Cartilha Escola das Águas

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Investindo na formaรงao e profissionalizaรงao de jovens rurais





Investindo na formaรงao e profissionalizaรงao de jovens rurais


PROJETO ESCOLA DAS ÁGUAS INVESTINDO NA FORMAÇÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO DE JOVENS RURAIS Realização Centro de Habilitação e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe (Chapada) Rua Deodato Pereira Santiago, 36, Centro – 56280-000 – Araripina/PE Fone/Fax: (87) 3873-1102 falecom@ongchapada.org.br

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Parceiros Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não Governamentais Alternativas (Caatinga) Centro de Educação Comunitária Rural (Cecor) Apoio Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF Sertão)

Produção Assessoria de Comunicação do Chapada Gerente de Comunicação Mariana Landim de Carvalho Falcão – SRTE/PE 0224 Jornalista Gabriel Rodrigo Ramos Produção de Conteúdos Antônio Alexandre Damacena Pereira Edésio Marques de Medeiros Hermes Gonçalves Monteiro Valéria Landim de Carvalho Falcão Revisão de Conteúdos Antônio Alexandre Damacena Pereira Edésio Marques de Medeiros Mariana Landim de Carvalho Falcão Colaboração Gabriel Rodrigo Ramos

Patrocínio Governo Federal Petrobras

Cisterneiros do Povoado do Videu, em Ouricuri João Batista Viana de Macedo Valdeizo Gomes Saraiva

EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO

Revisão de Texto Consultexto

Coordenadora-executiva Valéria Landim de Carvalho Falcão Gerente-administrativo-financeiro Doniel Raimundo da Silva Comunicadora Social Mariana Landim de Carvalho Falcão Profissionais em Ciências Agrárias Ianda Novais Leite Irlânia de Alencar Fernandes Keilla Patrícia de Noronha Rodrigues Kelle Cristina de Souza Martins Tales Antônio de Oliveira Matos Valdir Vieira do Nascimento

Fotos Arquivo Caatinga Arquivo Chapada Flávio Almeida Gabriel Rodrigo Ramos Genilson Reis Keilla Patrícia de Noronha Rodrigues Desenho do projeto da cisterna de 16 m3 João Abílio (Engenheiro Agrônomo) Projeto Gráfico e Diagramação Alberto Saulo


Sumário 8

Apresentação

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Introdução

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Vantagens das tecnologias sociais hídricas como estratégia de convivência com a seca

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Como construir uma cisterna de placa de 16 m3?

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Como construir uma cisterna-calçadão?

40

Como construir uma barragem subterrânea?

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Considerações finais

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Apresentação

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O Projeto Escola das Águas é um sistema de formação de jovens que tem o objetivo de qualificá-los/as profissionalmente na área de captação e manejo de água na região semiárida do Nordeste brasileiro. O projeto é desenvolvido pelo Centro de Habilitação e Apoio ao Pequeno Agricultor do Araripe (Chapada), em parceria com o Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não Governamentais Alternativas (Caatinga) e o Centro de Educação Comunitária Rural (Cecor). O projeto ainda conta com o apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF Sertão/Campus Ouricuri) e tem o patrocínio da Petrobras e do Governo Federal. Após a conclusão do curso, a ideia é que os/as jovens estejam habilitados/as em construção de tecnologias hídricas para captação e manejo das águas, a partir das estratégias de convivência com o Semiárido, e que também possam atuar como técnicos/as de campo na área da agricultura familiar agroecológica. Dessa forma, os/as jovens estarão inseridos/as no mercado de trabalho ou investindo em suas propriedades rurais, obtendo renda, qualidade de vida e fixando-se no meio rural. Os/As participantes do Projeto Escola das Águas serão certificados/as pelo IF. Esta cartilha se constitui em importante recurso didático e pedagógico e será utilizada durante os módulos do curso, servindo também como um manual de consulta, sempre que necessário.


Introdução No Semiárido brasileiro, os problemas políticos, socioeconômicos e ambientais estão relacionados às condições físicas e climáticas da semiaridez e à falta de acesso à terra e à água. Na região, esses recursos são bastante concentrados. Ainda persiste uma escassez de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento das potencialidades do Semiárido, como também para a criação de uma infraestrutura hídrica que possa atender às demandas daqueles/ as que se dedicam às atividades agropecuárias, especialmente os/as agricultores/as familiares. Nesse contexto, o modelo de convivência com o Semiárido foi sendo construído, do ponto de vista teórico e prático, como uma alternativa para o desenvolvimento da região. Sob a ótica da sustentabilidade, são construídas técnicas adequadas de cultivo e criação de animais e de manejo do solo e da água. Essas ações têm por base tecnologias de fácil aceitação e baixo investimento e causam um impacto muito grande na vida da população rural que sofre com limites hídricos e produtivos. Essas tecnologias sociais de acesso à água em larga escala são construídas pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), através do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido, que se desdobra em dois: o Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) e o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Durante o processo de execução dos programas, são abordadas as questões que

permeiam o universo da convivência com a região semiárida, especialmente o gerenciamento de recursos hídricos. Nesta cartilha, foi sistematizado o passo a passo de três tecnologias sociais que captam água das chuvas: cisterna de placa, cisterna-calçadão e barragem subterrânea. Esta última aproveita as águas das enxurradas e de pequenos riachos, armazenando a água no solo. Que todas elas possam ser úteis a todos os/as jovens que enxergam a convivência com o Semiárido como uma oportunidade de serem protagonistas do processo de desenvolvimento de sua comunidade rural e de inserção no mercado de trabalho como profissionais das áreas de agropecuária e agricultura familiar agroecológica.

