Depois de mais de seis anos trabalhando em restaurantes como garçom, recebi um convite para atuar com publicidade em uma grande empresa de restauração. Este foi meu primeiro contato com as redes sociais para fins comerciais. Comecei a trabalhar com o Instagram, Facebook e Youtube. Fui, aos poucos, me identificando com essa realidade moderna e obtendo resultados crescentes. Tive muito contato com eventos e organização de grandes festas que toda a experiência que havia adquirido com vendas, agora, poderia utilizar em outro nicho e isso me fazia ficar cada vez mais maravilhado. Hoje vejo que, infelizmente, nem tudo é “um mar de rosas” lembro-me do meu primeiro evento, com cerca de 30 pessoas, um fiasco, mas nunca desisti, sempre acreditei que algo para dar certo você tem que acreditar e trabalhar para que aquele sonho se torne realidade. Assim, comecei a idealizar que queria fazer as coisas ao mesmo tempo, mas não tinha experiência e não sabia por onde começar. Foi quando me deparei com uma youtuber chamada Evelyn Regly, que hoje é um sucesso nacional. Ela se tornou minha inspiração. Assisti seus vídeos e os que havia a possibilidade de eu criar algo que pudesse utilizar todas as qualidades que eu estava descobrindo. Comecei a produzir vídeos para o Youtube, mas foi a primeira coisa que percebi que ninguém estava interessado em assistir. Eu ia para as festas e filmava as pessoas que sempre tentavam desviar de mim. É incrível pensar que existem mais ou menos 7 bilhões de pessoas no planeta e nós precisamos apenas de uma pessoa para fazer com que pensemos em desistir de nossos sonhos.
O que quero dizer com isso é que nunca devemos deixar que uma pessoa seja suficiente para fazer com que seus sonhos sejam destruídos. Hoje não tenho mais a necessidade de que gostem de mim ou me aceitem e, inclusive, gosto quando falam mal da minha mídia, já que, quem fala bem, não tem tempo para falar sobre isso o dia inteiro, mas quem fala mal, tem. Acredito que ter foco no objetivo e trabalhar com consistência pode ajudar você a atingir o sucesso. São mais de 7 anos trabalhando com a mídia e, nesse periodo, Pérolas de Rikardo tornou- se uma empresa sólida que tem como objetivo dar oportunidades para brasileiros apresentarem seus trabalhos na Europa. Meu trabalho tem essa missão. Dividido entre eventos, ajudar pessoas por meio do apoio moral e entrevistas. Com mais de 500 parceiros, produzimos meus dois blocos de entrevistas: Sofá dos Famosos e Me Viro em Dez. Neles, foram entrevistados mais de 150 artistas consagrados e não consagrados, como Luiza Brunet, Denise Del Vecchio, Pepê e Neném, Batoré, Art Popular, Terra Samba, Banda Mel, Banda Beijo, Calcinha Preta e outros. Oportunizamos também que as pessoas falem sobre os seus trabalhos e projetos. Rikardo é um sucesso não só na Inglaterra, mas em toda Europa e parte dos Estados Unidos. Além dos programas de rádio e televisão, trabalho com revistas brasileiras como a Vitrini, Maximus Brazil, Revista Brasil na Mão e Revista Jurema entre outras. É com alegria que conto sobre meu trabalho e história. Sempre acreditei que minha experiência poderia ser útil para ajudar alguém com seus próprios medos, receios e propósitos. Sugiro que acredite em você e não deixe que ninguém diga que você não é capaz de fazer o que precisa para alcançar seu maior potencial. Após tanto esforço e trabalho, dividir com vocês um pouco da minha experiência é um sonho realizado. Espero despertar nos leitores a força necessária para correr atrás de seus próprios sonhos. Desejo que compreendam que são capazes de realizar tudo o que desejarem. Às vezes as situações não acontecerão exatamente como gostaríamos que fosse, mas a vida ensina diariamente qual é a melhor maneira de seguir o nosso caminho. Por isso, pergunte-se: você está preparado para aprender o que a vida quer te ensinar? Quero agradecer à Revista Vitrini pelo carinho e oportunidade de poder apresentar minha caminhada nesta edição que, certamente, será um sucesso. Convido a todos para me seguirem no Instagram @perolasderikardo e conhecerem meu trabalho pois @perolasderikardo é sinônimo de sucesso em todo o mundo.
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esta edição especial tivemos o privilégio de trazer uma entrevista com o influencer Rikardo Oliveira, conhecido em vários cantos do mundo, atualmente morando na Inglaterra. Que nos conta sua incrível história e os caminhos e experiências que teve que percorrer e viver para estar onde está neste momento. Esperamos que o leitor aprecie esse novo projeto e aguarde que logo mais teremos novas edições, novas capas e novas histórias para contar.
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