Edição 13, dezembro / 1979

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PROPOSTA- 13 revista a serviço da educ_aç_ão de base

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P ROP OS TA REVISTA A SERVIÇO DA EDUCAÇ~O DE BASE DEZEMBRO - 1979, nQ 13

EDITORIAL

ANO 3

TRIMESTRAL

3

ARTIGOS Ricardo Abramovay

5

É possível trabalhar com

os bÓias-frias? Jaime Teixeira

14

Jaime Santos

Comitês Democráticos Populares: Luta social e luta polÍtica em Belém - 1945

Tereza Cristina L.de Serejo

26

Coronéis sem patente: A modernização conservadora no sertão pernambucano

José Veiga

41

A questão democrática e o trabalhador rural

45

Balanço de uma greve controvertida

PAINEL

63

SERVIÇO

75

PROPOSTA, revi~ta a serviço da educação de base, é editada pela FASE - Federaçao de drgãos para Assistência Social e Educacional 7 Rua das Palmeiras, 90, Rio de Janeiro (RJ). Coordenador Nacional: Jean Pierre Leroy. Conselho de Redação: Ademar Andrade Bertucci, Antônio Ivo de Carvalho, João Luís van Tilburg, Joaquim Alcides T. Ribeiro, Jorge Eduardo Saavedra Durão, Ziléa Rezni~. Diagrama ção: Julio Simões. Datilografia: Elita Vicente de Paula Duailibe~ Impressão: Vickson de Souza Viana. Assinatura anual: Cr$ 170,00; número avulso: Cr$ 45,00. Enviar cheques nominais à FASE. Exteri or; assinatura anual: US$ 20,00; pagos através de ''Internationai Money Order" nominal à FASE.

.


ED I T OR I AL Con~elho

de Redação

Uma rápida passada de olhos nos acontecimentos deste ano de t ra z de i mediato à mente um conjunt o de ev i dências que

1979

antecipam

o s de s afios que o Movimento Popular de v erá enfrentar em 1980. O apro fundamento da crise econômic a e polÍtica que hoje

perpassa

a soci edade bras i leira, a dif i cu l dade do bloco dominante

encon

t rar e propor saÍdas estáve i s diant e de sua própria divisão inter na e, sobretudo, diante do movimento emergente das massas

traba

lhadoras, são, por exemplo, constatações que não devem fazer quecer a deb i lidade polÍtica que ainda caracteriza o

es

Movimento

Popular como um todo. Seja através de medidas de força, seja através de medidas de cooE t ação , a grande meta do sistema hoje é neutralizar e esvaziar moviment o s de massa. Resistir a e ss as i nvestidas i mplica em preender que, para o Mov i mento Popular, mais do que nunca, -se não somente de crescer quant i tativamente, mas sobretudo

os com

trata de a

vançar em qualidade polÍtica e orgân i ca. Nesse sent i do, não bastam ma1s as def i nições e apelos de luta contra a exploração e a opressão .

genéricos

Importa é saber

levar adiante essa luta; que i ns t rume nt os e formas de

como

organ1z~

ção ut i lizar; que conteÚdos pr i n c i pal i zar a cada momento; como e~ pre s sar pol i ticamente as lutas populares; como construir a un i dade polÍtica e prática do movimento na escala em que se faz

hoje

necessário. ~

A pretensão de Proposta e' dentro de seu s l i mites e possibi li dades, c olocar-se a serv i ço desse d e bat e, mantendo permanentemente suas páginas abertas a contri bu i ç õ e s diversificadas a respe i to de temas de i nteresse para o Mo viment o Popular. -

3 -


Reforma agrária, greve dos metalÚrg i co s pau l istas,

coronelis mo ,

bÓias - frias, relação entre polÍt ic a e lut a s ocia l , sao temas abor dados neste número, ora de um ângulo ma i s teór ico , ora sob Ôt i ca histórica, ora numa abordagem polÍt ico - prátic a.

- 4 -

uma


E POSSIVEL TRABALHAR COM OS BOlAS-FRIAS? •

A Comiss ão Pa sto ral

da

Rieahdo Abhamovay*

da em torno _do trabalho

Terra

do Paran~ p r e t ende i n i c i ar

(l )

um

nos propomos a fazer.

que Na medi

trab al h o sist emático com bÓias

da mesmo em que o trabalho

- f r ias n a região nor t e

Es

tá começando a go ra , não

~i

tentar fornecer r es postas , mas

t ado. A preo c upaçã o

do

c om

a

es

vamos

t uaç ã o de m is ~ ria , i n st ab i l i da

antes levantar que st6 es

que,

de, marg i na l i zação social, cu!

asslm o esperamos , podem

inte

t ural e mesmo r el i gio s a dos as

ressar àqueles que , por uma r~ zão ou out ra , estão interessa

h~

salari ado s vo l antes ex i s t e bastante t empo na CPT e ~

c om

dos neste tipo de ativ i dade .

s~to

p a r t ilhada i n c lu sive por r e s expre s s iv o s do p r Óprio

mo

vimento si nd ic al . Est a p r e ocu -

( 1 ) Este t exto foi escrito pa ra uma discuss5o intern~ da Com i ssão Pastoral da Terra d o Paraná. Seu cará ter não conclusivo vem dÕ fato de ter sido escr i to para uma discuss5o e n5o para publicaç5o. Apesar disto julgamos que as ques tões que ele apre s enta s5õ de interesse para o leitor de Proposta . As opiniões emitidas representam exclu sivamente o ponto de vist~ do autor e n5o o da Comis são Pastoral da Terra dÕ Paraná.

A

paçao e a c ent uada pe l o fat o de

- s que - c om rara s ex c eçoe

os

assalari ados volant e s estão fo ra dos s i nd ica t os e

d i s t antes

das comun i dades de ba s e greja, não

da

I

apresentando , apare~

t ement e, nenhuma forma ganização estável e

de

or

perman~~

te. Todos sabem que e s ta ~ uma situação que não s e r efere

ap~

nas ao Es tado do Paraná ,

mas

que carac t er iz a de forma prat i cament e ger al a s condi ç6es

de

v i da do s a s salari ados vo lantes

*

em t odo o Paí s. Daí a neces sl dade de uma ref l e xão

aprofund~

-

5 -

Pesquisador da FASE ; Asses sor da Comissão Pastoral d~ Terra do Paraná.


UMA

ORGANIZAÇ~O

UTOPICA?

Esta fé na possibilidade de um trabalho junto aos vol a ntes

A miséria absolut a em que ve o bÓia-fria não se

Vl

explica

pelo fato de ele ser um

tra ba

lhador assalariado, nem

tampb~

e

a firme e sperança de que

eles

virão a se organizar para

(ju~

tamente com o . conjunto dos

as

salariados) _conquistar, de sua

de

prÓpr i a iniciativa~ as

condi

seu trabalho , mas sim pela sua

çÕes necessárias à s ua

emanc1

quase completa

pação

co pela natureza . vol ante

desorganização

no plano da luta

básicos para o desenvolv i mento

reivindica -

tiva . Não há dÚvida de que Je em nosso País, bÓia-fria um dos ma1s gritantes

soc ial ~ _ são . pressupostos

de nossa atividade. Se

ho

acredi

tarmos que o _volante , por ser

é

volante , nunca ter á capacidade

sinôni

mos da miséria absoluta em que

de se organizar enquanto

vivem milhÕes de

trabalhado-

não passaremos~ é claro de

um

res rura is . Mas não se pode di

trabalho assistencial que ,

co

zer que esta é uma condição so

mo sabemos, em muito pouco con

cial por si só miserável, como

t r i bu i r i a para a melhoria

se os trabalhadores

suas condições . de

volantes

não tivessem condições de

tal,

de

existência.

Este ponto nos parece importan

se

aqu~

organizar para . reagir

diante

te poi s não são poucos

do atual estado em que

v1vem .

les que af irmam que o problema

Recentemente , os

do bÓia ~fria . está na

trabalhado

sua

pr~

res rura1s do Estado . de Pernam

pria condição social de

buco deram a seus companheiros

- fria. Esta afirmação tem a se

em todo o País a prova ma1s

e

gu i nte cons equência prática: a

vidente de que os volantes tam

resolução do _ "prob l ema do bÓi~

juntame~

bém podem part ici par te com os assalariados nentes das lutas por condições de vida

-fria " não passa

fundamental-

mente por sua organização , por

perma-

sua mob ilização organizada

melhores

e de

bÓia

luta pela defesa de seus

traba

na i~te

lho. Com efeito , dos vinte mil

resses de classe, mas sim pelo

trabalhadores que entraram

em

abandono de _sua condição

soc1

greve no i ní cio de outubro

na

a l a ssalar iada . Esta nos

par~

zona da mata de

ce ser a f ilosofia de

Pernambuco ,ce~

ca de oito mil eram

trabalhos de tipo

volantes .

-

6 -

alguns

assistencia


lista onde

são

.rá nunca. Ao . contrárlo, é

desenvolvidas

roças comunit á rias com

os

vo

lantes . Não temos nada

contra

da

organização . d os volantes depende a c o n qu ista da

que e st ab i

as roças comunitárias , em prl~

lidade no trabalho .

cÍpio " Mas consideramos que

o primeiro passo . a ser dado

e ssenci a l de nosso

o

perspectiva de o

v olan~e

no s ... so trabalho e a superaç ao do preconceito de que , por sua prÓpria co ndição social , o bÓia - fria é a vesso à organlzaçao e não tem co ndi ções . de se mobilizar . em torno . da luta relVln d i cat i va " É . nes t e . sentido , no sent i do de s ua . organização , que devemos investir . o essencial de nossos esforços .

a dei

xar de ser um assa l ar i ado e se transformar num pequeno

camp~

-

nes, mas sim para a luta

por

melhores cond ições de vi da de trabalho dentro de sua

e con

seja~

dição social atual, ou

enquanto as s alarlado . Trata- se fundamen t almente de . co n t ribuir . para a organização dos

p~

ra que po ssamo s começar o

trabalho

não deve estar voltado para

Portanto,

assala

riados e não de abrir uma

hip~

t é tic a po ssibilidade para

que

O QUE NOS UNE AOS VOLANTES ?

os assalariados se t ransformem

Reconhecer a poss i b ilidade

em c amponeses "

os bÓias-fr i as s e . organlzarem

A es t abil i dade no tra balho bem entend i d o , um do s

...

não significa, . é cl aro , fechar

e,

os olhos para as i númeras

po n tos

ma is importantes desta

luta.

Ma s o ponto de parti da i nclusi ve desta reivindicação está no r e co nheciment o de que o s

vola~

t e s terão de se organl zar

de

en

ficuldades que . ex i stem

neste

senti do. Nosso objet i vo

aqu l

não é o de es t udar estas

di f i

culdades (2) . Acreditamos

mes

mo que a compreensão das

ral

zes da desmob iliz ação dos

quanto vo lante s p ara conquist~

di

.

vo

-la . Se nós formos esperar que a organ ização dos volante s

( 2) Reme to o leit o r ao texto no Sindicalismo de Trabalhadores Rurais no Estad o do Parana n 3 a ser pub lioa do brevem e nt e na revis tã nEnoontros oom a Civili za çao Brasi l eira n 3 onde dis auto de maneira mais apro fundada este problema .

ve

nha como consequência da . esta bll i dade no . trabaJho , como s ultado da el iminação . d o

re

trab~

lho volante, podemos cru zar os braços , pois isto nao

a c on~ece

-

7 -


o

..

lantes Vlra com

o

desenvolvi

lho de organização . junto aos

menta do pr6prio t rabalho. Qu~

b5ias-frias. vários sindicatos

remos le vantar alguns

e d iocese s mostram-se

proble ~

mas que se referem a o

lnlcloo

""

deste trabalho, is to é, a

for

ma como estabeleceremos to com a população

dica, não há . nenhum

a

Quando dizemos que

trabalho

Estes dois fatores

necessa-

rio começar um trabalho

in

já desenvolvido o

qual queremos trabalhar. e..

nes

te sent:ido,mas ao que tudo

conta

junto

dispo~

tos a i n iciar um . trabalho

o

desorg~

(a

n ização da classe e a ausência

com

de uma militância sindical

ou

pastoral junto a ela)

fazem

de duas suposições básicas, de

com que nosso trabalho

tenha

cuja veracidade (é

um caráter fundamentalmente ar

b6ias-frias estamos

partindo importante

sublinhar) não temos plena rantia: a) Os trabalhadores lariados volantes não

g~

tif i cial: ele não . se ta sobre v ínculos

balhar. Vejamos mais de lidade.

por seus interesses de classe o

a) Esta . não é uma

que

b6ias-fri

tiva que parte

uma

participação decisiva dos

o

vo

agentes

que estão socialmente

de

o

pr6prios

lan tes. Ela parte de

Não

temos conhecimento também

dos

o

lnlcla

trabal hadores assalariados

vo

lantes em seu interior .

perto

em que consiste . est:a artificia

ou menos permanente para l utar

as, raramente contam com

tr~

social com o.qual queremos

possuem

nenhum tipo de organização mais

se interessam pelos

- fundamen existen

tes entre n6s mesmos e o s etor

assa

Mesmo aqueles sindicatos

.

tes dos b6ias-frias,

distan na-o

que

nenhum movimento . reivindicat6

compartilham de nenhuma

rio mais amplo envolvendo

de seu universo cultural , ide o

os

assalariados _volanteso Esta lm

l6gico, etc. Os agentes

na- o

pressão de desorganização

forma que

n6s colocaremos para fazer

sao

es

é s6 nossa, mas se estende tam

te trabalho não

bém ao movimento sindical.

mos b6 i as -frias e a iniciativa

b) Não exist em vimento sindical)

de realizar o trabalho

agentes

(sejam da Igreja, sejam do

mes-

n~o pa~

te de um grupo de bÓ ias -frias.

mo

b) Mas mesmo que n6s colo

realizando

de forma sistemática um

eles

cássemos um b6ia-fr i a para

traba -

8 -

fa


que

conhece (a menos que se

trat e

um agente de pastoral se trans

de um pelego sem nenhum

cont a

formasse em b6ia-fria,esta di!

to real com . a . c lasse) os

tânc i a entre o nosso

trabalho

~es

~

pretend~

zer o trabalho ou

então

o setor social que .

mos atingir não de i xaria de xistir. Isto porque

a

distân

com a

numa diferença de

classe socl

al. Ela cons i ste em algo vÍnculos com qualquer t i po

classe~ . ele

não se

rela

Clona com indivÍduos, mas

formas

senta. Ele conhe c e as

de .

de organização da

de

suas lideranç a s d e base.

liderança da . classe e portanto

com repr~

a coletividade . que ele

mais

completa

-

. o organlc

chamar de um . cont ato

s i mplesmente .

sério: na falta

em nas f~bricas, e l e tem poderÍamos suma, aquilo que

e

cia não consiste

lÍde

classe

e

Inversamente, o fato de um

com qualquer tipo de . agregação

ln

divÍduo de or i gem não oper~r i a

comunit~ria j~ existente "entre

4

os bÓias-frias. A dis t ância en

(um estudante pequeno burguês, ou um intelectual) se conver

tre nós e os volantes

ter num oper~rio . pode sem dÚv i

na- o

explica pelo fato de não

se ser

mos volantes, mas sim pelo

fa

to de não termos com . eles,

~n

quant~

da ser uma experiência . pessoal bastante rica, . mas não garante de forma alguma o . vínculo orgâ

classe, nenhum contato .

ÇQ

nlco com a classe, que meneio-

-

-

Examinemos esta idéia

com

um

navamos aclma .

Transformando

pouco mais de atenção.

-se num oper~r i o, es t e

Quando um oper~r i o se torna di

duo far~ a experiência pessoal

rigente, ou melhor, permanente

da exploração, da opressão, da

sindical, ele . deixa

de . parti

falta de liberdade

cipar diretamente do

processo

no interior da f~br ic a, em

social de criação da

rlqueza .

ma, ele poder~ ter uma

Ele sai da f~brica e atua

fun

damentalmente (embora não

ex

ência subjet i vamente

ra a sede do sind i cato gem os

-. operarlos

. mals

exper~

enrique c ~

op~

r~rio em nada ajuda a organ iz ~

p~

ção da classe o A sua

ex i s t ên

ela soc i al operária não lhe g~

. avanç~

quentes. Por outro lado,

su

ples fato de . ele se tornar

conver

dos, as lideranças mais

ex i stente

dora. Mas objet i vamente, o Sl m

clusivamente, é claro) . na sede do sindicato. Ele sabe . que

indiv í

rante os vínculos

conse

com as lideranças da

ele

-

9 -

~

.

organ l co s c la s se o


Um assessor de mov imento sindi cal, por outro lado, pode uma

contribuiç~o

te

dar

importante

O caráter artificial do

p~

reflex~o que estes fazem sobre

este auxÍlio só será

-

cos com o

movimento~

cial aqui n~o é a

O

um

despojame~

to, a renúncia a sua condiç~o

prÓpria social e _sim a _ natu-

reza dos vínculos .que agente

à classe.

unem

um movimento sindical co, se eles

s~o

bairro

geográfica do agente (da mesma forma que

sua _ localizaç~o

cial) n~o é suficiente

so para

resolver este problema da

fal

ta de vínculos orgânicos com a classe.

o

O QUE UNE OS VOLANTES?

por

autênti

Constatamos (embora sem a

seg~

constataç~o

rança de que esta

-

nature

za que o agente e . reconhecido

seja realmente correta) que os

enquanto assessor

do . mov1men

bÓias-frias est~o ausentes tan

to, sua atuaç~o

de tal

fato

localizaç~o

de bÓias-frias. A

Se~ estes vín

culos passam por exemplo,

Sl

de um agente morar _num

disposiç~o

dado importante), o

bÓia-fria n~o resolve por

"

essen

pessoal (embora este seja

em

so este problema, nem o

organ~

a

transformação _de um agente

-

Mas

efetivo

se ele tiver vínculos

pela

ausência destes vínculos. E

dos trabalhadores e na

os destinos do . movimento.

nosso

trabalho é dado _portanto

ra a luta, auxiliando na organizaç~o

e a classe.

poderá

ser

mals eficaz do que _se . ele trar diretamente na

en

produç~o.

to dos sindicatos quanto comunidades de base. No

das entan

to, o fato de . os volantes esta

Isto n~o significa uma conden~

rem desorganizados no plano da

ç~o

luta reivindicativa não

daqueles que optaram

por

estabelecer contatos com

a

fica que eles não tenham nenhu

classe trabalhadora a~ravés da

ma f orma de agregação

renúncia a sua . prÓpria . co ndi

A imagem do _trabalhador

ç~o

do, buscando

social e da _entrada na pr~

duç~o.

Mas é _preciso ter claro

que esta renúncia _em . si

mesma

pode resolver um problema jet ivo do agente

mas _ n~o

sub é

slgn~

su

social. isola

desesperadamente

cuidar apenas de seus sem

ses e praticamente vio regular com

-

interes

os

.

convl

companhei

ros e provavelmente uma carlca

ficiente para resolver a

que~

tura. f possível que os

t~o dos vínculos entre o

age~

-frias encontrem

- 10 -

por

bÓias exemplo


em religiÕes não catÓlicas uma

titude diante _da classe a qual

comunit~

forma de agregação ria. Pode ser que es t a

uma. Se ele percebe que não h~

ocorra

nos locais de partida e de che gada para o trabalho ou

então

nos bares e armazéns. Seja

co

ser~

ele atualmente pertence

melo de mudar de classe social, •

-

...

