Revista Vestir 06

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ISSN 2316 2961

Revista da Indústria do Vestuário

Abr/Mai/Jun – 2013

divulgação

elli ChicoãoSdaarFdrente

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ECONOMIA

Atuaç a r em Defes Parlamenta Têxtil e de do Setor do Estado s Confecçõe o Paulo ã de S

Agilidade

eficiência

oportunidade

compras

licitação

Integração

tecnologia

custo resultado

solução

B2B Plataforma de negociação online para empresários lançada pelo Sindivestuário durante a 7ª Feimaco e a Tecnotêxtil Brasil 2013 favorece o estreitamento das relações de mercado

documentacões

comunicação

sistema negócios

INOVAção

customização

conjuntura desoneração da folha de pagamento em diversos setores



SUMÁRIO 4 EDITORIAL Os destaques da edição e do setor

5 PALAVRA DO PRESIDENTE Ronald Masijah aler ta nova possibilidade do setor ser usado como “boi de piranha”

6 ENTREVISTA Chico Sardelli fala sobre a atuação da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Têxtil e de Confecções de SP

12 Capa: inovação Plataforma de negociação online para empresários do setor é lançada pelo Sindivestuário durante eventos recentes

10 POR DENTRO DO SINDICATO

30 FUxico

Notícias e informes institucionais do Sindivestuário

Principais notícias e lançamentos do segmento industrial

20 tecnologia 31 Na rede

24 capacitação Concurso cultural Você na Vestir premiará melhores ar tigos com curso do Senai-SP

26 Conjuntura Empresários avaliam a desoneração da folha de pagamento de diversos setores de atividade produtiva

Novidades mais relevantes da internet

32 Trabalho e Justiça Advogada do Sindivestuário aborda a questão dos direitos trabalhistas dos empregados domésticos

34 Agenda Programação dos próximos eventos do setor

16 Próxima ESTAÇÃO Pesquisa publicada pela Rais revela grande participação feminina no setor têxtil e de confecção

Ragne Kabanova / Shutterstock.com

Sindicato marca presença em impor tantes eventos da área realizados na capital paulista


Editorial

Tempo de novidades Sindivestuário lança ferramenta de apoio aos associados e empresários do setor No início de

abril, aconteceu na cidade de São Paulo a Feimaco – Feira Internacional de Máquinas e Componentes para a Indústria de Confecção – e o Tecnotêxtil 2013, dois dos principais eventos do nosso setor. O Sindivestuário esteve presente em ambos, divulgando a importância da sindicalização e com profissionais tirando dúvidas sobre questões jurídicas. Na Feimaco, Ronald Masijah, presidente da instituição, ministrou palestra sobre o que esperar do setor para esse ano. Na oportunidade, o Sindicato lançou oficialmente a Solução B2B, uma nova ferramenta de apoio aos associados e empresários de confecções e têxteis. Acompanhe na editoria Tecnologia a cobertura completa desses eventos. E na matéria de capa, todos os detalhes de como funciona este novo serviço que visa facilitar os processos de compras, cotação, licitação, formação de catálogos, entre outros benefícios. Nosso entrevistado dessa edição é o deputado Chico Sardelli, coordenador da Frente Parlamentar do Setor Têxtil e

de Confecções do Estado de São Paulo, relançada em agosto do ano passado e que tem se mostrado fundamental nas conquistas vividas pelo setor. Na opinião do político, a vitória mais importante da Frente foi a redução do ICMS. Outros importantes temas estão na revista, como uma pesquisa divulgada recentemente pela RAIS (Relação Anual de Informações Socais), do Ministério do Trabalho, que aponta importantes dados sobre a participação da mulher no setor do vestuário e têxtil. Alguns números do estudo chamam atenção: dos 1,7 milhão de trabalhadores diretos existentes no segmento, 76%, ou 1,3 milhão, são mulheres. Principal polo da indústria têxtil e de confecção do País, o estado de São Paulo emprega 390 mil - dessas 1,3 milhão mulheres. Isto é, 30% do total de trabalhadoras do segmento. Mais detalhes da pesquisa e histórias de mulheres nessa situação, você confere na editoria Próxima Estação. Tenham todos uma ótima leitura!

REVISTA VESTIR é uma publicação trimestral do Sindicato da Indústria do Vestuário do Estado de São Paulo (Sindivestuário). O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade de seus autores e não representa necessariamente a opinião do Sindivestuário. Jornalista responsável Roberto Souza (Mtb 11.408) Editor-executivo Fábio Berklian Editor-chefe Hélio Perazzolo Editor Rodrigo Moraes Subeditora Tatiana Piva Reportagem Anderson Dias, Marina Panham e Samantha Cerquetani Projeto Editorial Fábio Berklian Projeto Gráfico Rogério Macadura/StartUP Comunicação Produção Editorial Priscila Hernandez Designers Felipe Santiago, Leonardo Fial, Luiz Fernando Almeida e Rafael Tadeu Sarto Contato comercial rspress@rspress.com.br Conselho Editorial Camilo Sotelo e Maria Thereza Pugliesi Tiragem 5.500 exemplares

Rua Cayowaá, 228, Perdizes | São Paulo - SP | CEP: 05018-000 11 3875-5627 / 3875-6296 | rspress@rspress.com.br www.rspress.com.br

Selo FSC

Diretorias - Triênio 2010 / 2013 Sindivest Sindicato da Indústria do Vestuário Feminino e Infanto Juvenil de São Paulo e Região Ronald Moris Masijah – Presidente; Stéfanos Anastassiadis – Vice-Presidente; Maurice Marcel Zelazny – Diretor-Secretário; Joseph Davidowicz – Suplente de Diretoria; Sidney Knobloch – Suplente de Diretoria; Oscar Dominguez – Suplente de Diretoria; Dorival Carlos Cecconello – Conselho Fiscal; Luiz Jaime; Zaborowsky – Conselho Fiscal; Haylton de Souza Farias Filho – Conselho Fiscal; Mario Perel – Suplente do Cons. Fiscal; Eliana Penna Moreira – Suplente do Cons. Fiscal; Juliana Saicali Dominguez – Suplente do Cons. Fiscal Sindiroupas Sindicato da Indústria do Vestuário Masculino no Estado de São Paulo Heitor Alves Filho – Presidente; Max Paul Cassius – Vice-Presidente; Carlos Ernesto Abdalla – Diretor Secretário; Heitor Alves Netto – Suplente de Diretoria; Wilson Ricci – Suplente de Diretoria; José Alberto Sarue – Suplente de Diretoria; Francesco D`Anello – Conselho Fiscal; Rubens Alberto Cohen – Conselho Fiscal; Renato André Cassius – Conselho Fiscal; Humberto Pascuini – Suplente de Conselho Fiscal; Osvaldo Zaguis – Suplente do Conselho Fiscal; Antonio Valter Trombeta – Suplente do Conselho Fiscal Sindicamisas Sindicato da Indústria de Camisas para Homem e Roupas Brancas de São Paulo Nelson Abbud João – Presidente; Antonio do Nascimento Dias Poças – Vice Presidente; Heitor Alves Netto – 1º Secretário; Adriana Dib Cury Silveira – 1ª Tesoureira; Ronaldo Ferratoni Alves – Conselho Fiscal; Déborah Abbud João – Conselho Fiscal; Rodney Abbud João – Conselho Fiscal; Roberto da Silva Carvalho – Suplente Conselho Fiscal; Vera Lúcia da Silva Carvalho – Suplente Conselho Fiscal; Wady João Cury – Suplente Conselho Fiscal Rua Mario Amaral, nº 172, 2º andar, Paraíso - São Paulo-SP Tel.: 11 3889-2273

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Palavra do Presidente

Chega de ser “boi de piranha”! Entenda a expressão e qual a sua relação com o nosso mercado atual Como muitos de vocês sabem, a expressão “boi de pira-

nha” se originou no meio rural. Ela ilustra uma situação, na qual criadores de gado, ao atravessar um rio infestado por piranhas, abatiam um dos bois de sua manada (geralmente os mais velhos ou doentes), e o jogavam nas águas para, assim, atrair os peixes carnívoros, enquanto o resto conseguia alcançar a outra margem sem serem incomodados. Ou seja, essa ilustração relata uma situação na qual um bem menor e de pouco valor é sacrificado para que, em troca, outros bens mais valiosos não sofram ameaça. Pois bem. Mas por que estou falando sobre isso? Há alguns anos, nosso setor já foi usado como “boi de piranha” para a China, pois o Governo Federal brasileiro possuía grandes interesses em exportar para aquele país alguns produtos como soja, cimento e minério de ferro, e nos usou como moeda de troca naquela ocasião. Eles permitiram que enormes quantidades de roupas fossem importadas do país oriental para compensar a exportação dos itens que o Brasil passou a enviar para eles. “Boi paraguaio” Ainda estamos em plena discussão com nosso Governo por conta dessa questão e, pasmem, agora eles querem também nos usar para promover a participação do Paraguai no Mercosul (Mercado Comum do Sul). E aproveito para fazer um questionamento a todos vocês: quem será o próximo beneficiário deles, a Bolívia, a Venezuela?

