Do Bairro ao Homem - TFG - Olivia Santiago

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DO BAIRRO AO HOMEM



UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI ARQUITETURA E URBANISMO Trabalho Final de Graduação

Olívia Teixeira Santiago Orientadora: Márcia Saeko Hirata

Do bairro ao homem: o caso das populações em situação de vulnerabilidade socioeconômica-espacial em São João del-Rei

São João del-Rei, MG 2014


“Arquitetos podem ser úteis para muitas pessoas, não apenas os ricos” Shigeru Ban “Nada no mundo é mais simples e mais barato do que fazer cidades que promovem o bem para as pessoas.” Jan Gehl


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1. Introdução 2. Desenvolvimento e construção de assentamentos precários em São João del-Rei 2.1. Histórico Nacional – Brasil 2.2. Histórico Regional – São João del-Rei

3 7 8 11

3. Vulnerabilidade socioeconômica-espacial: aportes conceituais 16 4. Definição do local de pesquisa

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04

18

4.1. Infraestrutura e equipamentos urbanos e/ou comunitários em São João del-Rei 19

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08

5.7. Escolaridade, Ocupação e Renda

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5.8. Mobilidade Espacial

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5.9. Caracterização dos Imóveis

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6. Diagnóstico

39

6.1. Matriz de Equipamentos

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6.2. Percepções da área

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7. Vazios Urbanos

57

8. Metodologia de Leitura Participativa para Desenvolvimento de Diretrizes de Projeto Urbano

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21

8.1. Aproximação

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5. Senhor dos Montes

23

8.2. Leitura Participativa

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5.1. Localização

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8.3. Catálogo de montagens

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5.2. Microzoneamento Ambiental

27

8.4. Diretrizes de Projeto

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5.3. Cobertura Vegetal

28

8.5. Proposições de intervenção

80

5.4. Morfologia e Padrão Viário

29

8.6. Retorno dos moradores

84

5.5. Sistema Viário

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9. Conclusão

89

5.6. População

31

Referências Bibliogáficas

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4.2. Assentamentos Precários em São João del-Rei


1. Introdução


1. Introdução O trabalho visa realizar um estudo sobre a população desfavorecida

Observa-se que há um processo de ocupação na cidade de São João

socioeconômico-espacialmente no espaço intra-urbano a fim de conhecer a

del-Rei que se aproxima à favelização, tanto em sua forma espontânea como

relação entre a qualidade de vida das pessoas e o bairro que estas habitam.

de forma programada, a periferização planejada. Afirma-se isto devido ao

A busca por esta relação se dá após o conhecimento das diferenças sócio-

fato de serem evidentes os assentamentos precários existentes na cidade.

culturais e urbanas dentro das cidades. O meio urbano é um dos pricipais

Segundo o Plano Local de Habitação de Interesse Social - PLHIS (2010), há

fatores que afetam as características sociais de um povo. Visto isto, busca-se

um total de 26 áreas de assentamento precário em São João del-Rei sendo

analisar as características de formação e ocupação do local de estudo além

estas classificadas devido a fatores como intraestrutura, disponibilidade

de características socioeconômicas da população para então conhecer as

de transporte, condições de moradia, densidade demográfica, situação

demandas do local. Visa-se também a realização de proposições espaciais

fundiária, entre outros. Sobre a favelização, no caso de São Joao del-Rei é

em conjunto com os moradores, buscando melhorar a qualidade de vida

preciso ponderar a utilizaçãodo termo “favela”.

deles dentro do local escolhido como área de estudo, o bairro Senhor dos Montes, em São João del-Rei.

“Favela é aqui entendida como assentamento precário, composto por famílias de baixa renda,

Segundo Villaça (2001, p.18), o uso do termo espaço intra-urbano

marcado pela ocupação ilegal do solo, pelo

se fez necessário devido à expressão “espaço urbano” estar atualmente

adensamento e intensidade na ocupação do solo,

comprometida pelo seu uso como componente urbano do espaço regional,

pela carência de infraestrutura, pela dificuldade

sendo assim, para designar o espaço urbano, surgiu o termo intra-urbano.

no acesso aos serviços e equipamentos sociais

Para o autor a diferença entre o espaço regional e o intra-urbano está no

ofertados pela cidade e pela insalubridade da

deslocamento de transportes e comunicações. A estruturação do espaço

moradia, dadas suas dimensões e seu desconforto

regional é denominada pelo deslocamento das informações, da energia,

ambiental.”

do capital constante e das mercadorias em geral enquanto que no espaço intra-urbano, o estruturador fundamental são os deslocamentos do ser humano, seja enquanto portador da mercadoria força de trabalho – como no deslocamento casa/trabalho -, seja enquanto consumidor – reprodução da força de trabalho, deslocamento casa-compras, casa-lazer, escola, etc. (VILLAÇA, 2001, p.20)

(PEQUENO,2008) Estas características são utilizadas por Pequeno (2008) para definir uma favela. Acredita-se que em São João del-Rei o termo “favela” não deva ser empregado devido ao fato de estas ocupações ainda não possuírem todas as características de uma favela, vendo o fato de que muitos assentamentos

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1. Introdução precários, segundo analise do PLHIS (2010) ainda não são muito adensados e são poucas as casas irregulares. Muitos casos de assentamentos precários envolvem apenas as características de locais sem infraestrutura, transporte e boas condições de moradia. Sendo assim o termo “assentamentos precários” será o mais utilizado para designar as áreas de estudo do presente trabalho. Outro fato frequente no Brasil e que não é diferente em São João del-Rei é a periferização planejada. O termo é utilizado por Araújo (2006) que o explica como sendo o processo no qual a população de baixa renda é impelida para as áreas mais periféricas devido à valorização dos centros urbanos e a implantação de conjuntos habitacionais ou abertura de bairros populares nas periferias. Sendo assim, o trabalho se desenvolverá em um recorte urbano dentro da cidade de São João del-Rei caracterizado pelo predominio de população em situação de vulnerabilidade socioeconômica-espacial utilizando técnicas de pesquisa e avaliação que foram desenvolvidas no decorrer do Trabalho Final de Graduação. O processo e o resultado tiveram influência filme “Quem se importa” que trata do empreendedorismo social mostrando exemplos de atitudes que fizeram a diferença em todo o mundo. O filme mostra ações como o Banco de Palmas, no Brasil, que criou uma moeda nova para a região; o Gremeen Bank, em Bangladesh, que foi a primeira instituição de microcrédito; os doutores da alegri, no Brasil, a que leva alegria às crianças internadas; entre outras. Uma das ideias principais do filme é mostrar que pequenas atitudes fazem a diferença e não importa se o que você faz irá atingir 40 pessoas ou 1 milhão, o importante é não se acomodar.



uma lógica de desenvolvimento urbano local, de São João del-Rei, que por sua vez é influenciada pela lógica de desenvolvimento nacional. Devido a estas escalas de influência, deve-se estudar o desenvolvimento intra-urbano através de uma lógica global de pensamento. Para isto, parte-se da escala nacional, Brasil, para depois analisar a escala regional, em São João del-Rei, e então a escala intra-urbana, bairro Senhor dos Montes.

2. Desenvolvimento e construção de assentamentos precários em São João del-Rei

A construção de assentamentos precários em São João del-Rei faz parte de


2.1. Histórico Nacional – Brasil

Segundo Villaça (2000), citado por Castriota (2003) o Brasil se

que o processo de urbanização da sociedade se consolida influenciado

tornou um país urbano uma vez que sua população (80% no mínimo) está

pela emergência da classe trabalhadora, proclamação da República e

majoritariamente vivendo nas áreas urbanas.

crescimento das indústrias voltadas à cafeicultura.

A cidade brasileira é hoje o país. O Brasil está

O setor agrário impulsionou a economia até 1930 e a partir dai houve

estampado nas suas cidades. Sendo o país, elas são a

a revolução burguesa no país que passou a investir no desenvolvimento

síntese das potencialidades, dos avanços e também dos

industrial. Durante o governo Vargas (1930-1945) as ações de intervenção

problemas do país. Vamos falar dos problemas. Nossas

estatal na atividade econômica se tornaram frequentes como forma de

cidades são hoje o locus da injustiça social e da exclusão

impulsionar a formação e fortalecimento de uma sociedade de cunho

brasileiras. Nelas estão a marginalidade, a violência,

urbano-industrial capitalista (BONDUKI, 1994, p. 711).

a baixa escolaridade, o precário atendimento à saúde, as más condições de habitação e transporte e o meio ambiente degradado. Essa é a nova face da urbanização brasileira. (Villaça, 2000, p. 28, citado por Castriota, 2003)

Este quadro urbano atual se deve principalmente a fatos políticos e econômicos ocorridos no passado. Pensando assim são feitos alguns questionamentos que serão respondidos no decorrer do texto: como o quadro urbano brasileiro chegou ao nível atual? Quais fatos políticos e econômicos influenciaram este processo?

O aumento da população urbana ocasionou um significativo crescimento das demandas habitacionais, de modo que, segundo Bonduki (1994) os cortiços e vilas operárias instalados na malha urbana eram insuficientes para suprir tal demanda. Grande parte dessa população eram inquilinos e a partir de 1942 o congelamento dos aluguéis proposto pela Lei do Inquilinato agravou o quadro de insuficiência de moradias uma vez que o aluguel de casas se tornou um mercado menos rentável e a produção de residências para este fim decaiu. Ainda durante a década de 40 houve outras intervenções do governo federal no setor habitacional, como a produção de moradias pelos IAP’s e a criação da Fundação da Casa Popular. Estas intervenções pontuais não foram acompanhadas por uma política

Segundo Maricato (2001), no Brasil já existiam cidades de grande

habitacional e acabaram se mostrando ineficientes e frágeis. Outra questão

porte desde o período colonial, um exemplo é a cidade de Salvador que

foi que, mesmo sendo o foco das ações, a população de baixa renda não foi

entre os séculos XVII e XVIII já possuía mais de 100 mil moradores (SANTOS,

beneficiada por estas, o que agravou o problema habitacional (BONDUKI,

2009). Foi somente entre o final do século XIX e o início do século XX

1994).

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2.1. Histórico Nacional – Brasil

O processo de formação de uma sociedade de cunho urbano-industrial

econômico tenha influído na melhoria de vida de toda

capitalista continuou mesmo após o fim do governo Vargas. Segundo

a população, especialmente aquela que abandonou o

Santos (2009) após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, tornou-se viável

campo buscando melhores oportunidades nas cidades.

a integração do território brasileiro por meio da interligação das estradas de ferro e da criação de estradas de rodagem uma vez que as indústrias

(Maricato,2001, p.20)

cresceram para preencher a interrupção do abastecimento vindo do exterior. Com o Golpe Militar em 1964 um processo de internacionalização ganha força e a economia se desenvolve para atender o mercado consumidor interno crescente e o mercado exterior. O país torna-se então, grande exportador de produtos agrícolas e a modernização passa a atingir diversos setores produtivos alterando, assim, as relações sociais com os bens de consumo. “A população aumentada, a classe média ampliada, a sedução dos pobres por um consumo diversificado e ajudado por sistemas extensivos de crédito servem como impulsão à expansão industrial.” (SANTOS, 2009, p. 38) Na segunda metade do século XX o Brasil enfrentou um intenso processo de urbanização, impulsionado pelo avanço da industrialização e pela migração de um grande contingente populacional para as áreas urbanas. A população urbana passou de 18,8 milhões (26.3%) em 1940 para 138 milhões (81.2%) em 2000 (MARICATO,2001).

