FACULDADE SANTA MARCELINA GRADUAÇÃO EM MODA
ERNANDO LOPES DO PRADO JUNIOR
A MENTE DE ANDREW CUNANAN NA PERSPECTIVA DO STYLING E MAQUIAGEM ARTISTICA
trabalho apresentado à faculdade santa marcelina como requisito para a obtenção do título de bacharel em moda, na área de styling. orientadores: prof. marcio banfi e profa.ms eliana vieira godoy
são paulo 2019
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AGRA DECI MEN TOS Agradeço imensamente a todos que estiveram presentes ao longo de todo o meu processo de formação acadêmica. Em especial, agradeço a minha mãe, Edineia e meu pai Adelmo por todo o apoio e confiança que me deram durante todo esse tempo, me permitindo seguir meus sonhos e votando sempre a favor do meu desenvolvimento. À minha grande parceira, Vanessa Ávila que sempre esteve ao meu lado colaborando com ideias, projetos e loucuras a que sempre me dispus. Também sou eternamente grato pela companhia da minha avó, Maria de Lourdes, em todos os momentos de desespero, sempre disposta a me ajudar e mostrar que tudo sempre daria certo no final. Gratidão imensa aos professores que tive ao longo da vida: Edivani Félix, Alexandre Squara, Márcio Banfi, Simone Mina, Renata Zaganin, Walquiria Caversan, João Baptista Novelli e Eliana Godoy. Figuras que me ajudaram a chegar até aqui, sendo excelentes mestres e atuando como verdadeiros pilares do meu desenvolvimento intelectual e profissional. Por fim, agradeço a todos os meus amigos que fizeram parte da minha vida e colaboraram para a realização deste projeto final. Muito feliz por sempre ter a possibilidade de contar com o incentivo de todos e tê-los sempre por perto.
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Introdução Glory Room___________________________________________________8 1.1 O retrato da infância de Andrew Cunanan na concepção patológica __9 1.2 A cena LGBTQIA+ nos anos 1990______________________________13 1.3 A mente patológica_________________________________________14 1.4 Prostituição, sadomasoquismo e consumo de drogas______________17 1.5 A caminho da grande tragédia________________________________21 1.6 O styling na produção da imagem de moda. ____________________27 2. Depois de mim, o dilúvio ____________________________________30
2.1 Eleição do tema ______________________________________31
2.2. Proposta____________________________________ _______33
2.3 Moodboard _________________________________________34
2.4 Iluminação _________________________________________35
2.5 Styling______________________________________________36
2.6 Beleza______________________________________________37
2.7 Locação_____________________________________________38
2.8 Casting do editorial____________________________________39
2.9 Casting do fashion film_________________________________40
2.10 Narrativa____________________________________________41
2.11 Editorial Glory Room___________________________________46
2.12 Editorial Dilúvio_______________________________________52
Considerações finais ____________________________________________66 Referências ___________________________________________________68 Lista de imagens_______________________________________________71
introdução O trabalho de graduação apresentado na categoria de styling se constrói diante da história do serial killer americano Andrew Phillip Cunanan (1969-1997), conhecido mundialmente pelo assassinato do estilista italiano Gianni Versace (1946-1997) e outras quatro vítimas no ano de 1997. Como foco principal, são tratadas questões patológicas de Andrew e aspectos que caracterizam sua personalidade e suas ações em vida. O autor propõe uma configuração a partir do método qualitativo que, por sua vez, se caracteriza pela descrição do problema e suas interações, se construindo por meio de aspectos imateriais, como opiniões, suposições, comportamentos e sentimentos. Com abordagem exploratória e explicativa, as análises buscam explorar um impasse para obter informações e assim conectar os fatores em busca da compreensão das causas desse problema. Todo o enredo descrito durante o trabalho, apresenta um longo caminho para a busca de respostas referentes a saúde mental dentro da sociedade e, principalmente, no âmbito LGBTQIA+ (Lesbicas, gays, bisexuais, transsexuais, queers, intersexo e assexuais). A homossexualidade nos anos 1990 ainda era um grande tabu e, além de, repleta de sigilos existiam muitas críticas relacionadas ao assunto e ao que vinha impulsionando casos de AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) no mundo todo. Andrew possui uma história composta por inúmeras situações que culminaram em suas ações e ao seu fim. Na perspectiva da obra “Favores vulgares: a história real do homem que matou Gianni Versace” de Maureen Orth, institui-se um recorte que caracteriza o caminho para esse trabalho de graduação em styling como uma tragédia rodeada de um falso glamour, ou seja, a ambição de Andrew e os seus desejos superiores a razão social, atrelada ao luxo de grandes carreiras,
como a de Gianni, sua última vítima. Sendo assim, cria-se um elo entre questões psíquicas e comportamentais representadas por meio da alta moda e da opulência almejada pela personagem central em toda a sua caminhada. Culturalmente é importante compreender que a Versace é uma das grandes responsáveis pela trilha da moda nos anos 1990. O assassinato de Gianni gerou um impacto fortíssimo no âmbito e caracterizou uma tragédia com extrema invasão midiática, controvérsias e pretextos luxuosos que, adiante, seria um dos pontos que levaram Andrew aos principais jornais e capas de revista. A frente disso, se desperta no autor uma curiosidade instigante relacionada a mente de Cunanan, logo há uma faísca que o fez buscar informações além da série americana “American Crime Story: The Assassination of Gianni Versace” e se aprofundar na verdadeira história de Andrew e sua construção intelectual. O resultado do trabalho se constrói com uma estética possível de se encontrar em revistas como W Magazine, Vogue Italia, V Magazine e a britânica Dazed and Confused, por trabalharem uma estética de caráter mórbido em seus editoriais, com grande teor artístico/teatral e crítico. Em linhas gerais, a concepção do editorial se dá por meio de aspectos plásticos, ou seja, são trabalhadas técnicas de maquiagem, styling, fotografia e cenário aplicadas a contextualização da temática com inspiração estética que parte do trabalho de Steven Klein e Steven Meisel, dois fotógrafos americanos reconhecidos mundialmente pela identidade única em suas obras. A intenção é proporcionar uma reflexão subjetiva, uma materialização da patologia de Andrew, mediante a trejeitos característicos da sua identidade. Com toda a conceitualização, essa constituição de fatos revela uma personagem intrigante dentro de um determinado período e traz à discussão o que de fato se molda dentro da sociedade quando o delírio sádico da mente humana se faz presente e afeta o ser além da sua individualidade.