E explico porque faço essa provocação. Estão sendo feitos estudos para viabilizar a montagem de empresas de confecção brasileiras no país vizinho. A alegação é de que o custo da mão de obra e energia elétrica paraguaios são mais abundantes e baratos. A carga tributária também é menor por lá e ainda há a isenção de impostos na entrada da mercadoria no Brasil, pelo fato de ser um país do Mercosul. Acena também com maiores facilidades de acesso às matérias-primas diferenciadas e importadas principalmente dos países asiáticos. O que é isso? Vamos transferir nossos empregos e empresas para o Paraguai? Isso é um absurdo! Chega de usarem a indústria brasileira do vestuário como “boi de piranha”. Já que descobriram tudo isso — fatos que já conhecíamos faz tempo —, por que não nos permitem que consigamos produzir aqui a preços mais competitivos? Por que não geramos mais empregos dentro do Brasil e não fora? Por que é mais fácil obter verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimento fora do País do que internamente? A palavra de ordem agora é CHEGA. Nossa meta é trabalhar pelo desenvolvimento de nossas indústrias no Brasil e, obviamente, não fora dele. Essa tem sido a principal luta do Sindivestuário e queremos chamar a sua atenção para essas questões. Esteja conosco e faça parte de todas essas batalhas, pois em muitas delas temos sido vitoriosos.

Ronald Masijah presidente do Sindicato do Vestuário (Sindivestuário)

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Entrevista

Representatividade

Ferramenta de luta Atuação da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Têxtil e de Confecções do Estado de São Paulo, comandada pelo deputado Chico Sardelli, mostra-se fundamental nas conquistas vividas pelo setor Em busca do fortalecimento do setor têxtil

e de confecção nacional, que enfrenta entraves como a concorrência desleal de produtos importados, o deputado estadual Chico Sardelli, do Partido Verde, propôs a instituição da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Têxtil e de Confecções do Estado de São Paulo, quando assumiu seu mandato em 2007. Empresário do setor têxtil e natural de Americana, interior do estado de São Paulo, Sardelli conta que a Região do Polo Têxtil – que compreende os municípios de Americana, Santa Bárbara d’Oeste, Sumaré, Nova Odessa e Hortolândia – sentiu o primeiro impacto negativo da invasão dos produtos importados. A Região Metropolitana de Campinas (RMC) possui a maior concentração de indústrias têxteis e de confecção do País e é responsável por aproximadamente 85% da produção nacional de tecidos planos de fibras artificiais e sintéticas. Com mais de cinco anos de atividade e sob a coordenação de Sardelli, a Frente Parlamentar trabalha em defesa do setor e realiza estudos e debates, propõe medidas e adota providências para atuar como interlocutora entre os diversos órgãos do Governo Federal, Estadual e Municipais, e setores da iniciativa privada. Por meio desse trabalho, a Frente Parlamentar obteve conquistas importantes, como

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a redução da alíquota do ICMS de 12% para 7%. Para se adequar à nova legislatura – Resolução nº 870, de 8 de abril de 2011 – e dar continuidade aos trabalhos, a Frente foi relançada no dia 29 de agosto de 2011, na Assembleia Legislativa de São Paulo, com o apoio dos deputados, das entidades representativas patronais e dos trabalhadores. Em entrevista concedida à Revista Vestir, o deputado analisa o cenário atual do setor têxtil e de confecção, explica o trabalho realizado pela Frente Parlamentar e enfatiza que a união de forças entre empresários, trabalhadores e parlamentares é fundamental nesse momento de mobilização, para aumentar a competitividade das indústrias frente à crescente importação de produtos, principalmente chineses. Confira. Ao assumir o mandato de deputado estadual, em 2007, o senhor propôs a instalação da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Têxtil e de Confecções do Estado de São Paulo. O que o inspirou a sugerir a criação desse movimento? Chico Sardelli - Sou de uma região eminentemente têxtil, onde a vocação é a produção da indústria têxtil e de confecção. Como empresário do setor há muitos anos, sempre vi o sofrimento efetivo que essa classe, segunda maior geradora de empregos do País, passava e ainda vive com a


Por Marina Panham |Fotos Chico Sardelli/Divulgação / RS Press/Divulgação

Chico Sardelli é deputado estadual (PV) e coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Têxtil e de Confecções do Estado de São Paulo

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Entrevista

Representatividade

Deputado reunido com representantes do setor em reunião da Frente Parlamentar ocorrida na Assembleia Legislativa, em SP

importação predatória. Os produtos são importados de países que não respeitam absolutamente nada, nem questões ambientais e fiscais, mas entram na competitividade interna do nosso País, que paga os mais altos tributos do mundo. Então, quando assumi o mandato como deputado estadual, formei a Frente Parlamentar em Defesa do Setor Têxtil e de Confecções com base nesses princípios. Por que a Frente Parlamentar foi relançada em 2011? Sardelli - Nós relançamos a Frente Parlamentar no dia 29 de agosto de 2011, juntamente à nova legislatura – Resolução nº 870, de 8 de abril de 2011 – para darmos continuidade às ações de defesa, desenvolvimento e crescimento dos setores têxtil e do vestuário iniciadas em períodos anteriores, com o apoio de deputados, das entidades representativas patronais e dos trabalhadores. A Frente realiza estudos e debates, propõe medidas e adota providências para atuar como interlocutora entre os diversos órgãos do Governo Federal, Estadual e Municipais, e setores da iniciativa privada.

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Em dezembro de 2012, a Frente completou cinco anos de atividade. Quais foram as principais conquistas obtidas com a ajuda do movimento nesse período? Sardelli - O maior feito foi a representatividade que o setor têxtil conquistou por meio de um trabalho político suprapar tidário, já que essa Frente Parlamentar representa desde o capital até a classe trabalhadora, garantindo emprego e desenvolvimento sustentável. Além disso, tivemos uma luta ao longo do mandato passado que foi a redução do ICMS de 12% para 7%. A conquista foi obtida já no governo José Serra (2006/2011) e depois reeditada no governo Geraldo Alckmin. Então, eu diria que a representatividade, por meio da Frente, e a redução do ICMS foram as conquistas mais impor tantes para o setor. Recentemente estivemos em mais uma audiência na Secretaria Estadual da Fazenda, na qual apresentamos novas solicitações de medidas urgentes e necessárias à implantação de uma política tributária mais competitiva, como forma de fomentar a economia do estado de São Paulo.


Qual a contribuição do Sindivestuário nesse trabalho desenvolvido pela Frente Parlamentar em prol do fortalecimento da cadeia de confecção nacional? Sardelli - Os sindicatos da indústria têxtil e de confecção, e todos os setores organizados da classe produtiva do setor, têm nos apoiado na luta em defesa da classe. O Sindivestuário, com o Ronald Masijah; o Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo (Sinditêxtil-SP), com o Alfredo Bonduki; o Sindicato das Indústrias de Tecelagem de Americana, Nova Odessa, Santa Bárbara D’Oeste e Sumaré (Sinditec), com o Dilézio Ciamarro; e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com o Paulo Skaf. O Ronald foi um parceiro de primeira hora, logo na formação da Frente Parlamentar. Vejo e sinto a responsabilidade que ele tem com o setor que representa e entendo que esse trabalho desempenhado nos dá subsídios para poder continuar na nossa luta em defesa da indústria têxtil e de confecção. Não tenho dúvidas que o presidente do Sindivestuário é um empresário. Que não deixa de ser um homem público, compenetrado e trabalhando para que o seu setor não tenha regalias. E sim para que seja respeitado como um todo em um País onde se pagam as maiores taxas e impostos do mundo, competindo com países que praticam trabalho escravo e uma série de outras mazelas com o seu trabalhador. É essa sensibilidade que o setor precisa. Parte desse sucesso da Frente Parlamentar, a qual eu coordeno, tem se dado em função também da doação do presidente do Sindivestuário. Qual tem sido a reação das tradicionais indústrias da Região Metropolitana de Campinas com a invasão de produtos importados? Sardelli - O setor está reagindo com muita cautela e preocupação. Pagamos altos impostos e estamos sujeitos a todos os tipos de fiscalização. O Brasil possui um alto índice de geração de emprego na indústria de transformação, que é a indústria de confecção, tecelagem, etc. Cada máquina é um

Como empresário do setor há muitos anos, sempre vi o sofrimento efetivo que essa classe, segunda maior geradora de empregos do País, passava e ainda vive com a importação predatória

emprego. Mas nós temos de ver esse cenário de maneira mais ‘macro’, no sentido nacional, vindo para o sentido estadual e depois para a Região Metropolitana de Campinas, onde está inserida Americana, Santa Barbara d’Oeste, Nova Odessa, Sumaré e Hortolândia. E as indústrias têm tido a responsabilidade de gerar empregos e mais empregos para poder garantir o desenvolvimento da nossa região. Nossa microrregião, com a vocação da indústria têxtil e de confecção, se consolidou como o maior polo têxtil do Brasil. Foi aí que nós sentimos o primeiro impacto negativo da invasão dos produtos importados na indústria e no varejo. Por isso a união de forças entre empresários, trabalhadores e parlamentares é fundamental nesse momento de mobilização, para aumentar a competitividade das indústrias frente à crescente importação de produtos, principalmente chineses. Diante do cenário atual, quais as prioridades e perspectivas da Frente Parlamentar em defesa do setor no estado de São Paulo? Sardelli - Manter-se alerta e vigilante. Estamos – os setores produtivos e os sindicatos patronais e dos trabalhadores – sempre atentos a todas as movimentações que possam prejudicar o setor produtivo da indústria têxtil e de confecção. Isso para poder proteger, com responsabilidade, o trabalho, o emprego e o desenvolvimento brasileiro. Esse é o compromisso da Frente Parlamentar.