Tabela 1: População no Brasil entre 1940 e 1991 Fonte: SANTOS, 2009, p. 32

Segundo Maricato (2001), com este crescimento do PIB, a concentração de renda e a emigração campo-cidade as favelas e loteamentos irregulares se tornaram uma alternativa dominante de acesso à moradia. A falta de fiscalização ou flexibilização desta tornou-se para o governo uma alternativa para “solucionar” o problema da habitação, uma vez que os programas de habitação não davam conta da demanda. O acesso à terra tornou-se mais

De 1940 a 1980, o PIB brasileiro cresceu a índices

difícil para a população de baixa renda, devido principalmente à especulação

superiores a 7% ao ano, um dos maiores do mundo no

imobiliária e às reformas urbanísticas, que aumentaram o valor da moradia

período. A riqueza gerada nesse processo permaneceu

e as despesas das famílias, impelindo-as para áreas periféricas onde a terra

bastante concentrada, como veremos, embora, mesmo

é mais barata. O espraiamento das cidades causa diversas consequências à

com a concentração de renda, o alto grau do crescimento

área urbana e à população como encarecimento da infraestrutura urbana


2.1. Histórico Nacional – Brasil

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e de serviços básicos uma vez que estas tem que abranger uma área

vem com o objetivo de regulamentar o uso da propriedade urbana a fim

muito maior; problemas ambientais diversos causados por ocupações em

desta cumprir o seu papel social como pode ser visto na citação abaixo:

áreas irregulares e de proteção ambiental, falta de tratamento de esgoto, entre outros; estes fatos contribuem para diminuir a salubridade e causa um aumento de doenças. Outro fato acarretado pelo espraiamento é a dificuldade de locomoção à pé devido as grandes distâncias entre dois pontos da cidade. Este modo de desenvolvimento econômico desigual, característico do

Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.

capitalismo, cria grandes disparidades socioeconômicas entre a população

(Brasil, 2001, p.1)

e contribui para a formação de uma estrutura intra-urbana fragmentada e socioespacialmente segregada, nas quais as áreas mais periféricas e

A principal função do Estatuto da Cidade é definir que a terra e a

deterioradas são reservadas à população de menor poder aquisitivo. Para

cidade tem que cumprir o seu papel social. Sendo assim, a lei ajuda a coibir

mudar este quadro pensa-se em uma reforma urbana que visa promover

a supervalorização de imóveis e luta para que lotes e terrenos sem utilização

um desenvolvimento urbano autêntico por meio da coibição da especulação

e construções abandonadas durante anos sejam utilizados, cumprindo

imobiliária; reduzindo o nível de disparidade socio-econômica-espacial

sua função social. O Estatuto da Cidade busca dar aos municípios e a

intra-urbana; e democratizando o mais possível o planejamento e a gestão

sua população melhores meios de controle do desenvolvimento a fim de

do espaço urbano (SOUZA, 2005).

proporcionar melhores condições a população de baixa renda e ajudar na

Nos anos 50 já havia discussões sobre a reforma urbana, mas estas

diminuição da disparidade socioeconômica.

estavam focadas na escassez de moradias e não se pensava mais amplamente

Um dos instrumentos do Estatuto da Cidade é o “Plano Diretor

nos problemas urbanos e suas interconexões (SOUZA,2005). Com o Golpe

Participativo” que é produzido pelo município e traz os instrumentos básicos

Militar em 64 as discussões foram cessadas e retomadas somente em 1980.

da política de desenvolvimento urbano e rural. Mas, infelizmente, este é

Em 1988 foi promulgada a Constituição Federal com dois artigos (Art. 182

pouco conhecido pela população para reivindicar seus direitos e pouco

e 183) sobre política urbana, mas somente em 2001 que os artigos foram

utilizado pelos órgãos públicos, sendo apenas um documento obrigatório

regulamentados por meio do Estatuto da Cidade. O Estatudo da Cidade

que foi produzido, mas está engavetado.


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2.2. Histórico Regional – São João del-Rei

Área Urbana

se vivendas rústicas e a trilha de chegada e partida do arraial. Breve demarcaram-se lotes com os fundos para o córrego, depositário dos desejos dos moradores e das moradias. Foi lenta a ocupação do lado oposto do riacho,

Minas Gerais

Município de São João del-Rei

Figura 1: Localização de São João del-Rei em Minas Gerais Organização: Olívia Santiago, 2014

São João del-Rei está localizada na região central do estado de Minas

ocorrida somente no surto progressista que acometeu a cidade com a implantação da sede da Rede Mineira de Aviação Oeste de Minas nas décadas finais do século XIX. (Dangelo, at al, 2014, p.15)

Gerais e faz parte da mesorregião do Campos das Vertentes. Possui atualmente

Através desta fala de Jota Dangelo conhece-se ov surgimento da

84.469 habitantes (CENSO, IBGE, 2010). Faz divisa com o município as

cidade de São João del-Rei. Esta que nasceu da extração do ouro, mas que

cidades de Barbacena, Carrancas, Conceição da Barra de Minas, Coronel

não estagnou após este período. Pelo contrário, São João del-Rei tornou-

Xavier Chaves, Ibertioga, Madre de Deus de Minas, Nazareno, Piedade do Rio Grande, Prados, Ritápolis, Tiradentes e Santa Cruz de Minas. A cidade está localizada num grande vale, entre as serras de São Jose (oeste) e a Serra do Lenheiro (leste), com topografia marcada por grandes áreas planas alagáveis

Figura 2: Bairro Dom Bosco - Fábricas 1947 Autor: Paulo César Reis Fonte: A antiga São João del-Rei Acesso em 30/11/2014

e muitos morros. O acesso dá-se pelas rodovias: BR 494, BR 383, BR 265. Desde os primórdios, no início do século XVIII, com o nome de Arraial Novo, São João del-Rei esparramouse pelo vale e cortado pelo córrego do Lenheiro. Mas os primeiros mineradores, entregues à sua ambição, mais do que a qualquer preocupação com a edificação do arraial, preferiram o assentamento no lado noroeste do córrego, mais perto dos veios auríferos. Neste lado implantaram-

Figura 3: Bairro Dom Bosco - Fábricas Década 50-60 Autor: desconhecido Fonte: A antiga São João del-Rei Acesso em 30/11/2014


2.2. Histórico Regional – São João del-Rei

se uma cidade-pólo da região do Campo das Vertentes uma vez que sua economia foi se renovando.

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principais avenidas e a rodovia que corta a cidade lateralmente. O grande crescimento da população e provavelmente a baixa oferta

A cidade desenvolveu-se no decorrer do século XIX como um

de moradia impulsionou a especulação imobiliária na cidade e este se

próspero centro comercial atacadista e financeiro mediando o comércio de

torna o segundo caminho de formação das periferias. Foi entre as décadas

gêneros de abastecimento. Foi neste século que criaram grandes indústrias,

de 40 e 80 que a especulação imobiliária mais afetou a arquitetura e o

movimentando a economia local, como a Companhia Estrada de Ferro

desenvolvimento da cidade (DANGELO, at al, 2014) valorizando os terrenos

Oeste de Minas no setor de transporte, em 1881, e Companhia Industrial

e aluguéis mais próximos ao Centro, o que levou à expulsão das famílias

Sanjoanense no setor têxtil, em 1891, que perdura até os dias atuais. Mas foi

de baixa renda que ocupavam estas áreas (CARNEIRO, 2007). A partir de

só no período entre 1950 e 1960 que a indústria têxtil se tornou “motor” da

então ocorreu um maior espraiamento da cidade em direção à Colônia

economia sanjoanense e nesta época surgiram diversas vilas operárias pela

do Marçal, que até então era um pequeno aglomerado de fazendas e até

cidade. No Brasil a indústria tradicional entrou em declínio entre a década

hoje é considerado uma zona de expansão da cidade; ao bairro Segredo e

de 50 e 60 e assim, a partir da década de 60 a indústria da metalurgia entrou

Matosinhos, onde surgiu uma área de assentamentos para população de

em franco crescimento principalmente no centro-oeste mineiro, local que,

média/alta renda; em direção ao Bonfim, gerando novos bairros como Vila

após 1967, foi construído um grande parque industrial voltado à mineração

Brasil e Novo Bonfim de classe baixa; e ao Tejuco, transformando o em uma

e siderurgia. Estes fatos desencadearam um processo de declínio da região

grande área adensada e em sua maioria de população de baixa renda. As

do Campo das Vertentes. São João del-Rei, sendo sua cidade polo, passou

novas periferias, localizadas em regiões mais afastadas do centro histórico,

a ser local de atração de emigrantes da zona rural e de outros municípios

caracterizam-se “pela presença de situações de risco/contaminação e

menores a partir da década de 70. Este foi um dos caminhos de formação e

pela ausência/precariedade de serviços básicos de infraestrutura urbana”

ampliação das periferias sanjoanenses (CARNEIRO, 2007).

(CARNEIRO, 2007).

O crescimento da cidade de São João del-Rei pode ser visto por meio dos diagramas 1 e 2 que mostram a evolução urbana entre 1713 e 1945 (diagrama 1) e o crescimento da mancha urbana na década de 40, 70 e a atual (diagrama 2). Percebe-se a influência de eixos viários e naturais na expansão da cidade, uma vez que o seu crescimento segue o rio, as


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2.2. Histórico Regional – São João del-Rei

M

Diagrama 1: Evolução urbana da cidade de São João del-Rei entre 1713 e 1945

N.

Fonte: Dangelo; Brasileiro; Dangelo. 2014 Organizado por: Olívia Santiago


2.2. Histórico Regional – São João del-Rei

Diagrama 2: Mancha urbana de São João del-Rei - Década de 40 ao ano 2014

Mancha urbana - Década de 40

Eixo viário - Ruas

Mancha urbana - Década de 70

Eixo viário - Rodovias

Mancha urbana - 2014

Eixo natural - Rios e córregos

Fontes: DANGELO, at al, 2014; Mapas CEMIG Déc. 70; Imagens Google 2014. Elaboração: Olívia Santiago, 2014

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2.2. Histórico Regional – São João del-Rei

Outro fator influente citado por Carneiro (2009) é a busca por ganhos materiais e simbólicos auferidos pelo fato de morar próximos a parentes. Segundo o autor, esta é uma forma encontrada pelas populações de baixa renda, de contornar a carência de capitais econômico, cultural e político provendo serviços, condições de seguridade e recursos para sua reprodução material e simbólica. Parentes e amigos que habitam o mesmo bairro tornam-se nós de uma rede de solidariedade, seguridade e apoio mútuo que supre, em parte, várias funções que

Figura 4: Vista aérea de São João del-Rei Fonte: Ultraleve Del-Rei Acesso em 13/07/2014

Figura 5: Vista parcial de São João del-Rei Fonte: DZAI Acesso em 13/07/2014

as classes médias e superiores podem obter no mercado ou pela ação do Estado (como, por exemplo, o cuidado com as crianças dos pais que trabalham; o cuidado com doentes e anciãos; a obtenção de empréstimos em dinheiro, em situações financeiras difíceis; o acesso a mão-de-obra para reformas ou construções de casas; a participação em atividades coletivas, geralmente de caráter religioso, que fomentam o sentido de pertencimento comunitário; a troca de serviços, alimentos etc. (Carneiro, 2009, p. 6)

Figura 6: Vista parcial da cidade Fonte: OnlineUFSJ Acesso em 13-07-2014


socioeconômica-espacial no espaço intra-urbano de São João del-Rei ou seja, estudar uma parte da população de baixa renda que vive em situações precárias socialmente, economicamente e espacialmente. Faz-se necessário então explicitar algumas questões sobre vulnerabilidade socioeconômica-espacial.