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1.1 O retrato da infância de Andrew Cunanan na concepção patológica Andrew Phillip Cunanan nasceu em 31 de agosto de 1969 em National City, no estado da Califórnia, Estados Unidos.Tornou-se mundialmente conhecido pelo assassinato do estilista italiano Gianni Versace, dono de uma das maiores marcas de moda no mercado de luxo. Os aspectos que são observados na personalidade de Andrew, se constroem desde a sua infância nas relações familiares. Seus pais Mary Ann e Modesto Cunanan mantinham conflitos diários. O pai era extremamente autoritário, enquanto Mary Ann, sua mãe, já apresentava traços de um quadro psicológico afetado. Para escapar dessas situações e distanciar-se da voz estridente do pai e dos gritos da mãe, o garoto se trancava no quarto e buscava distração nos livros ou assistia à sua série de comédia favorita “Mark & Mindy” no volume máximo. É importante compreender esse momento da vida de Andrew, pois é aqui que podemos identificar muitas características que envolvem a sua identidade patológica. Apesar dos conflitos entre seus pais, ele foi uma criança repleta de atenção, sendo o favorito do pai diante dos três irmãos, razão pela qual recebia inúmeros privilégios e era comumente o centro das atenções. Para desviar dessa vida conturbada da família, Andrew fantasiou uma nova realidade para escapar dos conflitos internos. Corriqueiramente, se gabava para os amigos da escola sobre o quão rico e bem sucedido seu pai era, além de sempre criar histórias mirabolantes sobre os presentes que ganhara dele. A partir desse momento, se constata a tendência na construção de falsos relatos para impressionar os que estão ao seu redor, sendo essa uma característica marcante em todas as etapas da vida de Cunanan.
Durante sua adolescência é possível notar um jovem cheio de personalidade e que dificilmente passaria despercebido. Sua primeira experiência homossexual é datada nessa etapa, pois sendo sempre muito aberto sobre sua vida, Andrew espalhava histórias para todos sobre suas experiências com garotos. Apesar de muitos gays afeminados serem motivos de piada nas escolas, havia algo em Andrew que fazia com que o deixassem em paz, pois as pessoas o viam como uma figura interessante e tolerável, ou seja, ser descaradamente gay proporciona ainda mais privilégios a Andrew do que se pode imaginar. Cunanan estudou na Bishop High School, uma escola renomada em La Jolla, San Diego. Durante sua jornada acadêmica os conflitos mentais começam a tomar maiores proporções e é exatamente aqui que se pode observar as diversas identidades de Andrew surgindo para mascarar seus problemas pessoais diante das suas relações externas. Com o caos familiar e os diversos pensamentos ecoando em sua cabeça, ele passou a aspirar uma reinvenção de si próprio para que pudesse sentir-se fora do contexto real em que estava colocado. Ainda na adolescência, Andrew já era conhecido nos bares gays de San Diego. Por lá adotava nomes como Andrew DeSilva e espalhava sua personalidade por todos os cantos que passava, destilando histórias glamorosas, relatos sexuais e planos incríveis que possuía para o futuro, além de relatar viagens de primeira classe e empreendimentos lucrativos da família. Observa-se que todas as características que envolvem as tendências do protagonista são construídas a partir de danos mentais vindos de confusões internas do indivíduo. É importante compreender que o fato de Andrew ser considerado um mentiroso patológico se dá por meio de contextos primários de refúgios mentais próprios, onde a criação de personas simulam uma fuga da realidade e a sensação de pertencimento e concepção da fantasia dentro do âmbito social em que pertence.
1.2 A cena LGBTQIA+ vivida por Andrew nos anos 1990 Inegavelmente, a comunidade LGBTQIA+ sempre passou por inúmeras provações sociais na busca por aceitação, respeito e direitos civis igualitários. Em São Francisco, Estados Unidos, pode-se notar forte presença da diversidade sexual em bairros específicos, como o famoso bairro Castro que abriga gays de todos os estilos, gostos e idades. O Castro é uma versão de Las Vegas para a comunidade gay da época e é lá que Andrew realiza performances das suas inúmeras facetas com grande excelência. . O período em questão ainda apresenta grande segregação sexual, já que muitos gays ainda não são assumidos e vivem às escondidas pelos bares e clubes noturnos. Para Andrew, ser assumidamente gay nunca foi um problema, logo muitos o viam como inspiração e sentiam que toda a confiança que transbordava dele os encorajava a seguir a vida sem tantas cobranças pessoais. Nesta cidade, Andrew materializa de vez suas fantasias para a realidade. Sempre requintado, bem vestido e com uma beleza exótica, ele faz grande sucesso por onde passa e não demora muito para chamar a atenção de homens maduros com grandes contas bancárias. Reservados, homens ricos pagam muito bem pela companhia de jovens garotos. Andrew soube, por muito tempo, lidar com essas pessoas. Era um fator muito comum dentro da comunidade gay homens de meia idade perambulam por esses bairros em busca de companhias interessantes. Andrew oferecia o pacote completo em seu personagem, pois era inteligente, sabia desenvolver conversas prazerosas e tinha um talento sem igual para conseguir tudo que desejava. Durante os anos 1990, o surto de AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) era preocupante e trazia um agravante dentro da comunidade LGBTQIA+.