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Por dentro do SIndicato institucional

Negócios online na Copa e Olimpíadas Com o objetivo de criar novas estratégias para as empresas associadas aos sindicatos, o Sindivestuário está realizando uma série de reuniões com empresas prestadoras de serviços e/ou fabricantes de determinados produtos de interesse do setor do vestuário. São oportunidades de negócios online e tendências que devem surgir com a Copa do Mundo de 2014, e as Olimpíadas de 2016. Informe-se no site da instituição ou nas mídias sociais como Facebook e Twitter e participe desse movimento.

Vitória dos sindicatos do vestuário de São Paulo Os Sindicatos das Indústrias do Vestuário do Estado de São Paulo ingressaram com medidas judiciais visando à declaração de inconstitucionalidade da Resolução do Senado Federal nº13/2012. Ela trata sobre a alteração do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS), que em operações interestaduais de bens e mercadorias com conteúdo igual ou superior a 40% passou a ser exigida a alíquota de 4%, o que impacta no custo das empresas. Além disso, a liberação da obrigatoriedade de o contribuinte informar na nota fiscal o custo dos insumos por ele impor tados fere o princípio constitucional da livre concorrência. Lembrando que até 31 de dezembro de 2012 a alíquota era de 7% ou 12%. Nesse sentido, foram ajuizadas duas medidas judiciais: I – para ver declarada a inconstitucionalidade da Resolução nº 13/2012 do Senado Federal; II – para que as empresas associadas não fossem obrigadas a declarar na

nota fiscal o valor do insumo importado, o número do controle da FCI e o conteúdo de impor tação expresso percentualmente. No segundo caso, foi impetrado mandado de segurança contra ato praticado pelo coordenador da administração tributária, e o juiz da 14ª Vara da Fazenda Pública concedeu a liminar pleiteada para desobrigar as indústrias de confecção do vestuário associadas às entidades patronais de cumprirem as exigências quanto às informações na nota fiscal. Como é de conhecimento, a liminar pode ser revogada a qualquer tempo, mas no caso específico não trará nenhum ônus financeiro futuro às empresas, por se tratar de obrigação acessória e, não de tributo. Para mais informações, entre em contato com o Depar tamento Jurídico dos Sindicatos do Vestuário, no telefone (11) 3889-2277 ou pelo e-mail: jurídico@sindicatosp.com.br Maria Thereza Pugliesi Departamento Jurídico

Acesse as mídias sociais do Sindivestuário e da Revista Vestir O Sindivestuário e sua publicação jornalística, a

Revista Vestir, estão presentes nas mídias sociais. Além de seu site (www.sindicatosp.com.br), a instituição se comunica com todos os seus associados e demais interessados da área, pelo Twitter (twitter.com/ sindivestuario) e Facebook (facebook.com/ sindivestuario.sindicatodamoda) da entidade. A publicação trimestral do Sindicato, a Revista Vestir também está presente nessas duas ferramentas. Os endereços são twitter.com/RevistaVestir e facebook.com/RevistaVestir. Acesse todas as plataformas, fique por dentro de todos os assuntos de interesse do setor, tire suas dúvidas, siga e curta à vontade.

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CAPA

inovação

Ferramenta

facilitadora Associados do Sindivestuário terão acesso a um software que disponibilizará uma plataforma de negociação online, com o objetivo de otimizar e organizar o tempo dos empresários

No início de abril,

o Sindivestuário lançou na 7ª Feira Internacional de Máquinas e Componentes para a Indústria de Confecções (Feimaco) e na Tecnotêxtil Brasil 2013 Feira de Tecnologias para a Indústria Têxtil, a Solução B2B para os seus associados. O termo B2B (business to business) representa o comércio que ocorre entre as empresas, ou seja, há uma substituição dos processos físicos que envolvem as transações comerciais, facilitando o acesso por meio da internet. Sendo assim, os associados poderão realizar operações de compra e venda, informações, produtos e serviços pela web. Nos estandes do Sindicato, em ambos os eventos, foram apresentados os benefícios desse programa. Em breve, será possível acessar um software moderno que disponibilizará uma plataforma de negociação online para os empresários do setor. O primeiro Portal B2B tem como propósi-

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to principal o estreitamento das relações entre as entidades de classe e seus associados, buscando suprir necessidades do dia a dia das empresas que fazem parte deste negócio. A iniciativa do Sindivestuário visa aumentar as oportunidades para as empresas expandirem os seus mercados, reduzindo custos, aumentando a eficiência e satisfação dos clientes. “Para isso, os associados poderão fazer parte de uma comunidade virtual, com interação eletrônica por meio da internet, participação de um ambiente de colaboração entre os agentes dessa cadeia produtiva”, afirma Roberto Campos, CEO da SoftKey, empresa responsável pelo programa. Para Camilo Muradas Sotelo, diretor-executivo do Sindivestuário e responsável pela estratégia de implementação do software e outras ações, um dos principais objetivos da direção da instituição é a aproximação com os seus associados. Além de fazer com que eles


Por Samantha Cerquetani / Ilustração RS Press

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CAPA

inovação

melhorem seus resultados, economizando nas compras (com o B2B) ou aumentando suas vendas (com o B2C, em fase de preparação) com praticidade. “O B2B visa proporcionar uma economia de até 30% aos usuários da plataforma. Com ele é possível que os empresários não percam tempo com a logística, por exemplo, além de incentivarmos as pequenas e médias empresas a usarem a internet como uma ferramenta eficaz que agiliza e traz resultados rapidamente”, diz Sotelo. Ele acrescenta que o programa é um beneficio ao associado que precisa de um processo eficaz compatível com o mercado, e que auxilie nas compras e vendas de produtos de forma econômica. Benefícios Entre os principais benefícios do software estão a redução significativa do tempo do ciclo de aquisição de produtos/serviços improdutivos e do custo direto em compras, organização geral do processo de compras, transparência total para compradores e vendedores e aumento das ofertas em atendimento às necessidades qualificadas. Sem contar o baixo custo para os associados, disponibilidade total de acesso (não há limite para uso do sistema) e o histórico das empresas que

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ficarão registradas na plataforma com segurança total. “É uma ferramenta que funciona conforme as necessidades da empresa. A ideia é que o usuário tenha acessibilidade e possa alcançar essas informações fora do escritório também. No momento, estamos na primeira fase do projeto, construindo a comunidade, fazendo treinamentos, explicando seu funcionamento, melhorando a qualidade e aumentando o nível de serviço para o associado”, explica Campos. O programa também disponibiliza cotações eletrônicas otimizadas, catálogos eletrônicos colaborativos e follow-up eletrônico. “Iniciamos nossas atividades para o setor industrial brasileiro, que engloba mais de 1.200 sindicatos. Dessa ótica, mais de 500 mil indústrias podem usufruir do ambiente eletrônico, buscando agilidade, transparência, economia de tempo e otimização de processos envolvendo suas relações comerciais”, afirma Campos. E completa: “pioneiro em seu segmento, o Sindivestuário conveniou-se ao Portal B2B, buscando evoluir no propósito de consolidação da comunidade de negócios da indústria da moda no Brasil”. De acordo com o CEO da SoftKey, a implantação completa do novo siste-


Foto Shutterstock

ma estará disponível aos interessados em um período máximo de seis meses. Ele afirma que a expectativa é de que em cinco anos sejam atingidos até 80 mil fornecedores. Segundo o profissional, há uma economia financeira de 10 a 35% do valor de mercado tradicional. “É um novo canal alternativo para potencializar os resultados, aumentar a competitividade em que há, ao mesmo tempo, um controle maior”, explica. Na avaliação do presidente do Sindivestuário, Ronald Masijah, hoje em dia, a competição é muito grande nesse setor. Portanto, o programa será um aliado para eliminar os custos desnecessários e fazer com os empresários foquem seus objetivos nas vendas sem perder tempo. “O usuário terá acesso a diversas empresas e fornecedores e, sem dúvida, aumentará a venda de seus produtos”, afirma o Masijah. Para ele, a solução B2B é o que há de mais moderno para as empresas e ressalta a importância da adesão ao sistema: “Provavelmente, logo no início, ocorrerão algumas dificuldades durante um processo de adaptação. É importante lembrar que as adversidades são corriqueiras no começo de qualquer projeto. Porém, as vantagens são tão grandes que não tenho dúvida de que em breve a maioria dos associados terá acesso ao software e desfrutará de seus benefícios”, relata o presidente. Considerando a inegável contribuição da internet para agilizar os processos e o programa garante que a negociação aconteça, Ronald Masijah concorda que a empresa que não conseguir se modernizar, se atualizar e aprender a utilizar a internet perderá o lucro e ficará ultrapassada. “Este é um aprendizado necessário que valerá a pena para todos os associados.” Em breve, haverá também um software destinado para o B2C (business to consumer). Para Campos, as motivações dos profissionais de empresas com perfil de compradores são distintas das dos consumidores. Por essa razão os programas precisam ser distintos. O B2C caracteriza-se pelo comércio efetuado diretamente entre a empresa produtora, vendedora ou prestadora de serviços e o consumidor final, também por meio da internet.