<>

que nao ha esperança de de1xar de ser bÓia~fr i a~ _ a at it udes~

mo for , o conhec i mento

destas

r~

formas elementares

agreg~

conhecimento das formas de

ção comunit~ria

de

é _ importante

outra bastante d i ferente. O a

gregação comunitária as mais e

para a realização do nosso tra

lementares, . nos permitir~

balho por dois motivos:

ber como o prÓprio . grupo se

a) Conhecendo estas

for

co munit~ria

mas de agregação

poderemos saber em to rno do que se d~ a identidade social do grupo. NÓs s abemos

que

o

bÓia-fria é um assalariado

ru

ral volante, na

ma1or

parte

das vezes (no Norte do Paran~) um prolet~rio puro. Como

tal,

sao

seus interesses sociais

proletários: ele est~ motivado a lutar por melhores sal~rios , por estabilidade

no _ emprego,

por melhores condiçõ es de balho, etc. Esta def i n i ção entanto é exteri or ao

no

prÓprio

grupo em ques tão . Para nós, bÓia-fria é _um bÓ i a-fria, pra ele me s mo, o que ele Como se identifica

tra

o mas é?

socialmen

te? Se, por exemplo,

do

seu

ponto de vista , ele é um camp~ nês que perdeu a

terra ,

que logo recuperar~ a s ua dição social campones a, sua

ma s con a

dentifica socialmente

e

que isso: em _torno do que cisamente o grupo se

sa 1

ma is pre

i dentif i

ça, em torno . do que ele se constitui para ele mesmo en quanto uma comunidade. A sim ples defin iç ão soc i olÓgica do bÓia-fria como um assalariado rural não resolve este probl~ ma. Se, a part ir desta def ini contri ção básica, tentarmos buir para organ iz ar a classe, sem conhecer previ amente como esta agora se organ iz a sob as formas as ma is elementares, es taremos seguramente fazendo um furo na água . A função do age~ te (e este é um ponto que me parece fundamen t al) não é a de inventar formas de organização e de luta para os trabalhadopara res, mas de contrib u i r que eles desenvolvam quanto a sua extensão e aprofundem qua~ to ao seu conteÚdo e objetivos

- ll -


as formas de o rgan iz ação e luta já exist ent e s. _Sem cermos estas _formas

de

co nhe

elementa

res de organização e

de lut2

dificilmente _al c ançaríamo s

s~

cesso em nos s o traba l ho .

seja,_trata~se

de

organiz a~ã o _ i de ntific ada

uma a

um

s e Tor social determinado. Ora, s e fÔssemo s começar Trabalho com. os

um

bÓ i as-fr i a s

com o objetivo de _i ntegrá-lo s

b) Mas exist e um outro mo conhecime~

tivo pelo qual es t e

e tc . Ou

a _comunidades . de . base, poderí~ mos nos chocar co ntra o

sério

to me parece essencial. Ao que

obstáculo de _que a s

tudo indica,

de s estão dominadas por um se-

os

bÓ i as - frias

não somente estão

d i stantes

comunida

tor com o qual eles não se

1

dos sindicatos e das . comunida

denti f icam socialmente.

des de base, como

do

c a so , d ificil mente no sso traba

outro

lho s eria bem s u c ed i do. PorTan

di s

to é fundamental part irmos não

também

convív i o com qualquer setor social: eles _estão

propriet~

tantes dos pequenos

age~

r1os, parceiros, etc. Um

Neste

daqu ilo que nós a chamos que me l ho r para o grupo em

é

ques-

tra

-tão, ·mas daquilo que o prÓprio

balhando como bÓ i a-fria no Nor

grup o já v em fa zend o , como ele

te do Paraná _me . d izia

v em se agrupando. E para

te de pastoral . atualmente

mente que

recent e

quando _o

caminhão

passava pela cidade

cheio

trabalhadores, estes se diam embaixo do chapéu não serem vistos. Os

de

escon para

1sso

é necessário um _conhe cimento es pecÍfico que o . simpl es

conce1

to de bÓia - fria não nos for ne ce .

pequenos

proprietários, grande

parte

das vezes não _identificam bÓia-fria como um al i ado

QUEM SOMOS NOS?

o em

Constatamos ac1ma a

distância

sua luta e não há . uma convivên

que nos separa do setor social

cia entre os . do is . setores

com o qual pretendemos

no

traba

agregaçao

lhar. Vimos também

que

comunit ár iao . As comunidades de

d istânc ia é de tal

ordem

plano das formas de base no Norte do compostas na sua _

Paraná

sao

esmagadora

não temos conhecimento

esta que

sequer

das forma s mai s elementares de

maioria por pequenos propr i et~

organização e de luta da

pop~

rios, parceiros ,arrendatários,

lação. Est e Úl timo pont o

refe

- 12 -


re-se a nós me s mos: é fundarnen discuss~o

tal que façamos urna

pel é defin ir a forma de inser ç~o

aprofundada sobre o tipo de li gaç~o que existirá entre os

gentes e a população. A ç~o

de real i zar

um

a

·a

i nten

fato de urna pessoa simples onde

mora urna grande populaç~o bÓia

junto aos bÓias-frias, só colo n~o

do agente no trabalho.

mente residir . num ba irro

trabalho

ca este problema, mas

p~

tura social . . Def inir este

-fria

o re

n~o

define o seu

papel.

O que esta pessoa será no bair

solve.

ro? Um padre ? Um advogado?

Al

~ claro que um dos nossos obj~

guérn que está lá para

organ~

tivos básicos é reduzir (e com

zar os trabalhadores?

Este

o tempo eliminar) a

distância

ponto é importante~ pois a

que nos separa dos

assalaria

laç~o

dos rurais. No entanto, a rninaç~o

desta d ist ância

passa

antes de tudo pela clara niç~o

defi

do papel que . terão os

gentes diante da to a qual ele s Quem

eli

ser~o

a

populaç~o ju~

v~o

trabalhar.

os _agentes

para os

prÓprios bÓias-frias?

. Esta

quest~o cruc i al s erá

respotidf

da não pela int enç~o dos t es em realizar um

age~

trabalho ,

mas pelo papel preciso

que

e

les ocuparem dentro da

estru-

re

entre o . agente e os

tra

balhadores deve ser . vista corno urna

relaç~o _ social .

Da

mesma

forma que precisamos saber mo os bÓias-frias se carn eles rnesrnos,é

co

i dent ifi

fundamental

que tenhamos consciência de co mo eles nos identificam .

Ma is

que isso: é necessário que

te

nharnos claro . como nós queremo s que eles nos _identifiquern.

De

pendendo da intenç~o que tiveE mos com o trabalho colocaremos um ou outro tipo de agente.

- 13 -


COMITÊS DEMOCRATICOS POPULARES LUTA SOCIAL E LUTA POLITICA EM BELEM - 1945 Jaime Teixeina* Ja i me San~o~ * *

A chamada redemocratização de 1945 abre um per í odo r i co em exp~ riências de lutas populares . Sobretudo hoje, quando atravessamos uma conjuntura em alguns aspectos seme l hante, i nteressa rever criticamente algumas daquelas exper i ênc i as, em busca de subs í di os para o Movimento Popular do presente " Essa e a pretensão dos dois textos que se seguem e que sao o fru to parcial, em termos da . c i dade de Bel~m, de uma i nvest i gação mais ampla que vem sendo patrocinada pe l a FASE em ~mbito nac i onal com vistas a reconstruir a Histõr i a das Lutas Populares no Bras il.

- DEMOCRATICOS - - DO POVO OU DO PARTIDO? COMITES POP LARES: ORGAOS Final da guerra de 45,

o País

Sla , os financistas,

muitos

atravessava o perÍodo da cham~

de stes já intermedlârios

da redemocratização: surgem os

burguesia financeira

novos partidos , a an istia ,

c ional; o P.T . B. (Partido

a

balhista Brasileiro),

Constituinte . Ent r e os partidos saíam: o P.S.D .

se

sobres

(Partido

So

cial Democrático), repr e se nta~ te dos grandes de terra,

proprietários

latifundiá rios ,

ronéis de barranco ; (União Democrática

a

Tra

partido

cri ado por GetGlio para conco~ rer com o P.C.B . (Partido Comu nista Brasileiro) , entre

os

trabalhadores urbanos,se carac

*

Nacional),

guesia, camadas da alta

interna

co

U.D .N .

que represen t ava a pequena

da

bu~

burgu~

Economista 3 Membro da Asso ciaç5o Nacional de P5s-Grad~ aç5o e Pesquisa em Ciências Sociais 3 Membro da FASE .

**Pesquisador da FASE.

- 14 -


pel~

ter i zava pela presença . de gos que procuravam

justificar

surgem nos bairros pe ri f~ ricos

o at r elamento

Sind i catos

e nas empresas ( empresas de fornecimento de energ1a , SNAPP . . . )

dos

ao Es t ado. Era um

partido

de

caclques, c hefe t es . Era um

pa~

t i do para mant er a base

ou ainda nas categoria s (gráf l cos, jornalistas,

polÍ -

marÍtlmos).

ti ca de GetGlio atrav~s de pr~

Suas tarefas eram as segu i nte s :

sidentes pelegos

" l) Lutar pelo arruamento,

nos

Sindica

tos. Valia-se a i nda de

outras

correias de transmissão

como

ar

borização, calçamento, serv iç o pGblico, água, tr~nsito

et c . ;

2) No terreno econ5mico

de

lmpo~

cole t ores, os fiscais de

t os. O P . C.B . (Partido Comunis ta Brasileiro) cresceu entre a classe operária, parcelas

da

fender o interesse dos lhadores, i ndGstr i as

t raba lo c al s ,

classe m~dia e intelectuais.So

proprietár i os;

fria o perigo de

3) Na questão de SaÚde - lutar

esvaziamento

das suas propostas do P.T.B., com

por

parte

o qual em

ter

pitalização, socorro

m~di co ,

tático

policlÍnicas populares;

esteve junto algumas

vezes,

4) Na questão da Cu l tura

submetendo

Pop~

lar - apo i o e coordenação

mais ao jogo polÍti c o do P . T.B .

movimentos

do que lhe dando as regras

no local, conferênc i as,

do

ho~

por saneamento,prof i laxia,

mos de comportamento embora o P.C.B. se

j

Os com i tê s

lÍtica do partido .

do s

prÓ-al fabet i zação deba

.

JOgo.

tes, et c . ;

Esses partidos tomaram

parte

na Constituinte, levando

suas

5)

Na questão . Social- de ve

comitê, fiel à polÍtica de paz

propostas de ree s truturação do

e conciliação de classes

poder, levando suas

nals progressistas de

palavras

de ordem. Nessa conjuntura polÍtica

sur

gem então os Comitês Democráti cos Populares,encaminhados lo P.C . B. , que pretendiam

p~

ser

Órgãos de mobilização, . de . for mação polÍtica da .

população

nas grandes cidades, e base

p~

o

naci~

efi c iên

cia , criar sub-comitês nos

lo

cals de trabalho, defender

a

legislação trabalhista e zelar pelo cumprimento j ust.o das

ta

belas ofi ciais de racionament o de preços . 6) Na _questão PolÍtica- o

co

mitê não somente defenderá co n

- 15 -


cretamente o programa imediato do processo democr~tico pacff! co,

unit~rio,

progressivo e

como também promover~ reuniõe~ conjuntas de industriais . e r~rios, de comerciantes e

pregados, burgueses

Op~

~m

progressi~

..

ves de: "l) Reunião de . uma

Comissão

Provisôria que dirigir-se-~ ao povo pela imprensa,

boletins,

etc., convocando-a para

uma

reunião de fundação em

alguma

casa ou praça pÚblica;

tas, pais e alunos, para

dis

cussão de temas técnicos,

eco

2) Eleição de uma diretoria na

sociais.

Assembléia de fundação,propon-

nÕmicos, polfticos e

à aprovação de um

'Como se vê não h~ campo

para

do-se

o sectarismo golpista ou

divi

festo - programa curto e

sionismo num C.D .P .(Comitê

De

mocr~tico Popular) onde se tra

balhe de verdade'": Além das tarefas

- a diretoria deve ser

(l)

as classes sociais,

refas Eleitorais:

intelectuais, . classes

industriais~comerciantes,

-

me-

dias e trabalhadoras.

r~pidos

para

todas sobretu

do

de alfabetização

ampla

com a participação de

acima

cursos

ela

ro.

cita das, os Comitês tinham suas Ta

"l) Organizar

man1

- deverão ser const i tufdas

ambos

co

os sexos , para futuros eleito-

missões de finanças,

preocupaçao quanto aos candidatos que os

ganda, estudo,desportos,etc.

res sem nenhuma

- os membros que

mesmos irão escolher; 2) Alistar o maior número

demonstrarem

empenho no trabalho

passam

a compor a diretoria (os mem

po~

bros das comissões) .

sfvel de mulheres;

- as rei vindi cações devem

3) Demonstrar por todos os mel os - palestras, impressos

prop~

- de manter a a preocupaçao

vo

ter p~

lftica de paz e un i dade".(3)

lantes, comfcios ,

propaganda individual, etc. - a natureza secreta do voto. Mostrar prat! camente que é impossfvel saber em quem votou o eleitor."

(2)

Do ponto de vista organizativo os comitês se organizavam atra

(l) (2) (3) -Materi al Consul tado: Manifesto-Programa dos Comitês Democráxicos Populares .

Instruções de como os Comitês.

- 16 -

organ i zar


"Os CDPs são organ i smos

amplos, sem cor partidãria e de le podem participar homens _ e mulheres de todas as tenden cias politicas, filosÕficas ou r e l i g ~ 1o s a s , ex c e to os . e l em e n tos fascistas".

Em 14 de junho de 45, a

"Tri

buna Popular", a propósito

da Pop~

Organização dos Comitês lares, publica o seguinte:

"I

númeras Comissões de populares e operários têm procurado esta redação para se informar a re~ peito da formação

de

comitês

democráticos populares.

Nada

mais eloquente e saudável para a democratização do

País,

do

que essas demonstrações . de poio e solidariedade

ao

mento lançado por Luis Prestes em seu

a

mov1 Carlos

histórico

discurso. Isso vem

demonstrar

a capacidade de iniciativa povo brasileiro que

do

compr~e~

..

deu que a organizaçao e

a

g~

um longo perÍodo de lutas pela Democracia, . não . devemos

mais

•incorrer no erro da desorgan! zação do povo na luta pelo a profundamente e consoli dação das liberdades já conquistadas até atingirmos por meio de e leições livres e honestas o parlamento democrático. Esses Órgãos amparados pelo povo or ganizado será . o instrumento p~ cÍfico através do qual se apr~ sentam soluções para os inúme - " .Lemb r~ ros P.roblemas da naçao

va ainda a Tribuna

Popular

- "Esses organismos são amplos sem cor partidária e deles dem participar homens e

P~

mulhe

res de todas as tendências

P~

lÍticas, filosÓficas ou relig! osas, exceto os elementos cistas. Assim

podem

fas

figurar

nos Comitês, catÓlicos, prote~ tantes, espÍritas, maçons, mocratas,

liberais~

de

cons ervad~

res, empregados e patrões, fim todos os . patriotas

e

en pe~

rantia Única para a vitória de

soas dignas _que . deles

finitiva da democracia

participar". _ ~'Quanto as rei vi~

em nos

sa terra. De fato, . a falta

de

organização do povo foi a

cau

sa da vitória do fascismo

em

muitos paÍses. E

os

tri unfos

também que obteve em nossa tria, foram em grande

p~ ~

parte

devidos a essa mesma causa. Ho je que temos a experiência

d€

desejam

dicações especÍf icas , ser formuladas na base de

devem uma

ampla e democrática discussão. Deve haver a organização de um serviço de finanças,atraves de festivais, listas, etc.

Promo

ção de competições esportivas, palestras, sessões de cinema

- 17 -


biblioteca, em função da educ~

membros da famÍlia,

ção democrática dos moradores.

mente quando . se . tratava de uma

Sugerimos que a diretoria

barraca com 2

te

nha no mínimo ~ - membros: presi dente, secretário,

principal

compartimentos;

- instalação de postos

tesoureiro

médi-

cos;

e encarregado de imprensa". - grupo Escolar noturno As reivindicações

especÍficas

para

os operários;

giravam em torno de: - i nstalação de feiras-livres; - limpeza das ruas e sargetas; - alfabetização de adultos, - conserto de pontes;

ficiência no método de

- extensão de linhas de Ônibus; isenção de impostos

Alguns Comitês,tinham nos seus

ras, lenha, carvão, carne de

programas:

porco salgada;

- luta contra as

- isenção de imposto para quem

- luta pela autonomia de

Sindi

cal;

qual

- solidariedade

façam parte: proletários, p~ quenos comerciantes,

i ntervenções

nos sindicatos;

possuisse uma só barraca;

preços nos bairros da

no

Brasil.

verdu

- criação de sub-comissões

ens1

no e incentivo ao estudo

para

vendedores de frutas,

e

à

luta de

ou

tros Comitês;

classe - luta pela Constituinte.

média empobrecida; - isenção de licença de .

qua.!, quer natureza, prefeitura _ou saÚde pÚblica para

os

Envolvido pela ilusão parlamen tar, o Partido jogava ai toda a sua força, menosprezando na prãtica o trabalho de mobiliza ção e organização das massas em torno de seus interesses ime diatos .

que

que1ram limpar . ou cobrir sua prÓpria barraca; - canalização de água; - revogação da proibição transportar o corpo dos

de - P~

rentes mortos para a sala an

A bande i ra da Cons tituinte

no

tes que chegue o caixão

29 semestre de 1945 levava

mu1

da

à

casa funerária; isto prejudi

tos trabalhadores

cava grandemente a saÚde dos

blica. As constantes

- 18 -

praça

-

pu-

concentra


çoes eram promovidas mitês Democrât i cos

C~

dens . A prát i ca do partido pa~

alguns

tia da premi ssa de que a canso

das

lidação das Liberdades Democrá

pelos de

bairros e pelos Comitês diversas categorias

(maríti-

. ticas ia se dar somente

pela

mos, estivadores,trabalhadores

conquista do . parlamento

demo

jornali~

da SNAPP, grâficos, tas) .

livres~ através da nova Consti

A mobilização era ampla

atra

vês dos Comitês, entretanto es tes

. Ja ~

crático, através de eleições

A ênfase dada

começavam a se esvaz1ar

enquanto organização

tuinte.

permanen

à colaboração de

classe confundia . as massas . Os trabalhadores~

sem a hegemonia

te de defesa das condições . de

dentro do partido,

vida dos trabalhadores, de

mesmo a serem . submetidos a

de

chegavam es

fesa do direito de participa -

vaziamentos nas suas lutas por

ção dos trabalhadores nas deci

parte de aliados - exemplo

sões. Na verdade os Comitês _es

tavam subordinados

à

orienta

~

p1co, e o caso de uma

distri

buição de carne feita para

os

ção burocrâtica e centralizado

Comitês do partido, por um ali

ra-autoritâria do Partido Comu

ado,

nista, que não estava

naquele

momento interessado nas

con

quando ~

o . partido

recla

~

ma v a o preço e ausenc1a da c ar ne. A aceitação de uma

burgu~

tra-propostas que surgiam . das

sia nacionalista levava o

bases. Envolvido pela

ilusão

tido a criar . muita confusão

Parlamentar, o Partido

JOgava

ra as massas. Na verdade os em

toda sua cartada aí,

menospr~

zando na prâtica o trabalho de mobilização e organização

das

presários chamados de

pa~

p~

nac1ona

_listas/progressistas, já

eram

asso ci ados dos interess es

lm

"na

bases em torno de . seus . interes

per ialistas e muitos dos

ses mais i mediatos. Muito embo

cionalistas" .. eram

ra se dissesse que os . Comitês

rios na venda de produtos

eram a garantia da

consolida

portáveis (café , borracha, cas

ção das liberdades

democráti

tanhas) apresentando laços

de

cas , as movimentações dos Comi

toda ordem com interesses

da

tês iam se acabando .

burguesia internacional .

Pratica

va-se a mera doutrinação

-o na

intermediá-

tros eram defensores

ex

Ou-

da parti

se traduzindo para o povo

de

cipação das empresas estrangei

modo claro as palavras de

or

ras no abastecimento - 19 -

de

~

agua


(Byington & Cia) Luz (Light) e

os organismos _de base

nos transportes. Os casos

nham força para mudar a

preocup~

lados de empresários dos com a questão

iso

tura do

nacional,n~o

poder ~ _ No

não

final,e~

seu

camente para _a

nar uma categoria . social

mo se 1sso fosse o tudo

p~

parti,

tados, colocados na

il egalid~

de, e traÍdos pelos

oportuni~

tas que se aproveitaram também

do orientava sua prática, mes ~

do partido.

mo em relação aos . Comitês Demo cráticos Populares.

Diante da volta da antiga Trutura polÍt ic a,

Além da ilusão parlamentar, da colaboração de classe com

execut ivo ,

ciário nomeado pelo executivo,

dos mais vantajosos para a bur

embora na Constituinte

p~

houves

se uma proposta de que o

l!tica de paz . Era afê chamado

mes-

mo fosse eleito pelo povo), o s

de o "partido da ordem",

sem que em a

bril de 1947, com toda a

es

legislativo . e judiciário (judi_

sal

gues1a, o partido pregava a

o

País. Os Comitês se vêem derro

la ação do imperialismo".

ao menos desconfiar

neces

sário para redemocratizar

ticamente definida -::- '.' contrari

Esta análise feita pelo

un1

Const it uinte,c~

eram suficientes para _ determi,

ada na qualidade de classe,

e stru

Tavam confusos e . voltados

poli_

ti

em

Comitês nada representam termos de decis6es .

C6ns

1946,de~

tituinte, com a vigência do le

A redemocratização de

gislativo e judiciário, ele

1

sa forma, v ai significar

ma1s

il ~

uma vitÓria dos magnatas

da s

r1a ser cassado, declarado gal nas suas atividades. uma confusão

para

as

finanças, dos

Mais massas

latifundiários

ilustrados, dos . grandes

capit~

que não estavam preparadas

p~

listas, dos Coletores, grandes

ra enfrentar esse combate

da

comer ciantes, dos burocratas.

classe dominante.