3. Vulnerabilidade socioeconômica-espacial: aportes conceituais

Este trabalho visa o estudo de parte da população em situação de vulnerabilidade


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3. Vulnerabilidade socioeconômica-espacial: aportes conceituais

Vulnerabilidade refere-se a faixa da população que possui menos recursos para reagir às adversidades, estando expostas aos indicadores negativos, tais como: violência, epidemias e analfabetismo (PLHIS, 2010). Outros autores entram em consenso sobre a existência de uma “zona de vulnerabilidade” onde estão incuídos desde setores que buscam uma melhor posição social, até os setores médios que lutam para manter seu padrão de inserção e bem estar, ameaçados pela tendência à precarização do mercado de trabalho. Esta zona é considerada por Castel (1998), citado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (2007, p.13) uma zona intermediária instável que conjuga a precariedade do trabalho e a fragilidade dos suportes de proximidade. A vulnerabilidade é medida por fatores: sociais, em suas taxas de violência, analfabetismo e bem estrar; econômicos, ligados ao social pela relação emprego/desemprego e mercado de trabalho; e espaciais, ligados à fragilidade dos suportes de proximidade que podem ser vistos em áreas desprovidas de transporte público. Buscou-se então trabalhar com estas categorias para escolher o local de pesquisa e conduzir a proposta de intervenção. Assim, a vulnerabildiade social relaciona-se a desemprego, precariedade de trabalho, pobreza e falta de proteção social além de violência, epidemias e analfabetismo. A vulnerabilidade econômica relaciona-se ao fator econômico que está relacionado à renda da população e neste caso específico à população

de baixa renda. A vulnerabilidade espacial relaciona-se principalmente à localização da moradia dentro do espaço urbano. No caso a ser estudado as moradias estão inseridas em áreas longe dos centros urbanos e desprovidas ou com poucos serviços públicos e infraestrutura. Existem também casos de vulnerabilidade espacial em localizações centrais que são caracterizadas pela não relação do bairro com o entorno devido à falta ou escassez de meio de transporte e/ou equipamentos urbanos. A partir das classificações de vulnerabilidade social, econômica e espacial focarei no quesito de infraestrutura e equipamentos urbanos e/ou comunitários. A escolha dá-se ao fato de estes terem grande importância na condição de vida dos moradores de uma região uma vez que eles proporcionam educação, saúde, lazer e transporte à população.


precário realizado pelo PLHIS de São João del-Rei; levantamento da infraestrutura e equipamentos de educação, saúde, lazer e transporte na cidade; e foi ainda, influenciada por estudos realizados pelo NINJA (Núcleo de Investigações em Justiça Ambiental) da Universidade Federal de São João del-Rei em áreas de assentamento precário.

4. Definição do local de pesquisa

A definição da área de estudo baseou-se no levantamento de áreas de assentamento


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4.1. Infraestrutura e equipamentos urbanos e/ou comunitários em São João del-Rei

Os equipamentos urbanos de São João del-

Legenda: Dependência administrativa

Rei concentram-se, em sua grande maioria, na área central da cidade e em áreas centrais de alguns macro

Privada

bairros como o Colônia do Marçal, Fábricas, Tejuco e

Municipal

Matozinhos. A área da Colônia do Marçal é na verdade

Estadual

um agrupamento de vários bairros e é na sua área

Federal

central, próxima aos eixo viários da Av. Luiz Giarola e Av. 31 de Março, que estão concentrados os equipamentos urbanos de saúde e educação. Já no grande Matozinhos estão localizadas muitos equipamentos de educação e lazer, mas apenas um equipamento de saúde.

Figura 7: Mapa de Equipamentos de educação em São João del-Rei Fonte: Ministério da Educação Elaboração: Olivia Santiago, 2014

Percebe-se que muitas áreas urbanizadas não possuem equipamentos públicos. O fato de não

Legenda:

possuir equipamentos na própria área não é um fato

Unidades de Pronto Atendimento

para classificá-la como com atendimento insuficiente visto que os equipamentos possuem um raio de cobertura. Deve-se neste caso considerar a distância

Hospital N. S. das Mercês

e a acessibilidade ao equipamento mais próximo para

Santa Casa da Misericórdia

classificá-lo como suficiente ou não. Em muitos casos a dificuldade ou falta de acessibilidade aos equipamentos dificulta seu uso. Um dos fatores que dificultam o acesso aos equipamentos é o relevo da região que se muito acidentado impossibilita o acesso por pessoas com baixa mobilidade.

Figura 8: Mapa de Equipamentos de Saúde em São João del-Rei Fonte: CIC - São João del-Rei Acesso em: 03/07/14 Elaboração: Olivia Santiago, 2014


4.1. Infraestrutura e equipamentos urbanos e/ou comunitários em São João del-Rei

Legenda: Praças Figura 9: Mapa de Praças em São João del-Rei Fonte: Mariana Oliveira, 2014 Organização: Olívia Santiago, 2014

As praças estão espalhadas por toda cidade e caracterizam-se como espaços de respiro e encontro. Em muitas delas foram colocados equipamentos de ginástica através do projeto “Academia ao ar livre” do Governo Federal que trouxeram ainda mais pessoas para estes espaços. As praças em São João del-Rei são comumente ocupadas em festas de rua e principalmente festas religiosas. Na cidade existem três unidades do CRAS (Centro Referência de Assistência Social) na área urbana, nos bairros Senhor dos Montes, Matozinhos e Tejuco; e uma unidade CRAS - Rural, com sede em São Sebastião da Vitória. Estas unidades são implantadas nas áreas de maior vulnerabilidade social e proporcionam aos moradores acesso a serviços sociais e proteção social.

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4.2. Assentamentos Precários em São João del-Rei

Os assentamentos precários de São João del-Rei desenvolveram-se por meio de uma dinâmica socioeconômica à escala de Minas Gerais, como visto anteriormente. Sendo assim, segundo Carneiro (2007), a formação das áreas de assentamento precário dão-se principalmente de duas formas: inicialmente pela chegada de imigrantes da zona rural do município ou de municípios próximos e em seguida, pela valorização dos terrenos e aluguéis próximos ao centro, o causou a expulsão das famílias de baixa renda que habitavam estas áreas. Devido a estes fatos as áreas periféricas começaram a ser mais ocupadas sem que fosse dada a devida importância e assistência a essas pessoas, o que ocasionou problemas infraestruturais, sociais, sanitários e ambientais nas áreas. Segundo o PLHIS (2001), existem 26 áreas de assentamento precário na cidade, como pode ser visto no diagrama ao lado. Alguns quesitos para a classificação das áreas são: serviços de abastecimento e saneamento; padrão do viário; áreas de risco; área de proteção ambiental; densidade do assentamento; condições de moradia; distância média do centro da cidade; disponibilidade de transporte público; disponibilidade de equipamentos públicos de saúde, educação e recreação; vulnerabilidade social; entre outros. O NINJA realizou e ainda realiza trabalhos, principalmente de pesquisa, em várias destas áreas classificadas pelo PLHIS de São João del-Rei. Os estudos, nunca antes realizados, originaram extensos bancos de dados sobre as áreas. Algumas delas são: São Dimas e Cidade Nova, Vila Brasil e Novo Bonfim, Águas Gerais, Senhor dos Montes e Rua dos Andradas.


4.2. Assentamentos Precários em São João del-Rei

22

M N. Fonte: PLHIS - São João del-Rei Elaboração: Olívia Santiago, 2014

Diagrama 3 - Levantamento das Áreas de Assentamentos Precários segundo o PLHIS - 2010 Legenda:

01

Lenheiros

05

Vila São Bento

09

Sr. dos Montes

13

Ponte do Beiçola

02

São José

06

Águas Gerais

10

Araçá

14

Várzea do Faria

03

Águas Férreas

07

Vila Barro Preto

11

Bêtas

15

Rio Acima

04

Rua São João

08

Alto das Mercês

12

Alto do Presépio

16

Vila Brasil

17

Santos Dumont 1

18 19 20 21

Bom Pastor

Santos Dumont 2

22 23

R. das Margaridas

24

Tomé Portes del Rei

Ouro Preto

25

COHAB

Buraco do Sapo

26

Colônia

N.S. de Fátima


que era ponto de extração de ouro, atividade esta que fez o vilarejo de Arraial Novo se desenvolver. Hoje com aproximadamente 6.260 habitantes ( 7,2% dos habitantes de São João del-Rei) o grande Senhor dos Montes é conhecida como uma área de baixa segurança e diversos problemas estruturais. Por outro lado, a população sempre receptiva e alegre transforma o bairro em um ponto de encontro de diversos grupos. Há ainda a paisagem natural do entorno característica pelas serras e vista de toda a cidade de São João del-Rei.

5. Senhor dos Montes

A área do bairro Senhor dos Montes faz parte da história da cidade uma vez


Arquivo Pessoal


25

5.1. Localização O bairro Senhor dos Montes é uma zona de expansão periférica

localizada a noroeste da cidade de São João del-Rei sendo parte de estratégias, individuais e coletivas, acionadas pelos moradores para lograr acesso à terra e à moradia urbanas (FERREIRA, 2014). A área possui uma parte de urbanização mais antiga, proveniente da época de extração do ouro no século XVIII e outra de urbanização mais recente entre as décadas de 70 a 90. A área de estudo é a mesma trabalhada pelo grupo NINJA/UFSJ em um estudo realizado entre as anos de 2013 e 2014. Segundo Ferreira (2014), os limites da área urbana foram traçados “tendo por base apenas a observação direta do traçado das vias e algumas informações de moradores que encontrávamos pelas ruas”. Sendo assim, a área abrange tantos os bairros Senhor dos Montes como Araçá apesar de ser conhecida apenas como Senhor dos Montes. A área se caracteriza por um arruamento precário caracterizado

Legenda:

por ruas estreitas, tortuosas, muitas travessas e aclives acentuados. O traçado

Área de estudo

é reflexo da geografia local, marcada por encostas e declives acentuados e

Figura 10: Mapa de Localização da área de estudo em São João del-Rei Elaboração: Olívia Santiago, 2014

também pelo não planejamento do arruamento.