Principais

benefícios

para OS associados B2B x Mercado Benefícios

B2B Sindivestuário

Mercado

Custo

Zero para o associado

Geralmente o comprador paga pelos custos diretos (suporte + sistema)

Organização das informações

Tabulada e atualizada

Parcialmente e desatualizada

Redução do ciclo da compra (lead time)

Se não precisar de negociação, a redução é de mais de 90%

Depende da interação com o vendedor

Transparência

100%, pois compradores estabelecem uma interação direta com o vendedor

Varia conforme o modelo adotado

Otimização nas interações

Eliminação do retrabalho

Dificilmente ocorre

Economia

Tempo (75%) e recursos (de 10 a 35%)

Varia conforme o modelo adotado

Disponibilidade de informações

100% todos os dias

Varia conforme o modelo adotado

Histórico

Armazenado e disponível a todo o momento

Varia conforme o modelo adotado

?

Como participar

Os interessados no software poderão se cadastrar gratuitamente e acessar a plataforma B2B com sua identificação única, informando o email e a senha. Nessa área restrita, o perfil no B2B do Sindivestuário já estará disponível para utilização. Na tela principal do sistema, o associado poderá buscar as informações dispostas em formato de catálogo eletrônico. Nesse ambiente virtual, a palavra de ordem é a colaboração, buscando sempre a otimização dos processos. O usuário encontra sua lista de compras e, a qualquer tempo, o associado pode pedir um desconto, estabelecendo o início de uma negociação e emição de um pedido de compras. Os interessados podem entrar em contato e obter mais informações pelos e-mails: roberto.campos@softkey.com.br ou publicidade@sindicatosp.com.br.

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Próxima estação

mulheres no segmento

Inauguração de projeto social para costureiras na cidade de Pindorama (SP)

O poderio feminino do setor Mulheres representam quase 80% dos trabalhadores dos segmentos têxtil e de confecção do País. Elas são maioria também no varejo e no consumo 16 Revista Vestir

A participação

das mulheres nos setores têxtil e de confecção é a segunda maior do gênero no Brasil, atrás apenas da de serviços. Esse é um dos dados revelados por uma pesquisa publicada pela Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego. De acordo com o levantamento, dos 1,7 milhão de trabalhadores diretos do setor, 1,3 milhão são mulheres, ou seja, 76% do total. Desse expressivo número, outro dado curioso é que 40% dessas trabalhadoras são as mantenedoras de seus lares, ou, como se dizia nos velhos tempos: são arrimo de família. Só o estado de São Paulo emprega 390 mil das 1,3 milhão de mulheres do setor, o que significa 30% do total de trabalhadoras dos setores têxtil e de confecção do País. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo (Sinditêxtil-SP), Alfredo Bonduki, a


Por Anderson Dias |Foto FUSSESP/Divulgação

pesquisa mostra uma vocação do setor em abrir espaço de qualidade para a mulher no mercado de trabalho. Bonduki citou também o potencial e a importância desse segmento dentro do cenário nacional. “Essas profissionais foram e ainda são de suma importância para que a nossa indústria chegasse ao porte que tem hoje. Com 30 mil empresas espalhadas por todo o Brasil, somos a quinta maior produtora mundial de têxteis e a quarta em vestuário”, afirmou o dirigente. Crescimento feminino Uma das marcas que mais vem crescendo no setor nos últimos anos é a Dudalina. Sediada em Blumenau (SC), a empresa sempre foi associada e reconhecida apenas por sua linha de camisas masculinas. Até que em 2010 resolveu apostar alto no mercado feminino. E a resposta veio rápido. Desde então, seu número de funcionários saltou de 100 para cerca de 2.300. Além de investir no mercado feminino, o que gerou um crescimento da corporação, o quadro de funcionários da empresa é formado majoritariamente por mulheres, chegando a 74%. Para o gerente de gestão de pessoas da empresa, Fabio Voelz, a razão dessa maioria feminina vai além de um fator simplesmente histórico. Sendo mais do que um simples vício do mercado em ter mulheres à frente do trabalho de confecção. “Se analisarmos as duas últimas décadas, por exemplo, é possível notar um crescimento muito forte das mulheres em nosso setor”, lembrou. “No nosso varejo, o número é de 75% de postos ocupados por elas.” Outro fato citado por Voelz é o crescente número de mulheres também em cargos gerenciais e de chefia na Dudalina. “Temos gerentes, supervisoras e, principalmente, as líderes de produção. Isso sem contar a liderança feminina da Sonia Hess à frente da presidência da empresa”, disse. Exemplos As profissionais do setor têxtil e de confecção precisam de uma dose tripla de energia. Além do trabalho nas respectivas empresas, oficinas ou estabelecimentos próprios, essas

trabalhadoras precisam cuidar dos filhos e da manutenção de suas casas. Um grande exemplo é a costureira de protótipo, Marlisia Paterno. A catarinense tem dois filhos, com 12 e 15 anos de idade. Entre uma peça e outra, ela admite pensar em seus filhos durante todo o dia. “Ligo para eles, no mínimo, três vezes por dia. Em casa, limpo tudo e, no jantar, já preparo o que eles vão comer no dia seguinte”, revelou. Todos os dias, ela acorda por volta das 6 horas. Prepara o café da manhã dos filhos e vai para o trabalho. “No setor em que trabalho, são 16 mulheres e apenas um homem. Como a maioria também tem filhos, conversamos e trocamos experiências sobre essa rotina de mães trabalhadoras”, contou. Apesar da preocupação, a costureira, que tem quase 20 anos de experiência no setor, não esconde a satisfação em trabalhar nesse ramo. “Adoro o que faço. Estou na Dudalina há um ano. No início, tive dificuldades, já que antes trabalhei 18 anos em uma empresa que fabricava outros estilos de produtos. Hoje me adaptei e me sinto muito feliz profissionalmente”, disse. Quem também tem uma vida corrida é a costureira Elaine Santos de Lima, que trabalha na Natysbaby, uma empresa especializada em roupas infantis, localizada no bairro de Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo. Embora faça parte de uma minoria paulistana que trabalha perto de casa, ela encara uma verdadeira maratona para atuar na empresa e cuidar de suas filhas. “A mais nova, de um ano e três meses, fica com minha mãe e a outra, de 10 anos, vai para a creche. Entra às 7h30, fica por lá até às 16h30 e, até a hora de minha saída (17h), também fica com minha mãe”, explicou. Elaine tem 10 anos de experiência no setor, mas apenas nos últimos cinco vem atuando com registro em empresas. Anteriormente, seus empregos foram em oficinas. “Resolvi trocar porque as empresas pagam melhor e oferecem benefícios”, lembrou. Embora admita ganhar mais em seu emprego atual do que nos anteriores, a costureira diz que é preciso melhorar as condições de trabalho. “O ideal é valorizar a profissão como um todo,

Essas profissionais foram e ainda são de suma importância para que a nossa indústria chegasse ao porte que tem hoje. Com 30 mil empresas espalhadas por todo o Brasil, somos a quinta maior produtora mundial de têxteis e a quarta em vestuário

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Próxima estação

mulheres no segmento não apenas em salários. É preciso que toda a sociedade reconheça nosso trabalho e saiba da importância dessa área de atuação”, comentou. Vale lembrar que as mulheres são também as maiores consumidoras dos mercados têxtil e de confecção. De acordo com pesquisa realizada pela empresa de consultoria e pesquisa, Data Popular, em todo o Brasil, 80% das mulheres disseram ter algum interesse em moda, enquanto apenas 54% dos homens afirmaram procurar algo sobre o mesmo tema. O levantamento também mostrou que 58% delas vão às compras a cada três meses. Multitarefas Embora manter a chamada jornada dupla ou até tripla seja difícil, as mulheres estão mais preparadas para esse tipo de obstáculo. Uma pesquisa do Departamento de Psicologia da Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, comprova a tese de que elas levam a melhor sobre os homens quando o assunto é dinamismo. O teste dos cientistas foi simples. Era exposto a homens e mulheres o desafio de procurar uma chave e

QUEM SÃO ELAS? Segundo pesquisa do Ministério do Trabalho e Emprego, 30% das mulheres que trabalham no setor têxtil têm entre 30 e 39 anos; 22% possuem de 40 a 49 anos; 19% entre 18 a 24 anos; 17% com 25 a 29 anos; 9% entre 50 a 64 anos; e 3% com outras faixas etárias. No setor dos confeccionados, a faixa etária é bem parecida: 28% têm entre 30 e 39 anos; 21% com 40 a 49 anos; 20% entre 18 a 24 anos; 17% com 25 a 29 anos; 10% entre 50 a 64 anos; e 4% com outras faixas etárias. Sobre a escolaridade dessas trabalhadoras, 43% das mulheres que atuam na fabricação de produtos têxteis têm o ensino médio completo; 18% possuem o ensino fundamental completo; 12% têm ensino médio incompleto; 11% têm da 6ª a 9ª série do fundamental; 5% com até a 5ª série do fundamental; 4,5% têm o superior completo; e 6,5% com outras escolaridades. Na indústria da confecção, 45% das mulheres têm o ensino médio completo; 21% com o ensino fundamental completo; 13% têm o ensino médio incompleto; 10% possuem da 6ª a 9ª série do fundamental; 4% com até a 5a série do fundamental; 2% possuem o superior completo; e 5% têm outros níveis de escolaridade.