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Vantagens das tecnologias sociais hídricas como estratégia de convivência com a seca

A cisterna de placa, a cisterna-calçadão e a barragem subterrânea apresentam as seguintes vantagens: Fácil aceitabilidade pelas famílias rurais. Simplicidade, resistência e baixo custo. Construção, conservação e manutenção feitas pelas famílias agricultoras beneficiárias. Calculadas para atender ao volume de água necessário para o consumo humano, doméstico e produtivo. Gestão e tratamento da água realizados pela família beneficiária. Garantia de renda e segurança alimentar através da produção de alimentos agroecológicos e comercialização dos produtos excedentes.

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Como construir a cisterna de placa de 16 m3? Conhecendo a história da cisterna de placa A cisterna de placa abastece as populações difusas da zona rural com água destinada ao consumo humano. É um tipo de reservatório de armazenamento de água das chuvas captada através do telhado das casas por um sistema de calhas. A cisterna de placa tem forma cilíndrica, e sua estrutura é formada por telhado, calha e cisterna. É fabricada com placas de cimento pré-moldadas e coberta com uma tampa de vigas e placas de cimento. Parte de sua estrutura fica enterrada no chão. Ela pode ser usada como cisterna comunitária ou chafariz e também armazenar a água captada num rio, num poço ou trazida pelos caminhões-pipa. A cisterna de placas foi inventada há aproximadamente 30 anos, por um agricultor do Estado de Sergipe. Manoel Apolônio de Carvalho, conhecido como Nel, trouxe, de São Paulo para

o Nordeste, a experiência de pedreiro e a técnica aprendida na construção de piscinas de placas pré-moldadas. Ao retornar para o município sergipano de Simão Dias, a técnica foi aprimorada e disseminada para outros lugares. A partir disso, já foram feitas várias adaptações ao modelo inicial e, por meio intercâmbios e capacitações de pedreiros realizadas por Organizações Não Governamentais (ONGs), a técnica se expandiu em todo o Nordeste. Após anos de articulações, os movimentos sociais organizados promoveram, em 1999, o Fórum Paralelo da Sociedade Civil, realizado durante a 3ª Conferência das Partes da Convenção de Combate à Desertificação e à Seca (COP3), no Recife. Esse fórum deu visibilidade às questões do Semiárido brasileiro em níveis regional e nacional, assim como deu origem à Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e ao Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC).

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1 Como escolher o local para a escavação do buraco? O local deverá ser escolhido observando-se alguns critérios técnicos: Evitar terrenos pedregosos. Aproveitar a parte mais baixa da cobertura da casa. Evitar a proximidade de árvores e arbustos. Retirar raízes e tocos. Construir a uma distância de 10 m a 15 m de fossas, sanitários, curral, depósito de lixo, etc. Fazer uma escavação de forma circular com 4,40 m de diâmetro e 1,20 m de profundidade. Utilizando um piquete redondo para fixar o centro, executar um círculo com raio de 2,20 m e escavar até encontrar terreno mais firme e sem materiais orgânicos (raízes, tocos) numa profundidade de 1,20 m.

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2 Quais são os materiais necessários para a construção?

ESPECIFICAÇÃO

QUANTIDADE

MEDIDA

Água potável para a construção da cisterna

4

m3

Aço CA-50 (1/4” – 6,35 mm)

8

Varão

Arame galvanizado nº 12

16

kg

Arame galvanizado nº 18

1

kg

Areia grossa lavada

4

m3

Bica (40 cm – chapa galvanizada 26)

30

kg

Brita nº 19

0,5

m3

Cadeado nº 25

1

Unidade

Cal hidratada

10

kg

Joelho de PVC (75 mm – esgoto), conforme NBR 5688

3

Unidade

Cimento Portland (saco de 50 kg – CPZ-32), conforme NBR 11578 e NBR 5737

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Saco

Filtro (25 cm x 25 cm – tela fina)

2

Unidade

Impermeabilizante

1

Galão de 3,6 l

Kit de bomba manual

1

Unidade

Tampa confeccionada de chapa de ferro nº 20, conforme prancha 03/03 anexa

1

Unidade

Tubo de PVC (75 mm – esgoto), conforme NBR 5688

1

Unidade

Tubo de PVC (75 mm – esgoto – com 6 m), conforme NBR 5688

2

Unidade


3 Mão de obra necessária Especificação

Pedreiro/a Ajudante

Quantidade

Duração

1

6 dias

2

6 dias

4 Placas pré-moldadas (parede/coberta) Argamassa

Para a fabricação das placas, usar a mistura de 1 medida de cimento para 4 medidas de areia, o que representa um traço 1:4.

5 Fôrmas da parede e da cobertura Parede

A fôrma da parede da cisterna é constituída de madeira ou metal, com dimensão de 50 cm (largura) por 60 cm (altura), com uma curva com lado de 5 cm e espessura da placa de 4 cm. O número de placas utilizadas na parede é de 3 fiadas de 20 placas, ou seja, 60 placas. Fôrma da coberta A fôrma da coberta é constituída de madeira ou metal, de forma semelhante a um trapézio, com dimensões de 0,5 m na base maior; 0,06 m na base menor; 1,61 m de comprimento; e espessura de 0,03 m. São utilizadas 20 placas, que serão apoiadas em vigas de concreto (traço 1:2:2) com seção transversal de 0,065 m x 0,08 m numa ponta e 0,08 m x 0,08 m na outra ponta. Montar a fôrma conforme o desenho a seguir:

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6 Como construir as placas da parede e da cobertura? A fôrma deve ser colocada sobre um colchão de areia, e dentro dele deve-se despejar a argamassa na proporção de 4,5 de areia para uma lata de cimento (4,5:1), fazendo o acabamento com a colher. Nas placas da última fiada, deve-se deixar uma abertura de 10 cm x 10 cm. Uma das placas laterais deve ter um cano de 32 mm para evitar que a cisterna encha demais (ladrão); em uma das placas da cobertura, deve haver um buraco de 75 mm para encaixar o cano de entrada de água. As placas devem curar de 2 a 3 dias, sendo molhadas diariamente para não rachar. As placas da coberta da cisterna são feitas da mesma maneira. Obs.: Recomenda-se forrar o chão com lona plástica ou sacos de papel de cimento para a construção das placas.