Por muitos anos, acreditava-se que a disseminação estava reservada, principalmente, as relações homoafetivas. Um dos grandes motivos para muitos gays viverem segregados em nichos da cidade durante esse período era a forte perseguição que sofriam socialmente. De acordo com declarações da secretária de saúde e serviços humanos dos Estados Unidos, ainda em 1984 “Muito pouco tempo, antes do ano de 1990, haveria uma vacina e a cura contra a AIDS”, no final daquele mesmo ano, 7.000 americanos tinham a doença. Chegando em 1990 a cena é pior do que o esperado, sendo declarados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) mais de 300 mil casos de AIDS, com mais de 100 mil mortes, incluindo celebridades como o cantor Freddie Mercury (1946-1991). Segundo trecho do relatório publicado pela coordenadora de Aids da cidade de Los Angeles, Dra. Cathy J. Reback (1997, apud ORTH, 2018, p. 108): Trabalhadores de prevenção contra Aids estão alarmados porque o uso de drogas geralmente significa mandar às favas qualquer proteção sexual. Uma coisa muito popular, especialmente entre os jovens gays e aqueles já infectados com HIV, é a prática de sexo anal desprotegido, um comportamento que aumenta os riscos de se contrair o vírus. Por muito tempo Andrew foi conhecido em bairros como Castro pela sua personalidade extravagante e contagiante. Todos sabiam de suas mentiras, no entanto elas eram interessantes demais ao ponto de atrair amizades, pares românticos e o principal: dinheiro.
1.3 A mente patológica
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Desde a sua infância Andrew apresenta comportamentos peculiares, principalmente quando o assunto permeia suas origens familiares e conquistas pessoais. A mentira torna-se um grande escudo para que ele possa impedir que as pessoas descubram suas fraquezas e reais sentimentos. A criança que cresceu em uma casa com forte conteúdo agressivo entre os pais e mesmo assim sendo sempre “mimado” pelo pai, frequentando as melhores escolas se vê totalmente perdido ao saber da falência financeira da sua família. Andrew Cunanan foi criado para ser e ter sempre o melhor. Sua mente nunca compreendeu o desamparo, pois o caminho indicado pelo pai trouxe as coisas de maneira fácil, sem muito esforço de sua parte. Logo, os traços narcisistas começam a surgir na sua personalidade até atingir níveis patológicos e caracterizando fortemente a retração da libido para o ego, transformando sua existência em uma condição.
O emprego do termo narcisismo vem da cultura grega e significa o amor do indivíduo por si mesmo, que apesar de ser característico do desenvolvimento psíquico do ser humano, pode alcançar níveis psicopatológicos, permeando campos como da neurose, perversão e psicose.
Em sua obra “Introdução ao narcisismo, ensaios de metapsicologia e outros textos”, Sigmund Freud (1856-1939) relata que “Quando o indivíduo não consegue realizar-se, tende a fazer grandes investimentos naquilo que possui a excelência que falta ao ego para torná-lo ideal” (FREUD, 1914, p.18). “No neurótico, a sua cura, a sua condição para a felicidade é encontrar esse outro investido das excelências que ele não pode atingir” (p.119). Neste contexto, há como compreender a tendência mental de Andrew Cunanan em relação às realizações externas de outros indivíduos, ou seja, ele depositava em uma persona ou alguma pessoa idealizações do que o próprio não seria capaz de realizar. Seguindo a lógica interpretativa das declarações de Freud (1914), é possível ligar diretamente esse investimento a idolatria que possui por Gianni Versace, por exemplo. Um grande designer. assumidamente gay e dono de um império no mercado de moda internacional: a grande excelência que Andrew nunca conseguiria atingir. Andrew Cunanan sempre quis ser wanna-be (alguém que busca ser o que não é). Ele queria estar naqueles círculos. Ele queria ficar por aí com os ricos e famosos. Ele queria estar nos Hamptons com o pessoal do David Geffen. Ele queria ser famoso (ORTH, 2018).
1.4 Prostituição, sadomasoquismo e consumo de drogas
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A vida de Andrew sempre foi atrelada a muitos fatores que protagonizaram muitas de suas ações como serial killer. Por trás do comportamento erudito, conhecimentos de etiqueta e cultura se escondia um lado obscuro de Cunanan que logo viria a ser uma de suas características mais intrigantes por parte dos que conviveram com ele. A metanfetamina se tornou a droga mais presente no âmbito gay de San Diego e vinha se espalhando por todo o meio oeste com muita rapidez. Também intitulada de “cristal” ou “rebite”, ela é uma droga sintética que se popularizou rapidamente em boates gays de San Diego por ser mais barata e mais forte do que cocaína, além de funcionar como estimulante sexual e fornecer altas cargas de energia.
O cristal possibilita diversos tipos de utilizações: fumar, cheirar, beber, comer, injetar ou pode ser absorvida pelo canal do ânus. Os efeitos incluem aumento da intensidade sexual e relaxa o reto, fatores que explicam a presença constante nas festas e orgias. Traficantes de cristal dizem que “A droga te dá um tesão enorme”, o que explica o crescimento de espaços como saunas que funcionam durante toda a noite, reunindo homens de todos os tipos e fetiches sexuais. O fator principal da questão está na agressividade do cristal dentro do corpo, já que leva a níveis elevados de euforia estimulando o centro de prazer cerebral de maneira artificial. No entanto, a droga também causa baixas de humor, causando insônia e altos níveis de irritabilidade, sendo necessário o uso de tranquilizantes fortes como opióides e benzodiazepínicos para controle da exaltação do cérebro. Andrew Cunanan se tornou usuário regular de metanfetamina por volta de 1993 durante a Semana do Orgulho Gay em San Diego. Isso explica parte do seu comportamento em muitas situações, devido a alta capacidade destrutiva da droga que afeta diretamente o cérebro e suas ações. Pouco tempo depois os gastos dele com a droga chegavam a 4 mil dólares por mês, de acordo com um traficante local. A partir deste momento, ele começa a vender cristal e trabalhar como mula para o tráfico utilizando esquemas de cartões de crédito falsos para as viagens. Com uma cartela de clientes ricos, Andrew fazia sucesso entre os magnatas e se consagrou como um “organizador de festas particulares”, recrutando garotos jovens para regar o espaço com muito sexo, sadomasoquismo e consumo de entorpecentes como a própria metanfetamina, ketamina, MDMA (ecstasy) e GHB (droga do tipo “Boa noite, Cinderela”). Neste mesmo período, a pornografia atingiu seu auge, e na Califórnia o sadomasoquismo se tornou uma tendência que chamou a atenção de Andrew e seus diversos parceiros que uniam sexo, drogas e violência em um perigoso combo de prazer. Ele sempre desejou
parte das filmagens marcadas por violência e brutalidade sexual, além de sempre desejar se associar a estrelas do cenário pornográfico. Andrew se tornou um consumidor ávido de filmes adultos, especialmente os vídeos violentos e agressivos de sadomasoquismo. Um estudo de 1996 da Adult Video News Statistics informa que o aluguel e a venda de filmes gays formam aproximadamente um terço ou até metade do mercado pornográfico (ORTH, 2018, p.121). O mergulho nesse universo de perversão e promiscuidade proporciona os maiores prazeres e depravações que envolvem fetiches violentos como chicotadas e espancamentos durante o ato sexual. Ele participou de diversas filmagens do gênero até o momento em que essas ações começam a fazer parte do seu comportamento social e afeta diretamente suas relações.
