• Morte dos rios Estudo técnico da Fundação SOS Mata Atlântica não encontrou sinal de vida aquática nos 305 quilômetros do rio Paraopeba e seus afluentes. Os rejeitos de minério aumentaram em mais de 100 vezes a turbidez da água e acabaram com seu oxigênio. Nenhum animal consegue sobreviver nessas condições. E não é só lama. Metais pesados, resíduos da mineração que eram armazenados na barragem, agora navegam e contaminam o rio. Análises já encontraram altas concentrações de níquel, mercúrio, chumbo, zinco e cádmio.29
Os casos dos rompimentos das barragens do Fundão e Córrego do Feijão, em Minas Gerais, trazem à tona a dimensão de irreversibilidade da contaminação que pode acarretar a morte total dos rios, por serem ambientes profundamente impactados a ponto de não serem mais propícios ao desenvolvimento da vida. Nos discursos vazios da Vale e do poder público que prometem sua revitalização, faltam ainda o entendimento da complexidade, do nível de engajamento e dos recursos que seriam necessários para viabilizar um processo sério de recuperação do rio Doce e do rio Paraopeba.
• Assoreamento dos rios Quando esses depósitos ficam muito volumosos, tornam-se, por si mesmos, instáveis e sujeitos a escorregamentos localizados. No período de chuvas, devem ser removidos e transportados continuamente até as regiões mais baixas e, em muitos casos, para cursos de água. A repetição contínua disso provoca o transporte considerável desse material, ocasionando gradativamente o assoreamento dos cursos de água. Além do volume provindo do material estéril, devem ser consideradas as quantidades advindas da área das próprias jazidas e o material produzido pela decomposição das rochas e erosão do solo.
Impactos relacionados à infraestrutura Aos impactos decorrentes das atividades de extração, se estendem em quantidade e extensão outros que se relacionam a toda uma infraestrutura e logística de produção, distribuição e comercialização dos minérios.
• Impacto sobre a fauna aquática e terrestre A mudança de qualidade da água afeta diretamente o conjunto de seres vivos no ecossistema aquático, de forma mais visível a produzir mortandade de peixes e deslocamento ou extinção de animais que necessitavam daqueles cursos d’água para sua dessedentação, alimentação, reprodução ou habitação.
29 Saiba mais na notícia divulgada no G1 “SOS Mata Atlântica constata morte do rio Paraopeba após rompimento em Brumadinho”, disponível no site: https://
www.brasildefato.com.br/2019/03/01/sos-mataatlantica-constata-morte-do-rio-paraopeba-aposrompimento-em-brumadinho/
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• Tráfego intenso de veículos pesados Carregamentos de minérios causam uma série de transtornos, como poeira, emissão de ruídos, frequente deterioração do sistema viário da região, aumento do número de acidentes com caminhões, trens, etc.
A poluição sonora causada pela passagem dos trens e buzinas das locomotivas no corredor de exportação da Estrada de Ferro Carajás prejudica não apenas o sono das pessoas que, vizinhas à ferrovia, passaram a ter dificuldade pra dormir, como é fonte de estresse, fadiga e incontáveis casos de atropelamentos. Em algumas comunidades, as aulas escolares precisam ser interrompidas devido ao barulho dos trens. Trincas e rachaduras devido à vibração gerada pela passagem dos trens comprometem a estrutura das residências.30
30 Saiba mais sobre os impactos de comunidades atingidas pela mineração através dos depoimentos e análises apresentados no documentário “Enquanto o trem não passa”, produzido pela Mídia Ninja, em parceria com o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração”, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cEorAlteUWA.
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