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Placas da parede lateral e cobertura da cisterna sendo feitas sobre a camada de areia.


7 Como construir as vigas ou caibros? O concreto deve ser preparado com 1 medida de cimento para 2 de areia e 2 de brita, o que corresponde ao traço 1:2:2. Após a amarração das fôrmas sobre um colchão de areia, deve-se colocar uma barra de ferro 5/16 mm (1/4“) em cada viga, na parte central da peça, deixando 10 cm passando da ponta da fôrma de 1,70 m. O comprimento total é de 1,80 m, e deve-se fazer o recobrimento de 1 cm para a face ser apoiada na parede e logo depois encher a fôrma com o concreto. Deixar curar por 8 dias.

8 Laje do fundo Na laje do fundo, deve-se usar um concreto armado no traço de 1 medida de cimento para 3 de areia e 4 de brita (1:3:4). Essa armação será uma malha de ferro de 6,35 mm.

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O concreto armado deve ser espalhado no fundo da cisterna, que tem raio de 1,75 m, com espessura de 10 cm. Sobre esta laje de fundo, será erguida a parede da cisterna.


9 Como levantar as paredes?

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As placas pré-moldadas que formarão as paredes das cisternas devem ser assentadas sobre uma camada de 1 cm de argamassa (cimento e areia no traço 1:2) na laje de fundo e ficar afastadas 2 cm uma da outra para serem feitos o ajuste e as juntas de amarração com a mesma argamassa (1:2). A arrumação das placas deve ser de tal modo que haja desencontro no rejunte, possibilitando uma melhor amarração da estrutura. As fiadas de placas devem ser assentadas com camada de 2 cm de massa (cimento e areia – 1:2) entre uma e outra.


10 Como fazer a amarração das placas? Após o levantamento da parede, será feita uma amarração das placas de baixo para cima, utilizando arame nº 12 galvanizado, conforme mostra a imagem ao lado:

Na primeira fiada, colocar 12 voltas de arame. Na segunda fiada, colocar 10 voltas de arame. Na terceira fiada, colocar 10 voltas de arame. Obs.: Colocar 2 arames na extremidade das últimas fiadas como forma de anteparo e sustentação das vigotas.

11 Como fazer o revestimento da cisterna de placa? Deve ser aplicado um chapisco com argamassa de cimento e areia no traço 1:3 nas paredes internas e externas; e reboco com argamassa de cimento, areia e impermeabilizante (tipo Sika 1 ou similar), no traço 1:3, na parte interna das paredes e na laje de fundo. Na parte externa, deve-se aplicar reboco 1:4 sem impermeabilizante. O acabamento final é com pintura a cal (3 demãos) na parte externa da cisterna.

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12 Como fazer a coberta? A coberta deverá ser feita da seguinte forma:

sobrando na viga e já devidamente amarrados com arame) e a roda de madeira, despejar concreto misturando 1 medida de cimento para 1 de areia e 2 de brita (1:1:2). Dar o acabamento final.

Colocar no centro da cisterna uma estaca de madeira (3 x 3”) com 2,30 m de comprimento amarrada a uma tábua (1 x 12” – passeio), que deverá ser apoiada nas paredes da cisterna.

A junção das vigas com a parede da cisterna deve ser feita com argamassa de cimento e areia no traço 1:5. O assentamento das placas da coberta é feito de baixo para cima.

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Pregar uma roda de madeira com diâmetro de 30 cm no pilar central.

O rejunte das placas de cobertura com as paredes da cisterna é feito com argamassa de cimento e areia no traço 1:5. Já na fase final da cobertura, deve-se desamarrar a tábua (passeio) da viga central e retirar essa tábua. Deve-se deixar uma abertura correspondente a uma placa para colocação da tampa da cisterna. A coberta deve ser revestida com reboco (argamassa de cimento e areia no traço 1:3).

Colocar as vigas duas a duas, sempre em posição oposta, para manter o equilíbrio. Sobre as paredes da cisterna, as vigas ficam encaixadas nas aberturas de 10 cm x 10 cm deixadas na última fiada de placas. Sobre a roda de madeira, as pontas de ferro usadas nas vigas serão amarradas com arame, e, sobre a ponta das vigas (10 cm de ferro que foram deixados


13 Como assentar as placas da cobertura? Serão 20 placas, a fim de que as peças da coberta ganhem a resistência necessária. Será indispensável sua execução antes de iniciar a construção da cisterna. Ao redor da cisterna, no mesmo local em que ficarão os caibros, deve-se fazer uma cinta de segurança com uma corda, amarrando o pé dos caibros ao redor da cisterna e rebocando com uma massa de 1 parte de cimento para 3 partes de areia (1:3).

