O Inesc na luta antirracista: alianças necessárias no campo democrático popular Carmela Zigoni32
“Rejeito a armadilha da mente paranoica e deixo a algazarra alegre penetrar em mim, e ela também me anuncia: “Viveremos!”. Sueli Carneiro, 2006. O Instituto de Estudos Socioeconômicos – Inesc é uma ONG fundada em 1979 no Brasil, pela feminista Maria José Jaime, a Bizeh. O instituto é criado ainda no período da ditadura militar, participando ativamente do processo de redemocratização do país e na elaboração da Constituição Federal de 1988. Em 2019, o Inesc está completando 40 anos de atuação e buscaremos, neste artigo, recuperar uma parte importante da sua história: a saber, a luta antirracista. Reconhecer-se como uma instituição antirracista e buscar contribuir com os movimentos negros — e com a sociedade de modo geral para a superação do racismo e promoção da igualdade racial — é uma construção que passou e passa por aprendizagens constantes. A parceria com organizações negras tem sido fundamental para aperfeiçoarmos nossa prática, compreender os espaços de protagonismo político e repercutir a ideia de que o racismo é um problema social gravíssimo e, portanto, combatê-lo deve ser parte de um esforço coletivo, ainda que os lugares de fala33 sejam diferentes.
32 Carmela Zigoni é assessora política no Inesc. 33 O lugar de fala, para além do senso comum, é objeto de reflexões acadêmicas por parte de intelectuais não brancas, como a indiana Gayatri Spivak, em Pode o subalterno falar? (2010). A brasileira Djamila Ribeiro retoma essa e outras autoras negras em sua obra O que é lugar de fala? (Letramento, 2017).
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