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resolver contas de matemática ao mesmo tempo. Também foram desafiados a encontrar restaurantes em um mapa e desenhar uma estratégia de como eles iriam procurar uma chave perdida em um campo imaginário. Homens e mulheres tinham oito minutos para terminar a prova. Foram 50 representantes de cada gênero no estudo. As mulheres resolveram toda a situação em menos tempo, o que valida a velha frase: “homens não conseguem fazer muitas coisas ao mesmo tempo”. Outra vantagem das mulheres no setor de confecção e têxtil foi citada pelo gerente da Dudalina, Fabio Voelz. “Elas conhecem melhor o produto. Não é incomum que sugestões de costureiras e funcionárias em geral sejam adotadas como padrão na empresa”, contou. No setor de varejo, a participação é ainda mais efetiva. “Mulher prefere comprar com mulher. Talvez pela rigidez e exigência dessas com o que vestem”, lembrou Voelz. Ele afirma também que para dar um presente para mães, companheiras ou amigas, os homens preferem ser atendidos por elas. Projeto de inclusão O Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (FUSSESP) oferece o programa Escola da Moda. Trata-se de um projeto de capacitação profissional em algumas áreas do setor têxtil e de confecção, tais como corte e costura, bordado em linha, bordado em pedraria, crochê e confecção de caixas. Todas as confecções produzidas durante o curso ficam expostas na sede do Fundo Social e, no fim do ano, são vendidas. A renda é revertida para manutenção do próprio curso. Focado nas famílias mais carentes, o programa oferece também auxílio para alimentação, transporte e recolocação profissional. Atualmente, três espaços na cidade de São Paulo oferecem o programa, localizados na Água Branca (zona oeste), Parque Dom Pedro (centro) e Morumbi (zona oeste). Mais informações podem ser obtidas no site www.fundosocial.sp.gov.br ou pelo telefone (11) 2588-5896.


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TECNOLOGIA Feiras

7ª Feimaco e Tecnotêxtil Brasil 2013 aconteceram em São Paulo e contaram com participação ativa do Sindicato

Sindivestuário participa de eventos do setor 20 Revista Vestir


Por Samantha Cerquetani e Tatiana Piva |Fotos RS Press / Divulgação

Entre os dias

2 e 5 de abril, a 7º Feira Internacional de Máquinas e Componentes para a Indústria de Confecções (Feimaco) aconteceu no Pavilhão do Anhembi, em São Paulo. E pouco mais de duas semanas depois, entre os dias 15 e 18 de abril, a cidade também sediou um importante evento do setor: o Tecnotêxtil Brasil 2013 – Feira de Tecnologias para a Indústria Têxtil, ocorrida no Pavilhão Azul, do Expo Center Norte. Ambos acontecimentos contaram com a participação ativa do Sindicato da Indústria do Vestuário do Estado de São Paulo (Sindivestuário), que marcou presença com um estande, onde pôde mostrar aos visitantes quais são os serviços oferecidos aos associados, como gestão de entidades, que incluem informações sobre o setor do vestuário, faturamento, mão de obra, atendimento para esclarecer dúvidas, entre outras atividades. Suporte na área jurídica que contempla consultoria na área técnico-operacional e de comércio exterior, além de oferecer advogados nas áreas trabalhista, sindical, tributária e fiscal. Orientações de cunho trabalhista que consistem em consultoria em documentação e implantação dos programas médicos e orientação sobre normas regulamentadoras e negociações coletivas no estado de São Paulo. Além de serviços na área de comunicação que vão desde assessoria de imprensa, site com informações atualizadas sobre o setor, Revista Vestir e mídias sociais. Nas duas oportunidades, o Sindivestuário realizou o lançamento do seu mais recente produto, a ferramenta B2B, que visa oferecer facilidades virtuais aos associados e empresários da área. Confira todos os detalhes sobre o assunto na matéria de capa dessa edição, na editoria Inovação, na página 12. A Feimaco reuniu lançamentos de alta tecnologia em máquinas para modelagem, corte, costura, bordados, passadoria como também, acessórios, partes e peças. Além de apresentar as novidades tecnológicas para expositores nacionais e internacionais, o evento também foi palco de diferentes tipos de negociações. De acordo com a gerente responsável pela Feira, Luciele Rosa,

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TECNOLOGIA Feiras

A previsão para 2013 não é otimista, mas pelo jogo de cintura e criatividade dos brasileiros, tenho certeza de que vamos sobreviver, recuperaremos os empregos perdidos e batalharemos com afinco para que o setor consiga sair do vermelho de uma vez por todas

a Feimaco é uma oportunidade para que a cadeia têxtil e o confeccionista reavaliem seus investimentos na renovação de maquinários. “Em tempos de busca de maior competitividade na indústria, não devemos esquecer que maquinário novo representa maior produtividade, mais qualidade e menor custo de manutenção”, afirma. Ao todo, mais de 300 marcas e 12 mil participantes fizeram parte do evento. Durante a Feira, foram realizadas diversas palestras, workshops e exposições gratuitas direcionadas à melhoria do gerenciamento e aumento de competividade dos setores têxtil e confeccionista. Com temas variados, para atender as diversas demandas dos profissionais do setor, as palestras abordaram assuntos de importância social e econômica para a cadeia produtiva. No primeiro dia do evento, ocorreram palestras sobre o trabalho escravo e seu impacto na indústria têxtil; como montar uma empresa de confecção; gestão de logística na indústria da moda e cultura organizacional como ferramenta de gestão para alavancar um negócio. No dia 3, os assuntos foram a lavagem de jeans; o design como agregador de valores de produtos de moda; os desafios da etiquetagem de artigos têxteis; a ainda educação financeira e sistemas de produção. Enquanto no terceiro dia foram tratados os temas: Como não ficar dependente dos prazos de entrega dos fornecedores de tecidos; Os 10 mandamentos da produção; A melhoria da competitividade de produtos do vestuário, através do treinamento na qualidade de processo e Balanceamento do processo produtivo na indústria de confecções. O último dia do evento contou com palestras sobre como ser mais criativo em um mercado cada vez mais competitivo; a importância de saber por que compram seus produtos; marketing de moda e administração de custos nessa indústria. Perspectivas para 2013 O presidente do Sindivestuário, Ronald Masijah se apresentou durante o terceiro dia da Feimaco e explanou so-

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bre as perspectivas do setor para este ano. Durante a palestra O que esperar de 2013?, ele comparou o crescimento da área com os anos anteriores, principalmente 2011 e 2012, e concluiu que ocorreu uma grande perda de empregos diretos e lucro das empresas da área, além do aumento das importações e fechamentos de empresas. E que as mulheres estão em maior número nas indústrias de confecções e, hoje, representam suas famílias. “A situação em que vivemos é bastante preocupante, pois não estamos conseguindo gerar empregos rapidamente e há aproximadamente 1,6 milhão de pessoas que atuam na área e sentem essa crise. Só no ano de 2012 ocorreu a perda de 150 mil empregos diretos”, conta. Além disso, Masijah relatou que a margem de trabalho vem caindo drasticamente e relata que o Sindicato vem tentando chamar a atenção do Governo sobre o problema sem ter sucesso. Para ele, o setor do vestuário sofre com as dificuldades impostas pela burocracia e alta tributação do Brasil. “Não podemos esquecer que somos o segundo setor que mais emprega, perdendo apenas para a construção. São mais de 30 mil empresas de confecção – entre pequenas e médias. Isso deveria ser relevante para o Governo, mas precisamos nos unir para alcançar os objetivos”, ressalta. Ele ainda afirmou que o setor possui mercado doméstico, know-how, desenvolvimento de estilo, mão de obra especializada, cadeia completa do fio a roupa e capacidade administrativa. “Sendo assim, não há razões para sermos pessimistas, apesar de não termos competividade da porta para fora da empresa. Produzimos um produto bom e barato, temos que fazer com que o Governo Federal nos ouça, precisamos nos esforçar e nos mobilizar para ver as mudanças que desejamos”, diz. E acrescenta: “A previsão para 2013 não é otimista, mas pelo jogo de cintura e criatividade dos brasileiros, tenho certeza de que vamos sobreviver, recuperaremos os empregos perdidos e batalharemos com afinco para que o setor consiga sair do vermelho de uma vez por todas”, conclui.