14 Como fazer o reaterro (no caso de cisterna parcialmente enterrada)? É necessário que se faça o reaterro da cava, ficando acima do terreno apenas a última fiada de placas, evitando futuros problemas estruturais. Após a execução do chapisco na parte externa das paredes, a cava deverá ser aterrada novamente com material de boa qualidade, apiloado em camadas de 20 cm, isento de raízes e terra vegetal.

15 Como instalar a calha? A calha deverá acompanhar todo o perímetro da coberta (nas duas águas). A instalação da calha deve ser feita de modo que haja uma inclinação mínima de 1 cm para cada metro de comprimento, colocando-se o suporte (arame galvanizado nº 18) para fixar as calhas até a saída do tubo condutor. A calha deverá ser confeccionada com chapa galvanizada nº 26, com seção transversal de forma retangular, com largura de 20 cm no fundo e altura de 10 cm. É aconselhável a colocação de uma tela de náilon com abertura de 0,5 mm a 1 mm na saída da calha, para evitar que a sujeira do telhado caia dentro da cisterna.

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16 Como fazer a condução da água até a cisterna? A condução da água até a cisterna deve ser feita com tubo de PVC de 75 mm (esgoto), NBR 5688, e deverá respeitar a declividade mínima de 5%, isto é, para cada metro de tubulação, a altura deverá baixar 5 cm. A cisterna será dotada de uma tampa confeccionada com cantoneiras de aço e chapa galvanizada nº 20 fixada através de rebites; depois, devem-se chumbar as dobradiças e, por fim, colocar o cadeado nº 25.

17 Como fazer a manutenção da cisterna? 22

A limpeza do tanque da cisterna deve ser feita pelo menos uma vez por ano, e não se deve esquecer de limpar também as bicas que recebem a água do telhado e as que levam água para o tanque. Depois da limpeza, deve-se manter a boca da cisterna sempre bem tampada para evitar a entrada de poeira ou insetos, além de não se deixar que entre a luz do Sol dentro do tanque, para evitar o desenvolvimento da vida de animais ou plantas na água de reserva. Deve-se colocar um coador entre a bica que traz a água e o tanque de reserva.

Observações importantes Devem-se colocar, depois de 24 horas de a cisterna ser finalizada, 3 tambores de água para ajudar na cura da argamassa, isto é, ajudar a petrificar o cimento. Só se deve encher a cisterna após 3 dias de ser finalizada. Para evitar rachaduras, nunca a deixe secar completamente. Deve-se deixar pelo menos 2 tambores de água para manter a umidade dentro da cisterna.

Como cuidar da água armazenada? A água da chuva é uma das mais limpas que existem, mas é preciso ter cuidado para evitar a contaminação. Geralmente, a água armazenada na cisterna é contaminada pela sujeira do telhado. Para evitar essa contaminação, é preciso deixar a cisterna sempre tampada, sem os canos de entrada de água. Os canos precisam ser guardados em local limpo e só devem ser colocados depois da primeira chuva do ano. As calhas também precisam ser limpas no começo do período de chuvas. Depois que a cisterna encher, a água armazenada precisa ser tratada com hipoclorito de sódio 10% (cloro). Devem-se usar 2 colheres de sopa para cada 1.000 litros de água. Deixar a água descansar por 30 minutos. A cisterna deve ser limpa uma vez por ano, um pouco antes do início das primeiras chuvas.


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O restante da água tem que ser esgotado; e as paredes, lavadas e enxaguadas com água sanitária ou hipoclorito de sódio (cloro). Antes de fazer a limpeza da cisterna, é preciso realizar os consertos necessários e fazer a pintura da tampa e da parte externa. Quanto à questão da durabilidade, segundo Oliveira (2013, p. 88), entre as cisternas que apresentarem algum defeito, devem-se levar em consideração os seguintes fatores: Areia de má qualidade. Traços das placas, das junções das placas e dos rebocos inadequados. Solo não nivelado fazendo com que o equipamento apresente pontos de empuxo. Inexistência de ponto de ventilação das cisternas. Não nivelamento — com pedras (fundação) — para a construção em solos argilosos. Falta de limpeza anual. Cisternas vazias por vários dias. A falta de água na cisterna pode provocar rachaduras no reboco e vazamentos. Má localização (construção próximo a árvores, rede de esgoto, fossas, depósitos de lixo, etc.).


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Como construir uma cisterna-calçadão?

O que é uma cisterna-calçadão?

excedente da produção. O principal resultado é a melhoria da qualidade de vida das famílias agricultoras.

A cisterna-calçadão é uma tecnologia de armazenamento de 52 mil litros de água ligada a um calçadão de 200 m2, que serve de local de captação da água da chuva. A água escorre por meio de um cano e vai direto para a cisterna. O dimensionamento do calçadão foi pensado para que, mesmo em anos com chuvas abaixo da média, a cisterna guarde pelo menos 350 mm de água.

O calçadão também pode ser usado na secagem dos alimentos da família (feijão, milho, goma, etc.) e dos animais (folhas e galhos finos triturados na forrageira e guardados, a exemplo do feno ou da silagem). Para não contaminar a água, não se devem colocar a casca e a parte aérea da mandioca no calçadão.

A água dessa tecnologia é destinada à produção de alimentos cultivados em quintais produtivos, como hortaliças, leguminosas, frutas e plantas medicinais. Além disso, a água também pode ser utilizada na criação de animais de pequeno porte, como galinhas, cabras e ovelhas. Com a cisterna-calçadão, as famílias conseguem produzir alimentos saudáveis, melhorar a saúde e gerar renda a partir da comercialização do

A cisterna-calçadão foi desenvolvida pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) a partir da experiência na construção das cisternas de placas do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC). Os/as técnicos/as das organizações ligadas à ASA perceberam que havia muitas casas com telhados pequenos, que, assim, não permitiam captar um volume grande de água para ser utilizada nos plantios e na criação de animais. Dessa forma, foi criado o calçadão para servir de área de captação da água da chuva.

