O Ibase e o Hub das Pretas Athayde Motta, Marina Ribeiro e Rita Corrêa Brandão42 Durante a realização do projeto Hub das Pretas, apoiado pelo programa Desigualdades nas cidades, da Oxfam Brasil, o foco principal do projeto — jovens mulheres negras, organizações que as representam e suas experiências de vida e de militância — mereceu atenção especial por parte do Ibase. Embora tenhamos uma longa trajetória no tema Juventudes, com pesquisas em profundidade em vários países e papel relevante na formulação de políticas públicas do setor, nunca havíamos implantado um projeto envolvendo prioritariamente esse setor da sociedade civil. Essa não era uma questão especial apenas para o Ibase. De fato, a decisão de focar o primeiro projeto do programa nesse grupo havia sido conjuntamente tomada após debates e reflexão com as cinco ONGs parceiras da Oxfam Brasil na iniciativa e com a ONG Criola. Ressalte-se que nenhuma das cinco organizações do consórcio era parte do movimento negro ou do movimento de mulheres negras, e isso, obviamente, levantou questões referentes à legitimidade dessas organizações para trabalhar com o tema e, tão importante quanto, sobre sua capacidade de estabelecer uma relação horizontal, equânime e solidária com o movimento de jovens mulheres negras e as organizações que as representam. Para o Ibase, um ponto em especial tornou-se quase uma espécie de objetivo não escrito do projeto. Se algumas das atividades incluíam o apoio à participação em processos políticos mais amplos, qual o papel do Ibase no apoio e defesa do protagonismo das jovens mulheres negras e das organizações que as representam no debate público? A pergunta era relevante porque houve, e ainda há, tensões entre as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) sobre quais tipos de organização (e seus membros) têm sua capacidade e protagonismo mais frequentemente reconhecidos e quais têm mais dificuldades para conquistar tal reconhecimento e, por conseguinte, mais acesso a parcerias, apoio financeiro e reconhecimento no debate público. 42 Athayde Motta é diretor executivo, Marina Ribeiro é coordenadora de projeto e Rita Corrêa Brandão é diretora adjunta no Ibase.
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