Representatividade expressiva Já a Tecnotêxtil 2013, registrou um aumento significativo em sua área de exposição se comparada com o ano anterior, e ocupou uma área de 14.190 m² do Pavilhão Azul, do Expo Center Norte. Nos quatro dias de evento passaram pelo local quase 20 mil visitantes que puderam conhecer lançamentos de quase 300 marcas expositoras, inclusive a respeito dos serviços do Sindivestuário. Vale ressaltar que neste ano, também houve um aumento no número de expositores brasileiros e que o evento contou com uma maior participação de empresas internacionais com a inclusão de um novo segmento, o de fiação. Entre os países expositores, estiveram fabricantes da Alemanha, China, Eslováquia, Estados Unidos, Índia, Itália, Peru, Reino Unido, Suíça e Turquia.

A Feira trouxe uma representatividade expressiva de empresas que são expoentes em vários elos da cadeia produtiva têxtil, representadas por fabricantes de máquinas de corte, costura, bordadeiras, teares, matéria-prima, estamparia, automação industrial, acabamento, aviamentos, fios e etiquetas. E no intuito de fortalecer ainda mais o evento, aconteceu paralelamente o 25º Congresso Nacional de Técnicos Têxteis (CNTT) e o 1º Congresso Científico Têxtil e de Moda (CONTEXMOD), promovidos pela Associação Brasileira de Técnicos Têxteis (ABTT), que reuniram cerca de 1.500 profissionais e tiveram em sua programação palestras, nas quais foram abordados temas que retrataram toda a cadeia têxtil, com especialistas renomados nas mais diversas áreas.

Entre os dias 15 e 18 de abril, São Paulo sediou o Tecnotêxtil Brasil 2013 – Feira de Tecnologias para a Indústria Têxtil

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CAPACITAÇÃO Concurso

Você na vestir Sindivestuário promove concurso cultural em parceria com o Senai-SP e a RS Press Competitividade:

o que a indústria do vestuário paulista deve fazer para ser competitiva no mercado? Esse é o tema que norteia o concurso cultural Você na Vestir, lançado pelo Sindicato da Indústria do Vestuário do Estado de São Paulo (Sindivestuário) no dia 25 de fevereiro de 2013, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (Senai-SP) e a RS Press, agência que faz a publicação oficial do Sindicato, a Revista Vestir. A coordenadora do departamento de comunicação digital da RS Press, Bruna Campos, revela que o concurso cultural Você na Vestir surgiu como uma ideia de divulgação da Revista Vestir nas mídias sociais. Porém, aos poucos novas possibilidades foram surgindo, sempre com o objetivo de fazer com que estudantes e profissionais ligados à área conhecessem a publicação por meio desses artigos. “Afinal, quem não gostaria de ter um trabalho exposto em uma publicação do setor?”, explica Bruna. Ao apresentarem essa primeira ideia aos líderes do Sindivestuário, ela foi aceita, porém, com uma nova vertente. Por conta da consistente parceria do Sindicato com o Senai-SP, foi sugerido que o projeto fosse apresentado à instituição. “Sempre fomos parceiros da entidade e valorizamos mais este avanço em nossas relações”, afirmou o presidente do Sindivestuário, Ronald Masijah. De acordo com ele, o Sindicato reconhece a importância de sua publicação oficial ao abrir um espaço que une alunos, professores, empresários e qualquer outra pessoa que se interesse pelo setor do vestuário. Foi então que, representantes do Sindivestuário e da RS Press fizeram uma reunião com Dilara Rúbia Pereira, professora do Senai-SP. Nessa ocasião surgiu, de fato, o concurso cultural Você na Vestir, no qual os três melhores artigos serão publicados na revista e os autores serão contemplados com um curso, à escolha do vencedor, entre as opções ofertadas e disponíveis no Senai-SP Francisco Matarazzo/ Engenheiro Adriano José Marchini, localizado na Rua Correia de Andrade, 232 – Brás, São Paulo (SP). A professora Dilara explica que os critérios centrais utilizados para a definição do tema foram os de analisar como

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Por Marina Panham | Fotos Shutterstock / RS Press/Divulgação

Material de divulgação do concurso cultural Você na Vestir

os jovens veem o setor e como encaram os desafios que se apresentam, de forma a gerar interlocução com novas gerações. Pioneiro no desenvolvimento industrial do País, o setor têxtil e de confecção tem apresentado déficits crescentes na balança comercial nos últimos cinco anos. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), houve retração de 20% na produção física industrial do País em 2012, comparado ao ano anterior. Só no estado de São Paulo, a queda foi de 33%, a maior desde 1992. Diante do cenário, Dilara conta que a proposta do concurso cultural foi recebida com muito entusiasmo no Senai-SP, pois propicia a alavancagem do setor. “Acredito que iniciativas como essa promovem a reflexão sobre a cadeia de valor têxtil e de confecção, aproximam a entidade sindical de seus representantes e disseminam conhecimento.” Na opinião dela, a educação continuada é de fundamental importância na formação dos profissionais do setor têxtil e de confecção, de todos os níveis de escolaridade e hierárquicos, pois representa sua atualização, adequação às novas tecnologias e às novas organizações sociais. “O mundo corporativo

Acredito que iniciativas como essa promovem a reflexão sobre a cadeia de valor têxtil e de confecção, aproximam a entidade sindical de seus representantes e disseminam conhecimento.

requer novas competências e a formação continuada possibilita que os profissionais se mantenham não somente capazes de fazer e fazer bem feito, mas de compreender e antecipar mudanças necessárias e de serem agentes que promovam a competitividade.” Os interessados em participar do concurso tiveram o prazo de inscrição entre os dias 25 de fevereiro e 15 de maio de 2013 para encaminhar os seus respectivos artigos. A escolha dos artigos vencedores foi realizada dentre os validados por comissão julgadora composta por jurados indicados pela organizadora e coorganizadores, que levaram em conta os seguintes critérios: criatividade, originalidade, ineditismo, uso correto da língua portuguesa e adequação ao tema e ao regulamento. O resultado do concurso cultural será divulgado nas redes sociais da Revista Vestir no dia 3 de julho e os autores dos três melhores artigos serão informados por e-mail e/ou telefones cadastrados. Os vencedores terão o prazo de 12 meses corridos, contados a partir da data de divulgação do resultado do concurso, para a realização da matrícula no curso, de acordo com a disponibilidade de agenda/programação de ofertas de turmas.

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conjuntura Estratégias

Após um 2012 preocupante

para o vestuário, os empresários começaram este ano ansiosos com as medidas que o Governo tomaria para evitar mais um rendimento negativo no setor. A primeira delas foi a desoneração da folha de pagamento de diversos setores de atividade produtiva. Algumas das áreas contempladas pela medida foram os setores do vestuário e têxtil. Vale lembrar que essas ações são parte da lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011, que visa desonerações em diversos setores, tendo como única diferença entre eles sua data de início. Para o economista da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e professor do Centro Universitário Ítalo Brasileiro (Uniítalo), Haroldo Silva, o setor recebeu bem a notícia, mas ponderou que ainda há um longo caminho a ser perseguido caso o Governo queira recuperar os números negativos de 2012. “Essa é uma demanda antiga do nosso setor. Sempre mostramos aos integrantes do Governo Federal as vantagens desse tipo de medida. No entanto, o esforço será insuficiente se não forem adotadas táticas para prevenção do mercado local”, analisou o economista. Entre as medidas que poderiam fazer os setores do vestuário e têxtil interromperem o rendimento negativo, Silva lembrou do pedido de Salvaguar-

Setor estratégico As empresas produtoras de máquinas para indústrias são de suma importância para a economia do País. Se a produção é grande e o número de encomendas só cresce, é sinal de que o mercado está aquecido e a produção, em alta. Se os indicadores forem contrários, o sinal é de preocupação. Os números atuais, de acordo com a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), indicam desaquecimento. No ano passado, as vendas nesse setor caíram 14,6% com relação aos 12 meses de 2011. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a importação de máquinas pela indústria brasileira também caiu cerca de 20%. O presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, no site

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oficial da instituição, defendeu a proteção do governo brasileiro para todo o setor industrial. Para elucidar sua posição, o dirigente preferiu reproduzir uma entrevista do economista sul-coreano e professor da Universidade de Cambridge (Inglaterra), Ha-Joon Chang, concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, no dia 7 de janeiro deste ano. Leia trechos a seguir: Em sua última visita ao Brasil, o senhor disse estar preocupado com a desindustrialização. Muitos economistas afirmam que esse é um resultado esperado em um cenário de globalização em que a China tomou a liderança no setor industrial. Além disso, o Brasil está cada vez mais concentrado no setor de serviços. Por que acha que a desindustrialização é um problema? Em um curto prazo, não importa muito como você