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1 Quais são os materiais necessários? ESPECIFICAÇÃO

QUANTIDADE

MEDIDA

Aço CA-50 (1/4” – 6,35 mm)

29,4

kg

Aço CA-50 (5/16" – 7,94 mm)

92,64

kg

1

kg

Arame galvanizado BWG 12 (2,60 mm – 48 g/m)

40

kg

Areia grossa lavada

22

m3

Bomba de repuxo manual

1

Unidade

Cap. de PVC soldável, para esgoto predial (DN 100 mm)

1

Unidade

Joelho de PVC, série R, para esgoto predial (90 g – DN 100 mm)

2

Unidade

4,5

m3

1

Unidade

Tijolo cerâmico de 8 furos (10 cm x 20 cm x 20 cm)

1.000

Unidade

Impermeabilizante para concreto e argamassa (tipo Vedacit ou marca equivalente)

12

kg

Tubo de PVC, série normal, para esgoto predial (DN 100 mm), conforme NBR 5688

6

m

Tubo de PVC soldável (EB-892) para água fria predial (DN 32 mm)

3

m

Cimento Portland comum (saco de 50 kg – CP I-32)

90

Saco

Cal hidratada para pintura

20

kg

Tubo de PVC, série normal, para esgoto predial (DN 150 mm), conforme NBR 5688

3

m

Tampa

1

Unidade

Placa de identificação

1

Unidade

Arame recozido BWG 18 (1,25 mm – 9,60 g/m)

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Pedra britada nº 1 ou 19 mm Cadeado de latão cromado (H = 25 mm)


2 Mão de obra necessária Especificação

Quantidade

Duração

Pedreiro/a

2

10 dias

Ajudante

3

10 dias

3 Como escolher o local de construção da cisterna-calçadão? O terreno escolhido deve apresentar uma pequena declividade de 5%, para que a água possa descer por gravidade pelo calçadão e encher a cisterna. O local deve ser próximo da área de produção das famílias, principalmente dos quintais produtivos, facilitando o trabalho coletivo. Deve-se evitar construir a cisterna próximo a fossas, latrinas, currais e depósitos de lixo, que podem contaminar a água. Além disso, recomenda-se construir a uma distância mínima de 50 m de árvores.

4 Como marcar e escavar o buraco da cisterna? Com a área definida, deve-se marcar o lugar onde será o centro da cisterna-calçadão e, então, colocar um torno de madeira e amarrar um cordão de 4 m com um prego na ponta. Com o prego, riscar o círculo onde será cavado o buraco da cisterna, que deve ter 2 m de profundidade.

5 Cuidados necessários Quando o buraco for escavado com uma retroescavadeira, a profundidade deve ser de 1,80 m, e a família deve nivelar o terreno deixando-o com 2 m. Não se deve aterrar o buraco, que tem que ficar firme e nivelado.

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6 Medida das fôrmas Dimensões das fôrmas das placas da parede da cisterna O tamanho das placas é de 0,5 cm x 0,6 cm, com uma espessura de 0,5 cm. A curvatura da fôrma deve obedecer a um raio de 3,10 m (medida do raio interno da cisterna).

Dimensões das fôrmas das placas da cobertura da cisterna A curvatura é a mesma usada no raio das placas do corpo. Duas madeiras de 2,90 m de comprimento, com 0,2 cm de espessura. Fechar na ponta da fôrma com 0,5 cm e dividir a fôrma em 4 partes iguais.

Dimensões das fôrmas do calçadão da cisterna Para a construção do piso do calçadão, será necessária uma fôrma de madeira ou de metal para a confecção de placas, com as seguintes medidas: 1 m x 1 m, com uma espessura de 3 cm a 5 cm. 28

Da esquerda para a direita: fôrma da cobertura, fôrma do calçadão e fôrma da parede.


7 Como fazer o traço das placas da parede da cisterna-calçadão? O traço é de 11 latas de areia (0,22 m3 de areia) para 1 saco de cimento (11:1). O traço das placas da parede é de 3 partes de areia para 1 parte de cimento (3:1). Das placas da parede da cisterna, 2 precisam ter um furo de 100 mm na parte mais alta da placa (o que aumentará o volume de água armazenada). Elas receberão o cano de entrada e o de saída de água (ladrão), que é para quando a cisterna estiver cheia.

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8 Como fazer o traço da cobertura da cisterna-calçadão? O traço das placas da cobertura é de 3 partes de areia para 1 parte de cimento (3:1).


9 Como fazer os caibros da cisterna? Os caibros medem 3,10 m de comprimento e 8 cm de largura, sendo que a ponta do caibro deve ficar com 6 cm de espessura. São 37 caibros. O traço dos caibros é de 3 latas de areia (0,06 m3 de areia) para 1,5 lata de brita nº 3 e 1 lata de cimento (3:1,5:1). O ferro usado é o de 5/16 mm (cinco dezesseis).

A curva do ferro e dos caibros que fica fora do concreto é de 5 cm.

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10 Como fazer o piso do fundo da cisterna? Esta é uma das partes em que o/a pedreiro/a deve ter mais atenção. O terreno deve ser firme, sem aterramentos e bem nivelado, pois o fundo receberá uma grande carga de peso. O traço do piso é de 3 latas de areia (0,08 m3 de areia) para 2 latas de brita e 1 lata de cimento (3:2:1). O raio do piso é de 3,10 m. Será colocada uma armação de ferro (6,35 mm). O piso deverá ficar com 10 cm de espessura.