No livro de Wensley Clarkson “Death at Every Stop”, um amigo próximo de Andrew conta que “Em uma das cenas mais perturbadoras, ele foi fisicamente torturado por uma gangue de homens em uma cena de estupro em massa que mesmo os mais endurecidos amigos de Cunanan acharam difícil de assistir.” Claramente as mudanças de comportamento passaram a ser maldosas e o prazer se encontrava, de fato, na sensação de presenciar o sofrimento do outro. Suas armas de conquista ainda se resumiam ao poder de conversa e seu charme que convencia qualquer um que passasse em seu caminho. Assim, tornava-se comum encontrar Andrew em bares gays sempre à espera de uma boa oportunidade para fazer negócio. Em 1997 a situação de Andrew já era observada por todos a sua volta. Com sobrepeso, cabelos raspados, olhos fundos e mudanças bruscas de humor, a sua imagem parecia assustadora para quem o conheceu em seus momentos de glória. Um amigo próximo chamado Franz vonRichter declara no livro de Maureen Orth que “Andrew estava perdendo a aparência atraente. O que ele não tinha em
ele compensa com dinheiro”. Andrew estava quebrado e sem perspectivas, além de sua aparência piorar a cada dia, afastando qualquer nova conquista que pudesse lhe render frutos financeiros ou sexuais.
1.5 A caminho da grande tragédia O ano de 1997 é caracterizado como a ruína de Andrew. Internamente, seus pensamentos estão em colapso e ele torna-se uma bomba-relógio prestes a explodir. Observa-se que, o momento é muito delicado e tudo que sempre esteve a sua volta começa a desmoronar em decorrência do seu vício em drogas e comportamento sexual violento atrelado às fortes mudanças de humor causadas pela metanfetamina. A angústia se manifestou de forma rigorosa no interior de Cunanan, transforma-o em uma pessoa vazia, perdida e sem novas perspectivas. Trata-se de uma concepção do nada, que Kierkegaard aponta como a não existência de algo que dá origem ao sentimento de angústia. Porém existe, ao mesmo tempo, outra coisa que, entretanto, não é perturbação nem luta, porque não existe nada com que lutar. O que existe então? Nada. Que efeito produz, porém este nada? Este nada dá nascimento à angústia. (Kierkegaard. 1968. P. 45). Andrew estava determinado a pedir David Madson, uma de seus ex namorados, em casamento, mesmo sabendo que ele já estava em outro relacionamento. Sua estadia em Minneapolis como amigo de David e Jeff Trail parecia só mais uma de sua longas e inconvenientes visitas a cidade que eles já desejam cortar rapidamente. No entanto a sua fúria estava pronta para ser libertada da forma mais cruel e violenta que seus companheiros pudessem imaginar. O primeiro golpe no crânio de Jeff Trail o atingiu com força o suficiente para derrubá-lo. Foi dado com um martelo caro que estava na mesa de jantar de David. Foram 27 golpes no rosto, cabeça e parte superior do torso, tanto com a cabeça quando com a orelha do martelo. (ORTH, 2018, p.193)
Como um manipulador experiente, ele sabia lidar friamente com a situação que havia causado naquele momento. Não havia mais nenhum sentimento em seus olhos, seu sangue estava frio e tudo que ele precisava era convencer David de que tudo estava certo e que eles deveriam fugir juntos para o México. Os anos de mentira patológica, combinados com seu uso habitual de metanfetamina e vício em pornografia violenta, deixaram Andrew perigosamente desequilibrado por baixo das várias camadas de fingimento envernizado. O momento em que Andrew perdeu as esperanças e pegou o martelo engloba não apenas toda sua inveja e autocomiseração, mas também sua vontade de continuar a enganação (ORTH, 2018, p.194).
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Na manhã de 3 de maio de 1997, o corpo de David Madson foi encontrado com um tiro no olho na beira do lago East Rush, há algumas horas de Minneapolis. Andrew seguiu seu caminho com o carro de David, rumo a sua próxima vítima em Chicago. O controle já estava fora de sua mãos e pode-se observar o início de uma jornada extremamente violenta e maldosa que expõe todos os demônios internos de Andrew diante do mundo todo.
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O próxima vítima do serial killer foi o empresário do ramo imobiliário de Chicago, Lee Migli. Conhecido por obras importantes no estado, o magnata possuía desejos por Andrew, tendo sido um de seus antigos clientes quando era garoto de programa e produzia festas privadas. O assassinato de Lee Miglin foi terrivelmente brutal. Ele foi encontrado deitado de costas, completamente vestido com revistas de pornografia gay perto de seu corpo e usando uma calcinha preta Calvin Klein por baixo das roupas. Miglin foi retalhado no pescoço, esfaqueado diversas vezes com uma serra de podar árvores, sua boca foi amordaçada com uma luva de jardinagem e seu rosto coberto com fita silver-tape . Andrew também atirou dois sacos de cimento sobre o corpo e quebrou cada uma de suas costelas (ORTH, 2018, p.234-235).
Após este assassinato, Andrew estava oficialmente incluído na lista dos 10 mais procurados pelo FBI (Departamento Federal de Investigações) e seguia em direção a Miami, local onde ficava a residência de Gianni Versace. Inegavelmente, a situação patológica de Andrew estava em seus mais altos níveis e torna-se importante ressaltar que neste mesmo período ele ainda traficou drogas em Miami Beach junto com um amigo soropositivo com quem contava histórias sobre como conheceu o Sr. Versace.