Ai nda que para alguns

militan

tes do Partido houvesse a pectiva dos Comitês

Esvaziados e voltados unicamen te para a Constituinte,os CDPs se vêem derrotados e desapare cem com a ilegalidade do P.C.-

Democráti

cos Populares virem a ser ganização nacional

"or

autônoma,

através de federaç6es, congre~ sos de direç6es

estaduais

nacionais, reconhecidas Embora houvesse mui t a agi t ação, -

per~

20 -

e como


autênticas federações

n a c1o

minados do Partido que, nas

na1s progressistas, com

cotidi .

lianças entre . v anguardas,

ções de satisfazerem _sistemati _ pop~

camente as reivindicações lares e garantir em

a

pectiva

n~o

per~

apar~

pareceri am na . luta pelo

. lho de Estado . tal qual ele democratizar somente com

se uma

simples Constituinte, ~

foi alcançada e os

Comitês desaparecem com a

des~

apresentava. N~o ~ possível r~

existên

cia da Democracia", esta

a

il e

so mudar e garantir a

preci estrutu

ra do Poder.

gal i dade do P.C.B. Os Comitês desaparecem

Desse modo os Comitês

pela

fragilidade que representam na luta pelo poder, pela _

ilus~o

que se levou às massas de

peE

manecerem na defesa de _seus in teresses econômico s ,

reservan

do -s e a luta polÍtica aos

ilu

Democrá

ticos Populares constituem

p~

ra nós uma liç~o. Ficaram

re

gistrados na . História Brasilei ra com uma simples funç~o elei tora::J._ , temporária , como

"cabi

de " polÍtico do Partido nista Brasileiro.

Comu

-

OS COMIT ES DEMOCRAT ICOS POPULARES E A LUTA CONTRA A CAREST IA

so

culminou com passeata em 1947 .

CDPs ,

"A Campanha contra Fome ", como

Num estudo ma1s detalhado bre os manifestos dos uma

preocupaçao

e-

constante:

foi

a carestia. Seja a nÍvel do ba rateamento dos generos de l anecessidade, seJa

explicitame~

te no pedido de

barateamento

do Custo de Vida em geral, mesmo atrav~s da de comissões de

chamada~

talaç~o

constituiç~o

tabelamento

in~

de "bancas de queixas"

por parte dos . estudantes

secu~

daristas e un iversitários, postos da

ou

começou com a

cidade~

para

que

em o

denún-

povo em geral fizesse

c1as dos nomes de comerciantes que est iv essem vendendo

ac1ma

dos produtos ma1s _consumidos.

do preço tabelado. Basicamente

Essa preocupaç~o sem

as bancas tinham os

_dúvida

vai servir para uma grande nifestaç~o

ma

seguintes

objetivos:

popular que começou

a ser organizada em 31/09 / 46 e

1) Receber denúncias contra os - 21 -


exploradores do povo ;

lista , comerciante,

2) Contra os que vendiam acima

t ant e do exércit o, repre s ent a~

dos preços tabelados;

te do s es t udant es .

3) Contra os que

O a cir r amento da

retinham ou

escondiam mercador i as para

pr~

tegidos. O denunciante não precisava se identificar, cabendo

aos estu

dantes comprovar e levar os no mes dos " tubarões " ao

conheci

mento da Delegacia de Economia Popular , além de denunciar

deu quando os

repre se~

Campanha

estudantes

re l

vi nd icaram e con s egu i ram

com

algun s elementos dos CDPs

car

tõe s que lhes davam d i reito de fiscal i zar o s preços e tar a verac i dade

c on sta

das

cias, ag o ra de uma

den ún

forma

c re

denc i ada .

na Além d i ss o foram

imprensa.

instal a da s

fe i ra s - livres para a venda A

i nstalação

de " bancas

de

queixas " era feita nas princi pa i s ruas e era fes t ejada tambores· e discursos . A c ampanha não se

banc a de queixas mas,

...

a

ao lado

à no i te, os

dessas, geralmente es t udantes saíam em

fazendo visitas

com

limi t ava

caravanas

aos

bairros

at ravés dos CDPs para que o p~ vo part icipasse da

campanha.

Além d i sso , havia sempre pale~ tras feitas pelos

mesmos e

Comissão de Debates

a

Populares

sobre as causas do Custo de Vi da. O Estado, na tent a t i v a de can~ lizar os descontent amen t os , deração as Comis sões ços c ompostas por:

p r odut os ma i s baratos . mai s , em termos de

de

F~

Pre

polÍt i co ,

exportador, i mportador,

jorn~

- 22 -

de

Ai nda

result ad os p r~

i med i atos, chegou a haver

s õ es de comerciantes que ven di am a l ém do preço tabe l ado . Os debat e s s obre o cus t o de

Vl

da g i r av am em t orno

da que ~ ... tão: "Quem e o causador do Câm bio Negr o ? o pequeno, o al-ro comércio o u amb os? Al ém d isso os deba t e s c hegar am a questio nar o p rÓ pri o preç o da s r aço- e s de an i mais domé stico s - comes t í v e is , f a t or i nfluent e n o pr~ ço final de s ses produt o s .

...

cria em algumas un i dades da

se

De v emo s o bservar por em

que na

ma i or i a d a s v e z es - c om

raras

exc eções - os at i ng i d os da Cam panha foram os pequen o s

comer

c iant e s , d o n o s de tabernas ,

a

pesar d os tímidos apel os p~r a que e ss es denun c iassem tambem ,


-

a fim de que nao fossem

consi

derados os Únicps responsáveis pela

exploraç~o

vamos este fato,

do povo. Obser na- o

porque

encontramos nos dados

colhi

dos, nenhuma referênc i a

aos

estocadores dos gêneros de pr~ me i ra necessidade, assim

como

n~o est~o

deba

presentes nos

tes os problemas do homem

do

campo, desprovido de . assistên

.

... maqu~

cia, crédito, adubos e ~

nas para produzir mais generos alimentícios e uma progress1va diminuiç~o

dos preços

Um outro setor que nos n~o

desses. parece

ter sido incluÍdo ou atin-

gido pela Campanha . foi o setor dos grandes lojistas, res de tecido ,

vendedo .

eletrodomésti

cos , etc .

cipalmente porque de um

lado pr~

alguns comerciantes eram sos, embora fossem soltos oia

seguinte~

no

Por outro

os part icipantes da

lado

Campanha

colocavam os nomes em

jornais

e os denunciavam publicamente. A primeira medida

repress1va

contra a Campanha foi o

reco

lhimento dos . cartões de fiscalização por . parte do governo das

m~os

de estudantes,alegan-

do o fato de . já haver um repr~ sentante desses . na

Comiss~o

de

preços; além _do mais,

argume~

tou o Interventor

Federal

- "N~o tinha base jurÍdica transferência . de poderes

a ine

rentes à polÍcia, para estuda~ tes e outros". Seguindo a

sua

investida contra a Campanha, o

Uma característica . forte . do . mo

governo sutilmente coloca poli

vimento, no entanto, é a cola-

ciais

boraç~o

xas.

e de certa maneira

a

confiança em elementos dos

p~

pode~

do perceber ligações que o verno tinha com os grandes pitalistas responsáveis distribuiç~o

e venda

-

ep~

deres estabelecidos nessa ca de transiç~o, n~o se

junto às bancas de quei

g~

ca pela

desses

Durante as passeatas, dezenas de oradores falavam sobre a alta dos preços atacando os exploradores do povo, os atra vessadores e aqueles que vendi am no câmb i o negro .

produtos. N~o

sa

demorou muito para que colaboraç~o

fosse

es

rompida

Em fins de 46 início de 47

a

por parte do governo. A campa-

preocupaç~o

geral, segundo

de

nha começava a i ncomodar,prin-

poimentos, era as eleições

p~

-

23 -


ra a Assembléia Segundo um dos

Constituinte. entrevistados:

"passamos dessa Campanha

para

Durante as passeatas mals

de

dezenas de oradores falavam so bre a alta dos . preços atacando

e lei e achamos natural porque achamos mais importante . a se

os

gunda". Conclusão: houve

um abandono das bancas de queixas

alusão

em dezembro de 1946 e a Camp~ nha contra a . fome só serla re

de ciclos inflacionários, tampouco

tomada em meados de

fevereiro

já naquela época~ de país per!

de 1947, por alguns

sindica

nos preocuparmos com as

çoes,

tos, quando surge em cena a União Geral dos Proletários (UGP) convocando união de to dos os sindicatos e o povo

em

geral a fim de organizar novos protestos. Em 04 de março de . l947, a UGP,

-

apos reunião com os

sindicatos, passam a liderar a Camp~ lanç~

nha contra a Fome, com o

exploradores~ .

aqueles

que

vendiam no câmbio negro o Nesses discursos não

notamos

à essência do

sistema

capitalista . de . produção, fonte

à situação do

nem

Brasil

férico e dependente. ApÓs vários comícios e passe~ tas foram criados os "Comitês Contra a Fome" . que tinham objetivo de defender os

o inte

resses dos trabalhadores,

reu

nindo trabalhadores, donas

de

casa, estudantes~ etc. Os com! tês deveriam.retomar a respo~ sabilidade de . denunciar os que vendiam acima . do preço

tabela

mento de manifestos . dirigidos

do, levando . seus nomes para

ao Presidente Eurico Gaspar Du

Delegacia de . Economia

tra, e aos interventores o

No

lar - espécie de Sunab .

dia seguinte . forma-se . uma

co

a

Pop~

nha Contra a Fome, que lança à

Os Comi tês Contra a Fome, embo ra com atuação discreta, subs

população em geral um . manifes

tituíram as bancas de

to-convite para um comÍcio-pa~ seata.

e os CDPs (Comitês

missão organizadora . da

Camp~

A UGP também era regida pelos princÍpios da União Nacional pela Democracia, sendo sua

di

retoria composta por elementos de diretorias dos sindicatos.

- 24 -

quelxas Democráti

cos Populares) - idéia que mo~ reria após ter sido colocado na i legalidade o PC- ,porém vão ser nÚcleos de mobilização

p~

ra a Última . manifestação

da

Campanha Contra a Fome, em

12


de dezembro de 1953,

chamada de "Marcha de Fome" , . marcha de

lugares a polfcia reprimiu a Marcha com jatos d'água e Pe~

caráter nacional. Em

lotões de intimidação .

alguns

-

25 -


····- -------- ·- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

- SEM PATENTE = CORONEIS - CONSERVADORA A MODERNIZAÇAO NO SERTAO ~PERNAMBUCANO <l )

Te.Jte.za. CJr..L6:tJ..na. L. de. Se.ne.j o

Ultimamente o coronelismo

t em

sido objeto de vários

traba

lhos que, a partir de

pesqu~

sas efetuadas em

diversas

giões do paÍs, vêm

re

contribuin

contro l e adotadas pelos "mode.E_ nos coronéis " sobre a

socieda

de local , assim como a utiliza ção da política

desenvolvimen

tista como mecanismo de

refor

do de forma significativa para nossa historiografia , Todavia

ço ao seu poder, contando para

grande parte destes estudos

estadual e federal .

- perceberem os cam por nao

" coro

néis " a fim de assegurarem seu mando ,

nosso entender, o

t

No

tot a lmente

- como acreditam muitos especi:_ alistas no assunto -

conseg u i~

exigê~

do amoldar-se às novas

cias do sistema capitalista ,em

- e ao mesmo sua expansao,

es

trutura econômica, social e p~ tentáculos do sistema

os

de seu

sus

corone

lista de maneira a garantir continuidade

Costume i ramente

a

figura

gra~

" corone l " é associada ao de propri etário rural

do

que

de

tem o poder polÍtico mun i cipal devido ao c ontrole que sobre o eleit orado trole e s t e obtido

exerce

rural, c on através

de

te m

po mantendo os aspectos da l Ítica que constituem

AS FORMAS DE CONTROLE

a

coronelis mo

não desapareceu

governos

me1

os adotados por vários manutenção de

p~

isto c om o apo1o dos

a

poderio ,

Neste sentido, este artigo curará mostrar as formas

pr~

de -

(1 ) Es t e art i go est~ calcado sobre uma dissertaçã o de mes tr ado ~ elaborada a par t i r de uma pesquisa efetua da n o munic{pio de Petroli na-Pernambuco (194 7-19?ô) e que ~ sob o mesmo t{tu l o~ foi apresentada ao Curso de Mestrado em Hist5ria da Uni v ersidade Federal Flumi nense . 26 -


" p re ssõ es e presentes ." .

Estas

como também pelas

formas

ado

abor d a g ens simplistas habitua!

tadas para a extração

ment e ma s caram a realidade

valia. Através destes três

-

so

c io-econômica da qual o corone li smo é fruto, ao mesmo

tempo

em qu e c amuf l am algumas

das

f ormas de controle

exercidas

p elo s ' 1donos do poder"

da mais

...

nl

v.e1s - submissão, solidarieda de e dominação - os "coronéis" exercem seu controle

sobre

a

clientela.

local

sobre a população. Denominamos .

A submissão do cliente ao

concretame~

esta s fo rmas de controle da se

garca manifesta-se

guinte maneira: submissão,

te quando apela para que

so

l i dariedade e dominação, de a cordo com as respectivas esp~ . c ificidades; a tentativa

de

rompimento desta estrutura

se faria através da autonomia.Por patern~

submissão entendemos o

oli ·es·te

o retire ou a um parente da c a deia; e também quando pede

em

prego, dinheiro emprestado, au xÍlio numa doença, ou então na seca; é também quando é readmi tido pela oligarquia predomi -

l i smo, a "rede de favores" com

nante em seus quadros como for

que a oligarquia predominante

ça de trabalho, num

( 2 ), ou seja, os · coronéis

de máxima "boa vontade" . A oli

volvem o cl i ente,

en

atraindo-o

para s1, a f i m de que

se colo

que sob sua "proteção".

Esta

submissão se solidifica,

acen tuando mais ainda os laços que ligam o cliente

ao

oligarca

através de comportamentos

1ns

t i tucional i zados ao nÍvel

so

c ial, como por exemplo o drio, ocasião em que se

comp~

festa a sol i dariedade

verti

cal, isto

ambiente

é, as relações

man1 oli

garquia predominante/clientela real são especÍficas de uma s~ ci edade de· .ti po estratificado. A dominaÇão deve ser entendida não só em termos de violência, -

(2) Estamos considerando oli garqui a 'f? 'r'edóminante como a parentela que detem primor dialmente a liderança poli tica local~ podendo ou nãõ extrapolar sua influência de maneira marcante ou não para a pol{tica no âmbito estadual e até federal. O poderio dessa parentela ad vém da preponderância que exerce sobre as forças pro dutivas~ tanto vinculadas ao meio rural · como ao urbano~ e a partir deste ti po de dom{nio econômico justificamos sua influên cia sobre a poRulação lo cal~ considerada fundamen talmente enquanto eleitÕ res e portanto o sustentã culo~ em Última análise; do próprio mando pol{tico da oligarquia predominante. 27 -


garquia predominante

reto aos me1os de dec isão

provoca

assim uma certa competição

p~

lÍtica, podem se atrelar

los seus "favores" entre

os

mecanismos do "voto de

aos cabres

clientes contemplados por

el~

to" ao concederem

de forma personalizada, a

tal

(solidariedade horizontal)

ponto que isso d i ficulta as

r~

lações entre os clientes,

seu

relac io namento horizontal,

ao

mesmo tempo em que favorece relação vertical desses

a

que lhes sejam Úteis. O drio também pode estar dominante e a ol igarquia

pred~

dida em que a vertical implica,

for

ma1s

clientela m~

solidariedade até

certo

ponto, na submissão .

oliga~

quia predominante, como

prese~

e as camadas dominantes, na

pelo

à

comp~

grupo

te quando envolve a

a

zontal deve ser entendida aqui grupo dominante (3)

o

te nas relações entre o minante, mas ele é

so

vertical. A solidariedade hori como o apoio concedido

de

municfpio obras governamentais

encon

l1dariedade: a horizontal e

para

compromis sos ", carre ie para

pr~

tramos assim dois tipos de

à

que esta, através do "jogo

dominante. No sistema coronelista

apo1o

oligarqui a predominante

clien

tes com ela, a oligarquia

seu

uma

forma daquele obter e garantir seu prestfgio social. J~ a

t

so

(3) Por grupo dominante enten demos aqui aqueles elemen tos que exercem um certõ controle sobre as forças produt ivas do munic{pio, mas não de maneira tão de cisiva quanto a oligarquiã predominante, em relação à qual não está vinculado por laços de parentesco muito próximo, de tipo con sangu{neo. Englobamos ne; ta parcela da população os médios e grandes proprietá rios, os médios e grandes comerciantes e os industri ais, quando estes surgem como categoria social dis ..f;inta.

lidariedade vertical, ao v1ncu lar a clientela real (4) garquia predominante,

à oli

signif_i

ca que a primeira espera

atra

vês deste mecan1smo, ser

"a

grac i ada" pelos "favores" tribu{dos pelos chefes

dis

polft_i .

cos. O "voto de cabresto", uma das manifestações da solidarie dade, representa uma forma cliente demonstrar sua

do

grati-

dão (solidariedade v ertical) à oligarquia predominante.

(4) Consideramos como cliente la real dos coronéis aque les elementos que,integran tes do meio urbano ou r~

Tam

bém os integr~ntes do grupo do minante, que não têm acesso di -

28

-


A dominação se

manifesta

con

dores rurais, acentuam a forma

da

de controle dominação, uma vez

violência fÍsica, mas das

di

versas formas de opressão

às

que originam vários subgrupos • de trabalhadores, hierarquic~

~

cretamente através não

so

quais a clientela está submeti

mente distribuÍdos; esta

hie

da, como por exemplo,

rarquia contribui para a

qu~

casos que envolvem sobre terras,

aqueles disputas

especialmente

seu cercamento e ainda,

dispe~

sa de trabalhadores sem o tal cumprimento da

to

legislação

respectiva. As diferentes

bra da solidariedade

horizon

tal e por conseguinte ta

acarre

a desunião, facilitando em

contrapartida a dominação. Tam bém englobamos nesta forma

de

for

controle a compressão exercida

mas de extração da mais valia,

sobre o eleitorado às vésperas

que vêm a caracterizar as

dos pleitos, quando o

versas categorias de

di

trabalha

cliente

é ameaçado de represálias,

ca

so não vote com o coronel.

I

ral~

lhe estão vinculados de alguma forma~ numa situação de solidariedade vertical. São seus vaqueiros~ agricultores~

operários~

compadres~

Tais são, portanto, as de controle

formas

utilizadas

pela

oligarquia predominante

sobre

a clientela, ou seja, a submis

cabos eleitorais~ e mais alguns pequenos proprietários~ pequenos comerciantes e co merciários~ isto é~ todos a queles que lhes devem favõ res~ todos os que compÕem o seu "curra l eleitoral". Já a clientela em potencial é constitu{da por aqueles e lementos das camadas médias ou das camadas de baixa ren da~ oriundos do meio urbano e rural que não se encontram sob o controle direto do co ronel~ votando ou não com e le. São os que exercem ativ7 dades que escapam ao contrÕ le direto do coronel~ com o qual não mantém v{nculos de compadrio~ de amizade~ não integram seu àiretório polf tico~ enfim~ todos os que não estejam submetidos a qualquer forma de controle direto. -

são, a solidariedade e a

domi

nação, mecan ismos que envolvem o nível político,econômico, s~ cial e religioso. Para com estes

mecanismos~

romper os

cli

entes vêem a autonomia como

o

ideal a ser atingido,quando en tão cessariam as formas de con trole a que estão

submetidos ,~

través da conquista da indepe~ dência econômica . Esta

seria

-

alcançada por meio do acesso a

.. terra com a aqu1s1çao

de

pequena propriedade, com o tabelecimento de uma

uma es

pequena

casa comercial, etc. enfim, al guma atividade econômica 29 -

que


no plano ideal

não o

submeta

contrárias

à ordem

estabeleci

diretamente a ninguém. Todavia

da - ideologias estas

conside

essa almejada autonomia

radas como fruto

miséria

está

da

longe de ser uma realidade efe

- e tendo, portanto, como meta

tiva, pois, ao se lançarem

final a preservação da

no

ordem

mercado os pequenos produtores

vigente, ou seJa, o

e os pequenos comerciantes são

polÍtico e a estrutura sócio-e

obrigados a competir em "igua;_!

conômica. O desenvolvimentismo

gra~

dade de condições" com as

forma,con~

des empresas. Desta

sistema

viria então para tentar nuir as discrepâncias

dimi

-.