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11 Como fazer o levantamento das placas da parede da cisterna? Os procedimentos são os mesmos da cisterna de 16 mil litros (p. 18).

O que muda na cisterna-calçadão? O traço do rejunte das placas é de 6 latas de areia para 1 saco de cimento (6:1). O raio do local onde se devem assentar as placas é de 3,10 m. As placas devem ser escoradas com madeira, para deixá-las no prumo.

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A cada fiada de placas, devem-se colocar 2 voltas de arame galvanizado nº 12, para evitar acidentes.


12 Como fazer a amarração das placas da parede da cisterna? Os procedimentos são os mesmos da cisterna de 16 mil litros (p. 19).

O que muda na cisterna-calçadão? A primeira fiada de placas é amarrada com 14 voltas de arame galvanizado nº 12. A segunda fiada de placas é amarrada com 15 voltas cada uma. A terceira fiada de placas é amarrada com 16 voltas cada uma.

13 Como fazer a coluna central da cisterna?

No centro da cisterna, é feita uma coluna que sustenta a cobertura. Essa coluna é construída com um cano de 150 mm de diâmetro e 2,90 m de comprimento. É preciso colocar dois ferros de 5/16 com 3,20 m de comprimento e encher o cano com concreto. Os 20 cm de ferro que ficam do lado de fora do concreto são para encaixar o pião central.

14 Como fazer a construção do pião central? O pião central é uma peça de concreto que prende a ponta dos caibros sobre a coluna central. Deve-se nivelar o chão e fazer uma roda de tijolos com 40 cm de raio. No centro, é preciso colocar um pedaço de cano de 150 mm de diâmetro. Depois, é necessário colocar uma camada de massa de concreto de 5 cm. O traço da massa de concreto é de 1,5 lata de areia para 1/2 lata de brita nº 3 e 1/2 saco de cimento (1,5:1/2:1/2). Por cima, devem-se colocar a armação de ferro e mais uma camada de concreto. A armação é feita com uma roda de ferro de 80 cm, conforme o tamanho da roda. Os ferros são amarrados com arame nº 18.

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15 Como fazer o revestimento da cisterna-calçadão? Os procedimentos são os mesmos da p. 19 desta cartilha.

O que muda na cisterna-calçadão?

O reboco externo é feito com cimento e areia, com o traço de 1 saco de cimento para 9 latas de areia fina (1:9).

16 Como fazer o reboco interno da cisterna-calçadão? Os procedimentos são os mesmos da p. 19 desta cartilha.

O que muda na cisterna-calçadão?

O reboco interno é feito com cimento e areia, com o traço de 1 saco de cimento para 7 latas de areia média lavada e 1/2 Kg de Vedacit (1:7:1/2).

17 Como fazer a colocação do pião central? 34

O pião precisa ser chumbado na ponta da coluna central. O traço usado é de 2 partes de areia para 1,5 de brita e 1 de cimento (2:1,5:1). Para colocar o pião central, é preciso 3 linhas: 1 de 7 m e 2 de 4 m, para apoiar os/as cisterneiros/as.


18 Como fazer a vedação e a pintura da cisterna? No mesmo dia em que a cisterna for concluída, é preciso pincelar as paredes internas com impermeabilizante para evitar vazamentos. A preparação do impermeabilizante é feita com um saco de cimento e 6 l de Vedacit. A pintura externa da cisterna é feita com cal branca.

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19 Como fazer a colocação dos caibros? Colocar uma viga de cada vez, uma de frente à outra, equilibrando o pião central. Colocar uma escora em cada caibro. Os ferros da ponta dos caibros devem ser amarrados com arame nº 12, com no mínimo 6 voltas, amarrando uns sobre os outros.

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20 Como assentar as placas da cobertura? Os procedimentos são os mesmos da cisterna de 16 mil litros (p. 20).

O que muda na cisterna-calçadão? São 37 placas para fazer a cobertura da cisterna-calçadão.


21 Como preparar o local da construção do calçadão? O terreno onde será construído o calçadão precisa ter um desnível suave. Se o terreno for totalmente plano, é preciso escavar, de modo que fique um desnível de 20 cm em direção ao decantador e 10 cm em direção ao centro da calçada. Não se devem fazer aterramentos, evitando rachaduras no calçadão. Se for preciso aterrar alguma pequena área, deve-se utilizar apenas areia.

22 Como construir o muro do calçadão? No calçadão, é construído um pequeno muro que evita que a terra ao redor invada a área de captação. O muro deve ter o tamanho de 20 m de comprimento por 10 m de largura. Se não for possível construir com essa medida, outras medidas podem ser usadas, desde que se mantenha a área de 200 m2 de calçadão. O traço da massa é de 12 latas de areia para 1 saco de cimento (12:1). Essa massa é usada no assentamento dos tijolos. No reboco da parede, o traço é de 9 latas de areia para 1 saco de cimento (9:1).

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23 Como construir o piso do calçadão? A construção do piso do calçadão é feita com placas de concreto. Elas são construídas utilizando uma fôrma de 1 m x 1 m no próprio local onde elas vão ficar, deixando apenas 1 cm entre elas. O traço do concreto das placas é feito com 12 latas de areia para 5 latas de brita e 1 saco de cimento (12:5:1). As placas devem ser rejuntadas com massa de cimento de traço de 9 latas de areia para 1 saco de cimento (9:1). Deve-se pintar as bordas do calçadão com cal.