Figura 11: R. Três Marias Fonte: Defesa Civil

Figura 12: R. Moacyr Miton Rabello Fonte: Defesa Civil

Entorno centro histórico

Figura 13: R. Montezuma Fonte: Defesa Civil

Centro Histórico

Figura 14: R. Montenegro Fonte: Defesa Civil


5.1. Localização

Legenda: Escola Estadual Idalina Horta Galvão

Praça

Quadra coberta

Pousada Recanto da Alegria

Polichinelo - Escola Infantil

Campo

Capela do Senhor Bom Jesus dos Montes

UBS

Creche

Parquinho

Cristo

CRAS

Figura 15: Mapa de Limites da área de estudo Fonte: Ferreira, 2014 Elaboração: Olívia Santiago, 2014

26


27

5.2. Microzoneamento Ambiental

O

recorte

encontra-se

territorial

entre

Microzoneamento

quatro

em

estudo

áreas

Ambiental,

de estas

categorias visam a delimitação do perímetro urbano, de parcelamento e de uso e ocupação do solo (PLANO DIRETOR - SJDR). As quatro

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áreas em questão são: Zona de Reabilitação Urbana - ZRU, que segundo o Plano Diretor, se caracteriza como área de parcelamento e ocupação clandestinas e intensamente adensadas; Zona de Proteção Cultural - ZPC, área de ocupação urbana consolidada nos

Arquivo Pessoal Legenda:

séculos XVIII e XIX e entorno imediato; Zona de Proteção Paisagística - ZPP, área envolta da

Zona de Reabilitação Urbana - ZRU

malha urbana e com vegetação preservada;

Zona de Proteção Cultural - ZPC

Zona de Controle Urbanístico - ZCU, ocupação

Zona de Proteção Paisagística - ZPP

urbana consolidade e tipologias mescladas.

Zona de Controle Urbanístico - ZCU Arquivo Pessoal

Dentro da Zona de Proteção Cultural e de Proteção Paisagística estão incluidos os

Figura 16: Mapa do Microzoneamento Ambental da área em estudo Fonte: PLHIS, São João del-Rei Organização: Olívia Santiago, 2014

dois maiores símbolos do bairro, a Capela do Senhor Bom Jesus dos Montes e o Monumento do Cristo Redentor, sendo este último um bem tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural.

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5.3. Cobertura Vegetal

28

A relação do bairro com área rural influencia muito nas formas de ocupação dos terrenos e áreas livres. Devido a esta proximidade existem áreas que o urbano e o rural coexistem em harmonia.

Legenda: Vegetação

Construído/Sem Vegetação

Figura 17: Cobertura vegetal Fonte: Imagens Google 2014 Elaboração: Olívia Santiago, 2014

Outra característica marcante da área é a porcentagem de área verde existente. Na figura acima é possível ver o predomínio de áreas verdes comparada às áreas edificadas. Esta cobertura vegetal se caracteriza por partes naturais de vegetação do tipo cerrado e áreas de cobertura artificial com árvores de pequeno, médio e grande porte e vegetação rasteira. Áreas verdes são encontradas com frequência nos terrenos já ocupados. Nestes uma parte é mantida como área permeável, seja por opção dos próprios moradores, como também por dificuldade de ocupação daquela área devido principalmente ao declive característico do setor urbano em estudo.

As ocupações do quarteirão se dão em suas extremidades mantendo assim grandes áreas permeáveis no seu interior , sendo que algumas vezes estas áreas extravasam para as ruas por meio de terrenos vazios chegando às ruas por meio de terrenos vazios.


29

5.4. Morfologia e Padrão Viário

A área é marcada pela morfologia acidentada apresentando assim

apresenta pontos de menor insolação e canalização da ventilação.

O arruamento e a forma dos quarteirões foram criados sem planejamento, o que configurou um padrão de ruas tortuosas e quarteirões irregulares de grandes proporções que se tornam empecilhos urbanos para a circulação dos pedestres.

B

Devido a esta formulação do padrão viário são comuns caminhos criados pelos próprios moradores para transpor níveis e longos trechos.

declives acentuados que prejudicam o arruamento e a implantação das residências. É comum a implantação de casas abaixo do nível da rua e estas são as que mais sofrem com enxurradas e dificuldade de acesso. A morfologia influencia também na insolação e ventilação da área que

São comuns também a implantação de residências em becos e travessas sem pavimentos, normalmente estreitas e de difícil acesso, tanto para pedestres como para veículos. A

Legenda: 1020 m 1010 m 1000 m 990 m 980 m 970 m 960 m 950 m 940 m 930 m 920 m

Figura 18: Mapa da topografia da área Fonte: DAMAE/SJDR 2007 Elaboração: Olívia Santiago, 2014

Corte A

Cortes esquemáticos da área

Corte B


5.5. Sistema Viário

30

O bairro Senhor dos Montes caracteriza-se por uma área de urbanização recente, próxima ao centro urbano e possui transporte público satisfatório. A linha de ônibus que serve o bairro, Senhor dos Montes-Bonfim,

é uma das mais

frequentes da cidade, com circulação média de 20 em 20 minutos que liga o bairro ao centro e outros bairros da zona oeste da cidade. As principais ruas de acesso ao bairro são a rua José Pereira Filho que liga o bairro ao centro e a Rua Urbano Ribeiro de Carvalho que liga o bairro à região das Fábricas. O bairro é uma importante ligação entre partes oposta da cidade de São João del-Rei sem que se passe pelo centro e principais avenidas, este é um dos motivos pelos quais o bairro é conhecido pelo tráfico de drogas, na qual estas Legenda: Percuso do circular Senhor dos Montes-Bonfim Vias Primárias Vias Secundárias Acessos ao bairro Pontos de parada do ônibus

são distribuidas na cidade por pontos menos conhecidos. O arruamento confuso devido a implantação sem planejamento em uma topografia acidentada dificulta o trabalho de urbanização e implantação

Figura 19: Percurso da linha Senhor dos Montes-Bonfim Organização: Olívia Santiago, 2014

de infraestruturas e equipamentos urbanos.


5.6. População

Pirâmide Etária O bairro apresenta uma população de jovens maior que a da cidade, e o inverso em relação aos mais velhos. Isto caracteriza a sua relação periférica com a cidade. 100 ou mais... 95 a 99 anos 90 a 94 anos 85 a 89 anos 80 a 84 anos 75 a 79 anos 70 a 74 anos 65 a 69 anos 60 a 64 anos

Faixas etárias

31

55 a 59 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos 40 a 44 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos

4,5%

Legenda:

3%

1,5%

Homens

0%

Distrito de São João del-Rei Fonte: IBGE - Censo 2010 Organização: Olívia Santiago, 2014

0%

1,5%

Mulheres

3%

4,5%

Bairro Senhor dos Montes


5.7. Escolaridade, Ocupação e Renda

32

2 e 3, em sua maioria filhos dos chefes - apresentam maior percentual de escolaridade e nenhum dos entrevistados está fora da escola. O percentual de analfabetos também diminuiu. Dentre os chefes de família (197 entrevistados) 11 nunca haviam estudado e entre os membros 2 e 3 este número é nulo. Com relação a renda familiar, 56% das famílias possui renda entre 1 e 2 salários mínimos seguido pelo grupo de renda entre 3 e 4 salários que corresponde a 35% das famílias. Legenda: Chefe de família Membro 1 FI Fundamental Incompleto FC Fundamental Completo MI Médio Incompleto

Membro 2 Membro 3 MC Médio Completo SI Superior Incompleto SC Superior Completo

SE Sem estudos

Gráfico 1: Escolaridade x Membro de família Fonte: Dados Survey NINJA-UFSJ, 2014 Organização: Olívia Santiago, 2014

Uma característica marcante com relação a escolaridade é a quantidade de chefes de família que possuem ensino fundamental incompleto. Destes 197 entrevistados, 112 estudaram no máximo até a 7º série. O percentual de pessoas que não completaram os estudos cai com o passar dos anos

5%

menos de 1

56 % 1-2

35% 3-4

3% 1% 1% 5-6

Salário Mínimo

Gráfico 2: Renda Familiar Fonte: Dados Survey NINJA-UFSJ, 2014 Organização: Olívia Santiago, 2014

Ocupações mais comuns: Nível de desemprego

Pedreiro

Faxinheira

Aposentados

Dona de casa

devido a maior conscientização das pessoas a respeito da importância dos estudos. Sendo assim, as pessoas mais novas - representadas pelos membro

7 - 8 9 - 10

baixo

1,98%


33

5.8. Mobilidade Espacial

Fonte: survey domiciliar. Programa de Extensão “Cidadania e justiça ambiental”. Núcleo de investigações em Justiça Ambiental (NINJA) UFSJ, 2014 Organização: Olívia Santiago, 2014


5.8.Mobilidade Espacial

34

Por meio do gráfico de origem do pais e origem da mãe, vemos que Das 800 residências em estudo foi realizado um survey em

a porcentagem de mulheres e homens vindos de outros bairros de São

25% do total. A área de amostragem se compunha então por 197

João del-Rei e de cidades próximas são maiores. Já no gráfico “Migração -

residências nas quais foi aplicado um questionário a fim de levantar

Relação entre origem, década e motivo da mudança” mostra que uma boa

dados estatísticos e sociológicos em uma distribuição espacial

parte das famílias mudou para o local devido a fatores financeiros e vieram

uniforme (FERREIRA, 2014).

de outros bairros da cidade, principalmente na década de 80, onde das 13 famílias que mudaram para o bairro Senhor dos Montes vindas de outros

Segundo Ferreira (2014) os dados indicam que “há três ou mais décadas, boa parte das pessoas de baixa renda que migraram para as

bairro de São João del-Rei, 7 mudaram por motivos financeiros alegando compra de terreno e aluguel mais barato.

periferias de São João del-Rei vieram de municípios próximos e constituíram

Conclui-se então que, exceto alguns pontos de urbanização mais antiga,

famílias nesses bairros e, também, no próprio bairro Senhor dos Montes.

a área é na verdade uma urbanização recente, que cresceu principalmente

Esses resultados são coerentes com dados sobre urbanização de São João

após a década de 80, quando 76% dos imóveis da área foram construidos,

del-Rei.”

fase em que grande parte das periferias sanjoanenses se expandiram. Motivos da Mudança Familiares Financeiro Infraestrutura União Conjugal Outros motivos Sempre morou no bairro *cada círculo corresponde a uma família que respondeu ao survey.

Gráfico 3: Migração - Relação entre origem, década e motivo da mudança. Fonte: Dados Survey NINJA-UFSJ, 2014 Organização: Olívia Santiago, 2014


35

5.8. Mobilidade Espacial

A observação do mapa e a análise descritiva da variável “tempo de moradia no atual domicílio” comprovam que se trata de área de ocupação residencial relativamente recente: em 56 anos, entre o final da década de 1930 e meados da década de 1980, foram construídos 23% dos imóveis. Em trinta anos, de meados dos anos 1980 aos dias de hoje, foram construídos 76% dos imóveis. Cerca de 30 % das famílias moram na área há menos de 10 anos. 52 % há menos de 20 anos. (Ferreira, 2014)

Segundo Ferreira (2014), dentre as famílias que responderão o questionário, a que habita a área há mais tempo está lá

Legenda:

desde 1928. Das 197 residências apenas

Até 10 anos

De 31 a 40 anos

9 datam entre os anos 1920 e 1960. O

De 11 a 20 anos

De 41 a 50 anos

mapa sugere que a Rua dos Andradas foi

De 21 a 30 anos

Mais de 50 anos

uma importante via de expansão da área urbana da região, mas hoje é uma das áreas mais precárias do local.