SOClO-e

tata-se que as malhas do poder

conômicas entre as massas e as

da oligarquia predominante

elites, como forma de garantir

a qua~

tingem os clientes, mesmo

do em termos econômicos-ideais, eles possam ter

alcançado

a

sonhada autonomia.

a manutenção do "status quo". O Nordeste, e em particular

o

PolÍgono das Secas

a

devido

suas particularidades em

fun

ção das condições de ordem cli

O DESENVOLVIMENTISMO

mática, tem sido objeto de uma política governamental com cer

Embora o conceito de

desenvol

vimentismo enquanto associado

tido, foram criadas algumas em

t

a uma ideologia especÍfica

se

Ja mais correntemente aplicado Kubit~

ao governo de Juscelino chek, vamos

aqul

utilizá-lo

num sentido mais amplo. deramos o

Consi

desenvolvimentismo

como a expressão de uma tica que Vlsa,

num

~

.

economl

co basicamente em termos titativos, como um dos de impedir a eclosão de mentos de inquietação ou, até mesmo, de

presas pÚblicas a fim de plantarem a polÍtica

lm

desenvol

vimentista na região.Assim nos deparamos com a SUDENE - Superintendência do

Desenvolvimen

to do Nordeste - Órgão de coor eufo

denação,criado em plena

prlmelro

plano, o crescimento

tas especificidades. Neste sen

qua~

melos movl social

verdadeiras

revoluções sociais, e de

con

ter a propagação de ideologias -

ria desenvolvimentista juscel! nista; com o DNOCS

Departa-

mento Nacional de Obras Contra as Secas - cuja meta

primordi

al vem a ser a organização dos serviços contra os efe i tos seca; com a EMBRAPA

da

- Empresa

Brasileira de Pesquisa

Agrop~

cuária - e com a CODEVASF -Com 30 -


panh ia de Desenvolvimento Va l e do São Francisco -

do arcan

-

local e a CODEVASF, empresa p~ blica vinculada ao Min i stéri o

do aquela com a parte de pe~ quisa e esta com a de desenvol vimento; etc. Francisco de Oli ve i ra, em Elegia para uma Re ( li )g i ão, demonstrou enfatica

abrange todo o Vale do São Francisco. A área sob a jur i~ dição da 39 Diretoria Regional da CODEVASF atinge o Norte da

mente como a SUDENE se

Bahia e parte oeste de

consti

do Interior, cujo campo

de

a

~ão

Pernam

tui numa intervenção "planeja da" do Estado no Nordeste, ten do em v i sta o "conflito de c l assesque aparece sob as rou

buco, tendo como "polo econômi co" mais importante as cidades de Petrolina e Juazeiro, em cu foram ja zona de influência

pagens de conflitos regionais ou dos desequilÍbrios

montados alguns projetes de ir

nais" e de que forma o

Massangano, Tourão, Curaça, M~ niçoba e Mandacaru, perfaze~ do um total de 37.029 ha irri

. DNOCS

foi capturado pela oligarquia algodoeira-pecuária (5), ou s~ ja, pelos coronéis da região do PolÍgono das Secas, rev~lan do a manipulação privativist~ do referido Órgão. '

Abafados os movimentos sociais ocorridos na Zona da Mata, a política oficial passou a de senvolver projetas destinados ã montagem de infra-estrutura para medias e grandes empre sas, em .detrimento dos proji tos de col6nizaçã6.

rigação, a saber:

Bebedouro,

e de 28.300 oportunid~ des de empregos diretos previ~ tos. Os primeiros projetes de irrigação idealizados pelos Ór ~ados

gãos governamentais para o Va le do São Francisco davam mal volta o r ênfase aos aspectos dos para a colonizaÇ'ã o; porem atualmente a prioridade está

-

nos projetes destinados a mon tar a infra-estrutura para o estabelecimento de médias e grandes empresas, projetes

Através da pesquisa que endemos no municÍpio

es

empr~

Pernamb~

(5)

cano de Petrolina pudemos con~ tatar a relação existente en tre a oligarquia predominant e

- 31 -

OLIVEIRA~

Franaisao de - E Zegia para uma Re(Zi)gião7 SUDENE, Nordeste, Planeja mento e ConfZito de Ctas ses. Rio de Janeiro, Paz Terra, 1977, p.B-9 e 46-47 ·.·

e


tes que já suplantam os destinado s à

em

área

Desta forma, a ' ação ·da CODEVASF

colonização.

no Vale do São Francisco ampli

pr~

Paralelamente aos grandes

ando seu apoio às

médias

e

jetos, a CODEVASF tem em vista ...

grandes empresas em detr imento

desenvolver o Programa de

dos colonos, e i mplantando

Pro

jetos Isolados, visando lncenproj~

tivar a implantação de

jetos de irrigação nas grandes propriedades do município

de

tos de irrigação (pequenos com parativamente aos demais) em propriedades particulares, a

r1a local, baseada na

través do crédito rural

orien

propriedade. Achamos que a

tando; técnicos daquela

empr~

alização inicial dos

sa realizam os estudos cos, elaboram os orientam a sua

bási

projetos

e

pr~

Petrolina, vem a se constituir num reforço à estrutura fundiá grande id~

projetos

de irrigação para o Médio São Francisco pela SUDENE e FAO

implantação. Neste sentido, os bancos ofici

"Food and Agriculture

Organiz~

tion" - objetivando

entregar

ais com agências em

as glebas aos colonos, foi

Petroli

na - Banco do Brasil, Banco do Nordeste do Brasil e Banco Desenvolv i mento de

de

Pernambuco

re

flexo dos movimentos soc1a1s (Ligas Camponesas) ocorridos na Zona da Mata; na medida

em

- atuam prioritariamente atra-

que estes movimentos foram aba

vés das carteiras

fados, deslocou-se o eixo

de

crédito

rural e inGJstrial. Assim, uma das metas dos projetos de irri gação da CODEVASF diz respeito

CODEVASF nos parece ser

r efle

do

instalarem

nhada na permanência da estru-

outras

regiões do país, inclusive na área, principalmente beneficiarem aqueles

polÍt ic a que vinha sendo adota da. Além disto, este desvio da xo de pressões tanto da oli ga~ quia predominante lo c al - emp~

a atrair indÚstrias de Centro-Sul para se

da

para

tura fundiária,uma das

bases

produtos

de seu poder - como da

burgu~

agricult~

provenientes de uma ra irrigada que as

pesqu1sas

demonstraram serem

altamente

adaptáveis à zona de baixos Ín dices de precipitação pluviom~ trica.

-

sia do Centro-Sul interessa da em se instalar nas férteis terras do vale sanfranciscano, férteis enquanto irrigadas , e principalmente tendo em

vista

já encontrar a infra-estrutura

32 -


pronta, montada pelo

Estado.

Por outro lado , a mudança diretr i zes da CODEVASF

das

demons

tra o poder da burguesi a dominante local, oligarquia

através

das relações entre a

CODEVASF

e a oligarquia predominante

l~

pr~

cal, o planejamento não slgn~ • fica a presença de um Estado

e~

mediador, mas slm a de um Esta

do

Centro - Sul e da oligarqu i a

Como pudemos perceber

-.

ta que se beneficiou diretamen

do capturado. Aos coronels

te com a política

teressam atrair

desenvolvi

as

ln

empresas

mentista. Daí Florest an Fernan

p~blicas pols na medicla em que

des afirmar que "torna-se

deixam patente seu

possível qualquer

lm

modalidade

relaciona

mento com os referidos Órgãos,

de revolução agrÍcola ou

eles assumem o papel de elemen

forma agrária 1

tos progressistas,de

're e, o que é pior,

são os estratos 'mais

moder

'influentes' da economia agrária que beçam a cruzada

enca

contra

benfeito

res p~blicos, o que em

termos

práticos redunda em votos

e

consequentemente no fortalecimento do mando local.Neste sen

quer mudança que possa alterar

tido, a oligarquia

a 'es trutura da situação'

ou

te procura colocar "seus

simplesme nte ameaçar o seu

p~

mens" ocupando cargos

predomina~

ho nessas

der de decisão e de dominação"

empresas de forma a que

(6). Devemos ter em vista

que

possam atender sua

a oligarquia predominante

lo

como garantir sua

cal é a ma ior proprietária

de

cia, ou melhor dizendo, a cap-

terras do mun icÍpio . " . .. a mo

tura dessas empresas, de mane!

dernização da economia

agrá-

ra a que elas se

ri a - diz a inda o autor

aclma

em mecanlsmos de reforço a seu

citado -

nao

e,

em si e por Sl

mesma, um fator de mudança

es

trutural da situação ou de

su

peração efet iva das

iniquid~

des sóc io- econômicas , c ulturais e polÍticas. Com

frequência,

ela se opera sem afetar

profu~

damente a concentração

social

da renda e do poder" (7).

clientela interferên

transformem

poder io .

(6) FERNANDES, Florestan -Ano tações sobre o capitalismÕ agrário e a mudança social no Bras il . In:SZMRECSANYI, Tamás e QUEDA, Oriowaldo, ed. - Vida rural e mudan ça social. São Paulo, Ci a~ Ed. Naáional. 19?3.p.148. (?) Ibid., p. 149.

-

tanto

33 -


os

11

CORONtiS SEM PATENTE 11

co ro

mos de reforço ao poder

nelista se os "coronéis " " c apA maior parte

da

historiogr~

fia especializada costuma afiE mar que o coronelismo ceu ou quando

..

desapar~

muito, encontra

turarem" estes aspectos

carac

terísticos de uma sociedade c~ pitali st a em expansao,

enqua!!.

to asso ciados.

-se em franco declÍnio.

Neste

Sendo a ssim , acreditamos

sentido, declara Victor

Nunes

persistência do sistema coron~

Leal que a vitalidade do

coro

nelismo "é inversamente propoE_ cional ao desenvolvimento

das

na

lista até os dias atuais,

peE_

sistência esta obtida em

fun

ção da adequação deste sistema

atividades urbanas, como sejam

à nova realidade com que se de

o comércio e a indÚstria.

para, fruto da expansão do

Con

sequentemente, o isolamento

ca

~

e

pitalismo . Desta forma, denom!

fator importante na formação e

namos de "coronel ismo moderno"

manutenção do fenômeno...

a associação entre

Es

te sistema polÍtico é dominado so entre o poder privado dente e o poder pÚblico lecido" (8). Maria reira de Queiroz pensamento

deca forta Pe

expres ~ a

um

semelhante ao asse deca

dência da estrutura coronelista" foi desencadeado

pelo"cre~

cimento demográfico,

urbaniza con~

ção, industrialização (e) tituem processos que se volvem associados ou maneira acelerada ou forme o momento

lementos resultantes do formações sociais e

gura do "coronel", tendo alicerces relações

{8)

de

têm

lugar" (9). No nosso entender, crescimento demográfico, nização e industrialização

urba p~

mecanis

-

siste

ma polÍt ico centralizado na fi por

fundamenta

LEAL~ Victor Nunes Coro nelismo~ enxada e voto: o mun ic~p~o e o regime repr~

sentativo no Brasil . 29 ed. São PauZo~AZfa-Omega~19?53 pp .251 -252.

nao, con

conforme a região em que

desen

polÍticas

recentes. Vemos assim o

desen

nao,

histórico, ou

dem se constituir em

coronelismo tradicional e os e vol vimento econômico e das trens

Isaura

verar que o "processo de

ma ioria

dos elementos constitutivos do

comproml~

por uma relação de

a

(9) QUEIROZ 3 Maria Isaura P~ re ira de - O corone Zi smo numa interpretação socio Zógica . ln: · FAUST0 3 Boris~ ed. - O Bras il Republicano: estrutura de poder e e Cõnomia(1889-1930 ).São Pau Zo 3 DifeZ 3 19?5 3 T.III v. 13 p. 186. 34 -


das no patrimonialismo e no

p~

medida em que paralelamente

-a

ternalismo , através de mecan is

grande propriedade territorial

mos tais co mo casamentos ,

(e algumas vezes, o comércio) ,

com

"novo s coronéis" também têm

padrio, controle de cargos cha

QS

ves, concessao de

sua base econômica

benefÍcios

ao eleitorado, vot o de to

cabres

(numa ocasião em que o

-

e

alicerçada

sobre a indÚstria. Através

da

pesqulsa que empreendemos

no

leitorado urbano e superlor ao

municÍpio de Petrolina pudemos

rural, em termos

constatar como os sete

filhos irmãos

numéricos),

com o intuito de obter a

lide

do "coronel" Quelê, os

rança polÍtic a local por

melo

Coelho (11), assumlram na déca

as

da de 1950 o controle polÍtico

pectos i deolÓgi cos- partidários

local, controle este pelo qual

são relegados a um

o falecido "coronel" vinha

de compromissos em que os

segundo

lu

plano em benefÍcio do apoio ao

tando . desde os anos 1920. A no

s ituac i onismo estadual,

va oligarquia predominante

este qual for; tal

seJa

mesmo tempo em que se afirmava

liderança,

sancionada pela "polÍtica

ao

dos

politicamente, expandia seu

governadores" (10), não foi a1:_

derio econômico. Assim,

t erada pela expansão dos meios

mitantemente

de comunicação, como

tividades econômicas

afirmam

p~

conco

à dilatação das a desenvol

vidas pelo " coronel " Quelê - a

alguns especialist as.

pecuária extensiva e o

comér

cio de produtos regionais - os

Os 11 novos coroneis 11 atendem seus clientes tanto através da admissão em seus prÕprios qua dros como colocando ~ os nas em presas estatais e Õrgãos pÜblT cos por eles 11 CapturadOS 11 , e xercendo assim forte controle sobre o mercado de trabalho lo ca1 .

No "coronelismo moderno",

os

meios de comunicação, onde des tacamos os transportes,

desem

penham um papel primordial

na -

Coelho se lançaram no setor in dustrial, fundando em 1957

as

IndÚstrias Coelho S/A, de bene

(10) Por "pollt ica dos governa dores" entendemos aqui ~ apoio dado pelo situacio nismo estadual aos chefes politicas municipais atra v~s da "carta-branca" d~ que nos fala Victor Nunes Leal~ op. cit.~ p. 50. (11) Trata-se de uma dominação "colegial"~ segundo a ti pologia de Jean Blondel~ ou seja~ "cada membro da 35 -


ficiarnento de algod~o , 61eo de

predominante em assegurar

con~

rnarnona e ourucuri, a qual

controle p ol Ítico. Verificamos

ind~stria

titui hoje a ma ior

corno paralelamente

ao

acesso

do Sert~o nordest i no. Al~rn des

ao mando local, os Coelho

ta, a oligarquia

rarn grande impulso a'

predorninanie

petrolinense detem o

o

controle

de

expansao

econôrnico - finan c eira do grupo,

acion~rio de rna1s outras 14 e m

distanc i ando-se nestes

termos

presas . A disputa pelo

cada vez mais daqueles

elernen

co n tra

le do poder polÍtico corria p~ ralelarnente

à concorrência

tos com os quais se na d~cada de 1940.

ao

nÍvel econôrnico , j~ que o ac e~

O controle acionário das 15 em

so ao mando polÍtico signific~ va a

obtenç~o

dos favores

presas do grupo Coelho permite

ofi

à oligarquia predomi nante

ciais . Esta concorrência pelos favores oficiais que se

de interesse que as

trabalho local. Este fato tribui de modo

gra~

para a

eleições

con

significativo

arnpliaç~o

do poderio da

parentela na med i da em que

municipais despertam, ao mesmo oligarquia

um emprego em um favor.

Desta

forma os "novos coron~is" aten atra

dern seus clientes tanto v~s

I fam{lia domina uma zona 3 mas

como esta permanece unida e como não tem um chefe marcan te 3 a dominação é mais ' aris tocrática ' que 'monárquica '~ são 3 ao mesmo tempo 3 parentes que ocupam os postos · ofici ais da região - médicos 3 ju{ zes 3 tabeliães3 algumas zes padres e 3 naturalmente ; deputados. Eles chegam assim ao monopÓlio quase absoluto de todas as possibilidades de progresso na escala social". BLONDEL~ Jean As condições de Vida Pol{tica âo Estado da Paraiba. Trad. de Alcântara Nogueura 3 ' Rio de Janeiro 3 Fundação Getúlio Vargas 3 1957 3 pp. 61 - 62.

da admissão em

-

seus

prios quadro s , corno

pr~

colocando

-os nas empresas estatais e Ó~ g~os p~bl icos por eles

" c apt~

rados", conforme vimos no item anter ior. Sendo ass i m, a rnanel

ve

-

p~

de transformar a "concessão"de

tempo em que o seu acirramento . Daí o empenho da

dis

por de boa parte do mercado de

rnanl -

festa atrav~s das lutas polÍti cas explica e justifica o

nivelavam

ra corno o mercad o de ~ manipulado

trabalho

empresta-lhe

caráter de "tro ca de

o

favores"

entre a oligarquia

predomina~

te e sua clientela

e

justamente na "tro ca de

reside favo-

res " um dos mecanismos b~sicos que conduz em ao"voto de cabres

36 -


-

to". Este tra duz a ausênc i a de

de favores", o candidato da

uma tomada de consciência ideo

rea, obtendo votos.

lÓgica diante do processo poli

controle da parentela

tico , ocasião em que pratica -

lho sobre o ele i torado do Alto • Sertão em geral e do petroli-

mente se anula a

consci ência

O

a

forte dos Coe

justific~

de classe . Outro momento

nense em part ic ular

que esta tende a ser

-se em parte pelo "espírito em

em abafada

é por meio do compadrio que ao

preendedor" do grupo que se

reunir compadres e

tilizando de seu prestígio

estabelece

afilhados

uma das formas

contro le-solidariedade ,

de

sendo

u p~

lÍtico, ou seja, do "comprom i~ so coronelista" com o

governo

mais forte e por isto mais

ln

estadual, co nsegue carrear

cisivo entre a clientela

de

ra seu reduto eleitoral uma sé

p~

baixa renda e as c amadas domi-

rie de obras

nantes.

aos olhos do "eleitorado de ca p~

A oligarquia predominante

trolinense vem agindo no senti do de paralelamente à expansão de suas atividade s

.

~

economlcas

obt er também a exten são de seu poder polÍtico para além fronteiras municipa is .

governamentais;

bresto" estes empreendimentos aparecem como a prÓpr i a materi alização do trabalho da

oliga~

quia predomi nante .

CONCLUSAO

das Neste

sentido contribu iram as uniões

A industrialização, a urbaniza

matrimon i ais pois cinco dos lr

ção e o crescimento

mãos Coelho são casados com se

co estão p res entes em Petrol i -

lhoras pertencentes a

na e mesmo asslm o sistema

las com

parent~

projeção polÍtica.O~

tro me canismo que conduz à

e

ronelista aí não se

demográfi co

extinguiu

porque os "novos coronéis"

se

à nova realidade,com

levação do prestígio da oliga~

adaptaram

quia predominante são os acor-

o apoio do go v erno estadual

dos polÍticos com alguns

munl

federal. Neste sentido

é

cÍpios do Sertão pernambucano:

se revela uma sér i e de

pontos

estes apoiam o candidato a

de

de concordân ci a entre os

putado federal dos Coelho,

os

resses da ol i garqu i a

e que

i nte

predomi desenvolvi

quais por sua vez financiam de

nante e a polÍtica

acordo com o s ist ema de "troca

mentista, que vem ' furtcionando

- 37


corno rnecanlsrno de reforço poderio

do s

ao

"modernos

coro

banas e rurals, os novos "coro p~

néis" as s umiram d i ferentes

néis", longe de exterminá-los,

péis, que demonstram

corno tentaram p r e v er vários e~

formas de adaptação à

tudiosos do assunt o.Realrnente,

de do campo e da cidade.Urn des

para estes Últimos, as

tes papéis é desempenhado

altera

ções no nível da infra-estrutu ra ç~o

(indu s trializaç~o,

urbaniz~

e cres c imento demográfico)

urna

das

realida

lo "doutor" . Este, enquanto fi lho do coronel

ou

o

"coronel-dout or",

acarretariam o extermÍnio,

no

urna das maneiras

nível da super-es t rutura,

do

nos coronéis"

pr6prio

vem a dos

ser "rnoder

acompanharem seja

a

coroneli s rno, aqui entendido en

evolução dos tempos,

no

quanto urna forma especÍfica de

intrincado "mundo

dorninaç~o a nÍv el polÍtico, em

(os polÍt i cos estaduai s e fede

bora este sistema seJa

muito

rais no exercício de suas

fun

rnals abrangente . Sendo

asslrn,

ções), seja em relação ao

pr~

palaciano"

n~o há urna dualidade entre "co

cesso produtivo . Por outro la-

ronel i srno tradicional" e "coro

do, a figura

nelisrno moderno", mas Slffi

tor" anula, ou pelo menos

relaç~o

urna

do

"coronel-dou ate

na qual o "novo" se

a

nua urna da s rnanelras

lirnenta do "arcaico" e este

a

se média tentar part i cipar

do

process o po l Í tic o

ma

t

l i rne nta o "no v o" .