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24 Como construir o decantador do calçadão? O decantador é um pequeno tanque que leva a água do calçadão até a cisterna, evitando que a sujeira entre no reservatório. O decantador mede 50 cm de comprimento, 50 cm de largura e 30 cm de altura. O decantador tem 2 canos: um de 100 mm ligado à cisterna, que tem um joelho e uma peneira na ponta do joelho para evitar a entrada de sujeira; e o outro de 32 mm (o mesmo que 1 polegada), que funciona como sangradouro, usado no esgotamento do decantador (parte baixa).

25 Como cuidar da água armazenada? Os procedimentos são os mesmos da p. 22 desta cartilha.

O que muda na cisterna-calçadão?

A área de captação de água da chuva (calçadão) precisa ser varrida antes do início do período das chuvas. 39


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Como construir uma barragem subterrânea? O que é uma barragem subterrânea? Barragem subterrânea é uma tecnologia de represamento de água da chuva dentro da terra, através da construção de uma parede impermeável. A barragem subterrânea é uma tecnologia muito antiga da humanidade e pode ser construída de várias maneiras: com pedra e cimento, concreto ou plástico. Uma das maneiras mais comuns na construção dessa tecnologia no Brasil, e principalmente no Semiárido brasileiro, é utilizando uma lona plástica (de polietileno) para fazer o barramento da água. No Brasil, essa tecnologia de construção com plástico foi desenvolvida pela Embrapa Semiárido e adaptada, em tamanhos menores, pelas Organizações Não Governamentais (ONGs). A água da barragem subterrânea é destinada à produção de alimentos e à criação de animais, ajudando milhares de famílias agricultoras.

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2 Como encontrar o melhor lugar para construir a barragem subterrânea? O melhor local para construir uma barragem subterrânea é onde passa a água durante o período das chuvas (riachos, córregos secos e em áreas baixas da propriedade). A escolha do local exige um estudo. É bom perguntar a quem já cavou cacimbões na região quais camadas de terra são encontradas e qual a profundidade dessas camadas. Uma informação importante é saber qual a profundidade da camada de rocha que não deixa passar a água (camada impermeável).

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O terreno deve ter pouca declividade. Se tiver árvores verdes na seca, é sinal de que pode ser um bom local, mas não devem existir sinais de salinização. Encontrar as ombreiras na parte mais alta do terreno é outro bom sinal de que ali pode ser construída uma barragem subterrânea. Ombreiras são locais onde a profundidade da camada impermeável diminui, garantindo que a água não fuja pelos lados. As ombreiras devem ter o mesmo nível dos dois lados. O terreno escolhido deve permitir que a família trabalhe na sua área. O local onde será construído o barramento deve ser onde a rocha ou o solo impermeável é mais estreito (garganta).


3 Como encontrar a camada impermeável?

6 Como fazer a escavação do local da parede?

No local onde se pretende construir o barramento, é necessário cavar 3 buracos (sondagem), em linha, ao longo de onde será cavada a vala. Com essa escavação, é possível saber a profundidade da camada impermeável.

4 Como saber se a profundidade é boa? E o comprimento?

A escavação é simples, mas é preciso ter muito cuidado para evitar queda de materiais e graves acidentes.

A profundidade do buraco do centro onde ficará o barramento deve ser entre 1,5 m e 4,5 m. Se for menor ou maior do que essas medidas, é melhor procurar outro local. Se for menor do que 1,5 m, a barragem fica muito rasa e quase não guardará água. Se for maior do que 4,5 m, fica perigoso, com chances de haver desmoronamento durante a escavação. O comprimento da parede deve ficar entre 30 m e 100 m.

5 Quais são as vantagens do solo arenoso e do solo argiloso? O solo que tem mais areia guarda um volume de água maior. Com isso, a família pode usar a água até na irrigação, retirando-a através do poço (cacimbão). O solo que tem mais argila (barro ligado) tem um volume de água menor, mas a umidade é guardada por mais tempo, permitindo que sejam feitos bons plantios.

Se a escavação for manual, a largura da vala precisa ser de, no mínimo, 1 m. Se a terra for arenosa, a distância precisa ser maior, isso é uma medida para evitar acidentes. Se a escavação for realizada por retroescavadeira, a largura da vala é igual ao tamanho da pá, que pode ser de 60 cm ou 80 cm. A terra retirada pela retroescavadeira deve ser colocada o mais longe possível da vala, evitando desmoronamentos. Se, durante a escavação, aparecer água, o cuidado deve ser redobrado, pois o perigo de desmoronamento é grande. Havendo grande quantidade de água, a lona plástica pode ser colocada à medida que o buraco é cavado. Não deixar árvores a menos de 10 m de distância da parede. Com uma distância menor que 10 m, as raízes das árvores estão sujeitas a furar o plástico.

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7 Como fazer a limpeza final da vala? Mesmo que a vala tenha sido cavada com máquina, a limpeza final precisa ser feita manualmente. Retirar todos os galhos, as raízes e pedras que podem furar o plástico. Retirar a terra que está grudada na pedra do fundo da vala ou a terra solta (no caso da camada impermeável ser de argila). Varrer o fundo da vala até tudo ficar bem limpo. No centro da vala, cava-se uma nova valeta de 10 cm de largura e 10 cm de profundidade. Em alguns casos, essa valeta terá que ser escavada usando talhadeira e marreta. Depois da escavação, uma nova limpeza precisa ser feita. A lona deverá ser esticada, cobrindo toda a parede da vala.