Figura 20: Tempo de moradias da famílias nos atuais domicílios da área em estudo Fonte: survey domiciliar. Programa de Extensão “Cidadania e justiça ambiental”. Núcleo de investigações em Justiça Ambiental (NINJA) UFSJ, 2014 Organização: Olívia Santiago, 2014


5.9. Caracterização dos Imóveis

Fonte: survey domiciliar. Programa de Extensão “Cidadania e justiça ambiental”. Núcleo de investigações em Justiça Ambiental (NINJA) UFSJ, 2014 Organização: Olívia Santiago, 2014

36


37

5.9. Caracterização dos Imóveis

Nunca há projeto preliminar para a construção de um barraco.

das grandes favelas que são apenas abrigos montados provisoriamente de

Os materiais recolhidos e reagrupados são o ponto de partida da

forma fragmentada. No caso do bairro Senhor dos Montes estas já são em

construção, [...]. Os materiais são encontrados em fragmentos

sua grande maioria habitações permanentes feitas em bloco.

heterogêneos; a construção, feita com pedaços encontrados aqui e ali, é forçosamente fragmentada no aspecto formal. À medida que o abrigo vai evoluindo, os pedaços menores vão sendo substituídos por outros maiores e o aspecto fragmentado da construção vai ficando cada vez menos evidente. O último estágio da evolução de um abrigo

As tipologias não diferem do restante da cidade onde predominam casas de um a dois pavimentos e cobertura metálica formando um ambiente semiaberto muito utilizado para secagem de roupas, festas e outros usos. No bairro, a cobertura predominante é a laje sem telhdo.

precário – a casa em alvenaria, sólida – já não é formalmente tão

Como pode ser visto nos gráficos a seguir a maioria das casas possuem

fragmentado, muito embora não deixe de ser fragmentário: a casa

laje e pintura, além de serem fruto da autoconstrução: 53% dos imóveis

continua evoluindo.

foram autoconstruídos. Com relação aos terrenos, 65% estão registrados (Jacques, 2011)

A passagem transcrita acima mostra a evolução das moradias em

em cartório, a forma de acesso mais comum é a compra com 54% seguida por doações e herança 30%. Apenas 1% provém de ocupações irregulares.

favelas e a diferença do espaço temporal entre os dois principais estágios

O número de moradores por residência varia principalmente entre 3

desta: barraco, abrigo, temporário; e a casa, habitação, permanente. As casas

a 5 distribuídos em uma média de 5 a 6 cômodos, o que caracteriza uma

do assentamento precário em estudo diferem de grande parte das moradias

moradia com baixo número de moradores por cômodos.

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5.9. Caracterização dos Imóveis

38

Fonte: survey domiciliar. Programa de Extensão “Cidadania e justiça ambiental”. Núcleo de investigações em Justiça Ambiental (NINJA) UFSJ, 2014 Organização: Olívia Santiago, 2014


Por meio do contato com os moradores e frequentadores do bairro foram levantadas informações identicadoras de qualidades e deficiências do local de estudo. no bairro foram apresentados. Muitos foram informados pelos próprios moradores que também, contaram a história do local e sua relação com o espaço. Enquanto isso, na parte de “Percepções da área” estão apresentadas as percepções subjetivas e físicas da área expostas pelos frequentadores do bairro. Estas foram divididas em positivas e negativas a fim de identificar as demandas do bairro. A partir deste estudo as reais demandas do local foram identificadas para então realizar proposições.

6. Diagnóstico

Pela “Matriz de Equipamentos” os equipamentos de serviço público existentes


6.1. Matriz de Equipamentos

Polichinelo - Escola Infantil O Polichinelo é uma escola municipal que atende o bairro em horário integral há mais de 27 anos. Esta funciona em local alugado pela prefeitura pertencente à paróquia e atende 125 alunos de 4 a 5 anos. O local atende às necessidades básicas da escola, mas não oferece um local para brincadeiras e um refeitório. Sendo assim o parquinho fica montado em uma das salas e as crianças tem de comer o lanche

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nas próprias salas. Há um projeto para a construção de uma Creche-escola no bairro Araçá e mudança da sede do Polichinelo que passará a atender 250 crianças dos bairros próximos.

“O Polichinelo é excelente”

600m

Opinião dos moradores

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40


41

6.1. Matriz de Equipamentos

Escola Estadual Idalina Horta Galvão Mantida pelo governo estadual a escola atende, em dois turnos, 400 alunos de ensino fundamental sendo principalmente moradores do bairro. Ganhou o prêmio de 1º lugar no PROALFA com os alunos do 3º ano. Não é acessível à portadores de necessidades

Opinião dos moradores

especiais e não possui alunos com necessidades.

bom” olégio muito

“c

“Precisa de r eformas nas salas de aula, na cantina...”

“A escola da qui é muito boa já ganho u ate prêmio . 1º lugar.”

a disciplina lt a f s a m , bom “O ensino é vezes os s a m u lg A ). (dos alunos em passar a u g e s n o c o ã n professores matéria.”

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6.1. Matriz de Equipamentos

Creche A creche criada em 1986 é mantida pelo setor de Obras Sociais da Paróquia Nossa Senhora do Pilar e ganha algumas doações principalmente de alimentos. Atualmente ficam lá 70 crianças de 6 meses a 4 anos vindas de todos os bairros da cidade. Algumas em meio período, mas a patir de 2015 as crianças de até 4 anos ficaram em período integral.

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A creche possui salas para atender as crianças por idade e conta ainda com parquinho e salão para reuniões onde eventualmente ocorrem atividades para as crianças.

Opinião dos moradores

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“A creche é muito boa. Vem gente de todo can to pra cá.”

.

do lá dentro

in ... é linda! L o ã t n e e h c e “A cr rimeira.” Serviço de p

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43

6.1. Matriz de Equipamentos

Praça Eduardo Rodrigues Vale A praça Eduardo Rodrigues Vale está localizada na parte alta do bairro, próxima à Igreja, e é caminho para o centro da cidade. O local é bem frequentado pelos moradores que ficam ali conversando à sombra das árvores ou se exercitanto nos aparelhos da “Academia ao ar livre”. Esta é a única praça do bairro e serve principalmente os moradores da parte alta do bairro.

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Os moradores da parte baixa não frequentam muito o local devido à distância e principalmente à subida forte até a área.

Opinião dos moradores

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“Aqui é gostoso.” Arquivo Pessoal


6.1. Matriz de Equipamentos

Campo do Cruzeiro O campo é mantido pela Associação Atlética do Cruzeiro, o clube de futebol do bairro. Atualmente está em reforma para melhor atender os frequentadores. O moradores podem utilizar o espaço, mas para isto devem pegar as chaves com os reponsáveis.

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Quadra Coberta A quadra coberta é mais uma ação do setor de Obras Sociais da Paróquia Nossa Senhora do Pilar para a comunidade do bairro Senhor dos Montes. Esta é utilizada diariamente pela escola Idalina Horta Galvão que fica próxima e não possui infraestrutura para as aulas de Educação Física dos alunos. Sendo assim, as aulas são ministradas na quadra coberta.

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44


45

6.1. Matriz de Equipamentos

Parquinho O parquinho está situado em frente à creche e foi criado pelo Setor de Obras Sociais da Paróquia Nossa Senhora do Pilar, o mesmo que cuida da creche e da quadra. Sendo assim, o parquinho que foi criado para atendar a população do bairro recebe cuidados da creche. Atualmente

encontra-se

fechado

pois,

segundo informado pela creche, os pais deixavam

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as crianças sozinhas no local e a creche não podia se responsabilizar por elas. Segundo a creche, acabou sendo abandonado pelos moradores sendo utilizado somente nas férias escolares.

Opinião dos moradores

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Tem o parquinho ali que a gente não vê funcionar

ali, o h n i arqu sado, p e l e Aqu e nem é u em l t mas e crianças s nem a usado Arquivo Pessoal


6.1. Matriz de Equipamentos

Monumento Cristo Redentor O Monumento do Cristo Redentor projetado pelo arquiteto Heitor Silva da Costa e pelo escultor italiano Nicola Arrighini data de 08 de dezembro de 1942. Foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural, em 02 de Julho de 2004. A área em torno do Cristo está na Zona de Proteção Paisagística da cidade uma vez que impacta

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diretamente no visual da área histórica e pode ser vista de diversos pontos da cidade. O monumento que é considerado ponto turístico e possui uma bela vista para toda a cidade é tratado com descaso pela população e pelos orgãos públicos e atualmente sofre com a poluição visual das antenas ao seu redor e com as pichações.

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Figura 21: Senhor dos Montes 1957 Autor: Desconhecido Fonte: A antiga São João del-Rei Acesso em: 30/11/2014

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47

6.1. Matriz de Equipamentos

Capela do Senhor Bom Jesus dos Montes Acredita-se que a capela foi construída por volta do ano 1800 e atualmente faz parte dos bens tombados pelo Município de São João del-Rei. Ocorrem missas apenas às quintas-feiras e a capela fica fechada para visitas enquanto não são realizadas obras de restauro. As missas do bairro são realizadas na Igreja da Nossa Senhora da Saúde que fica ao lado da Capela.

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A paróquia desenvolve ainda diversas atividades sociais de apoio à população carente do bairro. As mais conhecidas são a sopa feita por voluntários e destribuída todos os dias na hora do almoço para pessoas carentes, e a Pastoral da Criança que cuida da subnutrição do bairro. Além disso existem atividades com os adolescentes, grupos de mães entre outros.

Igreja Senhor dos Montes década de 60 Autor: Antônio Giarola Fonte: desconhecida

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6.1. Matriz de Equipamentos

CRAS - Centro de Referência de Assistencia Social O CRAS - Senhor dos Montes funciona no bairro desde 20/07/2006 abrangendo bairros como Colônia do Bengo, Fábricas, Araçá, São Geraldo, Senhor dos Montes, Alto das Mercês entre outros da região. Atendem 7 mil famílias com serviços da Proteção Social Básica além de oficinas váriadas que atendem desde crianças a idosos. Arquivo Pessoal

UBS - Unidade Básica de Saúde A UBS está presente no bairro há 14 anos e há 2 anos mudou para um prédio novo construído para abrigá-la. Possui dois médicos clínicos-gerais que atende as pessoas cadastradas no SUS e em alguns casos as encaminham para a Policlínica Central. A mudança de endereço da UBS trouxe, além de melhorias físicas para o espaço, melhorias para seu entorno uma vez que esta foi implantanda em um local do bairro antes abandonado e perigoso. Atualmente a área está mais movimentada e segura.

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48


49

6.2. Percepções da área

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Do bairro no topo da serra avista-se a cidade de São João del-Rei e seu mar de serras circundantes. Os moradores do bairro são privilegiados com tal visão cotidiana. Arquivo Pessoal

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6.2. Percepções da área

50


51

6.2. Percepções da área

Algumas partes do bairro são caracterizadas pela coexistência do meio rural com o urbano. Nestas áreas as ruas não são pavimentadas e o mato predomina nas calçadas. Os terrenos são grandes e os moradores cultivam alimentos e criam animais como galinhas, porcos, patos e cavalos.


6.2. Percepções da área

A ocupação escalonada dos morros cria paisagens artificiais de múltiplas cores e volumes.