Os "coronéis sem patente",

em

termos gerais, estenderàrn domínio do campo para

a

de . Desta fo r ma, devido

seu c ida

-

a

ln

dustrialização, foram

engendr~

das novas formas de

relações

de trabalho na cidade com a ln tradução dos

operários

categor i a prof i s s ional. No tanto, a presença rnodern i zant e

en

deste setor

inclui

arca i cos, c orno a

corno

aspectos

. organlzaçao

familiar das empresas. Em dirnento às espec i ficidades

ate~

ur

-

da

e las

de urna

nelra atuant e ou me s mo tar o poder io dos

enfren

" c oroné i s

sem pat ent e" . Urna forma de con figuração da pers ist ênc i a

do

coronelisrno v emos através

da

ut i l i zaç~o

do s mesmo s

mos do "coron el is rno

rne c an is trad icio

nal" pe l os "no vo s c oroné is " p~ ra a sustent ação de s eu p o der : a posse dos be ns de for t una, o c as~

sistema de parent e l a s , os

rnentos corno al i ança s p o líti ca s e junções de fortuna s , o

co rnp~

drio,a clientela, a " troca

38 -

de


-

to". Este t raduz a ausência de

de favores", o candidato da

uma tomada de consciência ideo

rea, obtendo votos.

lÓgica diante do processo poli

controle da parentela

tico, ocasião em que pratica -

lho sobre o ele itorado do Alto

mente se anula a

Sertao em geral e do

consciência

de classe . Outro momento que esta tende a ser

em

abafada

.

o

forte dos Coe

-

petrol ijustific~

nense em particular

-se em parte pelo "e spÍrito em

é por meio do compadrio que ao

preendedor" do grupo que se

reunir compadres e

tilizando de seu prestígio

estabelece

afilhados

uma das formas - de

controle-solid a riedade ,

sendo

a

u p~

lÍtico, ou seja , do "compromi~ so coronel is ta" com o

governo

mais for te e por isto mais

ln

estadual, consegue carrear

cisivo entre a clientela

de

ra seu reduto eleitoral uma sé

p~

baixa renda e as c amadas domi-

rle de obras

nantes.

aos olhos do "ele itorado de ca p~

A oligarquia predominante

trolinense vem agindo no senti

-

do de paralelamente a expansao da suas ativ i dade s

.

~

economlcas

obter também a exten são de seu poder polÍt ico para além fronteiras mun i cipais .

governamentais;

bresto" estes empreendimentos aparecem como a prÓpria materi · alização do trabalho da

oliga~

quia predomi nante.

CONCLUSJ\0

das Neste

sentido contribu íram as uniões

A industrialização, a urbaniza

matrimon i ais pois cinco dos lr

ção e o crescimento

mãos Coelho são casados com se

co estão p res entes em Petroli-

lhoras pertencentes a las com

parent~

projeção polÍtica.O~

tro mecan ismo que conduz

à

e

demogrâfi

na e mesmo asslm o sistema ronelista aí não se

co

extinguiu

porque os "novos coronéis "

se

-

levação do prestíg io da oliga~

adaptaram a nova realidade,com

quia predominante são os acor-

o apoio do go v erno estadual

dos polÍticos com alguns

munl

federal. Neste sentido

e-

cÍpios do Sertão pernambucano:

se revela uma séri e de

pontos

estes apoiam o candidato a

de

de concordânc i a entre os

putado federal dos Coelho,

os

resses da ol i garqu i a

e que

i nte

predomi desenvolvi

quais por sua vez financiam de

nante e a polÍtic a

acordo com o s i stema de "troca

mentista, que vem ~ furi cio nando

- 37


como mecan1smo de reforço poderio

dos

ao

"modernos

coro

banas e rura1s, os novos "coro p~

néis" as s um1ram diferentes

néis", longe de exterminá-los,

péis, que demonstram

como tentaram p r ever vários ~~

formas de adaptação à

tudiosos do assunto.Realmente,

de do campo e da cidade.Um des

para estes Últimos, as

tes papéis é desempenhado

altera

ções no nível da infra-estrutu ra (industrialização,

urbaniz~

uma

das

realida p~

lo "doutor" . Este, enquanto fi lho do coronel

ou

ção e crescimento demográfico)

"coronel-doutor",

acarretariam o extermÍnio,

no

uma das maneiras

nível da super-estrutura,

do

nos coronéis"

o

próprio

vem a dos

ser "moder

acompanharem

a

coronelismo, aqui entendido en

evolução dos tempos,

quanto uma forma especÍfica de

intrincado "mundo

dominação a n!v el polÍtico, em

(os polÍt i cos estaduais e fede

bora este sistema seJa

muito

rais no exercício de suas

fun

ma1s abrangente . Sendo

assim,

ções), seja em relação ao

pr~

seJa

no

palaciano"

não há uma dualidade entre "co

cesso produtivo . Por outro la-

ronelismo tradicional" e "coro

do, a figura

nelismo moderno", mas Slm

tor" anula, ou pelo menos

uma

relação na qual o "novo" se limenta do "arcaico" e este

termos gerais,

estender~m

domÍnio do campo para

a

de . Desta forma, devido

...

a

se média tentar participar

do

processo po l it ic o

ma

em c ida 1n

dustrialização, foram

engendr~

das novas formas de

relações

de trabalho na cidade com a in tradução dos

operários

categoria profissional. No tanto, a presença modernizant e

arca i cos, como a

como en

deste setor

inclui

aspectos

organização

familiar das empresas. Em dimento às especificidades

.ate

nua uma das mane1ras

seu a

"coronel-dou

a

limenta o "novo". Os "coronéis sem patente",

do

ate~

ur

-

da

elas

de uma

neira atuante ou mesmo tar o poderio dos

enfren

"coronéis

sem patent e" . Uma forma de con figuração da pers i stência

do

coronelismo vemos através

da

util i zação do s mesmos mos do "coroneli s mo

mecan is trad i c i o

nal" pelos "novo s coronéi s" p~ ra a sustentação de seu poder: a posse dos bens de fortuna, o cas~

sistema de parent e l a s , o s

mentos como al i anças polÍtica s e junções de fortunas, o

comp~

drio, a clientela, a " t ,roca

38 -

de


favores",o "voto de cabresto ",

fes polfticos municipais e aos

o s cabos

polfticos identificados com

eleitorais, o

"jogo

o

de c ompromissos" entre as esfe

sistema coronelista. Assim,não

ras muni ci pal, e s tadual e fede

c~oncordamos

com as

afirmaçõe s gove~

ral, etc . Este s me c anismos

g~

de que as nomeações

nham maior força na medida

em

nadores por parte do poder

que os "coronéi s sem parte do mercado

de

grande

nos de forma acentuada, o

trabalho

local e exercem influência

1n

continuam exercendo interferên cia nas

eleições diretas e 1n

diretas

para deputado e

tes

t~nham

sido

A nosso ver,

indicações

as

dos governadores de Pernambuco após 1964 levaram

em conta

a

estrutura politica estadual an militar,e~

persiste

maneira subjacente e que

~

de está

vinculada ao sistema coronelis

g~

ta .

depois

Sendo ass1m, conclufmos que

uma

das formas de cerceamento

do

sistema coronelista

poder dos chefes polfticos

mu

no munic!pio de Petrolina

nic i pais pelo governo central.

os d i as atuais. Em

Todavia, apos

-

de~

restringidas.

trutura esta que

A impossibilidade da escolha

sena

dor , embora as atribuições

terior ao movimento

de 1964 é apontado como

mun1

cipais, inclusive porque estes

Somente quando os tra bal hado res urbanos e rurais consti tuT rem partidos e passarem a vo tar em candidatos que ve r dadeT ramente sejam seus , que os re presentem e a seus int e r e s ses~ e que o sistema coro ne lis ta desmoronarã ,

vernadores estadua i s

p~

der dos chefes polfticos

direta sobre outra parcela.

través do voto popular dos

ce~

tral tenha debilitado, pelo me

patente "

controlam diretament e

dos

o

persiste até

muitos

as

analisarmos

os

pectos prosseguem ainda os mes

governadores pernambucanos

ve

mos mecanismos do "coronelismo

rificamos que

tal

tradiciona l ". Por outro

afirmação

lado,

não corresponde ~ realidade , p~

estão cada vez mais

lo menos em Pernambuco.

em Petrolina os elementos indi

tatamos que t :odos os

Cons

cados pela l i teratura

governad~

res deste Estado após 1964 (m~

lizada como

nos diretamente

do término do sistema

Eraldo

ros) estão vinculados

Guei-

lista. O que se

aos che -

os

39

-

presentes espec1~

ocasionadores corone

verifica

na


realidade

-

e que

acompanhando

o desenvolvimento

do

sistema

capitalista, os "modernos coro

deiramente SeJam deles, que os representem e aos seus interes ses é que o sistema

-

desmorona

néis" se amoldaram

à nova

lidade, inclusive

transforman

que eles tenham condições

de

do-a em mecanlsmo

de

perceber ma is

as

re"8.

reforço

rá. Para lsso

necessár io

e

claramente

para seu poderio. A nosso ver,

formas de controle a que estão

o coronelismo só irá

submetidos para que

terminar

possam

a

quando um de seus alicerces b~

elas se opor.

slcos ruir. Situa-se aí o

con

ção de classe, se

trole sobre o eleitorado,

que

em meio ao sistema capitalista,

redunda no "voto de e envolve o

cabresto" compr~

"jogo de

missas" . Para que isto se trans forme em realidade

é

necessá

rio a conscientização de se por parte bano

e

elas

do operariado ur

dos trabalhadores

rals. SÓ quando tuírem partidos e

estes

conscientiza processando

originará um novo tipo de der mais condizente com

p~

este

sistema, onde provavelmente tê os prÓprios néis

atuais

sem patente" tenham

a

" coro pa~

ticipação . Até lá, acred it amos

ru

que persistirá o coronel ismo ,a

consti

não ser que surja um dado novo

passarem

votar em canditados que

A

a

que nos escapou. "É do

verda

que se faz a chibata!"

t

- 40

-

couro


AQUESTÃODEM OCRÁTICA E OTRABALHADOR RURAL(l) ...

Existe atualmente uma quase nan i midade no interior das sições em afirmar que a

- portuguesa desde o 25 de çao

u

bril de 1974 . Uma din~mica

op~

melho

volucionária que se

~

re

caracteri intervenç~o

ria real das condições de vida

zou por uma vasta

dos trabalhadores rurals passa

das massas populares

pela conquista da democracia .

dos soldados , marinheiros e

Mas, quais s~o as condições n~

fici~is progressistas em todos

cessárias para que a conquista

os domÍnios da vida pÚbl ic a; e

da l i berdade sindical e políti

uma din~mica institucional que

ca abra caminho para uma

se caracteri z o u

demo

cracia econõmica e social?

No

ao

por uma

gues i a em todos os setores

terrogaç~o

aparelho de Estado, nas

traduzida

por uma outra bem mais ta: como realizar uma

concre reforma

o

aç~o

constante e concentrada da bur

que se refere ao campo , essa ln pode ser

lad o

do mals

diversas tentat ivas de institu cionalizaç~o.

agrária que corresponda aos i~ teresses dos pequenos

agricu!

tores e dos assalariados agri colas? O conhecimento do processo reforma agrária no sul de tugal pode ajudar

a

de Por

procura

de respostas a essas questõ e s. É com esse espÍr i to que

sentaremos

algumas

apr~

rápidas

observações.

(1) Comuni c aç~o apresentada ~ V Reuni~o Nacional sobre m~o- de-obra vol ante na a gr iaul tura , nos dias 6 e 7 de d e zembr o de 1979, em Campus de Botucatu- UNESP . Essa comun i caç~o é baseada em algumas conclusões r eti radas da tese de dout orã mento intitulada "A l enti jo : do Zat i fundismo à au togest~o" , Un i versidade d~ Paris - I Panthéon - Sorbon ne , outubro/1 9 7 9 "

*

1) Duas din~micas sociais par~ lelas marcaram a

democratiza - 41 -

Doutor em economia Agr~ria , pesquisador da FASE .


de~

d os as s a l a riado s agr Ícol a s p e~

ditadura

mitiram que no curto e s p aço de

Dentro da ampla f r ente que rubou a mai s

v e l ha

europ~ i a hav i a um f or t e

setor

1i

li beral · que se empenhou em mitar a democ ra cia

s els mese s surg issem c e rca qu i nh ent a s Unid a d es

un i camente

ao fun cionamento das ções republicana s .

Coletiv a s

d e Produ ç ão tot a liz ando u m

i nstitui Para

de

l hão e du z entos

ml

mil he cta res ,

esse

ant e riorment e c ontrol ado s

p~

setor, a s olução dos problemas

los gr ande s pro pri e tár i o s

do

que afl i g i am os

Al ente j o e do Ri bat ej o.

trabalhadores

rurais dev i a aguardar a elaboração de uma nova ção, a real i zação de legislativas e

2) As caracterí sticas

constitui

presidenciais, Le i de

forma Agrária pelo

parlamento

Re

e sua consequente aplicação

com

relações de produção

dom i nan

tes. Para a bur gues i a

e ss a

um verdade i r o

as l

co n stitu i

-

c an c e r o

Ape sar

de d omi nadas pelo c ap italismo ,

nist~r i o da Agricultura.

a s exp l o r aç õ e s col e tivas o cor

alentejanos

não t i nham essa v i são de cracia. Para eles, a

em nítida cont rad i ção

lha au t oge stionária

p~

los serviços competentes do Mi

Os trabalhadores

no

vas un i dade s de produção estão

eleições

a aprovação de uma

da s

roem pe lo simple s f ato de

demo

rem um exemp lo vivo da s u a

democra

se

...

p r~

pri a negaç ão. Ap 6s quat ro ano s

cia ~ antes de ma i s nada a sua

de ap licação de uma fero z

auto-determinação.

isso

tra - reforma ag r ár i a,p r aticame~

suas

t e 80 % do s e tor coletivo

Por

constituíram rap i damente organizaçO.es

de cl asse,

mantid o g raç a s à

con

qu i staram Convenções Colet i vas

c on fo i

resistê ncia

organiz a da pelos trabalhadores o

de Trabalho provis6rias e logo em seguida pas saram

a

os lat i fGnd i os com dois

ocupar

A fo r ça dos s i ndicato s fo i ab solutamente necessá ri a pa ra o avanço da refo rma agrãr i a . Ma s não fo i suf ici ente pa ra r e s pon der aos desaf i os c olocados pe la gestão das novas un i dades produt i vas .

i ntui

tos i med i atos: - i mped ir a sab ot agem c a i n ici ada pe l o s ~

.

econômi latifundi

arlos ; - a c abar com o desemprego. A cons ci ênc i a, a

. organlzaçao,

3) Qu and o s e examlna

a dis c ipl i na e a

determinaç ã o

das terra s ocupa da s segundo os -

42

-

o

mapa


diferent es distritos

constata prat:i,

de ocupações. Desde o ver~o de

influ~ncia

1974 os trabalhadores elegeram

-se que ele corresponde camente ao mapa da sindical. A

criadas bem ante s do mo vimento

corr elaç~o

entre o

fndice de sindicalizaç~o

e

!no interior das fazendas)

a

missões cujo principal

Co

papel

patr~o

porcentagem de terras ocupadas

era o de vigiar o

é absolutamente nftida. Se con

pedi-lo de descapitalizar a em

siderarmos a

presa. Quando foi tomada a de -

zona

latifundiá

ria constatamos que a agrária só n~o - por diversas

avançou

razoes

c is ~o de passar

reforma onde

- os assa

lariados agrÍcolas n~o tiveram

1m

à ofensiva- em

fevereiro de 1975 - essas

Co

missões adquiriram um novo

p~

pel, de um alcance

rap~

capacidade de constituir

e

histórico

incalculável. Elas deveriam ra

damente sindic atos representa-

p i damente substituir os

capit~

tivos. E essa falta de uma

listas em todas as suas

fun

ganizaç~o

or

de classe represent~ p~

tiva foi a regra entre os quenos agricultores do

sul ,

fazendo que estivessem

ausen

çoes Úteis de direç~o e

admi

n is traç~o .

Para lSSO era

abso

lutamente necessário que

elas

fossem a

emanaç~o

de todos

os

inclusive

trabalhadores da fazenda , e nao

que, mais tarde, alguns servis

só dos trabalhadores sindical i

sem de massa de manobra aos la

zados.

tes do pro cesso

e

tifund i ários .

5) No perÍodo " quente " do mov1

4) A força dos sindicatos

foi

absolutamente necessária

para

.

...

o avanço da reforma

agrar1a.

Mas ela n~o foi suficiente ra responder aos desafios

p~

nidades produtivas. A entre diversas

u

compar~

zonas

Assem

bléias Gerais se formavam

es

pontaneamente como lugar de

p~

der e as Comissões

cal~

cactos pela gest~o das novas

çao

menta de ocupações , as

mantinham

-se em e st re it a ligaç~o com

o

conjunto dos trabalhadores.

A

clareza da tarefa a ser

mos

zada favorecia

essa

reali

unidade .

t ra que as experi~ncias bem s~

Rapidamente os imperativos

cedidas n~o est~o

gest~o

-

l i gadas a força

diretamente

a mostrar

a

sindicato

nec essidade de uma coordenação

local mas Slm ao dinamismo das

entre as unidades cpletivaso E

Comissões

de

do

começaram

de

essa funç~o n~o podia mais ser

Trabalhadores

-

43 -


assegurada pelos sind i catos . A consol i daçâo

das

parecem

mostrar duas

coisas :

a ) Tant o a conquis t a

exploraç6es

da

coletivas exigia uma estrutura

reforma agr~ria c omo a s ua co n

prÓpria de organizaçâo, coord~

solidação dependem

naçâo e representaçâo: as

ma i s nada da organ i zaçâo

6es Cooperativas. Elas rapidamente criadas e

Uni

foram funcio

nam bem nas zonas em que as Co miss6es t i veram um

papel

nao

acontece

necessariamente

nos distritos onde os

sindica

tos eram ma1s fortes. Essas

rápidas observaç6es •

~

o

bre a exper1enc1a

pendente dos pri ncipais

portuguesa

i nde i nt e

colas e os camponeses; b) O aprofundamento da de mocracia em seu aspecto

soc 1o -

o

-econômico depende nâo soment e da exist~ncia de um forte mo v i mento sindical ma s t ambém

so

de

ressados: os assalar i ado s agrf

1m

portante desde o inÍcio . O que

ant e s

. - dos organ1zaçao

no

- 44 -

in t ~rior

da

t r abalhadore s

das empr esas.


BALANÇO DE UMA GREVE CONTROVERTIDA

A zero hora do dia 29 de outubro ult i mo, estourava na capital pa~ li sta uma greve dos trabalhadores metalúrg i cos, cujo andamento e repercussões poucos pode ri am então pre ve r e cuja ava li ação ~ a i n da hoje controversa . Repressão brutal, um operãr i o assass i nado, mu i tos espancados e presos, intransigência feroz dos patrões, ação herõ i ca dos p i qu~ tes, assembliias esvaz i adas, li deranças div i di das, foram alguns dos ingredientes de uma greve que, a i nda ass i m se estendeu por mais de 10 dias e f i nal i zou sem .o atend i mento,no fundamental, das r eivindicações dos operãr i os ,

- OU DERROTA? VITORIA Em to r no dessa pe r gunta di vi dem-se as op i n iõ es~ trocam-se acusa ções, mas certamente serã a part i r do debate e do confronto prãtl co das di versas posições e corrente s s in di ca i s que se r ão gestadas as cond i ções para a construção da necessãr i a un i dade, nio sõ da categoria metalúrg i ca, mas de toda a classe operãria . Como contr i buição para esse debate, publ i camos a segu i r três tex tos de avaliação das greves escr i tos por trabalhadores metalu r gi cos e que são express i vos de op i ni ões di versas sobre os aconte cimentos .

-

45 -


CHEGA DE AVENTURAS ! Apa~eeida

Mala v az zi (Cida) G. de A~aújo(Bigode) Jelma Pie~~e Rigaud (Teima) "U'bi~aei Va.n.ta..6 de Oliv ei~a. (Bi~a.) C~ ndid o Hil~~ io

COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS:

AS GREVES DE 1978

Os companheiros abaixo

Para bem compreender

assina

dos que tem participado

ativQ.

mente nas lutas de nossa gorla, querem

cate

deixar

c laro

as co nd i

ç5es obje~ivas da atual

camp~

nha salarial , ~ necessário te s de mais nada

que

an

façamos

Últ i ma

uma recapitulação das experiê~

campanha salari al,os erros que

cias das greve s de 1978 e como

nela foram cometidos e

os paTr6es a elas reagiram .

suas opiniões sobre

a

palmente denunciar a

avenTura

em que foi lançada a nossa

da

tegoria por uma Oposição Sindi:_ cal que tem na irresponsabilidade, no divisionismo, no

ana~

quismo e no descompromissQ com a classe trabalhadora a

r azao

de sua existência . Para

lsso

fizemos uma anâllse da nha salarial que

camp~

apresentamos

abaixo, com a finalidade

de

que ela seJa a base de uma dis cussao a f i m de que os met alÚr gicos de São Pau l o possam f ir mar um ponto de v ist a

unitâ

rlo sobre a campanha , de modo que as lições de la

Em 1 2 de ma io de 1978 as máqui na s pararam na SCANIA- VABIS em São Bernardo. Os

companhe iros

metalÚrgicos do ABC

iniciaram

uma s~r i e de greves por sas na luta contra sal a rial i mp osto

o

empr~

arrocho

pelo

reglme

militar estabelecido com o go! pe d e

l~

de abr il de 1964.

meta lÚrgicos de S . Paulo

Vle

ram engrossar o movimento

gr~

vista do ABC, paralisando

em

ma la e junho as principais

em

p res a s da Capital . Do ponto de vista da luta sindical , a

ela~

se operária fez letra morta a s

extraÍdas

- permitam ma is que voltemos nao a cair em aventuras .