Por Anderson Dias | Foto Shutterstock

Desoneração agrada, mas não resolve Medida anunciada pelo Governo Federal é bem recebida pelos empresários do setor, que cobram mais atitudes objetivas da, que ainda não recebeu retorno do Governo Federal. “Também apresentamos às autoridades um projeto para que as empresas do setor, mesmo as maiores, possam ter uma tributação menor”, disse ele. Quem concorda integralmente com as declarações do economista é o vice-presidente do Sindivestuário, Stefanos Anastassiadis. Embora admita que a desoneração da folha de pagamentos ‘aliviou’ a vida dos empresários do setor, o dirigente diz que é preciso uma correção dos rumos. Anastassiadis acredita que, para dar o apoio necessário principalmente para o setor de vestuário, é necessário que o Governo seja mais incisivo em suas ações. “Apesar do alívio propiciado pela desoneração, não dá

para falar em maiores investimentos. Após o ano passado, o que se vê é um mercado moribundo”, admitiu. O dirigente do Sindicato, que também é presidente da Controvento, confecção especializada em moda feminina, diz que é preciso atacar com objetividade a principal causa da perda de empregos na indústria do vestuário. “O que nos prejudica fortemente é a diminuição da atividade econômica como um todo, nada vinculado diretamente à desoneração”, esclareceu. Medidas ideais Tanto o economista Haroldo Silva quanto o dirigente do Sindivestuário Stefanos Anastassiadis entendem que é necessário que o Governo tome uma atitude para salvar a indústria do ves-

cresce. Porém, a longo prazo, a desindustrialização é um problema porque o setor de manufatura é o mais confiável motor do crescimento. Isso acontece porque na indústria há, geralmente, um maior crescimento de produtividade que em outros setores e, mais importante, é a principal fonte de progresso tecnológico. É onde a maior parte da pesquisa e desenvolvimento é feita e onde a maior parte da inovação tecnológica acontece. No Brasil, é comum ouvir entre os empresários que as altas taxas de juros e o real valorizado prejudicam a competitividade. O governo atacou os dois problemas no ano passado e, mesmo assim, o País cresceu pouco. O que mais o Brasil precisa fazer? Boas políticas de taxa de juros e taxa de câmbio

apenas proporcionam o ambiente para o desenvolvimento da economia. Elas, sozinhas, não desenvolvem a economia. O Brasil precisa modernizar sua infraestrutura urgentemente, o que requer muito investimento público e parceiras público-privadas. Precisa apoiar a capacitação da mão de obra e a pesquisa e desenvolvimento em indústrias de mais alta tecnologia - isso inclui pequenas e médias empresas em indústrias como a de máquinas, engenharia de precisão, energia alternativa e biotecnologia. O Brasil tem boas empresas públicas que trabalham com companhias orientadas para a tecnologia, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A cooperação com esses órgãos precisa ser reforçada.

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conjuntura Estratégias

tuário no Brasil. E fazem questão de lembrar que algumas demandas do setor ainda não receberam resposta das autoridades competentes. Para Anastassiadis, a recuperação objetiva dessa parte da indústria nacional passa por alguns pontos cruciais. “É preciso desonerar a importação de tecidos, baixar a alíquota de ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) para o varejo e reformar a legislação trabalhista, voltada exclusivamente ao funcionário”, indicou. Para exemplificar essa relação entre a Justiça Trabalhista e o funcioná-

“A solução para o setor produtivo do Brasil seria a reforma tributária, que não sairá agora, mas muito em breve”. (Haroldo Silva, economista da Abit)

rio, Anastassiadis cita o pagamento de indenização nos casos de demissões. “Nas situações de dispensa sem justa causa, os cálculos legais chegam a valores inviáveis, principalmente para pequenas e médias empresas do setor. Isso causa uma rotatividade prejudicial a empresários, funcionários e ao mercado em geral”, analisou. Para justificar uma base de cálculos diferenciada ao setor, o dirigente lembra da grande quantidade de empregos gerados pelas indústrias do vestuário. “Somos um dos poucos setores que emprega profissionais sem grande qualificação educacional e a maioria dos nossos trabalhadores é mulher, sendo predominantemente responsáveis pela renda de suas famílias”, lembrou Anastassiadis. Já o economista da Abit, Haroldo Silva, aponta também o ponto central a ser discutido não apenas pelos empresários do vestuário, mas por

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todos os setores produtivos do País. “Cada vez mais fica clara a necessidade de uma reforma tributária. É uma discussão complexa, que trata da arrecadação dos 27 estados, mas necessária”, lembrou. Nesse sentido, o economista diz que as atitudes do Governo têm sido paliativas, mas dentro desse cenário de não entrar na discussão da reforma tributária, estão corretas. “Como não acredito que essa medida saia do papel ainda no governo da presidente Dilma Rousseff, essas atitudes são corretas no sentido de dar o mínimo de condições para o empresariado brasileiro competir com o do exterior, atualmente em larga vantagem”, explicou Silva. Desoneração é tendência? Recentemente, o Governo Federal anunciou a queda nas tarifas de energia elétrica e a desoneração de diversos produtos da cesta básica. Medidas essas que visam incentivar o consumo e a geração de empregos. Além dessas duas atitudes, a desoneração da folha de pagamento para diversos setores produtivos não empolga o economista Haroldo Silva a pensar que esse movimento seja uma tendência a ser adotada pelas autoridades econômicas do País. De acordo com o especialista, são medidas pontuais. “Tratam-se de elementos para corrigir falhas do nosso sistema tributário e econômico. A inflação começa a dar provas de força, portanto, o Governo responde com esse tipo de estratégia”, opinou Silva. Stefanos Anastassiadis também não considera esse um movimento permanente do governo brasileiro. “Essas desonerações acabam se tornando inúteis. No caso da energia, veio a seca e a necessidade de ligar as usinas termoelétricas, o que fez com que um aumento fosse necessário antes do previsto”, exemplificou. Na opinião dele e do economista da Abit, para resolver o problema, é necessário haver mudanças profundas, que demandam tempo, vontade política e ousadia. Embora as discussões acerca dessas alterações sejam complexas, o tempo delas vai chegar “não agora, mas o mais breve possível, até por necessidade”, confirmou Silva.


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Fuxico notícias

estatísticas

Números de empregos industriais e produção se descolam De acordo com análise do economista

Rodrigo Lobo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mercado de trabalho da indústria tem se compor tado de maneira isolada da produção industrial. Enquanto esta última avançou em janeiro (2,6%) e caiu em fevereiro (-2,5%), o emprego industrial se manteve estável nesses dois meses, na série com ajuste sazonal, dentro da Pesquisa Industrial Mensal Emprego e Salário (Pimes), divulgada no início de abril. “Por causa do custo de demissão, o empresário tem preferido manter os empregos. À medida que

o quadro da produção for contínuo, o mercado de trabalho vem a reboque”, afirmou Lobo, em entrevista concedida à Agência Estado. Apesar dos indicadores, a indústria permanece elevando os salários pagos. Em fevereiro deste ano, o valor da folha de pagamento real avançou 2,8% ante janeiro e 2,5% em comparação a mesmo período de 2012. A avaliação do IBGE é de que os ganhos ocorrem nos centros de produção mais dinâmicos, onde estão os empregados mais qualificados. “Quem permanece empregado tende a ganhar mais com a passagem do tempo”, afirmou o economista.

ESPAçO SENAI-SP

Cultura organizacional como ferramenta de gestão A indústria da moda atualmente vive

uma dicotomia: como produzir moda e atender às necessidades do mercado e, ao mesmo tempo, se preocupar com o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade social? Para dissolver esse problema será necessário que as organizações se comprometam com ações, objetivos e metas no que concerne a questão socioambiental. Entretanto, qualquer organização é formada de pessoas. E são elas que deliberam, padronizam e executam as ações e procedimentos que irão determinar o seu sucesso, ou não. Como fazer com que essas pessoas – possuidoras de formação profissional, cultura, valores, crenças, educação, anseios e objetivos de vida –, absor vam a cultura de uma organização? Cultura organizacional é um sistema de valores, formado pelo conjunto das principais características que a organização valoriza e são reconhecidas por seus membros. Essa percepção de seus membros diante de outras organizações é o que diferencia uma organização da outra. ROBBINS (2010).

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Ainda, segundo Robbins (2010), o que captura a essência da cultura organizacional é um composto de inovação; atenção aos detalhes; orientação para resultados; foco na pessoa; foco na equipe; agressividade e estabilidade. As organizações podem mensurar a percepção e identificar as adaptações de políticas e práticas da gestão de pessoas. Segundo Dias (2013) são sete elementos básicos, que moldam a cultura organização: crenças; valores; normas; sanções; símbolos; idioma e tecnologia. Portanto, se os indivíduos de uma organização possuem alto grau de percepção das características e elementos de sua cultura, esta se torna forte e atrativa. A organização se faz competitiva e preparada para os desafios que envolvem os anseios e as necessidades de uma sociedade ávida por consumir e ao mesmo tempo preocupada com as questões socioambientais. Alexandre de Caprio, professor do curso superior em Tecnologia em Produção de Vestuário; docente e responsável pelo curso de Sustentabilidade em Negócios da Moda, da Faculdade de Tecnologia SENAI Antoine Skaf.