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O Grupo Versace estava prestes ser a primeira a ingressar na Bolsa de Milão e de Nova York no mês de julho daquele mesmo ano. Os planos estavam a todo vapor, e o desejo de Gianni parecia finalmente estar próximo.
Gianni conheceu Andrew em uma boate, durante uma visita a São Francisco no ano em que assinava o figurino da ópera Capriccio. A personalidade de Andrew não deixaria de fazê-lo se gabar disso por muito tempo durante a sua vida, além disso ter despertado ainda mais interesse, inveja e ambição a frente da imagem do estilista. Nunca foi provado que os dois tiveram algum tipo de relação mais íntima. Na terça feira de julho de 1997, Gianni Versace andou três quarteirões até o News Café, onde comprou cinco revistas e retornou para a sua villa por volta de 8h40 da manhã. Andrew estava do outro lado da rua e enquanto caminhava em direção ao portão da mansão, Gianni estava colocando a chave no ferrolho. Depois do primeiro tiro, a cabeça de Versace se virou ligeiramente, de olhos abertos. Ele recebeu outro tiro no lado direito do rosto, perto do nariz, fazendo com que a bala ficasse alojada na cabeça e rachasse o topo do crânio (ORTH, 2018, p.345-347)
Após uma caçada de oito dias, Andrew Cunanan foi encontrado morto em uma casa flutuante na praia de Miami. Ele estava sem camisa, e segurava a arma que usou para se suicidar com um tiro na boca. Assim, o dilúvio mental de Andrew se caracterizou no fim trágico e explosivo de uma personalidade altamente inflamável e recusada por muitos a sua volta. Ele estava perdido dentro da própria confusão, até entrar no inevitável colapso.
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Enquanto as câmeras continuavam a rodar, o corpo de Andrew foi retirado da casa flutuante para ser autopsiado às 6h45 da manhã, quinta-feira, 24 de julho (ORTH, 2018, p.414).
1.7 a produção da imagem de moda
STYLING O styling é o mecanismo utilizado pelos profissionais de moda para conceber uma imagem que concorde com propostas narrativas de um determinado tema, segmento, enredo ou lifestyle. É por meio dele que podemos construir, milimetricamente, a imagem de moda como um todo, envolvendo todos os processos que a constituem: roupas, acessórios, cabelo, maquiagem, cenário, iluminação e etc. Com a chegada da fotografia na moda, tornou-se possível a exploração de um novo contexto que pudesse se concretizar além da roupa como produto. A criação de campanhas de grandes marcas aflorou o mercado de comunicação e trouxe o conceito de imagem de moda a um altíssimo patamar, por meio de grandes veículos impressos e comerciais. Na categoria de styling, começamos a compreender como essa imagem pode ser produzida de maneira sólida e com caráter profissional. O stylist, que até os anos 1990 era conhecido somente como produtor de moda, é responsável pelo direcionamento e desenvolvimento dessas composições que são encontradas nos grandes editoriais, tapetes vermelhos e redes sociais de celebridades. Sendo assim, é um profissional capacitado a ser um intérprete que, diferente do estilista, concebe uma funcionalidade de acordo com a solicitação e adequação da proposta. É uma área em crescente valorização no mercado por tratar a essência do vestir-se com todas as ferramentas e disposições de criação disponíveis aos talentos do profissional. Sendo assim, pode-se entender que o segmento do styling é uma relação da moda com o comportamento humano, ou seja, um trabalho realizado por pessoas para outras com intuito de direcionar uma mensagem direta e de impacto visual.
A perfeição das imagens é, desde os primórdios, a característica marcante dos ensaios presentes nas primeiras edições das pioneiras Harper’s Bazaar e Vogue. Observa-se que o glamour transborda para fora das páginas como um contexto máximo da sofisticação, deixando de lado outros questionamentos que hoje são trazidos para discussão em diferentes setores do mercado de moda.
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Segundo a coordenadora do curso de pós-graduação em criação de imagem e styling de moda no Senac, Cristiane Mesquita “O stylist surge quando a grife passa a se preocupar mais com a imagem do que com o produto”, ou seja, com o tempo a necessidade de criar uma atmosfera que faça o cliente mergulhar na ideia da marca além da roupa como produto de venda no mercado tornou-se um dos pilares na construção do mercado fotografico mundial.
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DEPOIS DE MIM, O DILUVIO
2.1 Eleição do tema A necessidade de abordar a história de um serial killer homossexual surge, a partir da estruturação negativa da sexualidade no âmbito familiar que abre portas para transtornos nocivos ao desenvolvimento da identidade comportamental do indivíduo. Ao tratar da concepção mental de Andrew Cunanan, podemos entender a sua infância como ponta pé inicial para muitas de duas decisões no decorrer da vida. Com a intenção de buscar um entendimento sobre os fatores externos que caracterizam a construção da mente de um serial killer, o trabalho propõe uma linguagem explícita, trazendo dados concretos sobre uso de drogas, doenças sexualmente transmissíveis, fetiches sexuais e práticas que afetam diretamente o comportamento dentro do meio social em que o indivíduo se apresenta. A partir disso, apresentar uma crítica ao tratamento dos homosseuxais dentro da sociedade, ou seja, como negligências afetam diretamente o estado físico e mental dessa gama de pessoas, seja na segregação em espaços ou generalização comportamental. O autor traz a ambição como um mecanismo incendiário para a situação, colocando o narcisismo patológico e o uso de drogas como um dos grandes protagonistas dos episódios de Andrew. Analisando os aspectos apresentados na obra “Favores vulgares: a história real do homem que matou Gianni Versace”, de Maureen Orth (2018), podemos notar a inteligência inegável de Andrew e como isso lhe atribuiu o dom de falar sobre qualquer assunto. Essa investigação expõe conceitos sociais por meio de um viés humano e busca entender como, de fato, a mente do indivíduo se constrói através de influências externas sejam elas primárias e/ou secundárias.
