Introdução Jean Pierre Leroy nos deixou em novembro de 2016. Seus familiares e amigos o haviam encorajado a escrever sobre sua experiência de vida no Brasil. Pedido que ele considerou justo, posto que representava uma chance de prestar contas aos que amava e que sempre o apoiaram em sua escolha por “enraizar-se junto aos oprimidos”. Opção que também o levou a acompanhar ativamente as várias formas de militância no país, em diferentes conjunturas políticas, interagindo com a múltiplas lutas sociais e democráticas. O texto, escrito para os seus próximos, certamente seria revisto por ele para uma edição voltada para o público brasileiro. Primeiro porque foi escrito em francês, sua segunda língua desde 1971, e porque foi traduzido para o português para essa edição, o que sempre traz perdas aos seus “fragmentos de memória dos 45 anos de Brasil”. A FASE decidiu publicá-lo, na comemoração de seus 60 anos, dado o entrelaçamento da história da instituição com a própria história do Brasil e de seu povo. Impossível compreender a FASE e sua capilaridade no país, sem conhecer esse educador que foi nosso diretor por tantos anos. Esse entrelaçamento é o que caracteriza os bons romances e as boas biografias. A história de Jean Pierre Leroy se confunde com os recuos e avanços da própria sociedade civil brasileira na segunda metade do século XX e nos primeiros anos do século XXI. Para facilitar a leitura pelo público brasileiro começamos as suas memórias já quando de sua chegada ao Brasil. Ao final, mantivemos seus fragmentos de memória e de seu diálogo com o irmão Jacques, relativos a seus primeiros anos ainda na França. Que de onde esteja, Jean Pierre nos desculpe pela publicação de textos que, em vida, com seu perfeccionismo, talvez não nos autorizasse.
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