Os

*

- 46 -

MetalÚrgicos paul istas.


in~meras leis e decretos

anti

crise econômic a a inda na- o

-greve , principalmente a

fa:mi

trava na sua fa se ma is aguda.f

gerada lei 4330 e ainda VlU re

bom lembrar que no ano de 1978

alizar na pr~tica a sua reivin

..os

d icação de negociação

perten c em a os

direta

en

recursos do PIS- PASEP,

que

trabalhadores ,

com os patrõ.es, negando a fixa

estavam sendo usados pelos

ção dos Índices

trões da grande i nd~stria

de

reajustes

do governo. Foram duas

conqui~

tas, dua s significativas rias depois de 15 anos pressão e arrocho. O

vitó de

a

trav és de empréstimos

forneci

dos pelo BNDE (Banco

Nacional

de Desenv olv i mento Econômico), com juros bem abaixo da

movlmen

to se alastrou para outras dades e categor i as

~e

p~

Cl

infla

çao, num verdadeiro negócio de

distintas.

pai para f il ho. As

aplicações gra~

Seu significado foi não só eco

maciças de capital nessas

nômico e sindical mas

emlnen

des 4i nd~strias,

temente polÍtico, pois

a

ln

elevação da taxa de desemprego

tervenção do mov i mento de

m:as

sas a partir dessa greve,

se

fez sentir em todo pals e

foi

.,.

e o consequente aumento da

mil it ar .

empre s as foram criadas sões de F~br ic a

ro

Em 30 de outubro de 1978 os me tal~rg ic os de S .

Paulo,

regime

mostras de seu alto

-

unidade e combatividade,

..

. lnumeras

Aqui em S. Paulo em

a

tatividade .

o fator decisivo para o início do enfraquecimento do

amenizava

,..,

dando

nÍvel

de dão

..

lnlclo a uma greve geral envol

Cernis

vendo toda a c ategor i a.

Dife

as neg~ c i ações d i re t as c om os patrões.

rente das greves de maio e

j~

nho - que foram greves por

em

Algumas conquistaram o direito

presa - a greve geral de nossa

à estabilidade, mas de um modo

categoria representou uma

para

geral, os patrões,

especialm:e~

vação d o nível de

ele

consciência metal~rgi cos

te as multinacionais iniciaram

e de unidade dos

uma contra -ofen siva. Em v~rias .

de S. Paulo. Logo no

empresas os

dia entraram em greve ma is

de

250 mil companheiros o que

re

at ivis tas

sindi

cais mais combativos foram mitidos. No entanto, o de mobilização

dos

de

pre sen t a va 80% da no ssa

nível

ria . A greve foi uma

companhe!

ros estava ainda alto, pois

prlme lro

l ar vitória dos

a

-

47 -

categ~

e s pe t a c ~

meta l ~rg icos


pr~

de S. Paulo, apesar do seu maturo encerramento pela

Dire

toria do Sindicato e ainda la inclusão

no

acordo

va organização dos

trabalhado

res para a luta por suas

p~

feito

ma i s

legftimas reivindicaç6es.

Os

patr6es conseguem por em pr~ti

com os patr5es de uma cl~us ula

ca essa criminosa polÍtica

proibindo nova greve geral

dispensa de pessoal

da

devido

categoria até a data base de l

existência de um grande

de novembro de 1979.

dente de mão-de- o brna

em parti esp~

cializados. Esses companheiros

A CONTRA - OFENSIVA PATRONAL

sao provenientes em sua contra-ofen

slva patronal passou a ser

à

exce

cular de companheiro s não

ApÓs essa greve a

de

maio

rla do campo. A polÍtica econô

e

mica do regime mili tar ,,

é

de

xercida com maior rigor. Basta

proteção ao latifÚndio e da mo

dizer que até meados do corr~n

derna empresa agrícola, conce~

te ano, praticamente todos

trando ainda mais o

ativistas sindicais

j~

sido despedidos da

f~brica

os

tinham

monopÓlio

da propriedade privada da ter-

que trabalhavam por ocasião da

ra nas mãos de uns poucos. Co~ isso não é feita uma reforma a

patr~

gr~ria que, dando terra e t ra-

greve. Mas a repressão

em

camp~

nal não foi só exercida contra

balho aos nossos irmãos

os companheiros mais

neses, evitaria sua vinda para

combati

vos: pode-se dizer que toda categoria tem sofrido a

a

os grandes centros urbanos.

repre~

são patDonal através do que fi:_

Essa repressão a nÍvel de toda

cou conhecido como a alta rota

a categor i a e mais a repressão

tividade de mão ....&e-'olbra. medo de errar afirmamos

Sem

dirigida contra os

principais

por

ativistas de nosso

Sindi c ato,

experiência

prÓpria

grande maioria

que

na

se constitui num importante fa

das empresas

80% dos companheiros

nao

tor para a desorgan i zação

com

consequente desmooilização nossa c ategoria,

nalidade dessa dispensa

te nas grandes empre s a s.

massi

rebaixar

sal~rios, utilizando a

os

de

princ i palme~

pletam 2 anos de firma. E a fi va não é somente

e

Es s e

fato objetivo, em nenhum momen

maldi-

to foi levado em conta pe l a

ta cl~usula dos avos, mas é prihcipalmente impedir a efeti

O

posição s _~ndical ' que s ube sti mau a c o ntra-ofensiva pat r ona l. -

48 -


Chegou mesmo a querer transfo!:.

Por outro lado o regime

tem

mar seus sonhos em

procurado se apresentar

com

querendo fazer crer

realidade,

... n1

.

que o

nova face. f o caso

disp~

~lei

da

nova

de polÍtica salarial ,

que

sição de luta dos metalÚrgicos

mantém o arrocho com nova

rou

antes do inÍcio da

pagem. Diante do avanço do

vel de combatividade e a

campanha

era ainda maior que em 1978!

mo

vimento democrático, o governo ao invés de garantir a liberda de de organização e

A CRISE ECONOMICA E AS MANOBRAS DO GOVERNO PARA DIVIDIR OS TRABALHADORES

expressão

para todas as correntes polít! cas e ideolÓgicas , vem ao

con

trário propor uma reformulação No presente ano se acentuou crise econômica: já em

a

partidária cujo Único objetivo

agosto

os patrões, através de uma

é a divisão das forças de siç~o,

de

com repercussões negati

suas associações de classe - a

vas no movimento sindical,

ABDIB (Associação

bretudo na sua unidade . A

Brasileira

so Op~

In

sição Sindical além de não

le

reclamavam

var em conta o agravamento

da

para o Desenvolvimento dÚstria de Base),

op~

da

que as encomendas estavam

bem

crise econômica, do aumento de

abaixo do mínimo necessário p~

desemprego, etc., foi

ra o funcionamento

da

da pela manobra polÍtica do g~

de

verno visando

normal

produção de um conjunto

envolvi

desintegrar

a

grandes empresas, mu itas delas

frente das oposições ao reg1me

situadas na

militar, e agindo de forma

base

territorial

de nosso Sindicato. Por

visionista colocou em primeiro

outro

. econom1cas ~

lado, publicações

di

plano nas lutas sindicais a

d~

informado

fesa de seus interesses polÍti

queda

no

c os e ideolÓgicos , debilitando

oferta de

~m

a unidade dos trabalhadores na

pregos: a revista EXAME de

19

sua luta comum contra os

especializadas

têm

a existência de uma Índice geral da

de outubro de 1979 , gosto de 1979 era mente 25%

de

a

aproximad~

menor do que

gosto de 78.

trões.

i nformava

que o Índice de emprego

em

a

pa-

O AVENTUREIRISMO E OS MtTODOS ANTI - DEMOCR~TICOS DA OPOSIÇAO SINDICAL NA CAMPANHA SALARIAL DE 1979,

- 49 -


É ·nessa d ifÍcil situação e conô

nião amp liad a com as bases ,

mi ca e polÍtica que foi i ni cia

compromisso com essa proposta .

da a nossa campanha

A Oposição Sindical, com

fir

me propósito de go lpear a

un1

salarial.

Para que ela tivesse ~x ito ria indi s pens~ v e l

um

reforço de todos os

ss

grande

dade dos

ativ i stas .

sindicais para alcançar a

Uni

dade em torno de objetivos

co

32 Si nd icatos , tachou

levianamente essa proposta

de

"pelega", mentindo ,

desaverg~

nhadamente para os

companhe!

muns, tendo em vista que a cor

ros metalÚrgicos levantando

relação

palavra de ordem de 8 3%

de

forças favorecia

o

a

sobre

aos patrõe s . Porém, a opos iç ão

os salários atuais e p1so sala

sindical na sua pr~tica divisi

rial de Cr$ 7.200,00 que

onista, centralizou seus esfor

aprovada no final de uma tumul

ços em desgastar e

tuada Assemblé i a do nosso

Sin

dicato, que se iniciou

com

desmorali-

zar nosso Sindicato, a ria e J odos aqueles

Direto

companhei

ros que se empenhavam sa da un i dade na

na defe

luta contra

os patrões. Com isso,

i mpedi:_ carrip~

ram que fosse feita uma nha salarial

que

a cumulasse t

força para a categoria, trouxesse água

para o

dos metalÚrgicos na

que

mo i nho

ros e terminou com

companhei aproximad~

mente 800 . A aprovação

dessa

proposta se deu por uma

pequ~

na diferença a través

de

uma

votação feita com o simp les l~ vantar de braços . Com isso ,fo i romp i da a unidade de ação

com

por

os metal Úrgicos de Guarulhos e

suas ma is elementares reivindi

Osasco. Nas Assemblé i as s egu1~

cações. A reivindicação de 50%

t es a Oposição Sind i cal se

sobre os salários de ma1o, com

dic alizava pr>ogres si vame nte

um aumento mÍn i mo de Cr$ 3 r OOO,OO

ba se na palavra de ordem

e piso salarial de

ou greve" o que paral is a va

foi,

i n ~ci a l mente

luta

ma1s ou menos 2.2 00

foi

Cr$6·, L04 , 00 ,

a base

uma campanha salarial r1a, aprovada por

32

para

ra ~"'Oro

" 83% as

negociações com os pat rões .

unitá Sindica

A irresponsab ilidade da

Oposi:_

tos. No que diz respeito

aos

ção Sindical com esse

metalÚrgicos de S. Paulo,

Gua

lismo inconsequente deixava de

rulhos e Osasco , sindica i s desses 3

as

direções Si ndicatos

chegaram a reafi rmar,

em

reu

lado uma das grandes tas da s greves de 1978,

radica conqui~

isto

é, a negoc i ação direta com - 50 -

os


patrões, não querendo entender

tação da greve, antes de

a importância fundamental

tar até as suas Últimas

des

esg~

conse

sa questão para o êxito da cam

quências as negociações com os

panha salarial. Nessas circuns

patrões. Com a decretação ~

.. . Assemblela

da

tâncias o facão aplicado sobre

greve numa

os companheiros mals

tipo, anti-democrática e pouco

combati

vos, a alta rotatividade, a

e

representativa, a

desempr~

levação crescente do

go pelo agravamento da crise

~

conômica e os desmandos da Op~ pri~

sição Sindical, foram os

cipais motivos que afastaram a esmagadora malOrla da efetiva na campanha

mals

De

larial, como afirma o Ministro

os salários atuais os

reprimida violentamente

nos

primeiros dias, ocasião em que foi assassinado o

companheiro

Estranhamente o TRT

(Tribunal

pre atende ao interesse

dos

patrões, não decretou a

ileg~

lidade na primeira semana nossa paralisação, como

irrealidade

da reivindicação de 83%

foi lançada numa aventura . Foi

forma

nenhuma foi a nova polÍtica s~ do Trabalho, ou a

categoria

Regional do Trabalho), que sem

salarial

e na prÓpria greve.

tal

Santo Dias da Silva.

categ~

ria de uma participação

de

ma fazer. Outro

sobre

de costu

procedimento

não normal foi o fato de a

fatores

re

pressão ter sido totalmente re

principais que levaram ao afas

tirada na quarta-feira, só vo!

tamento da categoria nessa cam

tando a existir na terça-feira

panha salarial.

seguinte à tarde. Tendo a

A 28 de outubro de

sição Sindical interpretado es

uma

1979

Op~

Assembléia com aproximadamente

se fato de forma ilusória ,

cinco mil metalÚrgicos

decre

acreditar que isso se devia

tou uma greve para uma

categ~

ria de 360 mil

companheiros .

Isso por si só já é um do, não viessem a ocorrer

absur bu

mobilização da categoria.

ao a Mes

mo sem a repressão policial

e

ainda com a greve legal, os

Pi

quetes que se formaram a

mui

tros , como os métodos anti-de-

to custo conseguiram paralisar

mocráticos utilizados pela Op~

algumas fábricas . Alguns piqu~

sição Sindical quando desejava

tões levaram quase uma hora

impedir o uso da palavra

por

ra consegulr fazer com que

qualquer companheiro que

esti

vesse em desacordo com a decre

tos companheiros

que

mu~

estavam

trabalhando se retira s sem - 51 -

p~

da


fábrica. Em muitos

casos 1sso

só foi conseguido com de agressão fÍsica. empresas, os

ameaça Em muitas

patrõ"es, ,

sem a presença

dos

cando sensivelmente a l uta

l i berdades demo~rát i cas. Mas a

~o

METALGRGICA

Oposição Si ndical chega ao

Do ponto de

v e foi uma vitória " . Mas, como falar em vitória com a melancó

devido

FOI UMA VITORIA ~

vista

o

econom1co,

à existência

ab gre-

surdo de afirmar que "A

lica assembléia de N~O

p~

piquetes,

ATLAS, FORD, GE e outras.

A GREVE

prejudi -

la re c onquista da s mais amplas

empresa por conta prÓpria, na

vimento democrát ico,

mesmb

suspenderam o funcionamento da mo aconteceu

ao movimento de massas e ao mo

de

esto

encerramen

to da greve onde havi a 600

pe~

soas, a maioria das quais

era

estranha

ã c ategoria ? Como

lar em vit ória com

fa

centenas

da

de companheiros demi tidos

por

greve

"jus ta c ausa"? Como falar

em

aos p~ trões. Isto porque os patrões

vitória quando a repressão

as

não vão pagar os dias

totalmente impune?

ques em muitas empresas, falta de encomendas, a sem dÚvida favoreceu

e vão descontar nas número de dias

parados férias

referentes

paralisação, que

o ..,

a

ilegalmente ju~

consideram como fa l tas não tificadas. Do ponto

de

vista

da categoria a greve não como diz a Oposiç~o

foi,

sassína um companhe i ro e

Por outro lado a Díretoria

do

nosso Sindicato em nenhum

mo

mento se opôs de forma efet iva fur~

à decre t ação de uma greve

da ou ao seu prossegu i mento em c o nd ições pre c ár i a s

Sindical,

f i ca

como

vi

nha s e dando. Pelo contrário ,

uma vitória , mas sim uma derro

abdicou de suas

ta cujas consequênc i as

de s como dirigent e do

maléfi

cas em futuros combates com os

res pon sabil i d~

Sind i c ato da América

ma1or Latina.

patrões somente poderão ser su perados pela trad i çJo e combatividade que r~cterizaram

nossa

de luta

Em 1978 por ocasião da votação

~~

do acordo a Diretoria exigiu o

sempre

escrutín io secr e to . Nes sa

oca

s i ão o es c rutín i o secreto

ser

ter

v i u somente para ouvir uma

m1

junto

nor i a da c ateg oria p ois só

p~

categoria.

Do ponto de vista polÍtico derrota que sofremos repercussões negat ivas

val

a

-

52 -


deram votar os associados

do

Sindicato passasse a

ser

Sindicato, quando a esmagadora

instrumento de um grupo

ma i or i a dos metal~rgicos

reiro que não

esta

va mob i lizada para o prossegui menta da greve. Na ~ltima par~

verdadeiros ~

um

avent~

representa

os

interesses da

ca

o

tegor1a.

lisação, quando ao contrârio,a gr~

imensa maioria nao querla

COMPANHEIROS E COMPANHE IRAS !

ve e desejava sua suspensao, a Diretoria

n~o

realizou

uma Vo

tação por escrutínio

secreto na- o

para decidir a justeza ou do movimento. Chegou mesmo realizar Assembléias

foi bem clara : na qualidade de defen

demos a sua decretação numa As

pl~

n~mero

sembléia com qualquer

na rua do Carmo sem o menor con

de companheiros porque

trole, podendo nela se manifes

nosso setor havia

tar e inclusive votar

Mas

elemen

tos totalmente estranhos ~

greve

representantes de setor

a

em

Nossa posição quanto ~

~a

tegoria.

a nossa

assim

decid :i!do .

opinião sempre foi

conhecida: só admitimos a cretação da greve numa

principa!

bléia Geral com

mente nas campanhas

salariais

to de no mÍnimo 10 mil

p~

ra alcançar a mais ampla e

so

lida unidade de ação

na

...

Assem

comparec1me~

Nossa opinião é que

não devemos medir esforços

de

nheiros e que de fato

comp~

reflita

a disposição de luta existente

luta

nas fábricas , e nelas não

ha ~

contra os patr~es pela conqui~

v1a um espírito

receptivo

a

ta das nossas

greve, havendo até algumas

mais legÍtimas

reivindicações. Nessa

- -

. . .

bricas em que uma parte

ocasião

companheiros continuaram traba

temos so um UnlCO 1n1m1go:

o

grupo 14 da FIESP. Porém, a

o

-

. pos1çao Sindical inverte

com

pletamente o problema: para

-

la somos nos e a Diretoria

dos

lhando , o que fac i litou em mui to a tomada de represálias por parte dos patrões

-e

contra

os

que haviam paralisado.

os

principais inimigos . Por outro

COMPANHE IR OS E COM PANHE IRAS !

lado , a Diretoria do Sindicato querendo que o fracasso da ve ficasse apenas nos da Oposição Sindical,

gr~

ombros se

tiu e com isso permiti u que

Perdemos uma batalha mas

om1

perdemos a guerra contra os

o

trões . Temos confiança na -

53 -

na- o p~

nos


sa combativa categoria.

Vamos

é

retomar a luta. Para isso

. cessar1o ~

aprofundar

apo1o

Educação e Cultura), para

ne

o conhebi

mento de nossa situação e

DEC (Departamento

ele possa atender

do•

de que

plenamente

as suas finalidades

de

educa

patroes. É necessário conhecer . antes de tudo o estado de an1

çã"o de nossa categor i a através de seus cursos, formando novos

mo de nossos companheiros

companheiros

~

nas obj~

fábricas, e as condiçoes tivas que influem sobre categoria: o seu rial e a alta

ativistas

sind i

cais.

nossa s~la

perfil

rotatividade

COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS!

e

xistente, a taxa de desemprego,

Mas, é fundamental

etc. É importante conhecer

ao aventureirismo, o anarqu i~ mo e o divisionismo da Oposi-

bo

mo a crise econômica atinge os vários setores da produçao, es

ção Sindical, que

pecialmente naqueles em que ela é feita pelos metalÚrgicos. É com esse dom!nio da

nos

en

fraquece na luta contra os

p~

trões.

organ~

categoria para futuras

lutas.

unidade nossa categoria

-

nossa

Daí porque estão na ordem dia levar à prática uma

Com consciência, organização e

tr~ba

lho de esclarecimento, zação e mobilização de

forj~

ra um Sindicato forte, combati vo e democrático, garant ia

do

vitórias futuras.

inten

sa campanha de sindicalização, namento permanente

~

so

combate

realida

de que devemos retomar o

dinamizar e garant ir

o

CHEGA DE AVE i;TUf·:.AS!

o funcio de

nossas

sub-sedes, rei vind icar

maior

São Paulo , 30 de novembro de 1 979

-

54 -

de


O AVANÇO QUE A NOSSA GREVE SIGNIFICOU Helio Bomba.JtdD': Vi:to Gia.no:t:tJ.~':

A greve dos metalÚrgicos São Paulo e Guarulhos

de

~

sem

perárias; b) as correntes poli

histórico

no

ticas que se dizem ligadas aos

avanço das lutas da classe

op~

dÚvida um marco

é

te fator de avanço nas lutas

interesses dos

rária. Por que?

trabalhadores, pel~

mas que se vincularam aos

Foi o primeiro combate

gos e apostaram tudo no contro

direto

le da máquina sindical ,

contra a nova polÍtica de arro verno e contra a falsa

abe~tu

ra do reglme.

gover-

Para o

tend~

g~

cho salarial imposta pelo

no - como sempre - a greve

...

e

calaram. Prova disso

al polf

trabalhado-

pouco se preocupam em

e

tam o

..

organlz~

-los pela base.