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Torna-se importante levar em consideração a saúde mental como critério para compreender vários pontos cruciais enraizados nessa história e caracterizar uma crítica política a respeito das iniciativas governamentais em preocupação com o jovem ao invés de incomplacentes atitudes conservadoras de análise social e mecanismos humanos a partir de gênero, sexualidade e ética. É importante discutir e apresentar uma análise estética de como essa mente trabalha e como construir um caminho contrário a tudo isso. Em suma, entender artisticamente como estabelecer um conceito lógico e característico que subsidie as interrogações existentes no caso de Cunanan tornando-se o ponto principal do trabalho e gerando ramificações referenciais para a contemplação final de um conceito de styling e direção criativa para o editorial de moda apresentado nessa categoria de graduação.
2.2 Proposta
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A ideia do editorial “Dilúvio” é construída por meio de uma narrativa linear que representa imageticamente a mente narcisa de Andrew, transparecendo sua sexualiade, desejos retraidos, angustias e perversão. Tomando como referencial o trabalho dos fotógrafos Steven Klein e Steven Meisel, a imagem se constrói por meio de capturas minuciosamente montadas e dirigidas para expor o enredo trabalhado foto por foto.
O autor propõe uma concepção subjetiva do caráter ambicioso de Andrew, fazendo uma mescla de referências sexuais com a beleza masculina e a opulência de uma grande grife italiana como a Versace, por meio da maquiagem artística e desconstrução da imagem masculina atrelada a alfaiataria clássica. As cenas retratadas remetem a um caráter particular da mente do serial killer, refletindo aspectos internos da sua libído explícita e atitudes que construíram a sua imagem diante de todos a sua volta.
2.3 Moodboard
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O painel semântico do tema, une estratégias de styling as referências imagéticas trabalhadas na beleza e composição visual do trabalho. Aqui percebe-se o envolvimento da joalheria e alfaiataria da composição dos looks e beleza, unindo a ostentação e a delicadeza da alta moda nos anos 1990 a estética comportamental dos grupos de jovens gays presentes em San Diego na mesma época. Neste direcionamento, o autor busca trabalhar uma cartela de cores com predominância do dourado, preto e vermelho, atribuindo sombras e aspecto dramático em cada uma das aplicações, seja na beleza, styling ou composição do cenário.
2.4 Iluminação
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Desde o princípio o desejo do autor foi trabalhar tons frios regados com muitas sombras, especificando pontos de luz com destaques estratégicos na maquiagem e nos protagonistas da foto. Os primeiros testes feitos com iluminação natural foram retrabalhados na pós produção para trazer o equilíbrio de cores desejado e os níveis de sombra para cada foto de acordo com o referencial presente no moodboard voltado para cor e luz.
Para o editorial final, o autor decidiu representar a angústia de Andrew por meio da atmosfera mórbida criada pelo tratamento de imagem na pós produção. A cartela de cores quente presente na beleza e nos looks mergulha na solidez da iluminação fria proposta na locação, categorizando uma dramaticidade na imagem final que retrata diversos sentimentos envoltos da patologia narcisista de Andrew Cunanan e o colapso proporcionado pelo uso excessivo de drogas.
2.6 Beleza A estratégia criada para o desenvolvimento da beleza é um dos
pontos centrais do visual proposto para este trabalho. Aplicações de volumes, cristais e correntes sob pigmentos, próteses de látex e diferentes tipos de base são características principais da maquiagem estabelecida para o editorial. Inspirada em trabalhos de maquiadores como Austin Smith (@ empty.pools), Cupid (@cupidsvault), Luca Wegan (@lucawegan_) e Vanessa Davis (@the_wigs_and_makeup_manager), a beleza evolui de uma pele natural para um conceito plástico, com iluminador pesado, pigmentos em tons avermelhados, sombras e contornos realçados. No editorial são apresentadas maquiagens mais elaborados, divididas durante as cenas:
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2.7 Locação O cenário proposto para o editorial se dá em uma locação externa, pois conta com maiores recursos visuais dos quais a foto necessita. Para a concepção cenográfica da imagem, foi necessário a utilização de um local que pudesse oferecer uma atmosfera mórbida e ao mesmo tempo luxuosa, com espaços que transitam por diferentes sentidos da narrativa. Tudo reflete a opulência, o caos mental por meio do acúmulo de informações e o exagero, com espaços repletos de extravagância e aspectos dualistas da percepção estética em contraposição a contemporaneidade transitória dos anos 1990. A ideia é trazer um toque italiano, proporcionando sensorialmente as características de uma marca de luxo e todo o glamour claustrofóbico da moda como mecanismo de consumo e personificação do ser.
2.8 Casting do editorial
O casting é composto por um personagem principal representado pelo modelo Michel Sellari (@michelsellari), acompanhado de outros componentes que constroem cada uma das oito cenas. A escolha de três drag queens para o casting, se dá ao caráter representativo delas na comunidade LGBTQIA+ que vem desde os anos 70 até a atualidade, incluídas ainda como figuras importantes no âmbito mundial da moda. Os oito modelos compõem a narrativa linear incorporando personagens característicos com um toque subjetivo a sua visão final. A intenção é criar uma cena com uma história sólida por trás, proporcionando sentimento de intriga e questionamento ao observador. Cada modelo assume um papel importante dentro da mente patológica: Michel Sellari (@michelsellari) é a imagem narcisista de Andrew; Marco Seppi (@marcsep) o fetiche, violência e sadomasoquismo; Matheus Bittencourt (@bapho_matt) representa o dilúvio; Fabiano Bonito (@fabi.bonito) o desejo; Hermam Antunes (@hermam.antunes) representa a paixão; João Victor (@nomeconceitual) o cristal; Thereza Brown (@there.za) a imagem da supermodelo; Angel Moss (@algelmooss) representa a figura da Versace com a Medusa.