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52


53

6.2. Percepções da área

POSITIVOS Pontos área dos

positivos segundo

da

opinião

frequentadores

(moradores e visitantes) Mais comentados:

Igreja 11,10%

Escola Creche CRAS Posto de saúde

Vizinhança 13,90% Institucional 22,20%

União entre moradores Amizade Comércio 8,30%

Tranquilidade Próximo ao centro Vista da cidade Calçamento Ônibus Supermercado Farmácia

Carnaval

8,30%

Infraestrutura 11,10%

Açougue Localização 11,10%


6.2. Percepções da área

NEGATIVOS Pontos negativos da área segundo

opinião

dos

frequentadores (moradores e visitantes) Mais comentados: Parquinho Lazer Crianças na rua Drogas Posto Policial

Lazer 17,24%

Segurança 44,80%

Enxurrada 3,45%

Violência Mato Iluminação Limpeza Loja de pano Loja de Materiais de Construção Salão Comunitário

Comércio 13,80%

Manutenção Pública 13,80

Espaço para encontro 6,90%

54


55

6.2. Percepções da área

Espacialização das percepções da área segundo frequentadores (moradores e visitantes) Positivas Percepções Subjetivas Percepções Físicas

Negativas Percepções Subjetivas Percepções Físicas

1 Paróquia/Igreja

Poucas lojas

1 Parquinho abandonado

2 Escola

Lazer para adultos

2 Iluminação

moradores

3 Creche

Serviços

3 Mato

Pessoas animadas

4 Cristo

Drogas

4 Enchurrada

Artistas no bairro

5 CRAS

Violência

5 Falta Salão comunitário

Localização próxima ao centro

6 Posto de Saúde

Lazer para crianças

6 Assaltos ao ônibus

Tranquilidade

7 Farmácia

Crianças na rua

7 Posto de saúde

Vista da cidade

8 Supermercado

Liberdade

8 Pontos de alagamento

Carnaval

9 Açougue

Projetos sociais não se

9 Rua do tráfico

Festas

10 Comércio

desenvolvem

Ginástica

11 Clube de Futebol (Cruzeiro Esporte Clube)

Falta policiais e posto de polícia

Vizinhança Amizade e união entre os

Ônibus na porta de casa Bons amigos

10 Ruas abandonadas 11 Quadra comunitária


6.2. Percepções da área

Mapeamento das percepções físicas positivas e negativas

56


frequentadores que citavam negativamente alguns destes espaços, e pela percepção da autora ao estudar a área. Estes espaços ganharam então lugar de destaque no trabalho a fim de usá-los para melhorar a qualidade de vida dos moradores, por meio da intervenção nas demandas surgidas. “... uma coisa é o lugar físico, outra coisa é o lugar para o projeto. E o lugar não é nenhum ponto de partida, mas é o ponto de chegada. Perceber o que é o lugar é já fazer o projeto.” Álvaro Siza

7. Vazios Urbanos

Os vazios urbanos foram identificados no bairro através das conversas com os


7. Vazios Urbanos

58

A ocupação dos VAZIOS URBANOS encontrados na área visa uma busca por soluções aos problemas urbanos e sociais mais indicados pelos moradores e visitantes do local além de procurar intervir em pontos que fazem parte da percepção própria da autora. Segurança foi a percepção subjetiva mais indicada pelos moradores e se dá principalmente pelo fato de o tráfico de drogas ser muito presente no bairro. Existem muitos pontos de venda de drogas e os moradores convivem diariamente com este mercado. O mercado em si não é o que os incomoda, mas sim o fato de haver mortes por dívidas dos compradores, pequenos assaltos à residências e a facilidade como as crianças do bairro têm acesso as drogas e vão cada vez mais cedo para este mundo. LAZER foi a percepção física mais indicada pelos moradores e está ligada principalmente a falta de lugares para as crianças brincarem. As ruas cada vez mais movimentadas não são apropriadas para as brincadeiras e o parquinho não é acessível a todos principalmente por causa da distância. A acessibilidade não foi muito discutida pelos moradores, mas foi algo percebido pela autora. Existem casos de ruas que constam em mapas, mas que nunca foram abertas estando apenas como uma trilha em meio a cidade e as casas destes endereços são prejudicadas pela dificuldade de acesso de veículos como ambulâncias e caminhões de supermercado. Estas ruas que deveriam ser caminhos e facilitar acessos são na verdade empecilhos urbanos que se existissem da maneira correta ajudariam no acesso até de um morador com mobilidade reduzida à sua casa.


59

7. Vazios urbanos Vazios urbanos são considerados espaços não aproveitados ou ociosos

dentro da malha urbana tendo origens variadas dentre elas o crescimento

Classificações de Vazios Urbanos

desordenado das cidades com avanço descontínuo e fragmentado e como

Vazio de vegetação: Local onde não há nenhum tipo de vegetação.

resultado do funcionamento do mercado de terras, pela atuação de agentes

Vazio natural: Vazio necessário à dinâmica da natureza.

privados e até mesmo de políticas públicas (MAGALHÃES, 2005). Estes locais são espaços “esquecidos” pela sociedade e passam

Vazio Territorial: Sobra do processo de produção urbana, que torna o solo impróprio para determinados tipos de ocupação.

despercebidos no dia-a-dia pois não são utilizados nem atrativos. Muitas

Vazio de Construção: Local onde não há construção, mas existe um

vezes estes só são notados quando trazem problemas para o entorno como

determinado uso, por exemplo, uma plantação.

insegurança, insalubridade pelo acúmulo de lixo e presença de animais como escorpião, cobras, aranhas e perigo de transmissão de doenças além de poder ser um empecilho urbano quando prejudica ou impossibilita o acesso ou a passagem. Neles poderiam haver um urbanismo, uma

Vazio de Uso: Determinado local onde existe certo tipo de edificação, mas não há uma apropriação por parte da comunidade, por exemplo, praça abandonada.

arquitetura ou mesmo alguma intervenção do tipo “Urbanismo Tático”.

Vazio de Ocupação: Local onde não há nenhum tipo de ocupação, um

Esses espaços ociosos podem também ser explorados como áreas para

lote abandonado, por exemplo.

eventos temporários, atividades que de alguma forma não excluam os

Vazio Residual: Sobras do processo de urbanização, por exemplo,

usuários dentre o ambiente urbano.

construções abandonadas, sobras de viaduto, etc.

O espaço em desuso, quando pensado para ser uma solução de

Vazio por especulação imobiliária: consistem em terrenos que estão

problemas urbanos e sociais, tende a requalificar e revitalizar uma área, não

aguardando uma valorização para então serem ocupados ou vendidos.

baseado na especulação imobiliária e econômica, visando até mesmo uma

Ruas não estruturadas: Ruas que nunca foram abertas e são utilizadas

sustentabilidade do urbano.

como trilhas pelos moradores, mesmo havendo construções.

Os vazios urbanos podem ser classificados em alguns tipos que se

Vegetação: áreas prarticulares ou públicas com vegetação e sem uso.

diferenciam pelo uso, natureza e função principalmente. Dentre os vazios

Área pública não ocupada: áreas públicas que não são utilizadas pois

classificados alguns foram encontrados na área em estudo e marcados no

não possuem estrutura para uso, por exemplo os passeios.

mapa ao lado.


7. Vazios Urbanos

Legenda: Vazio de Ocupação

Vazio natural

Vazio de Construção

Vazio Residual

Vegetação

Área pública não ocupada

Ruas não estruturadas

Vazio Territorial

Vazio de Vegetação

60


61

7. Vazios urbanos 1

2

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Legenda: Vazio de Ocupação Vazio Residual Ruas não estruturadas Vazio natural Vegetação Vazio Territorial Vazio de Construção Área pública não ocupada Vazio de Vegetação

3

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4

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7. Vazios Urbanos 1 A área próxima ao pronto de ônibus atrás da

Marias

pelas

bairro existem largas calçadas

frente as casas também não

igreja é fonte de reclamação

crianças para brincar. A rua

sem nenhum pavimento e

é utilizada como calçada.

dos moradores devido ao

é considerada a última rua

que não são usadas para o

Existem apenas pequenos

mato. Estes construíram no

da cidade, já na divisa com

fim de passagem. Nestas

caminhos de acesso às casas

local um caminho para servir

o meio rural e este espaço é,

existem muitas flores, matos

e casa uma delas possui um

de acesso entre as ruas José

assim, um meio termo entre

e rampas de acesso privativo

pequeno passeio ao redor da

Pereira Filho e Emílio Viegas.

o urbano e o rural.

às residências.

casa.

2 Esta área na rua 3 é

utilizada

3 Em alguns pontos do

4

Esta área livre em

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7. Vazios urbanos 5

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Legenda: Vazio de Ocupação Vazio Residual Ruas não estruturadas Vazio natural Vegetação Vazio Territorial Vazio de Construção Área pública não ocupada Vazio de Vegetação

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7

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7. Vazios Urbanos 5

Um

trecho

que

é

6

A faz ligação entre as

7

A rua Nossa Senhora

8

A rua sem saída e

9

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A travessa faz ligação

continuação da Rua Nossa ruas Três Marias, Três Pontas

de Belém faz ligação entre

faz encontro com a rua

entre as ruas Benjamim de

Senhora da Saúde é apenas (Gabriel Martins) e Euclides

as ruas Três Marias e Três

Domingos Marcos da Silva

Resende e Domingos Marcos

um trilha em meio às casas.

da Silva.

Pontas (Gabriel Martins).

Magalhães.

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moradores e a obtenção de informações e dados locais a fim de propor, em um trabalho mútuo com os moradores, uma intervenção para o local. A metodologia foi desenvolvida no decorrer do trabalho sendo influenciada por metodologias consagradas (DRUP e História Oral) e experiências de trabalhos da própria autora. O verdadeiro objetivo do desenvolvimento desta metodologia é a busca por métodos diferentes de pesquisa. Buscou-se utilizar métodos mais dinâmicos para obtenção de dados como, por exemplo, atividades lúdicas de desenhos para que através dos desenhos a população expressasse sentimentos e vontades.

8. Metodologia de Leitura Participativa para Desenvolvimento de Diretrizes de Projeto Urbano

A metodologia de aproximação foi a grande responsável pelo contato com os


8.1. Aproximação

66

Durante as pesquisas para levantamento de demandas do bairro

apresentando características de flexibilidade e interatividade, já que

foram estudadas metodologias existentes. Dentre elas as que mais se

necessita da participação da comunidade em conjunto com os aplicadores.”

adequaram à situação da pesquisa foram: o DRUP (Diagnóstico Rápido

(UFPEL, 2013) A pesquisa busca reconhecer os moradores como analistas,

Urbano Participativo) e a História Oral, sendo este último o mais empregado.

planificadores e organizadores ativos (UFPEL, 2013). O método é utilizado

A pesquisa de levantamento de demandas deu-se inicialmente com o contato estabelecido com as participantes da “Oficina da Memória” que ocorre todas as segundas-feiras no CRAS - Senhor dos Montes. A oficina visa conhecer as participantes e suas histórias por meio de conversas. A cada mês é estabelecido um tema, o qual é abordado em todos os encontros, e a partir dele são abertas discussões. Após os encontros no CRAS eram realizadas pesquisas através de conversas estruturadas com moradores. As pessoas que eram encontradas nas ruas ou portas de casas e estabelecimentos eram convidadas a participar da pesquisa. Foram entrevistadas 40 pessoas entre elas moradores, visitantes e pessoas influentes indicadas, por exemplo o presidente da Associação do Bairro.