Mesmo

sao

se preocupam mais em fazer

res - sem consultá-los

. lnvasao

assim, os metalÚrgicos nao

que

ticos em nome dos

balhadores, assassinato do eom

os

sindicalistas de gabinete tos arranjos sindicais e

mos: prisão de centenas de tra

da Igreja do Socorro.

nao

todas as lutas que

estão sob seu controle ; c)

um caso de polÍcia. Senão,vej~

panheiro Santo Dias ,

comba

se

De que nos culpam? Talvez

os

culpem por termos feito

nos milha

piquetes . de até lO mil metalÚr

res de pesquisas nas

gicos nas várias

para saber que aumento de salá

.regloes

ln

dustriais de São Paulo.

rio estava interessando

A momentânea derrota econômica

dos metalÚrgicos de e Guarulhos, fez

fábricas

São Paulo

aparecer

aos

trabalhadores, ao

contrário

dos 32 sindicatos

que, sem fa

to

dos aqueles que tentam desmora lizar nossa greve: a) trões e o governo , que a greve como fator de ção dos lucros e

os

p~

*

temem diminui

principalme~

-

55 -

MetalÚrgicos paulistas , assi nam este artigo em nome da Õ posição sindical metalÚrgicã de São Paulo.


zer nenhuma reunião com os tra

sao tão levianas . que não

balhadores,

o

cem espaço no debate ope r á r i o ,

Talvez

tal a forma como vêm sendo fei

apareceram com

Índice mágico de

50%.

nos culpem por darmos maior im portância

-.

gr~

à organização de

sera- que

por

termos feito um acordo com

a

nos criticam

tão se beneficiando mais

Ou na- o

chamada

11

derrota

da

econômi c a 11

Tratam a greve como

dem~

nem reconhecer a condução

Lutamos pela formação mandos (primeiro de

dos

crática e a efetiva

co

mobiliza-

- e depois de greve), çao

onde

desenvolvendo outra

c omandos,~

desapareceram oposições,

propo sta

de prática sindical em contras

as

te com o cupulismo hoje

tendências e a situação. Defen demos e garantimos que

part icip~

ção das massas. Isso serla re conhecer que de fato está -s e

todas as decisões eram tomadas colet i vamente . Nos

o

derrota " anal is ar

Não lhes interessa

diretoria pelega?

as questões fossem

tas. Na verdade, muitos críti c os es

pos e comissões de fábricas do

que as reuniões de cúpula.

mere

dom i

nante.

todas Finalmente,

discutidas

fábrica por fábrica e

votadas

segundo a vontade da

malorla

dos metalÚrgicos. Todo

mu itos de

no ssos

críticos esquecem o que é

atu

ar num sindicato com a

trad i

ção de peleguismo e traição co

esse

mo o de São Paulo. Mas hoje co

processo levou mais de dois me

meçam a temer muito mais

as o

nas de fábricas cuja particip~

posições sindicais que o

pr~

ção média variava entre quare~

prlo peleguismo. Esquecem

t am

cent~

ses, com a convocação de

bém, de ouvir

ta e cem operários.

-

as proposta s

analisar a prática das

-

e

opo s i

Criticam-nos por sermos

op6si

çoes que nada tem de p aralela "

ções que vivem a brigar

entre

Toda luta foi conduzida

si. Mentira, temos nossas

di

para

o sindicato.

vergências, mas na luta as op~ sições abriram mão de seus

ln

Se os comandos e a mal orla dos

teresses particulares para

de

trabalhadores combativos

nas

fender a unidade nos comandos.

fábricas respeitam a s

As críticas de aventureirismo

çÕes é porque nós defendemos a

deixamos de responder,

formação destes organismos

porque

-

56 -

opo si de


decisão democrática. Assim, as

timula a avançar nos objetivos

oposições continuam a propor a todos os trabalhadores: "Sindi

e nas formas de luta

calizem-se e lutem com a oposi ção". Achamos incorretas as análises que se prendem à derrota como fato acabado. A luta bou, milhares de

os aprendizados acumulados. ~ara

de exploração patronal e à p~ lÍtica repressiva do governo, só vemos um caminho: var a que todos os

companheiros

res tomem nas suas

de

E

responder às novas formas

ac a

voltam às fábricas

não

seguindo

incenti trabalhado

maos

suas

cabeça

lutas e seu destino, ampliando

erguida. A experi~ncia conqui~

a unlao de todas as categorias

tada já pertence

às fábricas.

e rejeitando, sem conciliações

Os trabalhadores compreenderam

a estrutura sindical atrelada,

que foram reprimidos

politic~

mente. Dessa compreensão nasce o derrotismo, mas ela

na- o ~s

a nova polÍtica

salarial

e

qualquer arranj o po lÍtico feito às custas dos trabalhadores.

-

57 -


-· AS LICOES DA GREVE

Anta nio F.ioll.e..ó e. Lu.l. .ó Ve.ll. g a.t t i ,':

AOS COMPANHEIROS METALORGICOS

-

Cometeram-se muitos erros e

e

preciso apontá-lo.

A greve terminou, mas a

Um dos ensinamentos da

luta

- pode cont i nua. A categoria nao sair enfraquecida deste

r1a do movimento

-

operar1. o

e

que uma campanha salar i al d e v e

epis~

pr e~

ser uma sábia mistura de

dio. Os seus objetivos v~o ~ui to ma i s longe do que uma

-

h is tó -

sões e negociações,

ca~p~

sendo

a

greve o mais poderoso e t emi do

nha salari al.

instrumento de press~o d os o p~ Nossa Última campanha salarial foi sem dÚvida muito

rários sobre os patrões e, por

importa~

te, n~o só: para a categoria mas rária bras i leira. Os

-lo de desgastes inút e is . Posi

op~

para o conjunto da classe

ções do tipo "83% ou gre ve " n~o

trabalha

dores do Brasil inteiro

podem caber numa campanha

- ser que a rial, a nao

esta-

vam com os olhos voltados para S~o

Paulo, pois sabiam que

-

p r es er v~

isso mesmo, devemos

ta do melhor aumento

a

sal~

c o nqu 1~

poss í v e l

seja um objetivo se c undár io .

luta do ma1or sindicato da Amé r i ca Latina dizia

respeito

todos . O balanço f i nal

da

campanha

ter i ormente assumi u a

direção

das n e go ciações - qu e

falava

em negoc i ar com os p at r ões mas ,

s alar i al, e da greve

que

foi

na prát i ca,fec h o u

n~o

pode

ser

a qualquer

outro: a c ategoria sofreu

uma

da - estava longe de

seu instrumento,

derro ta neste episÓdio. E esta derrota

po~

O grupo que propôs 83% e

a

as

soluç~ o

portas negoc i a conhecer

o sentimento da c a t e goria.

Is

t em que ser analisada

com os pé s n o ch~o e os

olhos

*

no futur o .

-

58 -

Operários metalÚrg ico s de pos i ção sind i cal.

o


so foi demonstra do

p e lo

esVa

ziamento de uma greve que

não

abria perspectiva

alguma ,

contrário, levava sem saÍda.

a

um

as portas

ao b e co

O que há por trás de tudo isso?

f preciso denunciar lSso ocorreu

que

porque

querlam provar

tudo algun s

que o sindic ap~

lismo paralelo é a soluçãó ra os problemas da classe rária. A palavra de

op~

ordem " to

dos para os comandos" tinha co mo finalidade esvaziar o

si~di

cato, tinha por objetivo

cOns

truir, na prática, um to paralelo. Isso para desnortear

sin dica

contribuiu metal~~gi

os

cos, que ficaram sem uma rência concreta , quem cabia a

refe

sem sabe r

a

responsabilida de

pela direção da campanha rial.

sala

ração do grupo que o sindicato desde

col~b~

sição pelo que viesse

a

rer. Esse grupo colocou

tese

sindicalismo paralelo.

o

A

dicalismo paralelo

à derrota , para

ocor

a categoria

seus

derem dizer que foram

interesses dos metal~rgicos

ra evitar o desastre ,

casso da campanha

ou

e f ra

oposição tomou

p~

democrá

ticos e nada puderam fazer

pelo

de

para levar

interesses polÍticos acima dos foi tão responsavel

o

tros conv inha a prát ica do sin

op~

começo: responsabilizar a

Os vanguardistas, intitulando ~- se comando gera l de greve e assumindo a posição de ~ni c as representantes da oposição s i~ dical , com a intenção de tomar o sindicato nesta campanha , pr~ curaram afastar do sindicato todos aqueles companheiros que tinham o prop6sito de levar os trabalhadores a uma vitória.Pa ra essa empreitada contaram com o apoio do grupo dominante no sindicato que , desejoso de ver o fracasso da greve , abriu mao da sua parcela de respons~ bilidade na campanha para pr~ cipitar a derrota o E para isso , esse grupo serviu-se dos preg~ dores do sindicalismo parale lo , que executaram a sua tare fa conforme a encomenda.

ca, a justeza da sua

CUJO

objetivo estava claro d e s d e

nego claç ao. -

sindicato para provar , na práti

monopoliza 1964 ,

à

o

A uns interessava esvaziar

Esse grave erro, o de esva zlar o sindicato, teve ativa

todas

quanto os que fe c haram

pois

a direção

p~

a da

campanha (e da greve) e passou

salarial

-

59 -


a ser responsável por tudo .

sar a palavra do

trabalhador .

E a categoria dos

Levar burnbo para

rnetalÚrgi:_ cos? E os interesses do movi

i mp edir

que

companheiros, equivocados

ou

rnento sindical?

não, sejam ouvidos numa

• Os interesses dos metalÚrgicos

não foram considerados nem por

bléia operária é um grave

er

ro. Levar o vos para

em

jogar

oradores que fazem uso

uns nem pelos outros.

E nos sos interesses são claros: con quistar nossas

assem

da

p~

lavra numa assembléia operária é um insulto

reivindicações

ao

conjunto

da

classe operária.

e reforçar nossa unidade e o~ ganização em torno do sindica

Jogar a culpa pelos erros come

to, partindo de nossos

tidos sobre a repressão, não

locais

~

trans

juda a compreender nada do que

instru rnento de avanço de nossas lu

acon eceu . A polÍcia a serviço

tas, seja nas campanhas

papel, e todos os

de trabalho. Precisamos formar o sindicato em

dos patrões sempre teve

sala

este

trabalhado

riais, seja na luta permanente

res sabem disso .

Os

patrões

contra a atual estrutura sindi

dificultam as negociações,

cal fascista.

não seriam patrões se não o fi zessern . A polÍcia age com

Essa campanha mostrou

urna

-

tra coisa importante: e

ou

~rec~

vageria e chega

a

no interior das prÓprias tas operárias. Esta campanha sem o menor

urna

respeito

aos mínimos princÍpios da dern~ cracia operária.As assembléias foram urna farsa . Dar um minuto para cada orador para defender a sua posição numa

assembléia

é exigir que ele não possa

..

lar . Permitir que so os

cornan

dos indicassem os oradores só eles pudessem falar é

fa

es

-

nao

fosse assim . Há quinze anos,há cem anos esses são fatos

lu

foi

...

taria sob urna ditadura se

mecanismos democráticos

sel

assassinar

trabalhador : este pa1s nao

so muita luta e muito trabalho para se chegar verdadeiramente

a

e

dia-a-dia, e a luta da

do classe

operária t em avançado apesar di sso e, principalmente, por saber di sso . f preciso

acusar

a repressão da ditadura e a ce gueira dos pat rões, mas para o avanço da nossa luta é t ão

ou

mais importante conhecermos os e

pr~

A luta contra a estrut ura

si n

nossos prÓprios

erros

blernas.

e cas -

60 -


dical fascista continua: O seu

Central Única

caminho passa pela

res.

do sindicato

conquista

trabalhado

pelos trabalhado

res organizados nas

A conquista

dos

através da

prática de uma pol!tica

sihdi

a

isso é reforçar a união e a or

p~

do sindicato

los trabalhadores,

,O primeiro passo em direção

fábricas.

ganização dos trabalhadores p~ ra evitar que, mais

uma

vez,

os inte~es

um punhado de tocadores de bum

ses da categoria é o grande bb

bo ocupem as assembléias e, f~

cal compat!vel com

zendo o jogo de diretores

jetivo atual dos metalÚrgicos de São Paulo. Po1"s so~ a categ~

dicais que não estão

ria unida em torno do seu

dos com os interesses

dicato, transformado

em

roso instrumento de luta,

sin

s1n

preocup~

dos tra

pod~

talhadores, leve a categoria a

pod~

outra derrota.

ra avançar em direção dos seus objetivos mais amplos: a

cons

trução de um sindicalismo tário e democrático,

uni

indepe!!

COMPANHEIROS!

dente do governo e dos patrões,

O SINDICATO SERÁ FORTE

cuja expressão máxima

VOCf PARTICIPAR!

seja

a

- 61 -

QUANDO


AUDIO VISUAIS ..

PARA EBUCAÇAD POPUlAR I nf ormacões

[Qf

FASE


mentares.

LIDERES

POPULARES REFORMA PARTIDARIA IGUAÇU

DEBATEM EM NOVA

Numa vã tentativa

ção, na madrugada do dia

a

Igreja onde se

o

reunlram-se em Nova Iguaçu

finalidade de discutir a refor os

do

tipo

comunista", etc.

dia 9 de dezembro Último com a

verno e estabelecer

e picharam as paredes

"Fora PCB", "D. Adriano, bispo

no

O debate, tanto nos grupos

g~

ma partidária imposta pelo

realizaria

e o chão com dizeres

populares

9,

grupos de direita invadiram Enco ~t ro

Mais de 400 lÍderes

de intimida

co

mo na plenária, girou em torno das opções PMDB e PT,

caml

ficando

nhos concretos para a oposição

acentuada a necessidade da uni

popular.

dade do co njunt o das oposições

O Encontro, que durou o dia do, foi proposto e

.

-

no terreno da polÍtica partid~

t~

ria, como Única

coordenado

frent ar com eficácia a

representa ti:_

por uma comlssao

de

o

mov imento popular.

populares da região, tais como o Movimento Amigos

en

ditadu

ra militar e fazer avançar

entidades

va das principais

forma de

A plenária final aprovou o

Bairro

se

de N. Iguaçu , a Federação

das

guinte documento:

Associações de Favelas do

Rio

As Lideranças Populares, com representantes de mais de 70 Associações de Bairro, Lideres Sindicais, Parlamentares, reu nidos em Nova Iguaçu no d·a 09/12/79:

de Janeiro, o Grupo Terra e Ha bitação, além de algumas dades e lÍderes

sindicais.

Encontro contou com a pação também de

enti O

partici:_

alguns parla-

-

6.3 -


P A I NE

~

1) Repud iam o ato i nfame e ~ varde dos i ni mi gos do povo que, ma i s uma vez, agredindo D. Adr i ano Hi pÕl it o, atinge a todos os trabalhadores e o po vo bra sile ir o . 2) Repud i am o pr ojeto de r efo!

mulação pa r t i dâ ri a do go ve rno por cons i derâ-lo autoritârio, restritivo e contrâr i o aos in teresses do po vo, de vez que não tem por objet i vo senão di vidir as opos i çõe s e afastar o povo da pa rticipação pol ític a . 3) Cons i de ram que, diante

de s sa reformulação e tendo em v1s ta a conquista de uma efet iv a liberdade pa rtidâria to~a ~ se in di spensã vel o es tabel e cim ento de uma sÕlida e efetiva frente de un i dade popular con tra a dit adu ra "

tr o e parte de sse debate e co mo tal r ep r esenta pa r a nõs o mome nto de unida de e de inTcío de uma part i c i pação pol itica ma i s ampla . 5) Cons i deram que essa

frente deve râ se expressar num parti do que seja capaz de or gan i za r o conjunto das lideranças OP! râr i as e popula r es, que seja um conduto pol ít i co dos traba lhadores e do po vo . Um part i do que i ncorpore ao s eu prog r ama as lutas expressas pe l o conju~ to do mo vi mento operãrio e PQ pula r . Um part i do que nao so tenha uma v 1da parlamentar mas que fundamentalmente esteja prese nte no di a a di a das lu tas populares .

-

6 ) Cons i de r am que a construção des se part i do passa por vãr i as etapas e concepções, mas para nõs, hoJe reun i dos, f ' ca pate~ te a necess i dade e o esfo rç o conjunto pela un 1ão de todas as forças de opos i ção popula r em torno de um p ograma Ün i co e de um pa rt i do Ünico de unida de das opos i ções, que seja ca paz de levar adiante as utas concreta s de nosso po vo, e as

i mportânc i a 4) Cons i de ram de fundamen t al pa ra a constru ção dessa unidade e para o prõp ri o f ortal ec i mento dos mov i mentos populares a ampl 1ação e o ap rQ fundamento do deba te po l~ tico ao nivel, não s õ das li~ e ran ças mas de todo o conjunto do mov i mento dos tra ba lh ado r es e do povo em geral . Este encon

-

64 -


P A I NE L

denunc i as concretas de atos ar bitrãri os , E daqu i , hoje, lançam um cham~ menta a todas as forças de op~ s i ção que a nosso exemplo, u nam - se efetivamente na luta contra o verdadeiro e maior i nim i go do povo brasileiro: a DITADURA MILITAR . Nova Iguaçu, 9 de dezembro 1979 ,

de

II~ ASSEMBLEIA NACIONAL DA CPT LANÇA CARTA AO POVO

Companhe i r os e companheiras, Nõs, trabalhadores rurais, ju~ to com pescadores, gar i mpe _i ros, bispos, pastores, padres, religiosas e agentes pasto rais, l i gados ao trabalho da terra, debatemos e estudamos nesta Assembleia da CPT vãr i os assuntos . Queremos comunicar a vocês o que fo i concluido de nossa conversa:

-

'

A

s i tuação ·~.

terra

A terra, no Bras i l, cont i nua pri vil egio de uns poucos . A mai or parte da produção agricola e fruto do trabalho dos pequ~ nos e med i as agr i cultores, mas a ma i or parte da ter r a do pa i s estã nas mãos dos grandes pr~ pr i etãr i os que quase nada pr~ duzem . Para os gr andes propr i ~ e tãr t os, a terra e cap i tal' lucro . Como denunc i avam os an querem tigos profetas, eles juntar terra sobre terra, ex pulsando os agr i cultores, con tratando j agunços, dando cabe! tura a gril e ir os, subornando a polic i a e a just i ça, at ir ando o povo trabalhador na estrada do desamparo e da mi ser i a . Nõs ult i mas anos, os agr i cul tores estão tomando consciên cia do s seus d i ~ e it os e un in do suas forças em or gan i zações de base. A Igreja, em sua "o.e. ç ã o p r e f e r e n c i a 1 pe 1o s p o b r e s '' (Puebla), proc ura colocar ~ se ao lado da causa dos opr i mi dos e, junto com eles, tambem vem sendo ameaçada, pe rs egu i da e, mu it os de seus memb ros, pr esos e assass i nados.

65 -


PAINEL

.

....

Essa realidade so comprova CQ mo e grave a situaçao da posse e uso da terra em nosso pais e como e urgente encontrar os ca minhas capazes de conduzir os agricultores, os pescadores, os garimpeiros, ã terra prom!:. tida da liberdade e da justj_ ça. ~respeito~ luta~

terra, decidimos apoiar os trabalha dores nas seguintes reivindica çoes:

e dec i di mos

tam b~m:

1) Pr ocura r conhecer as

1 eis

que defendem o trabalhador ru ral, o pescado r, o garimpeiro, e as causas da migração, lutan do pela f ix ação do homem ã ter ra; 2) Denunc i ar a devastação da ~ agrj_ mazõn ia e a expul s ão de cultores, hab i tantes de areas em que o governo i mplanta prQ jetos de irrigação e barragens; 3) Apo i ar a luta

1) Na luta pela Reforma

Agr~

ria, porque acreditamos que a terra e de quem nela trabalha e vive; 2) Nas lutas de

resistência opressão e exploração;

ã

3) No dir e i to

do trabalhador rural que não tem terra, i ncl~ sive dos que foram expulsos da terra, de tomar posse de a reas produt i vas não cultivadas dos grandes latifúnd i os e das terras publicas;

dos pescadQ r es, expulsos das pra i as pelo tur ismo e pela urban i zação de senfreada o Denunc i ar as us i nas e industr i as que poluem os rios, envenenando as aguas e matando os peixes, pondo em risco a vi da das próp ri as pe~ soas;

-

4 ) Fazer pressao contra o

..,.

i nd i sc ri min ado de pr odutos qu~ mi cos na agr ic ul t ur a, que ame! ça a vi da da terra e do homem . respe i to dec i d1mos:

~

da terra, a não aceitar indeniza ções. A terra se troca pela teY1ra .