29. Michel Sellari (@michelsellari)
32. Fabiano Bonito (@fabi. bonito)
30. Marco Seppi (@marcsep)
33. Hermam Antunes (@hermam.antunes)
35. Thereza Brown (@there. za)
31. Matheus Bittencourt (@bapho_matt)
34. JoĂŁo Victor Gomes (@nomeconceitual)
36. Angel Moss (@angelmooss)
2.9 Casting do fashion film
O fashion film “Hunter” apresenta os aspectos da mente sádica e narcisista de Andrew, por meio de símbolos sexuais que partem de uma das suas principais características como garoto de programa. É composto por três modelos que seguem o perfil visual do editorial principal: Danilo Espínola (@danilonao) Rafael Caliari (@rafaelcaliaari) Victor Hugo (@ivylabeesha)
38. Victor Hugo (@ivylabeesha) 37. Danilo Espínola (@danilonao)
Rafael Caliari(@rafaelcaliaari)
2.10 Narrativa
O intuito de construir uma narrativa para o editorial, parte da necessidade de contar uma história em curtos períodos ressaltando passagens de grande importância destacadas no decorrer da pesquisa e levantamento das informações presentes neste trabalho de graduação. É importante integrar o styling proposta a história representada a seguir, como mecanismo guia para compreensão dos modelos imagéticos que resultaram na realização deste projeto. Cada uma das oito imagens apresenta uma cena com composições particulares e pensadas individualmente.
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V GLORY ROOM
A PLENITUDE DO PENSAMENTO CONCRETIZADA PELO USO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS, DESVIOS DE PRAZER E AUTO CONTEMPLAÇÃO. O EDITORIAL “GLORY ROOM” FOI APRESENTADO COMO ENSAIO NA PRÉBANCA.
FOTOS THIAGO BASSO STYLING ERNANDO PRADO
V
Brinco Ernando Prado; Short Mateus Cardoso; Elastique Madame Sher; Corrente Olga
Fraque Assumpta; Luvas, chapéu e calça Mateus Cardoso; Brinco e anéis Hector Albertazzi; Mangas Ernando Prado; Corset Madame Sher; Sapato Pleaser Shoes
ChapĂŠu, blazer, luvas e shorts Mateus Cardoso; Brinco e anĂŠis Hector Albertazzi
Chapéu, casaco e short Mateus Cardoso; Brinco e anéis Hector Albertazzi. Na página ao lado, Blasers Mateus Cardoso; Botas Ernando Prado; Brinco Hector Albertazzi; Harness Assumpta; Óculos Rebel Glass; Brinco Olga
Beleza: Ernando Prado / Assistente de moda: Vanessa Avila / Modelos: Matheus Bittencourt e Fabiano Bonito / Tratamento de imagem: Ernando Prado e Thiago Basso
depois de mim, o
diluvio As confusões mentais de um serial killer a beira do dilúvio. Andrew Cunanan manifesta sua personalidade exagerada e cheia de falso glamour e
FOTOS LEON CIPRIANO STYLING ERNANDO PRADO
*Foto unica clicada por Thiago Basso
Body Ernando Prado; Colete Assumpta; Sapato Pleaser Shoes; Headpiece ChapĂŠus Davi Ramos; Colete usado como corset Mateus Cardoso; Cuecas Calvin Klein; Colar e pulseira Olga; Harness Maria Antonieta Atelier; Pulseira com cristais Hector Albertazzi
Headpiece Assumpta; Blaser Yves Saint Laurent no Circulando; Saia Dior
Da esquerda para a direita: blaser Daslu; Harness Maria Antonieta Atelier; Bermuda Luigi Bertolli; Colar com cristais Hector Albertazzi; Blaser, corset, chapéu, shorts, luvas e lenço Mateus Cardoso; Colar, corrente e pulseira Olga; Calça Jean Paul Gautier; Máscara Chapeus Davi Ramos; Pulseiras com cristais Hector Albertazzi. Na página ao lado: Headpiece Chapéus Davi Ramos
Vestido Mugler; Brincos Hector Albertazzi
Blazer Escada. Na Pรกgina ao lado: Tiara usada como mรกscara Hector Albertazzi; Blaser Mugler; Harness Maria Antonieta Atelier; Calรงa e Blaser Escada
Headpiece Ernando Prado; Vestido Kalesbarker; Colar e pulseira Olga; Cueca ร La Garรงonne; Meias Intimissimi
Da esquerda para a direita, mangas Ernando Prado; Brincos e correntes Olga; Tailleur Chanel; Máscaras Chapéus Davi Ramos; Blaser Escada; Colar com critais e brinco Hector Albertazzi; Manga branca, chapéu, camisa, short e mangas usadas como bota Mateus Cardoso; Saia Versace; Sandálias Manolita
Beleza e produção: Ernando Prado. Assistente de moda: Vanessa Avila. Assistente de fotografia: Vanessa Avila. Agradecimentos: Circulando por Paula Coutinho.
C O N S I DE R A ÇÕ E S
FINAIS Primordialmente, o trabalho apresentado caracteriza uma quebra de tabus sociais ao trazer para discussão a situação mental de um serial killer declaradamente homossexual, envolto de práticas pouco discutidas no âmbito popular. É importante compreender que o estudo da concepção de um estado patológico é de extrema grandeza informativa para o desenvolvimento de auxílios e mecanismos de proteção aos indivíduos. O trabalho também constata uma forte presença de distúrbios no âmbito LGBTQIA+ que se arrasta desde os primórdios, das relações interpessoais. Desde os anos 1970, jovens são expulsos de casa devido a sua sexualidade, caindo em desníveis sociais que afetam seus comportamentos e ações diante do outro. A presença de drogas dentro do círculo da comunidade é um problema presente até os dias de hoje, principalmente entre jovens gays com problemas familiares. No caso de Andrew Cunanan, foi possível constatar uma série de fatores que o levaram ao declínio físico e mental, acarretando traços negativos na sua personalidade desde a infância altamente conturbada no setor familiar em que esteve incluído. Em linhas gerais, o trabalho propõe uma narrativa a partir da retratação imagética da mente de um narcisismo patológico com características extremamente particulares. Traz para discussão conceitos de libido, sexualidade e perturbações neurológicas que afetam na constituição da personalidade humana e em como o ser se projeta diante das situações de convívio humano.