DRUP – Diagnóstico Rápido Urbano Participativo O DRUP – Diagnóstico Rápido Urbano Participativo é uma metodologia que surgiu a partir do Diagnóstico Rápido Rural (DRR) e do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) realizados nas comunidades de baixa renda da África. “O método evita o uso de pesquisas longas, de alto custo, coleta de dados em excesso e tardia produção de resultados,

pelo Núcleo de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (NAUrb) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas (FAUrb/ UFPel) para obtenção de dados durante o “Projeto Vizinhança”. O grupo faz uso de atividades como “Nuvens de palavras” e “Chuvas de ideias” para conduzir o levantamento. O resultado é um diagnóstico rápido das características do local. Aplicação A metodologia do DRUP foi utilizada nos encontros realizados na Oficina da Memória no CRAS no qual eu tive contato com senhoras de entorno de 60 a 80 anos. Nestes encontros eram abordados temas diversos nos quais elas falavam como estes assuntos ou situações eram abordadas no passado. Foi realizada uma atividade específica para apreender a dinâmica da vida delas no bairro Senhor dos Montes e suas opiniões sobre ele. A pesquisa baseada na metodologia do DRUP fez uso do método de “Chuva de Ideias” para recolher os dados. O método consistiu em uma exposição de sentimentos. Esta foi feita através da enumeração de três pontos positivos e três pontos negativos a


67

8.1. Aproximação

respeito do bairro por cada participante. Ao todo oito pessoas participaram

histórias de certa região. As informações são transmitidas de geração para

da dinâmica. Os participantes tiveram alguns minutos para escrever em uma

geração e absorvidas por cada uma delas. Já na história de vida os relatos

folha os pontos positivos e negativos e depois foi aberto o espaço para que

são da vida da própria pessoa em uma perspectiva única, ou seja, só dela.

cada um lesse o que foi escrito e explicasse o porquê de cada afirmação.

Enquanto isso a história temática se dá através de entrevistas realizadas

Neste caso os resultados obtidos foram muito parecidos, uma vez que as moradoras são da mesma faixa etária e tinham opiniões semelhantes, pois tinham uma convivência muito forte e discutiam o assunto para responder.

em grupos e que apresentam diversos pontos de vistas que podem ser comparados entre eles (FREITAS, 2014). Deve-se deixar claro que existem diferentes posturas metodológicas e a literatura disponível no Brasil é escassa e deixa a desejar. Isto se deve

História Oral Contar histórias faz parte do cotidiano de todas pessoas e essas histórias transmitem conhecimentos que passam de geração para geração. Sendo assim, o uso da metodologia da História Oral como fonte de informações é extremamente valioso já que assim temos depoimentos sinceros e ricos. A História Oral possui muitas vertentes, sendo assim para o desenvolvimento do trabalho foi considerada a vertente estudada por Sônia Maria de Freitas em seu livro “História Oral: possibilidades e procedimentos” Segundo Freitas (2014) “História Oral” é um método de pesquisa que utiliza a técnica da entrevista e outros procedimentos articulados entre si,

principalmente ao atraso do avanço da História Oral no Brasil devido ao Golpe Militar de 64 que coibia gravações de opiniões e depoimentos. No Brasil tem-se grande influência da História Oral praticada na Europa que é um pouco menos sofisticada que a produzida nos Estados Unidos da América e da Grã-Bretanha (FREITAS, 2014).

Aplicação No trabalho desenvolvido a História Oral foi a principal fonte de obtenção de opiniões acerca do local de estudos. Moradores e frequentadores do local eram convidados a participar da pesquisa expondo seus pensamentos sobre o bairro na forma de uma conversa guiada.

no registro de narrativas da experiência humana. Este método se divide em

A conversa começava com o entrevistado se identificando (nome,

três gêneros: tradição oral, história de vida e história temática. Cada um

idade e endereço) e a partir daí eram feitas perguntas chaves a respeito

destes gêneros abrange um tipo de informação que pode ser absorvida.

de assuntos como comércio, transporte, infraestrutura, escolas, posto

No gênero de tradição oral por exemplo, conhecemos as tradições e

de saúde, condições de moradia, lazer e o que gostava e não gostava no


8.1. Aproximação

68

bairro. As perguntas não tinham uma sequencia a ser seguida, sendo assim à medida que os assuntos iam surgindo perguntas eram feitas a fim de dar continuidade ou completar o assunto. Muitas vezes o assunto rendia e as conversas prolongavam-se tomando novos rumos, o que trazia ainda mais conhecimento sobre a pessoa e sua relação com o local. Em outros casos as conversas ficaram restritas às questões feitas. Foram entrevistadas pessoas nas ruas, em suas casas, comércio, escola, posto de saúde, entre outros. Os locais também variaram, pois os moradores de áreas distintas teriam opiniões diferentes sobre o bairro. A História Oral foi o método que melhor se adequou à pesquisa devido à dificuldade de contato com os moradores. Inicialmente foi pensado na realização de reuniões e dinâmicas com grupos influentes do bairro, mas não foram identificadas estas pessoas e também não foi estabelecido um contato duradouro com os moradores. Sendo assim, a História Oral

Arquivo Pessoal

contribuiu com a obtenção de dados reais e sinceros dos frequentadores do local de forma rápida e eficaz.

Arquivo Pessoal


69

8.2. Leitura Participativa A participação da população do bairro se faz importante não só na

fase de diagnóstico, mas também na fase de proposições para o local. Neste trabalho os vazios urbanos se tornaram foco de intervenções e para que elas ocorram os moradores devem ser ouvidos. Para isto foi desenvolvida a “Metodologia de Leitura Participativa para desenvolvimento de Diretrizes de Projeto Urbano”. O objetivo da metodologia é realizar um estudo das vontades e intenções das pessoas em relação a determinados espaços. Os participantes estarão inconscientemente projetando espaços ao montar ambientes fictícios com imagens de objetos sobrepostas em fotos. Os ambientes gerados por eles servem como análise para o desenvolvimento de diretrizes de projeto para o local. A metodologia foi desenvolvida a fim de encontrar um método que seria de fácil participação por parte dos frequentadores e que ao mesmo tempo apresentasse um resultado visual para os mesmos, facilitando assim, o contato e a demonstração de ideias. A dinâmica começa com a exposição de fotos dos locais escolhidos para o entrevistado. Durante a exposição são feitas perguntas a respeito do que a pessoa acha do espaço e se ela mudaria alguma coisa no local. Após a primeira exposição de

forma simples, dinâmica e funcional de fazer uma leitura do espaço. Foi realizado um estudo de teste da metodologia com 10 pessoas. No teste foram apresentadas imagens de quatro vazios urbanos, entre eles a calçada da rua João Wilson de Souza; a rua não estruturada que faz ligação entre as ruas Três Marias, Três Pontas (Gabriel Martins) e Euclides Magalhães; a rua não estruturada Nossa Senhora de Belém; e a rua não estruturada que faz ligação entre as ruas Benjamim de Resende e Domingos Marcos da Silva. Nestas aplicações de teste foram observadas as qualidades e deficiências do método. Concluiu-se que o método cumpre o desejado e é muito eficiente para formular diretrizes de projeto, mas existem deficiências. Uma delas é a quantidade e diversidade de opções de objetos que não é extensa e acaba limitando o usuário e muitos destes não abstraem para pensar muito além daquilo. Algumas pessoas citavam objetos que não estavam na lista e que eram muito comuns para eles como por exemplo, os equipamentos da “Academia ao ar livre” que são instalados na cidade pela prefeitura e que inexistia no local.

ideias do entrevistado são mostradas figuras recortadas de objetos como

Após o contato com os frequentadores do local para montagem de

bancos, mesas, postes, vegetação, pessoas, entre outros. O participante é

proposições foi criado um catálogo de todas as montagem e analisado o

convidado então a escolher figuras que ele queira para compor o espaço

que cada uma representava. Destas análises surgiram as diretrizes de

criando um ambiente do seu interesse. São levados papel, lápis, caneta e

projeto que foram categorizadas em três tipos: proteção, conforto e

tesoura para o caso de aparece a demanda de um objeto que não há na

prazer. Dentro destas três categorias se encontram 15 diretrizes de projeto

coleção, em que o participante pode tentar reproduzi-lo. Acredita-se que a

urbano definidas para aquele espaço de estudo por meio de um processo

entrega das figuras para eles manusearem e criarem espaços novos é uma

participativo.


8.2. Leitura Participativa Através destas diretrizes foram desenvolvidas duas propostas de intervenção para dois locais de teste. Os locais de teste escolhidos foram os vazios urbanos 4, a calçada da rua João Wilson de Souza e o vazio 9, a rua não estruturada que faz ligação entre as ruas Benjamim de Resende e Domingos Marcos da Silva. A escolha deste dois vazios se deve ao fato de eles terem obtido mais atenção por parte dos moradores e haver mais montagens para eles. Estas propostas, que agrupam as ideias dos frequentadores com as percepções da autora, buscam trazer boas soluções para problemas e demandas dos locais.

70

decisões sobre as obras e projetos em seu bairro, além da busca feita por eles próprios para solucionar problemas do local. As fotomontagens com as propostas de intervenção foram mostradas aos frequentadores para que eles avaliassem as ideias e apontassem uma preferida deste. A participação da população é o ponto principal deste trabalho. Sendo assim, expor para eles o resultado desta metodologia é um ponto chave do processo, pois é neste momento que se analisa se a proposta de intervenção realmente está adequada às demandas e vontades da população.

Criar propostas de intervenção foi o meio encontrado para fazer uma crítica à atual condição do lugar e da qualidade de vida pessoas que ali frequentam. O local, que vive as margens da cidade e com isso sofre com a precária infraestrutura e com a condição de exclusão urbana, além de ser caracterizado pela vulnerabilidade social, espacial e econômica, carece de

Acredita-se que esta etapa pré projeto é frequentemente menosprezada quando se trata de um projeto urbano, sendo que se esta fosse bem executada haveriam menos projetos equivocados nos quais gasta-se muito dinheiro para trazer pouco retorno.

ações de justiça urbana. A justiça urbana neste caso pode ser interpretada como justiça ambiental, como citaido por Acselrad: “[...] compreendida como o tratamento e o envolvimento pleno dos grupos sociais, independentemente de sua origem ou renda, nas decisões sobre o acesso a ocupação e o uso de recursos ambientais em seus territórios.” (Acselrad, 2009, p. 25) No caso da justiça urbana visa-se o envolvimento da população nas

Arquivo Pessoal Objetos entregues aos participantes para a montagem de exposições de ideias.


71

8.3. Catálogo de montagens

Vazio Urbano 4 - calçada

da rua João Wilson de Souza

S.R.N. 20 anos Muitas vegetação e brinquedos para as crianças. *equipamentos de exercício


8.3. Catálogo de montagens

Vazio Urbano 4 - calçada

da rua João Wilson de Souza

L.E.S. 20 anos Prioriza um local ilumidado para as crianças brincarem em segurança além de espaço de estar e conversa para todos.

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8.3. Catálogo de montagens

Vazio Urbano 4 - calçada

da rua João Wilson de Souza

M.F.S. 51 anos | C. 37 anos Não quer bancos para não virar ponto de uso de drogas. Prefere árvores e flores para alegrar o espaço e postes para iluminar. Visa brinquedos para as crianças e lugares para elas estudarem.


8.3. Catรกlogo de montagens

Vazio Urbano 4 - calรงada

da rua Joรฃo Wilson de Souza

D.H.S. 11 anos Local com brinquedos para crianรงas e mesas e bancos para descanso.

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8.3. Catálogo de montagens

Vazio Urbano 4 - calçada

da rua João Wilson de Souza

R.T. 40 anos Ponto de ônibus coberto e iluminação. Árvores e flores. Bancos para sentar e conversar. Mesas para jogos. Brinquedos para as crianças. Local de caminhada e contemplação.


