Edição 17, junho / 1981

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JORNAL POPULAR ELINHA EDITORIAL JDAO LU!S VAN TILBURG O autor é coordenador do pro grama de Recursos Pedagógicos da FASE.

Desejamos abordar aqui o papel poli tico dos jornaizinhos que circulam no meio popular a fim de chegarmos a algumas conclus6es sobre o"feitio" destes jornaizinhos. Desejamos que~ tionar até que ponto esses jornai zinhos cumprem efetivamente o seu pa pel. Há de ficar claro que não tra~ taremos de "como fazer um jornal popular", ou seja, não se trata de e laborar um manual ou um curso de jo~ nalismo popular, embora isto pude~ se ser muito útil. Um simples olhar às centenas de jornaizinhos que cir culam no meio popular evidencia gran des deficiências, ora decorrentes do não-conhecimento de técnicas didá ticas ou jornalísticas, ora decorre~ tes da falta de recursos financeiros que obrigam a confecção do jornalzinho de qualquer maneira. No entanto, a circulação do jornalzinho é tão importante que qualquer aprese~ tação se justifica (1). E este é justamente o cerne da ques tão: a importância da circulação de informaç6es, de notícias, de aconte cimentos, de conquistas e vitórias que servirão à causa do movimento p~ pular. Mas, sendo esta a questão

central,

perguntamos: que critérios norteiam a seleção do material disponível pa ra ser divulgado, ou seja, a linha e ditorial? Ocorre que, em termos muito gerais, os editores do jornalzinho se deixam orientar pela grande imprensa ao executarem esta tare fa. Aprofundemos esse ponto. Sabe-se que a ideologia dominante se impõe através das mais variadas e das mais diversificadas vias. O simples fato de que somos o brigados a recorrer à grande impren~ sa para poder satisfazer a necessida de da informação, evidencia que o hã bito de leitura está sendo determina do por esta mesma grande imprensa.Es te hábito de leitura nos leva a sele cionar, criteriosamente ou não, este jornal ou aquela revista por encontrarmos uma satisfação desta necessi dade de informação. Embora saibamos que a informação veiculada pela grande imprensa defende interesses a lheios ao movimento popular, não nos resta outra alternativa, pois não ~ xiste ainda uma imprensa popular.De~ · sa forma, incorporamos sem perce ber o arcabouço redacional da im prensa burguesa no que diz respeito à sua forma de apresentação, de tra tamento de informaç6es, ou, em uma


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