Na rede Notícias

vendas

Consumo de moda na internet cresceu em 2012 De acordo com uma pesquisa realizada pelo

E-tail Report (órgão do instituto de pesquisas Ibope), a compra online no setor de roupas e calçados cresceu 16% no segundo semestre de 2012. Vale lembrar que a comparação é com os primeiros seis meses do mesmo ano. Ainda de acordo com o levantamento, foi revelado que as mulheres representam 59% dos consumidores desses produtos na web, sendo que as pertencentes às classes A e B representam 69% dos clientes. A classe C, em crescimento, aparece com 31%. Também no ano passado, todas as compras brasileiras na rede mundial de computadores chegou a R$ 55 bilhões, com mais de 42 milhões de pedidos realizados, de acordo com dados da E-commerce Index, instituto de pesquisa especializado na web.

compras

Portal oferece facilidades para o industrial do setor têxtil Seguindo a realidade mundial dos sites de compras

online, o portal de e-shop SOS Têxtil apresenta uma série de facilidades e benefícios para os empresários do setor industrial têxtil brasileiro. Com um catálogo disponível com mais de 15 mil itens cadastrados e ser viços de pronta entrega, a ferramenta oferece peças, equipamentos e demais produtos para as linhas de costura, bordado, corte, recobrimento, limpeza, além de acessórios e ferramentas para os equipamentos têxteis. O portal possui atendimento online, oferece possibilidades de desconto e recebe pedidos 24h por dia. Acesse www.sostextil.com.br e conheça mais sobre o portal.

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Trabalho e Justiça Artigo

Habitualmente,

os artigos abordados nesta coluna referem-se à relação de trabalho em atividades com fins lucrativos. Mas cá entre nós, o assunto da vez é a nova regulamentação para os empregados domésticos. Aliás, há muito tempo não se via tanta polêmica e alvoroço em torno de uma questão trabalhista. E é evidente que a causa de tanto barulho deve-se à mudança de hábitos que as novas medidas impostas provocarão, principalmente na classe média. Nem de longe, questionamos o merecimento das novas medidas. Em verdade, os domésticos são empregados como qualquer outro e, portanto, devem ter garantidos os direitos inerentes ao seu trabalho, por uma questão de justiça. Entretanto, o problema da justiça remonta a Grécia Clássica quando Aristóteles claramente percebeu que somente haveria justiça se os desiguais fossem tratados de forma desigual, dentro dos limites da proporcionalidade à sua desigualdade. Neste caso, o que se defendeu equivocadamente foi o conceito de igualdade material ao lado do da igualdade formal. Como estabelecer normas iguais e colocar no mesmo balaio empresas e residências, lares e famílias, sendo que estas últimas não exercem atividades com fins lucrativos, não contam com relógios de ponto eletrônicos, mecânicos, sequer manuais? Sem falar das relações interpessoais. E, agora como resolver essa questão? Ela já está resolvida, e nesse caso, cumpra-se a lei. Primeiramente, deverá ser elaborado um instrumento formal de contratação – que precisará conter especificados os serviços prestados: o objeto do contrato, a jornada, a remuneração, os encargos, a rescisão. A proposta aprovada estabelece novas regras, que se somarão às já existentes, conforme descrição a seguir:

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Por Maria Thereza Pugliesi | Foto Shutterstock

A questão dos direitos trabalhistas dos empregados domésticos Carteira de trabalho e previdência social, devidamente anotada, especificando-se as condições do contrato de trabalho – data de admissão, salário ajustado e condições especiais, se for o caso. As anotações devem ser procedidas no prazo de 48h, quando da admissão; salário mínimo fixado em lei; feriados civis e religiosos; irredutibilidade salarial; 13º salário; repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; férias de 30 dias, remuneradas com 1/3 a mais que o salário normal, após cada período de 12 meses de serviço prestado à mesma pessoa ou família, contado da data de admissão; férias proporcionais, no término do contrato de trabalho; estabilidade no emprego em razão de gravidez; licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com duração de 120 dias. O salário-maternidade será pago diretamente pela Previdência Social à empregada doméstica, em valor correspondente ao do seu último salário de contribuição, que não será inferior ao salário-mínimo e nem superior ao limite máximo do salário de contribuição. Esse benefício é devido à empregada doméstica, independentemente de carência, isto é, com qualquer tempo de ser viço. A mesma condição será devida à segurada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção;

licença-paternidade de cinco dias corridos; auxílio-doença pago pelo INSS; aviso-prévio de, no mínimo, 30 dias; aposentadoria; integração à Previdência Social; vale-transporte. Os novos direitos dos empregados domésticos são: o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que passa de opcional a obrigatório, porém, assim como o seguro desemprego, ainda depende de regulamentação; jornada máxima de 44h semanais e 8h diárias; intervalo para descanso e alimentação de no mínimo 1h e no máximo de 2h; reconhecimento das convenções e dos acordos coletivos de trabalho; horas extras com adicional de 50% superior à da hora normal e, 100%, quando realizadas em domingos ou feriados. O doméstico não poderá realizar jornada suplementar superior a 2h, ou seja, a jornada diária não poderá ultrapassar o limite máximo de 10h. Assim como para os outros empregados, é possível usar de segunda a sexta-feira, as horas previstas para o sábado, por meio de formalização de um acordo de compensação de horas. Ainda, não é possível elaborar um banco de horas para os empregados domésticos, uma vez que não existe instrumento normativo que aprove o referido acordo.

Dra. Maria Thereza Pugliesi Advogada do Sindivestuário jurídico@sindicatosp.com.br

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AGENDA

Foto Shutterstock

Programe-se

Première Vision São Paulo Realizado pela primeira vez em 1973, o salão passa necessariamente pelas cidades de Nova York, Xangai, Moscou e São Paulo. Na capital paulista, o evento chega a sua oitava edição. Estão confirmadas as presenças de representantes das principais marcas da moda de todo o mundo, em busca dos melhores fabricantes de fios, fibras, tecidos, malhas, acessórios, estúdios de design e bureaux de tendência. O encontro oferece também ferramentas para criações. A entrada é gratuita e exclusiva para profissionais do setor. Os expositores recebem a cartela de cores e a informação sobre os caminhos e tendências da temporada. Um dos maiores benefícios é a antecipação do evento com relação aos do mesmo porte na Europa. Data: 10 e 11/07/2013 Local: Expo Center Norte / Pavilhão vermelho – São Paulo-SP Temporada: 2013 Site: http://www.premierevision-saopaulo.com

SwinShow e LingerieShow Realizadas na badalada cidade de Miami, nos Estados Unidos, a SwinShow e Lingerie Show, unidas, formam a maior feira comercial de trajes de banho do mundo. Para empresários da área, trata-se de uma plataforma para criar relações comerciais, conhecer as últimas tendências em roupas de banho e lingeries, além de conexão com compradores e fornecedores. Data: 20 a 23/07/2013 Local: Miami Beach Convention Center – Miami (EUA) Site: http://www.swimshow.com

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Paraná Business Collection O Paraná Bussiness Collection (PBC), realizado pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em parceria com o Sebrae e Conselho Setorial do Vestuário, apresenta diversas criações e antecipa as tendências de coleções Primavera/Verão 2014. O evento é sediado em Curitiba. O PBC chega em 2013 a sua quinta edição, deve reunir mais de 15 mil pessoas e é considerado o mais completo evento de moda do sul do Brasil. Devem comparecer ao Centro de Exposições Horário Coimbra, na Fiep, diversos empresários, estilistas, jornalistas e estudantes da área. Data: 04 a 07/06/2013 Local: Centro de Exposições Horário Coimbra (Fiep) – Curitiba-PR Temporada: 2013 Site: http://www.eventopbc.com.br/

Mode City Paris O Mode City, realizado neste ano em Paris, capital francesa, é referência mundial em beachwear, lingeries e malharia circular. Todos os países da Europa participam ativamente do evento e as principais marcas do planeta expõem seus produtos. São esperados mais de 27 mil profissionais da moda no Paris Expo Porte de Versailles, em três dias de evento. Mais de 15 mil compradores devem estar presentes, sendo quase 100 internacionais, inclusive brasileiros. Estão confirmados também 25 escritórios de promoção no exterior, mais de 400 jornalistas de todo o mundo credenciados e 550 marcas em exposição. A ideia é antecipar as tendências da Europa na coleção Primavera/Verão 2014. Data: 06 a 08/07/2013 Local: Paris Expo Porte de Versailles – Paris (França) Temporada: 2013 Site: http://www.lingerie-swimwear-paris.com



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