8.3. Catรกlogo de montagens

Vazio Urbano 4 - calรงada

da rua Joรฃo Wilson de Souza

W.G.O. 42 anos, morador da rua Lugar iluminado e sombreado para sentar e relaxar.

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8.3. Catálogo de montagens

Vazio Urbano 9 - rua não

estruturada que faz ligação entre as ruas Benjamim de Resende e Domingos Marcos da Silva

S.R.N. 20 anos Rua asfaltada e duas escadas nas laterais.


8.3. Catálogo de montagens

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Vazio Urbano 9 - rua não

estruturada que faz ligação entre as ruas Benjamim de Resende e Domingos Marcos da Silva

R.T. 40 anos Rua asfaltada no centro com bancos, árvores e iluminação nas laterias.


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8.4. Diretrizes de Projeto

Diretrizes de Projeto PROTEÇÃO

Iluminação: Iluminação artificial durante a noite torna o local mais seguro e convidativo. Contra trânsito motorizado: Proteção contra o trânsito motorizado principalmente para as crianças que brincam fora de casa. Iluminação

Contra trânsito motorizado

Diminuição do crime e violência

Diminuição do crime e violência: Ocupar o espaço visando mais opções de usos visando a diminuição de crimes e violência, visto que lugares abandonados e sem vida são propícios a práticas ilícitas. Convidativo para caminhar: Caminhos convidativos e em boas condições para caminhada ou passagem. Convidativo para parar/ficar: Locais atraentes para uma pausa de descanso ou contemplação.

CONFORTO

Convidativo para caminhar

Convidativo para parar/ficar

Convidativo para sentar

Convidativo para sentar: Assentos confortáveis em meio a um ambiente agradável para sentar. Convidativo para atividades físicas: Equipamentos propícios e espaço agradável para a prática de atividades físicas. Pontos para suporte de estudos: Locais adequados com assentos, apoios e calmo para estudos.

Convidativo para atividades físicas

Pontos para suporte de estudos

Uso dia e noite/ variação durante o ano

Uso dia e noite/variação durante o ano: Incentivos para a ocupação em diferentes situações e épocas. Convidativo para jogos: Local apropriado para crianças e adultos jogarem ou brincarem em segurança.

Convidativo para jogos

Acesso a carros: Abertura de vias para acesso de carros. Acesso à carros

Acesso à pessoas

Acesso às pessoas: Abertura de vias com calçadas e escadarias para acesso de pessoas.

PRAZER

Proteção contra vento, chuva, frio, sol: Criação de pontos alternados de sombra, clareiras e coberturas a fim de proteger os usuários. Paisagem natural: preença de bens naturais como árvores, plantas e água, que trazem mais Proteção contra: vento,chuva,frio,sol

Paisagem natural

Abrigo

qualidade visual e sensorial ao espaço, além de melhorar a qualidade do ar. Abrigo: Proteção e ponto de descanso para os usuários do transporte público.


8.5. Proposições de intervenção

80

Rua João Wilson de Souza

Diretrizes do Projeto


81

8.5. Proposições de intervenção

Rua João Wilson de Souza

Diretrizes do Projeto


8.5. Proposições de intervenção

82

Travessa entre rua Domingos Marcos da Silva e rua Benjamin de Resende

Diretrizes do Projeto


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8.5. Proposições de intervenção

Travessa entre rua Domingos Marcos da Silva e rua Benjamin de Resende

Diretrizes do Projeto


8.6. Retorno dos moradores

84

As propostas representadas através de fotomontagens foram impressas e mostradas para os moradores e o retorno foi extremamente positivo. Além de ouvir opinião dos moradores este retorno serviu para mostrar novas possibilidades, situações e ideias. Ao todo foram ouvidas 15 pessoas que apresentaram posição favorável a pelo menos uma das propostas. Algumas já haviam participado da etapa de leitura participativa mas a grande maioria estava participando do projeto pela primeira vez. Dentre os participantes haviam mulheres, homens, adolescentes e crianças. Todos estes conseguiram enxergar além do que as imagens mostravam e começaram a imaginar novas ambiências. Durante as conversas os moradores demonstraram muito entusiasmo com as propostas e se envolveram com as ideias. Muitos deles deram novas ideias e fizeram críticas às propostas apresentadas. Este era o objetivo desta etapa e foi alcançado. Outro ponto favorável foi o envolvimento das pessoas com as imagens mostradas. Muitas pessoas desejaram que o projeto saia do papel e torne-se realidade. Perguntavam o que poderiam fazer para que a intervenção chegasse até a prefeitura e se poderiam ficar com as fotomontagens para entregar para vereadores a fim de pedir por ações. Vê-se que esta etapa pode influenciar no modo que as pessoas se relacionam e pensam o local que moram a partir de agora. Acredita-se que estes moradores terão um olhar diferenciado com relação ao bairro e as intervenções que podem ser realizadas ali.


85

8.6. Retorno dos moradores Nenhum lugar tem luminárias junto com os aparelhos. Chega a noite fica tudo escuro. Mas vai construir praça na frente da casa dos outros?! Fica meio estranho.

Ficou legal essas árvores aqui.

É lá do lado de casa. Equipamento já tem

Mãe, eu vou lá todo dia

no Senhor dos Montes ali

tomar sorvete.

em cima.

Banco ia virar bagunça.

O equipamento é bom, mas tem uma falha. Falta cobertura. Com chuva enferruja e as pessoas machucam porque quebra.

Esse aqui seria bom. Todo lugar tem equipamento e aqui não tem.

Tipo aqui, aqui já tem “nego” sentado bebendo.


8.6. Retorno dos moradores

Essa é mais maneira porque na outra o povo destroi os equipamentos.

Quando dá 17:30

As casas aqui de

meus netos chegam e

baixo tinham que ter

vão jogar bola na rua, ai

entrada para carro

minha vida acaba. Tenho que ficar gritando: olha o caro, olha o cavalo, a moto...

Não tem um lugar para as crianças.

Vai ter banco que aqui não tem.

86


87

8.6. Retorno dos moradores

O caminho é de cimento? Então fica bom assim.

Melhor, sem dúvidas, o caminho.

Uns banquinhos pros idosos até que vai.


8.6. Retorno dos moradores

Escada é melhor porque ali escorrega muito.

Aqui é bom que passa carro, moto de farmácia.

Ser de um lado escadas e do outro reto, para facilitar para pessoas adultas e pessoas com dificuldades.

Ficou boa a escada pra subir dos dois lados.

Perigoso os “neguinhos” descer lá de cima e varar lá em baixo.

88


9. Conclus達o


9. Conclusão

90

Neste estudo buscou-se trabalhar com a interação como forma de

João del-Rei, além de moradores da própria cidade que saíram da área

conhecimento e projeto. Foi a partir da interação do pesquisador com os

central. Os fatores que mais influenciaram as mudanças foram financeiros,

frequentadores do local que o trabalho cresceu e tomou forma. O objetivo

familiares e união conjugal. Estes fatos caracterizam o local como uma área

central era conhecer a população local e a forma de vida desta para

de ocupação espontânea por uma população de baixa renda em busca de

entender a relação existente entre a qualidade de vida das pessoas e o

ganhos materiais e simbólicos. Atualmente, a maioria dos habitantes é de

bairro que habitam. A partir desta interação concluiu-se que a qualidade

jovens entre 15 a 24 anos com alto nível de escolaridade e baixo nível de

de vida não é medida apenas por fatores físicos, mas também por fatores

desemprego. Porém, a renda familiar é baixa, predominando a faixa entre

subjetivos. Viu-se que muitas vezes é mais importante para os moradores

1 e 4 salários mínimos.

residir próximo a parentes e amigos do que em um bairro com melhores condições de infraestrutura urbana. Sendo assim, o resultado final do trabalho não poderia ser somente um projeto a ser executado na área. O resultado foi, então, uma reflexão sobre o meio e as relações ali existentes. Reflexão esta baseada nas percepções dos próprios frequentadores do local.

Além destes aspectos socioeconômicos existem os aspectos espaciais que influenciam diretamente na qualidade de vida desta população. Entre eles pode-se citar a precariedade das infraestruturas. Dentre elas estão as ruas, tanto as mal cuidadas como as de existência ignorada; as calçadas inexistentes, mal projetadas e/ou mal cuidadas; e o sistema de coleta de água pluvial, que devido à declividade do local necessita de um melhor

Dentre os tipos de população que ocupam a cidade foi escolhido

tratamento dos captadores e distribuidores. Outro aspecto espacial está

trabalhar com um tipo específico característico pela sua situação de

ligado à ocupação da área, uma vez que grande parte do bairro possui

vulnerabilidade socioeconômica-espacial. Para estudar esta tipologia foi

densidade de ocupação moderada e alta tendência a maior adensamento.

considerada uma área de assentamento precário periférico, o bairro Senhor dos Montes em São João del-Rei. As pessoas que ali habitam sofrem com a injustiça urbana diariamente e a reflexão proposta pelo trabalho é um meio para se reverter este quadro.

A união destes fatores (sociais, econômicos e espaciais) faz desta área um assentamento precário em São João del-Rei. Esta e outras áreas de assentamento precário devem ser tratadas de uma outra forma pelas ações políticas, visto que atualmente poucos programas e projetos surtem

Lembremos que o bairro teve origem no século XVIII com a extração

um efeito positivo e prolongado para a área. Esta mudança de tratamento

de ouro na vila, mas foi entre as décadas de 70 e 90 que este expandiu

inicia-se com uma mudança da visão que temos sobre aquela área e

com a vinda de imigrantes de cidades vizinhas e da zona rural de São

aquelas pessoas. Primeiramente, precisamos mudar nossa opinião que


91

9. Conclusão

muitas vezes é tão taxativa e superficial em relação à população e ao local.

seria sim, uma ação produtiva em relação a ajudar a aproximação do poder

Somente após esta etapa seremos capazes de observar e compreender o

público com o moradores. Viu-se que estes demonstraram interesse em

local real e propor intervenções que realmente terão sincronia com este.

ajudar com as propostas, além de buscarem meios para a exposição das

O presente estudo partiu destas premissas para se desenvolver. Buscou-se começar a mudança no bairro através do conhecimento, ou seja, através da etapa de mudança de visão e de pré-conceitos da autora. Nesta etapa foram desvendadas as características físicas e subjetivas do bairro e de seus frequentadores, além do reconhecimento das demandas individuais e comuns. Posteriormente foi iniciada a etapa de projeto que se deu por meio da interação da pesquisadora com os frequentadores a fim de formular proposições espaciais para os vazios urbanos categorizados. Este trabalho foi apenas pontual e experimental, mas conclui-se que ações deste tipo, se replicadas, contribuem positivamente para a justiça urbana uma vez que atribui aos moradores o papel que é deles por direito; o papel de propositor influente nas decisões acerca do seu bairro ou cidade. Sendo este morador um propositor influente as intervenções no local terão maior validade e serão mais próximas às reais demandas e necessidades locais e pessoais. Conclui-se que este trabalho possui efeito positivo para o local e a população que ali reside ou frequenta. Esta pequena ação realizada pode ser considerada apenas o início de um processo maior que envolveria população e poder público em busca de resultados positivos e de qualidade. O envolvimento da população com as fotomontagens de propostas de intervenção apresentadas mostra que esta metodologia de aproximação

ideias para vereadores e pessoas de influência política para que o mesmo fosse executado.


Referências Bibliogáficas


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