4) Nos casos de expulsão

uso

~

luta si nd íc al,

1) Cont i nua r apo i ando

o sindi cato como Õrgão de classe dos

- 66 -


P A I NE L

Tendo em vist a que temos si do trafdos, enganados, por mui tos po lític os, vamos, neste mo menta de reforma polit i ca e de cr i ação de novos part i dos, pa! t ici pa r para impedir que as "velhas raposas apareçam com pele de ovelha";

traba lhador es o I ncent i var a ma i or pa rtici pação nos s i ndic~ tos . Valorizar a opos i ção ~in di cal que quer reno var o sind i cato e mudar a estrutura do sind ic al i smo ligado ao gove! no;

~ )

2) Em cada região, buscar mei os pa r a o surgimento de organl zações de base, sobretudo de delegac i as s i ndica i s;

2) Lutar para que as novas prE_ postas polit i cas valor i zem as organ i zações de base, sejam in teg r •adas por trabalhadores do campo e da c i dade e, no seu programa e na sua ação,busquem realizar as necessidades e as pir ações do pr5pr i o povo traba lhador;

3) Incentivar sempre mais as mane i ras de os trabalhadores viverem organizados, po i s a u nião dã força contra os "pacE_ tes agrícolas", os grileiros, os jagunços, os atravessadores ou intermediãrios;

3) Di scut ir pol iti ca, para que os trabalhado r es rurais e age~ tes pastora i s não sejam ma i s uma vez, enganados por conve r sa de quem nao vive ligado aos i nteresses dos trabalhadores . Entendemos que os trabalhado res rur a i s não podem abrir mão de e xi gênc i as pol ític as como : a Refo r ma Ag rãri a, a Just i ça~ grãr i a, o f i m do "pacote ag r.! cola", o credito ao alcance do pequeno ag ri culto r , a mudança da estrutura sindical ,o f i m da i nte rf erên ci a do INCRA nas i ni

4) Dar todo o nosso apoio ao di re it o que pescadores e garim pei r os têm de se organizar e criar l i vremente os orgaos de classe; 5) Apoiar a luta

para que o INAMPS (FUNRURAL) seja, de fa to,uma forma de o Estado devol ver ao povo o mu it o que ê a e le entregue, na forma de impo~ tos, taxas e produtos .

~respeito~

luta pol i tica,

dec i dimos: -

67 -


PAINEL

ciativas do agriculto'r . ~respeito

pequeno e

de nossa

medi o •

vida~

3) Como Õr gão pasto r a l , nao fa zer da CPT uma fo r ma de organl zação de todos os agricultores, mas que ela ajude a cr i ar for mas autônoma s de organ i zação, onde todos, s em di st i nção de crença, estejam un i dos nos mes mos i nteresses de c l asse;

fe:

Pela fe na palavra de Jesus e pelo batismo, somos a Igreja no me i o rura 1, organizada na forma de Comunidades Cristãs de Base, onde brotam os grupos da CPT . Por nossa esperança e coragem na luta, denunciando profeticamente as injustiças, queremos dar proyas da Justiça de Deus ,

4) De acordo com Puebla, r espel

ta r a f é de nosso po vo e ajud~ ~ la a desab r ochar em sua di men são soc i al e po lí t i ca,para que todo aque l e que se ab rir i vi da de Cri sto, faça da pr Õpria vi da um dom i l i be r tação de t~ dos os op ri mi dos de nossa ter ra;

Por isso, decidimos: 1) Apoiar e defender todos

a com

queles que, comprometidos t a luta pela terra, sofre~ pe~ seguições, processos ou são presos . ~ luz do Evangelho, s~ mos solidãrios com todbs aqu~ les que assumem com a vida a causa de libertação dos oprimi dos;

5) Aprofunda r s emp r e ma i s a Teolog i a da Te rr a, i s t o e, os fundamento s de nossos di re i tos sob r e a t e rr a que se en con tr am na Pa l avra de Deus e no s doeu mentos da Igreja . Ao te r mi na r es t a ca r ta, ape l ~ mos a tod as a s mu l he r es do me i o r ur al, pa r a que pa rticl pem das or gan i zaçõe s de base e das lut a s pe l a te rr a,pond o fi m ao ma c his mo e i op r essao den t r o da s pr õp ri a s f am íli as .

2) Aprofundar sempre mais a nossa fe e capacidade de amar, valor i zar as celebrações pop~ lares, como cultos, cânt i cos, rezas e romarias, como lugares em que a vida de Deus alimenta o compromisso com a libertação;

Com no ss o ab r aço so l i dãrio , no

-

68 -


PA I NE L

Se nhor da Li be rtaçã o . Go iânia, aos 29 de s e t embro de 1979. II~ Ass emb lei a Naci onal da Co missã o Pas t or a l da Terra.

~reparat6rio

elaborado

comissão organizad ora ,

pela debate

ram e conclu !ram as lin has

de

l uta que , e m segu ida , foram

a

presentadas em plenários. A parte final doi

dedicada

-

a

questão da u nião e da organiz ~ ção do povo . Sobre

um trecho do relatório

PORTO ALEGRE REA LIZA IIQ ENCONTRO ESTADUAL DE VILAS

Com a participação de cerc a de 150 representantes de 31

Asso

ciações de Moradores

b air

ros populares realizou- se fim de setembro em

no

Porto

Al e

gre o II Encontro Estad u a l

e1s final

do Encontro :

Todos conclu i ram que, p~ r a enf r enta r essas quat r o lu tas, e prec i so un i ão . Essa ~ ni ão sõ ac ontece quando o po vo es t ã or gan i zado na F~BR I CA, ( s i nd i cato, opos i ção s i nd i ca l , com is s ã o de fãb ri ca), na POL Y TICA ( pa rti dos) e na VIL A ( a! s oc i açõe s ) . 11

de

1sso ,

de

• • :

Vilas. ~ganizada

pela FRACAB -

ração Riograndense de

1. ORGAN I ZAÇAO NA

Fede Associ a

ções Comunitárias e Amigos

de

Bairro - a reunião

em

girou

torno de 4 temas , que pondem às

lutas

corres

principais

dos moradores da região: POSS E DA TERRA , CRECHE , CARESTI A

e

TRANSPORTE COLETIVO. Para cada um desses temas ram formados grupos lho que , a partir de

de

fo tra ba

um t e xto

r

F~BR I CA

i mpo r tante o tr abalho c onju~ t o de ba irr os ( a s soc i ações , c~ mi ssõ es ) com s i nd i ca t os aut ê n ti cos e opos i ções si nd i ca i s em ci ma de l ut as comuns,pelo s a l! ri o, pelo conge l amen t o dos p r~ ços, pe l o d ir e it o de greve, ll be r dade e au t onom i a s i nd ic a l , an i st i a, li be r dade de organ i z~ ção pa r t i dã ri a i ndependente da cl ass e tr aba l hado ra , e tc ...

- 69 -


P AI NE L

A Assoc iação e seu departame~ to operir io não podem sub~t i tuir o s in dic ato . Mas podem a judar o sindicato a cumprir o seu papel na defesa dos in teresses de cada categoria .

As associações, no entanto, prec isa m se envolver em pol itl ca, mas como todo mundo concor dou no encontro que não e so a politica dos patrões . A luta por melhores cond i ções de v1da e uma luta po litic a .

A Assoc i ação deve incentivar a part ici pação de todos, homens e mulheres, nos sindicatos. De ve apoiar as opos i ções sindi cais combativas, que não ex i ~ tem sõ pa r a apresentar uma eh~ pa, mas para mob ili zar a cate gor ia fazendo o trabalho de or ganização nas fãbr ic as e mora di as.

A maio ria dos problemas enfren tados não são resolv i dos po r causa do go vern o que e dos p~ trões e que sõ defende os seus lucros . Por i sso foi r essalta da a neces sida de de um governo dos trabalhadores, que para ser construido prec isa de um part i do dos trabalhado r es.

2. A ORGANIZAÇAO NO PARTIDO POLITICO

Os ric os jã estão cheios de part i dos . NÕs não temos nenhum . Falta cr i ar cond i ções p~ ra que o trabalhador po ss a es colher as opções que lhe 1nte ressam . Falta di scut i r ma t s so br e que part i do e o do o pe r~ rio, como deve ser um pa rt1 do que defenda o operã rio .

Os estatu t os das assoc i ações proibem que e las sejam parti dãr i as . As assoc iaçõ es nao p~ dem pertencer a nenhum part i do pol itico, po is as assoc i ações são uma organização i ndepende~ te dos trabalhadores.

0 part1d0 e uma forma í mporta~ te de organ i zação, mas pa r a sustentar esse part i do e nece~ sãrio que as organ i zações do po vo (Associações, Clu be s de cont1nuem Mães, Sind i catos) firmes e independentes, 1nclu

Deve ajuda r na s i ndicalização dos operã ri os, esclarecendo o que sign ifi ca um sind i cato,que nao e sõ para dar ass ist ênc i a med i ca (isso e mais INPS), mas para brigar com o patrão .

-

70 -


P A I NE L

sive para f i scalizar do .

o

part i

A organ iz ação deve partir dos oprim i dos . r ilusão e ingenul dade ac r ed it a r que e possivel conc i liar os interesses dos o pr i mi dos e opressores. Mesmo os grupos religiosos devem pa~ t ir dessa contradição bãsica . r a contradição dos que tem e dos que não tem . Surg i ram dua s propo s tas de or ganização politica: PARTIDO DOS TRABA LHADORES: o PT, que e o partido dos trabalhadores sem patrões . Um partido sõ dos trabalhado r es. Onde o trabalha dor vota em trabalhador, PO!_ que fazer politica e defender os interesses de classe.Patrão vota em pat r ão po r que eles sa bem defender os interesses da classe deles.

o mais i mportante hoje,

ea

o~

ganização independente dos tr~ balhadores . Nenhum pa~tido, ne nhum polit i co, nada deve impedir essa liberdade . O partido, o politico sõ servem para se colocarem a serviço das lu tas dos trabalhadores. O PT lu ta por um governo que seja do s

-trabalhadores e acabe a contra di ção entre os que tem e os que não tem . Outra proposta foi a da FRENTE POPULAR que propõe a união de todas as opos i ções numa frente popula r cont r a a di tadura mill ta r . r i mportante se un i r nu ma frente popula r porque o in teresse do trabalhador e um sÕ 1 entio porque se div i di r em • tantos part i di nhos que sõ se r vem para div i d ir o povo, que ma i s do que nunca deve se un ir para lutar por seus dir e i tos . Essa Frente Popular deve se pront ific ar a ajudar em todas as lutas popula res , ate te r força bastante para i mpor um part i do frente ao regime . Uma das propostas da FP e que o MDB pode r ia ser essa frente . Fo i ped i do que seja fe i ta uma campanh a nas vil as para a t r ansferenc i a dos titulas ele i torais dos morado r es para o lu gar onde e s tão vive ndo . Out ra campanha pa ra que o pessoa l f~ ça i nscr i ção no MDB para fazer esse pa rti do as su mi r ma is as lutas populares ,


P A I NE L

3 . A ORGANIZAÇAO NAS VILAS

f 1l hos , para depo i s os viz i nhos e am i gos .

A Assoc i ação deve ser o Õrgão catalizador do pessoal da vi la . A Associação deve ser um meio de canalizar as lutas, de conscientizar os moradores.

As Asso ciaçõ es devem ser autên t ic as e in dependentes, quere~ pondam un i ca men t e aos int eres ses da vi la e dos moradores .

Organ iz ar COMISSOES DE DONAS DE CASA, CLUBES DE MAES pois a mulher e duplamente opr i mida, como mulher e como trabalhado ra.

A Assoc iação deve usar todas as LUTAS CONCRETAS da popul! çao para CONSCIENTIZAR e ORGA gr_!! NIZAR todos os morado res pos de trabalho ou tarefa, co missõ es sobre creche,ãgua,luz, posse da terra, transporte, e~ goto, direitos trabalhistas, etc ... A assoc i ação deve estar em contato permanente com os moradores . ~

Criar DEPARTAMENTOS OPER~RIOS nas associações · para lutar P! los direitos dos operãr i os,fo! talecendo a organização dos trabalhadores. Fazer da Associação e outras ent i dades o centro de di scus soes das decisões a serem toma das, das lutas a serem leva das . Debater nas associaçoes todas as questões que atingem o trabalhador: a CLT, a Refor ma Part i d~ria, salãrios, sindi catas, etc . . .

A Assoc iação deve ser o CENTRO DE PRESSAO, ev i tar a burocrati zação e mantendo o contato com o pessoa l da vi la . Os morado res devem controlar as associa ções não perm i tindo os concha vos da dir etoria com o gove! no, como acontece as vezes .

Cr iar COMISSOES DE TAREFAS P! ra atender todas as necessida des da vi la.

A organ i zação sõ funciona se t i ver a pa rtici pação de todos . Todos devem ter chance de fa lar, de di zer sua op 1ni ão, de ~ e r valor i zado . Então, e precj-

Precisamos começar a conqui~ tar pessoas. Primeiro as da prÕpria familia, a esposa, os -

72 -


P A I NEL

so dividir em diversos grupos onde todos podem participar. 11

inicialmente

O Encontro teve

uma parte em que muit a s res colocaram

mu lhe "

suas

~

exper 1e ~

mo vimen

c1as nestes divers o s tos.

Em seguida foi passado um

MULHERES DE SAO PAULO DISCUTEM PARTICIPACAO NA POLITICA

junto de slides v ~rios

con

apre sentand o

problemas viv idos pe l as

mulheres: a diferença de rio dos homens por tra~alho,

No dia 2 de dezembro 500 mulhe res que partici pam do

Movimen

to Contra a Carestia, do

Movi

salá

um

mesmo empr~

a dispensa dos

gos por motivo de gravidez, den~ncia

das condições em

a que

se aborta no Bra sil , etc.

mente Pr6-Creche e das associa çÕes de bairro

em São

Paulo,

reun1ram-se em São Bernardo ra discut i r

a

p~

"participação

Houve um pequeno intervalo

p~

ra o almoço, ap6 s o que as

mu

lheres se dividiram em postos pela d ireção

No encontro - tendo na direção

discutiram

-se v~rias quest~es relativas ~ dificuldade que as mulheres sen tem em assumir essas lutas

p~

ralelamente ~ sobrecarga

do

traba l ho em casa,

a falta

de

das mulheres,

a

consciência

grande barreira que elas

do

En c on

l) Até ag ora, temos nos

reun 1

tro:

Passo

n1 e a vereadora de São Bernar do Ivonne Soares -

pr ~

para discutir os 3 pontos

da mulher na polÍtica".

a deputada popular Irma

grup os

enco~

tram por parte dos maridos atuação de l as fora de casa.

...

a

do, nos organizado, ma s no ss as lutas (movimento con tra restia, lot eamentos

a

ca

clandesti

nos, creche, ~gua etc . ) têm da do com a c ara na p orta

do

p~

der p~blico (prefeitura, g oveE no do Estado, SABESP, do Planalto, etc).

Palác io Por

que?

Qua is as s aÍda s? As respostas de uma mane ira

- 73 -

g~


P AI NE L

ral denunciavam a falta de com

na transformação da soc i edade .

prometimento do governo com as

As mulheres começam a

o

compr~

reivindicações da

1mensa ma1o

ender que a polÍtica é um

ria da população

brasileira.

sunto de homens e mulhere s .

Denunciavam também a falta

de

representatividade deste gover no que nao foi eleito pelo

p~

E v1am a safda numa organi - cada vez maior das cama zaçao

c VO.

das populares lutando

as

contra

3) É importante a participação polÍtica da mulher? De que for ma? )

O conjunto afirmou a

importâ~

ela da participação da s

mulhe

este estado de coisas.

res nas lutas do povo bra si lei

2) São muitas as dificuldades

ro, lutando por melhores condi

que impedem a participação

ções de vida, por creches,

da

co~

mulher nas lutas do povo. Dian

tra a carestia e também nas lu

te disso o que fazer?

tas que dizem respeito

- de que a mulher A compreensao ... e educada para o lar e na- o p~ r a a polftica justifica a • pa~

almente às mulheres, como sal~ rio igual para trabalho i gma l,

si v idade dela nas lutas

por motivo de gravidez, contra

ais. Mas ela começa

a se

soei dar

espec~

contra a dispensa nos empregos a utilização do corpo das

mu

conta do seu papel, da pre~ são milenar em que vive, e com

lheres na propaganda, etc ... sen do estas lutas vistas como es

preender o seu papel

pecÍficas às mu l heres.

polÍtico

-

74 -


SERVICO ~

de Cr$ 10,00 o exemplar. O dereço é Rua Caetês, 84 -

GIBI DO TRABALHADOR

en Per

dizes - CEP 05016 - SP.

"É preciso assumir

a

defesa

da saÚde do trabctlhador com

a

organização no interior das em presas, com o

fortalecimento

AS RELAÇOES IGREJA-ESTADO NO BRASIL - 1964/1978

sindical , com a luta por melho res condições de vida e

traba

lho". Esse é um trecho da apr~ sentação do 19 número do do Trabalhador - série

Gibi

Pastoral Vergueiro vem

saÚde,

publicado recentemente pela

de publi

cando, na série Cadernos de In

O

boré Editorial Ltda. Através de quadrinhos, de

Sob esse título, o Centro

for

formação, um importante

traba

lho de levantamento dos

prlnc~

pais acontecimentos que

envol

ma leve e criativa, o Gibi con

veram a Igreja CatÓlica e o Go

ta as co nclusões da l~

verno Brasileiro a partir

Semana

de SaÚde de TrabalhadorCsemsat), realizada no inÍcio

do ano

e

patrocinada por 49

sindicat os

e 6 federações de

trabalhado

vês de cheque nominal boré Editorial Ltda,

31 de março de 1964. A o bra é dividida em 4 fascícu los, sendo que

dois já

co letânea ordenada de atr~

para

estão

pub licados, e consiste

res. O Gibi pode ser adquirido

de

O

no valo r

doc umentos e discursos,

textos, entre

meados com comentários e análi ses que ajudam a fixar

-

numa

75 -

o

con


S E R V

texto e

e:~rair

dos momentos

o

significado

ma1s

Igreja-Est~

do relacionamento do no perÍodo,

candentes

I ÇO

acaba

tação e Informação

de

....

lançar uma nova ser1e de publi:_

caçoes, os CADERNOS

...

DO

CED I , "ac om

desenhando

de

CUJa idéia central e de

forma clara a evolução dos

p~

panhar os desafios ma1s canden

sicionamentos de ambos

os

pr~

tagonistas.

necer subsÍdios para os

Obra indispensável

para

quem

os

mean

pretende compreender dros desse tipo

de

mento que possui

relaciona importância

incontestável para

a vida

do

povo brasileiro, os fascículos de tias Relações

Igreja-Es"t ado

no Brasil" podem ser

solicita

dos ao Centro de Pastoral gue1ro - Rua

tes da Pastoral Popular e

Vergue±ro,

tes que nela atuam" . A responsabil i dade

redat or i a l

está a cargo da equipe do NOVA, cuja larga é uma garantia da

do

experiênci a

no campo da Educação

Popu l a r qual i dad e

da nova publ ic ação . SaÍram já do i s nÚmeros d a r1e que podem ser

CEP 04272 - SP.

se-

e ncomenda

dos a Tempo e Presenç a Ed itora

CADERNOS DO CEDI: O Centro Ecumênico de

agen -

Ver 7290

f or

Ltda, c a1xa po st a l 1 6 . 082 Documen

de Jane i ro CEP 22.221 .

---------------------- 76 -

Rio


EQUIPES LOCAIS REGIONAL NORTE Escritório de Belém . Rua Bernal do Couto n!-'1329 (0912) 22.0318 66.000 - Belém - PA

Escritór io de Cametá Praça dos Notáveis n!l 38-B 68.400 - Cametá - PA Escri t ório de Santarém Av. Mendonça Fu rtado, 2475 68.100 - Santarém - PA Escr itório de St. Antonio de Tauá Rua Pres. Vargas n!-'102 68.786- Sto Antonio de Tauá Escritór io de Santa Luzia Av. Newton Bello n!-'1 032 {!5.390 - Santa Luzia - MA REGIONAL NORDESTE Escritório do Recife Rua Cedro 52 Casa Amarela (0812) 268-3242 50.000 - Recife - PE Escr itór io de Garanhuns Rua Dr. José Mar iano, 346 761 -1819 55.300 - Garanhuns - PE Escritório de Fortaleza Rua Francisca Clotilde n!l 680 PorangabaÇú 60.000 - Fortaleza - CE REGIONAL SUDESTE-SUL Escritório de São Paulo Rua Loefgren n!-'1651, Casa 6 (011) 549.3888 04.040 - São Paulo - SP Escr itóri o do Rio de Janeiro Rua Frubhbeck, 201 - Acari (021) 359-3972 21 .530 - Rio de Janeiro - RJ Escritório de Vitória Rua 7 de Setembto n!l 529 (0272) 223.7436 29.000 - Vitória - ES Escritório Porto Alegre Rua Gaspar Martins n!l 470 (0512) 25.0787 90.000 - Porto Alegre - RS

.


.

.

..

~ -

'\

a

. FASE

Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional ~-

Escritório Nacional: Ru~ du Palmeiras, 90 - ZC 01 Tel. : (0211 286-6797 e 286-6134

22.270- Rio de Janeiro (RJ)


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