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A valeta estreita servirá para receber a lateral da lona, que será chumbada com argamassa de cimento forte. Isso garantirá que toda a água seja armazenada, evitando qualquer vazamento.


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8 Como aterrar a vala da barragem? Esse é um serviço que precisa ser feito devagar, com muito cuidado. Se a lona rasgar, a barragem não guardará a água direito, pois haverá vazamentos. A terra deve ser colocada aos poucos, organizada e espalhada no comprimento da vala. Se a lona rasgar, deve-se parar de colocar terra e remendar com as sobras da lona, usando cola de PVC.


9 Como construir o sangradouro da barragem? É preciso definir o local do sangradouro. Se no local em que está sendo construída a barragem passar muita água, e com muita força, o sangradouro deve ser construído no centro da barragem para evitar que a água rompa as paredes que cobriram a lona. Se for o caso de passar pouca água no local da barragem, o sangradouro deve ser desviado um pouco do centro para represar uma lâmina de água maior na barragem. A largura do sangradouro deve ser de acordo com a correnteza da água no local da barragem. O traço utilizado na construção do sangradouro é: de 3 latas de areia, 1,5 de brita e 1 de cimento (3:1,5:1), com uma malha de ferro 5/16 mm.

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10 Como construir o poço na barragem? É importante que dentro da barragem seja escavado um poço, situado a 2 m da parede na parte mais funda onde foi escavada a vala. Esse poço servirá para abastecer a caixa-d’água e irrigar o plantio de hortaliças e fruteiras e as mudas da família agricultora. A escavação pode ser feita manualmente ou com a retroescavadeira. Depois de escavado, o poço deve ser revestido. O revestimento com cimento é apenas nas paredes internas. As paredes podem ser feitas de tijolos (alvenaria), anéis de cimento ou placas. O poço fica como se fosse uma cisterna redonda. Os anéis de cimento podem ser feitos nas comunidades que tiverem a fôrma com um traço de 6 latas de areia para 1 saco de cimento (6:1) e uma malha de ferro de 5,2 mm ou, então, adquiridos prontos. Os anéis de cimento são assentados uns sobre os outros, ficando mais ou menos 1 m acima do nível da terra. 48


11 Como instalar a caixa-d’água? A caixa-d’água deve ser construída e firmada do lado externo da barragem, num local seco, para evitar que haja desmoronamento. Pode ser feita de placas de cimento (como as das cisternas) ou de fibra de vidro. Normalmente, é utilizada uma caixa de 3 mil litros de água.

É preciso construir uma base de 2 m de altura ou mais para que a caixa fique assentada sobre ela. Desse modo, haverá condição de fazer a distribuição da água da irrigação por gravidade. Se o terreno ao redor da barragem for ondulado, colocar a caixa no local mais elevado. Assim, não é preciso construir uma base alta e há economia de material.

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Não coloque a caixa-d’água diretamente no chão. Nesse caso, faça uma pequena base para nivelar o piso e chumbar a caixa, evitando roubos. A bomba que levará a água do poço até a caixa pode ser elétrica ou manual.

12 Como cuidar bem da barragem subterrânea? Existem algumas regras que devem ser seguidas para prolongar a vida útil de uma barragem subterrânea: Manter sem árvores a área situada a menos de 10 m da parede. Fiscalizar, anualmente, o funcionamento e as condições do sangradouro e, se necessário, fazer os reparos. Coletar, anualmente, ao final do verão, uma quantidade de água no poço suficiente para verificar a sua qualidade. Manter coberta com mato rasteiro a terra da área de plantio da barragem, nos períodos em que a barragem não estiver toda plantada. Usar apenas produtos orgânicos e naturais no combate às pragas. O uso de venenos industrializados (agrotóxicos) contamina a água da barragem. Manter os animais fora da barragem para evitar compactação (endurecimento) do solo.


Fazer plantios consorciados e com diversos tipos de cultura. Fazer adubação orgânica periódica. Usar a água do poço, evitando a salinização. Se houver plantio irrigado, colocá-lo na área externa da barragem, evitando a salinização.

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Consideraçþes finais 52


A cisterna de placas, a cisterna-calçadão, a barragem subterrânea, assim como as diversas experiências de implantação de tecnologias sociais hídricas desenvolvidas pela ASA no Semiárido brasileiro, são resultado do conhecimento e da experiência acumulada de agricultores/as familiares e também das organizações ligadas à ASA. Essas tecnologias possibilitam o armazenamento de água próximo de casa e propiciam recursos hídricos voltados para o consumo humano, doméstico e produtivo. Dessa forma, o tempo que era utilizado pelas famílias para percorrer quilômetros em busca de água é dedicado à satisfação de outras necessidades humanas e sociais. Com a água da cisterna-calçadão e da barragem subterrânea, por exemplo, a família consegue criar pequenos animais, além de cultivar frutas, verduras e legumes numa área pequena da propriedade. Assim, a família conquista sua autonomia com alimentos saudáveis na mesa para o consumo, e o excedente pode ser comercializado na própria comunidade, em feiras agroecológicas e outros espaços importantes de geração de renda. Quando não está chovendo, o calçadão também é utilizado para secagem de alguns produtos como feijão, milho e goma. Possuir estratégias diversificadas que garantem renda e segurança hídrica e alimentar no Semiárido é fundamental para melhorar a qualidade de vida das famílias rurais, com oportunidades para jovens e mulheres. Essas experiências inovadoras e sustentáveis desenvolvidas por agricultores/as familiares têm mudado o cenário da região semiárida, já vista como um lugar de produção sustentável e de recuperação e conservação ambiental.

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