O CONTROLE POPULAR SOBRE AS ATIVIDADES DA COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO METROPOLITANO (CODEM) Primeiros Momentos da Luta pelo Controle Popular pós o anúncio, no dia 14 de outubro de 81, da desapropriação da área por interesse social, uma nova etapa da luta e, portanto, de nosso trabalho, iniciou-se. A desapropriação, conforme o anunciado, tinha sido feita a favor da CODEM que repassaria os lotes aos moradores, a preços acessíveis. De imediato, iniciamos um processo de discussão com os membros da Comissão, com a equipe da pastoral e com os próprios moradores sobre essa nova etapa do movimento. Nesse momento, nossa intervenção voltouse para a deflagração de várias reuniões, onde procurarfamos entender como funcionavam essas empresas de capital misto; a que interesses serviam; como atuavam; que papel cumpriam os técnicos e de que forma poderíamos firmar um controle popular sobre esse processo. Procuramos, inclusive, os companheiros de umq outra área, para que transmitissem sua experiência no cantata com essas empresas. Esses moradores, tinham na sua luta pela terra para morar, enfrentado uma empresa semelhante e tinham sido, vergonhosamente, enganados pelos seus técnicos. O resultado é que foram obrigados a morar longe da cidade, em casas mínimas, pagando prestações galopantes do BNH. Essa troca de experiências, juntamente com todas as informações e dados que obtivemos sobre aCODEM, possibilitaram um confronto mais equilibrado entre os moradores e a empresa.
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Após vários cantatas da Comissão de Moradores com a direção da companhia, aceitou-se a realização de uma Assembléia no bairro, onde as propostas da CODEM seriam diretamente anunciadas aos moradores. O plano que foi apresentado e recusado por todos, foi: ·• Cada caso seria tratado separadamente. • A empresa faria um levantamento sócioeconômico e, a partir dele, proporcionalmente a renda familiar, estabeleceriam-se os valores das cotas de pagamento. ·Tudo seria tratado no escritório da empresa por seus técnicos. • Depois de tudo já pago de acordo com os cálculos e controle da empresa, a área passaria para os moradores. Nesse momento, de posse desta proposta, intensificamos nossas discussões. Na verdade, todos os esforços do nosso trabalho concentraramse no desnudamento da empresa e seu plano. A questão éducacional, deslocava-se assim, para o desvelamento cieste pqaer. Os diversos pontos da proposta da CODEM praticamente falavam por si e convergiam para uma só intenção: a divisão dos moradores. Nas diversas reuniões com a Comissão e com os moradores, em suas ruas e passagens, concluiu-se que só a organização de todos impediria que as conquistas obtidas depois de tanta luta não fossem usurpadas. Para tanto, seria necessário que se apresentasse uma contra-proposta bem fundamentada. Decidiu-se, então, fazer um levantamento sócio-econômico. Este seria não
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