Foto 48
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FILMOGRAFIA American Crime Story - The Assassination of Gianni Versace. (2018) Andrew Cunanan – Murder On The Run (1997) My Night with Andrew Cunanan (2013)
LISTA DE IMAGENS Foto 1 - Ensaio “Glory Room” Fonte: Própria (PRADO, Ernando, 2019) Foto 2 - Ilustração “Deluge) Fonte: Própria (PRADO, Ernando, 2019) Foto 3 - Andrew Cunanan aos 17 anos com amiga da escola Fonte: LIAISON, Gamma - disponivel em http://oaprendizverde.com.br/2018/09/13/serial-killers-andrew-cunanan-na-trilha-da-loucura / ACESSO EM 24/05/2019 ÀS 18:24 Foto 4 - Andrew Cunanan na Bishop High School Fonte: LIAISON, Gamma - disponivel em http://oaprendizverde.com.br/2018/09/13/serial-killers-andrew-cunanan-na-trilha-da-loucura / ACESSO EM 24/05/2019 ÀS 18:32 Foto 5 - “Crystal Meth” Fonte: Daniel Kaesler / EyeEm - desponível em https://www.gettyimages.com. br/detail/foto/cropped-image-of-hand-holding-methamphetamine-imagem-royalty-free/608983853?adppopup=true / ACESSO EM 28/06/ ÀS 19h03 Foto 6 - Andrew Cunanan em San Diego. Fonte: LIAISON, Gamma - disponivel em http://oaprendizverde.com.br/2018/09/13/serial-killers-andrew-cunanan-na-trilha-da-loucura / ACESSO EM 24/05/2019 ÀS 18:30 Foto 7 - Andrew Cunanan e seu ex-namorado David Madson Fonte: LIAISON, Gamma - disponivel em http://oaprendizverde.com.br/2018/09/13/serial-killers-andrew-cunanan-na-trilha-da-loucura / ACESSO EM 24/05/2019 ÀS 18:35 Foto 8 - Andrew Cunanan e Jeff Trail em San Diego. Fonte: LIAISON, Gamma - disponivel em http://oaprendizverde.com.br/2018/09/13/serial-killers-andrew-cunanan-na-trilha-da-loucura / ACESSO EM 24/05/2019 ÀS 18:30 Foto 9 - Lee Miglin Fonte: LIAISON, Gamma - disponivel em http://oaprendizverde.com.br/2018/09/13/serial-killers-andrew-cunanan-na-trilha-da-loucura / ACESSO EM 24/05/2019 ÀS 18:45 Foto 10 - Lee Miglin e sua esposa Marilyn Miglin Fonte: REILLY, John. Disponível em https://chicago.suntimes.com/2018/1/30/18383055/ revisiting-chicago-murder-fx-series-depicts-lee-miglin-as-gay-close-to-killer / ACESSO EM 14/06/2019 ÀS 19:56 Foto 11 - Andrew Cunanan procuro pelo FBI Fonte:http://oaprendizverde.com.br/2018/09/13/serial-killers-andrew-cunanan-na-trilha-da-loucura / ACESSO EM 24/05/2019 ÀS 18:47 Foto 12 - Robbie Williams, Gianni Versace e Donatella Versace em 1996 Fonte: Reprodução disponível em https://revistahibrida.com.br/2018/01/17/5-motivos-assistir-gianni-versace/ / ACESSO EM 15/10/2019 ÀS 15:40
LISTA DE IMAGENS Foto 13 - A casa flutuante Fonte: Reprodução disponível em ttp://oaprendizverde.com.br/2018/09/13/serial-killers-andrew-cunanan-na-trilha-da-loucura / ACESSO EM 24/05/2019 ÀS 19:05 Foto 14 - O corpo de Andrew sendo retirado sem vida da casa flutuante Fonte: Reprodução disponível em ttp://oaprendizverde.com.br/2018/09/13/serial-killers-andrew-cunanan-na-trilha-da-loucura / ACESSO EM 24/05/2019 ÀS 19:10 Foto 15 - Andrew é encontrado morto em Miami Beach Fonte: Reprodução disponível em ttp://oaprendizverde.com.br/2018/09/13/serial-killers-andrew-cunanan-na-trilha-da-loucura / ACESSO EM 24/05/2019 ÀS 19:12 Foto 16 - Capa Vogue Brasil ed. Maio de 2019 Fonte: NUNES, Zee. disponível em Vogue Brasil. Foto 17 - Capa Harper’s Bazaar Brasil ed. Junho/Julho de 2019 Fonte: WOLFENSON, Bob. Disponível em Harper’s Bazaar Brasil. Foto 18 - Capa Elle Brasil ed. Maio de 2018 Fonte: WOLFENSON, Bob. Disponível em Elle Brasil. Foto 19 - Colagem Versace Fonte: Alteração própria. Disponivel em: http://www.thefashionmedley.com/2012/01/20/90s-versace/ / ACESSO EM 12/08/2019 ÀS 20:40 Foto 20 - Capa “American Crime Story - The Assassination of Gianni Versace” Fonte: Netflix (2018) Foto 21 - Andrew Cunanan em seu último ano na Bishop High School Fonte: Reprodução disponível em ttp://oaprendizverde.com.br/2018/09/13/serial-killers-andrew-cunanan-na-trilha-da-loucura / ACESSO EM 24/05/2019 ÀS 19:20 Foto 22 - Capa “Favores Vulgares: A História Real do Homem Que Matou Gianni Versace” Fonte: ORTH, Maureen (2018) Foto 23 - Donatella Versace e Gianni Versace em Fonte: GALELLA, Ron. Collection via Getty Images. Disponível em https://i-d.vice.com/en_us/ article/wjwng4/7-of-donatella-versaces-most-iconic-outfits / ACESSO EM 21/08/2019 ÀS 13:54 Foto 24 - Referências de estética Fonte: KLEIN, Steven. MEISEL, Steven. Foto 25 - Moodboard do tema Fonte: Alterações do autor. Foto 26 - Moodboard de iluminação Fonte: KLEIN, Steven.
LISTA DE IMAGENS Foto 27 - Composição de beleza Fonte: Própria (PRADO, Ernando. 2019) Foto 28 à 39 - Casting Fonte: Instagram (2019) Foto 40 à 47 - Storyboard Fonte: Alteração do autor. Fotos: Steven Klein e Steven Meisel. Foto 48 - Ensaio “Glory Room” Fonte: Própria (PRADO, Ernando. 2019)